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Kava Kava

1. Kava-kava é um arbusto usado em cerimônias do Pacífico e contém princípios ativos com efeitos ansiolíticos. 2. Descreve a história, usos medicinais e culturais da planta. 3. No entanto, relatos recentes associam o uso de kava-kava a casos graves de necrose hepática.

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1. Kava-kava é um arbusto usado em cerimônias do Pacífico e contém princípios ativos com efeitos ansiolíticos. 2. Descreve a história, usos medicinais e culturais da planta. 3. No entanto, relatos recentes associam o uso de kava-kava a casos graves de necrose hepática.

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SUMRIO

1.0 2.0 3.0

Introduo Histrico Descrio Farmacobotnica

02 03 04

4.0

Mtodos de Extrao

05

5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0 11.0

Farmacologia Dosagem e Contra-Indicaes Efeitos Adversos e Toxicidade Interaes Farmacolgicas Legislao Consideraes Finais
Bibliografia

05 06 06 07 08 09
10

1.0 - INTRODUO

Kava-kava o nome dado, pelos nativos de ilhas do Pacfico, tanto ao arbusto da espcie Piper methysticum quanto a bebida psicoativa feita com o rizoma desta planta. A bebida de kava-kava costumava ser usada principalmente em cerimnias culturais e religiosas promovidas por povos do Pacfico e era responsvel por alteraes na conscincia, por diminuio da fadiga e da ansiedade e por um generalizado bemestar. Kava-kava foi mencionado em artigos cientficos pela primeira vez em 1886 e ganhou popularidade graas ao seus efeitos ansiolticos e indutores de relaxamento e sono. Em 1914 foi listado na Farmacopia Britnica e em 1950 apareceu na US Dispensary tendo como usos o tratamento da gonorria (Gonosan) e distrbios nervosos (Neurocardin). Na ltima dcada, preparaes a base do extrato de kava-kava comearam a aparecer em mercados norte-americanos e europeus. Em 1990, na Alemanha, o uso do kava-kava foi aprovado para tratamento de ansiedade e distrbios nervosos como estresse ou cansao. Estudos clnicos tambm conduzidos na ltima dcada mostraram que o kava-kava relativamente seguro, no causa dependncia qumica e ansioltico efetivo. Alm disso, enquanto os ansiolticos sintticos provocam letargia e confuso mental, kava-kava tem mostrado um aumento na concentrao, memria e reflexos das pessoas que sofrem de ansiedade. Entretanto, casos de necrose heptica vem sendo descritos . Em 1998, na Alemanha houve caso srio de necrose heptica e em 2000, na Suia, um paciente precisou de transplante de fgado aps hepatite aguda causada (acredita-se, j que todas outras possibilidades foram excludas) por doses dirias de 210-280 mg de kavalactonas. Depois destes dois casos graves, em especial o que ocorreu na Sua, podese supor que kava-kava no ser mais comercializado livremente e que controles rgidos sero empregados na fabricao e comercializao desta droga vegetal.

2.0 - HISTRICO

Os primeiros homens no-indgenas a descreverem a planta do kava-kava foram dois botnicos suecos durante a primeira expedio do Capito James Cook ao Pacfico Sul em 1768-1771. Johann Georg Foster, botnico que acompanhou a segunda viagem do Capito James Cook (1772-1775), fez a primeira descrio detalhada da planta, nomeando-a de Piper methysticum. Piper pois esta planta pertence a famlia das Piperceas e methysticum latim que veio do grego Methustikos, que deriva de Methu e significa bebida intoxicante. Hoje encontrado sob extensa variedade de nomes, como kava-kava, kawakawa, ava-ava, awa-awa, yati, yagona e yangona. A droga vegetal consiste do rizoma e da raiz da planta, sendo que a maioria das razes normalmente removida. Devida ao seu extenso cultivo h grande variedade desta planta, com diferentes caractersticas morfolgicas, como a intensidade da cor da folha, do caule ou da qualidade do rizoma. As diversas variedades so classificadas sob nomes antigos usados pelas populaes indgenas, como Apu, Makea, Liwa, Moi, Papa. O consumo da bebida de kava-kava tem sido comparada ao do vinho nas sociedades ocidentais. Esta bebida de kava-kava preparada com o rizoma fresco, mastigado e misturado com saliva, normalmente por meninas e meninos virgens, e cuspido em um recipiente. Essa mistura de saliva e rizoma ento misturada com gua fria ou gua de coco e ento peneirada. Alm do aspecto social, kava-kava foi, e continua sendo em muitas regies do Pacfico, uma importante droga utilizada no tratamento de gonorria aguda e crnica, vaginite, leucorria, complicaes menstruais, doenas venreas, incontinncia noturna e outras doenas do trato genitourinrio, tendo efeito antisptico na urina. Possui tambm efeitos anestsicos locais, alivia a dor e , primeiramente, um estimulante do sistema nervoso central sendo, numa segunda fase, depressor e podendo levar a paralisia do centro respiratrio. Alm disso, a introduo das folhas do kava-kava na vagina provoca abortos. Kava-kava tambm tem grande importncia religiosa, pois acredita-se que ele possa facilitar a conexo com ancestrais mortos e deuses.

