Criticismo

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1.

Introdução
Immanuel Kant (1724-1804) nasceu em Konigsberg, na Prússia. Nasceu em
uma família pobre e religiosa e teve dez irmãos, teve uma educação moral
embasada nos ideais protestantes pietista. Durante sua vida, foi professor
universitário e precepto, suas principais obras foram Crítica da Razão Pura, Crítica
da Razão Prática e Prolegômenos, tendo deixado diversos escritos filosóficos.
estudou no Colégio Fridericianum e na Universidade de Königsberg. Ademais, é
considerado um dos maiores filósofos após os gregos. Por fim, morreu em casar,
ter filhos ou sair da sua cidade natal.
Para Hessen (1980) o fundador da epistemologia ou teoria do conhecimento,
dentro da filosofia continental, é Immanuel Kant, sendo sua principal obra a Crítica
da Razão Pura, que busca dar fundamento crítico ao conhecimento científico da
natureza. De acordo com Dutra (2010, p.122) “Kant levou a epistemologia a um grau
de profissionalização jamais visto antes”.
Entre as características de Kant, cita-se o fato de ser extremamente
metódico, o que influenciou a forma como o mesmo estudava. Para Andrey (1988,
p.349):
O pensamento e o sistema filosófico de Kant representavam a burguesia
alemã. Nesse sentido, enfatizava o individualismo e a liberdade (valores da
burguesia em geral); enfatizavam a possibilidade de existir leis a pripori do
pensamento e ação moral, ou seja, aquilo que deve ser e que deve fazer
(valores da filosofia alemã).
Um dos principais pontos de Kant, é a capacidade de entender humana, ou
seja, o conhecimento e sua possibilidade. Para tanto o mesmo aponta a
participação do sujeito ativo como fundamental, pois este conecta aquilo que é
captado pelas impressões sensíveis. Portanto, para Kant todo conhecimento
começa a experiência, logo, para Kant todo conhecimento inicia-se com a
experiência. Cristalino, que Kant buscava comprovar a possibilidade do
conhecimento científico do século XVIII.
Ao longo do trabalho, será desenvolvido os principais conceitos que Kant
utilizou em suas obras filosóficas e como estão relacionados, formando uma
unidade de pensamento que revolucionou a forma de pensar da humanidade.
2. Desenvolvimento
Em relação ao conhecimento pode-se adotar uma postura de possibilidade
ou impossibilidade. Para o ceticismo não existe possibilidade do conhecimento,
enquanto para o dogmatismo e criticismo a possibilidade do conhecimento é real
(HESSEN, 1980).
Kant busca não investigar as origens do conhecimento pela via psicológica,
teológica e cosmológica, mas pela validade lógica do conhecimento. Portanto,
questiona de que maneira é possível o conhecimento, quais suas bases, quais
pressupostos supremos o conhecimento se assenta. Por conseguinte, em razão do
método citado, a filosofia kantiana denomina-se, também, transcendentalismo ou
criticismo (HESSEN, 1980).
No criticismo existe a possibilidade do conhecimento, sendo possível
identificar uma verdade. Deve-se ressaltar que no criticismo, a possibilidade do
