Brasil Paralelo e A Mem - Ria Sobre o Regime Militar - Tese de Doutorado
Brasil Paralelo e A Mem - Ria Sobre o Regime Militar - Tese de Doutorado
Brasil Paralelo e A Mem - Ria Sobre o Regime Militar - Tese de Doutorado
Como muitos dos liberais que apoiaram o golpe, a Brasil Paralelo também
partilha da percepção de que o 31 de Março teria um caráter meramente saneador.
O léxico do tempo presente é acionado por Luiz Philippe de Orléans e Bragança
para explicar: “(a população) queria de fato que houvesse eleições num período
muito curto. Que isso não perdurasse mais como um regime, né? Que era uma
intervenção militar e não a criação de um regime militar”. (Ibid. 1:13:15), p. 165
Segundo essa linha de interpretação, Castelo Branco teria sido vítima de uma
manobra que o manteve no poder por dois anos além do combinado e ampliou de
maneira expressiva as atribuições da presidência durante o processo de
“normatização autoritária” do regime, nos termos de Napolitano. (NAPOLITANO. História do
regime militar. op. cit. p. 66-88) p. 166
Olavo não explica em detalhes o que entende por “cagada” dos militares
pós-golpe, mas fica mais do que sugerido que ele, alinhado com boa parte dos
setores liberais que apoiaram a derrubada de Jango, entende a prorrogação do
mandato de Castelo Branco como um equívoco. Entretanto, não o suficiente para
qualificá-lo como uma ditadura e, mais ainda, para manchar a imagem do general, já
que, como vimos, o documentário entende a manobra como uma obra exclusiva da
linha-dura. p. 170
Olavo foi fundamental, nesse sentido, para dar uma roupagem intelectual a
essa mentalidade algo paranoica presente no interior das Forças Armadas e, ainda,
para ajudar a identificar essa figura do inimigo interno, antes concentrada no
tradicional guerrilheiro comunista, agora difusa em diferentes atores sociais
aplacados pela estratégia gramscista: feministas, “gayzistas”, ecologistas,
globalistas e indigenistas, por exemplo. Estes seriam os representantes do
“politicamente correto”, que Olavo classificou como “uma imbecilidade, [...] um moralismo, [...]
uma espécie de neototalitarismo [...]” que significa “o crescimento do Estado para dentro da psique
humana”. (OLAVO. O que é o Politicamente Correto. YouTube, 2 abr. 2018. Disponível em:
https://youtu.be/q4CIbQxL1JE. Acesso em: 30 jan. 2023) p. 202
Carvalho atribui aos militares a culpa pelo avanço da esquerda no tecido social
brasileiro ainda durante a ditadura. Para Olavo, “a esquerda já dominava a imprensa
brasileira inteira” durante o regime. E, “na década de 1990, a revolução cultural no
Brasil [já] estava 100% vitoriosa”. 683 Em outra publicação, diz que “foi a brandura do
governo militar que permitiu a entronização da mentira esquerdista como história
oficial”. (CARVALHO, Olavo de. A história oficial de 1964. Sapientiam autem non vincit malitia,
19 jan. 1999) p. 203