3.0 - DESCRIO FARMACOBOTNICA

ORIGEM BOTNICA E GEOGRFICA

Kava-kava constitudo dos rizomas e razes de Piper methysticum Foster, da famlia das Piperceas. rvore de aproximadamente dois metros de altura comumente encontrada nas ilhas do Mar do Sul (Marquesas, Hava, etc). CARACTERSTICAS

Rizoma esponjoso e volumoso, muito fibroso. Tem parte externa de cor parda com interior esbranquiado, apresentando razes adventcias e, na falta destas, possvel identificar as cicatrizes de suas inseres; o crtex est bem aderido ao lenho. A raiz ainda fresca inodora, mas quando seca se torna muito aromtica, de sabor acre e adstringente. No comrcio pode ser encontrada sem as razes adventcias, sem o sber, cortada transversal ou longitudinalmente.

COMPOSIO QUMICA

Os princpios ativos so chamados de kavalactonas totais. Por volta de 3 a 20% da raiz da kawa kawa feita de kavalactonas (ou kavapironas), o grupo ativo dessa planta. Dentre os compostos do grupo das kavapironas, a metisticina e a dihidrometisticina parecem proteger o crebro das injrias provocadas por pancadas. Kavaina, dihidrokavaina, metisticina e dihidrometisticina so os ativos com propriedade analgsica na planta. Dihidrokavaina e dihidrometisticina parecem ser responsveis pelo efeito indutor do sono e tranqilizante. Kavaina, dihidrometisticina e metisticina relaxam os msculos lisos e previnem convulses. Assim como ocorre com a maioria dos medicamentos botnicos, os princpios ativos purificados no funcionam to bem quanto o extrato contendo todo o seu conjunto de ativos. Cada uma das kavalactonas parece interagir entre si num sinergismo particular. A quantidade de ingrediente ativo encontrado nas razes do kawa kawa varia significativamente. por isso que os extratos padronizados so os mais utilizados nos estudos cientficos e na pratica mdica. Isto assegura um padro no contedo de kavalactona que necessrio para o efeito teraputico. O extrato com 30% de kavalactonas, possui a composio mais similar ao da planta in natura.

4.0 - MTODOS DE EXTRAO

O mtodo clssico para a extrao das kavalactonas a preparao do extrato aquoso atravs da macerao das razes/rizomas da espcie Piper methysticum em gua. Mtodos laboratoriais utilizam solventes ou misturas desses para uma extrao mais efetiva e/ou seletiva. Os solventes mais utilizados so gua, etanol, acetona, ter etlico, diclorometano e metanol. Misturas hidroalclicas ou acetoalclicas so mais as mais empregadas sendo seu rendimento e composies diferentes. A extrao com cido clordrico 2M tambm foi testada, mas forneceu produtos de decomposio (descarboxilados).

5.0 - FARMACOLOGIA Entre as indicaes teraputicas para o uso do P. methysticum, est a sua utilizao contra tenso, agitao e ansiedade nervosa. Isto porque o extrato de kava afeta o sistema nervoso central (SNC) proporcionando sensao de prazer e amenizando as sensaes de medo. As cavalactonas tambm apresentam a capacidade de inibir diversas isoformas do citocromo P450 (CYP450), sendo elas: CYP1A2, CYP2C9; CYP2C19; CYP2D6, CYP3A4; CYP4A9 e CYP4A9/11. Esta propriedade fonte de inmeras interaes, principalmente farmacocinticas, com outras drogas, pois diminui a metabolizao destas pelas enzimas inibidas do complexo CYP450, podendo induzir a toxicidade. Outra atividade atribuda aos componentes da Kava a analgesia. A dihidroxicavana e a dihidrometisticina em concentraes de 120 mg por quilo de peso corporal so equivalente ingesto de 200 mg de cido acetil saliclico (AAS) por quilo de peso corporal. Gleitz e colaboradores (1997) injetaram cavana em ratos 5 minutos antes de injetarem cido araquidnico, e perceberam uma diminuio dose-dependente da agregao plaquetria, sugerindo que a atividade sobre a enzima ciclooxigenase-1 (COX-1) seja o alvo principal das cavalactonas. Todavia, a kava no age seletivamente,

