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MATHEUS TAVEIRA

ADVOGADOS ASSOCIADOS

AO JUÍZO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE ARAGUAÍNA-TO - 10.


REGIÃO

Processo n. 00001127-34.2024.5.10.0811

RANCHO GOIANO, devidamente qualificado nos autos em epígrafe,


por intermédio de seu advogado subscritor desta, procuração anexa, vem,
respeitosamente, perante o juízo, com fundamento no art. 847, parágrafo único,
da CLT c/c art. 336 e Art. 343, ambos do CPC/15 apresentar:
CONTESTAÇÃO
Em face da Reclamação Trabalhista ajuizada por MARIA DAS GRAÇAS, já
qualificada nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito que passa
expor:

1. PRELIMINAR PREJUDICIAL DE MÉRITO. PRESCRIÇÃO


1. A reclamante alega que a reclamada não emitiu a CAT
(Comunicação de Acidente de Trabalho) com o intuito de impossibilitar que ela
recebesse o auxílio-doença acidentário. Além disso, sustenta que foi obrigada
pela reclamada a voltar ao serviço antes do término do atestado médico e com
os pontos expostos, o que agravou sua situação.
2. Conforme os artigos 186 e 927 do Código Civil, a negligência da
reclamada e a violação do direito da reclamante obrigam a reclamada a reparar
o dano causado.
3. O prazo prescricional tem início quando nasce o direito à ação, em
sentido material, para o titular. Em casos de doença profissional ou acidente de
trabalho, o prazo da prescrição somente começa a fluir quando há o diagnóstico
da consolidação da sequela alegada (vide PROC.TRT/SP no
1000871-68.2019.5.02.0421).
4. Portanto, considerando que o acidente de trabalho ocorreu em
18/09/2017, o prazo prescricional para a reclamante requerer via ação judicial
requerendo a indenização por danos morais se findou em 18/09/2022 em
atenção ao prazo quinquenal.
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2. SÍNTESE DA INICIAL
1. A reclamante ingressou com uma reclamação trabalhista na
presente Vara, tendo como alegação ter sofrido acidente enquanto trabalhava no
referido estabelecimento e que a empresa não teria emitido o CAT.
2. Aduz a reclamante que foi admitida pela reclamada em
01/04/2015 como Auxiliar de Serviços Gerais, trabalhando de segunda a
sexta-feira das 06h às 15h45, com uma hora de intervalo.
3. Relata que após sofrer um acidente de trabalho em 18/09/2017,
onde a tampa de um container caiu sobre sua mão esquerda, causando uma
fratura no dedo polegar, a reclamante foi afastada para tratamento médico.
4. Mesmo após uma cirurgia realizada em 08/10/2017, a reclamante
apresentou sequelas, incluindo perda de sensibilidade e capacidade motora no
membro afetado, além de restrições para realizar atividades que exijam força
nas mãos.
5. A reclamada não emitiu a CAT de forma intencional, impedindo a
reclamante de receber o auxílio-doença acidentário e dificultando seu acesso à
justiça. A reclamante também arcou com despesas médicas, medicamentos e
fisioterapias decorrentes do acidente de trabalho, sofrendo abalo moral devido à
negligência da reclamada.

4. MÉRITO
4.1 DAS VERBAS REMUNERATÓRIAS
1. Em resposta às alegações da reclamante, cumpre ressaltar que sua
demissão ocorreu por justa causa, em razão de sua conduta ao apresentar
atestado médico falso e caracterizar grave ato de improbidade, justificando sua
demissão, nos termos do Art. 482, letra A da CLT.
2. Ao revisitar os acontecimentos que culminaram na demissão da
reclamante, a reclamante passou a pleitear sua demissão sem justa causa,
visando auferir verbas rescisórias mais vantajosas e liberar os recursos do FGTS.
3. No entanto, frente à ilicitude dessa forma de desligamento, a parte
demandada recusou os pleitos da reclamante, o que provocou seu
descontentamento. Como reação, a reclamante passou a ausentar-se do trabalho
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com frequência alarmante, apresentando atestados médicos


questionáveis, incluindo um atestado adulterado atribuído ao Dr. Pedro Santos
Luz.
4. A detecção da inautenticidade do atestado ocorreu após a
demandada, ao diligenciar sobre a veracidade dos documentos apresentados,
notar que o atestado mencionava um afastamento superior a 15 dias e não
continha o CID, sugerindo que a adulteração tinha como propósito obter
benefícios indevidos e prejudicar a empresa. Ademais, no laudo, o período de
uso da tala se deu por 3 dias apenas.
5. Nesse momento, Eder decidiu entrar em contato com a unidade de
saúde em questão. A resposta obtida evidenciou que o médico em questão não
estava presente na data indicada no atestado, reforçando a falsidade do
documento.
6. Diante da gravidade dos fatos e da postura negligente da
reclamante, a requerida optou por denunciar o caso às autoridades competentes,
resultando na lavratura de um boletim de ocorrência.
7. Portanto, em contraposição ao alegado pela reclamante, sua
demissão se deu por justa causa, uma vez que sua conduta fraudulenta
comprometeu a relação de confiança e idoneidade indispensáveis para a
manutenção do vínculo empregatício.
8. A demissão por justa-causa mediante a apresentação de atestado
falso é amplamente aceita pela jurisprudência, como se vê:
DISPENSA POR JUSTA CAUSA. IMPROBIDADE. ATESTADO
MÉDICO. FRAUDE. A utilização de atestado falsificado com o
objetivo de justificar período de afastamento maior do que o
determinado pelo médico constitui ato de improbidade apto a
deflagrar a rescisão do contrato de trabalho por justa causa do
empregado, nos termos do art. 482, a, da CLT.
(TRT-3 - ROT: 00106947120215030167 MG
0010694-71.2021.5.03.0167, Relator: Taisa Maria M. de Lima,
Data de Julgamento: 22/11/2022, Decima Turma, Data de
Publicação: 24/11/2022.)
9. Diante do exposto, pugna-se a este Douto Juízo pelo
reconhecimento da demissão por justa causa da reclamante, fundamentada em
sua conduta ímproba e fraudulenta.
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4.2 DA AUSÊNCIA DE DIREITO À ESTABILIDADE PROVISÓRIA


REINTEGRAÇÃO INDEVIDA
1. A reclamante argumenta em sua petição a existência do direito à
estabilidade provisória de 12 meses em decorrência do acidente de trabalho.
Entretanto, conforme a Súmula 378 do Tribunal Superior do Trabalho (TST),
para que essa estabilidade seja configurada, são necessários dois requisitos: o
afastamento do empregado por mais de 15 dias e o recebimento do
auxílio-doença acidentário.
2. No caso em análise, o afastamento da reclamante não atendeu ao
critério estabelecido pela referida súmula. Além disso, não há evidências nos
autos de que o reclamante tenha recebido o auxílio-doença acidentário (E SE O
FEZ, FOI DE MANEIRA FRAUDULENTA), o que constitui o segundo
requisito da Súmula 378 do TST. Portanto, não há respaldo legal para o
reconhecimento da estabilidade provisória.
3. E nem poderia, uma vez , que a legitimidade do atestado médico
apresentado é questionável. Observa-se que o documento carece de
informações essenciais, como o CID e o período concedido para a recuperação
do paciente. Nesse sentido, o atestado encontra-se ad aeternum, uma vez que o
período de afastamento é descrito como "superior a 15 (quinze) dias".
4. Certamente, ao preencher o atestado dessa maneira, em desacordo
com o que determina a legislação e os procedimentos adequados, fica evidente
que houve uma tentativa de burlar a legalidade, levando a crer que as demais
afirmações são de natureza insidiosa. Tal conduta visa possibilitar que a
reclamante receba benefícios de forma ilegal, ao mesmo tempo em que impõe
um ônus tanto ao Estado quanto à empresa.
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5. Essas falhas tornam o atestado médico


inválido, conforme preconiza a Resolução CFM nº 1.658/2002. Portanto, o
documento não pode ser utilizado como justificativa para o afastamento do
trabalho, tornando a ausência da reclamante injustificada.
6. Ao não fornecer informações essenciais, como o CID e o período
concedido para recuperação, o preenchimento inadequado do atestado médico
busca ocultar a verdadeira natureza e gravidade da condição de saúde da
reclamante. Isso pode resultar na obtenção indevida de benefícios
previdenciários, prejudicando tanto os recursos do Estado quanto a
responsabilidade financeira da empresa.
7. Essa conduta não apenas viola as normas éticas e legais
aplicáveis à prática médica, conforme estabelecido na Resolução CFM nº
1.658/2002, mas também compromete a integridade do processo judicial, ao
fornecer informações incompletas e potencialmente enganosas.
8. Ademais, a RECLAMANTE FRUIU DE ESTABILIDADE!
TENDO O SUPOSTO ACIDENTE OCORRIDO NO ANO DE 2017 E A
DEMISSÃO OCORRIDA EM 2023, O PERÍODO EM QUE LABOROU
SUPERA A ESTABILIDADE.
9. Assim, diante da ausência de comprovação de afastamento
superior a 15 dias, bem como da falta de legitimidade do atestado médico
apresentado, não há respaldo legal para o reconhecimento da estabilidade
provisória requerida pela reclamante. Destaca-se, ainda, que a existência de um
atestado médico demissional que atesta a aptidão para o trabalho reforça a
ausência de fundamento nas alegações da reclamante.
10. Portanto, exige-se que a ausência de fundamentação adequada
para o afastamento do trabalho seja considerada como injustificada, visto que o
atestado médico apresentado não atende aos requisitos legais estabelecidos
pela Resolução CFM nº 1.658/2002, sendo, portanto, inválido para embasar as
reivindicações da reclamante.
11. Diante do exposto, requer-se que este juízo reconheça a
improcedência das alegações da reclamante quanto ao direito à estabilidade
provisória e demais pleitos apresentados.
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4.3 INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS PASSÍVEIS DE INDENIZAÇÃO

1. O reclamante pleiteia indenização por danos morais decorrentes


de acidente de trabalho. Para que se configure a responsabilidade civil da
empresa, conforme estabelecido no artigo 186 do Código Civil, é necessário
comprovar a ocorrência de ato ilícito, dano e nexo de causalidade.
2. Segundo o artigo 818 da CLT e o artigo 373 do NCPC, cabe ao
autor o ônus probatório de demonstrar os elementos que embasam suas
alegações. No entanto, no presente caso, a falta de evidências probatórias
demonstra a ausência de nexo de causalidade entre as atividades laborais e as
lesões resultantes do acidente de trabalho.
3. Ademais, não há configuração de dolo ou culpa por parte da
reclamada, requisitos essenciais para pleitear uma indenização, nos termos do
artigo 7º, XXVIII, da CF/88.
4. No caso, a falta de ato ilícito por parte do réu exclui a
responsabilidade civil. Não há evidências de conduta negligente ou imprudente
por parte da reclamada que tenha causado danos ao reclamante, logo, não há
base para impor o dever de indenizar. Portanto, não há violação dos artigos 186
e 925 do Código Civil.
5. Além disso, diante das alegações infundadas da Reclamante, da
apresentação de um atestado médico suspeito e da eventual prescrição da
pretensão de requerer danos morais, tais argumentos não têm respaldo para
prosperar. No entanto, a jurisprudência corrobora esse posicionamento:

RECURSO ORDINÁRIO. ACIDENTE DE TRABALHO. AUSÊNCIA


DE EMISSÃO DO CAT. CONSEQUÊNCIAS. A ausência de emissão
do CAT é mera infração administrativa, pois se trata de providência
que pode ser suprida pelo sindicato dos empregados, pelo próprio
segurado ou seus dependentes, ou ainda, pelo médico que o assistiu
ou qualquer autoridade pública, nos termos do art. 22 da Lei 8213 /91.

6. Portanto, diante da falta de provas que demonstrem a conduta


ilícita, o dano e o nexo de causalidade por parte da reclamada, não há
fundamentos para requerer a indenização por danos morais na presente ação.

5. DA LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ
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1. Na atual legislação trabalhista, é estipulada a


responsabilidade por perdas e danos para aqueles que litigam de má-fé,
conforme estabelecido no Art. 793-A da CLT.
2. Ao intentar com a presente ação, a reclamante alterou a verdade
dos fatos com o intuito de obter vantagens às custas da Reclamada, provocando
uma demanda temerária que sobrecarrega o sistema judiciário com alegações
infundadas e inverídicas, como já salientado.
3. Embora a reclamante alegue ter sofrido humilhações por parte de
seus superiores e ter desenvolvido depressão no ambiente de trabalho, não
apresentou evidências que corroborem tais alegações, tratando-se, portanto, de
narrativas falsas.
4. É importante frisar que, diante da certeza de que não sofrerá
consequências caso sua ação seja julgada improcedente, pois está isenta de
custas e honorários, a reclamante deve agir com maior cautela e
responsabilidade ao acionar o Poder Judiciário, sendo necessário coibir o uso
indevido desses direitos pelo órgão jurisdicional.
5. O Artigo 793-B da CLT estabelece os critérios para caracterização
do litigante de má-fé, dentre os quais se destaca a alteração da verdade dos
fatos, conforme previsto no inciso II.
6. Diante da comprovação da inexistência do dano moral alegado
pela reclamante, requer-se que esta seja condenada por litigância de má-fé, nos
termos do Artigo 793-C da CLT, e que lhe seja aplicada a multa correspondente.

6. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA (ART 791-A da CLT)


1. Conforme disciplinado no Art. 791-A, da CLT, ao advogado serão
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo
de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da causa. Outrossim, a teor do § 5º, do Art. 791-A da CLT, são devidos
honorários de sucumbência.

7. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a ao juízo:
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1) O acolhimento da preliminar prejudicial de


mérito da prescrição, portanto, requer a extinção do processo com resolução do
mérito, à luz do art. 847, II, do CPC.

2) No mérito, requer que as pretensões apresentadas na exordial


sejam julgadas totalmente improcedentes, com a consequente condenação do
Reclamante em custas processuais e demais cominações legais.

3) Seja julgado totalmente improcedente o pleito referente à


indenização de danos morais, pelos fundamentos já explanados nesta
contestatória;

4) Ainda, requer a aplicação da multa do Artigo 793-C, da CLT por


litigância de má-fé perpetrada pelo obreiro nas alegações inverídicas sobre seu
estado de saúde, alterando a realidade fática a fim de causar dano processual
nos termos do Artigo 793-B, II também do texto consolidado.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direitos


admitidos, em especial, a testemunhal, documental e depoimento da reclamada,
e o que mais for necessário à elucidação dos fatos.

Nestes termos, Pede deferimento.

Araguaína-TO. Data do Protocolo

Matheus Taveira

OAB/nº124523

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