Livro-Texto - Unidade I

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Sistemas de Tratamento

de Águas e Esgoto
Autor: Prof. Tarso Luís Cavazzana
Colaboradores: Prof. Ricardo Tinoco
Prof. José Carlos Morilla
Professor conteudista: Tarso Luís Cavazzana

Tarso Luís Cavazzana é de Araçatuba, São Paulo, graduado em engenharia civil (2003) e mestre em engenharia
civil (2006), ambos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp – Ilha Solteira). Ministra aulas
em cursos de engenharia na UNIP desde 2012, tais como: Sistemas de Tratamento de Água e Esgoto, Hidráulica
e Hidrologia, Saneamento Básico, Instalações Prediais, Estruturas e Solos. Atualmente é engenheiro da Prefeitura
Municipal de Araçatuba e sócio-diretor da T.L.C. Engenharia.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C377s Cavazzana, Tarso Luís.

Sistemas de Tratamento de Águas e Esgoto / Tarso Luís


Cavazzana. – São Paulo: Editora Sol, 2019.

224 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-176/19, ISSN 1517-9230.

1. Sistemas coloidais. 2. Esgotos sanitários. 3. Tratamento de


esgotos. I. Título.

CDU 628.16

W503.31 – 19

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
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UNIP EaD
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Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar

Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes

Projeto gráfico: Revisão:


Prof. Alexandre Ponzetto Bruno Barros
Giovanna Oliveira
Sumário
Sistemas de Tratamento de Águas e Esgoto

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7

Unidade I
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO......................................9
1.1 Conceitos básicos.................................................................................................................................. 10
1.2 Captação com caixa de areia............................................................................................................ 12
1.3 Elevatória de água bruta.................................................................................................................... 35
2 CONCEPÇÕES TÍPICAS DE ETAS.................................................................................................................. 37
2.1 Coagulação ou mistura rápida......................................................................................................... 39
3 SISTEMAS COLOIDAIS..................................................................................................................................... 46
3.1 Produtos químicos................................................................................................................................ 48
3.2 Coagulação.............................................................................................................................................. 53
3.3 Floculação – conceitos........................................................................................................................ 72
3.4 Decantação/sedimentação................................................................................................................ 80
3.5 Filtração..................................................................................................................................................... 89
3.6 Desinfecção............................................................................................................................................104
3.7 Fluoretação............................................................................................................................................107
3.8 Dimensionamento de sistemas de desinfecção e fluoretação..........................................108
3.9 Possibilidades para disposição de sistemas de tratamento físico-químico.................112
4 DEFINIÇÃO DAS UNIDADES DE TRATAMENTO DA ETA....................................................................115
4.1 Disposição das unidades de tratamento e dos sistemas de conexões..........................116
4.2 Grades......................................................................................................................................................117
4.3 Micropeneiramento............................................................................................................................117
4.4 Aeradores................................................................................................................................................117
4.5 Mistura rápida......................................................................................................................................118
4.6 Floculadores...........................................................................................................................................120
4.7 Decantadores........................................................................................................................................122
4.8 Filtros lentos..........................................................................................................................................127
4.9 Filtros rápidos........................................................................................................................................128
4.10 Interligação das unidades.............................................................................................................132
4.11 Órgãos de fechamento dos condutos.......................................................................................133
4.12 Casa de química................................................................................................................................134
4.13 Consumo de produtos químicos.................................................................................................136
4.14 Utilização de sulfato de alumínio..............................................................................................136
4.15 Utilização da cal................................................................................................................................138
4.16 Utilização de cloro............................................................................................................................141
4.17 Laboratório..........................................................................................................................................142
4.18 Segurança............................................................................................................................................143

Unidade II
5 CONTEXTUALIZAÇÃO PARA ESGOTOS SANITÁRIOS..........................................................................148
5.1 Generalidades e definições..............................................................................................................150
5.2 Critérios e disposições.......................................................................................................................157
5.3 Tratamento da fase líquida.............................................................................................................159
5.4 Decantação primária..........................................................................................................................160
5.5 Filtração biológica...............................................................................................................................161
5.6 Lodos ativados......................................................................................................................................163
5.7 Tratamento de lodos – fase sólida...............................................................................................170
5.8 Digestão aeróbia..................................................................................................................................171
5.9 Digestão anaeróbia.............................................................................................................................173
5.10 Desidratação do lodo......................................................................................................................175
6 ETAPAS DE TRATAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS – ETE......................176

Unidade III
7 ABORDAGEM GERAL.....................................................................................................................................187
7.1 Cálculos de unidades de tratamento de ETA...........................................................................187
7.2 Unidade de mistura rápida..............................................................................................................188
7.3 Dimensionamento da calha parshall...........................................................................................188
7.4 Dimensionamento de misturadores mecânicos e hidráulicos..........................................192
7.5 Unidades de floculação.....................................................................................................................194
7.6 Floculador hidráulico de chicanas com fluxo vertical..........................................................195
7.7 Dimensionamento de floculadores mecanizados..................................................................199
7.8 Decantação/sedimentação..............................................................................................................201
7.9 Decantador convencional................................................................................................................202
7.10 Decantador laminar.........................................................................................................................205
8 CÁLCULOS DE UNIDADES DE TRATAMENTO DE ETE.........................................................................207
APRESENTAÇÃO

O objetivo central deste livro-texto é capacitar o aluno a compreender as necessidades principais para
o tratamento de água e esgotos, apresentando bases legais e normativas, conceitos, roteiros de cálculo,
cálculo, esquemas e configurações de projetos, de forma que o aluno possa elaborar projetos básicos
e executivos de estações de tratamento de água e de tratamento de esgoto sanitário, respondendo
profissionalmente pelo seu adequado funcionamento e desempenho.

Assim, o presente conteúdo aborda: legislação vigente para água potável; legislação vigente para
disposição final ou reuso de esgotos sanitários; normas para Estações de Tratamento de Água (ETA);
normas para Estações de Tratamento de Esgotos (ETE); roteiro de cálculo com figuras ilustrativas e
esquemáticas para orientar desenho de projetos de unidades de tratamento de água e esgotos, contendo
as unidades de tratamento previstas em norma, com ênfase nas unidades de grade grossa, grade fina,
micropeneiramento, mistura rápida, floculador, decantador, filtro e desinfecção e fluoretação – apesar
de menos utilizadas, são apresentadas em termos teóricos as unidades de casa de química, correção
de pH, aeração, flotador e sistemas anaeróbios, aeróbios e biológicos; cálculo de captação com grade
grossa, grade fina, desarenador e micropeneiramento; cálculo de unidades de tratamento: mistura
rápida, floculador, decantador, UASB e lagoas de estabilização.

INTRODUÇÃO

Supondo que, até este momento, o(a) futuro(a) profissional apenas olha para a água das torneiras
dos nossos locais de convívio, supondo-a potável, como normalmente é, veremos que essa água só pode
ser utilizada pelo ser humano após seu devido tratamento. Mesmo a água do poço mais profundo e da
melhor qualidade, totalmente transparente, para ser enquadrada na legislação como potável, precisa ter
sua garantia biológica preservada, exigindo uma unidade de tratamento para desinfecção e fluoretação
(dosagem de cloro e flúor). Com isso, a água potável é resultado da água de algum manancial superficial
ou subterrâneo após tratamento em uma estação de tratamento de água (ETA). Essa água utilizada
nas nossas diversas atividades diárias, não somente para dessedentação mas também em cozinhas,
banheiros, indústrias, restaurantes, construção civil, vai para onde após o uso? Agora ela é esgoto.
Às vezes, de maneira incorreta, é descartada no próprio quintal de casa junto com seus males, mas o
correto é que ela passe por uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), que a adeque ao meio (solo ou
manancial superficial) em que será lançada, conforme previsto na legislação vigente.

A partir daqui, cabe a responsabilidade legal e moral do profissional de não possibilitar que nem seja
utilizada a água de um manancial e nem que seja descartada a água após o uso sem devido tratamento.
Com água ruim e em pouca quantidade, não se constrói uma boa nação, mas com água abundante e
boa, uma nação cresce e se desenvolve.

7
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Unidade I
Aqui, serão abordados os procedimentos para conceituação e dimensionamento de estação de
tratamento de água de abastecimento (ETA).

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO

Atualmente, no Brasil, os cálculos e parâmetros obedecem ao disposto na ABNT NBR 12216:1992


(Projeto de estação de tratamento de água para abastecimento público – Procedimento), sendo
que essa norma fixa as condições exigíveis na elaboração de projeto de estação de tratamento de
água destinada à produção de água potável para abastecimento público. A NBR 12216 utiliza como
apoio a NBR 12211:1992 (Estudo de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água –
Procedimento) e a NBR 12213:1992 (Projeto de sistemas de captação de água de superfície para
abastecimento público – Procedimento).

O objetivo de um projeto de ETA é estabelecer um conjunto de unidades destinado a adequar as


características da água aos padrões de potabilidade. No âmbito federal, os padrões de potabilidade
são estabelecidos, atualmente, pela Portaria de Consolidação n. 5, de 28 de setembro de 2017, trata-se
da “Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde” e
alterações. Tal consolidação, em seu art. 864, CXXXIII, incorporou o conteúdo da antiga e revogada
Portaria n. 2914/2011, que dispunha sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, do Ministério da Saúde. Tal lei deve ser
cumprida em conjunto com outras possíveis legislações estaduais e municipais (BRASIL, 2017).

A ETA possui unidades de tratamento nas quais ocorre cada processo de tratamento, que são
concebidas conforme a qualidade da água bruta a ser tratada, ou seja, a água in natura fornecida
pelo manancial. Nesse momento, torna-se importante compreender as fases pelas quais passa a água
até o abastecimento público:

• curso d’água ou manancial, podendo ser superficial ou subterrâneo;

• captação no manancial;

• estação elevatória de água bruta;

• adutora de água bruta;

• ETA;

• reservatório da ETA (água tratada);


9
Unidade I

• adutora de tomada d’água, por gravidade, do reservatório da ETA, reservatório e rede que
abastecem a rede da zona baixa, por gravidade;

• adutora de sucção do reservatório da ETA, estação elevatória de água (EEA) tratada, adutora de
recalque e reservatório elevado que abastece a rede da zona alta, por gravidade.

A figura a seguir ilustra as fases descritas:


Curso de Adutora para
água o reservatório Rede de
Estação
elevatória ETA da zona baixa zona baixa
por gravidade Reservatório
B Água bruta
Captação Reservatório
Reservatório elevado Água potável
Adutora de da ETA Esgoto bruto
água bruta Adutora B Esgoto tratado
por recalque Rede de zona alta
Estação
ETE elevatória Adutora para o
reservatório da zona
alta por recalque

Figura 1 – Fases do sistema de abastecimento, da captação à distribuição

Para esclarecer, visamos calcular e mostrar parâmetros da captação ao reservatório da ETA, sem
avançar nos sistemas de recalque. Uma ETA é, ainda, formada por várias unidades, compostas, por sua
vez, por diferentes elementos que realizam o tratamento necessário à adequação da água bruta aos
padrões de potabilidade.

1.1 Conceitos básicos

De forma a darmos continuidade a esse assunto, é importante constituir uma ETA conhecendo-se
a população a ser atendida para início e final de plano. O final de plano, de acordo com o Roteiro para
elaboração de projeto de estação de tratamento de água (AGENTE TÉCNICO FEHIDRO, 2010), deve ser
projetado para pelo menos vinte anos, a partir de dados de crescimento populacional. O crescimento
populacional, normalmente, é projetado por fator geométrico, e uma ETA deve ser projetada para final
de plano, embora com capacidade de receber a adição de estruturas modulares passíveis de serem
colocadas em funcionamento caso necessário.

A equação 1 serve para estabelecer um crescimento populacional:

Pf = Pi . (1 + i)n Equação 1

Sendo:

Pf: população de final de plano – habitantes

10
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Pi: população de início de plano – habitantes

i: taxa de crescimento geométrico da população ao ano

n: número de anos de projeção de crescimento populacional

Como exemplo, para uma Pi=20.000 habitantes, n=20 anos e i=3,5265%, tem-se:

Pf = 20.000 . (1 + 0,035265)20 = 40.000 habitantes

Nesse caso, a população dobra em vinte anos. Na sequência, conforme o padrão médio de consumo
da população, pode-se chegar à vazão necessária para cálculo dos elementos das unidades da ETA se
utilizando da seguinte equação:

k1.k2.P.q
Q=
86400
[l / s] Equação 2
Sendo:

Q: vazão para atendimento, em 24h, do volume necessário para abastecimento da população – l/s

P: população a ser atendida pela vazão Q – habitantes

q: taxa do padrão médio de consumo da população P, a ser atendida – l/hab./dia

k1: coeficiente do dia de maior consumo (1,25 em interior e 1,50 em capital)

k2: coeficiente da hora de maior consumo (1,50)

Observa-se que o coeficiente k2 possa ser desconsiderado ou ser igual a 1,00, uma vez que a ETA seja
calculada para produzir a quantidade diária máxima de água. O coeficiente horário é considerado para
cálculo da reservação mínima para distribuição. Com isso, para um padrão q=250l/hab./dia, k1=1,25;
k2=1,00. Para a projeção feita anteriormente, tem-se, para início de plano:

1,25 . 1,00 . 20.000 . 250


• Qi = 72,34 l / s
86400
E, para final de plano:

1,25 . 1,00 . 40.000 . 250


• Qf = 144,68 l / s
86400
Nesta última, a vazão 144,68l/s é a capacidade final da ETA, podendo partir da capacidade inicial de
72,34l/s e sofrer aprimoramento planejado para atender à população de final de plano. No entanto, as

11
Unidade I

estruturas de captação e recalque normalmente são, desde o início, constituídas para a vazão máxima,
apenas adicionando-se bombas para o final de plano.

A capacidade nominal da ETA será a máxima vazão suportada por todo o conjunto instalado, ou seja,
fica limitada ao que estiver fisicamente implantado. Com isso, pode-se implantar, por exemplo, uma
tubulação da adutora de água bruta com diâmetro para o final de plano, mas instalar-se apenas as bombas
que atendam ao início de plano, ficando as demais bombas da captação para serem instaladas conforme
o aumento da população. Na sequência, calculada a demanda, deve-se buscar um manancial capaz de
atender à vazão em primeiro lugar e, depois, com a melhor qualidade de água possível, uma vez que,
havendo quantidade para abastecer toda a população, pode-se obter a potabilidade através de tratamento.

Dada a qualidade da água, seja superficial ou subterrânea, deve-se observar quais parâmetros
devem ser adequados, o que fornecerá as unidades ou processos de tratamento a serem previstos,
podendo haver necessidade de processos avançados de tratamento. Neste contexto, serão conceituados
e desenvolvidos os processos de uma ETA do tipo convencional, sendo eles:

• captação com caixa de areia;

• elevatória de água bruta (básico);

• mistura rápida;

• floculação;

• decantação;

• filtração;

• desinfecção.

Lembrete

As populações de início e final de plano são estimadas com base em um


crescimento populacional, devendo-se conferi-las em relação à população
real, bem como verificar possível crescimento no consumo per capta de água.

1.2 Captação com caixa de areia

A captação ou tomada d’água é uma estrutura que faz uma derivação lateral do manancial superficial
e deve permitir, hidraulicamente, a vazão mínima para a ETA no nível mínimo do manancial, bem como
deve suportar sua vazão no nível máximo. As captações em represas, normalmente, mantêm nível com
pouca variação, conforme a figura a seguir.

12
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Já a captação em manancial superficial possui uma grade grossa e uma grade média antes das caixas
de areia, conforme as figuras a seguir:
Quadros Estação
Barragem elétricos elevatória
de elevação Grade grossa Poço de
de nível Grade fina sucção Bomba e
motor
Comporta Casa de
Comporta bombas
Comporta
Comporta

Tomada e caixa
de areia Adutora por
gravidade
PLANTA Adutora para
recalque

Sistema de limpeza do desarenador Bomba


NA1 NA2 NA3 NA4
Motor

af
Hcanal
Fundo falso VPC

CORTE

Figura 2 – Captação/Tomada d´água–Represas

Motor NT
NAmáx
Bomba

Grade
Poço de Motor Bomba
sucção NAmín
VPC
VPC

Figura 3 – Tomada d’água – Variação de nível

Para o caso de níveis variáveis, pode ser adotado o sistema da figura anterior. Já a figura a seguir
traz exemplos de tomada d’água:

13
Unidade I

A) B)

Figura 4 – Peneira estática instalada na captação de água de Jurubatuba Mirim, com captação de
nível variável (A) e grade na captação de água da cidade de Cardoso, com captação em represa (B)

Na figura anterior, a captação à esquerda mostra a entrada de água bruta em uma grade
(micropeneiramento), onde a água escoa para dentro e os detritos (areia) vão para uma canaleta externa,
para serem recolhidos, havendo dois sistemas para o caso de manutenção em uma delas. De forma
análoga, na captação da direita, observam-se as válvulas de controle para direcionamento da captação
por uma ou outra caixa de areia, com manejo em caso de manutenção. No caso da situação à esquerda
da figura anterior, não é necessário paralisar a operação para recolhimento da areia. Já para a situação
à direita, para retirada da areia ou manutenção em uma das caixas, há necessidade de parar seu fluxo,
fazendo a água bruta passar pela outra caixa.

Na sequência, a figura a seguir ilustra uma forma de limpeza das caixas de areia, ou desarenadores,
através de bombas de rotor aberto, tipo draga, na parte superior esquerda, outra forma de limpeza com
raspadores de fundo até sucção para a areia, e, na parte inferior, a formação de uma represa com adução
no rio para manter o nível da captação constante (baixa variação).

A) B)

C)

Figura 5 – Retirada de areia por meio de bombas tipo draga; captação de água no rio Canoas para
abastecimento de água da cidade de Franca (A); caixa de areia mecanizada instalada na captação
de água no rio Una, em Taubaté (B); captação do rio Una, com barragem de nível, tomada de água e
caixa de areia mecanizada (C)

14
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Para exemplificar o cálculo de captação com gradeamento e caixa de areia, ou desarenador, será
utilizado o sistema apresentado na figura a seguir:

Caixa de areia
Grade Guarda corpo
grossa
Passarela
Comporta
Qrio

Qcanal
Comporta

Poço de
succção
Recalque
de água
Guarda corpo bruta
Namáx
Caixa de areia Poço de
Nanormal Grade Nanormal
grossa succção
Namín
Nafundo Comporta de fundo

Figura 6 – Planta-captação/caixa de areia/elevatória vista de cima (A) e em corte longitudinal (B)

Tubo de sucção
Muro de
sustentação
a a' L
Caixa de areia

Comporta e grade

N . A.

H af
Depósito de areia
CORTE a - a'

Figura 7 – Adução direta/caixa de areia/elevatória (sucção)

Pela NBR 12216, as grades destinam-se a reter materiais grosseiros existentes nas águas superficiais;
são utilizadas na ETA quando circunstâncias especiais não permitem a sua localização na captação,
devendo o projeto ser elaborado conforme NBR 12213.

Quanto ao micropeneiramento, destina-se a reter sólidos finos não coloidais em suspensão. Os


parâmetros para o dimensionamento das unidades de micropeneiramento devem ser estabelecidos por
meio de ensaios e devem contar com sistema de limpeza por água em contracorrente. Esses parâmetros
podem ser adotados em um dos seguintes casos, de acordo com a NBR 12216:
15
Unidade I

• quando a água apresenta algas ou outros microrganismos de tipo e em quantidade tal que sua
remoção seja imprescindível ao tratamento posterior;

• quando permite a potabilidade da água sem necessidade de outro tratamento, exceto desinfecção;

• quando permite redução de custos de implantação ou operação de unidades de tratamento subsequentes.

Na tomada d’água, a velocidade deve ser maior ou igual a 0,60m/s (normalmente 0,75m/s), com
dispositivo de captação a cada 1,50m de variação no nível do manancial, conforme NBR 12213.

As grades grossas, que evitam a passagem de material grosseiro flutuante, ou não, para a grade
fina, somente são colocadas em caso de necessidade, devendo ser postas junto à entrada da tomada
d’água, com espaçamento entre barras de 7,5cm a 15,0cm. Já as grades finas, que evitam passagem de
material para as peneiras, devem ter espaçamento entre barras de 2,5cm a 4,0cm. Por fim, as peneiras
devem possuir de 8 a 16 fios por decímetro (a cada 10cm). O material das grades e peneiras deve ser
anticorrosivo ou ter proteção adequada. A inclinação à jusante desses elementos deve ser de 70º a 80º
para o caso de limpeza manual. As grades devem manter mínimo de 1,7cm2 de abertura efetiva para
cada litro por minuto (l/min.) de vazão, com velocidade média resultante entre as barras de no máximo
10cm/s, com perdas de carga avaliadas considerando mínimo de 50% de obstrução delas. O cálculo das
perdas de carga é dado pelas equações 3 e 4:

1,33
 t
k=
β.   .senα Equação 3
 a

v2
h = k. Equação 4
2.g
Sendo:

h: perda de carga, m

v: velocidade média de aproximação, m/s

g: aceleração da gravidade, m/s2

k: coeficiente de perda de carga nas grades

β: coeficiente em função da forma da barra (figura 8 e tabela 1)

t: espessura das barras, m

a: distância livre entre as barras, m

α: ângulo da grade em relação à horizontal, º


16
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

t a t a t a t a t a t a t

r = 0,25 t

1,5 t
3t

r = 0,15 t

2,5 t
2t
0,5 t 0,5 t
A B C D E F G

Figura 8 – Forma geométrica em função da secção transversal das barras

Tabela 1 – Coeficientes conforme formato da barra

Forma A B C D E F G
β 2,42 1,83 1,67 1,035 0,92 0,76 1,79

Adaptada de: ABNT (1992e).

Para telas, a NBR 12213 define o coeficiente de perda de carga como:

 1 − ε2 
k = 0,55.  2  Equação 5
 ∈ 
ε = (1 – n1.d1) . (1 – n2.d2) Equação 6

Sendo:

ε: porosidade (razão entre a área livre e a área total da tela)

n1,n2: número de fios por unidade de comprimento da tela

d1,d2: diâmetro dos fios, m

Assim, em caso de os sólidos presentes na água do manancial serem prejudiciais ao sistema, deve haver
o desarenador. Esse dispositivo, instalado entre a tomada d’água e a adutora, deve levar em consideração
essas perdas de carga no cálculo da lâmina que passará pelo canal de adução. Com fundo falso para
receber o material decantado, deve-se calcular o tempo de operação e quantidade máxima de sólidos
que sedimentarão em função da vazão, para então calcular o volume do fundo falso ou mesmo outros
dispositivos de coleta do material da caixa de areia. Devem existir no mínimo duas linhas de desarenadores
que suportem a vazão total, com um fora de serviço para devida manutenção ou limpeza alternada.

17
Unidade I

Há dois tipos de desarenadores: os de nível constante e os de nível variável, sendo que esse último
deve levar em consideração a pior situação para operação entre os níveis máximo e mínimo. Ambos os
tipos devem ser calculados para velocidade máxima das partículas de 0,021m/s, velocidade média da
água até 0,30m/s e, obtido seu comprimento, deve-se multiplicá-lo por, no mínimo, 1,50. Caso a limpeza
do desarenador seja por processo manual, deve haver depósito de fundo com mínimo de 10% do seu
volume contido na altura útil e largura mínima que permita acesso e movimentação do operador e do
equipamento auxiliar de limpeza.

Também, para o cálculo da capacidade do canal de adução, pode-se adotar a reconhecida equação 7,
de Manning:

1
Q= .Am.Rh2/3 .I0,5 Equação 7
η
Sendo:

Q: vazão – m3/s

η: coeficiente de Manning (0,014s/m-1/3 para canais de concreto)

Am: área molhada – m2

Rh: raio hidráulico (Rh = Am/Pm) – m

Pm: perímetro molhado – m

I: declividade do canal

Essa equação 7 pode levar a várias configurações para o canal, porém, para o caso de canal retangular,
que é o normalmente utilizado, para máxima eficiência hidráulica com base (b) igual a duas vezes a
altura (a) do canal retangular, chega-se à equação 8a (com máxima eficiência hidráulica em canal
retangular):

3/8
 η.Q 
a=  Equação 8a
 1,26.I0,5 

Sendo:

a: altura do canal retangular em máxima eficiência hidráulica, com base b = 2 . a, m;

Da mesma forma, sendo Q=V.A (continuidade), pode-se chegar à declividade em função da velocidade
definida para a máxima eficiência hidráulica em canal retangular dada pela equação 8b:

18
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

2
 η.V 
I=  Equação 8b
 0,63.a2/3 

Sendo:

V: velocidade no canal – m/s

Com isso, pode-se aplicar a equação 8, adotando-se um canal retangular com altura a = 0,31m,
η = 0,014, V = 0,75m/s, Q = 144,68l/s = 0,14468m3/s, resultando em:

2
 0,014.0,75 
I=  = 0,0013 = 0,13%
 0,63. 0,312/3 

3/8
 0,014.0,14468
a=  = 0,31m
 1,26. 0,00130,5 

Esse cálculo é iterativo, ou seja, deve-se determinar o conjunto I e a que atenda à máxima eficiência
hidráulica, atendendo ao sugerido e atendendo ao menor custo de execução do canal, que terá o mínimo
perímetro. Com isso, pode-se calcular a largura do canal, sendo:

b = 2 . a = 2 . 0,31 = 0,62m

Por fim, a altura total do canal (Hcanal) deve ter folga de 10%, com mínimo de 40cm, ou seja:

Hcanal = 1,10a = 0,31m > a + 0,40 = 0,71m, assim, Hcanal=0,71m, para o caso.

Assim, para o caso, o canal de adução terá largura b = 0,62m e altura total Hcanal=0,71m.

O comprimento (L) do canal de adução normalmente é 50% maior que a largura ou base (b), ou seja:

Lcanal = 1,5 . b = 1,50.0,62 = 0,93m.

Após o canal de adução, nos mesmos moldes, vem o desarenador, calculado para velocidade máxima
de 0,30m/s. Assim, tem-se, utilizando-se as equações 7 e 8, adotando-se um canal retangular com altura
a = 0,49m, η = 0,014, V = 0,30m/s, Q =144,68l/s = 0,14468m3/s, resultando em:

2
 0,014.0,30 
I=  = 0,0001 = 0,01%
 0,63. 0,492/3 

19
Unidade I

3/8
 0,014.0,14468
a=  = 0,49m
 1,26. 0,00010,5 

Esse cálculo é iterativo, ou seja, deve-se determinar o conjunto I e a que atenda à máxima eficiência
hidráulica, satisfazendo o sugerido e alcançando o menor custo de execução do canal, que terá o mínimo
perímetro. Com isso, pode-se calcular a largura do canal, sendo:

b = 2 . a = 2 . 0,49 = 0,98m

Por fim, a altura total do canal (Hcanal) deve ter folga de 10%, com mínimo de 40cm, ou seja:

Hcanal = 1,10a = 0,54m > a + 0,40 = 0,89m, assim, Hcanal=0,89m, para o caso.

