Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
de Águas e Esgoto
Autor: Prof. Tarso Luís Cavazzana
Colaboradores: Prof. Ricardo Tinoco
Prof. José Carlos Morilla
Professor conteudista: Tarso Luís Cavazzana
Tarso Luís Cavazzana é de Araçatuba, São Paulo, graduado em engenharia civil (2003) e mestre em engenharia
civil (2006), ambos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp – Ilha Solteira). Ministra aulas
em cursos de engenharia na UNIP desde 2012, tais como: Sistemas de Tratamento de Água e Esgoto, Hidráulica
e Hidrologia, Saneamento Básico, Instalações Prediais, Estruturas e Solos. Atualmente é engenheiro da Prefeitura
Municipal de Araçatuba e sócio-diretor da T.L.C. Engenharia.
CDU 628.16
W503.31 – 19
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Profa. Sandra Miessa
Reitora
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO......................................9
1.1 Conceitos básicos.................................................................................................................................. 10
1.2 Captação com caixa de areia............................................................................................................ 12
1.3 Elevatória de água bruta.................................................................................................................... 35
2 CONCEPÇÕES TÍPICAS DE ETAS.................................................................................................................. 37
2.1 Coagulação ou mistura rápida......................................................................................................... 39
3 SISTEMAS COLOIDAIS..................................................................................................................................... 46
3.1 Produtos químicos................................................................................................................................ 48
3.2 Coagulação.............................................................................................................................................. 53
3.3 Floculação – conceitos........................................................................................................................ 72
3.4 Decantação/sedimentação................................................................................................................ 80
3.5 Filtração..................................................................................................................................................... 89
3.6 Desinfecção............................................................................................................................................104
3.7 Fluoretação............................................................................................................................................107
3.8 Dimensionamento de sistemas de desinfecção e fluoretação..........................................108
3.9 Possibilidades para disposição de sistemas de tratamento físico-químico.................112
4 DEFINIÇÃO DAS UNIDADES DE TRATAMENTO DA ETA....................................................................115
4.1 Disposição das unidades de tratamento e dos sistemas de conexões..........................116
4.2 Grades......................................................................................................................................................117
4.3 Micropeneiramento............................................................................................................................117
4.4 Aeradores................................................................................................................................................117
4.5 Mistura rápida......................................................................................................................................118
4.6 Floculadores...........................................................................................................................................120
4.7 Decantadores........................................................................................................................................122
4.8 Filtros lentos..........................................................................................................................................127
4.9 Filtros rápidos........................................................................................................................................128
4.10 Interligação das unidades.............................................................................................................132
4.11 Órgãos de fechamento dos condutos.......................................................................................133
4.12 Casa de química................................................................................................................................134
4.13 Consumo de produtos químicos.................................................................................................136
4.14 Utilização de sulfato de alumínio..............................................................................................136
4.15 Utilização da cal................................................................................................................................138
4.16 Utilização de cloro............................................................................................................................141
4.17 Laboratório..........................................................................................................................................142
4.18 Segurança............................................................................................................................................143
Unidade II
5 CONTEXTUALIZAÇÃO PARA ESGOTOS SANITÁRIOS..........................................................................148
5.1 Generalidades e definições..............................................................................................................150
5.2 Critérios e disposições.......................................................................................................................157
5.3 Tratamento da fase líquida.............................................................................................................159
5.4 Decantação primária..........................................................................................................................160
5.5 Filtração biológica...............................................................................................................................161
5.6 Lodos ativados......................................................................................................................................163
5.7 Tratamento de lodos – fase sólida...............................................................................................170
5.8 Digestão aeróbia..................................................................................................................................171
5.9 Digestão anaeróbia.............................................................................................................................173
5.10 Desidratação do lodo......................................................................................................................175
6 ETAPAS DE TRATAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS – ETE......................176
Unidade III
7 ABORDAGEM GERAL.....................................................................................................................................187
7.1 Cálculos de unidades de tratamento de ETA...........................................................................187
7.2 Unidade de mistura rápida..............................................................................................................188
7.3 Dimensionamento da calha parshall...........................................................................................188
7.4 Dimensionamento de misturadores mecânicos e hidráulicos..........................................192
7.5 Unidades de floculação.....................................................................................................................194
7.6 Floculador hidráulico de chicanas com fluxo vertical..........................................................195
7.7 Dimensionamento de floculadores mecanizados..................................................................199
7.8 Decantação/sedimentação..............................................................................................................201
7.9 Decantador convencional................................................................................................................202
7.10 Decantador laminar.........................................................................................................................205
8 CÁLCULOS DE UNIDADES DE TRATAMENTO DE ETE.........................................................................207
APRESENTAÇÃO
O objetivo central deste livro-texto é capacitar o aluno a compreender as necessidades principais para
o tratamento de água e esgotos, apresentando bases legais e normativas, conceitos, roteiros de cálculo,
cálculo, esquemas e configurações de projetos, de forma que o aluno possa elaborar projetos básicos
e executivos de estações de tratamento de água e de tratamento de esgoto sanitário, respondendo
profissionalmente pelo seu adequado funcionamento e desempenho.
Assim, o presente conteúdo aborda: legislação vigente para água potável; legislação vigente para
disposição final ou reuso de esgotos sanitários; normas para Estações de Tratamento de Água (ETA);
normas para Estações de Tratamento de Esgotos (ETE); roteiro de cálculo com figuras ilustrativas e
esquemáticas para orientar desenho de projetos de unidades de tratamento de água e esgotos, contendo
as unidades de tratamento previstas em norma, com ênfase nas unidades de grade grossa, grade fina,
micropeneiramento, mistura rápida, floculador, decantador, filtro e desinfecção e fluoretação – apesar
de menos utilizadas, são apresentadas em termos teóricos as unidades de casa de química, correção
de pH, aeração, flotador e sistemas anaeróbios, aeróbios e biológicos; cálculo de captação com grade
grossa, grade fina, desarenador e micropeneiramento; cálculo de unidades de tratamento: mistura
rápida, floculador, decantador, UASB e lagoas de estabilização.
INTRODUÇÃO
Supondo que, até este momento, o(a) futuro(a) profissional apenas olha para a água das torneiras
dos nossos locais de convívio, supondo-a potável, como normalmente é, veremos que essa água só pode
ser utilizada pelo ser humano após seu devido tratamento. Mesmo a água do poço mais profundo e da
melhor qualidade, totalmente transparente, para ser enquadrada na legislação como potável, precisa ter
sua garantia biológica preservada, exigindo uma unidade de tratamento para desinfecção e fluoretação
(dosagem de cloro e flúor). Com isso, a água potável é resultado da água de algum manancial superficial
ou subterrâneo após tratamento em uma estação de tratamento de água (ETA). Essa água utilizada
nas nossas diversas atividades diárias, não somente para dessedentação mas também em cozinhas,
banheiros, indústrias, restaurantes, construção civil, vai para onde após o uso? Agora ela é esgoto.
Às vezes, de maneira incorreta, é descartada no próprio quintal de casa junto com seus males, mas o
correto é que ela passe por uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), que a adeque ao meio (solo ou
manancial superficial) em que será lançada, conforme previsto na legislação vigente.
A partir daqui, cabe a responsabilidade legal e moral do profissional de não possibilitar que nem seja
utilizada a água de um manancial e nem que seja descartada a água após o uso sem devido tratamento.
Com água ruim e em pouca quantidade, não se constrói uma boa nação, mas com água abundante e
boa, uma nação cresce e se desenvolve.
7
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Unidade I
Aqui, serão abordados os procedimentos para conceituação e dimensionamento de estação de
tratamento de água de abastecimento (ETA).
A ETA possui unidades de tratamento nas quais ocorre cada processo de tratamento, que são
concebidas conforme a qualidade da água bruta a ser tratada, ou seja, a água in natura fornecida
pelo manancial. Nesse momento, torna-se importante compreender as fases pelas quais passa a água
até o abastecimento público:
• captação no manancial;
• ETA;
• adutora de tomada d’água, por gravidade, do reservatório da ETA, reservatório e rede que
abastecem a rede da zona baixa, por gravidade;
• adutora de sucção do reservatório da ETA, estação elevatória de água (EEA) tratada, adutora de
recalque e reservatório elevado que abastece a rede da zona alta, por gravidade.
Para esclarecer, visamos calcular e mostrar parâmetros da captação ao reservatório da ETA, sem
avançar nos sistemas de recalque. Uma ETA é, ainda, formada por várias unidades, compostas, por sua
vez, por diferentes elementos que realizam o tratamento necessário à adequação da água bruta aos
padrões de potabilidade.
De forma a darmos continuidade a esse assunto, é importante constituir uma ETA conhecendo-se
a população a ser atendida para início e final de plano. O final de plano, de acordo com o Roteiro para
elaboração de projeto de estação de tratamento de água (AGENTE TÉCNICO FEHIDRO, 2010), deve ser
projetado para pelo menos vinte anos, a partir de dados de crescimento populacional. O crescimento
populacional, normalmente, é projetado por fator geométrico, e uma ETA deve ser projetada para final
de plano, embora com capacidade de receber a adição de estruturas modulares passíveis de serem
colocadas em funcionamento caso necessário.
Pf = Pi . (1 + i)n Equação 1
Sendo:
10
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Como exemplo, para uma Pi=20.000 habitantes, n=20 anos e i=3,5265%, tem-se:
Nesse caso, a população dobra em vinte anos. Na sequência, conforme o padrão médio de consumo
da população, pode-se chegar à vazão necessária para cálculo dos elementos das unidades da ETA se
utilizando da seguinte equação:
k1.k2.P.q
Q=
86400
[l / s] Equação 2
Sendo:
Q: vazão para atendimento, em 24h, do volume necessário para abastecimento da população – l/s
Observa-se que o coeficiente k2 possa ser desconsiderado ou ser igual a 1,00, uma vez que a ETA seja
calculada para produzir a quantidade diária máxima de água. O coeficiente horário é considerado para
cálculo da reservação mínima para distribuição. Com isso, para um padrão q=250l/hab./dia, k1=1,25;
k2=1,00. Para a projeção feita anteriormente, tem-se, para início de plano:
11
Unidade I
estruturas de captação e recalque normalmente são, desde o início, constituídas para a vazão máxima,
apenas adicionando-se bombas para o final de plano.
A capacidade nominal da ETA será a máxima vazão suportada por todo o conjunto instalado, ou seja,
fica limitada ao que estiver fisicamente implantado. Com isso, pode-se implantar, por exemplo, uma
tubulação da adutora de água bruta com diâmetro para o final de plano, mas instalar-se apenas as bombas
que atendam ao início de plano, ficando as demais bombas da captação para serem instaladas conforme
o aumento da população. Na sequência, calculada a demanda, deve-se buscar um manancial capaz de
atender à vazão em primeiro lugar e, depois, com a melhor qualidade de água possível, uma vez que,
havendo quantidade para abastecer toda a população, pode-se obter a potabilidade através de tratamento.
Dada a qualidade da água, seja superficial ou subterrânea, deve-se observar quais parâmetros
devem ser adequados, o que fornecerá as unidades ou processos de tratamento a serem previstos,
podendo haver necessidade de processos avançados de tratamento. Neste contexto, serão conceituados
e desenvolvidos os processos de uma ETA do tipo convencional, sendo eles:
• mistura rápida;
• floculação;
• decantação;
• filtração;
• desinfecção.
Lembrete
A captação ou tomada d’água é uma estrutura que faz uma derivação lateral do manancial superficial
e deve permitir, hidraulicamente, a vazão mínima para a ETA no nível mínimo do manancial, bem como
deve suportar sua vazão no nível máximo. As captações em represas, normalmente, mantêm nível com
pouca variação, conforme a figura a seguir.
12
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Já a captação em manancial superficial possui uma grade grossa e uma grade média antes das caixas
de areia, conforme as figuras a seguir:
Quadros Estação
Barragem elétricos elevatória
de elevação Grade grossa Poço de
de nível Grade fina sucção Bomba e
motor
Comporta Casa de
Comporta bombas
Comporta
Comporta
Tomada e caixa
de areia Adutora por
gravidade
PLANTA Adutora para
recalque
af
Hcanal
Fundo falso VPC
CORTE
Motor NT
NAmáx
Bomba
Grade
Poço de Motor Bomba
sucção NAmín
VPC
VPC
Para o caso de níveis variáveis, pode ser adotado o sistema da figura anterior. Já a figura a seguir
traz exemplos de tomada d’água:
13
Unidade I
A) B)
Figura 4 – Peneira estática instalada na captação de água de Jurubatuba Mirim, com captação de
nível variável (A) e grade na captação de água da cidade de Cardoso, com captação em represa (B)
Na figura anterior, a captação à esquerda mostra a entrada de água bruta em uma grade
(micropeneiramento), onde a água escoa para dentro e os detritos (areia) vão para uma canaleta externa,
para serem recolhidos, havendo dois sistemas para o caso de manutenção em uma delas. De forma
análoga, na captação da direita, observam-se as válvulas de controle para direcionamento da captação
por uma ou outra caixa de areia, com manejo em caso de manutenção. No caso da situação à esquerda
da figura anterior, não é necessário paralisar a operação para recolhimento da areia. Já para a situação
à direita, para retirada da areia ou manutenção em uma das caixas, há necessidade de parar seu fluxo,
fazendo a água bruta passar pela outra caixa.
Na sequência, a figura a seguir ilustra uma forma de limpeza das caixas de areia, ou desarenadores,
através de bombas de rotor aberto, tipo draga, na parte superior esquerda, outra forma de limpeza com
raspadores de fundo até sucção para a areia, e, na parte inferior, a formação de uma represa com adução
no rio para manter o nível da captação constante (baixa variação).
A) B)
C)
Figura 5 – Retirada de areia por meio de bombas tipo draga; captação de água no rio Canoas para
abastecimento de água da cidade de Franca (A); caixa de areia mecanizada instalada na captação
de água no rio Una, em Taubaté (B); captação do rio Una, com barragem de nível, tomada de água e
caixa de areia mecanizada (C)
14
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Para exemplificar o cálculo de captação com gradeamento e caixa de areia, ou desarenador, será
utilizado o sistema apresentado na figura a seguir:
Caixa de areia
Grade Guarda corpo
grossa
Passarela
Comporta
Qrio
Qcanal
Comporta
Poço de
succção
Recalque
de água
Guarda corpo bruta
Namáx
Caixa de areia Poço de
Nanormal Grade Nanormal
grossa succção
Namín
Nafundo Comporta de fundo
Tubo de sucção
Muro de
sustentação
a a' L
Caixa de areia
Comporta e grade
N . A.
H af
Depósito de areia
CORTE a - a'
Pela NBR 12216, as grades destinam-se a reter materiais grosseiros existentes nas águas superficiais;
são utilizadas na ETA quando circunstâncias especiais não permitem a sua localização na captação,
devendo o projeto ser elaborado conforme NBR 12213.
• quando a água apresenta algas ou outros microrganismos de tipo e em quantidade tal que sua
remoção seja imprescindível ao tratamento posterior;
• quando permite a potabilidade da água sem necessidade de outro tratamento, exceto desinfecção;
Na tomada d’água, a velocidade deve ser maior ou igual a 0,60m/s (normalmente 0,75m/s), com
dispositivo de captação a cada 1,50m de variação no nível do manancial, conforme NBR 12213.
As grades grossas, que evitam a passagem de material grosseiro flutuante, ou não, para a grade
fina, somente são colocadas em caso de necessidade, devendo ser postas junto à entrada da tomada
d’água, com espaçamento entre barras de 7,5cm a 15,0cm. Já as grades finas, que evitam passagem de
material para as peneiras, devem ter espaçamento entre barras de 2,5cm a 4,0cm. Por fim, as peneiras
devem possuir de 8 a 16 fios por decímetro (a cada 10cm). O material das grades e peneiras deve ser
anticorrosivo ou ter proteção adequada. A inclinação à jusante desses elementos deve ser de 70º a 80º
para o caso de limpeza manual. As grades devem manter mínimo de 1,7cm2 de abertura efetiva para
cada litro por minuto (l/min.) de vazão, com velocidade média resultante entre as barras de no máximo
10cm/s, com perdas de carga avaliadas considerando mínimo de 50% de obstrução delas. O cálculo das
perdas de carga é dado pelas equações 3 e 4:
1,33
t
k=
β. .senα Equação 3
a
v2
h = k. Equação 4
2.g
Sendo:
h: perda de carga, m
t a t a t a t a t a t a t
r = 0,25 t
1,5 t
3t
r = 0,15 t
2,5 t
2t
0,5 t 0,5 t
A B C D E F G
Forma A B C D E F G
β 2,42 1,83 1,67 1,035 0,92 0,76 1,79
1 − ε2
k = 0,55. 2 Equação 5
∈
ε = (1 – n1.d1) . (1 – n2.d2) Equação 6
Sendo:
Assim, em caso de os sólidos presentes na água do manancial serem prejudiciais ao sistema, deve haver
o desarenador. Esse dispositivo, instalado entre a tomada d’água e a adutora, deve levar em consideração
essas perdas de carga no cálculo da lâmina que passará pelo canal de adução. Com fundo falso para
receber o material decantado, deve-se calcular o tempo de operação e quantidade máxima de sólidos
que sedimentarão em função da vazão, para então calcular o volume do fundo falso ou mesmo outros
dispositivos de coleta do material da caixa de areia. Devem existir no mínimo duas linhas de desarenadores
que suportem a vazão total, com um fora de serviço para devida manutenção ou limpeza alternada.
17
Unidade I
Há dois tipos de desarenadores: os de nível constante e os de nível variável, sendo que esse último
deve levar em consideração a pior situação para operação entre os níveis máximo e mínimo. Ambos os
tipos devem ser calculados para velocidade máxima das partículas de 0,021m/s, velocidade média da
água até 0,30m/s e, obtido seu comprimento, deve-se multiplicá-lo por, no mínimo, 1,50. Caso a limpeza
do desarenador seja por processo manual, deve haver depósito de fundo com mínimo de 10% do seu
volume contido na altura útil e largura mínima que permita acesso e movimentação do operador e do
equipamento auxiliar de limpeza.
Também, para o cálculo da capacidade do canal de adução, pode-se adotar a reconhecida equação 7,
de Manning:
1
Q= .Am.Rh2/3 .I0,5 Equação 7
η
Sendo:
Q: vazão – m3/s
I: declividade do canal
Essa equação 7 pode levar a várias configurações para o canal, porém, para o caso de canal retangular,
que é o normalmente utilizado, para máxima eficiência hidráulica com base (b) igual a duas vezes a
altura (a) do canal retangular, chega-se à equação 8a (com máxima eficiência hidráulica em canal
retangular):
3/8
η.Q
a= Equação 8a
1,26.I0,5
Sendo:
Da mesma forma, sendo Q=V.A (continuidade), pode-se chegar à declividade em função da velocidade
definida para a máxima eficiência hidráulica em canal retangular dada pela equação 8b:
18
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
2
η.V
I= Equação 8b
0,63.a2/3
Sendo:
Com isso, pode-se aplicar a equação 8, adotando-se um canal retangular com altura a = 0,31m,
η = 0,014, V = 0,75m/s, Q = 144,68l/s = 0,14468m3/s, resultando em:
2
0,014.0,75
I= = 0,0013 = 0,13%
0,63. 0,312/3
3/8
0,014.0,14468
a= = 0,31m
1,26. 0,00130,5
Esse cálculo é iterativo, ou seja, deve-se determinar o conjunto I e a que atenda à máxima eficiência
hidráulica, atendendo ao sugerido e atendendo ao menor custo de execução do canal, que terá o mínimo
perímetro. Com isso, pode-se calcular a largura do canal, sendo:
b = 2 . a = 2 . 0,31 = 0,62m
Por fim, a altura total do canal (Hcanal) deve ter folga de 10%, com mínimo de 40cm, ou seja:
Hcanal = 1,10a = 0,31m > a + 0,40 = 0,71m, assim, Hcanal=0,71m, para o caso.
Assim, para o caso, o canal de adução terá largura b = 0,62m e altura total Hcanal=0,71m.
O comprimento (L) do canal de adução normalmente é 50% maior que a largura ou base (b), ou seja:
Após o canal de adução, nos mesmos moldes, vem o desarenador, calculado para velocidade máxima
de 0,30m/s. Assim, tem-se, utilizando-se as equações 7 e 8, adotando-se um canal retangular com altura
a = 0,49m, η = 0,014, V = 0,30m/s, Q =144,68l/s = 0,14468m3/s, resultando em:
2
0,014.0,30
I= = 0,0001 = 0,01%
0,63. 0,492/3
19
Unidade I
3/8
0,014.0,14468
a= = 0,49m
1,26. 0,00010,5
Esse cálculo é iterativo, ou seja, deve-se determinar o conjunto I e a que atenda à máxima eficiência
hidráulica, satisfazendo o sugerido e alcançando o menor custo de execução do canal, que terá o mínimo
perímetro. Com isso, pode-se calcular a largura do canal, sendo:
b = 2 . a = 2 . 0,49 = 0,98m
Por fim, a altura total do canal (Hcanal) deve ter folga de 10%, com mínimo de 40cm, ou seja:
Hcanal = 1,10a = 0,54m > a + 0,40 = 0,89m, assim, Hcanal=0,89m, para o caso.
Assim, para este caso, o canal de desarenação terá largura b = 0,49m e altura total Hcanal=0,89m.
Assim, pode-se utilizar o máximo de 0,021m/s, ou 21mm/s, de acordo com a tabela seguinte, para
remover partículas de 0,2mm.
Tamanho da partícula (mm) 1,0 0,8 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,15 0,1
Velocidade de sedimentação (mm/s) 100 83 63 53 42 32 21 15 8
20
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
L Q Q
ℵ L
h b × h × Vs b × Vs Equação 9
Lt ≥ 1,5 . t Equação 10
Lt
ts =
Vs Equação 11
Sendo:
L: comprimento calculado, m
h ou a: altura do canal, m
Com isso, para o exemplo a seguir, pode-se calcular o comprimento do desarenador e tempo de
sedimentação pelas equações 9, 10 e 11 como sendo:
0,14468
=L = 7,019m
0,98 × 0,021
10,53
=ts = 501s
0,021
Após calculado o tempo de sedimentação, pode-se proceder ao teste para verificação do material
decantado em cone Imhoff, em que normalmente são colocados 2 litros da água do manancial
em período de maior condução de sólidos (época de chuvas normalmente), e observa-se o volume
sedimentado para o tempo de sedimentação. Supondo, no caso, sedimentação de 1ml para 2l, a taxa de
21
Unidade I
sedimentação (Tsed) será de 1ml/2l = 0,5ml/l = 0,5l/m3, ou seja, 0,5l de material sedimentado para cada
metro cúbico de água bruta que passar pelo desarenador.
Assim, a equação 12, a seguir, faz a projeção de volume de sólidos sedimentáveis para o fundo falso
em um determinado tempo de operação do desarenador, sendo o mínimo de 24h=1dia:
Aff = b . Lt Equação 13
VolSSed
hff =
Aff Equação 14
Sendo:
A caixa de areia deve ter fundo falso abaixo da altura útil calculada para o desarenador, para 1 dia,
0,5ml/l, aplicando-se as equações 12 a 14, de:
6,25 = 0,60m
hff =
10,33
Por fim, a partir da lâmina d’água de saída do canal de adução ou tomada d’água, cada caixa de areia
terá profundidade de 0,49+0,60=1,09m e largura de 0,98m. Deverão ser no mínimo duas, conforme
ilustrado na figura 6.
22
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Para determinação das grades, serão utilizadas as dimensões comerciais, conforme figura a seguir e
tabela a seguir:
t
Observação
As grades são dimensionadas de modo que se obtenha uma seção de escoamento com velocidade
adequada, não inferior a 0,60m/s, quando limpas – na prática utiliza-se até 0,75m/s.
Recomenda-se que a velocidade da água entre as barras limpas varie entre 0,40 e 0,75m/s, tanto
para as vazões mínimas, médias e máximas.
23
Unidade I
Nesse ímpeto, o cálculo da grade grossa é feito com base na figura a seguir, das equações 15 a 18
e dimensões calculadas e fixadas de largura (b) e altura (ai,f) de lâmina d’água do canal para a tomada
d’água, estabelecido (adotado) o número de barras (nb) e espessura das barras (t). No primeiro passo,
aplica-se a equação 15 e calcula-se o espaçamento entre barras (a), com (nb), (t) e (ai,f). Após, a aplicação
da equação 16, utilizando-se de (a) e (t), resulta-se na eficiência de abertura entra as barras (E). Já na
sequência, com a equação 17, calcula-se a área útil Au livre entre as barras, multiplicando-se a área
molhada (Si,f = Ami,f) do canal, para início (i) e final (f) de plano, pela eficiência (E). Por fim, seja (V) a
velocidade no canal, calcula-se (v), a velocidade de aproximação nas grades, pela equação 18.
a t
b − t.nb Equação 15
a=
nb − 1
a Equação 16
E=
a+ t
Au = S . E Equação 17
Q Equação 18
v=
Au
Sendo:
E: eficiência de área
24
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Assim, após a aplicação da equação 8 para obtenção das dimensões da tomada d’água, obteve-se
altura (útil) do canal de adução de 0,31m e largura de 0,62m, com Htotal=0,71m. Porém, para a vazão
de início de plano, que é de 0,7234m3/s, nas mesmas condições de largura, declividade e rugosidade,
obtém-se, pela aplicação da equação 7, de Manning, a seguinte altura (ai):
2/3
1 1 a .0,62
=Q .Am.Rh2/3 .I0,5 ⇒ 0,7234
= .ai .0,62. i .0,00130,5 ⇒ ai = 0,19m.
η 0,014 2.ai + 0,62
Importante observar que (a), na equação 7 e equações 15 e 16, significa diferentes parâmetros, ou
seja, enquanto na equação 7 é altura de lâmina d’água, nas equações 15 e 16 é o espaçamento entre
faces das barras das grades.
Assim, seja o espaçamento (a) entre barras da grade grossa, devendo estar entre 7,5cm e 15cm, pode
ser calculado pela equação 15, com t=10mm, c=50mm, nb = 5, como segue:
a 0,143
=E = = 0,9345 = 93,45%
a + t 0,143 + 0,010
A área útil (Au) da grade grossa, calculada pela equação 17, deve ser calculada para início e final de
plano, assim como a velocidade de aproximação da equação 18. Para tanto, na tomada d’água, a área
total (Si,f) e útil (Aui,f), bem como a velocidade de aproximação (vi,f) para início de plano e para final de
plano serão de:
25
Unidade I
Qi 0,07233
=
vi = = 0,40m/s
Aui 0,110
Qf 0,14468 = 0,80m/s
=
vf =
Auf 0,180
Assim, apesar de vf, na grade grossa, estar acima do recomendado (não exigido) de 0,75m/s, caso
sejam colocadas apenas 4 (em vez de 5) barras para aumentar o espaçamento entre elas e diminuir a
velocidade, haverá desenquadramento do espaçamento máximo de 15cm entre as barras, deixando o
sistema desprotegido. Com isso, essa configuração da grade grossa atenderá da melhor forma possível
a velocidade nos moldes propostos, dado o material disponível na tabela 3, respeitando-se o mínimo de
0,40m/s. Também, acaso haja obstrução da altura da lâmina d’água no canal, há ainda 40cm de espaço
livre (Hcanal – af = 0,71-0,31 = 0,40m) até a parte superior da grade, superando a obstrução máxima de
50%, que corresponderia à altura de 2 . af = 0,62m, podendo ser calculada a obstrução pela equação 19:
af
Omáx =
Hcanal Equação 19
af 0,31
=
Omáx = = 0,4370 = 43,70%<50%, de acordo.
Hcanal 0,71
Sendo:
Como o mínimo de fluxo a ser mantido entre as grades é de 1,7cm2 de abertura efetiva para cada litro
por minuto (l/min.), a velocidade deve ser superior sempre a 10cm/s, ou 0,10m/s, o que, no caso, é mantido
mesmo para até 1/4 de ai = 0,19m, em que a velocidade de aproximação é 0,40m/s na grade grossa.
Definida a grade grossa, calcula-se a perda de carga nessa grade aplicando-se as equações 3 e 4 para a
pior situação, que é o final de plano, com velocidade de aproximação vf = 0,80m/s, espaçamento entre barras
a = 0,143m=143mm, coeficiente da figura 8 e tabela 1, β = 2,42 (barra chata), t = 10mm e c = 50mm, ângulo
α = 90º. Dessa maneira, pode-se calcular a perda h na grade grossa com as equações 3 e 4, como segue:
1,33 1,33
t 10
k = β. .senα = 2,42. = 0,0705
a 143
26
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
v2 0,802
=h k.= 0,0705. = 0,002m = 2mm
2.g 2.9,81
Assim, a altura máxima antes da grade grossa, considerando 50% de obstrução para final de plano,
será de 2 . af + h = 2.0,31+0,002=0,622m. Com isso, como a grade deverá ser feita tomando toda a seção
do canal, com Hcanal = 0,71m>0,622. Assim, a seção de 0,71m está de acordo, pois a altura da lâmina
d’água no canal, com 50% de obstrução (dobra a lâmina calculada), mais a perda de carga de 2mm,
resulta em 0,622m, e não pode ser superior à altura total do canal (Hcanal), devendo a construção física
da grade acompanhar essa altura, conforme figura 7.
Calculados os parâmetros da grade grossa, passa-se ao cálculo da grade fina, posicionada entre a
grade grossa e o início do desarenador. Com isso, é importante ter as medidas do desarenador antes
do cálculo da grade fina, devendo-se posicionar a lâmina d’água, no desarenador, no mesmo nível da
tomada d’água para final de plano (nível máximo), fazendo-se a concordância necessária em 45º (ou
menos), tanto na vertical quanto na horizontal.
No caso, considerando-se que a grade fina ficará posicionada e, portanto, nas medidas do canal
de adução, após a aplicação da equação 8 para obtenção das dimensões da tomada d’água, obteve-se
altura (útil) do canal de adução de 0,31m e largura de 0,62m, com Htotal=0,71m. Porém, para a vazão
de início de plano, que é de 0,7234m3/s, nas mesmas condições de largura, declividade e rugosidade,
obtém-se, pela aplicação da equação 7, de Manning, a seguinte altura (ai):
2/3
1 1 a .0,62
=Q .Am.Rh2/3 .I0,5 ⇒ 0,7234
= .ai .0,62. i .0,00130,5 ⇒ ai = 0,19m
η 0,014 2.ai + 0,62
Importante, novamente, observar que (a), na equação 7 e equações 15 e 16, representa diferentes
parâmetros, ou seja, enquanto na equação 7 é altura de lâmina d’água, nas equações 15 e 16 é o espaçamento
entre faces das barras das grades. Assim, seja o espaçamento (a), entre barras, que para a grade fina deve
estar entre 2cm e 4cm, pode ser calculado pela equação 15, com t=4mm, c=50mm, nb =15, como segue:
a 0,040
=E = = 0,9092 = 90,92%
a + t 0,040 + 0,010
A área útil (Au), calculada pela equação 17, deve ser calculada para início e final de plano, assim
como a velocidade de aproximação da equação 18. Para tanto, na tomada d’água, a área total (Si,f) e útil
(Aui,f), bem como a velocidade de aproximação (vi,f) para início de plano e para final de plano serão de:
27
Unidade I
Qi 0,07233
=
vi = = 0,4128m/s
Aui 0,107
Qf 0,14468
=
vf = = 0,8256m/s
Auf 0,175
Assim, apesar de vf estar acima do recomendado (não exigido) de 0,75m/s, caso sejam colocadas
apenas 14 (em vez de 15) barras para aumentar o espaçamento entre elas e diminuir a velocidade, haverá
desenquadramento do espaçamento máximo de 4cm entre as barras, deixando o sistema desprotegido.
Com isso, essa configuração da grade fina atenderá da melhor forma possível a velocidade nos moldes
propostos, dado o material disponível na tabela 3, respeitando-se o mínimo de 0,40m/s.
Também, caso haja obstrução da altura da lâmina d’água no canal, há ainda 40cm de espaço livre
(Hcanal – af = 0,71-0,31 = 0,40m) até a parte superior da grade, superando a obstrução máxima de 50%,
que corresponderia à altura de 2 . af = 0,62m, podendo ser calculada pela equação 19:
af Equação 19
Omáx =
Hcanal
af 0,31
=
Omáx = = 0,4370 = 43,70% < 50%, de acordo.
Hcanal 0,71
Sendo:
Como o mínimo de fluxo a ser mantido entre as grades é de 1,7cm2 de abertura efetiva, para
cada litro por minuto (l/min.), a velocidade deve ser sempre superior a 10cm/s, ou 0,10m/s, o que, no
caso, é mantido mesmo para até 1/4 de ai = 0,19m, em que a velocidade de aproximação é 0,4128m/s
na grade fina.
Definida a grade fina, calcula-se a perda de carga na grade, aplicando-se as equações de 3 e 4 para
a pior situação, que é o final de plano, com velocidade de aproximação vf = 0,8256m/s, espaçamento
entre barras a =0,040m=40mm, coeficiente da figura 8 e tabela 1 β =2,42 (barra chata), t = 10mm e
28
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
c=50mm, ângulo α = 90º. Dessa maneira, pode-se calcular a perda h na grade fina com as equações 3
e 4, como segue:
1,33 1,33
t 4
k = β. .senα = 2,42. = 0,1130
a 40
v2 0,82562
=h k.= 0,1130. = 0,004m = 4mm
2.g 2.9,81
Assim, a altura máxima antes da grade fina, considerando 50% de obstrução para final de plano, será
de 2 . af + h=2.0,31+0,004=0,624m. Com isso, como a grade deverá ser feita tomando toda a seção do
canal, com Hcanal =0,71m>0,624. Dessa forma, a seção de 0,71m está de acordo, pois a altura da lâmina
d’água no canal, com 50% de obstrução (dobra a lâmina calculada), mais a perda de carga, não pode
ser superior à altura total do canal (Hcanal), devendo a construção física da grade fina acompanhar essa
altura, conforme figura 7.
Por fim, caso seja necessária a instalação de peneira para reter a mesma granulometria do desarenador,
ou seja, partículas com 2mm ou mais, sendo possível colocar de 8 a 16 fios a cada 10cm (1 decímetro),
sendo esses fios com determinada espessura, pode-se utilizar para cálculo a equação 15.
Assim, seja o espaçamento (a) entre fios na peneira, no máximo, o tamanho da partícula que se
deseja reter, pode ser calculada pela equação 15, com t=4,4mm, a espessura ou diâmetro dos fios da
peneira, nb =16 fios em b =0,10m, como segue:
a 0,002
=E = = 0,3096 = 30,96%
a + t 0,002 + 0,0044
A vazão que passa pela peneira é calculada pela equação 20 para escoamento por gravidade em
conduto forçado, considerando 50% da área útil, ou seja:
Sendo:
Q: vazão, m3/s
29
Unidade I
g: gravidade, 9,81m/s2
2
Q
a= Equação 21
0,5.Cd.Au. 2.g
Assim, deve-se adotar uma área de peneira, de malha já definida, de certo ângulo com a horizontal
(α), que forneça uma área útil (Au) que satisfaça as velocidades mínimas de 10cm/s e máximas
recomendadas até 0,75m/s, ou seja, para início e final de plano, aplicando-se a equação 17 da área útil
e a equação 22 que segue:
Sendo:
Assim, adotando-se uma área total de peneiras de Apen =1,5m2, com ângulo com a horizontal α=30º
e aplicando-se a equação 22, tem-se:
Au = S . E = 1,2990 . 0,3096=0,402m2
Agora, aplicando-se a equação 18 para as vazões de início e final de plano, obtém-se a velocidade
nos interstícios da malha da peneira definida, como segue:
Qi 0,07233 = 0,18m/s
=
vi =
Au 0,402
Qf 0,14468 = 0,36m/s
v=
f =
Au 0,402
30
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Por fim, calcula-se a lâmina d’água sobre a peneira com a equação 2, para início e final de plano, não
sendo recomendado lâmina acima de 10cm, como segue:
2 2
Qi 0,07233
ai =
0,5.C .A . 2.g 0,5.0,7.0,402. 2.9,81 = 0,013m = 13mm
d u
2 2
Qf 0,14468
af =
0,5.C .A . 2.g = 0,054m = 54mm
d u 0,5.0,7.0,402. 2.9,81
Assim, vi,f estão de acordo com o recomendado. Caso se pretenda fazer a verificação ao adotar-
se áreas menores de peneiras, as lâminas d’água começam a ficar muito altas, acima dos 10cm.
Paralelamente, as velocidades também começam a ficar muito altas, sendo que a prática mostra
desgaste precoce quando isso acontece. Ainda, na forma recomendada pela NBR 12.214:1992 (Projeto
de sistema de bombeamento de água para abastecimento público), pode-se calcular a perda de carga
(k) nas peneiras adotadas pelas equações 5 e 6, como a seguir, com n1 = n2 =(16/0,1) = 160 fios por
metro, d1 = d2 = t = 4,4mm = 0,0044m:
1 − 0,087622
k = 0,55. = 71,0966
0,087622
Agora, aplicando-se a equação 18 para as vazões de início e final de plano, obtém-se a velocidade
na área total da peneira, com 50% de obstrução por:
Qi 0,07233
=vi = = 0,0965m/s
0,5.Apen 0,5.1,5
Qf 0,14468
=vf = = 0,1929m/s
0,5.Apen 0,5.1,5
vf 2 0,19292 = 0,135m
h=
f a=
f k. = 71,0966.
2.g 2.9,81
31
Unidade I
Assim, os cálculos de acordo com a norma estão desfavoráveis, ou seja, com altura de lâmina
d’água sobre a peneira maiores, que nos cálculos por coeficiente de descarga, devendo ser adotado o
mais desfavorável para construção da peneira, a qual terá até 0,135m=13,5cm de lâmina d’água nas
condições calculadas, podendo-se avaliar aumento da área da peneira para diminuição da lâmina em
final de plano, porém devendo-se sempre observar a velocidade média de aproximação nas condições
mínimas de 10cm/s e máximas recomendada de 0,75m/s.
Na sequência das estruturas de tomada d’água e desarenador, devem ser feitas as estruturas de
recalque para o início das unidades de tratamento. As figuras a seguir mostram sistemas de captação
diferentes das já apresentadas.
A) B)
Figura 12 – Captação no reservatório Billings (braço do Rio Grande); sistema Rio Grande da RMSP.
Vazão de 4,2m3/s (A). Captação de água na represa Taiaçupeba, sistema Alto Tietê da RMSP. Vazão de
10m3/s (B)
A) 103 Cx3
102 Cx2
Cx1
101
100
Caixa de reunião
- cloração
Para consumo
Cx4
B) NA
32
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Motor
Areia Areia
Bomba
Área de captação
A) B)
A) B)
Figura 16 – Captação – painel de comando. Vista interna de um painel (A) e sala de painéis (B)
A seguir estão as definições e esquemas referentes a dispositivos utilizados para manejo das águas
na captação com estações elevatórias.
33
Unidade I
Comportas
São dispositivos de vedação constituídos, essencialmente, de uma placa movediça que desliza em
sulcos ou canaletas verticais. Instalados na maioria dos casos em canais e nas entradas de tubulações
de grandes diâmetros.
Figura 17 – Comporta
Válvulas ou registros
As válvulas ou registros são dispositivos que permitem regular ou interromper fluxo de água em
condutos fechados. São usados quando se pretende estabelecer vedação no meio de trecho formado
por uma tubulação longa.
Adufas
34
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Figura 19 – Adufa
∆hr
Hm = Hg + ∆hs + ∆hr
Hg
Conjunto moto-bomba
Tubulação hsg
de sucção
∆hr
35
Unidade I
Segundo a NBR 12214 – antiga NB 590/72 –, o dimensionamento das tubulações de sucção e recalque
deverá ser processado segundo os parâmetros hidráulicos pré-estabelecidos e ainda observando, salvo
justificativa, os seguintes critérios de velocidade:
Observação
No barrilete que corresponde ao conjunto de tubulações que une as saídas das bombas em paralelo
à tubulação de recalque, quando de aço ou ferro fundido, a velocidade máxima recomendada pela NBR
12214 é de 3m/s e mínima de 0,60m/s. Caso a velocidade máxima seja superior, deve ser devidamente
estudada a cavitação na jusante da bomba para as diversas condições de operação.
36
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
relação ao binômio diâmetro/energia, devido plano de manutenção, uma vez observadas as condições
do fabricante, de forma que se tenha qualidade e segurança na operação.
Ainda, após o recalque da água bruta, pode haver um reservatório de água bruta para um determinado
tempo de consumo, ou mesmo envio direto às etapas de tratamento da ETA, normalmente em canal
com dispositivos para medição de vazão e mistura rápida (essa ainda a ser definida).
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Calcule a potência (Pot) e altura manométrica (Hm) para recalcar água (=10.000N/m3), em um altura
geométrica Hg=18m, perda de carga na sucção =0,50m, perda no recalque =1,50m, vazão Q=1m3/s,
rendimento do conjunto motobomba =50%.
Após a adução da tomada d’água, desarenador e recalque da água bruta, iniciam-se as etapas de
tratamento da ETA, ou seja, coagulação ou mistura rápida, floculação, decantação, filtração, desinfecção
e correção de pH, para, depois, ser armazenada em reservatório de água tratada, normalmente projetado
para um dia do consumo máximo (final de plano). Para concepção da ETA, deve-se seguir a NBR 12216.
Exemplificamos algumas configurações de unidades de tratamento para ETAs:
37
Unidade I
Casa de química
Sulf. Cal. Cloro
Cloração
Correção do PH
Para a
cidade
Mistura rap Floculação Reservatório
Decantação água filtrada
Filtros rápidos
Cloração
Cloração
Assim, os principais processos normalmente adotados para o tratamento podem ser descritos como segue:
• Aeração: por gravidade, por aspersão, por outros processos (difusão de ar e aeração forçada). Tem
como objetivo a remoção de gases dissolvidos em excesso na água (CO2, H2S).
• Coagulação ou mistura rápida: inserção física ou mecânica de alto grau de energia visando à
mistura de produtos químicos e desestabilização das partículas da matriz fluida, preparando-a
para flocular, sedimentar e/ou ficar retida nos filtros.
• Floculação: trata-se de um processo químico que visa aglomerar impurezas que se encontram
em suspensões finas – em estado coloidal –, em partículas sólidas que possam ser removidas
38
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• Filtração: processo que consiste em fazer a água passar por camadas porosas capazes de reter
impurezas. Normalmente, o material poroso empregado como meio filtrante é a areia ou o
antracito. Em função da turbidez da água, normalmente são aplicados filtros lentos (para águas
com baixa turbidez) e filtros rápidos.
• Desinfecção: a desinfecção da água para fins de abastecimento constitui medida que, em caráter
corretivo ou preventivo, deve ser obrigatoriamente adotada em todos os sistemas públicos. Os
produtos normalmente utilizados são o cloro e seus compostos (hipoclorito, cal clorada).
• Ultrafiltração: para remoção de poluentes iônicos e necessidade de qualidade maior que a potável.
Observação
A coagulação, ou mistura rápida, processo pelo qual as partículas da matriz fluida são
desestabilizadas, visa permitir o encontro e aglutinação dessas partículas – formação de flocos –,
podendo ser de três tipos:
39
Unidade I
+ + + +
+ + + + + +
+ + --- + + + --- +
-- -- + -- -- +
+ + -- - + + -- -
- - + -- - +
A) + -- - + -- --- + B)
- - - --- + - --
+ + + +
+ ++ + + ++ +
+ + + +
+ + + +
+ +
+ + + + + +
+ + +
C) + + + + +
+
+ + + +
+ +
+
+ + + + +
• Compressão da dupla camada: ocorre com alta energia e alta quantidade de produtos químicos,
na faixa do tipo estérica, em águas com turbidez moderada, em torno de 50NTU.
• Adsorção neutralização: ocorre com alta energia e baixa quantidade de produtos químicos, na
faixa do tipo eletrostática para águas com baixa turbidez, em torno de 10NTU.
• Varredura: ocorre com pouca energia e grande quantidade de produtos químicos, na faixa do tipo
eletroestérica, em águas com turbidez alta, acima de 100NTU.
• Ponte interparticular: ocorre com baixa energia e baixa quantidade de produto químico, na faixa
do tipo eletrostática e baixa turbidez, em torno de 30NTU, de forma que o produto químico faça
a ponte entre as partículas a serem removidas.
Na figura a seguir se podem notar as etapas da ETA tradicional, com pontos de dosagem de produtos
químicos, como segue:
40
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Agente oxidante
Agente oxidante
Alcalinizante
Coagulante
Polímero
CAP
Manancial Coagulação Floculação Sedimentação
Agente oxidante
Flúor
Alcalinizante
Água final
Após a floculação, a água caminha para sedimentação no decantador. Lembrando que as impurezas
sedimentam e a água decanta no decantador. Também, nesse ponto, caso a água tenha cor alta, associada
à matéria húmica, ou seja, matéria orgânica dissolvida, parte das partículas coaguladas normalmente
irão flotar ao invés de sedimentar, sendo necessário um processo de flotação, normalmente obtido
com sistema de raspagem da superfície do decantador e captação da água do decantador em ponto
intermediário da vertical do tanque de decantação, entre o sedimentado e o flotado. Esse sistema de
flotodecantação é muito utilizado em pré-tratamento de sistemas de tratamento de esgotos (ETE), em
que há alta turbidez e cor na matriz fluida a ser tratada.
Para filtração, deve-se observar se há necessidade, antes do filtro, de agente oxidante e polímero,
normalmente preciso para água bruta com muita matéria húmica associada ao parâmetro de cor da água,
para que ocorra coagulação dessas partículas remanescentes dos processos anteriores, para posterior
retenção no filtro ou mesmo para casos de filtração direta (sem etapas anteriores de tratamento)
com água bruta que assim exija. A filtração normalmente ocorre em filtros de areia com camadas de
diferentes diâmetros, podendo haver também camadas para remoção de impurezas por adsorção como,
41
Unidade I
por exemplo, associação do filtro de areia com camadas de carvão ativado granulado (CAG) ou antracito.
O rachão e pedregulho são normalmente utilizados para constituição da base dos filtros. Nas ETAs, pode-se
ter filtração rápida descendente e filtração lenta ascendente, além de casos de filtração direta para os
tipos anteriores e dupla filtração, esse último sendo uma filtração rápida seguido de filtração lenta.
Realizada a filtração, é necessário garantir a qualidade biológica da água através de agente oxidante
químico, normalmente de cloro e derivados. Podem ser utilizados também lâmpada ultravioleta (UV) e
ozonização, porém, como o primeiro tem ação pontual e o ozônio se perde rapidamente pela dissociação
do trióxido, que é uma molécula instável, há sempre a necessidade de se dosar um elemento de ação
prolongada, normalmente cloro (Cl2, hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio) ou derivados, para
manutenção da qualidade biológica da água tratada. De forma geral, a legislação pede mínimo de 0,5mg/L
de cloro ativo nas pontas de rede e entre 0,5mg/L e 1,0mg/L no reservatório de água tratada final.
Após os processos anteriores, a água tem a tendência de ficar ácida, sendo necessário prever dosagem
de alcalinizante, normalmente à base de cal ou sódio, para correção de pH. A água final é a que será
reservada no reservatório de água tratada para distribuição à população.
Figura 26 – Manancial de água corrente em leito, com alta variação de nível e água de baixa turbidez
e cor ao longo do ano, exigindo normalmente captação prévia em represa, com tomada d’água e
processo de tratamento simplificado, com filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH para
a água final de distribuição
42
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Figura 27 – Manancial de água corrente em leito de terra, com muita vegetação, variação de nível
e água de baixa a alta turbidez e cor ao longo do ano, exigindo, normalmente, captação prévia em
represa, com tomada d’água e processo de tratamento convencional, com coagulação, floculação,
sedimentação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH para a água final de distribuição
Figura 28 – Manancial de água corrente em leito arenoso, com muita vegetação, variação de nível
e água de baixa turbidez e alta cor ao longo do ano, exigindo, normalmente, captação prévia em
represa, com tomada d’água e processo de tratamento convencional devido à alta cor, com aeração,
coagulação, floculação, flotação, sedimentação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH
para a água final de distribuição
43
Unidade I
Figura 29 – Manancial de água represada, com muita vegetação, baixa variação de nível e água de
baixa turbidez e alta cor ao longo do ano, permitindo, normalmente, captação direta ou tipo torre na
represa, com tomada d’água e processo de tratamento convencional devido à alta cor, com aeração,
coagulação, floculação, flotação, sedimentação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH
para a água final de distribuição
Observa-se, assim, que em todos os processos há a presença de filtros para remoção de partículas
de determinadas dimensões. Com isso, conforme se nota a presença de alguns parâmetros na água
a ser filtrada, tem-se as premissas para dimensionamento dessa etapa crucial do tratamento, ou
mesmo as diretrizes para se decidir sobre a instalação de unidades de tratamento antes dos filtros,
visando adequá-los às necessidades. A figura a seguir traz a classificação da distribuição de tamanho
de partículas em águas naturais:
10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas coloidais Partículas em
dissolvidas suspensão
A figura a seguir traz o tipo de tratamento possível em função do tamanho de partícula a ser
removido:
44
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas coloidais Partículas em
dissolvidas suspensão
1E + 16
Água bruta
Frequência relativa
Água coagulada
45
Unidade I
Com isso, os sistemas de remoção de partículas dissolvidas, ou menores que 10-3 micrômetros, devem
possuir um sistema de filtração avançado, tipo osmose reversa. Já para partículas coloidais, entre 1 e 10-3
micrômetros, tem-se a nano, ultra ou microfiltração e, para partículas em suspensão ou com dimensão
acima de 1 micrômetro, a filtração se dá por filtros de areia convencional.
3 SISTEMAS COLOIDAIS
Define-se a coagulação que ocorre na etapa de mistura rápida do tratamento como operação
unitária responsável pela desestabilização das partículas coloidais em um sistema aquoso,
preparando-as para a sua remoção nas etapas subsequentes do processo de tratamento. Há dois
tipos de coloides que se formam na coagulação:
• Coloides liofóbicos: são aqueles que formam um sistema heterogêneo com o solvente (sistema
bifásico). Dessa forma, distingue-se uma fase contínua (solvente) de uma fase dispersa (coloides).
Uma vez que predomina um sistema bifásico, pode-se definir uma área de interface.
• Coloides liofílicos: são aqueles que formam um sistema homogêneo com o solvente (sistema
monofásico). Dessa forma, distingue-se uma única fase contínua tendo o solvente e o sistema
coloidal como soluto.
São classificados também quanto à estabilidade (quanto maior a estabilidade, maior a dificuldade
de remoção da partícula). Quando a fase contínua é a água, os sistemas coloidais são denominados
hidrofóbicos e hidrofílicos, ou seja:
• Sistemas coloidais hidrofóbicos: são sistemas instáveis, pois as interações com o solvente
são pequenas.
• Sistemas coloidais hidrofílicos: são sistemas estáveis, as interações com o solvente são tais que
previnem o sistema contra alterações em sua estrutura global.
Na teoria da dupla camada, conforme a figura a seguir, uma partícula do sistema coloidal, com
determinada carga, possui outra camada imediatamente posterior, de carga contrária e, outra, ainda,
de carga igual à do núcleo, causando repulsão caso o mecanismo de coagulação não seja eficiente,
prejudicando o tratamento para remoção dessas partículas.
Observação
- -
- + +
+ + ++
Meio aquoso - + + - - ++ +
+
+ + - +
+ + - - +
- + - - + +
Partícula - +
+ -
+ - - +
+ - +
+ - - + -
+ + - - - - -- - ++
N+ - +
Cargas ++ + + +
+ - +
- + -
N- +
Figura 34 – Cargas em uma partícula na matriz fluida com efeito de dupla camada de cargas
Assim, conforme a figura a seguir, as partículas, mesmo que se encontrem, não floculam, pois
suas cargas iguais se repulsam, havendo necessidade de quebrar quimicamente a barreira de energia,
representada na curva do potencial zeta, e provocar o encontro de partículas com a aplicação química
e mecânica que ofereçam essa condição.
47
Unidade I
1 - Repulsão eletrostática
Efeito combinado de 1 e 2
Separação
entre duas
partículas
2 - Atração de Wan der Waals
Atrativa
Poterncial Zeta
Figura 35 – Cargas em uma partícula na matriz fluida com efeito de dupla camada de cargas –
potencial zeta
A seguir, estão alguns coagulantes que podem ser utilizados para desestabilização de partículas:
A figura a seguir ilustra a chegada da água bruta de uma ETA, em que recebe coagulante e se destina
ao tanque de mistura rápida, com ar comprimido para agitação, onde ocorre a coagulação:
48
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Figura 36 – Alto grau de agitação e gradiente de velocidades na matriz fluida (mistura rápida)
A seguir, estão descritas as principais técnicas de coagulantes usualmente empregadas. Para o sulfato
de alumínio adquirido na forma sólida:
• caminhão-tanque;
• pureza de 50%;
49
Unidade I
A figura a seguir mostra o armazenamento de sulfato de alumínio nas formas líquida e sólida:
• caminhão-tanque;
• pureza de 42%;
• caminhão-tanque;
• pureza de 35%;
50
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Observação
De forma geral, a seguir estão representadas as dissociações, resumida e completa, dos principais
coagulantes químicos:
51
Unidade I
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
-2
-4
-6
-8
-10
-12
pH
52
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Assim, existe um ponto de inflexão na curva de solubilidade que, a priori, seria o ponto ótimo para
o pH de coagulação, ou seja, pH=8 para o ferro e pH=6 para o alumínio, já que em pH diferente não se
atinge o potencial de dissociação em água. Assim, cabe aqui uma discussão que envolve a compressão
da dupla camada, que é a questão do motivo pelo qual a compressão da dupla camada é incompleta,
no que tange à explicação do mecanismo de desestabilização de partículas coloidais. A explicação é que
são desprezados os efeitos entre o coagulante e o solvente, bem como da partícula coloidal e o solvente,
sendo o solvente o agente químico coagulante, já que há interações entre eles. Com isso, deve-se ter
uma visão dinâmica do processo de coagulação, visando à interação entre os elementos da mistura
rápida, conforme ilustra a figura a seguir.
Solvente Coagulante
Coloide
Para tanto, são recomendados testes práticos prévios com a água do manancial a ser tratada, visando
à obtenção de dosagem mínima ou ótima para as condições do projeto das unidades de ETA, em especial
para o processo de coagulação.
3.2 Coagulação
• dispositivos hidráulicos;
• calhas parshall;
• vertedores retangulares;
• malhas difusoras;
• injetores.
53
Unidade I
54
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
55
Unidade I
56
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Figura 44 – Processo de coagulação pela agitação no escoamento turbulento – ETA Guaraú (Sabesp)
• dispositivos mecânicos;
• agitadores mecânicos;
• turbinas;
• hélice propulsora.
57
Unidade I
58
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Todos esses dispositivos visam adicionar energia, através de gradientes de velocidades, para
desestabilização das partículas ou impurezas que se deseja remover, de forma que o coagulante
químico possa se misturar à matriz fluida e possa agir sobre essas partículas, a fim de que permaneçam
desestabilizadas. Somente assim é que se poderá ter o efeito de floculação, sedimentação ou mesmo
retenção das partículas em processo de filtração. Assim, as partículas que ficam estáveis na matriz fluida
passarão pelos processos de tratamento até a água final.
dv
. dy
dy
dy
ν
dz
dx
Assim, seja a forma diferencial da potência (Pot) provocada por uma força motriz (F), causando uma
velocidade (v) no meio fluido:
dPot = dF . v
Sendo:
59
Unidade I
F: força (N)
v: velocidade (m/s)
Com dF = τ.dA, a força tangencial à área que provoca o escoamento em um fluido newtoniano (água
com até 5% de sólidos, no caso) e que (v) sofre variação na direção (y), tem-se:
dv dv
dPot = τ.dA. v + .dy − τ.dA.v = τ.dA. .dy
dy dy
Sendo:
dv dv dv
dPot =
τ. .dx.dy.dz =
µ. . .dx.dy.dz
dy dy dy
2
dv
dPot = µ. .dx.dy.dz
dy
dv
Como G = , o gradiente de velocidades é a variação da velocidade ao longo da direção do
dy
escoamento, e dVoI = dx . dy . dz, o infinitesimal de volume, tem-se:
Sendo:
Pot Vol
0 0
60
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Pot = µ . G2 . Vol
Sendo:
Na equação 22, a potência é a líquida inserida por sistemas mecânicos para mistura rápida ou
floculação – observando-se que, na unidade de mistura rápida, acontece a desestabilização para
coagulação de partículas ou impurezas. Já para sistemas hidráulicos de coagulação e floculação,
deve-se observar a perda de carga ocorrida no tanque com um determinado tempo de detenção,
dado pela equação 23, desenvolvida a seguir:
Pot γ .Q.∆H
=G =
µ.Vol µ.Vol
γ .∆H
G= Equação 23
µ.θh
Sendo:
Quando se quer o gradiente de velocidades para sistemas hidráulicos ao longo de um tanque com
determinada velocidade, perda de carga e comprimento, aplica-se a equação 24, desenvolvida a partir
da equação 22:
γ .V.∆H
G= Equação 24
µ.L
61
Unidade I
Sendo:
L: Comprimento do tanque, m
Pot = Fa . v
Cd. .Ap.v2
Fa =
2
Cd.ρ.Ap.v3
Potr = Equação 25
2
Sendo:
D
v=
2.π.n. =π.n.D
2
D2
A = π.
4
62
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
π.D2
.( π.n.D)
3
3 C .ρ
d .
Cd.ρ.Ap.v 4 Cd.π4 3 5 Cd.π4 3 5
P=
ot = = 2.4 .ρ.n .D= 8 .ρ.n .D
2 2
E, para
Cd.π4
KT =
8
Pot = KT . p . n3 . D5 Equação 26
Sendo:
D : diâmetro do rotor, m
63
Unidade I
Pot = KT . ρ . n3 . D5
KT ≅ 5 a 5,5
Pot = KT . ρ . n3 . D5
KT ≅ 1,5 a 2,0
∆Y
Shear rate = ∆V ∆V
∆Y
64
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Pot = KT . ρ . n3 . D5
KT ≅ 0,5 a 0,8
Pot = KT . ρ . n3 . D5
KT ≅ 1,2 a 1,3
Pot = KT . ρ . n3 . D5
KT ≅ 0,3 a 0,4
Axial flow
65
Unidade I
Tendo em mente que se podem obter gradientes de velocidade pela própria energia hidráulica do
escoamento, a calha parshall torna-se um importante equipamento para esse fim, sendo que, para as
dimensões de calha parshall executada na continuidade do canal de entrada na ETA, conforme figura e
tablela a seguir, tem-se:
Poço de medida Ha
2/3 A
A 1
6
W
D
C
5
1
X
Garganta
B F G
Ponto de injeção de coagulante
Ressalto hidráulico
Ha
X K
N
1 1
4 2,67
W W A B C D E F G K N X Y Q escoamento livre
pol cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm mín. (l/s) a máx. (l/s)
1 2,5 36,3 35,6 9,3 16,8 22,9 7,6 20,3 1,9 2,9 0,3 a 5,0
3 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 45,7 15,2 30,5 2,5 5,7 2,5 9,8 0,8 a 59,8
6 15,2 61,0 61,0 39,4 40,3 61,0 30,5 31,0 7,6 11,4 5,1 7,6 1,4 a 110,4
9 22,9 88,0 86,4 50,0 57,5 76,9 30,5 45,7 7,6 11,4 5,1 7,6 2,5 a 252,0
12 30,5 137,2 134,4 61,0 84,5 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 3,1 a 455,9
18 45,7 144,9 142,0 76,2 102,6 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 4,2 a 696,6
24 61 152,5 149,6 91,5 120,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 11,9 a 937,3
36,5 91,5 167,7 164,5 122,0 157,2 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 17,3 a 1427,2
48,5 122 183,0 179,5 152,5 193,8 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 36,8 a 1922,7
61 152,5 198,3 194,1 189,0 230,9 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 45,9 a 2429,9
66
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
W W A B C D E F G K N X Y Q escoamento livre
pol cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm mín. (l/s) a máx. (l/s)
73 183 219,5 209,0 213,5 266,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 73,6 a 2930,0
85 213,5 228,8 224,0 244,0 303,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 85,0 a 3437,7
97,5 244 244,0 239,2 274,5 349,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 99,1 a 3950,2
122 305 274,5 427,0 366,0 475,9 122,0 91,5 103,0 15,3 34,3 200,0 a 5660,0
Ha = k . Qn Equação 27
Sendo:
Q: vazão, m3/s
Assim, aplicam-se algumas equações para obtenção do gradiente de velocidades na calha parshall,
conforme as duas tabelas e figura anteriores. O primeiro passo é aplicar a equação 27, de descarga para
67
Unidade I
uma determinada medida de boca (W), obtida em função das vazões mínimas e máximas que podem
haver na calha parshall, nas tabelas 7 e 8, obtendo-se (Ha). Após, calcula-se a largura (D’) na seção de
medida pela equação 28:
2
D'= .(D − W) + W Equação 28
3
Sendo:
Dessa forma, pode-se calcular da velocidade (Va) na seção de interesse, com medidas (Ha) e (D’)
pela equação 29:
Q Q
V=
a = Equação 29
A D'.Ha
Sendo:
Com isso, calcula-se a energia total disponível na secção (Ea) de interesse da calha parshall
pela equação 30:
Va2
Ea =Ha + +N
2.g Equação 30
Sendo:
N: entre início e final do trecho convergente na garganta da calha parshall, conforme figura seguinte
e valor da tabela 7, m
Dessa maneira, calcula-se o ângulo fictício (θ) da calha parshall pela equação 31:
g.Q
=θ arcos − Equação 31
W.(0,67.g.E ) 32
a
68
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Sendo:
Para continuidade nos cálculos da calha parshall, é importante a apresentação do esquema da figura
seguinte, que define alguns parâmetros e a formação do ressalto hidráulico:
Y2
K
Y3
N
H
Y1
Referencial
Com isso, pode-se calcular a velocidade da água no início do ressalto na seção de (Y1) pela equação 32:
12
θ 2.g.Ea
V1 = 2.cos . Equação 32
3 3
Sendo:
Para o balanço de energia entre as secções (a) e (1), usando a equação 30 da energia em (a) e a
equação 33, chega-se à equação 34 da lâmina d’água em (1) por:
V12
Ea = E1 ⇒ Ea = y1 + Equação 33
2.g
V12
y=
1 Ea − Equação 34
2.g
Sendo:
y1: lâmina d’água no início do ressalto da calha parshall, conforme figura anterior, m
69
Unidade I
Em seguida, calcula-se o número de Froude da seção (1), dado pela equação 35, para, após, calcular-se
a lâmina d’água no final da calha parshall, seção (3), com o mesmo plano referencial da seção (1),
conforme figura anterior, pela equação 36:
V1
Fr1 =
g.y1
Equação 35
y1
y3= . 1+ 8.Fr12 − 1 Equação 36
2
Sendo:
Fr1: número de Froude no início do ressalto da calha parshall, conforme figura anterior, m
y3: lâmina d’água no final do ressalto da calha parshall, conforme figura anterior, m
Assim, pode-se calcular a profundidade e velocidade no final do trecho divergente, seção (2) da
figura anterior, pelas equações 37 e 38, dadas por:
y2 = (y3 – N + K) Equação 37
Q
V2 = Equação 38
y2 .C
Sendo:
y2: Lâmina d’água no final do trecho divergente (2) da calha parshall, conforme figura anterior, m
N: Altura entre início e final do trecho convergente na garganta da calha parshall, conforme figura
anterior e valor da tabela 7, m
K: Altura entre o início do trecho convergente e final do divergente na garganta da calha parshall,
conforme figura anterior e valor da tabela 7, m
V2: Velocidade no final do trecho divergente (2) da calha parshall, conforme figura anterior, m
O próximo passo é calcular, pela equação 39, a perda de carga no ressalto hidráulico, como segue:
Ha + N = y3 + ∆H ⇒ ∆H = (Ha + N) – y3 Equação 39
Sendo:
70
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Como essa perda de carga em regime turbulento acontece no final do trecho divergente, pode-se
calcular o tempo de detenção médio nesse trecho, dado pela equação 40 que segue:
2.G
θh = Equação 40
( V1 + V2 )
Sendo:
γ .∆H
Gparshall = Equação 41
µ.θh
Sendo:
Lembrete
71
Unidade I
A floculação é um processo físico no qual as partículas coloidais são colocadas em contato umas
com as outras, de modo a permitir o aumento do seu tamanho físico, alterando, dessa forma, a sua
distribuição granulométrica.
• Mecanismos de transporte: mecanismos pelos quais os flocos são transportados no meio fluido,
como velocidades hidráulicas e mecânicas, arraste pela gravidade, energia térmica.
• Floculação pericinética: quando as partículas coaguladas a serem floculadas têm seu encontro
promovido pelo próprio fluido. Há o movimento browniano, em que as partículas coloidais
apresentam um movimento aleatório, devido a seu contínuo bombardeamento pelas moléculas
de água. A energia propulsora é a energia térmica do fluído.
• Concepção de sistemas de floculação: trata-se de análises e testes (jarros) com a água coagulada,
que definem gradiente de velocidades e dosagem de produtos químicos que, associados às
condições e disponibilidades do local de implantação, permitem traçar as melhores alternativas
para conceber os tanques e dispositivos construtivos do sistema de floculação.
72
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Também, conforme o tamanho das partículas coaguladas, alguns parâmetros físicos se alteram
da água coagulada para a floculada, como, por exemplo, cor real e sólidos dissolvidos totais (SDT) se
transformando em turbidez e sólidos suspensos totais. A figura a seguir ilustra essa situação em função
da distribuição do tamanho de partículas:
10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas coloidais Partículas em
dissolvidas suspensão
Para floculação, normalmente são empregados os seguintes coagulantes, com faixa de dosagem
para ETAs conforme indicado:
Assim, após a dosagem com devida mistura do coagulante, as partículas desestabilizadas do meio
fluido na mistura rápida são direcionadas ao floculador, onde se formam coágulos, por coalescência ou
união direta entre partículas e, após, os flocos, pela união de partículas devido às ligações químicas com o
coagulante. Assim, os flocos, com cada vez mais peso, ganham a condição de sedimentar no decantador
ou de serem removidos na filtração devido ao tamanho. A figura a seguir ilustra esses processos.
Coalescência
Floculação
Ainda, entre a água coagulada e floculada existe uma diferença de distribuição granulométrica, em
que as partículas são maiores na floculada. A figura a seguir ilustra esse fato.
Água bruta
Água coagulada
Água floculada
Frequência relativa
dp > dc
Partículas
sedimentáveis
Diâmetro crítico
Diâmetro das partículas
74
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
dv
. dy
dy
dy
ν
dz
dx
dy Pot
G G=
dx µ.Vol
Fluxo radial:
Pot = Fa . v
Cd.ρ.Ap.v2
Fa =
2
Cd.ρ.Ap.v3
Pot =
2
Fluxo axial:
Pot = KT . ρ . n3 . D5
75
Unidade I
Sendo:
v: velocidade (m/s)
n: rotação (rps)
P: Potência (W)
• floculador Alabama;
As figuras a seguir ilustram os quatro primeiros tipos de floculadores, sendo que aqueles em meios
porosos são normalmente utilizados no conceito de filtração direta.
Barreira padrão
Fluxo da
mistura Estágio 1
rápida
Estágio 2
Estágio 3
Vai para o
Planta baixa decantador
76
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
A)
v1
v2
Vertedor afogado
B)
v1
Orifício
v2
77
Unidade I
78
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Figura 65 – Floculador Alabama (chicanas com gradiente variável) – ETA Aldeia da Serra
Figura 66 – Floculadores com agitadores de fluxo axial e radial – ETA Alto Tietê (Sabesp)
79
Unidade I
3.4 Decantação/sedimentação
• sedimentação por compressão (tipo 4) em filtros de areia, filtro prensa, decanter e centrífugas –
normalmente para lodo.
AS
1
Vh
H 2 Vs
B
L
Vh.H Q Q Q
L = Vh . t V=
S = = q=
L B.L AS AS
Taxa de escoamento
superficial
H = VS . t Q
Vh =
BH
.
Com isso, não se observa floculação de partículas, mas uma sedimentação discreta, permanecendo
a mesma partícula no processo. A figura a seguir ilustra o pré-tratamento em caixa de areia em que
ocorre esse processo.
80
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
E = ρ . VoI . g
C d . . Ap . V 2 Peso
Fa
2 P = mp . g = ρp . VoI . g
∑Fy = 0
P = Fa + E 2 canais
dp > dc
Partículas
sedimentáveis
dc
81
Unidade I
Já a figura a seguir mostra exemplos de decantadores convencionais, com e sem remoção mecanizada
de lodo:
Para a sedimentação floculenta, a velocidade de sedimentação das partículas não é mais constante,
uma vez que elas se agregam ao longo do processo. Com o aumento do diâmetro das partículas há,
consequentemente, aumento de sua velocidade de sedimentação ao longo da altura.
1
Vh
H 2 Vs
B
L
Figura 72 – Curvas de sedimentação discreta (1) e floculenta (2) em um tanque de dimensões internas
L, B e H
82
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Assim, na sedimentação floculenta, a dimensão física da partícula é alterada durante o seu processo
de sedimentação gravitacional (floculação por sedimentação diferencial), ou seja, sua velocidade de
sedimentação é variável.
Decantador horizontal
Turbilhonamento
Entrada
Zona de
de água Zona de decantação Saída para
floculada filtro
Zona de ascensão
Zona de repouso
Descarga de iodo
Também, para decantadores de fluxo laminar, tem-se o seguinte desenvolvimento para determinação
da velocidade de sedimentação da partícula a ser removida, (até 2 canais na figura a seguir, em tanque
de medidas L, H e B).
83
Unidade I
L’
1
Vh
H 2 Vs
B
H/2
L
2 canais
H = VS . t
Vh.H L
VS = L’ =
L = Vh . t L 2
L’
1
Vh
Vs
H 2
B
H/4
4 canais L
H = VS . t L' =
Vh.H 4
VS =
L = Vh . t L n canais L
L' =
n
Com isso, para decantadores laminares verticais de placas paralelas, formando ângulo 𝛼 com a
horizontal, conforme figura a seguir, tem-se o desenvolvimento das equações 42, 43 e 44, que servem
para seu dimensionamento.
