Bases Constitucionais Do Direito Do Consumidor.

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21/02/2024, 16:31 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.

Módulo II - Bases constitucionais do direito do consumidor

No módulo anterior, ao tratarmos do surgimento da tutela protetiva do consumidor, vimos que a Resoluçao da ONU n. 39/248 [1] traçou uma política
Nações Unidas.

Por certo esta Resoluçao influenciou nossa Norma Constitucional, inserindo a defesa do consumidor dentre os direitos fundamentais, bem como o C

José Geraldo Brito Filomeno [2] destaca para a proteçao consumerista trazida pela Res. 39/248 que tem por escopo:

Proteger o consumidor quanto aos prejuízos à saúde e segurança;


Fomentar seus interesses econômicos;
Fornecer-lhes informações adequadas para capacitá-lo a fazer escolhas acertadas e de acordo com suas necessidades e desejos individuais;
Educá-lo e criar possibilidades de real ressarcimento;
Garantir a liberdade para formaçao de grupos de consumidores e outras organizações de relevância; e
Criar oportunidade para que essas organizações possam intervir nos processos decisórios que a ela se referem.

No Brasil, o inciso XXXII do artigo 5º da Constituição da República [3] jungido ao art. 170 do mesmo diploma legal, promove a tutela fundamental do
da ordem econòmica (art. 170, V).

Também no art. 150, a Constituiçao da República, ao trazer as limitações do Poder Público no exercício do poder de tributar, em todos os níveis da
5º deste mesmo artigo, que: “ a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre merc

O art. 48 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias dispôs que “O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias a promulgaçao da C

Veja que a imposiçao constitucional instou a elaboraçao e posterior sançao da Lei n. 8.078/90, dando origem ao Código de Defesa do Consumidor (C

Dessa forma, tendo em vista que o Código de Defesa do Consumidor decorre de uma imposiçao constitucional é mais do que claro que sua inter
feitos à luz das normas (regras e princípios) constitucionais, assim como todo o ordenamento jurídico brasileiro, tendo em vista o princípio da suprem
legal contra ela atentar, sob pena de ser expungido do ordenamento jurídico.

Nesse contexto, é oportuno mencionarmos que já há algum tempo a comunidade jurídica vem assistindo, atentamente, a um fenômeno jurídico: a c
passam a incorporar o “espírito” constitucional.

Ocorre que, em tempos pretéritos, as Constituições dos diversos Estados não tinham a força normativa que possuem hoje. Logo, a aten
infraconstitucionais.

A Constituição de 1988 é o ponto referencial de todo o ordenamento consumerista. Assim, tendo em vista a supremacia da Constituição e a cons
elaboradas após a promulgação do texto constitucional refletissem o “espírito” da Carta Magna. Daí a importância de estudarmos alguns dos princípi

Ademais, outro motivo para estudamos esses princípios é o fato de o constituinte originário ter estabelecido a defesa do consumidor como um dos p

Feitas essas considerações, passamos ao estudo das bases constitucionais do Direito do Consumidor.

O constituinte originário positivou nos artigos 1º e 3º da Constituição Brasileira de 1988, respectivamente, os fundamentos e os objetivos do Estado b
constitucional os fundamentos e os objetivos da República Federativa do Brasil demonstra que a intenção do constituinte originário foi a de q
interpretado à luz desses fundamentos e objetivos, o que inclui a defesa do consumidor.

De acordo com o artigo 1º da Constituição Federal a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e d
tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre inici

Desses cinco fundamentos, três são os que mais nos interessam pelo fato de guardarem maior proximidade com a defesa do consumidor.

O primeiro deles é a soberania. A ideia de soberania liga-se ao pressuposto da autodeterminaçao e da defesa do Estado no plano interno e externo
uma posiçao hierárquica em relaçao aos membros da federaçao (Estados, Municípios e Distrito Federal).

Na esfera internacional, a soberania do estado brasileiro está vinculada a autodeterminaçao e a independência, a significar a nao submissao a
brasileiro.

Por outro lado, dentre os interesses do povo brasileiro, estao os interesses dos consumidores. No âmbito da relaçao de consumo, notadamente, d
fosse assim, nao se justificaria a defesa do consumidor como princípio da Ordem Econômica (art. 170, V).

É nesse sentido que se interpreta a soberania do consumidor frente as relações de consumo, pois como agente final da cadeia produtiva, o con
reivindica e direciona suas demandas.

Quando se fala em interações de mercado e as decisões dos agentes de mercado, conclui-se que embora a decisao seja do fornecedor em colo
decidindo colocá-lo, restará efetivada a demanda.

Na acepçao jurídica, a soberania do consumidor se efetiva em suas escolhas na razao direta de que ele é o destinatário final da cadeia produtiva e d

Entretanto, as práticas de mercado e as estratégias de marketing muitas vezes induzem as escolhas dos consumidores violando a autonomia da
quando os agentes econômicos realizam atos ilícitos violando os direitos e interesses dos consumidores.

O segundo fundamento é a cidadania vocacionada ao direito de ter direitos. Fazemos esse alerta porque a cidadania era, anteriormente, compree
estava ligada unicamente aos direitos políticos.

Assim, considerando que a cidadania é um dos fundamentos da República Brasileira e que esse fundamento, que não deixa de ser um princípio, info
cidadão brasileiro tem o direito de ver materializado o direito à defesa consumerista.

Mas e se mesmo com o comando constitucional o legislador infraconstitucional não tivesse legislado uma norma destinada a regulamentar a relação

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Bem, nessa hipótese, caberia ao interessado valer-se de um remédio constitucional: o mandado de injunção, já que a falta de norma regulament
tornando inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à cidadania.

Veja, portanto, em que medida o fundamento/princípio da cidadania encontra-se atrelado à defesa do consumidor.

O terceiro fundamento da República é a dignidade da pessoa humana, e, portanto, reflete-se por todos os ramos do direito.

Sabe-se que a sociedade de consumo de massas dá causa aos eventuais danos de massa. Assim, numa sociedade em constante evoluçao, os r
sao inerentes ao modelo fordista de produçao em série.

Esse modelo de produçao fez surgir a acessibilidade aos produtos e serviços, tendo em vista os custos de produçao reduzidos e a consequente dim

Essa dinâmica econômica provocou um crescimento econômico exponencial, pois dinamizou o tempo de produçao ao mesmo tempo em que bar
mecanizaçao da produçao impactou no sistema de qualidade dos produtos e serviços trazendo riscos à atividade empresarial.

O surgimento do Código de Defesa do Consumidor propiciou a consagraçao dos direitos mais básicos dos consumidores, entre eles a proteçao da s
dos produtos ou serviços colocados à sua disposiçao. Surge com o CDC a responsabilidade objetiva do fornecedor pautada no risco da atividade po

A título de ilustraçao, vejamos o teor do acórdao do TJDFT [5]:

EMENTA:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. FURTO DE VEÍCULO NO INTERIOR DO ESTACIONAMENTO. RELAÇÃO
FORNECEDOR DO SERVIÇO. FALHA DO DEVER DE GUARDA, VIGILÂNCIA E SEGURANÇA. DEVER DE INDENIZAR. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR. AFASTADO
PROVA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Relação de consumo caracterizada nos autos, nos moldes dos arts. 2º e 3º do CDC
fornecedores de serviços é objetiva, fundada no risco da atividade por eles desenvolvida, não se fazendo necessário perquirir acerca da existência de culpa. Em
causalidade entre o defeito do serviço e o evento danoso experimentado pelo consumidor, o que restou demonstrado nos autos. 2. O supermercado/réu ao disponibiliza
fito de impedir dano ao seu consumidor. A falha na prestação do serviço impõe o dever de indenizar, nos termos do art. 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor. 3. O
Superior Tribunal de Justiça, que dispõe que a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento. 4. "Em verdade
shopping Center, supermercado ou similar, o estabelecimento assume a sua guarda e passa a ser o seu guardião. Tanto isso é certo que esses estabelecimentos mantêm vigilant
efetivamente impedir furtos, roubos e outras práticas danosas. Nos pátios abertos são erigidas "guaritas" onde os vigilantes se postam com rádios de intercomunicação perma
supermercados oferecem é justamente a facilidade e comodidade para estacionar. Buscam assim atrair clientes por esse meio. Evidentemente, a guarda do veículo não é gratuita
existentes nesse " mega-comércio" ou é cobrado à parte do proprietário um valor fixo ou proporcional ao tempo de permanência." (Rui Stoco, Tratado de responsabilidade civ
comprovação de qualquer hipótese que exclua a responsabilidade da empresa (caso fortuito/força maior ou fato exclusivo de terceiro), furto ocorrido em local sob a guarda
pagamento de indenização ao consumidor. 6. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida. (Acórdão n. 934572, Relator Des. RÔMULO DE ARAÚJO MENDES, Revis
Publicado no DJe: 2/5/2016).