conhecimento é acompanhada da desconfiança diante dos conhecimentos
determinados, logo, examina por completo as afirmações da razão humana, não
aceitando nada despreocupadamente (HESSEN, 1980).
Desse modo, afirma Hessen (1980, p. 54): “Onde quer que seja pergunta
pelos motivos e pede contas à razão humana. O seu comportamento não é
dogmático nem céptico, mas sim reflexivo e crítico. É um meio termo entre a
temeridade dogmática e o desespero céptico.”
O conceito kantiano de criticismo consiste no método de filosofar, que
investiga as fontes das próprias afirmações e objeções e as razões e seus
fundamentos, chegando à esperança da certeza.
Para teoria kantiana o fenomenalismo é a teoria que trata sobre não se
conhecer as coisas como são em si, mas como são apresentadas. Portanto, existem
coisas reais, contudo, não se pode conhecê-las. Para Hessen (1980, p.109):
O fenomenalismo coincide com o idealismo quando limita o
conhecimento à consciência, ao mundo da aparência, do que resulta
imediatamente a impossibilidade de conhecer as coisas em si.
O fenomenalismo pode ser dividido em seu conteúdo essencial como: a coisa
em si é incognoscível, apenas conhece-se nos limites do mundo fenomênico; o
conhecimento apenas surge na consciência, pois ordena-se e elabora-se o material
sensível em decorrência da relação entre as formas a priori da intuição e do
entendimento.
A metafísica tradicional tem como campos de estudo a psicologia, a teologia
racional e a cosmologia, Kant crítica tal metafísica e realiza uma avaliação radical
da tradição filosófica existente. Para tanto é necessário compreender a
diferenciação dos conceitos de transcendente e transcendental para o referido autor.
O transcendente é o conhecimento que vai além do que pode ser conhecido,
portanto, investiga questões que não podem ser validadas ou invalidadas, logo
estão para além do que é concreto, logo, não se restringe aos limites das
experiências possíveis e procura conhecer para além destes limites. Por outro lado,
o transcendental diz respeito àquilo que pode ser conhecido, ou seja, as condições
que tornaram o conhecimento possível, portanto, trata das condições do
conhecimento. Ademais, o oposto do transcendente é o imanente, portanto, é aquilo
que está dentro dos limites da experiência e do conhecimento possível (DUTRA,
2010).
Deve-se ressaltar que existe relação entre o transcendente e o
transcendental, considerando que o segundo estabelece os limites do que pode ser
conhecido, logo apenas existe transcendente à medida que existe o transcendental
que o limita.
Em Kant os fenômenos (ou as coisas para nós) e noumena (ou as
coisas-em-si) são conceitos que ocupam lugar de destaque. Desse modo, o que é
imanente a experiência, logo, o que pode ser conhecido, é denominado “fenômeno”,
podendo ser o objeto dado por meio da sensibilidade, onde o entendimento e
posteriormente a formula juízos. No que se refere a noumena esta não pode ser
conhecida, mas pode ser pensada, pois está adstrita ao conhecimento possível.