Assim, para este caso, o canal de desarenação terá largura b = 0,49m e altura total Hcanal=0,89m.

Na sequência, deve-se calcular o comprimento do desarenador, de acordo com o tamanho das


partículas que se deseja remover.

Assim, pode-se utilizar o máximo de 0,021m/s, ou 21mm/s, de acordo com a tabela seguinte, para
remover partículas de 0,2mm.

Tabela 2 – Velocidade de sedimentação da areia

Tamanho da partícula (mm) 1,0 0,8 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,15 0,1
Velocidade de sedimentação (mm/s) 100 83 63 53 42 32 21 15 8

Na prática, para determinar o volume de material decantado para a velocidade de sedimentação


determinada, recomenda-se utilizar um cone Imhoff, conforme ilustra a figura a seguir:

Figura 9 – Sedimentação em cone Imhoff

20
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

O tempo de sedimentação deverá ser de acordo com o resultado da divisão do comprimento do


desarenador pela velocidade de sedimentação. O comprimento do desarenador é calculado por:

L Q Q
ℵ L
h b × h × Vs b × Vs Equação 9

Lt ≥ 1,5 . t Equação 10

Lt
ts =
Vs Equação 11
Sendo:

L: comprimento calculado, m

Lt: comprimento total ou real do canal, m

h ou a: altura do canal, m

b: largura ou base do canal, m

Q: vazão no canal, m3/s

Vs: velocidade de sedimentação, m/s

ts: tempo de sedimentação, s

Com isso, para o exemplo a seguir, pode-se calcular o comprimento do desarenador e tempo de
sedimentação pelas equações 9, 10 e 11 como sendo:

0,14468
=L = 7,019m
0,98 × 0,021

Lt ≥ 1,5 L = 1,5 . 7,019 = 10,528m, adotado Lt =10,53m.

10,53
=ts = 501s
0,021

Após calculado o tempo de sedimentação, pode-se proceder ao teste para verificação do material
decantado em cone Imhoff, em que normalmente são colocados 2 litros da água do manancial
em período de maior condução de sólidos (época de chuvas normalmente), e observa-se o volume
sedimentado para o tempo de sedimentação. Supondo, no caso, sedimentação de 1ml para 2l, a taxa de
21
Unidade I

sedimentação (Tsed) será de 1ml/2l = 0,5ml/l = 0,5l/m3, ou seja, 0,5l de material sedimentado para cada
metro cúbico de água bruta que passar pelo desarenador.

Assim, a equação 12, a seguir, faz a projeção de volume de sólidos sedimentáveis para o fundo falso
em um determinado tempo de operação do desarenador, sendo o mínimo de 24h=1dia:

VolSSed = 86,4 . Q . ndias . Tsed Equação 12

Aff = b . Lt Equação 13

VolSSed
hff =
Aff Equação 14

Sendo:

VolSSed: volume de sólidos sedimentáveis, m3

q: vazão no canal, m3/s

ndias: número de dias de suporte do sedimentado no fundo falso, dias

Tsed: taxa de sedimentação medida em cone Imhoff, ml/L

hff: altura do fundo falso, m

Aff: área do fundo falso, m

A caixa de areia deve ter fundo falso abaixo da altura útil calculada para o desarenador, para 1 dia,
0,5ml/l, aplicando-se as equações 12 a 14, de:

VolSSed = 86,4 . 0,14468 . 1 . 0,5 = 6,25m3/ 1 dia

Aff = 0,98 . 10,53 = 10,33m2

6,25 = 0,60m
hff =
10,33

Por fim, a partir da lâmina d’água de saída do canal de adução ou tomada d’água, cada caixa de areia
terá profundidade de 0,49+0,60=1,09m e largura de 0,98m. Deverão ser no mínimo duas, conforme
ilustrado na figura 6.

22
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Para determinação das grades, serão utilizadas as dimensões comerciais, conforme figura a seguir e
tabela a seguir:
t

Figura 10 – Barra chata de dimensões (t) e (c) na seção transversal

Tabela 3 – Dimensões (t) e (c) de barras chatas comerciais

Tipo t(mm) c(mm)


10 50
10 60
Grossas
13 40
13 50
4 50
Finas 8 40
10 40

Observação

Existem várias outras medidas comerciais, sendo utilizadas na tabela


anterior como disponíveis para fins de exemplificar didaticamente o conteúdo.

As grades são dimensionadas de modo que se obtenha uma seção de escoamento com velocidade
adequada, não inferior a 0,60m/s, quando limpas – na prática utiliza-se até 0,75m/s.

Recomenda-se que a velocidade da água entre as barras limpas varie entre 0,40 e 0,75m/s, tanto
para as vazões mínimas, médias e máximas.

23
Unidade I

Nesse ímpeto, o cálculo da grade grossa é feito com base na figura a seguir, das equações 15 a 18
e dimensões calculadas e fixadas de largura (b) e altura (ai,f) de lâmina d’água do canal para a tomada
d’água, estabelecido (adotado) o número de barras (nb) e espessura das barras (t). No primeiro passo,
aplica-se a equação 15 e calcula-se o espaçamento entre barras (a), com (nb), (t) e (ai,f). Após, a aplicação
da equação 16, utilizando-se de (a) e (t), resulta-se na eficiência de abertura entra as barras (E). Já na
sequência, com a equação 17, calcula-se a área útil Au livre entre as barras, multiplicando-se a área
molhada (Si,f = Ami,f) do canal, para início (i) e final (f) de plano, pela eficiência (E). Por fim, seja (V) a
velocidade no canal, calcula-se (v), a velocidade de aproximação nas grades, pela equação 18.

a t

Figura 11 – Esquema de dimensionamento de grades

b − t.nb Equação 15
a=
nb − 1

a Equação 16
E=
a+ t

Au = S . E Equação 17

Q Equação 18
v=
Au

Sendo:

E: eficiência de área

a: espaçamento entre as barras, m

t: espessura das barras, m

24
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Au: área útil, m2

Q: vazão no canal, m3/s

S: área total do canal, altura útil vezes largura do canal, m2

v: velocidade de aproximação entre as barras, m/s

nb: número de barras no vão (largura) inclusive nos cantos

Assim, após a aplicação da equação 8 para obtenção das dimensões da tomada d’água, obteve-se
altura (útil) do canal de adução de 0,31m e largura de 0,62m, com Htotal=0,71m. Porém, para a vazão
de início de plano, que é de 0,7234m3/s, nas mesmas condições de largura, declividade e rugosidade,
obtém-se, pela aplicação da equação 7, de Manning, a seguinte altura (ai):

2/3
1 1  a .0,62 
=Q .Am.Rh2/3 .I0,5 ⇒ 0,7234
= .ai .0,62.  i .0,00130,5 ⇒ ai = 0,19m.
η 0,014  2.ai + 0,62

Importante observar que (a), na equação 7 e equações 15 e 16, significa diferentes parâmetros, ou
seja, enquanto na equação 7 é altura de lâmina d’água, nas equações 15 e 16 é o espaçamento entre
faces das barras das grades.

Assim, seja o espaçamento (a) entre barras da grade grossa, devendo estar entre 7,5cm e 15cm, pode
ser calculado pela equação 15, com t=10mm, c=50mm, nb = 5, como segue:

b − t.nb 0,62 − 0,010.5


=a = = 0,143m
nb − 1 5 −1

A eficiência (E), calculada pela equação 16, resulta em:

a 0,143
=E = = 0,9345 = 93,45%
a + t 0,143 + 0,010

A área útil (Au) da grade grossa, calculada pela equação 17, deve ser calculada para início e final de
plano, assim como a velocidade de aproximação da equação 18. Para tanto, na tomada d’água, a área
total (Si,f) e útil (Aui,f), bem como a velocidade de aproximação (vi,f) para início de plano e para final de
plano serão de:

Si = 0,62 . 0,19 = 0,1178m2

Sf = 0,62 . 0,31 = 0,1922m2

25
Unidade I

Aui = Si . E = 0,1178 . 0,9345 = 0,110m2

Auf = Sf . E = 0,1922 . 0,9345 = 0,180m2

Qi 0,07233
=
vi = = 0,40m/s
Aui 0,110

Qf 0,14468 = 0,80m/s
=
vf =
Auf 0,180

Assim, apesar de vf, na grade grossa, estar acima do recomendado (não exigido) de 0,75m/s, caso
sejam colocadas apenas 4 (em vez de 5) barras para aumentar o espaçamento entre elas e diminuir a
velocidade, haverá desenquadramento do espaçamento máximo de 15cm entre as barras, deixando o
sistema desprotegido. Com isso, essa configuração da grade grossa atenderá da melhor forma possível
a velocidade nos moldes propostos, dado o material disponível na tabela 3, respeitando-se o mínimo de
0,40m/s. Também, acaso haja obstrução da altura da lâmina d’água no canal, há ainda 40cm de espaço
livre (Hcanal – af = 0,71-0,31 = 0,40m) até a parte superior da grade, superando a obstrução máxima de
50%, que corresponderia à altura de 2 . af = 0,62m, podendo ser calculada a obstrução pela equação 19:

af
Omáx =
Hcanal Equação 19

af 0,31
=
Omáx = = 0,4370 = 43,70%<50%, de acordo.
Hcanal 0,71

Sendo:

Omáx: obstrução máxima da grade

Como o mínimo de fluxo a ser mantido entre as grades é de 1,7cm2 de abertura efetiva para cada litro
por minuto (l/min.), a velocidade deve ser superior sempre a 10cm/s, ou 0,10m/s, o que, no caso, é mantido
mesmo para até 1/4 de ai = 0,19m, em que a velocidade de aproximação é 0,40m/s na grade grossa.

Definida a grade grossa, calcula-se a perda de carga nessa grade aplicando-se as equações 3 e 4 para a
pior situação, que é o final de plano, com velocidade de aproximação vf = 0,80m/s, espaçamento entre barras
a = 0,143m=143mm, coeficiente da figura 8 e tabela 1, β = 2,42 (barra chata), t = 10mm e c = 50mm, ângulo
α = 90º. Dessa maneira, pode-se calcular a perda h na grade grossa com as equações 3 e 4, como segue:

1,33 1,33
 t  10 
k = β.   .senα = 2,42.  = 0,0705
 a  143

26
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

v2 0,802
=h k.= 0,0705. = 0,002m = 2mm
2.g 2.9,81

Assim, a altura máxima antes da grade grossa, considerando 50% de obstrução para final de plano,
será de 2 . af + h = 2.0,31+0,002=0,622m. Com isso, como a grade deverá ser feita tomando toda a seção
do canal, com Hcanal = 0,71m>0,622. Assim, a seção de 0,71m está de acordo, pois a altura da lâmina
d’água no canal, com 50% de obstrução (dobra a lâmina calculada), mais a perda de carga de 2mm,
resulta em 0,622m, e não pode ser superior à altura total do canal (Hcanal), devendo a construção física
da grade acompanhar essa altura, conforme figura 7.

Calculados os parâmetros da grade grossa, passa-se ao cálculo da grade fina, posicionada entre a
grade grossa e o início do desarenador. Com isso, é importante ter as medidas do desarenador antes
do cálculo da grade fina, devendo-se posicionar a lâmina d’água, no desarenador, no mesmo nível da
tomada d’água para final de plano (nível máximo), fazendo-se a concordância necessária em 45º (ou
menos), tanto na vertical quanto na horizontal.

No caso, considerando-se que a grade fina ficará posicionada e, portanto, nas medidas do canal
de adução, após a aplicação da equação 8 para obtenção das dimensões da tomada d’água, obteve-se
altura (útil) do canal de adução de 0,31m e largura de 0,62m, com Htotal=0,71m. Porém, para a vazão
de início de plano, que é de 0,7234m3/s, nas mesmas condições de largura, declividade e rugosidade,
obtém-se, pela aplicação da equação 7, de Manning, a seguinte altura (ai):

2/3
1 1  a .0,62 
=Q .Am.Rh2/3 .I0,5 ⇒ 0,7234
= .ai .0,62.  i .0,00130,5 ⇒ ai = 0,19m
η 0,014  2.ai + 0,62

Importante, novamente, observar que (a), na equação 7 e equações 15 e 16, representa diferentes
parâmetros, ou seja, enquanto na equação 7 é altura de lâmina d’água, nas equações 15 e 16 é o espaçamento
entre faces das barras das grades. Assim, seja o espaçamento (a), entre barras, que para a grade fina deve
estar entre 2cm e 4cm, pode ser calculado pela equação 15, com t=4mm, c=50mm, nb =15, como segue:

b − t.nb 0,62 − 0,004.15


=a = = 0,040m
nb − 1 15 − 1

A eficiência (E), calculada pela equação 16, resulta em:

a 0,040
=E = = 0,9092 = 90,92%
a + t 0,040 + 0,010

A área útil (Au), calculada pela equação 17, deve ser calculada para início e final de plano, assim
como a velocidade de aproximação da equação 18. Para tanto, na tomada d’água, a área total (Si,f) e útil
(Aui,f), bem como a velocidade de aproximação (vi,f) para início de plano e para final de plano serão de:

27
Unidade I

Si = 0,62 . 0,19 = 0,1178m2

Sf = 0,62 . 0,31 = 0,1922m2

Aui = Si . E = 0,1178 . 0,9092 = 0,107m2

Auf = Sf . E = 0,1922 . 0,9092 = 0,175m2

Qi 0,07233
=
vi = = 0,4128m/s
Aui 0,107

Qf 0,14468
=
vf = = 0,8256m/s
Auf 0,175

Assim, apesar de vf estar acima do recomendado (não exigido) de 0,75m/s, caso sejam colocadas
apenas 14 (em vez de 15) barras para aumentar o espaçamento entre elas e diminuir a velocidade, haverá
desenquadramento do espaçamento máximo de 4cm entre as barras, deixando o sistema desprotegido.
Com isso, essa configuração da grade fina atenderá da melhor forma possível a velocidade nos moldes
propostos, dado o material disponível na tabela 3, respeitando-se o mínimo de 0,40m/s.

Também, caso haja obstrução da altura da lâmina d’água no canal, há ainda 40cm de espaço livre
(Hcanal – af = 0,71-0,31 = 0,40m) até a parte superior da grade, superando a obstrução máxima de 50%,
que corresponderia à altura de 2 . af = 0,62m, podendo ser calculada pela equação 19:

af Equação 19
Omáx =
Hcanal

af 0,31
=
Omáx = = 0,4370 = 43,70% < 50%, de acordo.
Hcanal 0,71

Sendo:

Omáx: obstrução máxima da grade

Como o mínimo de fluxo a ser mantido entre as grades é de 1,7cm2 de abertura efetiva, para
cada litro por minuto (l/min.), a velocidade deve ser sempre superior a 10cm/s, ou 0,10m/s, o que, no
caso, é mantido mesmo para até 1/4 de ai = 0,19m, em que a velocidade de aproximação é 0,4128m/s
na grade fina.

Definida a grade fina, calcula-se a perda de carga na grade, aplicando-se as equações de 3 e 4 para
a pior situação, que é o final de plano, com velocidade de aproximação vf = 0,8256m/s, espaçamento
entre barras a =0,040m=40mm, coeficiente da figura 8 e tabela 1 β =2,42 (barra chata), t = 10mm e

28
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

c=50mm, ângulo α = 90º. Dessa maneira, pode-se calcular a perda h na grade fina com as equações 3
e 4, como segue:

1,33 1,33
 t  4
k = β.   .senα = 2,42.   = 0,1130
 a  40 

v2 0,82562
=h k.= 0,1130. = 0,004m = 4mm
2.g 2.9,81

Assim, a altura máxima antes da grade fina, considerando 50% de obstrução para final de plano, será
de 2 . af + h=2.0,31+0,004=0,624m. Com isso, como a grade deverá ser feita tomando toda a seção do
canal, com Hcanal =0,71m>0,624. Dessa forma, a seção de 0,71m está de acordo, pois a altura da lâmina
d’água no canal, com 50% de obstrução (dobra a lâmina calculada), mais a perda de carga, não pode
ser superior à altura total do canal (Hcanal), devendo a construção física da grade fina acompanhar essa
altura, conforme figura 7.

Por fim, caso seja necessária a instalação de peneira para reter a mesma granulometria do desarenador,
ou seja, partículas com 2mm ou mais, sendo possível colocar de 8 a 16 fios a cada 10cm (1 decímetro),
sendo esses fios com determinada espessura, pode-se utilizar para cálculo a equação 15.

Assim, seja o espaçamento (a) entre fios na peneira, no máximo, o tamanho da partícula que se
deseja reter, pode ser calculada pela equação 15, com t=4,4mm, a espessura ou diâmetro dos fios da
peneira, nb =16 fios em b =0,10m, como segue:

b − t.nb 0,10 − 0,0044.16


=a = = 0,002m = 2mm
nb − 1 16 − 1

A eficiência (E) da peneira, calculada pela equação 16, resulta em:

a 0,002
=E = = 0,3096 = 30,96%
a + t 0,002 + 0,0044

A vazão que passa pela peneira é calculada pela equação 20 para escoamento por gravidade em
conduto forçado, considerando 50% da área útil, ou seja:

Q = 0,5.Cd.Au. 2.g.a Equação 20

Sendo:

Q: vazão, m3/s

29
Unidade I

Cd: coeficiente de descarga, normalmente igual a 0,7

Au: área útil de secção transversal na projeção horizontal, m2

g: gravidade, 9,81m/s2

a: altura de lâmina d’água sobre a peneira, m

Rearranjando a equação 20 para obter (a), chega-se à equação 21:

2
 Q 
a=   Equação 21
 0,5.Cd.Au. 2.g 

Assim, deve-se adotar uma área de peneira, de malha já definida, de certo ângulo com a horizontal
(α), que forneça uma área útil (Au) que satisfaça as velocidades mínimas de 10cm/s e máximas
recomendadas até 0,75m/s, ou seja, para início e final de plano, aplicando-se a equação 17 da área útil
e a equação 22 que segue:

S = Apen . cos α Equação 22

Sendo:

Apen: área total de peneira, m2

Assim, adotando-se uma área total de peneiras de Apen =1,5m2, com ângulo com a horizontal α=30º
e aplicando-se a equação 22, tem-se:

S = Apen . cos α = 1,5 . cos 30º =1,2990m2

Aplicando-se agora a equação 17, tem-se:

Au = S . E = 1,2990 . 0,3096=0,402m2

Agora, aplicando-se a equação 18 para as vazões de início e final de plano, obtém-se a velocidade
nos interstícios da malha da peneira definida, como segue:

Qi 0,07233 = 0,18m/s
=
vi =
Au 0,402

Qf 0,14468 = 0,36m/s
v=
f =
Au 0,402

30
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Por fim, calcula-se a lâmina d’água sobre a peneira com a equação 2, para início e final de plano, não
sendo recomendado lâmina acima de 10cm, como segue:

2 2
 Qi   0,07233 
ai =
 0,5.C .A . 2.g   0,5.0,7.0,402. 2.9,81 = 0,013m = 13mm
 d u 

2 2
 Qf   0,14468 
af =
 0,5.C .A . 2.g    = 0,054m = 54mm
 d u   0,5.0,7.0,402. 2.9,81

Assim, vi,f estão de acordo com o recomendado. Caso se pretenda fazer a verificação ao adotar-
se áreas menores de peneiras, as lâminas d’água começam a ficar muito altas, acima dos 10cm.
Paralelamente, as velocidades também começam a ficar muito altas, sendo que a prática mostra
desgaste precoce quando isso acontece. Ainda, na forma recomendada pela NBR 12.214:1992 (Projeto
de sistema de bombeamento de água para abastecimento público), pode-se calcular a perda de carga
(k) nas peneiras adotadas pelas equações 5 e 6, como a seguir, com n1 = n2 =(16/0,1) = 160 fios por
metro, d1 = d2 = t = 4,4mm = 0,0044m:

ε = (1 – n1.d1) . (1 – n2.d2) = (1 – 160 . 0,0044) . (1 – 160 . 0,0044) = 0,08762

 1 − 0,087622 
k = 0,55.   = 71,0966
 0,087622 

Agora, aplicando-se a equação 18 para as vazões de início e final de plano, obtém-se a velocidade
na área total da peneira, com 50% de obstrução por:

Qi 0,07233
=vi = = 0,0965m/s
0,5.Apen 0,5.1,5

Qf 0,14468
=vf = = 0,1929m/s
0,5.Apen 0,5.1,5

Por fim, de acordo com a equação 4, de perda de carga, vem:

vi2 0,09652 = 0,034m


hi= ai= k. = 71,0966.
2.g 2.9,81

vf 2 0,19292 = 0,135m
h=
f a=
f k. = 71,0966.
2.g 2.9,81

31
Unidade I

Assim, os cálculos de acordo com a norma estão desfavoráveis, ou seja, com altura de lâmina
d’água sobre a peneira maiores, que nos cálculos por coeficiente de descarga, devendo ser adotado o
mais desfavorável para construção da peneira, a qual terá até 0,135m=13,5cm de lâmina d’água nas
condições calculadas, podendo-se avaliar aumento da área da peneira para diminuição da lâmina em
final de plano, porém devendo-se sempre observar a velocidade média de aproximação nas condições
mínimas de 10cm/s e máximas recomendada de 0,75m/s.

Na sequência das estruturas de tomada d’água e desarenador, devem ser feitas as estruturas de
recalque para o início das unidades de tratamento. As figuras a seguir mostram sistemas de captação
diferentes das já apresentadas.

A) B)

Figura 12 – Captação no reservatório Billings (braço do Rio Grande); sistema Rio Grande da RMSP.
Vazão de 4,2m3/s (A). Captação de água na represa Taiaçupeba, sistema Alto Tietê da RMSP. Vazão de
10m3/s (B)

A) 103 Cx3
102 Cx2
Cx1
101
100
Caixa de reunião
- cloração
Para consumo
Cx4

B) NA

Figura 13 – Captação de águas subterrâneas – lençol freático

32
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Motor

Vai para distribuição

Areia Areia

Bomba
Área de captação

Figura 14 – Captação de águas subterrâneas – aquífero freático

A) B)

Figura 15 – Captação de águas subterrâneas – cavalete de saída. Detalhes do cavalete do poço 16


da cidade de Lins (A). Detalhes do cavalete do poção I da cidade de Fernandópolis (B)

A) B)

Figura 16 – Captação – painel de comando. Vista interna de um painel (A) e sala de painéis (B)

A seguir estão as definições e esquemas referentes a dispositivos utilizados para manejo das águas
na captação com estações elevatórias.

33
Unidade I

Comportas

São dispositivos de vedação constituídos, essencialmente, de uma placa movediça que desliza em
sulcos ou canaletas verticais. Instalados na maioria dos casos em canais e nas entradas de tubulações
de grandes diâmetros.

Figura 17 – Comporta

Válvulas ou registros

As válvulas ou registros são dispositivos que permitem regular ou interromper fluxo de água em
condutos fechados. São usados quando se pretende estabelecer vedação no meio de trecho formado
por uma tubulação longa.

Figura 18 – Válvulas ou registros

Adufas

São peças semelhantes às comportas e são ligadas a um segmento de tubo.

34
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 19 – Adufa

1.3 Elevatória de água bruta

Para dimensionamento do bombeamento (recalque) de água bruta no sistema de captação, ou


mesmo para água tratada, deve-se observar, conforme solicita a NBR 12213 e a NBR 12214. Para tanto,
devem ser observados e calculados os parâmetros básicos indicados na figura a seguir:

∆hr

R.S. Tubulação de hrg


recalque = adutora

Hm = Hg + ∆hs + ∆hr
Hg

Conjunto moto-bomba

Tubulação hsg
de sucção

∆hr

R.I. = poço de sucção

Figura 20 – Esquema indicando os parâmetros básicos para dimensionamento de sistemas


de bombeamento para recalque

35
Unidade I

Segundo a NBR 12214 – antiga NB 590/72 –, o dimensionamento das tubulações de sucção e recalque
deverá ser processado segundo os parâmetros hidráulicos pré-estabelecidos e ainda observando, salvo
justificativa, os seguintes critérios de velocidade:

Tabela 4 – Velocidade máxima de sucção

Diâmetro Nominal (DN) Velocidade (m/s)


50 0,70
75 0,80
100 0,90
150 1,00
200 1,10
250 1,20
300 1,40
400 1,50

Fonte: ABNT (1992f, p. 4).

Observação

Para bombas afogadas, as velocidades máximas podem ser excedidas,


desde que devidamente justificado.

Tabela 5 – Velocidade mínima de sucção

Tipo de material transportado Velocidade (m/s)


Matéria orgânica 0,30
Suspensões finas (silte e argila) 0,30
Areia fina 0,40

Fonte: ABNT (1992f, p. 4).

No barrilete que corresponde ao conjunto de tubulações que une as saídas das bombas em paralelo
à tubulação de recalque, quando de aço ou ferro fundido, a velocidade máxima recomendada pela NBR
12214 é de 3m/s e mínima de 0,60m/s. Caso a velocidade máxima seja superior, deve ser devidamente
estudada a cavitação na jusante da bomba para as diversas condições de operação.

É importante que os cálculos do bombeamento sejam realizados observando-se todas as condições


hidrológicas e hidráulicas do manancial, bem como características físicas, químicas e biológicas da
água bruta. Também devem ser observados os parâmetros dos materiais aplicados quanto à resistência
mecânica e química adequada à água que se deseja bombear, as condições de pressão e temperatura,
verificação de cavitação (NPSH) e sobrepressão (golpe de aríete), estudo de diâmetro econômico em

36
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

relação ao binômio diâmetro/energia, devido plano de manutenção, uma vez observadas as condições
do fabricante, de forma que se tenha qualidade e segurança na operação.

Ainda, após o recalque da água bruta, pode haver um reservatório de água bruta para um determinado
tempo de consumo, ou mesmo envio direto às etapas de tratamento da ETA, normalmente em canal
com dispositivos para medição de vazão e mistura rápida (essa ainda a ser definida).

Saiba mais

Para saber mais sobre elevatórias, seja em ETA ou ETE, além da


NBR 12214:1992, leia:

AZEVEDO NETTO, J. M. Manual de Hidráulica. 8. ed. São Paulo: Edgard


Blucher, 1998.

Dessa forma será possível calcular a bomba e diâmetro econômico


para a elevatória, sendo importante compreender, sempre, que devem ser
atendidas as vazões de início e final de plano.

