A Consolidação Do Compliance Nos Princípios Da Ética E Da Transparência para A Gestão Responsável
A Consolidação Do Compliance Nos Princípios Da Ética E Da Transparência para A Gestão Responsável
A Consolidação Do Compliance Nos Princípios Da Ética E Da Transparência para A Gestão Responsável
1. Introdução
1
2. Problema de Pesquisa e Objetivo
3. Fundamentação Teórica
2
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades
e na aplicação efetiva de códigos de ética (ICB, 2017).
Após a revolução americana de 1776, o governo federal dos Estados Unidos
transferiu o poder de controlar as crown corporations o grupo de empresas estabelecidas
pelo Reino da Inglaterra (ou seja, casos como a Hudson’s Bay Company e a East índia
Trading Company) às legislaturas estaduais. Os estados é que definiam o propósito de
uma empresa por meio do contrato social emitido (também denominado de certificado de
incorporação). Em troca da concessão desse “documento de constituição”, as empresas
eram obrigadas a obedecer às leis, servir ao bem comum e não provocar danos.
Os primeiros parlamentares estaduais promulgaram leis de contratos sociais e
efetivos instrumentos afins para limitar a autoridade corporativa, e para garantir que,
quando uma empresa provocasse prejuízos, eles pudessem revogar sua licença de
funcionamento. A responsabilidade pela criação de uma estrutura de autoridade para as
empresas fora exercida pelo Poder Legislativo, e não pelos poderes Executivo ou
Judiciário do go verno. Isso teve um efeito na manutenção de uma supervisão rigorosa
das corporações pelos parlamentares devidamente eleitos pelo público, que tendiam a
deter um controle rígido sobre elas ao detalhar claramente as regras que cada empresa
deveria seguir, responsabilizar os proprietários dos negócios por danos ou prejuízos e
revogar licenças para funcionamento quando não houvesse conformidade com os termos
e com as condições previamente estabelecidos.
Durante o século XIX, sob pressão de industriais e banqueiros, o Poder Judiciário
concedeu às corporações maior grau de margem para manobra e mais direitos do que os
precursores tinham originalmente antecipado. Talvez o parecer mais significativo tenha
se dado em 1886, quando a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu em uma pendência
entre o condado de Santa Clara e a companhia ferroviária Southern Pacific Railroad que
uma corporação privada era uma “pessoa natural” perante a Constituição dos Estados
Unidos, protegida pela 142 Emenda, que determinava o devido processo no rol da
acusação criminal de “pessoas”. De acordo com os registros da Suprema Corte de Justiça,
o juiz Morrison R. Waite proferiu a seguinte decisão:
O tribunal não quer ouvir argumentos sobre a questão se, ou não, a provisão
constante na 4ª Emenda da Constituição, que proíbe um Estado de negar a qualquer pessoa
dentro de sua jurisdição a igual proteção das leis, aplica-se a essas corporações. Todos
somos da opinião que ela é aplicável. Ele declarou mais: As Corporações acusadas são
pessoas na intenção da cláusula da seção I da 4ª Emenda da Constituição dos Estados
Unidos, que proíbe um Estado de negar a qualquer pessoa em sua jurisdição a igual
proteção das leis.
Como Antes desse episódio (em meados do século XIX), as corporações tinham
duração limitada (10 a 30 anos) e eram restringidas em termos de seus propósitos de
negócios, dos imóveis que poderiam possuir e de seus níveis de capitalização. Nessas
corporações, o compartilhamento de poder era em favor dos acionistas de tal modo que
se poderia exigir consenso unânime para algumas de suas decisões mais importantes, tal
como promover uma aquisição seguida de fusão de estruturas).
Além disso, não havia limitação para proteger o passivo da corporação - todos os gerentes,
diretores e acionistas eram particularmente responsáveis por todas as dívidas da empresa,
e, em alguns estados, até dupla ou triplamente responsáveis por quaisquer prejuízos
provocados por ela. Um agravante ainda maior é que os estados se reservavam o direito
de revisar e a capacidade de, ou inserir emendas, ou revogar a licença de funcionamento
das empresas - em algumas instâncias nem mesmo requerendo uma razão para tal ação as
corporações foram definidas legalmente como “pessoas naturais”, elas automaticamente
acolhiam para si a mesma “Carta de Direitos” dos seres humanos, e assim passavam a
3
possuir e exercer os mesmos direitos daqueles garantidos aos indivíduos pela
Constituição.