Kant possui uma noção de conhecimento, que possui importância no estudo


do criticismo. Para o autor o que pode ser conhecido é o pode ser decidido,
portanto, o conhecimento humano fica adstrito aos limites dos juízos que podem ser
considerados verdadeiros ou falsos (DUTRA, 2010). Assim sendo, o conhecimento
humano apenas será possível à medida em que pode ser declarado como
verdadeiro ou falso. Por exemplo, a ideia de criação do mundo e sua origem de uma
explosão, pode ser considerada correta ou errada, não se podendo definir a questão
como verdadeira ou falsa, pois encerram uma contradição.
A noção de ideia da razão está relacionada aos campos da metafísica
tradicional, que se divide em ideias sobre a alma humana/psicologia, idéias sobre
Deus/ teologia racional e a cosmologia, nesse domínio as questões são indecidíveis
não podendo ser vistas como verdadeiras ou falsas. No entanto, a matemática e as
ciências da natureza conseguiram avançar, pois estão ligadas a questões decidíveis
dentro dos limites do conhecimento.
A própria crítica da razão é a metafísica possível, denominada metafísica pois
advém de um conhecimento transcendental, que busca compreender os limites do
conhecimento. Logo, a uma nova metafísica é possível, a medida em que é crítica
da razão (DUTRA, 2010).
Kant desenvolve os conceitos de juízos analíticos e juízos sintéticos, por
juízos analíticos deve-se entender que são aqueles meramente explicativos, logo,
apenas explicitam aquilo que é contido em determinado conceito, devendo seguir
apenas o princípio da não contradição. Nesse sentido, “Analítico é o juízo que é
elucidativo, no sentido de esclarecer o conceito que se tem, já que o predicado
atribuído não acrescenta em nada o sujeito” (ANDREY, 1988, p.351).
Enquanto os juízos sintéticos são juízos ampliativos, pois acrescenta algo
que não está explícito, assim caso se afirme que um corpo é pesado estará se
realizando um juízo sintético, pois nem todo corpo é pesado, logo se acrescenta
algo ao conceito e só podem ser considerados verdadeiros ou falsos com base na
experiência. Para Andrey (1988, p.351) “Sintético é o juízo que é de ampliação, ou
seja, o predicado acrescenta algo ao conceito do sujeito”.
O conceito de tempo e espaço para Kant são consideradas formas da
sensibilidade pura. O espaço é a forma do sentido externo, enquanto o tempo a
forma do sentido interno. Desse modo, qualquer representação de um objeto ocorre
dentro do tempo e espaço, logo, existem limites que podem ser conhecidos,
evitando pensamento transcendentes. De acordo com Andrey (1988, p. 356) “O
espaço não representa nenhuma propriedade das coisas e de suas relações, não é
do objeto, é uma condição de sensibilidade do sujeito que conhece, que está a priori
dada no sujeito e é condição de recepção dos objetos externos”.
Os conhecimentos a priori são universais (válidos para todos os casos) e
necessários, assim não dependem da impressão dos juízos, logo, a verdade ou a
falsidade não podem ser sedimentadas inteiramente na experiência (ANDREY,
1988). Logo, envolve formas de captação dos objetos independentemente da
sensação.
No que corresponde à metafísica possível, Kant busca investigar a
possibilidade do mesmo método das ciências matemáticas e da ciência da natureza
a metafísica. Deve-se ressaltar que Kant não ignora questões mais profundas, como
a existência de Deus ou a imortalidade da alma.
A sensibilidade em kant é o meio pelo qual a mente recebe de forma passiva
representações, sendo o objeto dado de forma diversa, dispersa, múltipla (ANDREY,
1988). Portanto, a sensibilidade é como uma porta de entrada para o conhecimento,
enquanto o entendimento é uma faculdade que organiza aquilo que é diverso,
múltiplo e pensa as representações realizadas pela sensibilidade, tendo função
ativa. Logo, a sensibilidade e entendimento, respectivamente, têm função passiva e
ativa, mas ambas se conectam e são dependentes. Desse modo,
A sensação (que é a matéria do fenômeno) proporciona impressões
dispersas múltiplas, diversas. Tal multiplicidade deve ser ordenada, ser
posta de uma certa forma, para tal ordenação deve haver uma capacidade
a priori na mente que independe da sensação (ANDREY, 1988, p.355).

O entendimento é uma faculdade que leva pensar e exige que o múltiplo


dado pela sensibilidade esteja conectado para que possa haver conhecimento. A
referida ação é denominada síntese e ocorre pela imaginação, que realiza a
compreensão, composição da multiplicidade que é dada pela intuição. A intuição
em Kant deve ser compreendida como a experiência direta no tempo e nos espaço
com as coisas.
Para Andrey (1988, p.363) referindo-se a Kant:
Foram descritas três faculdades envolvidas na produção do conhecimento:
a sensibilidade que possibilita que o conhecimento se inicie através de
intuições; a imaginação que produz esquemas dos conceitos e síntese das
intuições; o entendimento que julga, que dá unidade aos fenômenos.

3. Conclusão
Para compreender a filosofia atual é necessário estudar Kant, tendo sua
importância salutar para a epistemologia. Para o autor, apenas por intermédio da
experiência é possível alcançar o conhecimento, portanto, a experiência é
fundamental. Decerto, Kant é a base do estudo da teoria do conhecimento, tendo
embasado os estudos sobre a possibilidade do conhecimento e como se conhece.
Portanto, Kant abriu espaço para discussões grandiosas na filosofia.

Referências
ANDREY, Maria Amália. Para compreender a ciência. Rio de Janeiro: Editora
Espaço e Tempo. 1988.
DUTRA, Luiz Henrique de Araújo. Introdução a epistemologia. São Paulo:
UNESP. 2010.
HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. Coimbra: Amado. 1980.

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