Exemplo de aplicação

Calcule a potência (Pot) e altura manométrica (Hm) para recalcar água (=10.000N/m3), em um altura
geométrica Hg=18m, perda de carga na sucção =0,50m, perda no recalque =1,50m, vazão Q=1m3/s,
rendimento do conjunto motobomba =50%.

∆htot = ∆hs + ∆hr = 2,0m

Hm = Hg + ∆htot = 18 +2,0 = 20,0m


.Q.Hm 10000.1.20
Pot =  = 400.000W = 400kW
n 0, 50
Assim, a bomba que atende às necessidades é de (Q=1m3/s; Hm=20mca).

2 CONCEPÇÕES TÍPICAS DE ETAS

Após a adução da tomada d’água, desarenador e recalque da água bruta, iniciam-se as etapas de
tratamento da ETA, ou seja, coagulação ou mistura rápida, floculação, decantação, filtração, desinfecção
e correção de pH, para, depois, ser armazenada em reservatório de água tratada, normalmente projetado
para um dia do consumo máximo (final de plano). Para concepção da ETA, deve-se seguir a NBR 12216.
Exemplificamos algumas configurações de unidades de tratamento para ETAs:

37
Unidade I

Casa de química
Sulf. Cal. Cloro

Cloração
Correção do PH

Para a
cidade
Mistura rap Floculação Reservatório
Decantação água filtrada
Filtros rápidos

Figura 21 – Disposição de instalação tradicional ou clássica de ETA

Cloração

Água bruta Para a


cidade
Aerador Reservatório
Filtros lentos água filtrada

Figura 22 – Disposição de instalação de ETA de filtração lenta

Cloração

Água bruta Para a


cidade
Aerador Leito de contato Filtros rápidos

Figura 23 – Disposição de instalação de ETA para remoção de ferro oxidável

Assim, os principais processos normalmente adotados para o tratamento podem ser descritos como segue:

• Aeração: por gravidade, por aspersão, por outros processos (difusão de ar e aeração forçada). Tem
como objetivo a remoção de gases dissolvidos em excesso na água (CO2, H2S).

• Coagulação ou mistura rápida: inserção física ou mecânica de alto grau de energia visando à
mistura de produtos químicos e desestabilização das partículas da matriz fluida, preparando-a
para flocular, sedimentar e/ou ficar retida nos filtros.

• Floculação: trata-se de um processo químico que visa aglomerar impurezas que se encontram
em suspensões finas – em estado coloidal –, em partículas sólidas que possam ser removidas

38
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

por decantação ou filtração. As partículas agregam-se, constituindo formações gelatinosas


inconsistentes, denominadas flocos. Os flocos iniciais são rapidamente formados e a eles
se aderem as partículas. Em geral, são aplicados coagulantes (sulfato de alumínio ou
compostos de ferro).

• Decantação ou sedimentação: é um processo dinâmico de separação de partículas sólidas


suspensas na água. Essas partículas, sendo mais pesadas que a água, tenderão a cair no fundo,
verificando-se, então, a referida separação.

• Filtração: processo que consiste em fazer a água passar por camadas porosas capazes de reter
impurezas. Normalmente, o material poroso empregado como meio filtrante é a areia ou o
antracito. Em função da turbidez da água, normalmente são aplicados filtros lentos (para águas
com baixa turbidez) e filtros rápidos.

• Desinfecção: a desinfecção da água para fins de abastecimento constitui medida que, em caráter
corretivo ou preventivo, deve ser obrigatoriamente adotada em todos os sistemas públicos. Os
produtos normalmente utilizados são o cloro e seus compostos (hipoclorito, cal clorada).

• Ultrafiltração: para remoção de poluentes iônicos e necessidade de qualidade maior que a potável.

Observação

Todos esses processos e seus cálculos se aplicam a Estações de Tratamento


de Esgotos (ETE) que também tenham processos físico-químicos, sendo
importante a fixação desses conceitos para lembrar-se deles durante os
estudos sobre tratamento de esgotos.

2.1 Coagulação ou mistura rápida

A coagulação, ou mistura rápida, processo pelo qual as partículas da matriz fluida são
desestabilizadas, visa permitir o encontro e aglutinação dessas partículas – formação de flocos –,
podendo ser de três tipos:

• Eletrostática: as partículas possuem superfície carregada eletricamente – situação mais comum.

• Estérica: as partículas encontram-se adsorvidas na superfície de polímeros que as fazem repelir


em função da ocorrência de cargas iguais.

• Eletroestérica: a adsorção específica de moléculas com grupos ionizáveis ou polieletrólitos na


superfície das partículas fazem os íons provenientes da dissociação desses grupos ionizáveis
somarem uma barreira eletrostática ao efeito estérico.

39
Unidade I

+ + + +
+ + + + + +
+ + --- + + + --- +
-- -- + -- -- +
+ + -- - + + -- -
- - + -- - +
A) + -- - + -- --- + B)
- - - --- + - --
+ + + +
+ ++ + + ++ +

+ + + +
+ + + +
+ +
+ + + + + +
+ + +
C) + + + + +
+
+ + + +
+ +
+
+ + + + +

Figura 24 – Tipos de coagulação: eletrostática (A), estérica (B) e eletroestérica (C)

Com isso, conforme a qualidade da água bruta, há diferentes formas de se desestabilizar as


partículas da matriz fluida da água bruta, que, nesse caso, são impurezas a serem removidas, conforme
o comportamento químico em meio aquoso dos coagulantes e produtos químicos a serem utilizados.
Os químicos mais utilizados no processo de tratamento de água são sais de alumínio (sulfato de alumínio)
e sais de ferro (cloreto férrico e sulfato férrico). Já os possíveis mecanismos de coagulação que ocorrem
na mistura rápida com esses químicos são:

• Mecanismos de desestabilização de partículas coloidais: ocorre com alta energia e quantidade


baixa de coagulante, na faixa do tipo eletrostática em águas com moderada turbidez, em
torno de 50NTU.

• Compressão da dupla camada: ocorre com alta energia e alta quantidade de produtos químicos,
na faixa do tipo estérica, em águas com turbidez moderada, em torno de 50NTU.

• Adsorção neutralização: ocorre com alta energia e baixa quantidade de produtos químicos, na
faixa do tipo eletrostática para águas com baixa turbidez, em torno de 10NTU.

• Varredura: ocorre com pouca energia e grande quantidade de produtos químicos, na faixa do tipo
eletroestérica, em águas com turbidez alta, acima de 100NTU.

• Ponte interparticular: ocorre com baixa energia e baixa quantidade de produto químico, na faixa
do tipo eletrostática e baixa turbidez, em torno de 30NTU, de forma que o produto químico faça
a ponte entre as partículas a serem removidas.

Na figura a seguir se podem notar as etapas da ETA tradicional, com pontos de dosagem de produtos
químicos, como segue:

40
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Agente oxidante
Agente oxidante

Alcalinizante
Coagulante

Polímero
CAP
Manancial Coagulação Floculação Sedimentação

Polímero Agente oxidante

Correção de pH Fluoretação Desinfecção Filtração

Agente oxidante
Flúor
Alcalinizante

Água final

Figura 25 – Fluxograma das etapas de uma ETA convencional

Assim, o agente oxidante (aeração, oxigenação, ozonização) e o carvão ativado em pó (CAP), em


presença de sólidos dissolvidos altamente estáveis a serem adsorvidos, são dosados antes da coagulação,
de forma que as impurezas possam ser captadas na coagulação. Para que a coagulação ocorra bem, é
necessário fazer a dosagem de coagulante, o qual normalmente interfere no pH (potencial hidrogeniônico),
e esse parâmetro interfere na eficiência de ação do coagulante, sendo normalmente corrigido com
alcalinizante (cal, soda cáustica) e não comumente por acidificante (ácido sulfúrico), sendo a agitação
feita de forma mecânica ou com inserção de agente oxidante, dependendo da necessidade. Antes da
floculação, pode-se adicionar um coadjuvante de floculação que melhore as pontes entre as partículas,
sendo polímeros catiônicos, em caso de águas ácidas, aniônicos, em caso de águas básicas, e não iônicos,
em caso de águas neutras entrando no floculador – em que a floculação ocorre.

Após a floculação, a água caminha para sedimentação no decantador. Lembrando que as impurezas
sedimentam e a água decanta no decantador. Também, nesse ponto, caso a água tenha cor alta, associada
à matéria húmica, ou seja, matéria orgânica dissolvida, parte das partículas coaguladas normalmente
irão flotar ao invés de sedimentar, sendo necessário um processo de flotação, normalmente obtido
com sistema de raspagem da superfície do decantador e captação da água do decantador em ponto
intermediário da vertical do tanque de decantação, entre o sedimentado e o flotado. Esse sistema de
flotodecantação é muito utilizado em pré-tratamento de sistemas de tratamento de esgotos (ETE), em
que há alta turbidez e cor na matriz fluida a ser tratada.

Para filtração, deve-se observar se há necessidade, antes do filtro, de agente oxidante e polímero,
normalmente preciso para água bruta com muita matéria húmica associada ao parâmetro de cor da água,
para que ocorra coagulação dessas partículas remanescentes dos processos anteriores, para posterior
retenção no filtro ou mesmo para casos de filtração direta (sem etapas anteriores de tratamento)
com água bruta que assim exija. A filtração normalmente ocorre em filtros de areia com camadas de
diferentes diâmetros, podendo haver também camadas para remoção de impurezas por adsorção como,

41
Unidade I

por exemplo, associação do filtro de areia com camadas de carvão ativado granulado (CAG) ou antracito.
O rachão e pedregulho são normalmente utilizados para constituição da base dos filtros. Nas ETAs, pode-se
ter filtração rápida descendente e filtração lenta ascendente, além de casos de filtração direta para os
tipos anteriores e dupla filtração, esse último sendo uma filtração rápida seguido de filtração lenta.

Realizada a filtração, é necessário garantir a qualidade biológica da água através de agente oxidante
químico, normalmente de cloro e derivados. Podem ser utilizados também lâmpada ultravioleta (UV) e
ozonização, porém, como o primeiro tem ação pontual e o ozônio se perde rapidamente pela dissociação
do trióxido, que é uma molécula instável, há sempre a necessidade de se dosar um elemento de ação
prolongada, normalmente cloro (Cl2, hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio) ou derivados, para
manutenção da qualidade biológica da água tratada. De forma geral, a legislação pede mínimo de 0,5mg/L
de cloro ativo nas pontas de rede e entre 0,5mg/L e 1,0mg/L no reservatório de água tratada final.

Na sequência da desinfecção, que normalmente altera o pH da água, é feita a fluoretação, bastante


sensível ao pH, à temperatura e de difícil manutenção, entre 0,6mg/L e 0,8mg/L, por isso dosada após a
desinfecção. O objetivo é prevenção bucal à população pela adição de flúor, normalmente dosado puro
ou por solução a partir de um sal de flúor. Ele não faz efeito em concentrações abaixo da legislação e
em concentrações acima, provoca inflamações na gengiva.

Após os processos anteriores, a água tem a tendência de ficar ácida, sendo necessário prever dosagem
de alcalinizante, normalmente à base de cal ou sódio, para correção de pH. A água final é a que será
reservada no reservatório de água tratada para distribuição à população.

As figuras a seguir ilustram tipos de mananciais superficiais:

Figura 26 – Manancial de água corrente em leito, com alta variação de nível e água de baixa turbidez
e cor ao longo do ano, exigindo normalmente captação prévia em represa, com tomada d’água e
processo de tratamento simplificado, com filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH para
a água final de distribuição

42
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 27 – Manancial de água corrente em leito de terra, com muita vegetação, variação de nível
e água de baixa a alta turbidez e cor ao longo do ano, exigindo, normalmente, captação prévia em
represa, com tomada d’água e processo de tratamento convencional, com coagulação, floculação,
sedimentação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH para a água final de distribuição

Figura 28 – Manancial de água corrente em leito arenoso, com muita vegetação, variação de nível
e água de baixa turbidez e alta cor ao longo do ano, exigindo, normalmente, captação prévia em
represa, com tomada d’água e processo de tratamento convencional devido à alta cor, com aeração,
coagulação, floculação, flotação, sedimentação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH
para a água final de distribuição

43
Unidade I

Figura 29 – Manancial de água represada, com muita vegetação, baixa variação de nível e água de
baixa turbidez e alta cor ao longo do ano, permitindo, normalmente, captação direta ou tipo torre na
represa, com tomada d’água e processo de tratamento convencional devido à alta cor, com aeração,
coagulação, floculação, flotação, sedimentação, filtração, desinfecção, fluoretação e correção de pH
para a água final de distribuição

Observa-se, assim, que em todos os processos há a presença de filtros para remoção de partículas
de determinadas dimensões. Com isso, conforme se nota a presença de alguns parâmetros na água
a ser filtrada, tem-se as premissas para dimensionamento dessa etapa crucial do tratamento, ou
mesmo as diretrizes para se decidir sobre a instalação de unidades de tratamento antes dos filtros,
visando adequá-los às necessidades. A figura a seguir traz a classificação da distribuição de tamanho
de partículas em águas naturais:
10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas coloidais Partículas em
dissolvidas suspensão

• Cor real • Turbidez


• SDT • Cor aparente
• Compostos • SST
dissolvidos
0,45 µm

Figura 30 – Distribuição de tamanho de partículas em águas naturais

A figura a seguir traz o tipo de tratamento possível em função do tamanho de partícula a ser
removido:

44
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas coloidais Partículas em
dissolvidas suspensão

• Processos de membrana • Tratamento convencional e suas variantes


• Osmose reversa • Filtração em linha
• Nanofiltração • Filtração direta
• Filtração lenta

Figura 31 – Tipos de tratamento recomendados para remoção de partículas de dimensões


consideradas dissolvidas e coloidais

As figuras a seguir mostram a curva granulométrica ou de distribuição e frequência relativa de


partículas em uma matriz fluida:
1E + 20
1E + 18
Número de partículas (por litro) 10
Número de partículas (#/L)

1E + 16

Área superficial (m2/I)


1E + 14 1
1E + 12
1E + 10 0,1
10000000
0,01
1000000
10000 Concentração de partículas = 10,0mg/I
0,001
100 Massa específica = 2.750 kg/m3
1 0,0001
0,0001 0,01 1 100

Figura 32 – Curva granulométrica ou de distribuição de partículas em uma matriz fluida

Água bruta
Frequência relativa

Água coagulada

Diâmetro das partículas

Figura 33 – Frequência relativa de ocorrência de diâmetro de partículas em uma matriz fluida

45
Unidade I

Com isso, os sistemas de remoção de partículas dissolvidas, ou menores que 10-3 micrômetros, devem
possuir um sistema de filtração avançado, tipo osmose reversa. Já para partículas coloidais, entre 1 e 10-3
micrômetros, tem-se a nano, ultra ou microfiltração e, para partículas em suspensão ou com dimensão
acima de 1 micrômetro, a filtração se dá por filtros de areia convencional.

No entanto, observa-se que pode haver retenção de partículas individualmente classificadas


como dissolvidas e/ou coloidais em filtros convencionais, desde que seja possível aglomerá-las e
transformá-las em partículas maiores, em suspensão, através de coagulação e floculação, visando à
remoção do diâmetro, cuja ocorrência possibilite turbidez e cor desejadas para a água final. Portanto,
nesses casos, é necessário compreender alguns conceitos que envolvem os sistemas coloidais, os
quais serão discutidos a seguir.

3 SISTEMAS COLOIDAIS

Define-se a coagulação que ocorre na etapa de mistura rápida do tratamento como operação
unitária responsável pela desestabilização das partículas coloidais em um sistema aquoso,
preparando-as para a sua remoção nas etapas subsequentes do processo de tratamento. Há dois
tipos de coloides que se formam na coagulação:

• Coloides liofóbicos: são aqueles que formam um sistema heterogêneo com o solvente (sistema
bifásico). Dessa forma, distingue-se uma fase contínua (solvente) de uma fase dispersa (coloides).
Uma vez que predomina um sistema bifásico, pode-se definir uma área de interface.

• Coloides liofílicos: são aqueles que formam um sistema homogêneo com o solvente (sistema
monofásico). Dessa forma, distingue-se uma única fase contínua tendo o solvente e o sistema
coloidal como soluto.

São classificados também quanto à estabilidade (quanto maior a estabilidade, maior a dificuldade
de remoção da partícula). Quando a fase contínua é a água, os sistemas coloidais são denominados
hidrofóbicos e hidrofílicos, ou seja:

• Sistemas coloidais hidrofóbicos: são sistemas instáveis, pois as interações com o solvente
são pequenas.

• Sistemas coloidais hidrofílicos: são sistemas estáveis, as interações com o solvente são tais que
previnem o sistema contra alterações em sua estrutura global.

Quanto às características dos sistemas coloidais em matriz fluida, pode-se destacar:

• Movimento browniano: bombardeamento pelas moléculas de água.

• Efeito Tyndall: propriedade de dispersar a luz – a quantificação dessa propriedade em um


sistema coloidal é denominada nefelometria e mede a turbidez da água (nefelometric turbidity
unit – NTU).
46
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• Comportamento elétrico: existência de cargas negativas e positivas na superfície do coloide


(eletroforese).

Na teoria da dupla camada, conforme a figura a seguir, uma partícula do sistema coloidal, com
determinada carga, possui outra camada imediatamente posterior, de carga contrária e, outra, ainda,
de carga igual à do núcleo, causando repulsão caso o mecanismo de coagulação não seja eficiente,
prejudicando o tratamento para remoção dessas partículas.

Observação

O núcleo tem uma carga (positiva ou negativa), e ao redor do núcleo


há uma camada de carga contrária à do núcleo (negativa ou positiva), e,
após essa camada, ao redor do núcleo, há outra camada de carga igual
à do núcleo. Sendo as camadas externas das partículas de mesma carga,
há repulsão entra elas (cargas iguais se repulsam e cargas diferentes se
atraem), prejudicando a aglutinação entre as partículas devido à repulsão.
Camada rígida Camada difusa

- -
- + +
+ + ++
Meio aquoso - + + - - ++ +
+
+ + - +
+ + - - +
- + - - + +
Partícula - +
+ -
+ - - +
+ - +
+ - - + -
+ + - - - - -- - ++
N+ - +
Cargas ++ + + +
+ - +
- + -
N- +

Figura 34 – Cargas em uma partícula na matriz fluida com efeito de dupla camada de cargas

Assim, conforme a figura a seguir, as partículas, mesmo que se encontrem, não floculam, pois
suas cargas iguais se repulsam, havendo necessidade de quebrar quimicamente a barreira de energia,
representada na curva do potencial zeta, e provocar o encontro de partículas com a aplicação química
e mecânica que ofereçam essa condição.

47
Unidade I

1 - Repulsão eletrostática

Efeito combinado de 1 e 2

Repulsiva Barreira de energia


Energia de ionteração

Separação
entre duas
partículas
2 - Atração de Wan der Waals
Atrativa

Poterncial Zeta

Figura 35 – Cargas em uma partícula na matriz fluida com efeito de dupla camada de cargas –
potencial zeta

Em suma, os mecanismos de coagulação são obtidos em sistemas físico-químicos e devem ser


minunciosamente estudados para cada aplicação, normalmente através de ensaios de jarros, de forma a
se ter o mínimo gasto com energia (gradiente de velocidades que promove encontro entre partículas) e
produtos químicos, para a água com qualidade desejável às demais etapas de tratamento.

3.1 Produtos químicos

A seguir, estão alguns coagulantes que podem ser utilizados para desestabilização de partículas:

• sulfato de alumínio (sólido ou líquido);

• cloreto férrico (líquido);

• sulfato férrico (líquido);

• cloreto de polialumínio (sólido ou líquido-PAC);

• coagulantes orgânicos catiônicos (sólido ou líquido).

A figura a seguir ilustra a chegada da água bruta de uma ETA, em que recebe coagulante e se destina
ao tanque de mistura rápida, com ar comprimido para agitação, onde ocorre a coagulação:

48
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 36 – Alto grau de agitação e gradiente de velocidades na matriz fluida (mistura rápida)

Dosagens de coagulante usualmente empregadas no tratamento de águas de abastecimento:

• sulfato de alumínio (5mg/l a 100mg/l);

• cloreto férrico (5mg/l a 70mg/l);

• sulfato férrico (8mg/l a 80mg/l);

• coagulantes orgânicos catiônicos (1mg/l a 4mg/l).

A seguir, estão descritas as principais técnicas de coagulantes usualmente empregadas. Para o sulfato
de alumínio adquirido na forma sólida:

• dosagens de coagulante (5mg/l a 100mg/l);

• produto adquirido na forma sólida;

• sacos com 25kg e 40kg de capacidade;

• pureza de 90% a 95%;

• massa específica aparente de 700 a 800kg/m3;

Para o sulfato de alumínio adquirido na forma líquida:

• dosagens de coagulante (5mg/l a 100mg/l);

• produto adquirido na forma líquida;

• caminhão-tanque;

• pureza de 50%;

• massa específica: 1.300kg/m3.

49
Unidade I

A figura a seguir mostra o armazenamento de sulfato de alumínio nas formas líquida e sólida:

Figura 37 – Sulfato de alumínio na forma sólida e líquida

Para o sulfato férrico adquirido na forma líquida:

• dosagens de coagulante (8 mg/l a 80 mg/l);

• produto adquirido na forma sólida;

• caminhão-tanque;

• pureza de 42%;

• massa específica de 1.500kg/m3.

Para o cloreto férrico adquirido na forma líquida:

• dosagens de coagulante (5 mg/l a 70 mg/l);

• produto adquirido na forma líquida;

• caminhão-tanque;

• pureza de 35%;

• massa específica de 1.400kg/m3.

50
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 38 – Cloreto e sulfato férrico na forma líquida – armazenamento e dosagem

Observação

Todo produto na forma líquida deve ter as devidas contenções para


o caso de vazamentos, seguindo as normas regulamentadoras (NRs) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

De forma geral, a seguir estão representadas as dissociações, resumida e completa, dos principais
coagulantes químicos:

Al2(SO4)3 → 2.Al+3 + 3.SO4-2

Fe2(SO4)3 → 2.Fe+3 + 3.SO4-2

FeCl3 → Fe+3 + 3.Cl-

51
Unidade I

e as reações químicas do alumínio na dissociação e formação da hidroxila no processo de coagulação:

Al2(SO4)3 → 2.Al+3 + 3.SO4-2

Al+3 + H2O ↔ AlOH+2 + H+

AlOH+2 + H2O ↔ AlOH+2 + H+

AlOH2+ + H2O ↔ Al(OH)3 sólido + H+

Al(OH)3 sólido + H2O ↔ Al(OH)4- + H+

bem como as reações químicas do ferro na dissociação e formação da hidroxila no processo


de coagulação:

FeCl3(SO4)3 → Fe+3 + 3.Cl-

Fe2 (SO4)3 → 2.Fe+3 + 3. SO4-2

Fe+3 + H2O ↔ FeOH+2 + H+

FeOH+2 + H2O ↔ FeOH2+ + H+

FeOH2+ + H2O ↔ Fe(OH2)3 sólido + H+

Fe(OH2)3 sólido + H2O ↔ FeOH4- + H+


8
6
Fe total
4
AI total
2
0
Log (AI ou Fe)

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
-2
-4
-6
-8
-10
-12
pH

Figura 39 – Diagrama de solubilidade do ferro e alumínio em meio aquoso

52
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Assim, existe um ponto de inflexão na curva de solubilidade que, a priori, seria o ponto ótimo para
o pH de coagulação, ou seja, pH=8 para o ferro e pH=6 para o alumínio, já que em pH diferente não se
atinge o potencial de dissociação em água. Assim, cabe aqui uma discussão que envolve a compressão
da dupla camada, que é a questão do motivo pelo qual a compressão da dupla camada é incompleta,
no que tange à explicação do mecanismo de desestabilização de partículas coloidais. A explicação é que
são desprezados os efeitos entre o coagulante e o solvente, bem como da partícula coloidal e o solvente,
sendo o solvente o agente químico coagulante, já que há interações entre eles. Com isso, deve-se ter
uma visão dinâmica do processo de coagulação, visando à interação entre os elementos da mistura
rápida, conforme ilustra a figura a seguir.

Solvente Coagulante

Coloide

Figura 40 – Visão dinâmica do processo de coagulação

Para tanto, são recomendados testes práticos prévios com a água do manancial a ser tratada, visando
à obtenção de dosagem mínima ou ótima para as condições do projeto das unidades de ETA, em especial
para o processo de coagulação.

3.2 Coagulação

O processo de coagulação que ocorre em unidades de mistura rápida é composto de sistemas


físicos, tais como:

• dispositivos hidráulicos;

• calhas parshall;

• vertedores retangulares;

• malhas difusoras;

• injetores.

As figuras a seguir mostram unidades de coagulação hidráulica em ETAs:

53
Unidade I

Figura 41 – Processo de coagulação vertedores retangulares – estrangulamento da secção


transversal provocando gradiente de velocidades – ETA Alto da Boa Vista

54
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 42 – Processo de coagulação em calha parshall – ETA Caraguatatuba

55
Unidade I

Figura 43 – Processo de coagulação em calha parshall – ETA Campos do Jordão

56
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 44 – Processo de coagulação pela agitação no escoamento turbulento – ETA Guaraú (Sabesp)

Figura 45 – Processo de coagulação pela agitação no


escoamento turbulento – ETA Rio Grande (Sabesp)

Além dos mecanismos hidráulicos, há a possibilidade de se obter a energia ou gradiente de velocidades


necessário para a coagulação com sistemas mecânicos, tais como:

• dispositivos mecânicos;

• agitadores mecânicos;

• turbinas;

• hélice propulsora.
57
Unidade I

As figuras a seguir mostram sistemas de agitação axial e radial:

Figura 46 – Turbina flat-blade de escoamento radial

Figura 47 – Turbina pitched-blade de escoamento axial

Figura 48 – Turbina curved-blade (pfaudler) de escoamento radial

58
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 49 – Turbina propulsor marinho de escoamento axial

Todos esses dispositivos visam adicionar energia, através de gradientes de velocidades, para
desestabilização das partículas ou impurezas que se deseja remover, de forma que o coagulante
químico possa se misturar à matriz fluida e possa agir sobre essas partículas, a fim de que permaneçam
desestabilizadas. Somente assim é que se poderá ter o efeito de floculação, sedimentação ou mesmo
retenção das partículas em processo de filtração. Assim, as partículas que ficam estáveis na matriz fluida
passarão pelos processos de tratamento até a água final.