Observa-se que a ética empresarial é um dos pilares interessantes do compliance,
pois através das atitudes e dos valores dos dirigentes as empresas poderão fortalecer as
suas relações nos ambientes internos e externos das organizações. O ambiente interno é
formado pelos setores, como: vendas, marketing, produção, contabilidade, entre outros.
O ambiente externo faz a interação como os agentes externos, como: mídia, governo,
fornecedores, clientes, entre outros.
Diante deste contexto, se as organizações, considerasse a integridade nos
negócios, o mercado seria positivamente influenciado, recolocando a ética corporativa no
seu devido lugar: acima dos resultados exclusivamente financeiros.
4
performance dos empregados, essa pequena meia-verdade é integrada às crenças dos
subordinados. Ampliar o grupo de potenciais executivos da alta administração implica
um investimento substancial no desenvolvimento de competências, especialmente para
os novos empregados. Na realidade, a organização incentiva os empregados a se
capacitarem o mais rapidamente possível, ao mesmo tempo que identifica aqueles com o
talento necessário para ser incluídos na verdadeira lista de empregados de alto potencial.
A comunicação de linha nessa estrutura é vital, ao passo que os instrumentos
complementares têm relevância limitada. Nas grandes empresas, os altos executivos na
matriz tendem a não interferir no trabalho dos gestores ou líderes das unidades de negócio
ou plantas descentralizadas, respeitando a autonomia local. O fluxo de comunicação
ocorre principalmente de baixo para cima e é focado nos resultados, de modo que o
desempenho desejado é necessariamente recompensado com bonificações. O clima é em
geral resultado de uma cultura de silos e inclui uma franqueza ousada em relação a quem
pode subir e quem não pode, pelo menos entre os mais afortunados.
A maioria das iniciativas de comunicação interna é dirigida de cima para baixo, e
a comunicação de linha é vital nesse tipo de organização, tanto transmitindo instruções
quanto verificando a qualidade na implementação das regras. Os instrumentos de
comunicação complementares serão sempre necessários, especialmente quando o porte
da organização exigir que informações relevantes sejam divulgadas a grandes grupos de
empregados geograficamente dispersos. O conteúdo da comunicação interna é, em grande
parte, focado em tópicos que estimulam os empregados a fazerem as coisas certas para a
organização e o clima é caracterizado por tratar os empregados de forma respeitosa. No
entanto, em um contexto burocrático tipicamente rígido, a capacidade dos empregados de
influenciar e implementar as políticas é inerentemente limitada.
Essa filosofia pode ser descrita da seguinte forma: “Os empregados apresentarão
melhor desempenho quando a alta administração tiver uma visão de liderança
inspiradora.” Uma cultura como essa só promoverá a união se os empregados se
identificarem profundamente com o líder e com a lógica dominante promovida pelo CEO.
A responsabilidade por informar e motivar cabe à gerência de linha, que recebe o
suporte dos instrumentos de comunicação complementares. Os discursos e diálogos são
cruciais e sempre devem ser repetidos, particularmente para os novos empregados. A
responsabilidade de estimular e manter o significado compartilhado numa organização
sem dúvida requer uma comunicação interna mais intensa e mais dispendiosa, o que inclui
o apoio do planejamento de recursos humanos para o desenvolvimento de competências.
O significado compartilhado naturalmente requer um fluxo de informações entre
todas as áreas da organização, não só por meio do diálogo vertical tradicional, mas
também pelo diálogo horizontal e lateral. Grande parte do conteúdo se refere a tópicos
inclusivos - do tipo “nós” - ou à natureza e ao propósito da organização e sua missão.
Dessa forma, o clima deve ser de abertura às novas ideias, com a criação de um ambiente
em que os empregados sentem que podem ajudar a elaborar a estratégia e contribuir para
sua implementação. Como consequência dessa escolha organizacional, é crucial que os
empregados sintam que são levados a sério - muito mais do que em outros tipos de
empresa.
A natureza desse modelo impõe inerentemente maior pressão aos profissionais de
comunicação, que precisam se manter plenamente conscientes da extensão e da
magnitude das demandas organizacionais. Os especialistas em comunicação nessas
empresas em geral atuam nos bastidores, mas proporcionam apoio vital ao CEO e à alta
administração, ampliando e destacando seu carisma, ao mesmo tempo que transformam
os executivos em símbolos do sistema de crenças.
5
Uma ideologia poderosa basta para inspirar as pessoas a fazerem a coisa certa.”
Com efeito, em uma empresa baseada em ideologia, as metas não são abertas a
questionamentos. Candidatar-se para trabalhar nesse tipo de organização
automaticamente implica que o empregado já se importa profundamente com seu
propósito. Embora desvios das crenças coletivas não sejam tolerados, a maioria dos
dissidentes potenciais nem se candidataria a trabalhar em uma organização na qual não
fossem bem recebidos.
Informar e motivar são ações que se misturam. Em outras palavras, a maior parte
do conteúdo confirma histórias de sucesso que simplesmente reforçam aquilo em que os
empregados já acreditam. O desenvolvimento de competências é cognitivamente focado:
o que é necessário saber para realizar um trabalho melhor? A estrutura da comunicação
interna é profundamente caracterizada pelos instrumentos de comunicação e por diálogos
intensos entre empregados e gerência de linha, seja qual for o nível, de unidades de
negócio ou de países. O fluxo da comunicação é em grande parte horizontal e vertical
para cima, principalmente centrado em ações que devem ser orquestradas. O clima é
altamente estimulante para indivíduos que sentem pertencer a um grupo de elite que
acredita que contribui para um mundo melhor.
Diferenças nos paradigmas requerem abordagens diferences de comunicação
interna. Em outras palavras, a comunicação focada no desenvolvimento e na manutenção
do alinhamento interno não se encaixa em uma perspectiva do tipo “tamanho único”. Em
cada um dos quatro paradigmas de identidade organizacional geral, diferentes requisitos
para a comunicação interna devem ser levados em consideração. Os quatro elementos de
processo da comunicação interna - fluxo, estrutura, conteúdo e clima - precisam ser
aplicados de forma distinta em cada um dos quatro paradigmas.
Além disso, esses elementos se contrapõem às três ações gerenciais envolvidas na
facilitação da mudança, inclusive informar, motivar e desenvolver competências.
Inicialmente, pode parecer complicado analisar esses fatores em uma matriz, mas o leitor
não levará muito tempo para se familiarizar com a combinação e constatar como a inter-
relação entre os elementos começam a se alinhar à identidade de uma organização.
Utilizando essa referência, os executivos e os profissionais de comunicação interna
poderão identificar com mais clareza as necessidades e os desafios da organização;
verificar os requisitos das mensagens; e, enquanto desenvolvem um plano de
implementação, definir os tipos de elementos gerenciais necessários ao estímulo do
alinhamento de toda a empresa em torno da nova estratégia.
4. Discussão
6
O compliance trabalha com a prevenção dos processos, tratando de forma
transparente as atividades desempenhadas nas organizações. O compliance também
fornece para os investidores instrumentos que são de extrema importância para a
perenidade dos negócios. Observa-se que os investidores ficaram mais críticos na hora
de investir, o que provocou a necessidade de maior transparência por parte das empresas.
Além do mais, nenhuma empresa sobrevive com a falência da sociedade na qual está
inserida. Um dos pilares da dinâmica empresarial e do mundo dos negócios é a confiança.
As organizações precisam ser transparentes no que diz respeito às suas atividades para
com a sociedade, o que também vale para suas demonstrações financeiras.
O envolvimento das chefias é necessário também, porque a função do compliance
envolve uma série de atividades com naturezas diferentes (avaliação de riscos, seleção e
treinamento de funcionários, criação de canais de comunicação e denúncia, investigação
e punição de desvios etc.), que devem ser articuladas de forma coerente para que sua
efetividade seja maximizada e os recursos investidos no programa não sejam
desperdiçados.