pois tambm, capaz de inibir a enzima COX-2, com potncia comparada a de 2,5 g/mL do frmaco naproxefeno. Contudo, a propriedade ansioltica desta planta o principal alvo dos estudos cientficos. O efeito de uma dose diria equivalente a 210 mg de cavapirona foi comparado com o efeito de 15mg/dia de oxazepam ou 9 mg/dia de bromazepam. A ao ansioltica da Kava no apresenta os efeitos adversos dos benzodiazepnicos como prejuzo das funes cognitivas, sonolncia, reduo da coordenao motora e dependncia Ainda destacando os efeitos da Kava sobre o SNC, tem-se a atividade anticonvulsivante, que pode estar associada ao antagonista das cavalactonas, em especial da cavana, sobre canais de sdio dependentes de voltagem. 6.0 - DOSAGEM E CONTRA-INDICAES A dosagem da Kava medida em cavalactonas, sendo que por dia a dose deve estar entre 60-120 mg. A Kava pode potencializar os efeitos deletrios no fgado quando associado com frmacos potencialmente hepatotxicos, como antidepressivos tricclicos, inibidores da MAO e inibidores de apetite. Assim, pessoas com doena heptica devem evitar seu uso.

7.0 - EFEITOS ADVERSOS E TOXICIDADE

Em doses teraputicas nenhum efeito secundrio tem sido referido. Porm, h relatos que a Kava pode causar reaes alrgicas, pigmentao da pele, fadiga matinal no incio do tratamento, movimentos involuntrios estereotipados, prejuzos na deglutio e respirao, contraes involuntrias arrtmicas e contnuas das extremidades, desconforto gastrintestinal, cefalias, tonturas, perda do tnus uterino, dilatao das pupilas e distrbios do equilbrio. A ingesto da bebida de Kava em concentraes acima de 300 gramas por semana por alguns meses pode causar dermatopatias que desaparecem aps a interrupo do tratamento. O uso prolongado de Kava tambm tem relaes com sade debilitada, incluindo baixo peso do usurio, protenas plasmticas, uria e bilirrubina em nveis reduzidos, faces

inchadas, nmero aumentado de hemcias e diminudo de plaquetas e linfcitos, alm de hipertenso pulmonar. Tambm h relatos de que o consumo excessivo de kava pode resultar em m nutrio, perda de peso e disfuno heptica e renal. Porm, no se sabe se esses efeitos foram produzidos somente pelo uso da Kava ou se podem ser potencializados pelo lcool. Em exames in vitro, foi demonstrada positividade mutagnica e negatividade teratognica.

8.0 - INTERAES FARMACOLGICAS

Existem algumas interaes farmacolgicas da Kava com certos medicamentos, principalmente derivados de outras plantas medicinais, como o hiprico e a valeriana.

Interaes entre a Kava e o lcool sempre foram mencionadas. Para elucidar esta incgnita, realizaram-se testes para descobrir se a kava inibe a enzima lcool desidrogenase, responsvel pela converso do etanol em acetaldedo. Para tanto, testaram-se trs concentraes diferentes de trs cavalactonas (cavana, metisticina e iangonina) e no foi percebida diminuio da metabolizao do etanol. Isto implica que pelo menos atravs deste mecanismo, improvvel que a Kava interaja com o lcool.