Vo
Vsh
I
a
W h
Vsv Vs
a
Trajetória crítica
84
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
h Vsv
senα= =
l Vs
Vsh
cos α =
Vs
VSV = VS . sen α
VSh = VS . cos α
I = (V0 – VSV . t)
w = Vsh . t
l w
=
( V0 − Vsv ) Vsh
l w
=
( V0 − Vs .senα ) Vs .cos α
w.V0
Vs =
(l.cos α + w.senα )
l
L=
w
V0
Vs =
(L.cos α + senα )
Q Q
=
V0 =
A0 Ap.senα
Q.Sc
Vs = Equação 42
Ap.senα.(L.cos α + senα )
Q
=
q V=
s
A
85
Unidade I
qL .Sc
qc = Equação 43
senθ.(L.cos θ + senθ)
qL senθ.(L.cos θ + senθ)
= Equação 44
qc Sc
Sendo:
Q: vazão, m3/s
Sc: número que compatibiliza as áreas de decantadores laminares e convencionais, sendo Sc=1
(placas planas); Sc=4/3 (tubos circulares) e Sc=11/8 (tubos quadrados)
86
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
A figura a seguir mostra o esquema de um decantador convencional que foi adaptado para um
laminar de placas planas paralelas.
Decantador vertical
Entrada de água
floculada
Resp.
Descarga Descarga
Para decantadores laminares com placas paralelas, pode-se notar maior eficiência de remoção para
ângulo de 50º a 60º, conforme a figura a seguir. Com esses ângulos, a melhor eficiência para a relação
L=l/w entre as placas em torno de 5, se dá conforme figura a seguir:
Sedimentação laminar – ângulo das placas
9
8
7
6
qL sen L . cos sen
5
qC SC
qL/qC
4
3
2
1
0
10 20 30 40 50 60 70 80
Ângulo das placas com a horizontal
87
Unidade I
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 10 20 30 40 50 60
I/w
As figuras a seguir mostram locais com utilização de decantadores laminares, exemplificando essas
instalações.
88
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
3.5 Filtração
Em tese, após a coagulação, a água bruta pode ser filtrada para obtenção de água para o processo de
desinfecção, fluoretação e água final. Porém, nessas condições, havendo grande quantidade de sólidos
em suspensão, normalmente com turbidez acima de 30UNT e cor real acima de 10uC (unidades de
cor = uC = uPtCo), haveria excessiva perda de carga nos filtros. Com isso, guardados os devidos parâmetros,
a água a ser filtrada é aquela proveniente de processo de coagulação, floculação e decantação, visando
sempre obtê-la com o mínimo de cor e turbidez, sendo necessário apenas desinfecção, fluoretação e, talvez,
correção de pH para envio ao tanque de armazenamento da água final, que será distribuída à população.
Com isso, as camadas e granulometria dos filtros, bem como suas dimensões, se dão em função das
características da água a ser filtrada, ou seja, se o tamanho da partícula remanescente da última etapa
de tratamento, antes da filtração, for muito pequena, a camada de areia fina para sua remoção também
será. Além disso, observa-se que as partículas a serem removidas no filtro devem chegar devidamente
coaguladas ou desestabilizadas, já que, senão, passarão diretamente pelo filtro até a água final.
Com isso, esses sistemas, além de devidamente dimensionados para remoção de partículas
remanescentes da etapa anterior, obedecem a parâmetros, como:
• Perda de carga em sistemas de filtração: não recomendado ser maior que 15% da altura útil após
entrar em regime fixo.
Di Bernardo (2003) e Di Bernardo e Di Bernardo (2005) possuem uma bibliografia completa sobre
filtros e processos de filtração. Os filtros de areia têm sua aplicação e classificação em:
• Filtros rápidos: normalmente com taxa de aplicação acima de 60m3/m2/dia, utilizados para águas
brutas de alta turbidez e cor
• Filtros lentos: normalmente com taxa de aplicação abaixo de 60m3/m2/dia, utilizados para águas
brutas de baixa turbidez e cor.
• Filtros descendentes: escoamento com fluxo de cima para baixo, rápidos ou lentos.
• Dupla filtração: filtração ascendente seguida de descendente, normalmente a primeira serve para
coagulação e filtração prévia, com terminação no filtro descente.
89
Unidade I
• Filtros de carga constante e taxa declinante: atingida a taxa mínima, o filtro é lavado antes de
iniciar um novo ciclo.
• Filtros de taxa constante e carga variável (perda de carga durante a filtração), mais comumente
utilizados: atingida a perda de carga máxima, o filtro é lavado antes de iniciar um novo ciclo.
• Filtração direta: não há passagem da água por sistemas de floculação e decantação, sendo que
normalmente, quando necessário, é dosado coagulante logo antes da entrada do filtro, havendo
processo de coagulação dentro do filtro.
As figuras a seguir mostram locais com utilização de filtros em sistemas convencionais de ETAs,
exemplificando essas instalações:
Filtros rápidos
descendentes de areia
90
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Para melhor exemplificar, a figura a seguir posiciona a filtração com relação ao processo de
tratamento da água como um todo:
Filtração
convencional Água final Filtração
Filtração direta
Água final Filtração
Filtração
em linha Água final Filtração
A tabela a seguir traz a classificação para filtração direta ou em linha da água bruta.
91
Unidade I
As classificações quanto ao meio granular e sentido de escoamento estão nas figuras a seguir,
respectivamente.
Com relação ao tipo de filtração
92
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Antracito
Areia ou Antracito
antracito
Areia
Areia Granada
Camada simples Dupla camada Tripla camada
Figura 90
Q
Taxa de filtração q=
Afiltração
h
h = altura do nível d’agua acima do
meio filtrante
• Taxa de filtração constante
Antracito — Com variação de nível
— Sem variação de nível
Areia • Taxa decliante
Figura 91
Para a constituição de sucessivas camadas de filtros, recomenda-se Cu, como na figura a seguir. O
coeficiente de não uniformidade, se dá conforme a tabela a seguir.
93
Unidade I
Os dados físicos dos materiais para constituição das camadas de filtros granulares estão na
tabela a seguir.
Tabela 11
94
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Observa-se que, para partículas muito pequenas, principalmente as dissociadas ionicamente na água, o
processo de filtração é avançado (por membranas) e pode ser tipificado conforme ilustram as figuras a seguir:
Com relação ao tipo de filtração
Filtração em membrana
• Osmose reversa
• Nanofiltração
• Ultrafiltração
• Microfiltração
95
Unidade I
Nesse momento, colocadas as possibilidades de tipos de filtros, é importante observar que qualquer
um deles terá um tempo máximo de funcionamento entre lavagens, sendo esse período cíclico
denominado carreira de filtração. Dessa maneira, definidos os critérios de taxa de filtração, é importante
notar que, conforme sua classificação hidráulica, deverá haver um procedimento de aguardo de um
módulo de filtro, enquanto os demais produzem água filtrada, sendo necessário que os filtros em
operação produzam a vazão de água para o dia de maior consumo, considerando armazenamento de
pelo menos 24h de água final.
• turbidez da água filtrada superior a um valor pré-determinado (geralmente superior a 0,5 UNT);
• perda de carga igual ou superior à carga hidráulica máxima disponível (geralmente da ordem de
2,0 a 3,0 metros);
Ainda que não seja necessário aguardar todo o tempo calculado para realização dos ciclos de limpeza,
o mesmo deve ser observado e mantido na operação conforme definição do projeto. A figura a seguir
mostra uma visão geral da deposição de partículas no filtro.
Choques
Partículas Deposição
partículas - coletores
Processo químico
Processo físico Estabilidade do coloide
(transporte) (coagulação)
96
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
97
Unidade I
Também é importante visualizar a posição da calha de coleta de água da lavagem dos filtros, como
mostra a figura a seguir.
Ainda, em função do diâmetro efetivo de partículas que se pretende remover, há uma recomendação
do tipo de filtro e altura (h), em milímetros, de água sobre o leito filtrante, ou seja:
• cada camada componente do meio suporte deve ser a mais uniforme possíve, com dmax/dmín = 2;
• o diâmetro do menor grão da camada inferior do meio suporte deve ser de 2 a 3 vezes o diâmetro
do orifício do sistema de drenagem;
• o diâmetro do menor grão da camada superior do meio suporte deve ser de 4 a 4,5 vezes o valor
do diâmetro efetivo do material filtrante;
• das camadas que compõem o meio suporte, a relação entre o diâmetro do maior grão e o diâmetro
do menor grão da camada adjacente deve ser igual a 4;
98
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• a espessura mínima de cada camada componente do meio suporte deve ser igual a 7,5cm ou três
vezes o diâmetro máximo do grão.
Para a água de lavagem, devem-se obedecer aos parâmetros da figura a seguir e as equações 45 e
46, bem como os requisitos que os seguem:
S
Ho Calhas de coleta
Filtro L
(0,5 . L + D) ≤ H0 ≤ (L + D) Equação 45
Sendo:
H0: altura entre a borda superior da calha de água de lavagem e o topo do material filtrante
99
Unidade I
2
Velocidade ascendecional (cm/s) 1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
Areia - antracito
0,6
Areia - CAG
0,4
0,2
0
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Expansão (%)
• para lavagem superficial com água, conforme figuras a seguir, o tempo de lavagem é de 1 a
2 minutos, com taxa de 1,5l/s/m2 a 3,0l/s/m2 de água superficial, sendo a ascensional de forma a
garantir a expansão de 20% a 30% do leito filtrante;
Água ascensional
tempo
Figura 103 – Sistema de lavagem de filtros somente com água ascensional. Com tempo de lavagem
de 8 a 15 minutos. Expansão do material filtrante de 20% a 30%
100
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Vazão
Água ascensional
Água superficial
tempo
1,5 a 3l/s/m2
• para lavagem unicamente com ar, seguido de água, o tempo de lavagem com ar é de 2 a
3 minutos, com água, de 8 a 15 minutos, com taxa de ar de 10l/s/m2 a 20l/s/m2, sendo a ascensional
de água de forma a garantir a expansão de 20% a 30% do leito filtrante;
Ar
Vazão
Água ascensional
Tempo
10 a 20l/s/m2
Figura 105 – Sistema de lavagem de filtros com ar unicamente e depois com água.
Tempo de lavagem com ar de 2 a 3 minutos. Tempo de lavagem com água em contracorrente
de 8 a 15 minutos. Expansão do material filtrante de 20% a 30%
• para lavagem com ar e água, simultaneamente, o tempo de lavagem com ar é de 2 a 4 min., com
água, de 8 a 15 minutos, com taxa de ar de 4l/s/m2 a 8l/s/m2, sendo a ascensional de água de
forma a garantir a expansão de 20% a 30% do leito filtrante. Observar que, durante a lavagem
com ar e água, de 2 a 4 minutos, a vazão de água é menor, pois junta com a de ar para garantir a
expansão do leito filtrante;
101
Unidade I
Ar
Vazão
Água ascensional
Tempo
4 a 8l/s/m2
Com isso, feitas as definições do sistema de filtração com sua granulometria, materiais filtrantes
com espessura de cada camada, tipo de controle hidráulico, concepção da camada suporte e do fundo
falso, deve-se observar as seguintes taxas de filtração:
Assim, podem-se calcular os filtros seguindo os passos das equações 47 a 48 que seguem:
Q
Afiltração = Equação 47
q
Sendo:
Q: vazão, m3/dia
Q
Afiltração = Equação 48
q
Sendo:
102
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Q: vazão, m3/dia
Sendo:
Afiltração
Afiltro = Equação 50
N
Sendo:
A área de cada filtro deve ficar entre 25m2 e 100m2. Caso fique fora desse padrão, é necessário mudar
o número de filtros e recalcular. Também recomenda-se a definição das dimensões de cada filtro em
função das dimensões dos decantadores, para que fiquem alinhados. Na sequência, define-se o método
e sistema de lavagem, expansão do leito filtrante e as calhas de coleta de água de lavagem dos filtros.
L
∑d ≥ 1.000 Equação 51
ef
Sendo:
Sendo:
A bomba de lavagem deve alimentar a taxa de lavagem no filtro mais desfavorável ou que apresentar
maior perda de carga na tubulação. Para determinar o espaçamento (S) entre as calhas dos filtros,
tem-se a equação 53, devendo-se observar as equações 45 e 46:
103
Unidade I
Lfiltro
S= Equação 53
Nfiltro
Sendo:
Por fim, para os filtros, calcula-se o vertedor de saída pela equação 54 e tabela a seguir:
B (m) h0 (m)
0,5 0,264
0,8 0,193
1,0 0,166
1,2 0,147
1,5 0,127
Q = 1,84 . B . h 1,5
0 Equação 54
Sendo:
B: largura do vertedor, m
3.6 Desinfecção
• agentes físicos;
• temperatura;
104
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• radiação;
• filtração;
• agentes químicos;
• fenóis;
• álcoois;
• halogênios;
• metais pesados;
• ácidos e bases.
• atividade antimicrobiana;
• solubilidade;
• estabilidade;
• disponibilidade.
• cloraminas;
• dióxido de cloro;
• ozônio;
• radiação ultravioleta.
105
Unidade I
Normalmente, são utilizados microrganismos de baixa resistência como indicadores, com as seguintes
características:
• serem mais resistentes à ação dos agentes desinfetantes do que os microrganismos patogênicos;
106
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Como o cloro é o princípio ativo mais utilizado na desinfecção, a tabela seguinte traz suas
dosagens típicas.
3.7 Fluoretação
O propósito do processo de fluoretação é garantir uma concentração mínima e máxima de íon fluoreto
em águas de abastecimento, a fim de que seja possível a manutenção da saúde dental da população,
evitando custos com tratamentos odontológicos. As concentrações de fluoreto recomendáveis em águas
de abastecimento estão na tabela a seguir.
107
Unidade I
VOI = θh . Q Equação 54
108
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Sendo:
Q: vazão, m3/s
A profundidade (H) do tanque deve ser de 3m a 4m e o comprimento (L) mínimo de 3 vezes a largura
(B), permitindo definir a área e geometria do tanque, conforme as equações 55 e 56:
VOI = B . L . H Equação 55
AS = B . L = 3 . B2 Equação 56
Sendo:
B: largura do tanque, m
L: comprimento do tanque, m
H: profundidade do tanque, m
Cálculo do consumo diário de cloro, conforme equações 58 a 62, com parâmetros explícitos nas
equações, sendo (C) a concentração ou dosagem estabelecida:
Massa = Q . C . ∆t Equação 57
Massamínima + Massamáxima
Massamédia = Equação 60
2
109
Unidade I
b) Opção 2 – hipoclorito de sódio, volume com concentração da solução: 12,0% em peso como Cl2.
Cálculo do consumo diário para fluoretação, conforme equações 58 a 62, com parâmetros explícitos
nas equações, sendo (C) a concentração ou dosagem estabelecida:
Sendo:
Mol H2SiF6=144,1g
Massamínima.144,1
Massa = ( kg/dia) Equação 65
114
Observação
Para concentração da solução, 22,0% em peso como H2SiF6 e massa específica da solução de
1.260kg/m3, vem:
110
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Demonstrar os passos de cálculo de quantidade a ser armazenada de cal como (CaO) a 95% de
pureza, para dosagem de 20mg/L de Ca na ETA, Q=10.000m3/dia, período de 20 dias.
Como a quantidade a ser armazenada é função da massa mínima no início de plano, vem:
Massamínima.56 200.56
=
Massa = = 2.800( kg/dia)
40 40
Para concentração da solução 95,0% em peso como CaO e massa específica da solução de
1.700kg/m3, tem-se:
= =
Msolução (Massa mínima / 0,95) Msolução (2800 / 0,95)
Volcal = = 1,73 t/dia.
1.700 kg/m3
ρsolução = 1.700
111
Unidade I
Após o cálculo dos sistemas, seus volumes e tamanhos, antes de se posicionar e calcular as bombas
e sistemas hidráulicos, deve-se traçar um plano diretor com a disposição dos sistemas calculados, de
forma que se possa visualizar e definir as partes restantes do projeto. As figuras a seguir mostram
exemplos de disposição conforme as unidades de tratamento, definidas em função da concepção da
ETA, ou mesmo de uma ETE, para tratamento de esgotos por processo físico-químico.
Casa de química
8,4 m
2,8 m
Casa de química
Figura 109 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores e decantadores e de frente
para a calha parshall, para formação de água coagulada para os floculadores, mostrando outra
possibilidade dos elementos dimensionados para a figura 107
112
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Casa de química
Figura 110 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores e decantadores da calha
parshall, para formação de água coagulada para os floculadores, mostrando outra possibilidade dos
elementos dimensionados para as figuras 107 e 109
Canal de água coagulada
Casa de química
Figura 111 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores e decantadores da calha parshall,
para formação de água coagulada para os floculadores, mostrando outra possibilidade dos elementos
dimensionados para a figura 110
Filtros
Casa de química
Casa de química
Floculadores
Figura 112 – Casa de química ao lado do floculador e decantador e de frente para a calha parshall
para formação de água coagulada para os floculadores e decantada para os filtros, complementando
a disposição da figura 107
113
Unidade I
Floculadores Filtros
Decantadores
Figura 113 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores, decantadores e filtros,
mostrando possibilidade mais completa dos elementos dimensionados para a figura 110
Floculadores
Canal de água coagulada
Filtros Decantadores
Casa de química
Figura 114 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores, decantadores e filtros e
de frente com a calha parshall, para formação de água coagulada, complementando a figura 111
contato
Casa de química
Floculadores
Figura 115 – ETA completa com casa de química, calha parshall para coagulação, floculadores,
decantadores, filtros, calha de água tratada e tanque de contato para desinfecção, fluoretação
e correção de pH, para a água final a ser armazenada e distribuída, completando a figura 112
114
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Dando continuidade aos conceitos apresentados na NBR 12216, tem-se que, associada a cada
unidade de tratamento necessária, há uma avaliação técnica por essa norma, que classifica quatro tipos
de águas brutas:
• Tipo C: águas superficiais, provenientes de bacias não protegidas, com características básicas definidas
na tabela seguinte e que exijam coagulação para se enquadrar nos padrões de potabilidade.