Em termos matemáticos conceituais, a figura a seguir mostra o esquemático e o desenvolvimento


do gradiente de velocidades em meio fluido, matematicamente desenvolvido na sequência, chegando-
se à equação 22, em seguida, para agitadores mecânicos, às equações e 23 e 24 para agitação ao
longo do escoamento:

 dv 
    . dy
 dy 

dy
ν
dz
dx

Figura 50 – Gradiente de velocidades em um meio fluido – conceito

Assim, seja a forma diferencial da potência (Pot) provocada por uma força motriz (F), causando uma
velocidade (v) no meio fluido:

dPot = dF . v

Sendo:

Pot: potência (W)

59
Unidade I

F: força (N)

v: velocidade (m/s)

Com dF = τ.dA, a força tangencial à área que provoca o escoamento em um fluido newtoniano (água
com até 5% de sólidos, no caso) e que (v) sofre variação na direção (y), tem-se:

 dv   dv 
dPot = τ.dA.  v + .dy − τ.dA.v = τ.dA.  .dy
 dy   dy 

Sendo:

A: área do escoamento no eixo x-z, m2

y: direção do escoamento, tangencial à área, m

Dessa forma, temos:

 dv   dv   dv 
dPot =
τ.   .dx.dy.dz =
µ.   .   .dx.dy.dz
 dy   dy   dy 

2
 dv 
dPot = µ.   .dx.dy.dz
 dy 

 dv 
Como G =   , o gradiente de velocidades é a variação da velocidade ao longo da direção do
 dy 
escoamento, e dVoI = dx . dy . dz, o infinitesimal de volume, tem-se:

dPot = µ(G)2 . dVol

Sendo:

VoI: volume do tanque, m3

G: gradiente de velocidades, s-1

Fazendo-se a integral da potência e do volume de controle, partindo-se do início zero e chegando ao


final do escoamento com determinada potência inserida no volume de controle, tem-se:

Pot Vol

∫ Pot = µ.G . ∫ Vol


2

0 0

60
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Pot = µ . G2 . Vol

Assim, pode-se escrever o gradiente de velocidades como a equação 22:


Pot
G Equação 22
. Vol

Sendo:

µ: viscosidade dinâmica, 10-3N.s/m2

Na equação 22, a potência é a líquida inserida por sistemas mecânicos para mistura rápida ou
floculação – observando-se que, na unidade de mistura rápida, acontece a desestabilização para
coagulação de partículas ou impurezas. Já para sistemas hidráulicos de coagulação e floculação,
deve-se observar a perda de carga ocorrida no tanque com um determinado tempo de detenção,
dado pela equação 23, desenvolvida a seguir:

Pot γ .Q.∆H
=G =
µ.Vol µ.Vol

γ .∆H
G= Equação 23
µ.θh

Sendo:

γ: peso específico, 9.810N/m3

∆H: perda de carga no sistema, m (metros de coluna de água – MCA)

θh: tempo de detenção no tanque, s/m2

Quando se quer o gradiente de velocidades para sistemas hidráulicos ao longo de um tanque com
determinada velocidade, perda de carga e comprimento, aplica-se a equação 24, desenvolvida a partir
da equação 22:

Pot γ .Q.∆H γ .V.A.∆H


=G = =
µ.Vol µ.Vol µ.Vol

γ .V.∆H
G= Equação 24
µ.L

61
Unidade I

Sendo:

γ: Peso específico, 9.810 N/m3

V: Velocidade média na direção do escoamento, m/s

L: Comprimento do tanque, m

Dando continuidade ao desenvolvimento da equação 22 quanto a sua forma prática de


aplicação para agitadores de fluxo radial e axial, chega-se às equações 25 (radial) e 26 (axial e
radial), como seguem:

Pot = Fa . v

Cd. .Ap.v2
Fa =
2

Cd.ρ.Ap.v3
Potr = Equação 25
2
Sendo:

Potr: potência em agitadores de fluxo radial, W

Fa: força de arraste, N

Cd: coeficiente de arraste, (teste prático)

ρ: massa específica, 1.000kg/m3

Ap: área projetada das pás do agitador na transversal do plano de rotação, m2

Sendo a velocidade tangencial no rotor de:

 D
v=
2.π.n.   =π.n.D
 2

Seja a área do rotor:

D2
A = π.
4

62
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Pode-se reescrever a equação 25 como a equação 26, dada por:

 π.D2 
.( π.n.D)
3
3 C .ρ
d . 
Cd.ρ.Ap.v  4   Cd.π4  3 5  Cd.π4  3 5
P=
ot = =  2.4  .ρ.n .D=  8  .ρ.n .D
2 2    

E, para

Cd.π4
KT =
8

Pot = KT . p . n3 . D5 Equação 26

Sendo:

Pot: potência em agitadores mecânicos de fluxo radial ou axial em tanques, W

KT: coeficiente prático de dissipação de energia de agitadores mecânicos

n: velocidade de rotação do motor, rps, s-1

D : diâmetro do rotor, m

A equação 26 é utilizada na prática, em função da definição de um agitador de fluxo radial ou axial,


com coeficiente (KT) determinado de maneira prática e utilizado conforme tabelas ou o fabricante.
A tabela a seguir traz valores de (KT) para alguns tipos de agitadores exemplificados nas figuras a seguir:

Tabela 6 – Valores de KT para agitadores de fluxo radial e axial

Tipo de rotor Valor de KT


Hélice propulsora marítima (3 hélices) 0,87
Turbina (seis palhetas retas) 5,75
Turbina (seis palhetas curvas) 4,80
Turbina com quatro palhetas inclinadas a 45º 1,27
Turbina com quatro palhetas inclinadas a 32º 1,0 a 1,2
Turbina com seis palhetas inclinadas a 45º 1,63

Adaptada de: Azevedo Netto (1976).

63
Unidade I

Pot = KT . ρ . n3 . D5

KT ≅ 5 a 5,5

Pot = KT . ρ . n3 . D5

KT ≅ 1,5 a 2,0

∆Y
Shear rate = ∆V ∆V
∆Y

Figura 51 – Turbina de escoamento radial – valores de KT

64
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Pot = KT . ρ . n3 . D5

KT ≅ 0,5 a 0,8
Pot = KT . ρ . n3 . D5

KT ≅ 1,2 a 1,3

Pot = KT . ρ . n3 . D5

KT ≅ 0,3 a 0,4

Axial flow

Figura 52 – Turbina de escoamento axial – valores de KT

65
Unidade I

Tendo em mente que se podem obter gradientes de velocidade pela própria energia hidráulica do
escoamento, a calha parshall torna-se um importante equipamento para esse fim, sendo que, para as
dimensões de calha parshall executada na continuidade do canal de entrada na ETA, conforme figura e
tablela a seguir, tem-se:
Poço de medida Ha

2/3 A

A 1
6

W
D

C
5
1

X
Garganta

B F G
Ponto de injeção de coagulante

Ressalto hidráulico
Ha

X K
N

1 1
4 2,67

Figura 53 – Calha parshall – medidas padrões para construção, conforme tabela 7

Tabela 7 – Medidas padrões de uma calha parshall, conforme figura


53, com parâmetros de dimensões W da garganta associados a vazões
mínimas e máximas para escolha

W W A B C D E F G K N X Y Q escoamento livre
pol cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm mín. (l/s) a máx. (l/s)
1 2,5 36,3 35,6 9,3 16,8 22,9 7,6 20,3 1,9 2,9 0,3 a 5,0
3 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 45,7 15,2 30,5 2,5 5,7 2,5 9,8 0,8 a 59,8
6 15,2 61,0 61,0 39,4 40,3 61,0 30,5 31,0 7,6 11,4 5,1 7,6 1,4 a 110,4
9 22,9 88,0 86,4 50,0 57,5 76,9 30,5 45,7 7,6 11,4 5,1 7,6 2,5 a 252,0
12 30,5 137,2 134,4 61,0 84,5 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 3,1 a 455,9
18 45,7 144,9 142,0 76,2 102,6 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 4,2 a 696,6
24 61 152,5 149,6 91,5 120,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 11,9 a 937,3
36,5 91,5 167,7 164,5 122,0 157,2 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 17,3 a 1427,2
48,5 122 183,0 179,5 152,5 193,8 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 36,8 a 1922,7
61 152,5 198,3 194,1 189,0 230,9 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 45,9 a 2429,9

66
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

W W A B C D E F G K N X Y Q escoamento livre
pol cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm cm mín. (l/s) a máx. (l/s)
73 183 219,5 209,0 213,5 266,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 73,6 a 2930,0
85 213,5 228,8 224,0 244,0 303,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 85,0 a 3437,7
97,5 244 244,0 239,2 274,5 349,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9 5,1 7,6 99,1 a 3950,2
122 305 274,5 427,0 366,0 475,9 122,0 91,5 103,0 15,3 34,3 200,0 a 5660,0

Adaptada de: Azevedo Netto (1998).

Complementando os parâmetros para a calha parshall, tem-se a equação 27 de descarga e a tabela


a seguir para medidas comerciais.

Ha = k . Qn Equação 27

Sendo:

H: altura da água no centro da medida B da calha parshall em função da vazão, m

k: constante obtida em tabela, m.(s/m3)n

Q: vazão, m3/s

n: potência da vazão obtida em tabela

Tabela 8 – Parâmetros para cálculo de calha parshall – k e n

Largura da calha parshall


k n
Polegadas Metros
3 0,076 3,704 0,646
6 0,152 1,842 0,636
9 0,229 1,486 0,633
12 0,305 1,276 0,657
18 0,457 0,966 0,65
24 0,61 0,795 0,645
36,5 0,915 0,608 0,639
48,5 1,22 0,505 0,634
61 1,525 0,436 0,63
73 1,83 0,389 0,627
97,5 2,44 0,324 0,623

Adaptada de: Azevedo Netto (1998).

Assim, aplicam-se algumas equações para obtenção do gradiente de velocidades na calha parshall,
conforme as duas tabelas e figura anteriores. O primeiro passo é aplicar a equação 27, de descarga para

67
Unidade I

uma determinada medida de boca (W), obtida em função das vazões mínimas e máximas que podem
haver na calha parshall, nas tabelas 7 e 8, obtendo-se (Ha). Após, calcula-se a largura (D’) na seção de
medida pela equação 28:

2
D'= .(D − W) + W Equação 28
3
Sendo:

D’: largura da calha parshall na secção de medição de (Ha), m

D: largura de entrada na calha parshall, conforme figura anterior e valor na tabela 7, m

W: largura da garganta da calha parshall, conforme figura anterior e valor da tabela 7, m

Dessa forma, pode-se calcular da velocidade (Va) na seção de interesse, com medidas (Ha) e (D’)
pela equação 29:

Q Q
V=
a = Equação 29
A D'.Ha
Sendo:

Va: velocidade na seção de medição de (Ha) na calha parshall, m/s

Com isso, calcula-se a energia total disponível na secção (Ea) de interesse da calha parshall
pela equação 30:

Va2
Ea =Ha + +N
2.g Equação 30

Sendo:

Ea: energia na seção de medição de (Ha) na calha parshall, m (MCA)

N: entre início e final do trecho convergente na garganta da calha parshall, conforme figura seguinte
e valor da tabela 7, m

Dessa maneira, calcula-se o ângulo fictício (θ) da calha parshall pela equação 31:

 
g.Q
=θ arcos  −  Equação 31
 W.(0,67.g.E ) 32 
a

68
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Sendo:

θ: ângulo fictício da calha parshall, rad

Para continuidade nos cálculos da calha parshall, é importante a apresentação do esquema da figura
seguinte, que define alguns parâmetros e a formação do ressalto hidráulico:

Y2
K
Y3
N
H
Y1
Referencial

Figura 54 – Calha parshall – detalhe do ressalto para construção, conforme tabela 7

Com isso, pode-se calcular a velocidade da água no início do ressalto na seção de (Y1) pela equação 32:

12
 θ   2.g.Ea 
V1 = 2.cos   .  Equação 32
 3   3 
Sendo:

V1: velocidade no início do ressalto da calha parshall, m/s

Para o balanço de energia entre as secções (a) e (1), usando a equação 30 da energia em (a) e a
equação 33, chega-se à equação 34 da lâmina d’água em (1) por:

V12
Ea = E1 ⇒ Ea = y1 + Equação 33
2.g
V12
y=
1 Ea − Equação 34
2.g
Sendo:

y1: lâmina d’água no início do ressalto da calha parshall, conforme figura anterior, m

69
Unidade I

Em seguida, calcula-se o número de Froude da seção (1), dado pela equação 35, para, após, calcular-se
a lâmina d’água no final da calha parshall, seção (3), com o mesmo plano referencial da seção (1),
conforme figura anterior, pela equação 36:

V1
Fr1 =
g.y1
Equação 35

y1 
y3= . 1+ 8.Fr12 − 1 Equação 36
2  
Sendo:

Fr1: número de Froude no início do ressalto da calha parshall, conforme figura anterior, m

y3: lâmina d’água no final do ressalto da calha parshall, conforme figura anterior, m

Assim, pode-se calcular a profundidade e velocidade no final do trecho divergente, seção (2) da
figura anterior, pelas equações 37 e 38, dadas por:

y2 = (y3 – N + K) Equação 37

Q
V2 = Equação 38
y2 .C
Sendo:

y2: Lâmina d’água no final do trecho divergente (2) da calha parshall, conforme figura anterior, m

N: Altura entre início e final do trecho convergente na garganta da calha parshall, conforme figura
anterior e valor da tabela 7, m

K: Altura entre o início do trecho convergente e final do divergente na garganta da calha parshall,
conforme figura anterior e valor da tabela 7, m

V2: Velocidade no final do trecho divergente (2) da calha parshall, conforme figura anterior, m

O próximo passo é calcular, pela equação 39, a perda de carga no ressalto hidráulico, como segue:

Ha + N = y3 + ∆H ⇒ ∆H = (Ha + N) – y3 Equação 39

Sendo:

∆H: perda de carga no ressalto hidráulico da calha parshall, m

70
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Como essa perda de carga em regime turbulento acontece no final do trecho divergente, pode-se
calcular o tempo de detenção médio nesse trecho, dado pela equação 40 que segue:

2.G
θh = Equação 40
( V1 + V2 )
Sendo:

θh: tempo médio de detenção, no trecho convergente da calha parshall, no caso, s

G: comprimento (não é gradiente) do trecho convergente na garganta da calha parshall, conforme


figura anterior e valor da tabela 7, m

∆H: perda de carga no ressalto hidráulico da calha parshall, m

Finalmente, aplica-se a equação 41 para o cálculo do gradiente de velocidades no trecho convergente


da calha parshall, como segue:

γ .∆H
Gparshall = Equação 41
µ.θh
Sendo:

Gparshall: gradiente de velocidades do trecho convergente na garganta da calha parshall, s-1

∆H: perda de carga no ressalto hidráulico da calha parshall, m

µ: viscosidade dinâmica, 10-3N.s/m2

γ: peso específico, 9.810 N/m3

Lembrete

É importante lembrar que a dissipação de energia hidráulica ou a


inserção de energia para dissipação no meio fluido ocorrem segundo
modelagem matemática específica para cada tipo de tanque, porém é
importante o estudo prévio em testes de jarros, como é feito em química
aplicada, para cada água que se deseja tratar, visando à melhor eficiência
energética na ETA, ou mesmo em uma ETE físico-química.

71
Unidade I

3.3 Floculação – conceitos

A floculação é um processo físico no qual as partículas coloidais são colocadas em contato umas
com as outras, de modo a permitir o aumento do seu tamanho físico, alterando, dessa forma, a sua
distribuição granulométrica.

Após a mistura rápida, a floculação decorre do encontro de partículas coaguladas em condição de


se aglutinarem e formarem flocos, de tal modo que, se o gradiente de velocidades é baixo, haverá pouco
encontro entre partículas e, portanto, pouca formação de flocos. Se o gradiente for muito alto, haverá
formação de flocos pelo encontro entre partículas, porém, elas se desfazem devido às tensões formadas
pelo meio fluido serem superiores às tensões de ligação entre elas. Sendo assim, cabe a exposição dos
seguintes termos:

• Mecanismos de transporte: mecanismos pelos quais os flocos são transportados no meio fluido,
como velocidades hidráulicas e mecânicas, arraste pela gravidade, energia térmica.

• Floculação pericinética: quando as partículas coaguladas a serem floculadas têm seu encontro
promovido pelo próprio fluido. Há o movimento browniano, em que as partículas coloidais
apresentam um movimento aleatório, devido a seu contínuo bombardeamento pelas moléculas
de água. A energia propulsora é a energia térmica do fluído.

• Floculação ortocinética: quando as partículas coaguladas a serem floculadas são direcionadas a


sistemas hidráulicos ou agitador mecânico do floculador, provocando gradientes de velocidade.

• Floculação por sedimentação diferencial: quando há encontro e aglutinação entre partículas de


diferentes tamanhos e velocidade de sedimentação.

• Cinética de floculação de suspensões coloidais: quando há as devidas condições de gradientes de


velocidades para encontro e aglutinação de partículas coaguladas em estado coloidal.

• Agregação e ruptura: enquanto a agregação é a aglutinação de partículas, a ruptura é a sua


desaglutinação ou separação, que pode ser por causa de gradientes muito altos, provocando
efeitos de tensões de cisalhamento maiores que as forças de ligação entre as partículas, ou, então,
por causa do restabelecimento das partículas quando há excesso de coagulante no mecanismo de
neutralização-desestabilização de partículas, em que as hidroxilas se recombinam, deixando livre
novamente as partículas no meio fluido.

• Concepção de sistemas de floculação: trata-se de análises e testes (jarros) com a água coagulada,
que definem gradiente de velocidades e dosagem de produtos químicos que, associados às
condições e disponibilidades do local de implantação, permitem traçar as melhores alternativas
para conceber os tanques e dispositivos construtivos do sistema de floculação.

72
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

A figura a seguir traz uma aplicação de floculador ortocinético em ETA convencional:

Figura 55 – Floculador ortocinético com cortinas e agitadores mecânicos


utilizado em sistemas convencionais de ETA

Também, conforme o tamanho das partículas coaguladas, alguns parâmetros físicos se alteram
da água coagulada para a floculada, como, por exemplo, cor real e sólidos dissolvidos totais (SDT) se
transformando em turbidez e sólidos suspensos totais. A figura a seguir ilustra essa situação em função
da distribuição do tamanho de partículas:
10-3 µm Partículas 1 µm
Partículas coloidais Partículas em
dissolvidas suspensão

• Cor real • Turbidez


• SDT • Cor aparente
• Compostos • SST
dissolvidos
0,45 µm

Figura 56 – Distribuição do tamanho de partículas e parâmetros físicos de cor real e aparente,


SDT, compostos dissolvidos, SST e turbidez

Para floculação, normalmente são empregados os seguintes coagulantes, com faixa de dosagem
para ETAs conforme indicado:

• sulfato de alumínio (sólido ou líquido – 5 mg/l a 100 mg/l);

• cloreto férrico (líquido – 5 mg/l a 70 mg/l);

• sulfato férrico (líquido – 8 mg/l a 80 mg/l);


73
Unidade I

• cloreto de polialumínio (sólido ou líquido);

• coagulantes orgânicos catiônicos (sólido ou líquido – 1 mg/l a 4 mg/l).

Assim, após a dosagem com devida mistura do coagulante, as partículas desestabilizadas do meio
fluido na mistura rápida são direcionadas ao floculador, onde se formam coágulos, por coalescência ou
união direta entre partículas e, após, os flocos, pela união de partículas devido às ligações químicas com o
coagulante. Assim, os flocos, com cada vez mais peso, ganham a condição de sedimentar no decantador
ou de serem removidos na filtração devido ao tamanho. A figura a seguir ilustra esses processos.

Coalescência

Floculação

Figura 57 – Coalescência e floculação

Ainda, entre a água coagulada e floculada existe uma diferença de distribuição granulométrica, em
que as partículas são maiores na floculada. A figura a seguir ilustra esse fato.
Água bruta
Água coagulada
Água floculada
Frequência relativa

dp > dc
Partículas
sedimentáveis

Diâmetro crítico
Diâmetro das partículas

Figura 58 – Distribuição do tamanho de partículas nas águas coagulada e floculada

De forma semelhante ao desenvolvimento de gradientes de velocidade para a coagulação na unidade


de mistura rápida, ocorre a floculação, porém com gradientes de velocidade moderada, de forma que
ocorra o máximo de encontros de partículas, sem que ocorra a quebra dos flocos já formados. A figura a
seguir ilustra o desenvolvimento do gradiente de velocidades (G em s-1) para a floculação.

74
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

 dv 
    . dy
 dy 

dy
ν
dz
dx

Figura 59 – Gradiente de velocidades para floculadores: hidráulicos e mecânicos

• Desenvolvimento para floculadores hidráulicos.

 dy  Pot
G  G=
 dx  µ.Vol

Pot γ .Q.∆H γ .∆H


=G = =
µ.Vol µ.Vol µ.θh

.Q.H . V .A.H . V .H


G  
. VoI . VoI .L

• Desenvolvimento para floculadores mecânicos.

Fluxo radial:

Pot = Fa . v

Cd.ρ.Ap.v2
Fa =
2

Cd.ρ.Ap.v3
Pot =
2

Fluxo axial:

Pot = KT . ρ . n3 . D5

75
Unidade I

Sendo:

Fa: força de arraste (N)

v: velocidade (m/s)

Cd: coeficiente de arraste

Ap: área projetada

n: rotação (rps)

D: diâmetro do rotor (m)

P: Potência (W)

Os valores de KT se dão conforme tabela 6.

Em resumo, como tipos de floculadores normalmente aplicados a ETAs, apresentam-se:

• floculadores hidráulicos de fluxo horizontal;

• floculadores hidráulicos de fluxo vertical;

• floculador Alabama;

• floculadores mecânicos (fluxo radial e axial);

• floculadores em meio poroso (rachão, pedregulho e/ou areia).

As figuras a seguir ilustram os quatro primeiros tipos de floculadores, sendo que aqueles em meios
porosos são normalmente utilizados no conceito de filtração direta.
Barreira padrão

Fluxo da
mistura Estágio 1
rápida
Estágio 2

Estágio 3
Vai para o
Planta baixa decantador

Figura 60 – Floculador hidráulico de fluxo horizontal

76
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 61 – Floculador hidráulico de fluxo horizontal – ETA Duartina (Sabesp)

A)

v1
v2

Vertedor afogado
B)

v1
Orifício
v2

Figura 62 – Planta baixa (A) e corte transversal (B)

77
Unidade I

Figura 63 – Floculador hidráulico de fluxo vertical – ETA Ribeirão da Estiva

Zona I Zona II Zona III

Figura 64 – Planta baixa

78
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 65 – Floculador Alabama (chicanas com gradiente variável) – ETA Aldeia da Serra

Figura 66 – Floculadores com agitadores de fluxo axial e radial – ETA Alto Tietê (Sabesp)

79
Unidade I

3.4 Decantação/sedimentação

A decantação da água ou sedimentação de partículas/impurezas é o processo de separação


sólido-líquido que tem como força propulsora a ação da gravidade. Há a seguinte classificação dos
processos de sedimentação:

• sedimentação discreta (tipo 1);

• sedimentação floculenta (tipo 2);

• sedimentação em zona (tipo 3);

• sedimentação por compressão (tipo 4) em filtros de areia, filtro prensa, decanter e centrífugas –
normalmente para lodo.

A sedimentação discreta, tipo 1, ocorre no pré-tratamento das ETAs, no desarenador. Trata-se da


sedimentação de partículas, normalmente areia, que não se estabilizam na matriz fluida, porém podem
ser arrastadas pela velocidade. A figura a seguir ilustra a situação em que ocorrem:

AS
1
Vh
H 2 Vs
B
L

Vh.H Q Q Q
L = Vh . t V=
S = = q=
L B.L AS AS
Taxa de escoamento
superficial
H = VS . t Q
Vh =
BH
.

Figura 67 – Forças que definem a velocidade de sedimentação dos flocos e


velocidades horizontal e vertical na sedimentação discreta

Com isso, não se observa floculação de partículas, mas uma sedimentação discreta, permanecendo
a mesma partícula no processo. A figura a seguir ilustra o pré-tratamento em caixa de areia em que
ocorre esse processo.

80
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 68 – Sedimentação discreta em caixa de areia (desarenador)

Já a sedimentação floculenta, tipo 2, ocorre em decantadores convencionais de fluxo horizontal


e em decantadores laminares. Nesses, os flocos formados possuem velocidade de sedimentação que
os retém nos decantadores – que costumam ser, normalmente, tanques extensos. A figura a seguir
mostra as forças envolvidas nesse processo, e a figura 70, adiante, o esquema de um gráfico, mostra a
frequência de distribuição de tamanhos de partículas e o diâmetro crítico ou mínimo para que ocorra
a sedimentação, demonstrada da mesma forma para um desarenador.

Força de arraste Empuxo

E = ρ . VoI . g
C d .  . Ap . V 2 Peso
Fa 
2 P = mp . g = ρp . VoI . g
∑Fy = 0

P = Fa + E 2 canais

Figura 69 – Forças que definem a velocidade de sedimentação dos flocos, conforme


já demonstrado para caixa de areia ou desarenador

Água bruta coagulada


Água floculada
Frequência relativa

dp > dc
Partículas
sedimentáveis

dc

Figura 70 – Partícula ou floco de diâmetro crítico ou mínimo para sedimentação

81
Unidade I

Já a figura a seguir mostra exemplos de decantadores convencionais, com e sem remoção mecanizada
de lodo:

Figura 71 – Decantadores convencionais

Para a sedimentação floculenta, a velocidade de sedimentação das partículas não é mais constante,
uma vez que elas se agregam ao longo do processo. Com o aumento do diâmetro das partículas há,
consequentemente, aumento de sua velocidade de sedimentação ao longo da altura.

1
Vh
H 2 Vs
B
L

Figura 72 – Curvas de sedimentação discreta (1) e floculenta (2) em um tanque de dimensões internas
L, B e H

82
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Assim, na sedimentação floculenta, a dimensão física da partícula é alterada durante o seu processo
de sedimentação gravitacional (floculação por sedimentação diferencial), ou seja, sua velocidade de
sedimentação é variável.
Decantador horizontal

Turbilhonamento
Entrada

Zona de
de água Zona de decantação Saída para
floculada filtro
Zona de ascensão

Zona de repouso

Descarga de iodo

Figura 73 – Esquema transversal de decantador convencional em ETA em zona (tipo 3)

Figura 74 – Exemplo prático de decantador convencional – ETA Alto da Boa Vista

Também, para decantadores de fluxo laminar, tem-se o seguinte desenvolvimento para determinação
da velocidade de sedimentação da partícula a ser removida, (até 2 canais na figura a seguir, em tanque
de medidas L, H e B).
83
Unidade I

L’
1
Vh
H 2 Vs
B

H/2
L

2 canais
H = VS . t
Vh.H L
VS = L’ =
L = Vh . t L 2

Figura 75 – Decantador de fluxo laminar com dois canais

L’
1
Vh
Vs
H 2
B
H/4

4 canais L
H = VS . t L' =
Vh.H 4
VS =
L = Vh . t L n canais L
L' =
n

Figura 76 – Decantador de fluxo laminar com quatro e n canais

Com isso, para decantadores laminares verticais de placas paralelas, formando ângulo 𝛼 com a
horizontal, conforme figura a seguir, tem-se o desenvolvimento das equações 42, 43 e 44, que servem
para seu dimensionamento.