Por oportuno, registre-se a interessante decisão do Superior Tribunal de Justiça [6]:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. AQUISIÇÃO DE GARRAFA DE REFRIGERAN
EXPOSIÇÃO DO CONSUMIDOR A RISCO CONCRETO DE LESÃO À SUA SAÚDE E SEGURANÇA. FATO DO PRODUTO. EXISTÊNCIA DE D
CONSUMIDOR. OFENSA AO DIREITO FUNDAMENTAL À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA. ARTIGOS ANALISADOS: 4º, 8º, 12 e 18, CDC e 2º, Lei 11.3
qual foi extraído o presente recurso especial, concluso ao Gabinete em 10/06/2013. 2. Discute-se a existência de dano moral na hipótese em que o co
sem, contudo, ingerí-lo. 3. A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho, expondo o consumidor à risco concr
conteúdo, dá direito à compensação por dano moral, dada a ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidad
12, CDC), o qual expõe o consumidor à risco concreto de dano à sua saúde E segurança, em clara infringência ao dever legal dirigido ao fornecedor, pr
Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/3/2014). Grifamos.

Vê-se que, no CDC, abandona-se a tendência contemporânea da responsabilidade civil baseada no critério da culpa, como sempre vigorou no si
critérios de imputaçao da responsabilidade: o risco e a vantagem econômica da atividade.

A teoria do risco vem de encontro a proteçao basilar do consumidor no respeito a sua dignidade como pessoa humana. A dignidade, considerada c
fundamentais.

Além disso, é preciso lembrar que a dignidade do consumidor legitima a proteçao dos seus direitos fundamentais, tendo em vista o dever ju
consumidores quando coloca produtos e serviços no mercado.

O quarto fundamento da República do Brasil que nos interessa com relação ao estudo da defesa do consumidor pauta-se nos valores sociais do tr

O Brasil adotou como regime de mercado, o capitalismo. Não o capitalismo puro (selvagem), mas um capitalismo que sofre a intervenção do Estado

Assim, há uma série de práticas e cláusulas que são consideradas abusivas pelo Código de Defesa do Consumidor. Tudo com vistas a garantir, de
dos princípios regentes da Ordem Econômica) e, de outro, o valor social dessa mesma livre iniciativa.

Sabe-se que a livre iniciativa constitui o amálgama da atividade econômica, mas que também da dificuldade de compatibilizar os interesses econôm
Nesse sentido, as palavras de Elizabeth Nantes Cavalcante [7]:

[...]

a livre-iniciativa norteia a atividade econômica, no livre jogo de interesses, que deve ser permeado pelos princípios constitucionais que tutelam as ativid
encadeamento das relações mercantis, o interesse dos consumidores como baluarte que consubstancia a atividade empresarial, na medida em que o co

Por último fundamento, tem-se o pluralismo político. Qual a relaçao deste princípio com a defesa do consumidor?

Ao reservar este campo principiológico como um valor a ser considerado como fundamento da República, a Constituiçao de 1988 assegurou
ideologias.

Veja que o segmento econômico franqueado pelo movimento da industrializaçao propiciou um desenvolvimento em todos os aspectos nos anos 80,
a democratizaçao da economia decorrente de novos protagonistas a se insurgirem no âmbito de políticas públicas em prol de uma nova categoria de

É nessa projeçao de forças sociais e políticas que se buscou, na esfera normativa, leis amparassem os mais vulneráveis no jogo econômico da soci

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Superada a análise dos fundamentos da República Federativa do Brasil que guardam maior relação com o Direito do Consumidor passemos a tratar

Dispõe o artigo 3º da Constituição Federal que constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, r

Como visto, um dos objetivos da República Brasileira é a construção de uma sociedade justa e solidária.

A doutrina jurídica costuma classificar a justiça em três grandes espécies: comutativa, distributiva e social, sendo que essas duas últimas gua
indivíduos.

A espécie de justiça que nos interessa aqui é a comutativa, ou seja, aquela que deve existir entre os particulares ao celebrar um determinado contra

Vimos, em momentos anteriores, que, antes do advento do Código de Defesa do Consumidor, aplicava-se, o antigo Código Civil de 1916 às relações

É de notar que as relações civis de Direito Privado são muito distintas daquelas estabelecidas entre os fornecedores de produtos e serviços e os re
pressuposto de que as partes se encontram no mesmo nível de igualdade, assim, pela autonomia privada, elas gozam da liberdade de contratar com

No tocante às relações de consumo, tuteladas pelo Direito do Consumidor, ocorre justamente o contrário, pois parte-se do pressuposto, e este é o
mais fraca, ou seja, mais vulnerável da relação de consumo.

Assim, o CDC veio com o objetivo de garantir a justiça comutativa, ou seja, buscou, por meio de suas normas (regras e princípios), restabelecer o eq

O que se apresentava antes do advento da Lei n. 8.078/90 era um desequilíbrio jurídico-econômico pautado na vulnerabilidade do consumidor diant

No reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de massa, o âmbito de aplicaçao das normas protetivas do consumidor pode
técnica, quanto jurídica ou fática.

Um outro objetivo da nossa República que constitui uma das bases do direito consumerista é a garantia do desenvolvimento nacional. Ora, uma
melhores produtos e serviços a serem ofertados. Assim, essa reivindicaçao por melhores produtos e serviços é própria da dinâmica mercantil cap
serviços constantemente para que possam fazer frente a concorrência.

Além do mais, quanto maior é o consumo mais se estimula a economia e, por consequência, mais empregos serão gerados para atender à demanda

É nesse sentido que se garante o desenvolvimento nacional quando há uma economia forte de mercado. Esse desenvolvimento pode ocorre tant
quanto social, na geraçao de novos postos de trabalho, ampliando o espectro da empregabilidade e reduzindo as desigualdades.

Como visto, tanto a defesa do consumidor quanto o desenvolvimento nacional são princípios previstos no texto constitucional, o que impossibilita a
se.

Lembre-se de que um dos princípios de interpretação constitucional é o principio da unidade da constituição. Segundo este postulado, é inaceitável a

Vejamos, nesse sentido, a lição do saudoso Professor Celso Ribeiro Bastos [8] (2014, pp. 124 e 125):

O princípio da unidade da Constituição significa que todo o Direito Constitucional deve ser interpretado evitando contradições entre suas normas. Da
postulado “obriga o interprete a considerar a constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão existentes entre as normas
se ter sempre em conta a interdependência de todas as normas de natureza constitucional.

Assim, aqueles que sustentam esse argumento querem, na verdade, operam um retrocesso no âmbito do universo jurídico brasileiro de normas prote

Além do mais, insta consignar, como reforço argumentativo, que na melhor hermenêutica das normas constitucionais (regras e princípios) deve se
conflito entre elas, essas devem ser harmonizadas (princípio da harmonização).

Vejamos, novamente, a lição de Celso Ribeiro Bastos [9] (2014, p. 128):

Através do princípio da harmonização se busca conformar as diversas normas ou valores em conflito no Texto Constitucional, de formar que se evite a
viesse a prevalecer a desarmonia, no fundo, estaria ocorrendo a não aplicação de uma norma, o que evidentemente é de ser evitado a todo custo.
particular de cada uma das regras em face das demais e dos princípios constitucionais. Mas, mais do que possibilitar a máxima efetividade possível, o
não se podem admitir contradições. O que é uno não é divisível, muito menos em partes opostas.

E, arremata o eminente Professor Celso Ribeiro Bastos [10] (2014, p. 128);

Nesse sentido, a harmonização é como que o postulado da máxima efetividade transportado para o preceito fundamental considerado em sua unidade.
se poderá dar ao texto a mais ampla aplicação que ele exige.

Vejamos agora a erradicaçao da pobreza e a redução das desigualdades regionais e sociais objetivos da República Federativa do Brasil.

Vimos que o acréscimo da demanda consumista enseja a criação de novos postos de trabalho e a empregabilidade, que viabiliza ao indivíduo sua in

A dinâmica trabalho/emprego fomenta o consumo e, por conseguinte, tende promover a redução das desigualdades sociais.

Quando há aumento de demanda exige-se a criação de novos polos industriais que, não raras vezes, acabam por se fixarem em localidades que ofe

Muitas das localidades que oferecem uma série de incentivos fiscais às indústrias são aquelas que se encontram abaixo da linha de desenvolvim
nessas localidades, a desigualdade regional passa a ser, paulatinamente, atenuada.

A erradicaçao da pobreza além de ser um desafio nacional, é um desafio global. A pobreza vincula-se a falta de recursos econômicos trazendo uma

Garantir uma mobilizaçao significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusive por meio da cooperaçao para o desenvolvimento é

Vê-se, portanto, que a defesa do consumidor caminha conjuntamente com os demais princípios constitucionais (desenvolvimento nacional, reduçã
postulados constitucionais.

De fato, o consumidor, ao sentir-se protegido, tenderá a consumir mais. Com o fomento do consumo, as inovações tecnológicas tende a evoluir, e n
polos industriais.

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O IV objetivo da República brasileira é combater a discriminação: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e

Está claro propósito de garantir o princípio da isonomia na Constituiçao da República. Trata-se aqui do bem comum, pautado no princípio da igualda

Assim, vocaciona-se a análise da não discriminação conjugada com o princípio da isonomia.

Esclareça-se, antes de tudo, que a isonomia ou a igualdade podem ser de duas naturezas: formal ou material. A primeira é a aquela garantida no
consiste em concretizar, no mundo real, essa garantia.

O Código de Defesa do Consumidor busca afastar qualquer favorecimento indevido a esse ou aquele consumidor, uma vez que tal conduta atentaria

Contudo, há situações em que a discriminação será permitida, simplesmente pelas características do consumidor, é a denominada discriminaçao p
planos de saúde. Ora, não se pode afirmar que os riscos que uma pessoa de 20 anos oferece encontram-se na mesma proporção que aqueles ofere

Assim, devem-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades.

Veja-se, por exemplo, interessantes decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesse sentido:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. CLÁUSULA DE REAJUSTE POR MUDANÇA DE FAIXA
OCORRÊNCIA. CONDIÇÕES OBSERVADAS PARA VALIDADE DO REAJUSTE. RECURSO DESPROVIDO. 1. Nos contratos de seguro de saúde,
guardam relação de proporcionalidade com o grau de probabilidade de ocorrência do evento risco coberto. Maior o risco, maior o valor do prê
independentemente de estar ou não ela enquadrada legalmente como idosa, maior é a probabilidade de contrair doença. Há uma relação direta entre
de serviços de assistência médica. 3. Deve-se admitir a validade de reajustes em razão de mudança de faixa etária, desde que atendidas certas cond
demais requisitos estabelecidos na Lei Federal nº 9.656/98; e c) observância do princípio da boa-fé objetiva, que veda índices de reajuste desa
contratos individuais/familiares denominados antigos, isto é, firmados antes de 2 de janeiro de 1999 e não adaptados à Lei 9.656/98, quanto os contrato
expressamente as faixas etárias nas quais serão realizados os reajustes. Nos contratos novos, o valor atribuído a cada prestação de acordo com a faixa
instrumento contratual. 5. Em relação aos contratos novos, a Lei 9.656/98, em seu art. 15, determina que caberá à ANS estabelecer as faixas etária
contratos firmados entre 2 de janeiro de 1999 e 31 de dezembro de 2003, valem as regras da Resolução do Conselho de Saúde Suplementar - CONS
etárias, de modo que o valor fixado para a última faixa etária não pode ser superior a seis vezes o previsto para a primeira; a variação de valor na contra
plano ou seguro há mais de dez anos. Já para os ajustes firmados a partir de 1º de janeiro de 2004, incidem as regras da Resolução Normativa - RN
etárias, a última aos 59 anos; o valor fixado para a última faixa etária não pode ser superior a seis vezes o previsto para a primeira; a variação acumu
entre a primeira e sétima faixas. 6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, desprovido. (REsp 646.677, Quarta Turma, Min, Rel. Raul Araúj

DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE DE ÓRGÃO DO PODER LEGISLA
SAÚDE. REAJUSTE DE MENSALIDADES EM RAZÃO DE MUDANÇA DE FAIXA ETÁRIA. VEDAÇÃO. 1. Da conjugação do art. 21 da Lei n.º 7.347/8
que os colegitimados do art. 82, III, desse Código podem se utilizar da ação civil pública na defesa dos interesses e direitos do consumidor. 2. O ar
Administração Pública para propor ações coletivas, a atuação desses na defesa dos direitos do consumidor. 3. Exigir a menção no Regimento Interno da
ia o excesso de formalismo, em detrimento da finalidade perseguida pelo legislador de facilitar a atuação das entidades e órgãos de defesa o consum
termos do art. 15, § 3º, do Estatuto do Idoso, o que impede especificamente o reajuste das mensalidades dos planos de saúde que se derem p
reajustes permitidos em lei, os quais ficam garantidos às empresas prestadoras de planos de saúde, sempre ressalvada a abusividade. 5. R
Andrighi, julgado em 2/12/2010. Grifamos.

Passemos à análise de alguns princípios da ordem econômica que guardam notória relação com a defesa do consumidor.

Conforme dispõe o artigo 170 da Constituição Federal a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem p
justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre conco
inclusive, mediante tratamento diferenciado, conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestaçã
do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas, sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e adm

Alguns dos fundamentos e princípios da Ordem Econômica correspondem aos fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil.

O fundamento da valorização do trabalho humano e o princípio da busca do pleno emprego relacionam-se com o inciso IV do artigo 1º da Constituiçã

Como já mencionado, com o incremento do consumo mais postos de trabalhos serão criados e, por consequência, valorizar-se-á o trabalho hu
efetivar, ainda que, paulatinamente, a redução das desigualdades regionais e sociais.

O fundamento da livre iniciativa também se relaciona com o inciso IV do artigo 1º da Constituição. No entanto, como já afirmado, essa livre inic
iniciativa em que se respeite os direitos fundamentais, sobretudo, a defesa dos consumidores.

O direito de propriedade e a funçao da propriedade vocacionam-se ao desenvolvimento econômico, que tem no consumidor o principal protagonista.

Além disso, esses dois princípios vinculam-se á funçao social da empresa, tendo em vista que é ela que possui o monopólios das informações, insu
na prestaçao de serviços.

No que se refere a livre concorrência saliente-se que essa enseja o desenvolvimento nacional. Na corrida concorrencial, invariavelmente ocorre a ab
a prática abusiva é contrária aos ditames constitucionais da liberdade de iniciativa e da livre-concorrência.

Além disso, a prática abusiva fere o direito fundamental do consumidor. Na atividade econômica, o poder econômico, por óbvio, é legítimo enquan
este poder torna-se ilegítimo quando lesa o mercado e os consumidores.

Com a diversidade de fornecedores de um mesmo produto, os consumidores poderão optar por adquirir os bens de consumo desse ou daquele for
se nesse mercado e, uma das formas de ganhar destaque, é o aperfeiçoamento dos bens e dos produtos ofertados por meio do desenvolvimento de

A proteção ao consumidor é essencial, pois, ao ter seus direitos defendidos, o consumidor consumirá mais, contribuindo para o fluxo da economia. P
meio ambiente equilibrado.

Esta é a razao da inserçao do meio ambiente como princípio da ordem econômica. Da mesma forma, a produçao e o consumo, que nao se encontra

Por derradeiro, anote-se que ao consumidor devem ser garantidos os direitos à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem.

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[1] ONU BRASIL. Disponível em: <www.nacoesunidas.org.

[2] FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de direitos do Consumidor. 14ª ed., Sao Paulo: Atlas, 2016.

[3] CÂMARA DOS DEPUTADOS. Constituiçao Federal de 1988. Disponível em: <www2.camara.leg.br. Acesso: 24.03.2020.

[4] CAVALCANTE, Elizabeth Nantes. Lex-Doutrina. Lex Magister. O Consumidor e a Livre-Iniciativa: Perspectivas de um Mercado de Consumo Co
<https://lex.com.br/doutrina_23956198_O_CONSUMIDOR_E_A_LIVRE_INICIATIVA_PERSPECTIVAS_DE_UM_MERCADO_DE_CONSUMO_CONT
Acesso: 24.03.2020.

[5] TJDFT. Disponível em: <www.tjdft.jus.br>. Acesso: 24.03.2020.

[6] STJ. Disponível em: www.stj.jus.br. Acesso: 24.03.2020.

[7] Op. Cit.

[8] BASTOS, Celso Ribeiro. Hermenêutica e interpretação constitucional. 4ª ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2014.

[9] Op. Cit.

[10] Op. Cit.

[11] PLATAFORMA AGENDA 2030. Disponível em: www.agenda2030.com.br. Acesso: 24.03.2020.

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