• Tipo D: águas superficiais provenientes de bacias não protegidas, sujeitas a fontes de poluição,
com características básicas definidas na tabela seguinte e que exijam processos especiais de
tratamento para que possam se enquadrar nos padrões de potabilidade.
Tipos A B C D
DBO 5 dias (mg/L)
-média até 1,5 1,5 a 2,5 2,5 a 4,0 >4
-máxima, em qualquer 1a3 3a4 4a6 >6
amostra
Coliformes (NMP/100mL)
-média mensal em 50 a 100 100 a 5000 5000 a 20000 >20000
qualquer mês
>100cm menos de 5% >5000cm menos de 20% >20000cm menos de 5%
-máximo -
das amostras das amostras das amostras
pH 5a9 5a9 5a9 3,8 a 10,3
Cloretos <50 50 a 250 50 a 600 >600
Fluoretos <1,5 1,5 a 3,0 >3,0 -
— decantação simples, para águas contendo sólidos sedimentáveis, quando, por meio desse
processo, suas características se enquadrem nos padrões de potabilidade; ou
— filtração, precedida ou não de decantação, para águas de turbidez natural, medida na entrada
do filtro, sempre inferior a 40 unidades nefelométricas de turbidez (UNT) e cor sempre inferior
a 20 unidades, referidas nos padrões de platina.
As disposições, inclusive para ampliações, devem ser previstas e ainda obedecer aos seguintes
requisitos da NBR 12216:
• As unidades devem ser dispostas de modo a permitir o escoamento por gravidade, desde a chegada
da água bruta até a saída da água tratada; é permitido o recalque de água apenas para lavagem
e usos auxiliares.
• Quando existe apenas uma unidade, esta deve ter dispositivo de isolamento com passagem
direta da água.
• O arranjo dos diferentes grupos deve ser feito considerando a possibilidade de a estação exigir
ampliações superiores às previstas, atendendo aos isolamentos necessários.
• Os centros de operações devem se situar próximos das unidades sujeitas ao seu controle.
• O projeto deve permitir que a ETA seja construída em etapas, sem necessidade de obras provisórias
para interligação nem paralisação do funcionamento da parte inicialmente construída.
• A conveniência da execução em etapas deve ser fixada levando em conta fatores técnicos,
econômicos e financeiros.
4.2 Grades
As grades se destinam a reter materiais grosseiros existentes nas águas superficiais; são utilizadas na
ETA quando circunstâncias especiais não permitem a sua localização na captação.
4.3 Micropeneiramento
4.4 Aeradores
Os aeradores têm como função introduzir ar na água para remoção de compostos voláteis e oxidáveis
e gases indesejáveis. Os dispositivos de aeração admitidos são:
• plano inclinado, formado por uma superfície plana com declividade de 1:2 a 1:3, dotado de
protuberâncias destinadas a aumentar o contato da água com a atmosfera;
• bandejas perfuradas sobrepostas, com ou sem leito percolador, formando conjunto com no
mínimo quatro unidades;
• cascatas, constituídas de pelo menos quatro plataformas superpostas, com dimensões crescentes
de cima para baixo;
• escadas, por onde a água deve descer sem aderir às superfícies verticais;
A aplicabilidade dos diferentes tipos de aeradores e suas taxas de aplicação devem ser determinadas
preferencialmente por meio de ensaios. Não havendo possibilidade de determinar as taxas de aplicação
por meio de ensaios, os aeradores podem ser dimensionados pelos parâmetros seguintes:
117
Unidade I
• Aeradores conforme A, B, C, e D admitem, no máximo, 100m3 de água por metro quadrado de área
em projeção horizontal/dia.
• Aerador por ar difuso: os tanques devem apresentar período de detenção de pelo menos 5 minutos,
profundidade entre 2,5m e 4,0m, relação comprimento/largura maior que 2; deve garantir a
introdução de 1,5L de ar por litro de água a ser aerado, próximo ao fundo do tanque e ao longo
de uma das paredes laterais.
• Aerador mecânico: o tanque deve apresentar período de detenção de pelo menos 5 minutos,
profundidade máxima de 3,0m e relação comprimento/largura inferior a 2; deve garantir a
introdução de pelo menos 1,5L de ar por litro de água a ser aerada.
Em caso de dimensionamento de aeradores sem testes práticos, a implantação deve ser em etapas,
com a primeira servindo para definir as taxas reais de aplicação. Também, as tomadas de ar para aeração
em tanques com ar difuso não podem ser feitas em locais que apresentem impurezas atmosféricas
prejudiciais ao processo de tratamento, e devem ser protegidas com filtro ou tela.
Além disso, importante observar que o sistema mecânico para produção de ar comprimido deve
evitar a introdução de óleo na água.
A mistura rápida é a operação destinada a dispersar produtos químicos na água a ser tratada, em
particular no processo de coagulação.
• qualquer trecho ou seção de canal ou de canalização que produza perda de carga compatível com
as condições desejadas, em termos de gradiente de velocidades e tempo de mistura;
118
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• agitadores mecanizados;
• qualquer singularidade em que ocorra turbulência intensa como, por exemplo, em calha parshall;
• ressalto hidráulico;
• qualquer outro trecho ou seção de canal ou canalização que atenda às condições de gradiente
de velocidades.
A aplicação da solução de coagulante deve ser sempre feita imediatamente antes do ponto de
maior dissipação de energia e através de jatos separados de, no máximo, 10 cm. Já no caso de ressalto
hidráulico, em que o número de Froude, Fr=V/(g.y)0,5, esteja compreendido entre 2,5 e 4,5 (ressalto
oscilante), deve ser previsto dispositivo que anule as oscilações de velocidade a jusante do ressalto.
Ainda, a utilização de difusores, como dispositivo de mistura em canal ou canalização, deve satisfazer
às condições de gradientes de velocidade, além das seguintes:
• a aplicação da solução de coagulante deve ser uniformemente distribuída através de jatos não
dirigidos no mesmo sentido do fluxo;
• a área da seção transversal correspondente a cada jato não deve ser superior a 200cm2, e sua
dimensão máxima não deve ultrapassar 20cm;
• a velocidade da água com que os jatos são distribuídos deve ser igual ou superior a 2m/s;
• os orifícios de saída dos jatos devem ter diâmetro igual ou superior a 3mm;
• o sistema difusor deve permitir limpezas periódicas nas tubulações que distribuem a solução
de coagulante.
• períodos de detenção inferiores a 2s exigem que o fluxo incida diretamente sobre as pás
do agitador;
• o produto químico a ser dispersado deve ser introduzido logo abaixo da turbina ou hélice do agitador.
119
Unidade I
O uso de bombas de recalque de água bruta, como dispositivo para mistura de coagulantes, somente
é permitido se, além de atendidas as condições de (G), forem cumpridas também as seguintes:
• caso exista possibilidade de funcionarem bombas em paralelo, a cada bomba corresponde um dosador;
• os produtos químicos utilizados não atinjam concentrações que os tornem agressivos às bombas.
Após a mistura do coagulante, o tempo máximo de percurso da água até o floculador deve
corresponder a 1 minutos, tempo esse que pode ser aumentado para até 3 minutos, quando, entre a
mistura e a floculação, existir um sistema capaz de conferir à água gradiente de velocidades igual ou
superior à do início no floculador.
Quanto aos produtos químicos que não se hidrolisam, eles podem ser misturados por um sistema
de agitação que confira à água gradiente de velocidades entre 100s-1 e 250s-1. Já produtos químicos
dosados a seco devem ser previamente dispersos ou dissolvidos em água antes de sua aplicação.
Quando, para realizar a coagulação, mais de um produto químico é aplicado, devem ser previstos
diferentes pontos para adição desses produtos, cada um com seu dispositivo de mistura, permitindo ao
operador proceder à sua aplicação na ordem que for considerada conveniente, de acordo com testes,
experiência do operador ou outra forma prática, desde que de comprovada eficiência.
4.6 Floculadores
Dependendo do porte da estação e do critério do órgão contratante, não sendo possível proceder
aos ensaios destinados a determinar o período de detenção adequado, podem ser adotados valores entre
20 minutos e 30 minutos para floculadores hidráulicos e entre 30 minutos e 40 minutos para os mecanizados.
Não sendo realizados ensaios, deve ser previsto gradiente de velocidades máximo; no primeiro
compartimento, de 70s-1 e mínimo, no último, de 10s-1. A agitação da água pode ser promovida por meios
mecânicos ou hidráulicos, com a potência fornecida à água por agitadores mecânicos a ser determinada
pela expressão da equação 68:
Sendo:
Pot: potência, em W
120
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Essa equação é igual à que deu origem à equação 22, anteriormente. Também, o gradiente de
velocidades em um compartimento do floculador hidráulico é dado pela equação 69:
g.∆H
G= Equação 69
ϑ. θh
Sendo:
Para devidos ajustes, deve ser previsto dispositivo que possa alterar o gradiente de velocidades
aplicado de acordo com as características da água, permitindo variação de pelo menos 20% a mais e a
menos do fixado para o compartimento.
As dimensões das aberturas devem ser suficientes para que o gradiente de velocidades, na passagem
da água, tenha valor igual ou inferior ao do compartimento anterior. Já nos floculadores hidráulicos, a
agitação deve ser obtida por meio de chicanas ou outros dispositivos direcionais de fluxo, que confiram
à água movimento horizontal, vertical ou helicoidal; a intensidade de agitação (gradiente) resulta da
resistência hidráulica ao escoamento e é medida pela perda de carga. A velocidade da água ao longo
dos canais deve ficar entre 10cm/s e 30cm/s. O espaçamento mínimo entre chicanas deve ser de 0,60m,
podendo ser menor, desde que elas sejam dotadas de dispositivos para sua fácil remoção.
121
Unidade I
Os tanques de floculação devem ser providos de descarga com diâmetro mínimo de 150mm e fundo
com declividade mínima de 1%, na direção desta descarga. Também devem apresentar a maior parte da
superfície livre exposta, de modo a facilitar o exame de processo.
4.7 Decantadores
Os decantadores são unidades destinadas à remoção de partículas presentes na água, pela ação
da gravidade. Podem ser convencionais, ou de baixa taxa, e de elementos tubulares, ou de alta taxa.
O número de decantadores da ETA depende de fatores operacionais e econômicos, observando-se os
seguintes aspectos:
Q
= f.Vs Equação 70
A
Sendo:
122
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
ε: fator de eficiência (1,0 para placas planas paralelas, 4/3 para tubos circulares e 11/8 para tubos
quadrados), adimensional
• estações com capacidade de 1.000m3/dia a 10.000m3/dia, em que é possível garantir bom nível de
operação, K = 0,70; caso contrário, K = 0,50;
Não sendo possível proceder a ensaios de laboratório, as velocidades de sedimentação para o cálculo
das taxas de aplicação devem ser, para:
• estações com capacidade entre 1.000 e 10.000m3/dia, em que é possível garantir bom controle
operacional, 2,43cm/min. (35m3/m2.dia) – caso contrário, 1,74cm/min. (25m3/m2.dia)
A velocidade longitudinal máxima (V0) não deve ser superior ao valor resultante das equações 72 e 73:
Re
V0 = Vs . Equação 72
8
123
Unidade I
V0 = 18 . Vs Equação 73
Sendo:
A equação 72 é para fluxo laminar, com número de Reynolds (Re) menor que 2.000. Já a equação 73
é para fluxo turbulento, com número de Re maior que 15.000.
• em estações com capacidade superior a 10.000m3/dia, em que é possível garantir bom controle
operacional, 0,75cm/s e, havendo ainda remoção contínua de lodo por sistemas mecânicos ou
hidráulicos, 1,00cm/s.
Já para decantadores de elementos tubulares, a velocidade longitudinal máxima, para fluxo laminar,
deve ser de 0,35cm/s e, para fluxo não laminar, de 0,60cm/s.
A distribuição de água para um conjunto de decantadores de igual capacidade deve ser feita de modo
que dela resultem vazões aproximadamente iguais e vazões proporcionais para unidades desiguais. Em
qualquer dos casos, o desvio máximo da vazão não deve ultrapassar ±20% da vazão nominal de cada
unidade. Também, quando um conjunto de decantadores recebe água floculada do mesmo tanque de
floculação, a distribuição deve, adicionalmente, satisfazer às seguintes condições:
I. ter a entrada afogada através de abertura com dimensões tais que o gradiente de velocidades
resultante seja inferior a 20s-1;
II. ter a velocidade da água, no canal que a conduz aos decantadores, no máximo igual à metade da
velocidade nas aberturas de entrada nos decantadores;
III. nos casos em que, para satisfazer às condições I e II, a velocidade resultante no canal seja inferior
a 0,15 m/s, devem ser previstas facilidades para limpeza do canal, tais como declividade, registros
de descarga ou outros.
A entrada de água nos decantadores deve ser feita por dispositivo hidráulico capaz de distribuir a
vazão uniformemente através de toda a seção transversal e garantir velocidade longitudinal uniforme
124
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
e coincidente em intensidade, direção e sentido com a que, teoricamente, lhe seria atribuída. A entrada
de água nos decantadores convencionais ou nos de elementos tubulares de fluxo horizontal pode ser
feita por uma cortina perfurada que atenda às condições:
• ter o maior número possível de orifícios uniformemente espaçados segundo a largura e a altura
útil do decantador; a distância entre orifícios deve ser igual ou inferior a 0,50m;
ao
d = 1,5. .hútil Equação 74
A
Sendo:
• quando a parede da cortina tem espessura inferior à dimensão que caracteriza as aberturas
de passagem da água, estas devem receber bocais de comprimento de, pelo menos, dimensão
igual à referida;
• a câmara de entrada que antecede a cortina deve ser projetada de modo a facilitar a sua limpeza;
A entrada de água nos decantadores convencionais de fluxo vertical ou nos de elementos tubulares
inclinados deve ser feita por pontos, fendas ou por borda inferior de cortina, de modo a assegurar a
distribuição uniforme da água em toda a área superficial do decantador. A coleta de água decantada deve
ser feita por um sistema de tubos perfurados submersos ou de vertedores não afogados, organizados de
modo a garantir vazão uniforme ao longo deles.
As canaletas de coleta de água decantada devem proporcionar escoamento à superfície livre e ter
bordas horizontais, ao longo das quais podem existir lâminas sobrepostas ajustáveis, para garantir a
coleta uniforme. A colocação das lâminas deve ser feita de modo a impedir a passagem de água nas
juntas com a canaleta. O nível máximo de água no interior da canaleta deve se situar à distância mínima
de 10cm abaixo da borda vertente.
125
Unidade I
Sendo:
Não sendo possível proceder a ensaios de laboratório, a vazão nos vertedores ou nos tubos perfurados
de coleta deve ser igual ou inferior a 1,8L/s por metro.
Em decantadores de fluxo vertical e nos de elementos tubulares inclinados, a vazão nos vertedores
ou nos tubos perfurados de coleta deve ser inferior a 2,5L/s por metro. A distância entre as canaletas ou
tubos de coleta não deve ser superior a duas vezes a altura livre da água sobre os elementos tubulares
ou sobre a zona de lodo, nos decantadores de fluxo vertical.
• ser provido de descarga de fundo, dimensionada para esvaziamento no tempo máximo de 6h;
Nos decantadores convencionais, com remoção manual de lodo, deve ser prevista altura adicional
suficiente para acumular o lodo resultante de sessenta dias de funcionamento. Nos de elementos
tubulares, de dez dias. Deve também ser previsto dispositivo de lavagem por jateamento; os jatos
devem atravessar o decantador na sua menor dimensão, utilizando-se requintes de 13mm, conforme
estabelecido em norma brasileira sobre instalações prediais contra incêndio, sob comando.
126
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
em local de fácil acesso, para manutenção. Quando automática, deve conter dispositivo de ajuste do
tempo de funcionamento.
A carga hidráulica de descarga deve ser igual ou superior a 1,50m, acrescida da soma das perdas
de carga na canalização desde a entrada até o ponto de descarga. Em caso de a carga disponível não
alcançar 1,5m + perdas, é necessário fazer a descarga por meio de bombas próprias para esse fim,
devendo existir pelo menos duas, sendo uma de reserva.
A canalização para descarga de lodo, com comprimento até 10m, deve ter diâmetro mínimo de
150mm e, quando situada sob estruturas ou locais de difícil acesso, ou, ainda, com comprimento
superior a 10m, o diâmetro mínimo deve ser de 200mm. Deve ser previsto dispositivo para observação
das características do lodo descarregado.
• ter poço de lodo, cuja descarga tenha ângulo do fundo superior a 50º em tronco de pirâmide ou
cone invertido;
Os decantadores devem ser dotados de remoção hidráulica de lodo, com ou sem dispositivo
mecânico de arraste, quando o lodo acumulado é rico em matéria orgânica não estabilizada ou outras
condições demonstrem ser mais vantajosas do que a limpeza manual. Deve ser previsto destino para o
lodo dos decantadores, sujeito a disposições legais e aspectos econômicos, conforme sua classificação
como resíduo.
Os filtros lentos são unidades destinadas a tratar águas tipo B ou águas que, após pré-tratamento,
se enquadrem nesse tipo. Sua camada filtrante deve ser constituída de areia, com as seguintes
características:
Na falta de areia no local, deve ser previsto tanque destinado à lavagem de areia retirada dos filtros,
dotado de extravasor, descarga de fundo e entrada de água bruta e de água filtrada, sendo a areia lavada
acumulada em local com capacidade para o volume correspondente a duas retiradas sucessivas.
127
Unidade I
A transição entre a camada filtrante e o sistema de drenagem dos filtros deve ser feita através de
camada suporte, salvo com sistema drenante projetado de forma a dispensá-la. Já a camada suporte,
constituída de estratos com granulometria decrescente no sentido ascendente, deve ter espessura
mínima de 20cm acima do sistema de drenagem. A granulometria do estrato que envolve o sistema de
drenagem deve ser superior às aberturas do sistema, e na granulometria do estrato adjacente à camada
filtrante deve ser capaz de impedir a passagem dos grãos mais finos.
O sistema de drenagem deve permitir que o filtro trabalhe com taxa uniforme, evitando percolações
preferenciais.
Em filtro com taxa constante, a entrada deve ser feita por meio de dispositivo que distribua a água
igualmente por todos os filtros. Já em filtro com taxa declinante, a entrada não deve restringir a vazão
máxima observada com o filtro limpo, devendo, porém, haver dispositivo de controle de vazão na sua
saída, o qual pode ser a válvula de isolamento, desde que adequada ao controle de vazão.
A saída de água filtrada deve ser feita de modo a manter sempre uma lâmina líquida sobre a superfície
do leito filtrante. É muito importante que a taxa de filtração (m3/m2.dia) a ser adotada seja determinada
por experiências em filtro piloto, em período superior ao necessário, para a ocorrência de todas as
variações da qualidade da água. Não sendo possível realizar essas experiências, a taxa de filtração não
deve ser superior a 6m3/m2.dia.
Devem ser previstos pelo menos dois filtros funcionando em paralelo, que devem possuir dispositivo que
permita esgotar as primeiras águas filtradas após a remoção da superfície da camada filtrante colmatada.
Os filtros rápidos são unidades destinadas a remover partículas em suspensão, caso a água a
ser tratada seja submetida a processo de coagulação, seguido ou não de decantação, ou quando
comprovado que as partículas capazes de provocar turbidez indesejada possam ser removidas pelo
filtro, sem necessidade de coagulação.
Os filtros descendentes podem ser de camada filtrante simples ou dupla, enquanto os de fluxo ascendente,
somente de camada simples. A camada filtrante simples deve ser constituída de areia, com espessura e
características granulométricas determinadas com base em ensaios em filtro piloto. Porém, quando os ensaios
não são realizados, pode-se utilizar camada filtrante com espessura mínima de 45cm, tamanho efetivo de
0,45mm a 0,55mm e coeficiente de uniformidade de 1,4 a 1,6. Outras combinações desses parâmetros
podem ser utilizadas, desde que demonstrado que a eficiência do filtro não é menor do que com as camadas
especificadas anteriormente. É importante notar que, em caso de filtro de fluxo ascendente, na falta de
ensaios em filtro piloto, pode-se utilizar a camada filtrante com espessura mínima de 2,0m, tamanho efetivo
de 0,7mm a 0,8mm e coeficiente de uniformidade inferior ou igual a 2.
Contudo, a camada filtrante dupla deve ser constituída de camadas sobrepostas de areia e antracito,
com espessuras e características granulométricas determinadas por ensaios em filtro piloto. Quando os
ensaios não são realizados, pode ser utilizada a especificação básica para os seguintes elementos:
128
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• Areia: espessura mínima da camada, 25cm; tamanho efetivo, de 0,40mm a 0,45mm; coeficiente
de uniformidade, de 1,4 a 1,6.
• Antracito: espessura mínima da camada, 45cm; tamanho efetivo, de 0,8mm a 1,0mm; coeficiente
de uniformidade, inferior ou igual a 1,4.
Outras combinações desses parâmetros podem ser utilizadas, desde que demonstrado que a eficiência
do filtro não é menor do que com as camadas especificadas anteriormente.
Na base, a camada suporte deve ser constituída de seixos rolados, com as seguintes características:
• Espessura mínima igual ou superior a duas vezes a distância entre os bocais do fundo do filtro,
porém não inferior a 25cm.
• Cada estrato deve ser formado por seixos de tamanho máximo superior ou igual ao dobro do
tamanho dos menores.
• Os seixos maiores de um estrato devem ser iguais ou inferiores aos menores do estrato situado
imediatamente abaixo.
• O estrato situado diretamente sobre os bocais deve ser constituído de material cujos seixos
menores tenham o tamanho, pelo menos, igual ao dobro dos orifícios dos bocais e dimensão
mínima de 1cm.
• O estrato em contato direto com a camada filtrante deve ter material de tamanho mínimo igual
ou inferior ao tamanho máximo do material da camada filtrante adjacente.
A camada suporte em filtro de fluxo descendente pode ser prescindível (retirada) quando o sistema
coletor de água filtrada e distribuidor de água de lavagem tem características adequadas para impedir
a passagem do material filtrante através de suas aberturas; nesse caso, a espessura mínima da camada
filtrante de areia fixada em 45cm deve ser aumentada de altura igual a 1,5 vez o espaçamento existente
entre os bocais do sistema coletor.
Deve-se observar que, em caso de filtro de fluxo ascendente, a espessura mínima da camada suporte
deve ser de 0,40m, sendo que cada estrato deve ter a espessura mínima de 7,5cm. O fundo do filtro deve
ter características geométricas e hidráulicas que garantam a distribuição uniforme da água de lavagem.
A taxa de filtração a ser adotada é determinada por meio de filtro piloto operado com a água a ser
filtrada, com camada filtrante igual à dos filtros a serem construídos. Não sendo possível proceder a
experiências em filtro piloto, as taxas máximas são as seguintes:
129
Unidade I
Observação
O nível de água sobre a camada filtrante e o de saída do filtro são estabelecidos de modo a eliminar
ou reduzir a ocorrência de pressão inferior à atmosférica no leito filtrante.
A vazão de água de lavagem em contracorrente deve promover a expansão do leito filtrante de 20%
a 30% e ser previamente ajustada, em cada filtro, por elemento diferencial de pressão, que pode ser
uma válvula. A lavagem de filtro de fluxo descendente deve ser complementada por agitação auxiliar
do material filtrante, normalmente feita por sistema de ar comprimido. Em estações com capacidade
de até 10.000m3/dia, a agitação pode ser feita manualmente com rastelo ou com jato de água. Para
estações com capacidade superior a 10.000m3/dia, a agitação deve ser feita hidraulicamente, na camada
superficial do filtro, ou mediante a introdução de ar comprimido a partir do fundo.
A água de lavagem deve ficar em reservatório com capacidade mínima para lavagem de dois filtros,
exceto para sistema que utilize efluente de outras unidades. No dimensionamento do reservatório, o
tempo mínimo de lavagem deve ser de 10 minutos e a velocidade de lavagem é a determinada para
expansão de 20% a 30% do leito, não devendo ser inferior a 60cm/min. Ainda, em caso de filtro de fluxo
ascendente, a velocidade mínima de lavagem deve ser de 80cm/min. e o tempo de lavagem mínimo,
de 15 minutos. Junto ao filtro deve existir indicação do nível de água no reservatório, que mostre pelo
menos os níveis máximo, médio e mínimo.
Destaca-se que a água de lavagem pode provir de reservatório elevado, situado em cota suficiente
para garantir a lavagem em contracorrente. O enchimento do reservatório elevado deve ser feito
automaticamente, por meio de bombas ou derivações de linha de recalque, sendo que em qualquer dos
casos deve existir, instalada, uma bomba de reserva.
A vazão do sistema de recalque de água para o reservatório deve ser capaz de enchê-lo em 60 minutos.
Em caso de bombas de recalque afogadas, a canalização de água para o reservatório elevado pode ser
conectada diretamente à linha que distribui água de lavagem para os filtros. Em caso de bombas não
afogadas, a canalização deve ser conectada diretamente ao reservatório elevado, de forma a impedir que
a água de recarga atinja diretamente a saída e facilite o escape de ar, porventura aspirado pelas bombas.
A saída de água de lavagem deve ser feita através de dispositivo capaz de evitar a formação
de vórtice ao nível mínimo do reservatório. Em caso de lavagem por bombeamento direto, as
bombas devem apresentar curva característica que permita o ajuste da vazão de água de lavagem.
Essas bombas devem ser instaladas obrigatoriamente afogadas, de forma a impedir, em qualquer
130
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
A lavagem superficial pode ser feita por meio de um dos seguintes dispositivos:
I. Torniquetes dispostos de modo a cobrir o máximo de área filtrante; a pressão de trabalho deve ser
de, no mínimo, 0,3 MPa, e a vazão, de 20L/min.m2.
II. Bocais fixos dotados de orifícios, instalados com espaçamento entre 60cm e 75 cm; o número e o
diâmetro dos orifícios devem ser estabelecidos de modo que deles resultem a velocidade mínima
de 3,0 m/s, a vazão entre 80 e 160L/min.m2 e os bocais instalados a uma distância entre 5cm e
10cm da superfície do leito expandido.
III. Tubos horizontais espaçados de 0,80m a 1,00m, com perfurações separadas no sentido do
comprimento de, no máximo, 20 cm; a velocidade, a vazão nos orifícios e a distância dos tubos
acima da superfície do leito filtrante devem ser estabelecidas conforme a alínea II, desta seção.
Nota-se, também, que os jatos de água devem ter inclinação de aproximadamente 15°.
Em caso de agitação suplementar com ar, exige-se vazão de ar de 0,60 a 1,20m3/min. por metro
quadrado de área do filtro e pressão de trabalho suficiente para vencer a altura da água no interior do
filtro – mais as perdas de carga nos condutos.
As calhas de coleta de água de lavagem devem ter o fundo localizado acima e próximo do leito
filtrante expandido. O espaçamento entre as bordas das calhas deve ser de, no mínimo, 1,00m e, no
máximo, igual a seis vezes a altura livre de água acima do leito expandido, não devendo, entretanto, ser
superior a 3,00m. A seção transversal das calhas deve ser simétrica em relação ao plano longitudinal
que passa pelo seu eixo. A parte inferior deve ter inclinação nos sentidos longitudinal e transversal, de
modo a evitar depósito de material.
Filtro com uma dimensão em planta igual ou inferior a 3,00m pode ter a água de lavagem descarregada
diretamente em canal lateral, perpendicular a essa dimensão. A borda do canal deve se situar acima da
camada filtrante expandida, à altura livre, não inferior a 15% da dimensão do filtro, perpendicular
ao canal. É admitida a reutilização de água de lavagem, desde que submetida a pré-sedimentação e
cloração intensa. Na primeira etapa de construção, deve existir pelo menos duas unidades filtrantes,
sendo desejável o mínimo de três. Em instalações com área filtrante total até 4 m2, admite-se a existência
de apenas uma unidade.
As paredes laterais dos filtros devem ser isentas de saliências na zona de expansão da camada
filtrante. No filtro, deve existir passadiço para observação do leito filtrante.
Os comandos dos filtros devem estar situados em área que permita o controle completo da operação,
cuja área deve ser coberta quando o equipamento assim o exija. Seu fechamento lateral deve ficar
condicionado a características climáticas locais.
131
Unidade I
• entrada de água no filtro feita através de comporta, adufa, válvula de gaveta ou válvula borboleta;
• saída de água filtrada através de válvula borboleta ou válvula de gaveta, quando sua função é
somente fechamento e abertura;
• entrada de água de lavagem através de válvula borboleta com dispositivo de abertura lenta;
• entrada de água para lavagem superficial através de válvula de gaveta ou válvula de borboleta,
caso haja controle de vazão;
• saída de água de lavagem através de comportas, adufas, válvula de gaveta ou qualquer outro
dispositivo de vedação.
A interligação das unidades pode ser feita por meio de condutos forçados ou de condutos livres. Os
condutos com seção inferior a 0,50 m2 devem ser constituídos de tubos pré-moldados de seção circular,
salvo quando a unidade ou o processo exige conduto de seção diversa da circular ou moldado no local.
Os condutos livres ou canais podem ter a seção que melhor se adapte aos processos aos quais estão
vinculados. Observa-se que os canais de água tratada devem ter cobertura contínua e impermeabilizada.
Assim, nos canais cobertos, devem existir inspeções convenientemente espaçadas, além das localizadas
próximas a elementos internos do canal, que exijam manutenção.
As inspeções nas coberturas dos canais devem ser fechadas com tampas sanitariamente seguras, e
os canais não cobertos devem ser dispostos de modo a impedir a entrada de qualquer agente prejudicial
à qualidade da água transportada.
Canalizações instaladas sob unidades não removíveis e em situação que torne impossível sua
inspeção devem ser de ferro fundido ou aço, revestidas internamente à base de epóxi e envoltas em
concreto, para sua proteção.
132
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Para fechamento de condutos livres e de suas derivações, pode-se usar comporta montada em guias
completas permanentes, comporta livre, comporta segmentada, adufa, válvula de gaveta ou válvula
borboleta. Em caso de operações frequentes e quando não interfiram com o trânsito de pessoas, deve-se
usar a comporta montada em guias completas permanentes.
Em caso de operações pouco frequentes ou quando não possa ser usada comporta montada em
guias permanentes, utiliza-se a comporta livre. Ainda, deve ser usada comporta segmentada em caso de
operações pouco frequentes ou quando sua localização não permita a remoção ou movimentação
de comporta livre.
A adufa deve ser usada em derivações para conduto livre ou forçado e instalada na face de montante.
Já a válvula de gaveta deve ser usada para fechamento de derivações à jusante e em posição que não
a torne permanentemente submersa. Também, a válvula borboleta deve ser usada para fechamento de
derivações e regulagem de vazão, de modo que, de preferência, não fique permanentemente submersa.
Para fechamento de condutos forçados e suas derivações, pode-se usar a válvula borboleta, a válvula
de gaveta, válvula de macho ou válvula de diafragma, como a seguir:
• a válvula borboleta deve ser usada para o fechamento total ou parcial de condutos forçados;
• a válvula de gaveta deve ser usada para o fechamento total de condutos forçados;
• as válvulas, comportas e adufas devem ser instaladas em local que permita a sua fácil remoção;
• no caso de válvulas intercaladas em canalizações, a sua remoção deve ser possível sem necessidade
de retirar mais de duas peças consecutivas;
• o acesso a válvulas e comportas instaladas no interior de estruturas deve ser feito através de
inspeção, cujas dimensões permitam a sua passagem, sem que seja necessário desmontá-las;
• em caso de remoção por elevação de peça com massa superior a 30kg, a inspeção deve se situar
preferencialmente sobre ela;
• as comportas, adufas e válvulas de gaveta, que, isoladamente ou formando conjunto, são operadas
mais de dez vezes por mês, devem ser acionadas eletricamente ou por meio de sistema pneumático
ou hidropneumático, sempre que o empuxo da água atuante ultrapasse 2.500N, ou quando sua
133
Unidade I
operação manual não possa ser feita no mesmo local de trabalho de operações concomitantes de
outros órgãos;
• a válvula borboleta, operada mais de dez vezes por mês, cujo torque para acionamento ultrapasse
100N.m, ou quando sua operação manual não possa ser feita no mesmo local de trabalho de
operações concomitantes de outros órgãos, deve ser acionada eletricamente ou por meio
de sistema pneumático ou hidropneumático.
Casa de química é a área ou conjunto de dependências da ETA que cumpre as funções auxiliares,
direta ou indiretamente ligadas ao processo de tratamento, necessárias a sua perfeita operação,
manutenção e controle.
Mais à frente serão abordados projetos de uma casa de química completa, necessária a uma ETA que
trate águas dos tipos C ou D. Quanto às aguas dos tipos A e B, elas podem ter como casa de química,
dependências reduzidas e simplificadas, conforme a necessidade de cada processo específico. Fazem
parte da casa de química:
• serviços administrativos;
• serviços auxiliares.
As partes constituintes da casa de química podem ser agrupadas no mesmo edifício ou, em casos
especiais, em mais de um, impondo-se, em qualquer caso, disposição que atenda aos aspectos funcionais
dos trabalhos de operação e o inter-relacionamento das diferentes partes. A circulação interna deve ser
cuidada de modo a evitar passagens obrigatórias através de recintos que devem ser resguardados.
Não é permitido alojamento de pessoal na casa de química, ainda que em caráter temporário, sendo
necessário prover alojamento não ligado diretamente à casa de química nem a qualquer parte da ETA.
134
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
O depósito de produtos químicos deve ter o piso situado preferencialmente 1,00m acima da cota da
área de estacionamento dos carros transportadores, devendo ser prevista uma plataforma com largura
mínima de 1,50m, destinada ao recebimento dos produtos químicos.
Cada depósito deve ter porta com largura mínima de 1,20m, de correr ou abrindo-se para o exterior
da casa de química. A área do depósito deve permitir o livre acesso entre as pilhas de sacarias, com
ventilação conveniente para evitar excesso de umidade. O armazenamento de produtos ensacados,
com a utilização de empilhadeiras mecânicas, é possível até a altura de 3,00m. O empilhamento manual,
até a altura de 1,80m.
Nos casos de depósitos situados externamente, juntos à casa de química, a transferência do produto
armazenado deve ser feita, mesmo em período chuvoso, sem prejuízo para o produto.
Os locais para preparo dos produtos químicos dosados por via úmida devem se situar próximos aos
seus depósitos. Os dosadores de produtos químicos com a mesma função devem se situar na mesma
área. Já os dosadores de cloro devem ser instalados em recintos próprios. Esses dosadores devem ser
instalados de modo a permitir a realização de trabalhos de manutenção sem que para isso seja necessário
mover o equipamento.
Canalizações e dutos conectados aos dosadores devem ser dispostos de modo a resguardar sua
integridade e não prejudicar a movimentação do pessoal. É importante observar que canalizações,
dutos, conexões, válvulas e peças afins, em contato com produtos químicos, devem ser de material
resistente e não devem transmitir toxicidade à água. Os dutos e as canalizações condutoras de produtos
químicos não devem ser embutidos em estruturas de concreto e paredes, devendo ser encamisados
quando necessário ultrapassá-las. Os dutos e canalizações condutores de produtos químicos devem ter
sempre inclinação, evitando-se também sifões. As mudanças de direção de 90° devem ser feitas por
meio de T ou cruzetas, com inspeção operculada nas extremidades.
O laboratório deve se situar próximo à área de dosagem. Sistemas centralizados de operação por meio
de instrumentação e telecomando devem ficar localizados próximo à área de dosagem. Os equipamentos
eletromecânicos devem ser, quando possível, agrupados em uma única área, a eles destinada e bem
definida. Assim, as áreas dos equipamentos eletromecânicos devem ser protegidas contra inundação e
poeira, ser secas, bem ventiladas e ter os equipamentos dispostos de forma a facilitar os trabalhos de
operação e manutenção.
• depósito de cloro;
• sala de dosagem;
135
Unidade I
• laboratórios;
• instalação sanitária com duas bacias e chuveiro separado, situados em área com lavatório e armários;
• copa com área de 8 m2, balcão com pia e armários e mesa para duas pessoas;
O consumo deve ser determinado por ensaios de laboratório. Para dimensionamento dos dosadores,
caso os ensaios não sejam realizados nas condições críticas, deve-se adotar, como mínimos, os seguintes
fatores de segurança:
O consumo pode ser estimado por meio de dados verificados em outras estações, que tratem água
de características semelhantes.
O sulfato de alumínio pode ser fornecido sólido ou em solução. Quando sólido, pode ser moído ou
granulado, ensacado ou a granel, dependendo das condições locais.
Deve ser previsto o armazenamento de sulfato de alumínio suficiente para atender a, pelo menos,
dez dias de consumo máximo. Já em estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia, deve ser previsto
armazenamento para período mínimo de 30 dias. Já em estações situadas em locais distantes dos centros
136
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
produtores de sulfato de alumínio, o armazenamento deve levar em conta as dificuldades para compra
e transporte do produto.
O armazenamento do sulfato de alumínio sólido, necessário a dez dias de consumo, deve ser feito
em local seco, interno – na casa de química –, isolado de pisos e paredes, bem como:
• em caso de fornecimento em sacos, eles devem ser colocados sobre estrado de madeira;
Estações que exijam áreas de armazenamento para período de consumo superior a dez dias podem,
obedecidos os critérios estabelecidos anteriormente, ter o armazenamento complementado em área
separada da casa de química.
A forma normal de aplicação de sulfato de alumínio deve ser por via úmida, procedendo-se, para
isso, sua dissolução prévia, em caso de fornecimento sob forma sólida. Os tanques para dissolução de
sulfato de alumínio devem ter características específicas:
III. teor máximo da solução em 10%, sendo necessário preparar a solução em concentração superior
a 10%; deve ser previsto um sistema de diluição controlada, antes da aplicação do sulfato;
IV. cochos para dissolução de sulfato sólido localizados junto a uma das bordas do tanque e providos
de chuveiro de água de dissolução;
V. entrada adicional de água com capacidade para encher o tanque em, no máximo, 1 h;
137
Unidade I
IX. piso, a partir do qual o sulfato de alumínio é tomado para ser colocado nos cochos, situado de
0,80m a 0,90m abaixo das bordas dos tanques.
Os tanques de dissolução de sulfato de alumínio sólido devem ser localizados no interior da casa de
química e próximos à área de armazenamento.
Quando conveniente, o sulfato de alumínio fornecido em solução pode ser novamente diluído antes
da dosagem, em tanques com características análogas às anteriores, de I a IX, exceto no que diz respeito
ao cocho para colocação de sulfato sólido. Os tanques de solução de sulfato de alumínio devem ser
executados ou revestidos com material resistente à corrosão e não devem transmitir toxicidade à água.
Podem ser usados tanques de aduelas de madeira, quando instalados em locais cobertos. A solução
de sulfato de alumínio deve chegar ao dosador com a pressão exigida para o seu perfeito funcionamento.
Quando necessário, deve ser mantida recirculação contínua da solução de sulfato de alumínio
dos tanques aos dosadores com retorno aos tanques. As bombas utilizadas na recirculação devem ser
instaladas junto aos tanques, com sucção provida de ponto de água de diluição.
Em estações situadas em locais distantes dos centros produtores de cal, o armazenamento deve levar
em conta as dificuldades para compra e transporte do produto. Assim, seu armazenamento deve ser feito
em local seco e atendendo às seguintes condições:
• Cal hidratada: se fornecida em sacos, eles devem ser colocados sobre estrado de madeira; se
fornecida a granel, colocada em silos, de preferência; estações de tratamento com capacidade
inferior a 10.000m3/dia podem ter área em comum para armazenamento de coagulante e de cal.
• Cal virgem: o armazenamento deve ser feito em um recinto que ofereça plena segurança contra
a entrada de umidade – devendo ser construído de material não combustível, mantendo a cal
armazenada isolada de qualquer outro produto químico.
Estações que exijam áreas de armazenamento para período de consumo superior a dez dias podem
ter espaço complementado em área separada da casa de química. A dosagem de cal hidratada por via
seca deve ser feita por meio de dosadores gravimétricos e, somente em caso de qualidade uniforme, por
dosadores volumétricos, sendo que:
• o material dosado deve ser colocado em suspensão em água, antes da sua aplicação;
138
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• existindo mais de um ponto de aplicação, a dosagem para os diferentes pontos pode ser feita por
meio de um único dosador, desde que exista dispositivo capaz de subdividir a suspensão em partes
proporcionais às dosagens requeridas nos diferentes pontos.
Para dosagem por via úmida, a cal hidratada deve ser colocada em suspensão na água e armazenada
em tanques, sendo que:
A cal virgem deve ser dosada após sua extinção, por via úmida, sob a forma de leite de cal ou de
água de cal. Em estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia, a cal virgem pode ser extinta em
equipamento instalado na casa de química. O tanque para preparo de suspensão de leite de cal deve ter
as seguintes características:
I. volume útil mínimo, em litros, igual a duas vezes o peso em quilogramas de cal, correspondente a
um tanque de armazenamento;
II. entrada de água com capacidade para encher o tanque de preparo em, no máximo, 10 minutos;
III. saída da suspensão preparada por canalização com diâmetro mínimo de 75mm, colocada a pelo
menos 5cm acima do fundo do tanque. Logo após a saída, deve existir dispositivo capaz de reter
partículas que possam causar prejuízos ao sistema de dosagem;
IV. piso, a partir do qual a cal é tomada para ser colocada no tanque, situado de 0,80 a 0,90m
abaixo da borda;
VII. ser dotado de agitador com rotor situado a 0,20m acima do fundo e com potência entre
100W/m3 e 250W/m3. O agitador deve operar com segurança para qualquer nível de
suspensão no tanque.
• mínimo de 2 tanques;
139
Unidade I
• ser dotado de agitador de eixo vertical com rotor situado próximo ao fundo e potência
mínima de 50W/m3;
As canalizações de leite de cal devem ser dimensionadas para funcionar com a maior velocidade
possível, preferencialmente igual ou superior a 1,00m/s, com diâmetro mínimo de 40mm e providas de
pontos de água de diluição. Quando necessário, deve ser mantida recirculação contínua de leite de cal
dos tanques aos dosadores, com retorno aos tanques. As bombas utilizadas na recirculação devem ser
instaladas junto aos tanques, com sucção provida de ponto de água de diluição.
Quando a cal hidratada é dosada sob forma de água de cal, não são necessários tanques de
armazenamento, devendo existir pelo menos dois saturadores de cal – que devem apresentar
características específicas:
• dimensões que permitam à solução saturada de cal permanecer sempre com teor de Ca(OH)2 em
torno de 1.700mg/L;
• formato e dispositivos de entrada de água e saída de solução adequados, para que se consiga
fluxo uniforme de solução saturada;
• piso, a partir do qual a cal é tomada para ser colocada no saturador, situado de 0,80m a 0,90m
abaixo da borda;
140
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• serem equipados com agitadores para homogeneizar a solução antes do início da operação,
quando as suas dimensões assim o exigirem.
O cloro é fornecido em cilindros, podendo ser utilizado em estado líquido ou gasoso. O consumo
de cloro necessário para desinfecção da água é estimado em 5mg/L, com o mínimo de 1mg/L; para
oxidação e preparo de compostos, é estimado de acordo com a necessidade do tratamento.
Em instalações com consumo superior a 50kg/dia, deve-se prever a utilização do cloro em cilindros
de 1t e dispositivo para sua movimentação em condições de segurança.
O depósito para armazenamento de cloro deve ser suficiente para atender a, pelo menos, dez
dias de consumo máximo. Em estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia, deve ser previsto
armazenamento para período mínimo de 30 dias. Em estações distantes dos centros produtores de cloro,
o armazenamento deve levar em conta as dificuldades para compra e transporte do produto.
• além da ventilação natural, deve haver ventilação forçada, produzida por exaustor ou insuflador
disposto de modo a obrigar o ar a atravessar, rente ao piso, todo o ambiente a ser ventilado, com
capacidade para renovar todo o ar do recinto no tempo máximo de 4 minutos;
• as saídas de ventilação devem ser localizadas de modo a dissipar, para o lado externo da casa
de química, eventuais vazamentos de cloro; a dissipação não pode incidir sobre a ventilação de
outras áreas nem sobre áreas externas confinadas, mesmo que parcialmente;
A área de localização dos aparelhos cloradores deve contar com os meios de segurança previstos para
a sala de armazenamento de cloro. Ambas as áreas, de armazenamento e de instalação dos cloradores,
devem ter portas abrindo para fora, com as partes superiores envidraçadas e dotadas de abertura de
ventilação sobre o pórtico.
Os cilindros com capacidade até 75kg de cloro devem ser armazenados ou utilizados na posição
vertical, diretamente sobre a superfície de apoio. O controle da quantidade de cloro disponível deve
ser feito por pesagem contínua ou por dispositivo indicador da pressão dos cilindros em uso. As áreas
utilizadas para depósito ou dosagem de cloro devem contar somente com equipamentos e produtos
químicos relacionados à cloração.
O uso da cal clorada ou do hipoclorito de sódio deve ficar restrito a estações com capacidade inferior
a 10.000m3/dia ou quando demonstrado que seu uso é mais vantajoso do que o de cloro gasoso. O
armazenamento de cal clorada ou hipoclorito de sódio deve ser feito em local coberto, ventilado, seco
e isento de materiais combustíveis.
A cal clorada deve ser dissolvida previamente em água, para ser dosada por via úmida, sendo que:
• devem existir dois tanques de dissolução com capacidade individual mínima para 12 h de operação.
4.17 Laboratório
O laboratório é a área ou dependência da ETA que tem a função de controlar e acompanhar a eficiência
do tratamento, através de análises e ensaios físicos, químicos e bacteriológicos. No dimensionamento
das instalações mínimas do laboratório, deve-se considerar a existência ou não de um laboratório central
ou regional que controle a qualidade dos diferentes aspectos de diversas estações de tratamento.
Em estações com capacidade igual ou superior a 10.000m3/dia, deve ser prevista, obrigatoriamente,
área para laboratório de bacteriologia. Em estações com capacidade inferior, essa água pode ser
dispensada, desde que exista laboratório central ou regional, conforme dito anteriormente, e haja
condições de fácil comunicação dele com a ETA.
As análises e os ensaios físicos e químicos que, no mínimo, o laboratório deve realizar, compreendem
pH, alcalinidade, turbidez, cor, cloro, flúor, alumínio residual e coagulação.
• 12m2 para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia e obrigadas à realização de análises
bacteriológicas; nesse caso, o laboratório deve constituir compartimento independente, porém
próximo à sala de dosagem.
142
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• O pé-direito mínimo deve ser de 3,0m, com paredes internas revestidas à prova de umidade, o piso
impermeável e dotado de ralo.
• em caso de iluminação e ventilação naturais, aberturas para áreas externas à casa de química,
com área mínima de 25% da área do piso, dotadas de dispositivos que impeçam a incidência de
raios solares e chuva em seu interior;
• em caso de iluminação artificial, garantia de iluminação mínima de 250 lux para trabalhos
correntes e 500 lux para análises, preparação de reagentes e leituras de instrumentos;
As bancadas dos laboratórios devem ter 0,90m de altura e no mínimo 0,60m de profundidade. O
comprimento mínimo deve ser de 5,0m para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia e de
10,0m para estações com capacidade igual ou superior a 10.000m3/dia. O espaço livre entre bancadas
deve ser igual ou superior a 1,40m. Sob as bancadas deve haver armários modulados, com área frontal
mínima de 4,0m2 para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia e com 8,0m2 para estações com
capacidade igual ou superior a 10.000m3/dia.
As bancadas, para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia devem ter pelo menos uma
pia com cuba de aço inoxidável medindo 0,50m x 0,40m x 0,40m; estações com capacidade igual ou
superior a 10.000m3/dia devem ter pelo menos duas dessas pias.
Os pontos de utilidades (energia elétrica, gás, vácuo, água e esgoto) devem ser bem definidos, em
função dos equipamentos previstos; as linhas de alimentação não devem ser embutidas em paredes,
piso ou teto. Recomenda-se relacionar no projeto da ETA, devidamente especificados, os equipamentos
e as vidrarias necessários à execução das análises previstas para o laboratório.
4.18 Segurança
Deve existir guarda-corpo de proteção em locais de circulação com altura superior a 2,0m, locais
com altura menor, porém potencialmente perigosos em casos de queda (canais com água em grande
velocidade e ao redor de filtros) e em tanques com profundidade de água superior a 1,5m.
143
Unidade I
O guarda-corpo deve ser construído de material rígido, capaz de resistir ao esforço horizontal de
800N/m aplicado no ponto mais desfavorável e ter altura mínima de 0,90m acima do nível do piso. Em
estações passíveis de visitação pública, as partes vazadas do guarda-corpo devem ser protegidas. Os
espaços livres, deixados no guarda-corpo para a instalação de escadas de mão, devem ser fechados por
uma corrente com gancho de mola.
Os locais de trabalho não devem ter piso com saliências ou depressões que possam causar acidentes
durante a circulação de pessoas ou movimentação de materiais.
Pisos, escadas, rampas, corredores e passadiços que ofereçam risco de escorregamento devem ser
de material antiderrapante ou executados por processo com resultados semelhantes. Também, pisos e
passadiços devem ter as aberturas protegidas por grades metálicas, para impedir acidentes com pessoas
ou a passagem de objetos que ponham em risco a segurança das instalações.
Os locais de circulação eventual, como reservatório elevado, situados em alturas iguais ou superiores
a 4,00m, e as estruturas de circulação também eventual, situadas abaixo do nível do solo, a profundidades
iguais ou superiores a 1,20m, devem ser providos de, no mínimo, escada de mão fixa, tipo marinheiro. Já
as escadas devem ser fixadas no topo, na base e, no máximo, a cada 3,0m. Escadas com altura igual ou
superior a 6,0m devem ser providas de gaiolas de proteção, desde 2,0m acima do piso até 1,0m acima
do último degrau.
Devem ser instaladas plataformas intermediárias para cada lance de 9,0m. Os degraus devem ter
espaçamento uniforme de, no máximo, 30cm em toda a altura da escada; o comprimento mínimo do
degrau deve ser de 40cm e o espaço livre atrás da escada de 18 cm.
Os locais em que possam ocorrer pingos ou respingos de produtos químicos devem contar com
chuveiro de emergência. Um lava-olhos deve ser incluído na instalação, especialmente naquelas em que
se trabalha com ácidos ou álcalis fortes.
Por fim, não se deve esquecer da aplicação das demais leis e normas aplicáveis, tanto na construção
como na operação e manutenção, principalmente das normas regulamentadoras (NRs) do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE).
Resumo
Por fim, deve-se ter uma casa de química com as devidas instalações para
o armazenamento e manuseio dos produtos químicos e devido gerenciamento
da ETA (ou sistema de ETE físico-química), com a devida segurança.
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Unidade I
Exercícios
Questão 1. (Enade 2013) A figura a seguir apresenta um esquema para representar um sistema de
abastecimento de água para consumo humano, desde a captação até a distribuição.
Com base nos elementos e nas operações do sistema de distribuição de água representado acima,
assinale a alternativa correta.
E) As etapas físicas do processo podem ser realizadas de maneira alternada, sem comprometer a
qualidade da água fornecida em 9.
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SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: o ponto 1 representa a captação da água bruta. A qualidade da água tratada não
depende da qualidade da água captada.
B) Alternativa correta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: o coagulante tem por objetivo a formação de flocos, que são obtidos pela formação
de hidróxido de alumínio quando o sulfato de alumínio entra em contato com a alcalinidade natural da
água bruta. O sulfato de alumínio não atua no controle microbiológico.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: as etapas devem ser executadas de maneira sequencial. Por exemplo, a decantação
deve ser feita antes da filtragem, pois, nessa etapa, é realizada a retirada dos flocos que não foram
decantados nos decantadores.
Questão 2. Uma ETA, com três decantadores, deverá purificar 90 L/s (324 m3/hora; 7.776 m3/dia)
de águas coloidais. As dimensões: largura (B); comprimento (L) e profundidade (P) dos tanques são,
respectivamente:
A) 15,6 m; 4 m; 7,8 m.
B) 7,8 m; 15,6 m; 4 m.
C) 4 m; 8 m; 2 m.
D) 15.6 m; 7,8 m; 4 m.