Decisao+534 2024 1
Decisao+534 2024 1
Decisao+534 2024 1
br
Identificador: FECC4-96303-4A40B
Processo: 06487/2023-9
Classificação: Atos Sujeitos a Registro - Aposentadoria
UG: IPVV - Instituto de Previdência de Vila Velha
Relator: Donato Volkers Moutinho
Interessado: MARIA ROSANA SPALENZA
possíveis ilegalidades;
Assinado por
DE MACEDO
DECISÃO TC- 534/2024
rn/mcm
RELATÓRIO
É o relatório.
FUNDAMENTOS
Os proventos integrais foram calculados com base na média dos 80% maiores
salários de contribuição e no tempo de contribuição, observado o salário-mínimo
vigente e a última remuneração como limites mínimo e máximo, respectivamente, e
fixados no valor de R$ 1.726,37, conforme detalhado na referida ITC (doc. 6).
Do exame das supostas irregularidades (a), (b), (c) e (d), nota-se que as razões
ministeriais se fundamentam na ausência de apontamento de normas e de envio ao
TCEES de documentos e informações que, segundo o procurador de contas,
deveriam compor o ato de concessão inicial do benefício e a sua remessa para
registro.
Além disso, deve-se ter em mente que a fiscalização efetuada pelo TCEES na
concessão de benefícios não se esgota no registro dos atos concessórios. Na
realidade, com base no art. 71, inciso IV, da CF/1988, o Tribunal pode programar e
realizar auditorias e outras fiscalizações que tenham como objeto a concessão de
aposentadoria, reformas, reservas e pensões. Dessa maneira, cabe a Corte avaliar a
relevância e os riscos associados a tais atos administrativos e definir sua estratégia
de controle.
Na sistemática atual, tais informações e documentos são recebidos nesta Corte por
meio do módulo “Concessão de Benefícios” do sistema “Controle Integrado de
Dados do Espírito Santo” (CidadES). Cada remessa é imediatamente submetida a
centenas de verificações automatizadas, desenvolvidas pelos auditores de controle
externo do TCEES com base nos requisitos exigidos pela legislação para a
concessão de benefícios previdenciários. Há, inclusive, procedimentos eletrônicos
de confirmação de informações disponíveis tanto em bases de dados externas,
acessíveis ao Tribunal por meio de acordos com outras instituições, quanto em
outros módulos do CidadES, como o “Admissão de Pessoal”, o “Folha de
Pagamento” e o “Contas”.
No caso em tela, como evidencia a ITC 3453/2023 (doc. 6), o Núcleo de Controle
Externo de Registro de Atos de Pessoal (NRP) cumpriu tais requisitos, na medida
em que, com o apoio do CidadES, analisou os elementos necessários para a
concessão do benefício, o cálculo dos proventos e a formalização do ato concessor.
Nessa análise, não constatou a ocorrência de quaisquer ilegalidades e, em
consequência, propôs o registro do ato administrativo.
Por outro lado, o procurador de contas entende que a falta de expressa menção a
determinados dispositivos normativos no ato concessor e a não apresentação de
documentos que sequer são exigidos pela IN TC 68/2020 implica em automática
ilegalidade do ato concessor do benefício. Contudo, não aponta – e muito menos
comprova – nenhuma situação que pudesse indicar ausência de cumprimento dos
requisitos para a concessão da aposentadoria examinada, incorreção na fixação do
valor do benefício ou qualquer ilegalidade material no benefício concedido, razão
pela qual sua posição não deve prosperar.
Aliás, para algumas das informações cuja verificação o procurador entende ser
imprescindível a apresentação de documentos, a verificação é realizada pelo
CidadES eletronicamente, mediante circularização com outras bases de dados. Por
exemplo, em seu parecer, aponta a impossibilidade de comprovação de atendimento
ao requisito da idade, por falta de apresentação de documentação comprobatório.