9.0 - LEGISLAO

A legislao para medicamentos fitoterpicos vem sofrendo modificaes nos ltimos anos. A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), em busca da garantia da qualidade destes medicamentos, vem elaborando normas para a regulamentao destes, desde a Portaria n. 6 de 1995, que estabeleceu datas para que as indstrias apresentassem resultados de eficcia e segurana dos fitoterpicos, passando pela Resoluo - RDC n. 17 de 2000 at chegar resoluo da diretoria colegiada (RDC) n.48 de 2004. Com relao ao P. methysticum, a RDC n. 48, juntamente com a RE n. 89 de 2004 facilitam seu registro como medicamento fitoterpico por inclu-lo na Lista de Registro Simplificado de Fitoterpicos, que no exige a validao das indicaes teraputicas e a segurana de uso, desde que sejam obedecidas as condies definidas. Com relao ao Kava-Kava, devem ser respeitadas integralmente as seguintes especificaes: - Parte utilizada: rizoma; - Marcador: cavapironas; - Formas de uso: extratos ou tinturas; - Indicaes: ansiedade, agitao, insnia e tenso nervosa; - Dose diria: 60 a 120 mg de cavapironas; - Via de administrao: oral - Restrio de uso: venda sob prescrio mdica; utilizar no mximo por dois meses. Outras formas farmacuticas podero ser formuladas, porm, sempre na mesma via de administrao e desde que estudos de bioequivalncia sejam apresentados. Os 25 casos de hepatotoxicidade j relatados anteriormente, influenciaram a ANVISA, conforme a Resoluo - RE n. 356 de 28 de fevereiro de 2002, a incluir uma tarja vermelha com a frase venda sob prescrio mdica, nos produtos a base de KavaKava. Outro ponto para a adoo dessa medida o fato de muitos brasileiros considerarem produtos a base de plantas totalmente incuos, o que no condiz com a realidade.

10.0

- CONSIDERAES FINAIS

A utilizao de plantas como fonte de medicamentos remonta idade antiga e vem evoluindo ao longo dos anos, sendo que, atualmente, a utilizao destas est em contnua e acelerada expanso em nvel mundial. O emprego de matrias-prima oriundas de plantas para produo de fitoterpicos tem sido no Brasil e em diversos pases, o suporte da indstria farmacutica, principalmente para as de pequeno e mdio porte. Porm, apesar da grande utilizao destes medicamentos e do grande nmero de espcies vegetais nativas consideradas medicinais, poucos so os estudos que visam comprovao das propriedades teraputicas, qualidade, segurana e eficcia de uso, o que acaba por contribuir para certo descrdito que rodeia os fitoterpicos e acarretando populao prejuzos diversos como possveis efeitos colaterais at a ausncia dos efeitos benficos pretendidos com o seu uso. Tais problemas, no entanto, envolvem majoritariamente casos de adulterao e/ou confuso j bastante conhecidos. Fitoterpicos a base de P. methysticum so amplamente utilizados em todo o mundo, principalmente para o tratamento da ansiedade e na maioria das vezes sem orientao mdica, constituindo risco para a sade pblica, devido aos vrios relatos de hepatotoxicidade e, principalmente, falta de orientao e controle de seu uso. Com isso, os profissionais da sade devem estar aptos a orientar seus pacientes sobre o uso indiscriminado, no s da kava, como tambm dos fitoterpicos e ervas medicinais em geral, devido ao alto poder de interaes e reaes adversas que estes produtos podem apresentar. E, apesar de todos os avanos j conquistados, a regulamentao dos fitoterpicos permanece como uma questo em aberto. Enquanto toda a legislao para os medicamentos sintticos encontra-se bem estabelecida, os medicamentos fitoterpicos ainda carecem de maior esforo regulatrio.

11.0

- BIBLIOGRAFIA

ARRUDA, A. M. de et al. Piper methysticum L. (Kava-Kava): Histrico do uso e aspectos taxonmicos, farmacolgicos e toxicolgicos. Revista em Cincias da Sade, n. 2, p. 59-68, 2005.

BRASIL (2004a). Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Legislao. Sistema de Legislao em Vigilncia Sanitria (VISALEIS). Resoluo RDC n. 48 de 16 de maro de 2004. Disponvel: http://elegis.bvs.br/leisref/public/search.php [capturado em 12 out.. 2011].

CORDEIRO, C. H. G.; CHUNG, M. C.; SACRAMENTO, L. V. S. Interaes medicamentosas de fitoterpicos e frmacos: Hypericum perforatum e Piper methysticum. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.15, n.3, p.272-278, jul./set.2005.

OLIVEIRA, F.Q.; GONALVES, L.A. Conhecimento sobre plantas medicinais e fitoterpicos e potencial de toxicidade por usurios de Belo Horizonte, Minas Gerais. Revista Eletrnica de farmcia, v. 3, n.2, p. 36-41, 2006.

RATES, S. M. K. Promoo do uso racional de fitoterpicos: uma abordagem no ensino de Farmacognosia. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 11, n. 2, p. 57-59, 2001.

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