Vo
Vsh
I
a
W h
Vsv Vs

a
Trajetória crítica

Figura 77 – Decantador de fluxo laminar com placas planas paralelas

84
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

h Vsv
senα= =
l Vs

Vsh
cos α =
Vs

VSV = VS . sen α

VSh = VS . cos α

I = (V0 – VSV . t)

w = Vsh . t

l w
=
( V0 − Vsv ) Vsh
l w
=
( V0 − Vs .senα ) Vs .cos α
w.V0
Vs =
(l.cos α + w.senα )

l
L=
w

V0
Vs =
(L.cos α + senα )

Q Q
=
V0 =
A0 Ap.senα

Q.Sc
Vs = Equação 42
Ap.senα.(L.cos α + senα )

Q
=
q V=
s
A

85
Unidade I

qL .Sc
qc = Equação 43
senθ.(L.cos θ + senθ)

qL senθ.(L.cos θ + senθ)
= Equação 44
qc Sc

Sendo:

qc: vazão unitária em decantador convencional, m3/s/m2

qL: vazão unitária em decantador laminar, m3/s/m2

α: ângulo das placas paralelas com a horizontal, º

Q: vazão, m3/s

h: altura vertical da placas paralelas, m

I: comprimento inclinado das placas paralelas, m

w: distância ortogonal entre as placas, m

L: relação entre comprimento e distância ortogonal entre as placas, m

VS: velocidade de sedimentação, m/s

VSV: velocidade de sedimentação paralela às placas, vertical, m/s

VSH: velocidade de sedimentação ortogonal às placas, horizontal, m/s

t: tempo de detenção entre as placas paralelas, s

V0: velocidade antes das placas, m/s

A0: área total da projeção horizontal das placas paralelas, m2

Ap: área líquida entre as ortogonais das placas paralelas, m2

Sc: número que compatibiliza as áreas de decantadores laminares e convencionais, sendo Sc=1
(placas planas); Sc=4/3 (tubos circulares) e Sc=11/8 (tubos quadrados)

86
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

A figura a seguir mostra o esquema de um decantador convencional que foi adaptado para um
laminar de placas planas paralelas.
Decantador vertical

Entrada de água
floculada
Resp.

Manto de iodo (flocos)

Descarga Descarga

Figura 78 – Decantador de fluxo laminar com placas planas paralelas

Para decantadores laminares com placas paralelas, pode-se notar maior eficiência de remoção para
ângulo de 50º a 60º, conforme a figura a seguir. Com esses ângulos, a melhor eficiência para a relação
L=l/w entre as placas em torno de 5, se dá conforme figura a seguir:
Sedimentação laminar – ângulo das placas
9
8
7
6
qL sen L . cos   sen 
5 
qC SC
qL/qC

4
3
2
1
0
10 20 30 40 50 60 70 80
Ângulo das placas com a horizontal

Figura 79 – Evolução da equação 44 para o ângulo entre as placas

87
Unidade I

Sedimentação laminar – efeito da grandeza L(I/w)


0,90
0,80
0,70
0,60
qL sen L . cos   sen 
0,50 
qC SC
qL/qC

0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 10 20 30 40 50 60
I/w

Figura 80 – Evolução da equação 44 para a relação L=l/w das placas

As figuras a seguir mostram locais com utilização de decantadores laminares, exemplificando essas
instalações.

Figura 81 – Decantador laminar de placas paralelas – ETA Rio Grande (Sabesp)

Figura 82 – Decantador laminar de placas paralelas – ETA Capivari (Sanasa)

88
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

3.5 Filtração

Em tese, após a coagulação, a água bruta pode ser filtrada para obtenção de água para o processo de
desinfecção, fluoretação e água final. Porém, nessas condições, havendo grande quantidade de sólidos
em suspensão, normalmente com turbidez acima de 30UNT e cor real acima de 10uC (unidades de
cor = uC = uPtCo), haveria excessiva perda de carga nos filtros. Com isso, guardados os devidos parâmetros,
a água a ser filtrada é aquela proveniente de processo de coagulação, floculação e decantação, visando
sempre obtê-la com o mínimo de cor e turbidez, sendo necessário apenas desinfecção, fluoretação e, talvez,
correção de pH para envio ao tanque de armazenamento da água final, que será distribuída à população.

Com isso, as camadas e granulometria dos filtros, bem como suas dimensões, se dão em função das
características da água a ser filtrada, ou seja, se o tamanho da partícula remanescente da última etapa
de tratamento, antes da filtração, for muito pequena, a camada de areia fina para sua remoção também
será. Além disso, observa-se que as partículas a serem removidas no filtro devem chegar devidamente
coaguladas ou desestabilizadas, já que, senão, passarão diretamente pelo filtro até a água final.

Com isso, esses sistemas, além de devidamente dimensionados para remoção de partículas
remanescentes da etapa anterior, obedecem a parâmetros, como:

• Perda de carga em sistemas de filtração: não recomendado ser maior que 15% da altura útil após
entrar em regime fixo.

• Fluidificação e expansão de meios filtrantes: 20 a 30% em regime para lavagem em contracorrente


ou filtração lenta ascendente.

• Lavagem de meios filtrantes: em contracorrente para os filtros descendentes e em mesmo sentido


de fluxo para os ascendentes, sempre com água limpa, porém sem necessidade de flúor. Sistemas
de ar comprimido são desejáveis para melhorar a expansão e qualidade da limpeza.

Di Bernardo (2003) e Di Bernardo e Di Bernardo (2005) possuem uma bibliografia completa sobre
filtros e processos de filtração. Os filtros de areia têm sua aplicação e classificação em:

• Filtros rápidos: normalmente com taxa de aplicação acima de 60m3/m2/dia, utilizados para águas
brutas de alta turbidez e cor

• Filtros lentos: normalmente com taxa de aplicação abaixo de 60m3/m2/dia, utilizados para águas
brutas de baixa turbidez e cor.

• Filtros descendentes: escoamento com fluxo de cima para baixo, rápidos ou lentos.

• Filtros ascendentes: escoamento com fluxo de baixo para cima, lento.

• Dupla filtração: filtração ascendente seguida de descendente, normalmente a primeira serve para
coagulação e filtração prévia, com terminação no filtro descente.
89
Unidade I

• Filtros de carga constante e taxa declinante: atingida a taxa mínima, o filtro é lavado antes de
iniciar um novo ciclo.

• Filtros de taxa constante e carga variável (perda de carga durante a filtração), mais comumente
utilizados: atingida a perda de carga máxima, o filtro é lavado antes de iniciar um novo ciclo.

• Filtros de camada simples de areia.

• Filtros de camada dupla de areia e antracito.

• Filtração direta: não há passagem da água por sistemas de floculação e decantação, sendo que
normalmente, quando necessário, é dosado coagulante logo antes da entrada do filtro, havendo
processo de coagulação dentro do filtro.

As figuras a seguir mostram locais com utilização de filtros em sistemas convencionais de ETAs,
exemplificando essas instalações:

Filtros rápidos
descendentes de areia

Figura 83 – Filtro de areia – ETA Rio Grande

Figura 84 – Filtro de areia – ETA Guaraú

90
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 85 – Filtro de areia – ETA Alto da Boa Vista

Para melhor exemplificar, a figura a seguir posiciona a filtração com relação ao processo de
tratamento da água como um todo:

Manancial Coagulação Floculação Sedimentação

Filtração
convencional Água final Filtração

Manancial Coagulação Floculação Sedimentação

Filtração direta
Água final Filtração

Manancial Coagulação Floculação Sedimentação

Filtração
em linha Água final Filtração

Figura 86 – Fluxogramas de classificação da filtração no âmbito da posição e etapas da ETA

A tabela a seguir traz a classificação para filtração direta ou em linha da água bruta.

Tabela 9 – Classificação da água bruta para processos


de filtração direta ou em linha

Características da água bruta Filtração direta Filtração em linha


50 25
Turbidez (UNT) (15) (5)
50 25
Cor real (U.C) (Cor aparente < 20) (Cor aparente < 15)
1.000 500
Densidade algal (UPA/ml) (500) (100)

Adaptada de: Di Bernardo et al. (2003).

91
Unidade I

As classificações quanto ao meio granular e sentido de escoamento estão nas figuras a seguir,
respectivamente.
Com relação ao tipo de filtração

Filtração em meio granular


• Filtros lentos
• Filtração rápida
• Filtros de camada profunda

Figura 87 – Classificação da filtração quanto ao meio granular

Figura 88 – Exemplo de filtração quanto ao meio granular

92
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Com relação ao sentido de escoamento

Filtração descendente Filtração ascendente

Figura 89 – Classificação da filtração quanto ao sentido de escoamento

As classificações quanto às camadas se dão como segue:

Antracito
Areia ou Antracito
antracito
Areia
Areia Granada
Camada simples Dupla camada Tripla camada

Figura 90

Por fim, as classificações quanto ao controle hidráulico estão na figura a seguir.

Q
Taxa de filtração q=
Afiltração
h
h = altura do nível d’agua acima do
meio filtrante
• Taxa de filtração constante
Antracito — Com variação de nível
— Sem variação de nível
Areia • Taxa decliante

Figura 91

Para a constituição de sucessivas camadas de filtros, recomenda-se Cu, como na figura a seguir. O
coeficiente de não uniformidade, se dá conforme a tabela a seguir.
93
Unidade I

Porcentagem que passa (%) d60


CU =
d10

dmenor grão d10 d60 dmaior grão Diâmetro

Figura 92 – Coeficiente de não uniformidade Cu

Tabela 10 – Dados para constituição das camadas de filtros

Meio Filtrante d10 (mm) C.U. Altura (m)


Camada única
Areia 0,45-0,55 <1,6 0,60-0,80
Areia 0,80-1,20 <1,5 1,20-1,80
Antracito 1,1-1,5 <1,5 1,20-1,80
Areia-antracito
Areia 0,45-0,55 <1,6 0,15-0,30
Antracito 0,90-1,10 <1,8 0,30-0,60
Areia-antracito-garnet
Areia 0,45-0,55 <1,6 0,15-0,30
Antracito 0,90-1,10 <1,8 0,30-0,60
Garnet 0,20-0,30 ------ 0,10-0,15

Adaptada de: Di Bernardo et al. (2003).

Os dados físicos dos materiais para constituição das camadas de filtros granulares estão na
tabela a seguir.

Tabela 11

Índices físicos Areia Antracito Cag Garnet


Massa específica (Kg/m ) 3
2.650 1.450-1.730 1.300-1.500 3.600-4.200
Porosidade 0,42-0,47 0,56-0,60 0,5 0,45-0,55
Coeficiente de esfericidade 0,7-0,8 0,46-0,60 0,75 0,6

Adaptada de: Di Bernardo et al. (2003).

94
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Observa-se que, para partículas muito pequenas, principalmente as dissociadas ionicamente na água, o
processo de filtração é avançado (por membranas) e pode ser tipificado conforme ilustram as figuras a seguir:
Com relação ao tipo de filtração

Filtração em membrana
• Osmose reversa
• Nanofiltração
• Ultrafiltração
• Microfiltração

Figura 93 – Classificação de filtração em membrana

Figura 94 – Processos avançados de filtração – em membrana

95
Unidade I

Nesse momento, colocadas as possibilidades de tipos de filtros, é importante observar que qualquer
um deles terá um tempo máximo de funcionamento entre lavagens, sendo esse período cíclico
denominado carreira de filtração. Dessa maneira, definidos os critérios de taxa de filtração, é importante
notar que, conforme sua classificação hidráulica, deverá haver um procedimento de aguardo de um
módulo de filtro, enquanto os demais produzem água filtrada, sendo necessário que os filtros em
operação produzam a vazão de água para o dia de maior consumo, considerando armazenamento de
pelo menos 24h de água final.

Assim, como definição de critérios para o encerramento da carreira de filtração, leva-se em


consideração:

• turbidez da água filtrada superior a um valor pré-determinado (geralmente superior a 0,5 UNT);

• perda de carga igual ou superior à carga hidráulica máxima disponível (geralmente da ordem de
2,0 a 3,0 metros);

• carreira de filtração com duração superior a 40 min.

Ainda que não seja necessário aguardar todo o tempo calculado para realização dos ciclos de limpeza,
o mesmo deve ser observado e mantido na operação conforme definição do projeto. A figura a seguir
mostra uma visão geral da deposição de partículas no filtro.

Choques
Partículas Deposição
partículas - coletores

Processo químico
Processo físico Estabilidade do coloide
(transporte) (coagulação)

Figura 95 – Deposição de partículas coaguladas no filtro

De maneira geral, um filtro é constituído das seguintes partes:

• Materiais filtrantes: composição, granulometria e altura.

• Camada suporte: granulometria e altura.

• Fundo falso: coleta da água filtrada e introdução de água de lavagem.

As figuras a seguir ilustram essas partes:

96
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Figura 96 – Materiais filtrantes de um filtro

Figura 97 – Camada suporte de um filtro

Figura 98 – Fundo falso de um filtro

97
Unidade I

Também é importante visualizar a posição da calha de coleta de água da lavagem dos filtros, como
mostra a figura a seguir.

Figura 99 – Calha de coleta de água de lavagem de filtros

Ainda, em função do diâmetro efetivo de partículas que se pretende remover, há uma recomendação
do tipo de filtro e altura (h), em milímetros, de água sobre o leito filtrante, ou seja:

• 1.000mm – camada simples de areia e dupla camada areia-antracito;

• 1.250mm – camada tripla areia, antracito e granada;

• 1.250 a 1.500mm – filtros de camada profunda e constituídos de um único material filtrante


(1,2mm ≤ def ≤ 1,4mm);

• 1.500 a 2.000mm – filtros de camada profunda e constituídos de um único material filtrante


(1,5mm ≤ def ≤ 2,0mm).

Quanto à granulometria e altura da camada suporte, têm-se os seguintes requisitos:

• cada camada componente do meio suporte deve ser a mais uniforme possíve, com dmax/dmín = 2;

• o diâmetro do menor grão da camada inferior do meio suporte deve ser de 2 a 3 vezes o diâmetro
do orifício do sistema de drenagem;

• o diâmetro do menor grão da camada superior do meio suporte deve ser de 4 a 4,5 vezes o valor
do diâmetro efetivo do material filtrante;

• das camadas que compõem o meio suporte, a relação entre o diâmetro do maior grão e o diâmetro
do menor grão da camada adjacente deve ser igual a 4;

98
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• a espessura mínima de cada camada componente do meio suporte deve ser igual a 7,5cm ou três
vezes o diâmetro máximo do grão.

Para a água de lavagem, devem-se obedecer aos parâmetros da figura a seguir e as equações 45 e
46, bem como os requisitos que os seguem:
S

Ho Calhas de coleta

Filtro L

Figura 100 – Parâmetros para dimensionamento da coleta de água de lavagem de filtros

(0,5 . L + D) ≤ H0 ≤ (L + D) Equação 45

1,5H0 ≤ S ≤ 2,5H0 Equação 46

Sendo:

H0: altura entre a borda superior da calha de água de lavagem e o topo do material filtrante

S: espaçamento entre as calhas, m

L: espessura da camada filtrante

D: altura da calha de água de lavagem

• para lavagem exclusivamente com água ascensional, o tempo de lavagem é de 8 a 15 min.;

• a expansão entre 20% e 30% do material filtrante se dá conforme a figura a seguir:

99
Unidade I

2
Velocidade ascendecional (cm/s) 1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
Areia - antracito
0,6
Areia - CAG
0,4
0,2
0
5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Expansão (%)

Figura 101 – Evolução da expansão do leito filtrante conforme materiais do filtro

• para lavagem superficial com água, conforme figuras a seguir, o tempo de lavagem é de 1 a
2 minutos, com taxa de 1,5l/s/m2 a 3,0l/s/m2 de água superficial, sendo a ascensional de forma a
garantir a expansão de 20% a 30% do leito filtrante;

Figura 102 – Lavagem com água na superfície


Vazão

Água ascensional

tempo

Figura 103 – Sistema de lavagem de filtros somente com água ascensional. Com tempo de lavagem
de 8 a 15 minutos. Expansão do material filtrante de 20% a 30%

100
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Vazão
Água ascensional

Água superficial

tempo
1,5 a 3l/s/m2

Figura 104 – Sistema de lavagem de filtros com água superficial e ascensional.


Tempo de lavagem com água em contracorrente de 8 a 15 minutos. Lavagem superficial somente
de 1 a 2 minutos. Expansão do material filtrante de 20% a 30%

• para lavagem unicamente com ar, seguido de água, o tempo de lavagem com ar é de 2 a
3 minutos, com água, de 8 a 15 minutos, com taxa de ar de 10l/s/m2 a 20l/s/m2, sendo a ascensional
de água de forma a garantir a expansão de 20% a 30% do leito filtrante;

Ar
Vazão

Água ascensional

Tempo

10 a 20l/s/m2

Figura 105 – Sistema de lavagem de filtros com ar unicamente e depois com água.
Tempo de lavagem com ar de 2 a 3 minutos. Tempo de lavagem com água em contracorrente
de 8 a 15 minutos. Expansão do material filtrante de 20% a 30%

• para lavagem com ar e água, simultaneamente, o tempo de lavagem com ar é de 2 a 4 min., com
água, de 8 a 15 minutos, com taxa de ar de 4l/s/m2 a 8l/s/m2, sendo a ascensional de água de
forma a garantir a expansão de 20% a 30% do leito filtrante. Observar que, durante a lavagem
com ar e água, de 2 a 4 minutos, a vazão de água é menor, pois junta com a de ar para garantir a
expansão do leito filtrante;

101
Unidade I

Ar

Vazão
Água ascensional

Tempo

4 a 8l/s/m2

Figura 106 – Sistema de lavagem de filtros com ar e água, simultaneamente.


Tempo de lavagem com ar de 2 a 4 minutos. Tempo de lavagem com água em contracorrente
de 8 a 15 minutos. Expansão do material filtrante de 20% a 30%

Com isso, feitas as definições do sistema de filtração com sua granulometria, materiais filtrantes
com espessura de cada camada, tipo de controle hidráulico, concepção da camada suporte e do fundo
falso, deve-se observar as seguintes taxas de filtração:

• camada simples de areia (def=0,5mm): 120m3/m2/dia;

• dupla camada areia-antracito: 240m3/m2/dia;

• camada simples de areia (def=1,2 a 2,0mm): 360m3/m2/dia a 480m3/m2/dia.

Assim, podem-se calcular os filtros seguindo os passos das equações 47 a 48 que seguem:

Q
Afiltração = Equação 47
q
Sendo:

q: taxa de filtração, m3/m2/dia

Q: vazão, m3/dia

Afiltração: área interna da projeção horizontal dos filtros, m2

Q
Afiltração = Equação 48
q
Sendo:

q: taxa de filtração, m3/m2/dia

102
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Q: vazão, m3/dia

Afiltração: área interna da projeção horizontal dos filtros, m2

N = 1,2 . Qmgd0,5 Equação 49

Sendo:

N: número de filtros, aproximado para cima

Qmgd: vazão mgd, 1mgd=3.785m3/dia, mgd

Afiltração
Afiltro = Equação 50
N
Sendo:

Afiltro: área de cada de filtro, m2

A área de cada filtro deve ficar entre 25m2 e 100m2. Caso fique fora desse padrão, é necessário mudar
o número de filtros e recalcular. Também recomenda-se a definição das dimensões de cada filtro em
função das dimensões dos decantadores, para que fiquem alinhados. Na sequência, define-se o método
e sistema de lavagem, expansão do leito filtrante e as calhas de coleta de água de lavagem dos filtros.

L
∑d ≥ 1.000 Equação 51
ef
Sendo:

L: espessura de cada camada, m

def: diâmetro efetivo de cada camada, m

QAL = qAL . Afiltro Equação 52

Sendo:

QAL: vazão de água de lavagem, l/s

qAL: taxa da água de lavagem, l/s/m2

A bomba de lavagem deve alimentar a taxa de lavagem no filtro mais desfavorável ou que apresentar
maior perda de carga na tubulação. Para determinar o espaçamento (S) entre as calhas dos filtros,
tem-se a equação 53, devendo-se observar as equações 45 e 46:

103
Unidade I

Lfiltro
S= Equação 53
Nfiltro

Sendo:

Lfiltro: comprimento do filtro, m

Nfiltro: número de calhas no filtro

Por fim, para os filtros, calcula-se o vertedor de saída pela equação 54 e tabela a seguir:

Tabela 12 – Tabela de B e h0 para cálculo do vertedor de filtros

B (m) h0 (m)
0,5 0,264
0,8 0,193
1,0 0,166
1,2 0,147
1,5 0,127

Adaptada de: Porto (2006).

Q = 1,84 . B . h 1,5
0 Equação 54

Sendo:

B: largura do vertedor, m

h0: altura de lâmina no vertedor

Q: vazão de descarga em vertedor retangular, m3/s

3.6 Desinfecção

O propósito do processo de desinfecção é eliminar, de modo econômico, os microrganismos


patogênicos presentes na fase líquida. Pode ser obtida por esterilização, que é um processo de destruição
de todas as formas de vida microscópica.

Como agentes desinfetantes, pode-se ter:

• agentes físicos;

• temperatura;

104
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• radiação;

• filtração;

• agentes químicos;

• fenóis;

• álcoois;

• halogênios;

• metais pesados;

• ácidos e bases.

Como características principais de um agente desinfetante, tem-se:

• atividade antimicrobiana;

• solubilidade;

• estabilidade;

• inocuidade para o homem e os animais;

• ausência de combinação com material orgânico estranho;

• apresentar toxicidade para os microrganismos em temperatura ambiente;

• ausência de poderes corrosivos e tintoriais;

• disponibilidade.

Os principais agentes desinfetantes utilizados no tratamento de água são:

• cloro (cloro gasoso, hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio);

• cloraminas;

• dióxido de cloro;

• ozônio;

• radiação ultravioleta.

Quanto ao modo de ação dos agentes desinfetantes, tem-se:

• lesão da parede celular;

• alteração da permeabilidade celular;

105
Unidade I

• inibição da ação enzimática;

• alterações das moléculas de proteínas e de ácidos nucleicos.

Normalmente, são utilizados microrganismos de baixa resistência como indicadores, com as seguintes
características:

• estar presente na fase líquida quando da presença de microorganismos patogênicos;

• estar presente apenas quando a presença de microrganismos for um perigo iminente;

• estar em maior número do que os microrganismos patogênicos;

• serem mais resistentes à ação dos agentes desinfetantes do que os microrganismos patogênicos;

• crescerem facilmente em um meio cultura relativamente simples;

• estarem distribuídos aleatoriamente na amostra a ser examinada;

• crescerem de forma independente em relação a outros microrganismos, quando inoculados em


meio de cultura artificial.

Seguem exemplos de grupos indicadores:

• grupos coliformes totais;

• grupos coliformes fecais ou termotolerantes;

• contagem de bactérias heterotróficas.

O quadro 1 apresenta os padrões microbiológicos exigidos na ETA:

Quadro 1 – Padrões microbiológicos para ETA

Parâmetro Valor mais provável


Água para consumo humano
Coliformes termotolerantes Ausência em 100ml
Água na saída do tratamento
Coliformes totais Ausência em 100ml
Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede)
Coliformes termotolerantes Ausência em 100ml
Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês:
ausência em 100ml em 95% das amostras examinadas no mês
Coliformes totais Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês:
apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado
positivo em 100ml

Adaptada de: Brasil (2017).

106
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Como o cloro é o princípio ativo mais utilizado na desinfecção, a tabela seguinte traz suas
dosagens típicas.

Tabela 13 – Dosagens típicas de cloro na desinfecção

Aplicação Dosagem típica pH ótimo Tempo de reação Efetividade


Oxidação de ferro 0,62 mg/mg Fe 7,0 < 1,0 hora Bom
7,5 a 8,5 Razoável, função
Oxidação de manganês 0,77 mg/mg Mn 1 a 3 minutos
9,5 do pH
Controle de biofilmes 1 mg/l a 2 mg/l 6,0 a 8,0 Não disponível Bom
Controle de gosto e odor Variável 6,0 a 8,0 Variável Variável
Remoção de cor Variável 4,0 a 7,0 Minutos Bom

O cloro pode ser aplicado nas seguintes formas:

• cloro gasoso (líquido – gás);

• hipoclorito de sódio (solução líquida);

• hipoclorito de cálcio (sólido).

Quanto ao aspecto da dissociação química, tem-se:

• para o hipoclorito de sódio, NaOCI + H2O ⇔ HOCI + Na+ + OH-;

• para o hipoclorito de cálcio, Ca(OCI)2 + 2H2O ⇔ 2HOCI + Ca+2 + 2OH-.

Para a cinética de desinfecção, deve ser observado tempo de detenção de 30 minutos, e:

• concentração mínima de cloro residual livre após a desinfecção: 0,5mg/l;

• concentração mínima de cloro residual livre na rede de distribuição: 0,2mg/l;

• concentração máxima de cloro residual livre na rede de distribuição: 2,0mg/l.

3.7 Fluoretação

O propósito do processo de fluoretação é garantir uma concentração mínima e máxima de íon fluoreto
em águas de abastecimento, a fim de que seja possível a manutenção da saúde dental da população,
evitando custos com tratamentos odontológicos. As concentrações de fluoreto recomendáveis em águas
de abastecimento estão na tabela a seguir.

107
Unidade I

Tabela 14 – Concentração de flúor em águas de abastecimento

Temperatura média anual das Limites recomendados de fluoreto (mg/l)


máximas diárias (°C) Inferior Ótimo Superior
10 – 12,1 0,9 1,2 1,7
12,2 – 14,6 0,8 1,1 1,5
14,7 – 17,7 0,8 1,0 1,3
17,8 – 21,4 0,7 0,9 1,2
21,5 – 26,3 0,7 0,8 1,0
26,4 – 32,5 0,6 0,7 0,8

Fonte: Brasil (1975, p. 9).

O flúor pode ser dosado como:

• fluoreto de sódio (NaF);

• fluoreto de cálcio (CaF2);

• fluossilicato de sódio (Na2SiF6);

• ácido fluossilícico (H2SiF6).

A tabela a seguir traz parâmetros de aplicação de fluoreto em água de abastecimento.

Tabela 15 – Concentração de flúor em águas de abastecimento

Compostos ⇒ Fluossilicato de Fluoreto de Fluoreto de Cálcio Ácido Fluossilícico


Características ⇓ Sódio (Na2SiF6) Sódio (NaF) (CaF2) H2SiF6
Forma pó pó pó líquido
Peso molecular (g) 188,05 42,00 78,08 144,08
% Pureza (comercial) 98,5 90-98 85-98 22-30
% Fluoreto (composto 100% puro) 60,7 45,25 48,8 79,02
Densidade (Kg/m ) 3 881-1153 1041-1442 1618 1,25(Kg/L)
Solubilidade a 25°C (g/100gH2O) 0,762 4,05 0,0016 infinita
pH solução saturada 3,5 7,6 6,7 1,2 (sol. 1%)

Fonte: Brasil (1975, p. 10).

3.8 Dimensionamento de sistemas de desinfecção e fluoretação

Calcula-se o volume do tanque para o tempo de detenção pela equação 54.

VOI = θh . Q Equação 54

108
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Sendo:

VOI: volume do tanque, m3

θh: tempo de detenção, s

Q: vazão, m3/s

A profundidade (H) do tanque deve ser de 3m a 4m e o comprimento (L) mínimo de 3 vezes a largura
(B), permitindo definir a área e geometria do tanque, conforme as equações 55 e 56:

VOI = B . L . H Equação 55

AS = B . L = 3 . B2 Equação 56

Sendo:

VOI: volume do tanque, m3

AS: área superficial do tanque, m2

B: largura do tanque, m

L: comprimento do tanque, m

H: profundidade do tanque, m

Cálculo do consumo diário de cloro, conforme equações 58 a 62, com parâmetros explícitos nas
equações, sendo (C) a concentração ou dosagem estabelecida:

Massa = Q . C . ∆t Equação 57

(Qi m3 /dia).0,8 g/m3


Massamínima = ( kg/dia) Equação 58
1.000 g/kg

(Qf m3 /dia).0,8 g/m3


Massamáxima = ( kg/dia) Equação 59
1.000 g/kg

Massamínima + Massamáxima
Massamédia = Equação 60
2

Massa = Massamédia . 20 dias(kg) Equação 61

109
Unidade I

Com isso, tem-se:

a) Opção 1 – cloro gasoso em cilindros de 1t

b) Opção 2 – hipoclorito de sódio, volume com concentração da solução: 12,0% em peso como Cl2.

Msolução = (Massamédia / 0,12)


Volhip = Equação 62
1.220 kg/m3
ρsolução =

Cálculo do consumo diário para fluoretação, conforme equações 58 a 62, com parâmetros explícitos
nas equações, sendo (C) a concentração ou dosagem estabelecida:

Massa = Q . (CAF – CAB) . ∆t Equação 63

(Qi m3 /dia).0,8 g/m3


Massamínima = ( kg/dia) Equação 64
1.000 g/kg

Sendo:

Mol H2SiF6=144,1g

Massa de F por mol de H2SiF6=114

Massamínima.144,1
Massa = ( kg/dia) Equação 65
114

Observação

É admitido, nesses dois casos, que o sistema de reservação tenha uma


autonomia de 20 dias.

Massa = Massamédia . 20 dias(kg) Equação 66

Para concentração da solução, 22,0% em peso como H2SiF6 e massa específica da solução de
1.260kg/m3, vem:

Msolução = (Massamínima / 0,22)


Volhip = Equação 67
1.260 kg/m3
ρsolução =

Os processos de desinfecção e fluoretação merecem controle no final, devendo-se observar:

110
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• que a demanda de cloro depende de reações com nitrogênio amoniacal;

• a cinética do processo de desinfecção com devida diluição e ação;

• o efeito da temperatura para a dissociação na fluoretação.

Saiba mais

Para saber mais sobre diluição e dissociação química em estação de


tratamento de água, leia:

DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO, A. D. Métodos e técnicas de tratamento


de água. 2. ed. Rio de Janeiro: Rima, 2005.

Exemplo de aplicação

Demonstrar os passos de cálculo de quantidade a ser armazenada de cal como (CaO) a 95% de
pureza, para dosagem de 20mg/L de Ca na ETA, Q=10.000m3/dia, período de 20 dias.

Primeiro, determina-se a massa molar do composto e do elemento de interesse no composto, sendo:


Mol CaO=40+16=56g e Massa de Ca por mol de CaO=40g.

Como a quantidade a ser armazenada é função da massa mínima no início de plano, vem:

(Qi m3 /dia).20 g/m3


=
Massamínima = 200( kg/dia)
1.000 g/kg

Massamínima.56 200.56
=
Massa = = 2.800( kg/dia)
40 40

Para concentração da solução 95,0% em peso como CaO e massa específica da solução de
1.700kg/m3, tem-se:

= =
Msolução (Massa mínima / 0,95) Msolução (2800 / 0,95)
Volcal = = 1,73 t/dia.
1.700 kg/m3
ρsolução = 1.700

Assim, em 20 dias, será necessário armazenar:

VoIcaltot = 20 . 1,73 = 34,60t

111
Unidade I

3.9 Possibilidades para disposição de sistemas de tratamento físico-químico

Após o cálculo dos sistemas, seus volumes e tamanhos, antes de se posicionar e calcular as bombas
e sistemas hidráulicos, deve-se traçar um plano diretor com a disposição dos sistemas calculados, de
forma que se possa visualizar e definir as partes restantes do projeto. As figuras a seguir mostram
exemplos de disposição conforme as unidades de tratamento, definidas em função da concepção da
ETA, ou mesmo de uma ETE, para tratamento de esgotos por processo físico-químico.

Casa de química

Canal de água coagulada

Figura 107 – Casa de química ao lado do floculador e decantador e de frente para a


calha parshall, para formação de água coagulada para os floculadores

8,4 m

Floculador Decantador convencional 12,0 m

2,8 m

Figura 108 – Floculador seguido de decantador e suas medidas


Canal de água coagulada

Casa de química

Figura 109 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores e decantadores e de frente
para a calha parshall, para formação de água coagulada para os floculadores, mostrando outra
possibilidade dos elementos dimensionados para a figura 107

112
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Casa de química

Figura 110 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores e decantadores da calha
parshall, para formação de água coagulada para os floculadores, mostrando outra possibilidade dos
elementos dimensionados para as figuras 107 e 109
Canal de água coagulada

Casa de química

Figura 111 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores e decantadores da calha parshall,
para formação de água coagulada para os floculadores, mostrando outra possibilidade dos elementos
dimensionados para a figura 110
Filtros
Casa de química

Casa de química
Floculadores

Canal de água coagulada Calha parshall

Figura 112 – Casa de química ao lado do floculador e decantador e de frente para a calha parshall
para formação de água coagulada para os floculadores e decantada para os filtros, complementando
a disposição da figura 107

113
Unidade I

Floculadores Filtros

Decantadores

Canal de água coagulada

Tanque Casa de química


de
contato

Figura 113 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores, decantadores e filtros,
mostrando possibilidade mais completa dos elementos dimensionados para a figura 110

Floculadores
Canal de água coagulada

Filtros Decantadores

Casa de química

Figura 114 – Casa de química ao lado de uma bateria de floculadores, decantadores e filtros e
de frente com a calha parshall, para formação de água coagulada, complementando a figura 111

Canal de água filtrada


Tanque
de
Filtros

contato

Casa de química
Floculadores

Canal de água coagulada Calha parshall

Figura 115 – ETA completa com casa de química, calha parshall para coagulação, floculadores,
decantadores, filtros, calha de água tratada e tanque de contato para desinfecção, fluoretação
e correção de pH, para a água final a ser armazenada e distribuída, completando a figura 112

114
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

4 DEFINIÇÃO DAS UNIDADES DE TRATAMENTO DA ETA

Dando continuidade aos conceitos apresentados na NBR 12216, tem-se que, associada a cada
unidade de tratamento necessária, há uma avaliação técnica por essa norma, que classifica quatro tipos
de águas brutas:

• Tipo A: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias sanitariamente protegidas,


com características básicas definidas na tabela seguinte, e as demais satisfazendo aos padrões
de potabilidade.

• Tipo B: águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não protegidas, com


características básicas definidas na tabela seguinte, e que possam enquadrar-se nos padrões de
potabilidade mediante processo de tratamento que não exija coagulação.

• Tipo C: águas superficiais, provenientes de bacias não protegidas, com características básicas definidas
na tabela seguinte e que exijam coagulação para se enquadrar nos padrões de potabilidade.

• Tipo D: águas superficiais provenientes de bacias não protegidas, sujeitas a fontes de poluição,
com características básicas definidas na tabela seguinte e que exijam processos especiais de
tratamento para que possam se enquadrar nos padrões de potabilidade.

Tabela 16 – Classificação das águas naturais para abastecimento


público

Tipos A B C D
DBO 5 dias (mg/L)
-média até 1,5 1,5 a 2,5 2,5 a 4,0 >4
-máxima, em qualquer 1a3 3a4 4a6 >6
amostra
Coliformes (NMP/100mL)
-média mensal em 50 a 100 100 a 5000 5000 a 20000 >20000
qualquer mês
>100cm menos de 5% >5000cm menos de 20% >20000cm menos de 5%
-máximo -
das amostras das amostras das amostras
pH 5a9 5a9 5a9 3,8 a 10,3
Cloretos <50 50 a 250 50 a 600 >600
Fluoretos <1,5 1,5 a 3,0 >3,0 -

Adaptada de: ABNT (1992g).

Nota: NMP – Número Mais Provável

O tratamento mínimo necessário a cada tipo de água é o seguinte:

• Tipo A: desinfecção e correção do pH.


115
Unidade I

• Tipo B: desinfecção e correção do pH e, além disso:

— decantação simples, para águas contendo sólidos sedimentáveis, quando, por meio desse
processo, suas características se enquadrem nos padrões de potabilidade; ou

— filtração, precedida ou não de decantação, para águas de turbidez natural, medida na entrada
do filtro, sempre inferior a 40 unidades nefelométricas de turbidez (UNT) e cor sempre inferior
a 20 unidades, referidas nos padrões de platina.

• Tipo C: coagulação, seguida ou não de decantação, filtração em filtros rápidos, desinfecção e


correção do pH.

• Tipo D: tratamento mínimo do tipo C e tratamento complementar apropriado a cada caso.

4.1 Disposição das unidades de tratamento e dos sistemas de conexões

As disposições, inclusive para ampliações, devem ser previstas e ainda obedecer aos seguintes
requisitos da NBR 12216:

• As unidades devem ser dispostas de modo a permitir o escoamento por gravidade, desde a chegada
da água bruta até a saída da água tratada; é permitido o recalque de água apenas para lavagem
e usos auxiliares.

• Qualquer unidade de um conjunto agrupado em paralelo deve ter dispositivo de isolamento.

• Quando existe apenas uma unidade, esta deve ter dispositivo de isolamento com passagem
direta da água.

• O arranjo dos diferentes grupos deve ser feito considerando a possibilidade de a estação exigir
ampliações superiores às previstas, atendendo aos isolamentos necessários.

• Os centros de operações devem se situar próximos das unidades sujeitas ao seu controle.

• O acesso às diferentes áreas de operações ou de observação do desenvolvimento dos processos


deve ser estudado de modo a evitar escadas ou rampas pronunciadas.

• O projeto deve permitir que a ETA seja construída em etapas, sem necessidade de obras provisórias
para interligação nem paralisação do funcionamento da parte inicialmente construída.

• A conveniência da execução em etapas deve ser fixada levando em conta fatores técnicos,
econômicos e financeiros.

• O dimensionamento hidráulico deve considerar as vazões mínimas e máximas, levando em conta


a divisão em etapas e a possibilidade de sobrecargas.
116
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

4.2 Grades

As grades se destinam a reter materiais grosseiros existentes nas águas superficiais; são utilizadas na
ETA quando circunstâncias especiais não permitem a sua localização na captação.

4.3 Micropeneiramento

Unidades de micropeneiramento destinam-se a reter sólidos finos não coloidais em suspensão


e podem ser adotadas em um dos seguintes casos: quando a água apresenta algas ou outros
microrganismos de tipo e em quantidade tal que sua remoção seja imprescindível ao tratamento
posterior; quando permite a potabilização da água sem necessidade de outro tratamento, exceto
desinfecção; quando permite redução de custos de implantação ou operação de unidades de tratamento
subsequentes. Os parâmetros para o dimensionamento das unidades de micropeneiramento devem
ser estabelecidos por meio de ensaios, e essas unidades devem contar com sistema de limpeza por
água em contracorrente.

4.4 Aeradores

Os aeradores têm como função introduzir ar na água para remoção de compostos voláteis e oxidáveis
e gases indesejáveis. Os dispositivos de aeração admitidos são:

• plano inclinado, formado por uma superfície plana com declividade de 1:2 a 1:3, dotado de
protuberâncias destinadas a aumentar o contato da água com a atmosfera;

• bandejas perfuradas sobrepostas, com ou sem leito percolador, formando conjunto com no
mínimo quatro unidades;

• cascatas, constituídas de pelo menos quatro plataformas superpostas, com dimensões crescentes
de cima para baixo;

• escadas, por onde a água deve descer sem aderir às superfícies verticais;

• ar comprimido difundido na água contida em tanques;

• tanques com aeradores mecânicos;

• torre de aeração forçada, com anéis Raschig ou similares;

• outros de comprovada eficiência.

A aplicabilidade dos diferentes tipos de aeradores e suas taxas de aplicação devem ser determinadas
preferencialmente por meio de ensaios. Não havendo possibilidade de determinar as taxas de aplicação
por meio de ensaios, os aeradores podem ser dimensionados pelos parâmetros seguintes:

117
Unidade I

• Aeradores conforme A, B, C, e D admitem, no máximo, 100m3 de água por metro quadrado de área
em projeção horizontal/dia.

• Aerador por ar difuso: os tanques devem apresentar período de detenção de pelo menos 5 minutos,
profundidade entre 2,5m e 4,0m, relação comprimento/largura maior que 2; deve garantir a
introdução de 1,5L de ar por litro de água a ser aerado, próximo ao fundo do tanque e ao longo
de uma das paredes laterais.

• Aerador mecânico: o tanque deve apresentar período de detenção de pelo menos 5 minutos,
profundidade máxima de 3,0m e relação comprimento/largura inferior a 2; deve garantir a
introdução de pelo menos 1,5L de ar por litro de água a ser aerada.

Em caso de dimensionamento de aeradores sem testes práticos, a implantação deve ser em etapas,
com a primeira servindo para definir as taxas reais de aplicação. Também, as tomadas de ar para aeração
em tanques com ar difuso não podem ser feitas em locais que apresentem impurezas atmosféricas
prejudiciais ao processo de tratamento, e devem ser protegidas com filtro ou tela.

Além disso, importante observar que o sistema mecânico para produção de ar comprimido deve
evitar a introdução de óleo na água.

4.5 Mistura rápida

A mistura rápida é a operação destinada a dispersar produtos químicos na água a ser tratada, em
particular no processo de coagulação.

As condições ideais, em termos de gradiente de velocidades, tempo de mistura e concentração da


solução de coagulante, devem ser determinadas preferencialmente através de ensaios de laboratório
(tipo jar-test ou ensaio de jarros). Quando esses ensaios não podem ser realizados, devem ser observada
as seguintes orientações:

• A dispersão de coagulantes metálicos hidrolisáveis deve ser feita a gradientes de velocidade


compreendidos entre 700s-1 e 1100s-1, em um tempo de mistura não superior a 5s.

• A dispersão de polieletrólitos, como coagulantes primários ou auxiliares de coagulação, deve ser


feita obedecendo às recomendações do fabricante.

Constituem dispositivos de mistura:

• qualquer trecho ou seção de canal ou de canalização que produza perda de carga compatível com
as condições desejadas, em termos de gradiente de velocidades e tempo de mistura;

• difusores que produzam jatos da solução de coagulante, aplicados no interior da água a


ser tratada;

118
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• agitadores mecanizados;

• entrada de bombas centrífugas.

Podem ser utilizados como dispositivos hidráulicos de mistura:

• qualquer singularidade em que ocorra turbulência intensa como, por exemplo, em calha parshall;

• canal ou canalização com anteparos ou chicanas;

• ressalto hidráulico;

• qualquer outro trecho ou seção de canal ou canalização que atenda às condições de gradiente
de velocidades.

A aplicação da solução de coagulante deve ser sempre feita imediatamente antes do ponto de
maior dissipação de energia e através de jatos separados de, no máximo, 10 cm. Já no caso de ressalto
hidráulico, em que o número de Froude, Fr=V/(g.y)0,5, esteja compreendido entre 2,5 e 4,5 (ressalto
oscilante), deve ser previsto dispositivo que anule as oscilações de velocidade a jusante do ressalto.

Ainda, a utilização de difusores, como dispositivo de mistura em canal ou canalização, deve satisfazer
às condições de gradientes de velocidade, além das seguintes:

• a aplicação da solução de coagulante deve ser uniformemente distribuída através de jatos não
dirigidos no mesmo sentido do fluxo;

• a área da seção transversal correspondente a cada jato não deve ser superior a 200cm2, e sua
dimensão máxima não deve ultrapassar 20cm;

• a velocidade da água com que os jatos são distribuídos deve ser igual ou superior a 2m/s;

• os orifícios de saída dos jatos devem ter diâmetro igual ou superior a 3mm;

• o sistema difusor deve permitir limpezas periódicas nas tubulações que distribuem a solução
de coagulante.

No caso dos agitadores mecanizados, devem-se obedecer às seguintes condições:

• a potência deve ser estabelecida em função do gradiente de velocidades (G);

• períodos de detenção inferiores a 2s exigem que o fluxo incida diretamente sobre as pás
do agitador;

• o produto químico a ser dispersado deve ser introduzido logo abaixo da turbina ou hélice do agitador.
119
Unidade I

O uso de bombas de recalque de água bruta, como dispositivo para mistura de coagulantes, somente
é permitido se, além de atendidas as condições de (G), forem cumpridas também as seguintes:

• a instalação de bombeamento possa ter somente uma bomba em funcionamento;

• caso exista possibilidade de funcionarem bombas em paralelo, a cada bomba corresponde um dosador;

• os produtos químicos utilizados não atinjam concentrações que os tornem agressivos às bombas.

Após a mistura do coagulante, o tempo máximo de percurso da água até o floculador deve
corresponder a 1 minutos, tempo esse que pode ser aumentado para até 3 minutos, quando, entre a
mistura e a floculação, existir um sistema capaz de conferir à água gradiente de velocidades igual ou
superior à do início no floculador.

Quanto aos produtos químicos que não se hidrolisam, eles podem ser misturados por um sistema
de agitação que confira à água gradiente de velocidades entre 100s-1 e 250s-1. Já produtos químicos
dosados a seco devem ser previamente dispersos ou dissolvidos em água antes de sua aplicação.

Quando, para realizar a coagulação, mais de um produto químico é aplicado, devem ser previstos
diferentes pontos para adição desses produtos, cada um com seu dispositivo de mistura, permitindo ao
operador proceder à sua aplicação na ordem que for considerada conveniente, de acordo com testes,
experiência do operador ou outra forma prática, desde que de comprovada eficiência.

4.6 Floculadores

Os floculadores são unidades utilizadas para promover a agregação de partículas desestabilizadas e


coaguladas (formadas) na mistura rápida. O período de detenção no tanque de floculação e os gradientes
de velocidade a serem aplicados devem ser determinados por meio de ensaios realizados com a água a
ser tratada (jar-test ou teste de jarros).

Dependendo do porte da estação e do critério do órgão contratante, não sendo possível proceder
aos ensaios destinados a determinar o período de detenção adequado, podem ser adotados valores entre
20 minutos e 30 minutos para floculadores hidráulicos e entre 30 minutos e 40 minutos para os mecanizados.

Não sendo realizados ensaios, deve ser previsto gradiente de velocidades máximo; no primeiro
compartimento, de 70s-1 e mínimo, no último, de 10s-1. A agitação da água pode ser promovida por meios
mecânicos ou hidráulicos, com a potência fornecida à água por agitadores mecânicos a ser determinada
pela expressão da equação 68:

Pot = µ . G2 . VoI Equação 68

Sendo:

Pot: potência, em W
120
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

µ : viscosidade dinâmica, em “Pa.s”

G: gradiente de velocidades, em s-1

VoI: volume útil do compartimento, em m3

Essa equação é igual à que deu origem à equação 22, anteriormente. Também, o gradiente de
velocidades em um compartimento do floculador hidráulico é dado pela equação 69:

g.∆H
G= Equação 69
ϑ. θh

Sendo:

G: gradiente de velocidades, em s-1

g: aceleração da gravidade, em m/s2

∆H: soma das perdas de carga na entrada e ao longo do compartimento, m

ϑ: viscosidade cinemática, em m2/s

θh: período de detenção no compartimento, em s

Para devidos ajustes, deve ser previsto dispositivo que possa alterar o gradiente de velocidades
aplicado de acordo com as características da água, permitindo variação de pelo menos 20% a mais e a
menos do fixado para o compartimento.

Os tanques de floculação mecanizados devem ser subdivididos, preferencialmente, em pelo menos


três compartimentos em série, separados por cortinas ou paredes, interligados, porém, por aberturas
localizadas de forma a reduzir a possibilidade de passagem direta da água de uma abertura para
outra. Para definição do local conveniente das aberturas, de modo a reduzir a passagem direta, devem
ser levadas em conta direções de fluxo impostas pelo sistema de agitação e pela própria entrada da
água no tanque. E, quando o fluxo de água incide diretamente sobre a abertura, deve-se colocar um
anteparo capaz de desviá-lo.

As dimensões das aberturas devem ser suficientes para que o gradiente de velocidades, na passagem
da água, tenha valor igual ou inferior ao do compartimento anterior. Já nos floculadores hidráulicos, a
agitação deve ser obtida por meio de chicanas ou outros dispositivos direcionais de fluxo, que confiram
à água movimento horizontal, vertical ou helicoidal; a intensidade de agitação (gradiente) resulta da
resistência hidráulica ao escoamento e é medida pela perda de carga. A velocidade da água ao longo
dos canais deve ficar entre 10cm/s e 30cm/s. O espaçamento mínimo entre chicanas deve ser de 0,60m,
podendo ser menor, desde que elas sejam dotadas de dispositivos para sua fácil remoção.
121
Unidade I

As cortinas destinadas a subdividir os tanques de floculação em compartimentos devem suportar os


esforços decorrentes da movimentação da água e, quando a passagem da água de um compartimento
para outro se dá por cima da cortina, esta deve ter, na parte inferior, abertura que permita escoamento,
por ocasião de esvaziamento do compartimento. Abertura essa que, se necessário, pode ser provida
de dispositivo basculante que impeça a passagem de quantidade significativa de água, em qualquer
sentido, durante o funcionamento normal.

Os tanques de floculação devem ser providos de descarga com diâmetro mínimo de 150mm e fundo
com declividade mínima de 1%, na direção desta descarga. Também devem apresentar a maior parte da
superfície livre exposta, de modo a facilitar o exame de processo.

4.7 Decantadores

Os decantadores são unidades destinadas à remoção de partículas presentes na água, pela ação
da gravidade. Podem ser convencionais, ou de baixa taxa, e de elementos tubulares, ou de alta taxa.
O número de decantadores da ETA depende de fatores operacionais e econômicos, observando-se os
seguintes aspectos:

• Estações com capacidade inferior a 1.000m3/dia, em operação contínua, ou estações com


capacidade de até 10.000m3/dia, com período de funcionamento inferior a 18h/dia, podem dispor
de apenas uma unidade de decantação, desde que não mecanizada.

• Estações com capacidade superior a 10.000m3/dia, ou com período de funcionamento superior a


18h/dia, ou ainda em que os decantadores são mecanizados devem contar pelo menos com duas
unidades iguais.

A taxa de aplicação nos decantadores é determinada em função da velocidade de sedimentação das


partículas que devem ser removidas pela relação da equação 70.

Q
= f.Vs Equação 70
A
Sendo:

Q: vazão que passa pela unidade, em m3/s

A: área superficial útil da zona de decantação, em m2

f: fator de área, adimensional

VS: velocidade de sedimentação, em m/s

Para decantadores convencionais, o fator de área é igual à unidade. Em decantadores de elementos


tubulares inclinados, o fator de área é determinado pela expressão da equação 71:

122
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

senα.( senα + L.cosα )


f= Equação 71
ε
Sendo:

α: ângulo de inclinação dos elementos tubulares com a horizontal, em graus

L: l/d, superior ou igual a 12, adimensional

l: comprimento do elemento tubular ou da placa, em m

d: diâmetro interno do elemento tubular ou distância entre unidades sucessivas de placas


paralelas, em m

ε: fator de eficiência (1,0 para placas planas paralelas, 4/3 para tubos circulares e 11/8 para tubos
quadrados), adimensional

Em decantadores de elementos tubulares horizontais ou de pequena inclinação (até 8°), o fator de


área é f = L/ε, devendo-se tomar para cálculo de L a distância vertical entre dois elementos consecutivos.
Quanto à velocidade de sedimentação, quando determinada por meio de ensaios de laboratório, deve
ser multiplicada por um fator K, conforme segue:

• estações com capacidade de até 1.000m3/dia, K = 0,50;

• estações com capacidade de 1.000m3/dia a 10.000m3/dia, em que é possível garantir bom nível de
operação, K = 0,70; caso contrário, K = 0,50;

• estações com capacidade superior a 10.000m3/dia, K = 0,80.

Não sendo possível proceder a ensaios de laboratório, as velocidades de sedimentação para o cálculo
das taxas de aplicação devem ser, para:

• estações com capacidade de até 1.000m3/dia, 1,74 cm/min. (25m3/m2.dia)

• estações com capacidade entre 1.000 e 10.000m3/dia, em que é possível garantir bom controle
operacional, 2,43cm/min. (35m3/m2.dia) – caso contrário, 1,74cm/min. (25m3/m2.dia)

• estações com capacidade superior a 10.000m3/dia, 2,80cm/min (40m3/m2.dia)

A velocidade longitudinal máxima (V0) não deve ser superior ao valor resultante das equações 72 e 73:

Re
V0 = Vs . Equação 72
8

123
Unidade I

V0 = 18 . Vs Equação 73

Sendo:

V0: velocidade longitudinal máxima, m/s

Vs: velocidade de sedimentação, em m/s

Re: número de Reynolds, adimensional

A equação 72 é para fluxo laminar, com número de Reynolds (Re) menor que 2.000. Já a equação 73
é para fluxo turbulento, com número de Re maior que 15.000.

Não sendo possível determinar a velocidade de sedimentação através de ensaios de laboratório, a


velocidade longitudinal máxima (V0), em decantadores horizontais convencionais, deve ser :

• em estações com capacidade até 10.000m3/dia, 0,50cm/s;

• em estações com capacidade superior a 10.000m3/dia, em que é possível garantir bom controle
operacional, 0,75cm/s e, havendo ainda remoção contínua de lodo por sistemas mecânicos ou
hidráulicos, 1,00cm/s.

Já para decantadores de elementos tubulares, a velocidade longitudinal máxima, para fluxo laminar,
deve ser de 0,35cm/s e, para fluxo não laminar, de 0,60cm/s.

A distribuição de água para um conjunto de decantadores de igual capacidade deve ser feita de modo
que dela resultem vazões aproximadamente iguais e vazões proporcionais para unidades desiguais. Em
qualquer dos casos, o desvio máximo da vazão não deve ultrapassar ±20% da vazão nominal de cada
unidade. Também, quando um conjunto de decantadores recebe água floculada do mesmo tanque de
floculação, a distribuição deve, adicionalmente, satisfazer às seguintes condições:

I. ter a entrada afogada através de abertura com dimensões tais que o gradiente de velocidades
resultante seja inferior a 20s-1;

II. ter a velocidade da água, no canal que a conduz aos decantadores, no máximo igual à metade da
velocidade nas aberturas de entrada nos decantadores;

III. nos casos em que, para satisfazer às condições I e II, a velocidade resultante no canal seja inferior
a 0,15 m/s, devem ser previstas facilidades para limpeza do canal, tais como declividade, registros
de descarga ou outros.

A entrada de água nos decantadores deve ser feita por dispositivo hidráulico capaz de distribuir a
vazão uniformemente através de toda a seção transversal e garantir velocidade longitudinal uniforme

124
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

e coincidente em intensidade, direção e sentido com a que, teoricamente, lhe seria atribuída. A entrada
de água nos decantadores convencionais ou nos de elementos tubulares de fluxo horizontal pode ser
feita por uma cortina perfurada que atenda às condições:

• ter o maior número possível de orifícios uniformemente espaçados segundo a largura e a altura
útil do decantador; a distância entre orifícios deve ser igual ou inferior a 0,50m;

• estar situada a uma distância “d” da entrada, calculada pela equação 74

ao
d = 1,5. .hútil Equação 74
A
Sendo:

d: distância da entrada do decantador, m

a0: área total dos orifícios, em m2

A = área da seção transversal do decantador, em m2

hútil = altura útil do decantador, em m

• gradiente de velocidades nos orifícios iguais ou inferiores a 20s-1;

• quando a parede da cortina tem espessura inferior à dimensão que caracteriza as aberturas
de passagem da água, estas devem receber bocais de comprimento de, pelo menos, dimensão
igual à referida;

• a câmara de entrada que antecede a cortina deve ser projetada de modo a facilitar a sua limpeza;

• relação a0/A igual ou inferior a 0,5.

A entrada de água nos decantadores convencionais de fluxo vertical ou nos de elementos tubulares
inclinados deve ser feita por pontos, fendas ou por borda inferior de cortina, de modo a assegurar a
distribuição uniforme da água em toda a área superficial do decantador. A coleta de água decantada deve
ser feita por um sistema de tubos perfurados submersos ou de vertedores não afogados, organizados de
modo a garantir vazão uniforme ao longo deles.

As canaletas de coleta de água decantada devem proporcionar escoamento à superfície livre e ter
bordas horizontais, ao longo das quais podem existir lâminas sobrepostas ajustáveis, para garantir a
coleta uniforme. A colocação das lâminas deve ser feita de modo a impedir a passagem de água nas
juntas com a canaleta. O nível máximo de água no interior da canaleta deve se situar à distância mínima
de 10cm abaixo da borda vertente.

125
Unidade I

Os tubos perfurados submersos podem descarregar em canal ou câmara, preferencialmente em


descarga livre, porém, se afogada, a carga hidráulica deve ser uniforme, visando obter vazões iguais nas
saídas do decantador.

Em decantadores convencionais e nos de elementos tubulares de fluxo horizontal, para os quais a


velocidade de sedimentação (Vs) tenha sido determinada através de laboratório, a vazão por metro de
vertedor ou de tubo perfurado de coleta deve ser igual ou inferior ao determinado na equação 75.

q = 0,018 . hútil . Vs Equação 75

Sendo:

q: vazão unitária, em L/s.m

hútil: profundidade do decantador, em m

Vs: velocidade de sedimentação, em m3/m2.dia

Não sendo possível proceder a ensaios de laboratório, a vazão nos vertedores ou nos tubos perfurados
de coleta deve ser igual ou inferior a 1,8L/s por metro.

Em decantadores de fluxo vertical e nos de elementos tubulares inclinados, a vazão nos vertedores
ou nos tubos perfurados de coleta deve ser inferior a 2,5L/s por metro. A distância entre as canaletas ou
tubos de coleta não deve ser superior a duas vezes a altura livre da água sobre os elementos tubulares
ou sobre a zona de lodo, nos decantadores de fluxo vertical.

O decantador com remoção manual de lodo deve apresentar as seguintes características:

• ser provido de descarga de fundo, dimensionada para esvaziamento no tempo máximo de 6h;

• a descarga do decantador deve situar-se preferencialmente na zona de maior acumulação de lodo;

• o fundo deve ter declividade mínima de 5% no sentido do ponto de descarga.

Nos decantadores convencionais, com remoção manual de lodo, deve ser prevista altura adicional
suficiente para acumular o lodo resultante de sessenta dias de funcionamento. Nos de elementos
tubulares, de dez dias. Deve também ser previsto dispositivo de lavagem por jateamento; os jatos
devem atravessar o decantador na sua menor dimensão, utilizando-se requintes de 13mm, conforme
estabelecido em norma brasileira sobre instalações prediais contra incêndio, sob comando.

A remoção hidráulica do lodo acumulado exige o fundo do decantador inclinado em ângulo


superior a 50°, formando poço em forma de tronco de pirâmide ou de cone invertido, na extremidade
inferior desse cone deve se situar a abertura da descarga. As válvulas de descarga devem ser situadas

126
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

em local de fácil acesso, para manutenção. Quando automática, deve conter dispositivo de ajuste do
tempo de funcionamento.

A carga hidráulica de descarga deve ser igual ou superior a 1,50m, acrescida da soma das perdas
de carga na canalização desde a entrada até o ponto de descarga. Em caso de a carga disponível não
alcançar 1,5m + perdas, é necessário fazer a descarga por meio de bombas próprias para esse fim,
devendo existir pelo menos duas, sendo uma de reserva.

A canalização para descarga de lodo, com comprimento até 10m, deve ter diâmetro mínimo de
150mm e, quando situada sob estruturas ou locais de difícil acesso, ou, ainda, com comprimento
superior a 10m, o diâmetro mínimo deve ser de 200mm. Deve ser previsto dispositivo para observação
das características do lodo descarregado.

A adoção de raspador mecânico deve obedecer às seguintes condições:

• ter poço de lodo, cuja descarga tenha ângulo do fundo superior a 50º em tronco de pirâmide ou
cone invertido;

• velocidade máxima do raspador de 30cm/min;

• descarga do poço do lodo sempre automática e sincronizada com o movimento do raspador.

Os decantadores devem ser dotados de remoção hidráulica de lodo, com ou sem dispositivo
mecânico de arraste, quando o lodo acumulado é rico em matéria orgânica não estabilizada ou outras
condições demonstrem ser mais vantajosas do que a limpeza manual. Deve ser previsto destino para o
lodo dos decantadores, sujeito a disposições legais e aspectos econômicos, conforme sua classificação
como resíduo.

4.8 Filtros lentos

Os filtros lentos são unidades destinadas a tratar águas tipo B ou águas que, após pré-tratamento,
se enquadrem nesse tipo. Sua camada filtrante deve ser constituída de areia, com as seguintes
características:

• espessura mínima de 0,90m;

• tamanho efetivo de 0,25 a 0,35mm;

• coeficiente de uniformidade menor que 3.

Na falta de areia no local, deve ser previsto tanque destinado à lavagem de areia retirada dos filtros,
dotado de extravasor, descarga de fundo e entrada de água bruta e de água filtrada, sendo a areia lavada
acumulada em local com capacidade para o volume correspondente a duas retiradas sucessivas.

127
Unidade I

A transição entre a camada filtrante e o sistema de drenagem dos filtros deve ser feita através de
camada suporte, salvo com sistema drenante projetado de forma a dispensá-la. Já a camada suporte,
constituída de estratos com granulometria decrescente no sentido ascendente, deve ter espessura
mínima de 20cm acima do sistema de drenagem. A granulometria do estrato que envolve o sistema de
drenagem deve ser superior às aberturas do sistema, e na granulometria do estrato adjacente à camada
filtrante deve ser capaz de impedir a passagem dos grãos mais finos.

O sistema de drenagem deve permitir que o filtro trabalhe com taxa uniforme, evitando percolações
preferenciais.

Em filtro com taxa constante, a entrada deve ser feita por meio de dispositivo que distribua a água
igualmente por todos os filtros. Já em filtro com taxa declinante, a entrada não deve restringir a vazão
máxima observada com o filtro limpo, devendo, porém, haver dispositivo de controle de vazão na sua
saída, o qual pode ser a válvula de isolamento, desde que adequada ao controle de vazão.

A saída de água filtrada deve ser feita de modo a manter sempre uma lâmina líquida sobre a superfície
do leito filtrante. É muito importante que a taxa de filtração (m3/m2.dia) a ser adotada seja determinada
por experiências em filtro piloto, em período superior ao necessário, para a ocorrência de todas as
variações da qualidade da água. Não sendo possível realizar essas experiências, a taxa de filtração não
deve ser superior a 6m3/m2.dia.

Devem ser previstos pelo menos dois filtros funcionando em paralelo, que devem possuir dispositivo que
permita esgotar as primeiras águas filtradas após a remoção da superfície da camada filtrante colmatada.

4.9 Filtros rápidos

Os filtros rápidos são unidades destinadas a remover partículas em suspensão, caso a água a
ser tratada seja submetida a processo de coagulação, seguido ou não de decantação, ou quando
comprovado que as partículas capazes de provocar turbidez indesejada possam ser removidas pelo
filtro, sem necessidade de coagulação.

Os filtros descendentes podem ser de camada filtrante simples ou dupla, enquanto os de fluxo ascendente,
somente de camada simples. A camada filtrante simples deve ser constituída de areia, com espessura e
características granulométricas determinadas com base em ensaios em filtro piloto. Porém, quando os ensaios
não são realizados, pode-se utilizar camada filtrante com espessura mínima de 45cm, tamanho efetivo de
0,45mm a 0,55mm e coeficiente de uniformidade de 1,4 a 1,6. Outras combinações desses parâmetros
podem ser utilizadas, desde que demonstrado que a eficiência do filtro não é menor do que com as camadas
especificadas anteriormente. É importante notar que, em caso de filtro de fluxo ascendente, na falta de
ensaios em filtro piloto, pode-se utilizar a camada filtrante com espessura mínima de 2,0m, tamanho efetivo
de 0,7mm a 0,8mm e coeficiente de uniformidade inferior ou igual a 2.

Contudo, a camada filtrante dupla deve ser constituída de camadas sobrepostas de areia e antracito,
com espessuras e características granulométricas determinadas por ensaios em filtro piloto. Quando os
ensaios não são realizados, pode ser utilizada a especificação básica para os seguintes elementos:
128
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• Areia: espessura mínima da camada, 25cm; tamanho efetivo, de 0,40mm a 0,45mm; coeficiente
de uniformidade, de 1,4 a 1,6.

• Antracito: espessura mínima da camada, 45cm; tamanho efetivo, de 0,8mm a 1,0mm; coeficiente
de uniformidade, inferior ou igual a 1,4.

Outras combinações desses parâmetros podem ser utilizadas, desde que demonstrado que a eficiência
do filtro não é menor do que com as camadas especificadas anteriormente.

Na base, a camada suporte deve ser constituída de seixos rolados, com as seguintes características:

• Espessura mínima igual ou superior a duas vezes a distância entre os bocais do fundo do filtro,
porém não inferior a 25cm.

• Material distribuído em estratos com granulometria decrescente no sentido ascendente, espessura


de cada estrato igual ou superior a duas vezes e meia a dimensão característica dos seixos maiores
que o constituem, não inferior, porém, a 5cm.

• Cada estrato deve ser formado por seixos de tamanho máximo superior ou igual ao dobro do
tamanho dos menores.

• Os seixos maiores de um estrato devem ser iguais ou inferiores aos menores do estrato situado
imediatamente abaixo.

• O estrato situado diretamente sobre os bocais deve ser constituído de material cujos seixos
menores tenham o tamanho, pelo menos, igual ao dobro dos orifícios dos bocais e dimensão
mínima de 1cm.

• O estrato em contato direto com a camada filtrante deve ter material de tamanho mínimo igual
ou inferior ao tamanho máximo do material da camada filtrante adjacente.

A camada suporte em filtro de fluxo descendente pode ser prescindível (retirada) quando o sistema
coletor de água filtrada e distribuidor de água de lavagem tem características adequadas para impedir
a passagem do material filtrante através de suas aberturas; nesse caso, a espessura mínima da camada
filtrante de areia fixada em 45cm deve ser aumentada de altura igual a 1,5 vez o espaçamento existente
entre os bocais do sistema coletor.

Deve-se observar que, em caso de filtro de fluxo ascendente, a espessura mínima da camada suporte
deve ser de 0,40m, sendo que cada estrato deve ter a espessura mínima de 7,5cm. O fundo do filtro deve
ter características geométricas e hidráulicas que garantam a distribuição uniforme da água de lavagem.

A taxa de filtração a ser adotada é determinada por meio de filtro piloto operado com a água a ser
filtrada, com camada filtrante igual à dos filtros a serem construídos. Não sendo possível proceder a
experiências em filtro piloto, as taxas máximas são as seguintes:
129
Unidade I

• para filtro de camada simples, 180m3/m2.dia;

• para filtro de camada dupla, 360m3/m2.dia.

Observação

Nota-se que, em caso de filtros de fluxo ascendente, a taxa de filtração


deve ser de 120m3/m2.dia.

O nível de água sobre a camada filtrante e o de saída do filtro são estabelecidos de modo a eliminar
ou reduzir a ocorrência de pressão inferior à atmosférica no leito filtrante.

A vazão de água de lavagem em contracorrente deve promover a expansão do leito filtrante de 20%
a 30% e ser previamente ajustada, em cada filtro, por elemento diferencial de pressão, que pode ser
uma válvula. A lavagem de filtro de fluxo descendente deve ser complementada por agitação auxiliar
do material filtrante, normalmente feita por sistema de ar comprimido. Em estações com capacidade
de até 10.000m3/dia, a agitação pode ser feita manualmente com rastelo ou com jato de água. Para
estações com capacidade superior a 10.000m3/dia, a agitação deve ser feita hidraulicamente, na camada
superficial do filtro, ou mediante a introdução de ar comprimido a partir do fundo.

A água de lavagem deve ficar em reservatório com capacidade mínima para lavagem de dois filtros,
exceto para sistema que utilize efluente de outras unidades. No dimensionamento do reservatório, o
tempo mínimo de lavagem deve ser de 10 minutos e a velocidade de lavagem é a determinada para
expansão de 20% a 30% do leito, não devendo ser inferior a 60cm/min. Ainda, em caso de filtro de fluxo
ascendente, a velocidade mínima de lavagem deve ser de 80cm/min. e o tempo de lavagem mínimo,
de 15 minutos. Junto ao filtro deve existir indicação do nível de água no reservatório, que mostre pelo
menos os níveis máximo, médio e mínimo.

Destaca-se que a água de lavagem pode provir de reservatório elevado, situado em cota suficiente
para garantir a lavagem em contracorrente. O enchimento do reservatório elevado deve ser feito
automaticamente, por meio de bombas ou derivações de linha de recalque, sendo que em qualquer dos
casos deve existir, instalada, uma bomba de reserva.

A vazão do sistema de recalque de água para o reservatório deve ser capaz de enchê-lo em 60 minutos.
Em caso de bombas de recalque afogadas, a canalização de água para o reservatório elevado pode ser
conectada diretamente à linha que distribui água de lavagem para os filtros. Em caso de bombas não
afogadas, a canalização deve ser conectada diretamente ao reservatório elevado, de forma a impedir que
a água de recarga atinja diretamente a saída e facilite o escape de ar, porventura aspirado pelas bombas.

A saída de água de lavagem deve ser feita através de dispositivo capaz de evitar a formação
de vórtice ao nível mínimo do reservatório. Em caso de lavagem por bombeamento direto, as
bombas devem apresentar curva característica que permita o ajuste da vazão de água de lavagem.
Essas bombas devem ser instaladas obrigatoriamente afogadas, de forma a impedir, em qualquer
130
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

circunstância e com toda a segurança, a ocorrência de vórtice e de cavitação. Ainda, a partida


dessas bombas deve ser comandada manualmente, no local de operação dos filtros. Também devem
ser projetadas de modo a evitar ou reduzir a presença de ar.

A lavagem superficial pode ser feita por meio de um dos seguintes dispositivos:

I. Torniquetes dispostos de modo a cobrir o máximo de área filtrante; a pressão de trabalho deve ser
de, no mínimo, 0,3 MPa, e a vazão, de 20L/min.m2.

II. Bocais fixos dotados de orifícios, instalados com espaçamento entre 60cm e 75 cm; o número e o
diâmetro dos orifícios devem ser estabelecidos de modo que deles resultem a velocidade mínima
de 3,0 m/s, a vazão entre 80 e 160L/min.m2 e os bocais instalados a uma distância entre 5cm e
10cm da superfície do leito expandido.

III. Tubos horizontais espaçados de 0,80m a 1,00m, com perfurações separadas no sentido do
comprimento de, no máximo, 20 cm; a velocidade, a vazão nos orifícios e a distância dos tubos
acima da superfície do leito filtrante devem ser estabelecidas conforme a alínea II, desta seção.
Nota-se, também, que os jatos de água devem ter inclinação de aproximadamente 15°.

Em caso de agitação suplementar com ar, exige-se vazão de ar de 0,60 a 1,20m3/min. por metro
quadrado de área do filtro e pressão de trabalho suficiente para vencer a altura da água no interior do
filtro – mais as perdas de carga nos condutos.

As calhas de coleta de água de lavagem devem ter o fundo localizado acima e próximo do leito
filtrante expandido. O espaçamento entre as bordas das calhas deve ser de, no mínimo, 1,00m e, no
máximo, igual a seis vezes a altura livre de água acima do leito expandido, não devendo, entretanto, ser
superior a 3,00m. A seção transversal das calhas deve ser simétrica em relação ao plano longitudinal
que passa pelo seu eixo. A parte inferior deve ter inclinação nos sentidos longitudinal e transversal, de
modo a evitar depósito de material.

Filtro com uma dimensão em planta igual ou inferior a 3,00m pode ter a água de lavagem descarregada
diretamente em canal lateral, perpendicular a essa dimensão. A borda do canal deve se situar acima da
camada filtrante expandida, à altura livre, não inferior a 15% da dimensão do filtro, perpendicular
ao canal. É admitida a reutilização de água de lavagem, desde que submetida a pré-sedimentação e
cloração intensa. Na primeira etapa de construção, deve existir pelo menos duas unidades filtrantes,
sendo desejável o mínimo de três. Em instalações com área filtrante total até 4 m2, admite-se a existência
de apenas uma unidade.

As paredes laterais dos filtros devem ser isentas de saliências na zona de expansão da camada
filtrante. No filtro, deve existir passadiço para observação do leito filtrante.

Os comandos dos filtros devem estar situados em área que permita o controle completo da operação,
cuja área deve ser coberta quando o equipamento assim o exija. Seu fechamento lateral deve ficar
condicionado a características climáticas locais.
131
Unidade I

O funcionamento dos filtros deve ser controlado por meio de:

• entrada de água no filtro feita através de comporta, adufa, válvula de gaveta ou válvula borboleta;

• saída de água filtrada através de válvula borboleta ou válvula de gaveta, quando sua função é
somente fechamento e abertura;

• entrada de água de lavagem através de válvula borboleta com dispositivo de abertura lenta;

• entrada de água para lavagem superficial através de válvula de gaveta ou válvula de borboleta,
caso haja controle de vazão;

• entrada de ar para agitação suplementar através de válvula de esfera ou válvula de diafragma;

• saída de água de lavagem através de comportas, adufas, válvula de gaveta ou qualquer outro
dispositivo de vedação.

A operação dos filtros deve ser controlada por meio de:

• dispositivos para medição de perda de carga;

• medidor de vazão, quando ela é controlada na saída dos filtros;

• tomada de água na saída de cada filtro, para determinação da turbidez.

4.10 Interligação das unidades

A interligação das unidades pode ser feita por meio de condutos forçados ou de condutos livres. Os
condutos com seção inferior a 0,50 m2 devem ser constituídos de tubos pré-moldados de seção circular,
salvo quando a unidade ou o processo exige conduto de seção diversa da circular ou moldado no local.

Os condutos livres ou canais podem ter a seção que melhor se adapte aos processos aos quais estão
vinculados. Observa-se que os canais de água tratada devem ter cobertura contínua e impermeabilizada.
Assim, nos canais cobertos, devem existir inspeções convenientemente espaçadas, além das localizadas
próximas a elementos internos do canal, que exijam manutenção.

As inspeções nas coberturas dos canais devem ser fechadas com tampas sanitariamente seguras, e
os canais não cobertos devem ser dispostos de modo a impedir a entrada de qualquer agente prejudicial
à qualidade da água transportada.

Canalizações instaladas sob unidades não removíveis e em situação que torne impossível sua
inspeção devem ser de ferro fundido ou aço, revestidas internamente à base de epóxi e envoltas em
concreto, para sua proteção.

132
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

4.11 Órgãos de fechamento dos condutos

Para fechamento de condutos livres e de suas derivações, pode-se usar comporta montada em guias
completas permanentes, comporta livre, comporta segmentada, adufa, válvula de gaveta ou válvula
borboleta. Em caso de operações frequentes e quando não interfiram com o trânsito de pessoas, deve-se
usar a comporta montada em guias completas permanentes.

Em caso de operações pouco frequentes ou quando não possa ser usada comporta montada em
guias permanentes, utiliza-se a comporta livre. Ainda, deve ser usada comporta segmentada em caso de
operações pouco frequentes ou quando sua localização não permita a remoção ou movimentação
de comporta livre.

A adufa deve ser usada em derivações para conduto livre ou forçado e instalada na face de montante.
Já a válvula de gaveta deve ser usada para fechamento de derivações à jusante e em posição que não
a torne permanentemente submersa. Também, a válvula borboleta deve ser usada para fechamento de
derivações e regulagem de vazão, de modo que, de preferência, não fique permanentemente submersa.

Para fechamento de condutos forçados e suas derivações, pode-se usar a válvula borboleta, a válvula
de gaveta, válvula de macho ou válvula de diafragma, como a seguir:

• a válvula borboleta deve ser usada para o fechamento total ou parcial de condutos forçados;

• a válvula de gaveta deve ser usada para o fechamento total de condutos forçados;

• a válvula de macho e a de diafragma devem ser usadas em condições de funcionamento que


tornem impróprio o uso de válvula borboleta;

• as válvulas, comportas e adufas devem ser instaladas em local que permita a sua fácil remoção;

• no caso de válvulas intercaladas em canalizações, a sua remoção deve ser possível sem necessidade
de retirar mais de duas peças consecutivas;

• o acesso a válvulas e comportas instaladas no interior de estruturas deve ser feito através de
inspeção, cujas dimensões permitam a sua passagem, sem que seja necessário desmontá-las;

• em caso de remoção por elevação de peça com massa superior a 30kg, a inspeção deve se situar
preferencialmente sobre ela;

• canalizações complexas devem ser organizadas de modo a facilitar a colocação de equipamentos


de manutenção;

• as comportas, adufas e válvulas de gaveta, que, isoladamente ou formando conjunto, são operadas
mais de dez vezes por mês, devem ser acionadas eletricamente ou por meio de sistema pneumático
ou hidropneumático, sempre que o empuxo da água atuante ultrapasse 2.500N, ou quando sua
133
Unidade I

operação manual não possa ser feita no mesmo local de trabalho de operações concomitantes de
outros órgãos;

• a válvula borboleta, operada mais de dez vezes por mês, cujo torque para acionamento ultrapasse
100N.m, ou quando sua operação manual não possa ser feita no mesmo local de trabalho de
operações concomitantes de outros órgãos, deve ser acionada eletricamente ou por meio
de sistema pneumático ou hidropneumático.

4.12 Casa de química

Casa de química é a área ou conjunto de dependências da ETA que cumpre as funções auxiliares,
direta ou indiretamente ligadas ao processo de tratamento, necessárias a sua perfeita operação,
manutenção e controle.

Mais à frente serão abordados projetos de uma casa de química completa, necessária a uma ETA que
trate águas dos tipos C ou D. Quanto às aguas dos tipos A e B, elas podem ter como casa de química,
dependências reduzidas e simplificadas, conforme a necessidade de cada processo específico. Fazem
parte da casa de química:

• depósito de produtos químicos;

• locais para preparo dos produtos químicos;

• locais para instalação dos dosadores de produtos

• químicos e para carga dos dosadores a seco;

• laboratório de controle operacional;

• centro de controle de operação;

• serviços administrativos;

• serviços auxiliares.

As partes constituintes da casa de química podem ser agrupadas no mesmo edifício ou, em casos
especiais, em mais de um, impondo-se, em qualquer caso, disposição que atenda aos aspectos funcionais
dos trabalhos de operação e o inter-relacionamento das diferentes partes. A circulação interna deve ser
cuidada de modo a evitar passagens obrigatórias através de recintos que devem ser resguardados.

Não é permitido alojamento de pessoal na casa de química, ainda que em caráter temporário, sendo
necessário prover alojamento não ligado diretamente à casa de química nem a qualquer parte da ETA.

134
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

O depósito de produtos químicos deve ter o piso situado preferencialmente 1,00m acima da cota da
área de estacionamento dos carros transportadores, devendo ser prevista uma plataforma com largura
mínima de 1,50m, destinada ao recebimento dos produtos químicos.

Cada depósito deve ter porta com largura mínima de 1,20m, de correr ou abrindo-se para o exterior
da casa de química. A área do depósito deve permitir o livre acesso entre as pilhas de sacarias, com
ventilação conveniente para evitar excesso de umidade. O armazenamento de produtos ensacados,
com a utilização de empilhadeiras mecânicas, é possível até a altura de 3,00m. O empilhamento manual,
até a altura de 1,80m.

Nos casos de depósitos situados externamente, juntos à casa de química, a transferência do produto
armazenado deve ser feita, mesmo em período chuvoso, sem prejuízo para o produto.

Os locais para preparo dos produtos químicos dosados por via úmida devem se situar próximos aos
seus depósitos. Os dosadores de produtos químicos com a mesma função devem se situar na mesma
área. Já os dosadores de cloro devem ser instalados em recintos próprios. Esses dosadores devem ser
instalados de modo a permitir a realização de trabalhos de manutenção sem que para isso seja necessário
mover o equipamento.

Canalizações e dutos conectados aos dosadores devem ser dispostos de modo a resguardar sua
integridade e não prejudicar a movimentação do pessoal. É importante observar que canalizações,
dutos, conexões, válvulas e peças afins, em contato com produtos químicos, devem ser de material
resistente e não devem transmitir toxicidade à água. Os dutos e as canalizações condutoras de produtos
químicos não devem ser embutidos em estruturas de concreto e paredes, devendo ser encamisados
quando necessário ultrapassá-las. Os dutos e canalizações condutores de produtos químicos devem ter
sempre inclinação, evitando-se também sifões. As mudanças de direção de 90° devem ser feitas por
meio de T ou cruzetas, com inspeção operculada nas extremidades.

O laboratório deve se situar próximo à área de dosagem. Sistemas centralizados de operação por meio
de instrumentação e telecomando devem ficar localizados próximo à área de dosagem. Os equipamentos
eletromecânicos devem ser, quando possível, agrupados em uma única área, a eles destinada e bem
definida. Assim, as áreas dos equipamentos eletromecânicos devem ser protegidas contra inundação e
poeira, ser secas, bem ventiladas e ter os equipamentos dispostos de forma a facilitar os trabalhos de
operação e manutenção.

Já as dependências mínimas da casa de química, para estações com capacidade inferior a


10.000m3/dia, são:

• depósito de produtos químicos;

• depósito de cloro;

• sala de dosagem;

135
Unidade I

• laboratório com mesa para serviços administrativos;

• anotações pertinentes à operação;

• instalação sanitária com chuveiro.

Em caso de estações com capacidade acima de 10.000m3/dia, as dependências mínimas são as


mesmas, acrescentando-se:

• sala de dosagem de cloro;

• laboratórios;

• instalação sanitária com bacia e um lavatório;

• instalação sanitária com duas bacias e chuveiro separado, situados em área com lavatório e armários;

• copa com área de 8 m2, balcão com pia e armários e mesa para duas pessoas;

• local para manutenção de equipamentos com 15 m2 de área.

4.13 Consumo de produtos químicos

O consumo deve ser determinado por ensaios de laboratório. Para dimensionamento dos dosadores,
caso os ensaios não sejam realizados nas condições críticas, deve-se adotar, como mínimos, os seguintes
fatores de segurança:

• águas de reservatórios de acumulação, 2,0;

• águas superficiais, 2,5;

• águas do tipo D, 3,0.

O consumo pode ser estimado por meio de dados verificados em outras estações, que tratem água
de características semelhantes.

4.14 Utilização de sulfato de alumínio

O sulfato de alumínio pode ser fornecido sólido ou em solução. Quando sólido, pode ser moído ou
granulado, ensacado ou a granel, dependendo das condições locais.

Deve ser previsto o armazenamento de sulfato de alumínio suficiente para atender a, pelo menos,
dez dias de consumo máximo. Já em estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia, deve ser previsto
armazenamento para período mínimo de 30 dias. Já em estações situadas em locais distantes dos centros
136
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

produtores de sulfato de alumínio, o armazenamento deve levar em conta as dificuldades para compra
e transporte do produto.

O armazenamento do sulfato de alumínio sólido, necessário a dez dias de consumo, deve ser feito
em local seco, interno – na casa de química –, isolado de pisos e paredes, bem como:

• em caso de fornecimento em sacos, eles devem ser colocados sobre estrado de madeira;

• em caso de fornecimento a granel, o sulfato deve ser armazenado em depósitos de material


resistente à corrosão.

Estações que exijam áreas de armazenamento para período de consumo superior a dez dias podem,
obedecidos os critérios estabelecidos anteriormente, ter o armazenamento complementado em área
separada da casa de química.

O sulfato de alumínio em solução deve ser armazenado em tanques localizados interna ou


externamente à casa de química; neste último caso, os tanques devem ser ligados à casa de química
ou ao ponto de aplicação por meio de canalizações instaladas, de modo a facilitar os trabalhos de
inspeção e manutenção. A dosagem de sulfato por via seca é permitida quando utilizados produtos
livres de umidade e de pó, com teor de acidez controlado, granulometria e demais características de
qualidade uniforme, para todos os fornecimentos.

A forma normal de aplicação de sulfato de alumínio deve ser por via úmida, procedendo-se, para
isso, sua dissolução prévia, em caso de fornecimento sob forma sólida. Os tanques para dissolução de
sulfato de alumínio devem ter características específicas:

I. volume útil mínimo total correspondente ao sulfato necessário a 12 h de operação;

II. mínimo de dois tanques;

III. teor máximo da solução em 10%, sendo necessário preparar a solução em concentração superior
a 10%; deve ser previsto um sistema de diluição controlada, antes da aplicação do sulfato;

IV. cochos para dissolução de sulfato sólido localizados junto a uma das bordas do tanque e providos
de chuveiro de água de dissolução;

V. entrada adicional de água com capacidade para encher o tanque em, no máximo, 1 h;

VI. dispositivo de agitação para cada tanque;

VII. descarga de fundo com diâmetro mínimo de 50mm;

VIII. saída de solução colocada a 10cm acima do fundo do tanque;

137
Unidade I

IX. piso, a partir do qual o sulfato de alumínio é tomado para ser colocado nos cochos, situado de
0,80m a 0,90m abaixo das bordas dos tanques.

Os tanques de dissolução de sulfato de alumínio sólido devem ser localizados no interior da casa de
química e próximos à área de armazenamento.

Quando conveniente, o sulfato de alumínio fornecido em solução pode ser novamente diluído antes
da dosagem, em tanques com características análogas às anteriores, de I a IX, exceto no que diz respeito
ao cocho para colocação de sulfato sólido. Os tanques de solução de sulfato de alumínio devem ser
executados ou revestidos com material resistente à corrosão e não devem transmitir toxicidade à água.

Podem ser usados tanques de aduelas de madeira, quando instalados em locais cobertos. A solução
de sulfato de alumínio deve chegar ao dosador com a pressão exigida para o seu perfeito funcionamento.

Quando necessário, deve ser mantida recirculação contínua da solução de sulfato de alumínio
dos tanques aos dosadores com retorno aos tanques. As bombas utilizadas na recirculação devem ser
instaladas junto aos tanques, com sucção provida de ponto de água de diluição.

4.15 Utilização da cal

A cal é fornecida ensacada ou à granel. Normalmente, utiliza-se cal hidratada e, havendo


disponibilidade local, pode ser utilizada a cal virgem. Deve ser previsto armazenamento de cal suficiente
para atender a, pelo menos, dez dias de consumo máximo. Em estações com capacidade inferior a
10.000m3/dia, deve ser previsto armazenamento para período mínimo de 30 dias.

Em estações situadas em locais distantes dos centros produtores de cal, o armazenamento deve levar
em conta as dificuldades para compra e transporte do produto. Assim, seu armazenamento deve ser feito
em local seco e atendendo às seguintes condições:

• Cal hidratada: se fornecida em sacos, eles devem ser colocados sobre estrado de madeira; se
fornecida a granel, colocada em silos, de preferência; estações de tratamento com capacidade
inferior a 10.000m3/dia podem ter área em comum para armazenamento de coagulante e de cal.

• Cal virgem: o armazenamento deve ser feito em um recinto que ofereça plena segurança contra
a entrada de umidade – devendo ser construído de material não combustível, mantendo a cal
armazenada isolada de qualquer outro produto químico.

Estações que exijam áreas de armazenamento para período de consumo superior a dez dias podem
ter espaço complementado em área separada da casa de química. A dosagem de cal hidratada por via
seca deve ser feita por meio de dosadores gravimétricos e, somente em caso de qualidade uniforme, por
dosadores volumétricos, sendo que:

• o material dosado deve ser colocado em suspensão em água, antes da sua aplicação;

138
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• existindo mais de um ponto de aplicação, a dosagem para os diferentes pontos pode ser feita por
meio de um único dosador, desde que exista dispositivo capaz de subdividir a suspensão em partes
proporcionais às dosagens requeridas nos diferentes pontos.

Para dosagem por via úmida, a cal hidratada deve ser colocada em suspensão na água e armazenada
em tanques, sendo que:

• é suficiente existir apenas um tanque específico para preparar a suspensão;

• devem existir pelo menos dois tanques para armazenamento da suspensão;

• o preparo da suspensão pode ser feito diretamente nos tanques de armazenamento.

A cal virgem deve ser dosada após sua extinção, por via úmida, sob a forma de leite de cal ou de
água de cal. Em estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia, a cal virgem pode ser extinta em
equipamento instalado na casa de química. O tanque para preparo de suspensão de leite de cal deve ter
as seguintes características:

I. volume útil mínimo, em litros, igual a duas vezes o peso em quilogramas de cal, correspondente a
um tanque de armazenamento;

II. entrada de água com capacidade para encher o tanque de preparo em, no máximo, 10 minutos;

III. saída da suspensão preparada por canalização com diâmetro mínimo de 75mm, colocada a pelo
menos 5cm acima do fundo do tanque. Logo após a saída, deve existir dispositivo capaz de reter
partículas que possam causar prejuízos ao sistema de dosagem;

IV. piso, a partir do qual a cal é tomada para ser colocada no tanque, situado de 0,80 a 0,90m
abaixo da borda;

V. fundo com declividade mínima de 2%;

VI. descarga de fundo com diâmetro mínimo de 75mm;

VII. ser dotado de agitador com rotor situado a 0,20m acima do fundo e com potência entre
100W/m3 e 250W/m3. O agitador deve operar com segurança para qualquer nível de
suspensão no tanque.

Os tanques de armazenamento de leite de cal devem ter as seguintes características:

• volume útil mínimo total correspondente ao necessário a 12 h de operação;

• mínimo de 2 tanques;

139
Unidade I

• teor máximo de suspensão de 10%;

• ser dotado de agitador de eixo vertical com rotor situado próximo ao fundo e potência
mínima de 50W/m3;

• fundo com declividade mínima de 2%;

• descarga de fundo com diâmetro mínimo de 75mm;

• saída da suspensão situada pelo menos a 5cm acima do fundo do tanque.

Observa-se que, em caso de preparo da suspensão diretamente no tanque de armazenamento, deve


ser observado o previsto agitador que respeite os itens IV e VII para tanques de preparo de suspensão
de leite de cal.

O tanque de preparo de suspensão ou os tanques para seu armazenamento, quando o preparo


é feito diretamente neles, devem ser localizados no interior da casa de química, próximos à área de
armazenamento de cal hidratada.

As canalizações de leite de cal devem ser dimensionadas para funcionar com a maior velocidade
possível, preferencialmente igual ou superior a 1,00m/s, com diâmetro mínimo de 40mm e providas de
pontos de água de diluição. Quando necessário, deve ser mantida recirculação contínua de leite de cal
dos tanques aos dosadores, com retorno aos tanques. As bombas utilizadas na recirculação devem ser
instaladas junto aos tanques, com sucção provida de ponto de água de diluição.

Quando a cal hidratada é dosada sob forma de água de cal, não são necessários tanques de
armazenamento, devendo existir pelo menos dois saturadores de cal – que devem apresentar
características específicas:

• dimensões que permitam à solução saturada de cal permanecer sempre com teor de Ca(OH)2 em
torno de 1.700mg/L;

• formato e dispositivos de entrada de água e saída de solução adequados, para que se consiga
fluxo uniforme de solução saturada;

• sistema que permita medir a vazão efluente;

• dispositivo de precisão, independente de parada, para controle da vazão afluente;

• descarga com diâmetro mínimo de 50mm;

• piso, a partir do qual a cal é tomada para ser colocada no saturador, situado de 0,80m a 0,90m
abaixo da borda;

140
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• serem equipados com agitadores para homogeneizar a solução antes do início da operação,
quando as suas dimensões assim o exigirem.

4.16 Utilização de cloro

O cloro é fornecido em cilindros, podendo ser utilizado em estado líquido ou gasoso. O consumo
de cloro necessário para desinfecção da água é estimado em 5mg/L, com o mínimo de 1mg/L; para
oxidação e preparo de compostos, é estimado de acordo com a necessidade do tratamento.

Em instalações com consumo superior a 50kg/dia, deve-se prever a utilização do cloro em cilindros
de 1t e dispositivo para sua movimentação em condições de segurança.

O depósito para armazenamento de cloro deve ser suficiente para atender a, pelo menos, dez
dias de consumo máximo. Em estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia, deve ser previsto
armazenamento para período mínimo de 30 dias. Em estações distantes dos centros produtores de cloro,
o armazenamento deve levar em conta as dificuldades para compra e transporte do produto.

Em instalações com consumo de até 50kg/dia, os cilindros e os aparelhos cloradores podem


ser instalados na mesma área. Em instalações de maior consumo, devem ser instalados em áreas
separadas. Os depósitos devem ser cobertos; se fechados com paredes em sua volta, devem ser
ventilados, sendo que:

• deve haver ventilação natural por meio de aberturas até o piso;

• além da ventilação natural, deve haver ventilação forçada, produzida por exaustor ou insuflador
disposto de modo a obrigar o ar a atravessar, rente ao piso, todo o ambiente a ser ventilado, com
capacidade para renovar todo o ar do recinto no tempo máximo de 4 minutos;

• as chaves ou interruptores dos aparelhos devem ficar do lado de fora do recinto;

• as saídas de ventilação devem ser localizadas de modo a dissipar, para o lado externo da casa
de química, eventuais vazamentos de cloro; a dissipação não pode incidir sobre a ventilação de
outras áreas nem sobre áreas externas confinadas, mesmo que parcialmente;

• os cilindros devem ser protegidos da incidência direta da luz solar.

A área de localização dos aparelhos cloradores deve contar com os meios de segurança previstos para
a sala de armazenamento de cloro. Ambas as áreas, de armazenamento e de instalação dos cloradores,
devem ter portas abrindo para fora, com as partes superiores envidraçadas e dotadas de abertura de
ventilação sobre o pórtico.

Os cilindros de cloro de 1t devem ser armazenados ou utilizados na posição horizontal, em uma só


camada, fixados por meios adequados, sendo de 0,20m o espaçamento mínimo entre cilindros e 1,0m
de largura mínima da passagem de circulação.
141
Unidade I

Os cilindros com capacidade até 75kg de cloro devem ser armazenados ou utilizados na posição
vertical, diretamente sobre a superfície de apoio. O controle da quantidade de cloro disponível deve
ser feito por pesagem contínua ou por dispositivo indicador da pressão dos cilindros em uso. As áreas
utilizadas para depósito ou dosagem de cloro devem contar somente com equipamentos e produtos
químicos relacionados à cloração.

O uso da cal clorada ou do hipoclorito de sódio deve ficar restrito a estações com capacidade inferior
a 10.000m3/dia ou quando demonstrado que seu uso é mais vantajoso do que o de cloro gasoso. O
armazenamento de cal clorada ou hipoclorito de sódio deve ser feito em local coberto, ventilado, seco
e isento de materiais combustíveis.

A cal clorada deve ser dissolvida previamente em água, para ser dosada por via úmida, sendo que:

• a concentração máxima de cal clorada na solução deve ser inferior a 10%;

• devem existir dois tanques de dissolução com capacidade individual mínima para 12 h de operação.

O hipoclorito de sódio pode ser utilizado diretamente do recipiente em que é transportado.

4.17 Laboratório

O laboratório é a área ou dependência da ETA que tem a função de controlar e acompanhar a eficiência
do tratamento, através de análises e ensaios físicos, químicos e bacteriológicos. No dimensionamento
das instalações mínimas do laboratório, deve-se considerar a existência ou não de um laboratório central
ou regional que controle a qualidade dos diferentes aspectos de diversas estações de tratamento.

Em estações com capacidade igual ou superior a 10.000m3/dia, deve ser prevista, obrigatoriamente,
área para laboratório de bacteriologia. Em estações com capacidade inferior, essa água pode ser
dispensada, desde que exista laboratório central ou regional, conforme dito anteriormente, e haja
condições de fácil comunicação dele com a ETA.

As análises e os ensaios físicos e químicos que, no mínimo, o laboratório deve realizar, compreendem
pH, alcalinidade, turbidez, cor, cloro, flúor, alumínio residual e coagulação.

Também, a área mínima do laboratório deve ser de:

• 8 m2 para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia e dispensadas da realização de ensaios


bacteriológicos; nesse caso, o laboratório pode ser localizado na própria sala de dosagem, desde
que isenta de pó ou vapores ácidos.

• 12m2 para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia e obrigadas à realização de análises
bacteriológicas; nesse caso, o laboratório deve constituir compartimento independente, porém
próximo à sala de dosagem.

142
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

• 16m2 para estações com capacidade igual ou superior a 10.000m3/dia.

• O pé-direito mínimo deve ser de 3,0m, com paredes internas revestidas à prova de umidade, o piso
impermeável e dotado de ralo.

O laboratório deve ser iluminado e ventilado, com previsão para:

• em caso de iluminação e ventilação naturais, aberturas para áreas externas à casa de química,
com área mínima de 25% da área do piso, dotadas de dispositivos que impeçam a incidência de
raios solares e chuva em seu interior;

• em caso de iluminação artificial, garantia de iluminação mínima de 250 lux para trabalhos
correntes e 500 lux para análises, preparação de reagentes e leituras de instrumentos;

• composição de lâmpadas com irradiação semelhante à da luz solar.

As bancadas dos laboratórios devem ter 0,90m de altura e no mínimo 0,60m de profundidade. O
comprimento mínimo deve ser de 5,0m para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia e de
10,0m para estações com capacidade igual ou superior a 10.000m3/dia. O espaço livre entre bancadas
deve ser igual ou superior a 1,40m. Sob as bancadas deve haver armários modulados, com área frontal
mínima de 4,0m2 para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia e com 8,0m2 para estações com
capacidade igual ou superior a 10.000m3/dia.

As bancadas, para estações com capacidade inferior a 10.000m3/dia devem ter pelo menos uma
pia com cuba de aço inoxidável medindo 0,50m x 0,40m x 0,40m; estações com capacidade igual ou
superior a 10.000m3/dia devem ter pelo menos duas dessas pias.

Os pontos de utilidades (energia elétrica, gás, vácuo, água e esgoto) devem ser bem definidos, em
função dos equipamentos previstos; as linhas de alimentação não devem ser embutidas em paredes,
piso ou teto. Recomenda-se relacionar no projeto da ETA, devidamente especificados, os equipamentos
e as vidrarias necessários à execução das análises previstas para o laboratório.

4.18 Segurança

As condições mínimas de higiene e segurança do trabalho apresentadas a seguir, complementadas


pelas normas brasileiras e de outras instituições nacionais e internacionais, devem ser observadas no
projeto da ETA, visando eliminar riscos de acidentes na operação de equipamentos, máquinas, circuitos
elétricos e circulação de pessoal.

Deve existir guarda-corpo de proteção em locais de circulação com altura superior a 2,0m, locais
com altura menor, porém potencialmente perigosos em casos de queda (canais com água em grande
velocidade e ao redor de filtros) e em tanques com profundidade de água superior a 1,5m.

143
Unidade I

O guarda-corpo deve ser construído de material rígido, capaz de resistir ao esforço horizontal de
800N/m aplicado no ponto mais desfavorável e ter altura mínima de 0,90m acima do nível do piso. Em
estações passíveis de visitação pública, as partes vazadas do guarda-corpo devem ser protegidas. Os
espaços livres, deixados no guarda-corpo para a instalação de escadas de mão, devem ser fechados por
uma corrente com gancho de mola.

Os locais de trabalho não devem ter piso com saliências ou depressões que possam causar acidentes
durante a circulação de pessoas ou movimentação de materiais.

Pisos, escadas, rampas, corredores e passadiços que ofereçam risco de escorregamento devem ser
de material antiderrapante ou executados por processo com resultados semelhantes. Também, pisos e
passadiços devem ter as aberturas protegidas por grades metálicas, para impedir acidentes com pessoas
ou a passagem de objetos que ponham em risco a segurança das instalações.

Os locais de circulação eventual, como reservatório elevado, situados em alturas iguais ou superiores
a 4,00m, e as estruturas de circulação também eventual, situadas abaixo do nível do solo, a profundidades
iguais ou superiores a 1,20m, devem ser providos de, no mínimo, escada de mão fixa, tipo marinheiro. Já
as escadas devem ser fixadas no topo, na base e, no máximo, a cada 3,0m. Escadas com altura igual ou
superior a 6,0m devem ser providas de gaiolas de proteção, desde 2,0m acima do piso até 1,0m acima
do último degrau.

Devem ser instaladas plataformas intermediárias para cada lance de 9,0m. Os degraus devem ter
espaçamento uniforme de, no máximo, 30cm em toda a altura da escada; o comprimento mínimo do
degrau deve ser de 40cm e o espaço livre atrás da escada de 18 cm.

Os locais em que possam ocorrer pingos ou respingos de produtos químicos devem contar com
chuveiro de emergência. Um lava-olhos deve ser incluído na instalação, especialmente naquelas em que
se trabalha com ácidos ou álcalis fortes.

As máquinas e os equipamentos devem ter as transmissões de força enclausuradas em sua estrutura


ou devidamente isoladas por protetores adequados, que devem ser fixados firmemente, à máquina,
ao equipamento, ao piso ou a qualquer outra parte fixa, por dispositivo que, em caso de necessidade,
permita a sua retirada e recolocação imediata.

Por fim, não se deve esquecer da aplicação das demais leis e normas aplicáveis, tanto na construção
como na operação e manutenção, principalmente das normas regulamentadoras (NRs) do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE).

Resumo

Foram definidas, contextualizadas e desenvolvidas as necessidades


para constituição de uma estação de tratamento de água de
abastecimento (ETA).
144
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Começando pela captação, seu tipo e posicionamento devem obedecer


às variações de nível do manancial, de forma que se possa captar a
quantidade de água da vazão máxima da ETA com a devida decantação do
material arenoso mais grosseiro, e sem que haja passagem desse material
pelas grades ou peneiras.

Com quantidade que atenda às necessidades projetadas, podemos


compreender que, para se retirar partículas indesejáveis da água, devemos
primeiramente desestabilizá-la da matriz fluida através da adição de
produtos químicos coagulantes, em meio a altas energias, o que acontece
na unidade de mistura rápida.

Assim, adicionam-se, em geral, polímeros e sais de alumínio ou ferro


(trivalentes) em meio a tanques com alta agitação e pouco tempo para que
ocorra a coagulação.

Vimos que, após coagulada, a água necessita passar por processo de


menor energia para encontro de partículas e formação de flocos, no caso
do floculador. Nessa unidade de tratamento, há uma retenção de em torno
5 a 10 minutos em gradientes médios, que permitem o encontro entre
partículas para aglutinação, porém sem que haja quebra do floco formado.

Os filtros servem para retirar as últimas impurezas, de maior tamanho,


e que, em geral, são associadas à turbidez da água, sendo necessária
ainda a desinfecção, fluoretação e correção de pH através da adição de
produtos químicos.

A desinfecção depende, em geral, do tempo de contato da água com


o elemento desinfetante, em geral o cloro, para que sejam eliminados os
organismos patogênicos.

O flúor entra na água tratada em uma estreita faixa de concentração


entre 0,6mg/L e 0,8mg/L, dada sua grande variação de solubilidade com a
temperatura, sempre merecendo grande atenção do químico e operador
desse processo, já que, para mais, pode causar gengivite e, para menos, não
é suficiente para evitá-la, devido ao processamento de alimentos.

Para correção de pH, utilizam-se elementos com cálcio ou sódio. A cal,


apesar de barata, é de maior dificuldade de se manter em suspensão para
dosagem. Já o sódio é aplicado solubilizado, porém seu custo por quilo é maior.

Por fim, deve-se ter uma casa de química com as devidas instalações para
o armazenamento e manuseio dos produtos químicos e devido gerenciamento
da ETA (ou sistema de ETE físico-química), com a devida segurança.
145
Unidade I

Exercícios

Questão 1. (Enade 2013) A figura a seguir apresenta um esquema para representar um sistema de
abastecimento de água para consumo humano, desde a captação até a distribuição.

Disponível em: <http://www.agua.bio.br>. Acesso em 10 jul. 2013.

Com base nos elementos e nas operações do sistema de distribuição de água representado acima,
assinale a alternativa correta.

A) A eficiência do sistema de tratamento de água é avaliada mediante a comparação dos resultados


das análises de amostras de água coletadas nos pontos 1 e de seu monitoramento no ponto 6.

B) O monitoramento do pH e do teor de cloro residual livre no ponto 7 serve como instrumento de


verificação da eficiência das operações realizadas no ponto 6.

C) O monitoramento da qualidade microbiológica da água no ponto 1 influencia a dosagem de


coagulante que será realizada no ponto 2.

D) Os resultados de análises de amostras de água coletadas no ponto 9 dispensam a condição de


potabilidade.

E) As etapas físicas do processo podem ser realizadas de maneira alternada, sem comprometer a
qualidade da água fornecida em 9.

Resposta correta: alternativa B.

146
SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: o ponto 1 representa a captação da água bruta. A qualidade da água tratada não
depende da qualidade da água captada.

B) Alternativa correta.

Justificativa: o ponto 7 representa o reservatório usado na distribuição para os bairros. O controle


feito nele verifica se as operações do ponto 6 foram eficientes, ou seja, se a água a ser distribuída
está adequada.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o coagulante tem por objetivo a formação de flocos, que são obtidos pela formação
de hidróxido de alumínio quando o sulfato de alumínio entra em contato com a alcalinidade natural da
água bruta. O sulfato de alumínio não atua no controle microbiológico.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: a água entregue para o consumo deve ser potável.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: as etapas devem ser executadas de maneira sequencial. Por exemplo, a decantação
deve ser feita antes da filtragem, pois, nessa etapa, é realizada a retirada dos flocos que não foram
decantados nos decantadores.

Questão 2. Uma ETA, com três decantadores, deverá purificar 90 L/s (324 m3/hora; 7.776 m3/dia)
de águas coloidais. As dimensões: largura (B); comprimento (L) e profundidade (P) dos tanques são,
respectivamente:

A) 15,6 m; 4 m; 7,8 m.

B) 7,8 m; 15,6 m; 4 m.

C) 4 m; 8 m; 2 m.

D) 15.6 m; 7,8 m; 4 m.

E) 7,8 m, 3,9 m; 15,6 m.

Resolução desta questão na plataforma.


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