Essa articulação só pode ser realizada com o apoio e a participação direta da alta
direção, que tem visão estratégica dos diferentes setores da organização e capacidade de
influenciar e coordenar os atos de todos os funcionários e colaboradores.
As pessoas que detêm uma visão mais abrangente da organização geralmente são
aquelas mais preparadas para avaliar e sopesar os riscos existentes no desenvolvimento
das atividades econômicas. Sem o apoio constante e explícito delas, é natural que as ações
de avaliação e contenção de riscos permaneçam como atividades isoladas e fragmentadas
setorialmente.
Ademais, considerando que um programa de compliance efetivo deve fazer parte
da cultura corporativa, é preciso que ele caminhe lado a lado com a comunicação dos
valores essenciais da organização. Essa comunicação precisa, necessariamente, ser feita
pela alta administração.
Os graves casos de corrupção expostos pela operação Lava Jato vêm alterando
paradigmas sobre a importância e necessidade de programas bem estruturados de
compliance empresarial. Um dos principais problemas identificados em várias das
empresas investigadas foi a falta de transparência, o que certamente facilitou a
transferência de altas somas de dinheiro na forma de propinas.
A Petrobras, por exemplo, criou em 2014 o cargo de diretor de governança, risco
e compliance e afirmou que vai passar a exigir de seus fornecedores informações
detalhadas sobre estrutura, finanças e mecanismos de conformidade e combate à fraude e
à corrupção.
Tendo em conta a considerável quantidade de empresas envolvidas com a
Petrobras, em especial muitas empresas brasileiras, é de se esperar um efeito positivo de
tal exigência.
Merece destaque também o caso da empresa Odebrecht, que, além de investigada
pelas autoridades brasileiras na Lava Jato, tinha suas condutas analisadas nos Estados
Unidos, em que assinou um acordo com a autoridade americana em dezembro de 2016.
O caso envolve a prática de ato de corrupção em diversos países e é o maior da história
do departamento. Como resultado das negociações, o grupo econômico comprometeu-se
a pagar mais de US$ 3,5 bilhões, e o acordo exige que a companhia implemente um
programa de compliance novo e contrate serviço de monitoramento externo deste
programa.
7
5. Conclusão
Quanto mais complexa e diversificada for a estrutura da organização, maiores
serão os riscos envolvidos. O programa de compliance deve refletir essa realidade. Um
exemplo bastante evidente é o setor financeiro, em que os programas de compliance são
uma realidade já há algum tempo. Bancos estão expostos a um número de regras e à
complexidade normativa extremamente consideráveis. Além disso, normalmente são
estruturas com grande número de funcionários, o que torna complexo monitorar o
cumprimento das normas, gerando, assim, grandes riscos à instituição.
Uma maneira de tornar explícita e formal a adesão da organização às regras é a
confecção de um código de conduta. A ideia principal do código é deixar claro para todo
e qualquer funcionário que a empresa se preocupa e se importa com o respeito à legislação
e que deseja ser um ambiente de criação e expansão de cultura corporativa que reflita esse
desejo.
O modo de redação do código é variado, bem como seu conteúdo. Ele pode ser
um documento geral, que não aborda em detalhes o modo de atuação de cada funcionário
em cada setor, transmitindo apenas a cultura que permeia toda a atuação do grupo. Mas
nada impede que seja um documento detalhado, que pormenoriza os riscos específicos
enfrentados pela empresa. De qualquer forma, o mais relevante é que todos os
funcionários entendam que aquele livro que lhes foi entregue não é um peso de papel,
mas que ele deve ser consultado e compreendido.
6. Referências bibliográficas
CANDELORO, Ana Paula Pinho; DE RIZZO, Maria Balbina Martins; PINHO, Vinícius.
(2015). Compliance 360: riscos, estratégias, conflitos e vaidades no mundo
corporativo. 2. ed. revista e atualizada. São Paulo: Editora da Autora Maria Balbona
Martins de Rizzo.