Porém, como registra a unidade técnica na seção 3.1 da ITC (doc. 6), “O nome, sexo
e data de nascimento do agente público declarados pela UG, cuja concessão do
benefício é objeto de análise dos presentes autos, são idênticos aos existentes no
cadastro de pessoas físicas mantido pela Receita Federal”.
Noutro exemplo, quando alega que a legalidade da fixação dos proventos não está
plenamente evidenciada, o procurador parece desconsiderar que, graças ao
CidadES Folha de Pagamento e ao CidadES Contas, o Tribunal recebe
mensalmente as informações referentes ao pagamento e à composição da
remuneração de todos os agentes públicos estaduais e municipais, incluindo,
conforme o caso, os subsídios, vencimentos, adicionais e outras gratificações. A
partir dessas informações, o CidadES Concessão de Benefícios verifica se há
divergências dentre as diferentes informações apresentadas, mediante
procedimentos que seriam inviáveis caso precisassem ser realizados manualmente,
a partir de documentos apresentados pelo instituto.
[...]
[...] Primeiramente, com relação à ausência da fundamentação
legal das rubricas e de demonstração dos suportes fáticos
relativos às gratificações incorporadas aos proventos,
fundamenta-se o douto representante do Parquet de Contas na
IN/TC 31/2014, alterada pela IN/TC 62/2020, que estabelece
que o protocolo deverá conter o original do ato concessório,
constando os dispositivos legais da aposentadoria e o amparo
legal da fixação dos proventos.
[...]
No mesmo sentido, o Ministério Público de Contas - quando as
irregularidades do ato concessório limitam-se à insuficiência de
fundamentação do ato concessório e à ausência de indicação da
base legal dos vencimentos ou do Adicional de Tempo de
Serviço - tem opinado pelo registro do ato e expedição de
recomendações.
[...] Vê-se, portanto, que não há impedimento para o registro do
ato concessório em face dessas irregularidades, bastando que
sejam adotadas as recomendações supracitadas, o que já foi
feito pela Decisão n.º 4074/2021 – Segunda Câmara, ora
impugnada.
Não há, dessa forma, um vício grave e, estando claro o
objeto e os motivos que justificam a existência do ato
concessório, deve-se adotar o princípio do formalismo
moderado (art. 52, Lei Orgânica do TCEES), a fim de garantir
assim celeridade e a duração razoável do processo.
[...] Ante o exposto, acompanhando parcialmente a área técnica
para CONHECER o recurso e NÃO ACOLHER a preliminar de
nulidade, e divergindo, quanto ao mérito, da Instrução Técnica
de Recurso n.º 00250/2022-6 e do Ministério Público de Contas,
para NEGAR PROVIMENTO ao recurso, proponho VOTO no
sentido de que o Colegiado aprove a minuta de deliberação que
submeto à apreciação. (grifo nosso).
não seria adequado que o legalismo exacerbado, o qual se atém a forma e não ao
conteúdo do ato administrativo, prevalecesse sobre os princípios do formalismo
moderado e da segurança jurídica.
Logo, evidencia-se que o edital perdeu validade há mais de década, não sendo
razoável exigir sua análise com o fito de conferir o registro de aposentadoria de
servidor admitido naquele concurso. Tampouco poderia algum vício em cláusula
editalícia privar o servidor admitido e aprovado em concurso público, agora,
aposentado, de usufruir dos seus direitos previdenciários, após décadas de
contribuição.
Logo, deve ser adotada a sistemática de análise prevista no transcrito § 3º para atos
de aposentadoria, reserva ou reforma, cujo ato de admissão do segurado tenha
ocorrido antes da vigência da IN TC 31/2014.
Proposta de deliberação
Conselheiro Substituto
Relator
1.2. Dar CIÊNCIA aos interessados e ao Ministério Público junto ao Tribunal, na forma
regimental.
2. Unânime.
4. Especificação do quórum: