Revista Licoes Biblicas Jovens - Professor - 3º Trim. 2024

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CONFERÊNCIAS

DE ESCOLA
DOMINICAL O Espírito Santo capacitando a Igreja
para o ensino da Verdade. J o 14 .2 6
Prepare-se para o evento que tem marcado a Escola Dominical no Brasil!

8 PLENÁRIAS - 2 8 SEMINÁRIOS - 1 4 WO RKSHOPS

E MUITOS
OUTROS

IN FO RM A ÇÕ ES E IN SCRIÇÕ ES:
(21) 2 4 0 6 - 7 3 5 2 © (21) 9 6 4 5 2 - 2 9 9 0
w w w . c o e d . c o m . b r
CWD
LIÇAO DANIEL: UMA JORNADA DE FIDELIDADE 3

LIÇAO COMO VIVEREMOS NA BABILÔNIA

LIÇAO 3 CONSERVANDO OS VALORES E GUARDANDO A IDENTIDADE 17

LIÇÃO 4 UMA FIRME DECISÃO DE NÃO SE CONTAMINAR 24

LIÇÃO 5 A REVELAÇÃO DE DEUS CONFRONTA O SECULARISMO 31

LIÇÃO 6 CORAGEM PARA ENFRENTAR A FORNALHA ARDENTE 38

LIÇÃO 7 DEUS ABATE O CORAÇÃO ORGULHOSO' 45

LIÇÃO 8 A CONSEQUÊNCIA DESTRUIDORA DO PRAZER CARNAL 52

LIÇÃO 9 ENTRE A LEI DE DEUS E A LEI DOS HOMENS 60

LIÇÃO OS IMPÉRIOS MUNDIAIS E A SUPREMACIA DO FILHO DO HOMEM 68

LIÇÃO REVELAÇÕES SOBRE O TEMPO DO FIM 76

LIÇÃO ESTUDO, ORAÇÃO E AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL 83

LIÇÃO 13 O FIM DE TODAS AS COISAS' 90


CASA PUBLICADORA DAS
ASSEMBLEIAS DE DEUS
Presidente da Convenção Geral das
Assembleias de Deus no Brasil NA COVA DOS LEÕES
José Wellington Costa Junior O EXEMPLO DE FÉ E
Presidente do Conselho Administrativo
CORAGEM DE DANIEL PARA O
José Wellington Bezerra da Costa
TES TE M U N H O CRISTÃO
Diretor Executivo
Ronaldo Rodrigues de Souza EM NOSSOS DIAS
Gerente de Publicações
Alexandre Claudino Coelho Prezado(a) professor(a).
Consultor Doutrinário e Teológico Com a graça de Deus iniciaremos
Elienai Cabral mais um trimestre de Lições Bíblicas
Gerente Financeiro Jovens. Estu d a rem o s o Livro de
Josafá Franklin Santos Bomfim Daniel, uma das obras preferidas
Gerente de Produção daqueLes(as) que gostam de estudar
Jarbas Ramires Silva a Escatologia Bíblica. Daniel não nos
Gerente Comercial ensina apenas acerca de assuntos
Cícero da Silva escato ló g ico s, tem os muito que
Gerente da Rede de Lojas a p re n d e r com se u teste m u n h o
João Batista Guilherme da Silva
pessoaL, seu exempLo de fidelidade
Gerente de TI
a Deus e de integridade moral. Ele
Rodrigo Sobral
viveu como exilado em uma socie­
Gerente de Comunicação
Leandro Souza da Silva
dade idólatra, servindo a reis ímpios,
Chefe do Setor de Educação Cristã
contudo, não se contaminou.
Marcelo Oliveira O Livro de Daniel também evi­
Chefe do Setor de Arte & Design dencia a soberania do Deus de Israel.
Wagner de Almeida Que você receba sabedoria e
Comentarista discernimento para seguir o exem­
Valmir Nascimento plo de Daniel, vivendo de maneira
Editora que o Soberano seja gLorificado em
Telma Bueno sua vida.
Designer e Capa Que Deus o(a) abençoe.
Suzane Barboza
Fotos Até o próximo trimestre.
shutterstock.com

A editora.
RIO DE JANEIRO - CPAD MATRIZ
Av. Brasil, 34.401 - Bangu - CEP21852-002
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DANIEL: UMA JORNADA
DE FIDELIDADE
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"E disse o rei a A spenaz, chefe SEGUNDA - Mt 24.15


dos seus eunucos, que trouxesse Jesus testifica de Daniel
alguns d os filhos de Israel, e da TERÇA - Jr 46.2
linhagem real, e dos nobres." Nabucodonosor vence o Egito
(Dn 1 .3 ) QUARTA - Jr 36.20-26
A impiedade do rei
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - 2 Cr 36.14
Um povo infiel
SEXTA - Hb 12.6
Daniel é um exem plo O Senhor corrige quem Ele ama
insp irad or de fid e lid ad e em SÁBADO - 2 Co 10.5
uma cultura hostil. Destruindo os conselhos
contrários

JOVENS 3
( \
O B JE TIV O S
EN TEN DER o panorama geraLdo Livro de DanieL;
COM PREENDER o contexto histórico da vida do profeta;
REFLETIR a respeito da chegada dos jovens hebreus na BabiLônia.

IN TER A ÇÃ O
Prezado(a) professor(a), é com grande alegria e com a graça de Deus que
damos início a um novo trimestre. Neste período, teremos a oportunidade de
estudar treze lições do livro do profeta Daniel, cujo exemplo de fé, coragem e
fidelidade ao Senhor em meio a uma cultura secularista e relativista serve de
inspiração para todos nós, que vivem os como estrangeiros nesta Terra. O co ­
mentarista é o Pr. VaLmir Nascimento, jurista, mestre em TeoLogia e doutorando
em Filosofia. Ele é pastor auxiliar na Assem bléia de Deus em Cuiabá, MT, onde
preside o Conselho de Educação e Cultura local e do estado. Autor de várias
obras pubLicadas peLa CPAD. Nossa oração é para que este trimestre seja repLeto
de bênçãos e crescimento espiritual.

O R IEN TA ÇÃ O PED A G Ó G ICA


Professor(a), ao iniciar um novo trimestre, é fundamental ressaltar a impor­
tância e a atuaLidade do tema que será estudado. Isso não apenas demonstra a
reLevância da Lição, mas também desperta o interesse dos jovens e incentiva sua
participação ativa. Para isso, com ece a aula solicitando que os alunos compar­
tilhem suas expectativas em relação ao estudo do livro de Daniel. Isso permite
que eles expressem suas idéias e se envolvam desde o início. Aproveite para
apresentar o esboço de todo o livro, conforme esquem a abaixo:
I. A HISTÓRIA DO EXÍLIO DE DANIEL, 1.1-2 1
•Prelúdio Histórico, 1.1-2
•Jovens Provados, 1.3-16
•Integridade vindicada, 1.17-21
II. APO CA LIPSE CALDEU, 2.1 - 7.28
•O Sonho de Nabucodonosor, 2.1-29
•A Estátua Colossal de Nabucodonosor, 3.1-30
•O Julgamento Pessoal de Nabucodonosor, 4.1-37
•A Queda do Império Caldeu, 5.1-31
•O Reinado de Dario, o Medo, 6.1-28
•Impérios Ascendem e Minguam até a Consumação, 7.1-28
III. O APO CALIPSE HEBRAICO, 8.1 - 12,13
•A Visão de Daniel de Impérios em Guerra, 8.1-27
•A Intercessão de Daniel por Israel, 9.1-27

Extraído de Comentário Bíblico Beocon. Voi 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 501.

4 JOVENS
TEXTO BÍBLICO

D a n ie l 1 .5 -1 4
5 E o rei lhes determinou a ração de cada 10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel:
dia, da porção do manjar do rei e do vi­ Tenho medo do meu senhor, o rei, que
nho que ele bebia, e que assim fossem determinou a vossa comida e a vossa
criados por três anos, para que no fim bebida; por que veria ele os vossos rostos
deles pudessem estar diante do rei. mais tristes do que os jovens que são
6 E entre eles se achavam, dos filhos de vosso iguais? Assim, arriscareis a minha
Judá, Daniel, Hananias, MisaeleAzarias. cabeça para com o rei.

7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros 11 Então, d isse D aniel ao desp enseiro
nomes, a saber: a Daniel pôs o de Bel- a quem o chefe dos eu n u co s havia
tessazar, e a Hananias o de Sadraque, constituído sobre Daniel, Hananias,
e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias M isaele Azarias:
o de Abednego. 12 Experimenta, peço-te, os teus servos
8 E D a n ie l a ssen to u no seu co ração dez dias, fazendo que se nos deem
não se contam inar com a porção do legum es a comer e água a beber.
m anjar do rei, nem com o vinho que 13 Então, se examine diante de ti a nossa
ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos aparência e a aparência dos jovens que
eunucos que lhe co nced esse não se comem a porção do manjar do rei, e, con­
contaminar. forme vires, te hajas com os teus servos.
9 Ora, deu Deus a Daniel graça e miseri­ 14 E ele conveio nisso e os experimentou
córdia diante do chefe dos eunucos. dez dias.

INTRODUÇÃO adversidades e a cultura secularizada,


Neste trimestre, teremos o priviLégio pLuraLista e neopagã que predomina na
de nos aprofundar nos estudos do Livro sociedade ocidentaLcontemporânea. É
de Daniel. Considerado o “Apocalipse um modeLo de Líder Levantado por Deus
do Antigo Testamento", em virtude das numa cultura hostil.
reveLações e visões escatoLógicas que Na primeira Lição, teremos uma visão
o Senhor deu ao profeta, Daniel é um panorâmica do Livro e do seu contexto,
Livro histórico e profético. ELe abrange o e o início da vida dos jovens hebreus no
período no quaLos israeLitas estiveram cativeiro babilônico.
exilados na Babilônia, destacando as
experiências marcantes e desafiado­ I - O LIVRO DE DAN IEL
ras de Daniel e seus am igos em terra 1. Panorama geral. Os 12 capítulos
estrangeira. do Livro de DanieL percorrem um Longo
Ao percorrermos os seus 12 capítu­ período histórico que com eça com a
los, seremos conduzidos a uma com ­ primeira invasão babiLônica ao Reino de
preensão mais profunda da reLevância e Judá (605 a.C.), até a queda da BabiLônia
urgência da mensagem de DanieL para diante de Ciro da Pérsia (536 a.C.). O
os nossos dias. Daniel é um exemplo livro narra a trajetória de Daniel e de
inspirador para os cristãos em geral e seus amigos, destacando os desafios
os jovens em particular. Seu testemu­ culturais, políticos, morais e espirituais
nho de vida nos encoraja a enfrentar as que eles suportaram em terra estran­

JOVENS 5
geira. Ao longo de todo esse tempo, o embora seja considerado um profeta,
profeta viveu e serviu com fideLidade a Daniel não profetizou diretamente ao
Deus perante as cortes imperiais, desde povo, como outros profetas do Antigo
a juventude até a sua veLhice. Também Testamento. Em vez disso, ele serviu
registra as mensagens proféticas que o como um conselheiro e intérprete de
Senhor lhe revelou, inclusive interpre­ sonhos e visões para reis e governantes
tações de sonhos, visões de animais da BabiLônia. Outra característica notá­
simbólicos e uma visão detalhada dos vel deste livro é o uso de duas línguas
eventos escatológicos. Por isso, o livro diferentes. A maior parte, do capítulo 2
é cham ado de “Apocalipse do Antigo ao capítuLo 7, está escrita em aramaico.
Testamento”. Os capítuLos 1 e 8 até o finaLdo Livro são
2. Autoria e mensagem. É dominante escritos em hebraico. Essa mudança de
entre estudiososjudeus e cristãos que o língua reflete a natureza do livro, que
autor deste livro é o próprio Daniel, con­ abrange eventos ocorridos na BabiLônia
forme atestam as evidências internas (Dn e profecias relacionadas a Israel.
8.15; 27; 9.2; 10.2) e a referência de Jesus
ao profeta (Mt 24.15). Os seus registros SUBSÍDIO O
históricos revelam um período crucial “A história de DanieLé uma história de
e angustiante para os israelitas, no qual fé extraordinária depositada em Deus e
viveram exiLados em meio a uma cuLtura vivida no auge do poder executivo no
diferente e hostil 0 seu conteúdo vibrante pLeno respLendor da vida púbLica. ReLata
com põe uma m ensagem repleta de os acontecimentos cruciais da vida de
significados e ensinamentos. Destaca a quatro amigos - DanieL, Hananias, MisaeL
necessidade de o crente manter a fé ina- e Azarias - que nasceram no pequeno
baLáveLem momentos de adversidades e estado de Judá, no Oriente Médio, em
nos recorda de que podemos ser íntegros torno de dois miLe quinhentos anos atrás.
em quaLquerambiente. Mostra que Deus Como jovens membros da nobreza, ainda
é soberano e o Senhor da história, poiso adoLescentes, foram Levados cativos peLo
reino, o domínio e a majestade dos reinos imperador Nabucodonosor e transporta­
lhe pertencem (Dn 7.27). dos para a capitaL BabiLônia, a fim de serem
3. Estrutura e peculiaridades. Por educados na administração babilônica.
se tratar de um documento histórico, Daniel conta que eles subiram aos altos
e ao mesmo tempo, profético, é pos- escalões do poder não só do império
síveL dividir o Livro em duas seções que mundial da Babilônia, mas também do
formam um todo perfeito. Na primeira Império Medo-Persa que o sucedeu. [...] O
parte (capítulos 1 a 6), são narrados os que torna notáveLa história de fé desses
fatos e as experiências importantes jovens é que eles não só continuaram a
na vida de Daniel dentro da Babilônia. devoção particuLar prestada a Deus que
Na segunda (capítulos 7 a 12), estão as desenvolveram na terra natal, mas tam­
visões e as mensagens proféticas, que bém mantiveram um notório testemunho
revelam acontecimentos dos séculos púbLicoem uma sociedade pLuraLista que
seguintes e até o tempo do fim. Uma das se tornava cada vez mais antagônica à
pecuLiaridades do Livro de DanieLéque, fé deles. É por isso que sua história tem

6 JOVENS
uma mensagem tão poderosa para nós o rei e o povo a se arrependerem e a
hoje. As fortes correntezas do pLuraLismo se voltarem para Deus. Jeoaquim não
e do secuLarismo na sociedade ocidental, apenas rejeitou as paLavras do profeta,
contemporânea, reforçadas pela correção mas também queimou o rolo no qual
politicamente paralisante, jogam cada a Palavra de Deus estava escrita (Jr
mais para escanteio a expressão da fé 36.20-26).
em Deus, confinando-a, se possível, à 3. Deus castiga seu povo. IsraeL havia
esfera particular.” virado as costas para Deus. Em vez de ar­
rependimento, os Líderes e a nação endu­
(LENNOX, John. Contra a Correnteza: A inspira­
ção de Daniel para uma Época de Relativismo. receram o coração para não seguirem os
Rio d e Janeiro: CPA D, 2017, pp. 15,16.) seus estatutos (2 Cr 36.14). Por essa razão,
o Senhor estava discipLinando o povo da
II - CO M PREEN DEN DO O C O N ­ promessa, ao permitir o seu cativeiro e a
TEXTO destruição da cidade. O profeta Daniel
1.0 contexto histórico. No pano deé enfático ao escrever que foi o Senhor
fundo histórico dos primeiros capítuLos que entregou o rei de Judá nas mãos
do Livro de Daniel, há um cenário de de Nabucodonosor e permitiu que os
agitação e instabilidade decorrente utensíLios do TempLo fossem saqueados
da disputa pelo predom ínio político e profanados. O Senhor corrige quem ELe
na região. Em 605 a.C., após derrotar ama (Hb 12.6) e toda a história está sob o
o Faraó Neco do Egito, na Batalha de seu controLe. ELe é soberano sobre todas
Carquemis Ur 46.2), a Babilônia estava as coisas e até mesmo os ímpios podem
se consoLidando como grande potência ser usados para cumprir a sua vontade!
mundiaL. Liderada por Nabucodonosor,
o exército babilônico invadiu e sitiou III - A RELEVÂNCIA DO LIVRO DE
JerusaLém no terceiro ano do reinado de DANIEL PARA OS NOSSO S DIAS
Jeoaquim (2 Rs 24.1-6). Era o início das 1. Um Livro para todas as épocas.
invasões babiLônicas ao Reino de Judá OLhando para a jornada íntegra deste jo ­
esu a capitaL. Posteriormente, em duas vem hebreu até a sua veLhice, chegamos
outras oportunidades, a cidade voLtou a à concLusão de que o Livro de DanieLé
ser invadida: em 597 a.C. (2 Rs 24.10-14), para todas as épocas. Retirado à força
e a terceira, a maior de todas elas, em de sua casa, quando ainda tinha cerca
586 a.C., ocasião em que a cidade foi de quatorze anos, DanieLfoi conduzido
arrasada e o Templo, destruído. até uma terra estrangeira. Dentro de
2. Um rei ímpio. Jeoaquim era filho uma cuLtura hostiL, cercado por inimigos,
de Josias e sucedeu seu pai como rei enfrentou diversos ataques e desafios
de Judá aos vinte e cinco anos de idade ao Longo de sua trajetória. Esteve exiLado
(2 Rs 23.36). Foi um rei ímpio que não por mais de setenta anos até o fim da
andou nos caminhos do Senhor. O pro­ vida. Enfrentou conspirações, mudanças
feta Jeremias procLamou a mensagem cuLturais e poLíticas, sendo pressionado
de Deus, aLertando Jeoaquim e o povo de diversas formas, mas não negando
de Judá sobre a vinda do juízo divino a sua fé. Embora centenas de anos te­
devido à idolatria e à injustiça. ELe exortou nham se passado desde a sua época,

JOVENS 7
O Livro de DanieL nos c) M undo de conflitos e violência.
ensinará a ter sabedoria e DanieLviu de perto os horrores da des­
intetigência espiritual para truição provocada peLas guerras entre
com bater as estratégias do nações e sentiu na peLe o sofrimento
Inimigo no tempo presente, decorrente do exíLio. SemeLhantemen-
te, o mundo contemporâneo continua
a ser p alco de co nflito s internos e
sua trajetória é um exemplo inspirador in tern acio n ais, a ç õ e s terro ristas e
para os dias em que estamos vivendo. v io lên cias de todas as formas, pro­
O Livro de Daniel, por ser a Palavra de vocando dor e migração forçada. Isso
Deus, continua atuaLe a sua mensagem nos faz recordar das pessoas que se
urge para e sse tempo. A história de e n co n tra m n e ssa s situ a ç õ e s, que
Daniel pode ser a nossa história! precisam da nossa oração, apoio e
2. Um mundo transtornado. 0 perío­busca por soluções.
do do profeta foi um dos mais turbuLen- d) Mundo hostil aos valoresjudaico-
tos em termos de mudanças geopoLíticas -cristãos. É possíveL traçar um paraLeLo
na região do Oriente Médio e no Mundo da época de Daniel com o panorama
Antigo. Ele viveu em um mundo cujas da cultura contem porânea, e ss e n ­
características se repetem hoje: cialm e n te hostil à visão de m undo
a) Mundo frágil e cheio de incertezas. judaico-cristã. Da m esm a forma que
Estudiosos têm caracterizado o período aquele jovem hebreu foi pressionado
recente, principaLmente pós-pandemia, a abandonar sua crença em razão das
como um mundo frágil, ansioso, não-Li- pressões culturais e religiosas dentro
near e incompreensível A BabiLônia era da BabiLônia, os cristãos de hoje estão
palco das transformações e agitações enfrentando ataques severos da cuLtura
gLobais da sua época. DanieL viu impérios anticristã, a exempLo do ReLativismo e
desmoronarem e reis caírem, enquanto do SecuLarismo, dentre outras correntes
as pessoas sobreviviam com expecta­ fiLosóficas. Como veremos no decorrer
tivas aterrorizantes. A sua trajetória irá do trim estre, o Livro de D aniel nos
nos ensinar a encontrar resistência e ensinará a ter sabedoria e inteLigência
coragem em dias ruins além de espe­ espirituaL para combater as estratégias
rança numa época de desespero. do Inimigo no tempo presente.
b) Mundo com constante transição de 3. Devoção e testemunho público.
poder. DanieL serviu nos impérios babiLô- A inspiração do Livro de Daniel vai
nico e medo-persa com a mesma fé e aLém da devoção pessoal O seu teste­
fideLidade. Nenhum soberano o fez mudar munho nos mostra que a sua convicção
suas convicções, tampouco o poder o se­ não estava co nfinada ao am biente
duziu. Com eLe, somos Lembrados de que privado, preferindo enfrentar os leões
os reis, presidentes e governantes desta a renunciar uma confissão pública da
terra passam, mas o Senhor permanece fé. Ele é um grande exem plo bíblico
para sempre. Não importa quem esteja de como podemos usar a sabedoria e
no poder político, o cristão mantém sua o conhecimento de Deus para testificar
esperança sempre em Deus. em diversos lugares da sociedade.

8 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
LENNOX, John.
Contra a Correnteza:
Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

O CONCLUSÃO
0 livro de Daniel possui uma mensa­
gem singular para a Igreja na atuali­
O HORA DA REVISÃO dade. A sua vida na Babilônia é um
1. Por que o Livro de DanieL é co n­ exemplo de coragem, fé e integridade
siderado o “ApocaLipse do Antigo diante de circunstâncias adversas.
Testamento"? Ele nos ensina a confiar em Deus em
Porque registra as mensagens profé­ todas as situações e a buscar a sua
ticas que o Senhor revelou a DanieL vontade para a nossa vida.
indusive interpretações de sonhos,
visões de animais simbólicos e uma
visão detaLhada dos eventos esca-
toLógicos.
2. Em quantas partes podemos dividir
o Livro de DanieL? r _
Em duas, Na primeira parte (capítu- ANOTAÇAO
Los 1 a 6), são narrados os fatos e as
experiências importantes na vida de
Daniel dentro da Babilônia. Na segun­
da parte (capítuLos 7 a 12), estão as
visões e as mensagens proféticas.
3. Quem entregou Jeoaquim , rei de
Judá, nas mãos de Nabucodonosor?
O Senhor (Dn. 1.2).
4. O que DanieL enfrentou ao Longo
da sua vida?
Enfrentou conspirações, mudanças
cuLturais e poLíticas.
5. O que o testemunho de DanieL nos
mostra?
O seu testemunho nos mostra que a
sua convicção não estava confinada
ao am biente privado, preferindo
enfrentar os Leões a renunciar uma
confissão púbLica da fé.
COMO VIVEREMOS
NA BABILÔNIA
LEITURA SEMANAL

"Procurai a paz da c id a d e para SEGUNDA- Rm 12.2


o nd e vos fiz transportar; e orai Não vos conformeis
por ela ao S E N H O R , porque,
com este mundo
na sua paz, vós tereis paz." TERÇA - Gn 11.1-9
(Jr 2 9 .7 ) A origem da Babilônia
QUARTA - 2 Tm 1.12
Sabem os em quem temos crido
QUINTA - Jo 14 6
Jesus, a verdade absoluta
O crente fiel p o d e habitar SEXTA - Jr 29.5-7
na B abilô nia, m as a cultura Conselhos para a vida no exílio
da B ab ilô n ia não p o d e ter
SÁBADO - Ez 3310
d o m ín io sobre ele. Com o viveremos?

JOVENS 10
4
j 0 ^ & ^ s m tÊ m m Ê m m m im tí^ÊÊm m m sBÊÊ&Bam Êm sB§BKBiÊÊ
i ÊÊÊBÊÊÊÊÊÊBm M ÊÊÊÈÊÊÊÊUÊÊÊÊKÊÊÊÊÊm

I OBJETIVOS
APRESENTAR a chegada dos jovens hebreus na Babilônia;
CONHECER as características da imponente cidade;
IDENTIFICAR a cultura e o espírito da Babilônia;
COMPREENDER como viver e testemunhar na Babilônia.
/
INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), na primeira lição tivemos um panorama geral do livro
de Daniel e a sua relevância para os dias em que vivemos. Nesta segunda lição,
tem os a oportunidade de nos aprofundar na im ponente cidade da Babilônia,
explorando suas características culturais e sim bologia bíblica. Juntos, analisa­
remos com o a experiência dos jovens hebreus, liderados por Daniel, oferece
uma luz orientadora para os desafios que enfrentam os em nossa so cied ad e
em constante transformação, dentro da qual devem os habitar e testemunhar.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), nesta lição será fundam ental fazer um a pesquisa prévia para
conhecer o contexto histórico e cultural da Babilônia. Isso será importante para
os alunos serem "transportados" para o contexto em que Daniel e seus am igos
viveram. Colha informações sobre a cultura, a educação e a religião babilônica.
Em sala de aula, mostre representações da antiga cidade, em forma de figuras
e im agens aos seus alunos.

Características da Cidade:
Localização Geográfica: Babilônia estava localizada na Mesopotâmia, às
m argens dos rios Eufrates e Tigre. Sua localização estratégica a tornava um
importante centro de com ércio e transporte.
Impressionante Arquitetura: A cid a d e era conhecida por sua arquitetura
impressionante, incluindo o famoso “Portão de Ishtar" e os Jardins Suspensos
da Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
Muralhas Massivas: Babilônia era cercada por muralhas m aciças e fortifica­
ções que a protegiam de invasões e ataques.
Comércio: A lo calização estratégica da cid a d e a tornava um importante
centro de com ércio na região, facilitando o intercâmbio de mercadorias entre
o Oriente e o Ocidente.
Politeísmo: A religião na Babilônia era politeísta, com vários d euses e deu­
sas adorados. 0 deus Marduque (ou Bel) era considerado o d eus principal da
cidade e do império.
Templos: A cidade possuía impressionantes templos dedicados aos deuses,
com o o Templo de Marduque (o Esagila), que era um dos maiores tem plos da
antiguidade.
______TEXTO BÍBLICO
8'

Daniel 1.1-3
1 No ano terceiro do reinado de Jeo- os levou para a terra de Sinar, para a
aquim, rei de Judá, veio Nabucodo- casa do seu deus, e pôs os utensílios
nosor, rei de babilônia, a Jerusalém, na casa do tesouro do seu deus.
e a sitiou. 3 E disse 0 rei a Aspenaz, chefe dos seus
2 E o Senhor entregou nas suas mãos eunucos, que trouxesse alguns dos
a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte filhos de Israel, e da linhagem real, e
dos utensílios da Casa de Deus, e ele dos nobres.

INTRODUÇÃO na antiguidade, o objetivo de Nabuco-


Ao chegarem à Babilônia, os jovens donosor era treiná-los para ocuparem
hebreus se depararam com um mundo po siçõ es im portantes e servirem ao
novo e um a cultura com pletam ente reino dos conquistadores. Dentre os
distinta de sua terra natal. A civilização requisitos, esses rapazes deveríam ser
bab ilô nica, d e se n v o lv id a na região “sem nenhum defeito, de boa aparência,
da M esopotâm ia, d e s ta c a v a -s e em sábios, instruídos, versados no conhe­
diversas áreas, ficando famosa por ter cim ento e q ue fossem com petentes
estabelecido a primeira legislação escrita, para servirem no palácio real" (Dn 1.4).
conhecida como “Código de Hamurabi”. Em outras palavras, eles haviam de ser
No entanto, era dominada pelo paga­ fisicamente saudáveis, esteticamente
nismo e pela imoralidade, por isso é um bonitos e intelectualmente inteligentes;
símbolo bíblico de um sistema reprovável e também dotados de cultura geral e de
diante de Deus. Dentro desse ambiente, sabedoria prática para a vida no palácio.
repleto de desafios culturais e morais, Que lista de qualidades!
como Daniel e seus am igos deveríam 2. O jovem Daniel e seus compa­
viver? A presente lição nos permitirá nheiros. Daniel fazia parte desse grupo,
compreender que a maneira como eles juntam ente com H ananias, M isa e le
encaravam a cidade, mantendo-se fiéis Azarias. Daniel descendia de uma fa­
aos princípios que aprenderam em Judá, mília da aristocracia, talvez até mesmo
desempenhou um papel fundamental pertencesse à linhagem real de Judá.
na construção de um testemunho sólido N e ssa ép oca, tinha pro vavelm ente
ao longo de sua jornada no exílio. entre quatorze e dezoito anos de idade.
Você pode imaginar o que se passava
I - A CHEGADA DE DANIEL E na cab eça d esses jo ven s? Eles esta­
SEUS AMIGOS NA BABILÔNIA vam cheios de virtudes e sonhos, com
1. Deportados para uma terra es­grandes expectativas sobre o futuro em
tranha. Os ju d e u s foram deportados Jerusalém , e agora foram arrancados
para o exílio babilônio em três levas abruptamente da com odidade do lar.
(605, 597 e 586 a.C). No primeiro grupo De uma hora para outra suas vidas m u­
estavam alg uns israelitas de origem daram de percurso. Ainda que fossem
nobre. Usando uma estratégia comum piedosos e tementes a Deus, tiveram de

12 JOVENS
enfrentar o sofrimento e a vergonha de astrólogos, conjuradores e toda sorte de
serem Levados com o escravos de um adivinhadores. Contudo, tal “sabedoria"
rei ambicioso e cruel. A terra natal havia não pôde evitar que Nabucodonosor
sido devastada, os muros derrubados, o ficasse louco e pastasse como um boi
Templo destruído, amigos e familiares (Daniel 4.28-33). A cultura da BabiLónia
assassinados por ocasião da invasão (2 acen tuava a beleza, a excelência, a
Cr 36.6-20; Lm 5). Todavia, não deixaram inovação, a vaidade e a intemperança.
se abater pelas circunstâncias da sua Facilm ente poderia ter seduzido um
vida, pois sabiam que tudo decorria da jovem religioso que caísse em seu re­
benevolência de Deus. gaço de luxúria. Contudo, Daniel criou
3.0 sofrimento do justo, A história de um a contracultura consistente, que
Daniel e seus am igos nos faz recordar transcendeu a opulência babilónica.”
que os justos podem passar por prova­
(PALMER, Michaeí (ecü. Panorama do Pensa­
ções. O sofrimento é uma parte comum mento Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2001. p. 404)
da experiência humana e não poupa
aqueles que temem ao Senhor (Ec 9.2). I! - A IMPONENTE BABILÔNIA
No Novo Testamento, Paulo e Tiago 1. A capital imponente. Babilônia,
expressam essa verdade (Rm 5.3,4; Tg localizada às margens do rio Eufrates,
1.2,3). Foi com fundamento nesse tipo de era uma cid a d e -e stad o rica e servia
entendimento que Daniel e seus amigos como um importante centro comercial
não ousaram reclam ar de Deus. Não entre o Oriente e o Ocidente. Os jovens
buscaram vingança ou retaliação, mas possivelmente ficaram admirados com
procuraram ser canal de bênção onde a sua grandiosidade, a maior da época,
se encontravam. Embora novos, tinham distante cerca de 1.500 quilômetros de
a mente madura o suficiente para não Jerusalém. Era uma metrópole impres­
adotarem uma postura de amargura e sionante, conhecida por sua suntuosa
vitimismo. arquitetura. A cidade era cercada por uma
forte e extensa muralha com milhares
SUBSÍDIO O de torres. A sua cultura, como a atual,
“A cultura da Babilônia, como a nos­ era orientada a im agens e à estética.
sa, era opressivam ente orientada a A cidade se fazia co nhecer por seus
imagens. A estética dominante da cul­ luxuosos palácios reais e obras de arte,
tura babilónica foi vista na construção pátios ejardins, dentre os quais os jardins
d e uma espetacular estátua de ouro suspensos, assim reconhecidos como
que Nabucodonosor fez de si mesmo. um a das sete m aravilhas do Mundo
Im agens e scu lp id a s em ouro, prata, Antigo. Era fácil alguém ser seduzido
bronze, ferro, madeira, pedra e pinturas por seu luxo e opulência, como ocorre
brilhantem ente co lo ridas poderíam com a mídia hodierna.
ser achadas em todo canto e recanto, 2. A ostentação da cidade. Toda a
orientando e g overnando a vida do exuberância das obras arquitetônicas era
grande império. Também como a nos­ uma forma de representar o poder do
sa, a cultura deles encontrava consolo Império. Nabucodonosor queria ostentar
no misticismo, com videntes, mágicos, sua força e riqueza por meio de coisas

JOVENS 13
materiais e de suas realizações, relem­ em todo canto e recanto, orientando e
brando a fundação original da cidade governando a vida do grande império.
(Gn 11,1-9). O s descendentes de Noé Também como a nossa, a cultura deles
pretendiam construir uma cidade com encontrava consolo no misticismo, com
uma torre tão alta que alcançaria o céu, videntes, mágicos, astrólogos, conjura-
usando tijolos e betume, uma espécie de dores e toda sorte de adivinhadores.
piche. Além de não terem consultado ao (PALMER, Michaet (edl Panorama do Pensa­
Senhor, o propósito era a fama e a falsa mento Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 404 )
sensação de segurança sem Deus, Os
homens usaram toda inteligência que III - A CULTURA E O ESPÍRITO
possuíam e a engenharia da época para DA BABILÔNIA
construir um edifício simplesmente para 1. Símbolo de oposição aos valores
a sua própria glória. Deus, porém, não se divinos. Biblicamente, Babilônia é tanto um
agradou do empreendimento e, por isso, lugar geográfico, quanto a representação
confundiu as línguas e os espalhou pela de um sistema reprovável diante de Deus
terra, dando à cidade o nome de Babel, e seus valores espirituais e morais (Ap
3. Uma cultura pagã. Os babilônios 14.8; 17.1,2; 18.2,3). Ainda hoje, o espírito e
atribuíam grande im portância à sua a cultura da Babilônia permeiam a socie­
religião. Acreditavam que os d euses dade, simbolizando rebelião e ideologias
g o ve rn avam tod os os a s p e c to s da mundanas que confrontam a verdade
vida, desde os assuntos cotidianos até divina. Ela é uma metáfora para a idolatria,
os eventos cósmicos. Marduque, o seu paganism o e toda falsidade religiosa,
principal deus, era considerado o patrono bem com o sim bolo da degeneração
da Babilônia, Uma das principais portas moral, inversão de valores, depravação
da cidade era dedicada a Ishtar, a deusa e materialismo presentes nos sistemas
da fertilidade, do amor e da guerra. Havia político, cultural, midiático e econômico.
um tem plo dedicado ao seu culto. A 2. A relativização da verdade. A princi­
Bíblia apresenta Babilônia por meio de pal característica da cultura da Babilônia,
suas características de idolatria e pros­ com todos os seus reflexos, é a destruição
tituição espiritual (Na 34; Is 23.15; Jr 2.20), da noção de uma verdade absoluta. Essa
A atmosfera da cidade era impregnada foi uma das táticas de Nabucodonosor,
pelo paganismo e politeísmo. conforme sua religiosidade e visão de
mundo. John Lennox, na obra Contra a
SUBSÍDIO @ Correnteza (CPAD). cita o fato de o mo­
“A cultura da Babilônia, como a nossa, narca ter levado os utensílios do Templo
era opressivam ente orientada a im a­ em Jerusalém para a casa do tesouro das
gens. A estética dominante da cultura suas divindades na Babilônia (Dn 1.2). Para
babilónica foi vista na construção de os hebreus os objetos de ouro possuíam
uma espetacular estátua de ouro que enorme valor espiritual Feitos por artesãos
Nabucodonosorfez de si mesmo. Ima­ que am avam a Deus, representavam
gens esculpidas em ouro, prata, bronze, uma relação do povo com o Senhor, e
ferro, madeira, pedra e pinturas brilhan­ apontavam para a sua santidade e glória.
temente coloridas poderíam ser achadas Contudo, ao serem transportados para

1 4 JOVENS
a Babilônia, tais utensílios passaram a (COLSON, Charles & PEARCEY, Nancy. E
representar somente uma conquista de agora, com o viverem os? Rio de Janeiro:
CPAD, 2000, p.41,42.)
guerra, da mesma forma que qualquer
outro artefato. Os símbolos projetados
para indicar o único e verdadeiro Deus, IV - VIVENDO E TESTEMUNHAN­
o Criador do céu e da terra, foram postos DO NA BABILÔNIA
no mesmo nível de símbolos de culto de 1. Uma cidade para se testemunhar.
outros deuses. Assim como Nabucodo- Por q ual razão Daniel e seu s am igos
nosor estava rebaixando os valores e adotaram um a postura de serviço e
referenciais divinos absolutos, a socie­ responsabilidade dentro de uma cidade
dade pós-m oderna tem transformado estrangeira? Porque eles viveram dentro
os tesouros espirituais em coisas sem da Babilônia, mas não deixaram a Babi-
valor divino, dentro do mercado religioso. Lônia viver dentro deles! Aqueles moços
3. A religião que conduz à imoralida­
conheciam as admoestações do Senhor
de. As falsas religiões, ao perverterem a por meio de Jeremias, sobre como os
verdade, são capazes de destruir valores, judeus deveríam viver na terra para onde
conduzindo seus adpetos ou seguidores seriam transportados Ur 29.5-7). Eles deve­
a um estilo de vida depravado. Essa ver­ ríam constituir família, multiplicarem-se e
dade levou o apóstolo Pedro a advertir buscar a paz e a prosperidade da cidade.
os cristãos sobre os perigos dos falsos Deus estava dizendo que enquanto esti­
ensinamentos baseados em heresias de vessem exilados teriam uma vida normal
perdição, pois levam à imoralidade e a e produtiva. Foram instruídos a dar bom
outros desvios de conduta (2 Pe 2.13,14). testemunho e a contribuírem para o bem
Atualmente, é possível perceber a volta de toda a sociedade, não somente do
do paganismo em novas roupagens, mais seu próprio povo.
m odernas e “d e sco lad as”, ganhando 2. Testemunhando no mundo. En­
espaço em filmes, séries, desenhos e quanto lugar geográfico, Babilônia é uma
jogos. É preciso cuidado com o conteúdo cidade que representa a vida do cristão na
que você consom e, pois as nuances sociedade. Vivemos em um mundo caído,
desses falsos deuses antigos continuam dom inado pelo pecado. Ainda assim,
presentes no mundo de hoje! som os cham ados a ter uma presença
santa, fiel e abençoadora. A igreja eleita
SUBSÍDIO © do Senhor tam bém está na Babilônia
“A cultura de hoje não é só p ó s- (1 Pe 5.13). sem se deixar ser dominada
-cristã, m as está também se tornando por ela. Afinal, embora o discípulo de
rapidamente pós-moderna, o que sig­ Cristo tenha a cidadania celestial (Fp 3.2),
nifica que é resistente não somente às vivemos como forasteiros nesta terra (1
reivindicações das verdades cristãs, mas Pe 2.11). Faz parte da responsabilidade
a qualquer reivindicação da verdade. O do cristão zelar pelo desenvolvimento
pós-modernismo rejeita qualquer noção social, como sal da terra e luz do mun­
de verdade universal, abrange e reduz do (Mt 5.13), e mordomos de Deus (Gn
todas as idéias a construções sociais 1.26), pois Cristo é soberano sobre toda
formadas por classe, gênero e etnia I...1." a criação (Cl 1.15-19; 1 Co 1.26).

JOVENS 15
1

ESTANTE DO PROFESSOR
PALMER, M ichael (ed.). Panoram a
do Pensamento Cristão.
Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

PANORAMA 00
PENSAMENTO
CRISTÃO
©CONCLUSÃO & jf l
mauas num)
I
Os jovens hebreus tinham conhecimen­ ^ , . . ..■
to da maneira como deveriam se portar
no exílio. Em vez de buscar rebelião e © H O R A DA REVISÃO
vingança contra os captores, eles de­ . C o m o era a c id a d e da B abilô nia
veriam viver normalmente na cidade, nos tem pos de Daniel?
buscando a sua paz e prosperidade. A cidade era cercada por uma forte
Como aqueles jovens, vivemos exilados e extensa muralha com milhares de
em um mundo, que embora tenha sido torres. Tam bém se fazia conhecer
criado por Deus, está sujeito aos efeitos por seus luxuosos palácios reais e
do pecado. Assim como Daniel e seus obras de arte, pátios e jardins, dentre
amigos, somos chamados a viver neste os quais os jardins suspensos, assim
mundo, dando testemunho do nosso reconhecidos como um as das sete
compromisso com princípios sólidos, maravilhas do mundo antigo.
mesmo quando confrontados com . Qual a origem bíblica da Babilônia?
dilemas morais e pressões externas. A Torre de Babel (Gn. 11.1-9).
3. Biblicamente, quais as duas formas
de definir a Babilônia?
Babilônia é tanto um lugar geográ­
fico, quanto a representação de um
ANOTAÇÃO sistema reprovável diante de Deus
e seus valores espirituais e morais.
. Q ual o nome da divindade que era
considerada patrono da cidade da
Babilônia.
Marduque
. Q uais ad m o estaçõ es D eus deu a
Je re m ia s so b re com o os ju d e u s
deveriam viver na terra para onde
seriam transportados?
E le s d eve ríam co nstituir fam ília,
m ultiplicarem -se e buscar a paz e
prosperidade da cidade (Jr 29.5-7).
CONSERVANDO OS
VALORES E GUARDANDO
A IDENTIDADE
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"E o chefe dos eunucos lhes pôs
outros nomes, a saber: a Daniel SEGUNDA-Pv 4.23
Guardando o coração
pôs o de Beltessazar, e a Hananias,
o de Sadraque, e a Misael, o T E R Ç A -2 Tm 1.12
Sabem os em quem temos crido
de Mesaque, e a Azarias, o de
Abede-Nego." (Dn 1.7 ) QUARTA - Sl 119.11,12
Um coração sábio
RESUMO DA LIÇÃO Q U IN TA -lTs 5 21
Retendo o que é bom
Manter a identidade cristã SEXTA - At 17.11
em uma cultura hostil é Agindo como os bereanos
a principal prova de SÁBADO - 1 Pe 3.15
fidelidade ao Senhor. Preparados para responder

JOVENS 17
| O B J E T IV O S
DESCREVER a submissão dos jovens hebreus ao ensino na Babilônia;
C O N SCIEN TIZA R sobre os perigos da relativização de valores e da
desconstrução de identidades;
PROPOR ensino para hoje, considerando o exemplo de Daniel e seus
amigos.

IN T E R A Ç Ã O
Prezado(a) professor(a), sabem os que os jovens cristãos enfrentam diversos
desafios nas esco la s e universidades, tanto em virtude do am biente, quanto
em razão do padrão de ensino naturalista e hostil à fé cristã. Nesta Lição, exa­
minarem os com o os jovens hebreus enfrentaram desafios sem elhantes, uma
vez que precisaram adquirir conhecim ento sobre a cultura dos caldeus. Este
estudo nos proporcionará uma oportunidade relevante para contextualizar e
refletir sobre os perigos que perm eiam a ed ucação secular contemporânea,
frequentemente impregnada de doutrinação política e ideológica. Assim como
Daniel e seus amigos, que preservaram o conhecimento e os valores da cultura
de Judá, o jovem cristão pode defender a sua fé e testemunhar de Cristo dentro
do am biente educacional.

O R IE N T A Ç Ã O P E D A G Ó G IC A
Estimado(a) professor(a), a leitura de pequenos trechos de livros é um im­
portante método educacional, além de incentivar a própria leitura. Nesta lição,
leia com eLes o seguinte fragmento:
“Quando Daniel e outros membros jovens da nobreza judaica foram levados
cativos para a Babilônia no século VII a.C„ eles mantiveram sua identidade, en­
frentaram e venceram a cosmovisão de seus captores, em parte porque estavam
bem fundamentados em sua própria cosmovisão. Eles julgaram o que era bom e
mau, certo e errado, proibido e permitido. Mas sem uma compreensão clara das
crenças centrais de seus captores, eles facilmente poderíam ter sido assimilados
pela vida e cultura babilônicas”(Panoram a do Pensamento Cristão, CPAD, p, 29).
A pós a leitura, reflita com e les a respeito da forma com o podem os com ­
preender a cosm ovisão na cultura humana de hoje.

18 JOVENS
TEXTO BÍBLICO
MMIÉHmMI
D a n ie l 1 . 3 - 7

3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus 5 E o rei lhes determinou a ração de cada
eunucos, que trouxesse alguns dos dia, da porção do manjar do rei e do vi­
filhos de Israel, e da linhagem real, e nho que ele bebia, e que assim fossem
dos nobres. criados por três anos, para que no fim
deles pudessem estar diante do rei.
4 Jovens em quem não houvesse defeito
algum, formosos de aparência, e instru­ 6 E entre eles se achavam, dos filhos de
ídos em toda a sabedoria, e sábios em Judá, Daniel, Hananias, Misaele Azarias.
ciência, e entendidos no conhecimento, 7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros
e que tivessem habilidade para viver nomes, a saber: a Daniel pôs o de Bel-
no palácio do rei, a fim de que fossem tessazar, e a Hananias, o de Sadraque,
ensinados nas letras e na língua dos e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias,
caldeus. o de Abede-Nego.

INTRODUÇÃO de N abucodonosor de incorporar os


Desde 0 início do exílio na Babilônia, povos co n q u istad o s ao seu serviço
os jovens hebreus se depararam com a real. Concluído o curso de imersão eles
ameaça de perderem suas identidades, também teriam emprego garantido, se
à medida que poderiam gradualmente aprovados no teste final. Isso parecia
assimilar os valores da nova terra. Esta uma grande oportunidade para Daniel
lição tem como foco principal o estudo e seus am igos crescerem acadêm ica
das duas estratégias em pregadas pe­ e profissionalm ente no novo mundo.
los babilônios para minar a identidade A pós terem sido se le cio n a d o s pelo
piedosa dos jovens hebreus: a imersão "vestibular" babilônico, demonstrando
na cultura e língua caldeia, bem como conhecim ento suficiente, os quatro
a m udança de seus nomes. Com o ve­ jo v e n s estavam sendo m atriculados
remos, a narrativa bíblica nos oferece na “U niversidade da Babilônia", onde
valiosas lições sobre conservar nossa seriam treinados na nova cultura e nos
identidade espiritual e nossos princípios, seu s costumes. Segundo os padrões
especialm ente diante da doutrinação da é p o ca , o p ro gram a d e e stu d o s
id e o ló g ica presente atualm ente na era abrangente, envolvendo todas as
educação secular. letras e sabedoria (v.17). Teriam aulas
de m atem ática, ciência, astronomia,
I - HEBREUS NA “UNIVERSI­ navegação, política, história, geografia
DADE" DA BABILÔNIA e religião, certamente.
1. Na universidade da Babilônia. 2. O ensino catdeu. O s c a ld e u s
O rei ordenou a A spenaz, o ficia l da possuíam um padrão de ensino desen­
corte, que os jovens recém -chegados volvido. Foram pioneiros nos estudos
deveriam ser instruídos sobre a cultura da astronom ia e re sp o n sáveis pelo
e a Língua dos caLdeus, ao longo de avanço da matemática. Eles tam bém
três anos. Não era mera generosidade. dominavam a escrita cuneiforme, usada
Esse método fazia parte da estratégia para registrar leis, negócios e eventos

JOVENS 19
históricos. Por outro Lado, o ensino
SUBSÍDIO 0
caLdeu era impregnado de astrologia e
Professor(a), mostre aos alunos que
misticismo, formando os seus magos,
a “a universidade pode ser comparada
e n ca n tad o re s e feiticeiro s (Dn 2,2).
a um cam p o d e batalha. O q u e não
D esse modo, ao serem introduzidos
significa que ela deva ser evitada. Como
na educação daqueLe povo, os jovens
cristãos, devem os nos preparar para
hebreus estavam adentrando a um
entrar no com bate e, assim com o o
mundo totalmente diferente. Corriam
apóstolo Paulo, dizermos, ao término
o risco de aculturação, isto é, a perda
da graduação, que combatemos o bom
da cultura e d as cren ça s hebraicas,
combate e guardamos a fé (2 Tm 4.7). Se
por meio da assimiLação e acom od a­
existem boas razões para 0 cristão ir para
ção à cultura dos caldeus. Isso fazia
a faculdade — o que acreditamos que
parte do plano de N abucodonosor.
existem — então não há por que temer
Porém , os jo v e n s traziam em su a s
adentrar nesse embate, afinal o servo
mentes e corações os ensinam entos
do Senhor não foi forjado para fugir das
que haviam recebido em Jerusalém .
pelejas, mas enfrentá-las frontalmente. 0
Não recusaram o plano de estudos,
próprio Senhor Jesus, em uma oração ao
pois estavam preparados em termos
Paí a respeito dos seus discípulos, disse:
espirituais, morais e no conhecimento
“Não peço que os tires do mundo, mas
das Escrituras para rejeitarem a dou­
que os livres do mal" Uo 17.15). Entretanto,
trinação babilônica.
é óbvio que para ir para uma guerra é
3. Discernimento diante da estra­
necessário preparo prévio. Um soldado
tégia inimiga. Nabucodonosor era um
que entra na peleja sem o mínimo de
conquistador violento, mas não era um
preparo é alvo fácil para o inimigo. Essa
bárbaro em termos de conhecimento.
é a razão pela qual muitos cristãos se
Ele tinha consciência da importância
afastam de Cristo na universidade: a falta
da formação cultural como estratégia
de preparo (bíblico, teológico e apologé-
velada de reeducação e ressignifica-
tico), seja para conseguir responder (1 Pe
ção das idéias na mente dos exilados,
3.15) com firmeza aos questionamentos
esp e cialm e n te d os jovens. Afinal, o
sobre os fundam entos da fé, manter
Inimigo é astuto, e procura trabalhar na
a identidade cristã, ou para fazer uma
mentalidade das pessoas desde tenra
conexão entre a fé, a cultura atual e os
idade, sem usar métodos violentos, mas
interesses profissionais."
pedagógicos. Esse m esm o modo de
operação se repete hoje, quando os (NASCIMENTO , Valmir. O Cristão e a Univer­
sidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, pp. 27,28)
inimigos de Deus tentam deturpar os
valores das crianças, adolescentes e jo ­
vens. Assim como Daniel e seus amigos, II - D A R E L A T I V iZ A Ç Ã O DE
é preciso ter uma mente protegida pela VA LO RES À D ESCO N STR U ÇÃ O
Palavra do Senhor e um coração sábio D E ID E N T ID A D E S
(Sl 119.11,12) para aprender o que for útil, 1. A relativização da verdade. Caso
e rejeitar todo conhecimento humano assimilassem 0 padrão moral da religião
que perverte a verdade de Deus. dos caldeus, os jovens hebreus estariam

20 JOVENS
a aceitar a relativização da verdade. Afi­ tinham im e n so v alo r e sig n ifica d o ,
nal, o relativismo pode se propagar tanto especialm ente para os jud eus, que o
pela imposição, quanto pela destruição entendiam com o um a expressão da
sutil dos referenciais éticos na cultura. personalidade e do propósito de vida
Nos dias atuais, a primeira forma ocorre de alguém. Seus nomes foram mudados
quando se procura legalizar concepções para que a Babilônia pudesse apagar de
politicamente corretas, pela proibição seus corações e mentes suas origens.
de discursos, lim itação do acesso à Pretendiam substituir o Deus verdadeiro
informação e outros m ecanism os que pelos d e u se s do paganism o, com o
restringem a liberdade de crença e de propósito de m udar seus referenciais
expressão. Por essa razão, em muitos e id e n tid a d e s. O próprio no m e de
lugares do mundo, cristãos enfrentam Nabucodonosor era uma referência às
resistência na pregação do Evangelho. divindades pagãs. Na língua acadiana
Em diversos países, a defesa de con­ Nabu-Kudurri-Usur significava “Nabu é
vicções e valores morais que decorrem o meu protetor”.
diretamente da fé é considerada crime. Com isso, Daniel que significa “Deus
O relativismo, por mais antagônico que é m eu juiz"; d e ra m -lh e o nom e B e l-
seja, não tolera a defesa de qualquer tessazar, “Bel protege o rei". Hananias
absoluto, nem m esm o na esfera da “Deus é gracioso"; cham aram -lh e de
religião. Na presente Era tudo se dilui Sadraque, “Iluminado pelo sol”. Misael
e é adaptável, segundo os sociólogos sig n ifica “Q uem é co m o Deus?"; foi
e ss a é p o ca p o d e se r c h a m a d a de cham ado de M esaque, “A quele que
“modernidade líquida”. pertence à d eusa Sesaque". A zarias
2. D esconstruir id en tid ad es. A sig n ifica “D eus a ju d a ”, d e ra m -lh e o
segunda forma de dissem in ação do nome de Abede-Nego, “Servo do deus
relativismo é sutil. Ela se dá pela d e s- Nego". Embora não pudessem impedir
construção dos referenciais que levam tal mudança, isso não fez a menor di­
à perda da identidade. O que é identi­ ferença em suas vidas. A forma como
dade? É aquilo que define e dá signifi­ passaram a ser cham ados não entrou
cado às nossas vidas. Nós, cristãos, por em seu s corações. O s novos nom es
exemplo, temos uma identidade bíblica, sociais não mudaram suas verdadeiras
que expressa nossa origem, crenças identidades e muito m enos aboliram
essenciais e a ética que professamos. a centralidade de Deus.
Isso nos caracteriza e nos distingue. Foi
o caminho da desconstrução que a Ba­ III-ENSINOS PARA HOJE
bilônia adotou com os jovens hebreus, 1. Fidelidade nas escolas e universi­
ao trocar os seu s nom es (Dn 1.7). Ao dades, O fato dos jovens hebreus terem
fazer isso, Aspenaz, em consideração ao passad o p ela fa c u ld a d e babilô nica
rei e seus deuses pagãos, intencionava e saído de lá form ados e aprovados
fazer uma lavagem cerebral em Daniel com louvor (Dn 1.17-20), m antendo a
e seus companheiros. integridade e fidelidade ao Senhor, tem
3. Novos nomes, a mesma identida­ muito a nos inspirar hoje. Sobretudo,
de. Naquele tempo os nomes pessoais eles souberam proteger seus valores

JOVENS 21
contra o ensino da época. Atualmente, que os seu s professores ensinavam ,
a educação secular encontra-se igual­ com o que havia aprendido de seus
mente carregada de ideologias nocivas, pais e líderes de Judá. Ele usou um
que procuram suplantar a ed ucação filtro para aproveitar o que era bom e
clássica e os valores cristãos. V a le n ­ rejeitar o que era nocivo (1 Ts 5,21). De
d o -se de pensadores secularistas, ag ­ idêntica maneira, ojovem cristão pode,
nósticos, ateus e alinhados a ideologias e deve, valorizar o estudo secular, pois
anticristãs, muitos professores fazem além de proporcionar conhecimento,
uso d e um ensino relativista. Muitos se rve para a fo rm ação p ro fissio n al
centros educacionais são locais hostis e para o m ercado de trabalho, área
aos cristãos, em virtude do ambiente na qual o crente pode ser usado por
e do conteúdo ensinado. Não raro, os Deus e fazer a diferença. O segredo é
crentes são pressionados a abandonar subm eter tudo ao crivo das Sagradas
suas “crenças ultrapassadas”, aceitar Escrituras (2 Co 10.5; At 17.U).
a “c iê n c ia ” e d eixar as c o isa s da fé 3, M antendo a id e n tid a d e em
para trás, ou confiná-la ao am biente tempos pós-modernos. Tal com o fez
privado, Isso decorre do Secularism o. Aspenaz, o mundo procura m eios de
O exem plo de D aniel e seu s am igos m ud ar a id e n tid a d e do cristão. Em
nos mostra que é possivel enfrentar tem p o s p ó s-m o d e rn o s, o n d e falta
esse ambiente, estando previamente firmeza e consistência m oral e e sp i­
preparados para responder sobre a ritual, existe uma estratégia diabóLica
razão da nossa esperança (1 Pe 3.15). de perda de sentido e significado. O
2. Retendo o que é bom. Nem tudoespírito desta época procura seduzir
aquilo que os jovens hebreus apren­ os c re n te s da d e s n e c e s s id a d e de
deram era negativo e ofensivo à fé em u m a id e n tid a d e própria, d a d a por
Jeová. Durante os três anos de estudo, Deus, tratando isso com o algo ultra­
como vimos, eles foram instruídos em passado. O m undo fala em “ab rir” a
diversas áreas do conhecimento huma­ m ente, “flexibilizar” as co n vicçõ e s e
no. Grande parte d esse conteúdo era “d esconstruir” as tradições arcaicas.
importante, pois lhes proporcionava Em c ad a área da vida se p e rce b e a
habilidades e competências intelectuais. estratégia de “m udança de nom es”, A
O próprio registro bíblico enaltece, ao ideologia de gênero procura destruir a
final do período, a aquisição de conhe­ identidade sexual. O sincretismo busca
cimento e a inteligência de Daniel em acabar com a identidade religiosa. O
todas as letras e sabedoria (Dn 1.17). re lativism o se propõe a d e sfaze r a
Este fato é um forte indicativo de que identidade moral. Como nunca, a forma
podemos aproveitar o conhecimento e de proceder dos jovens hebreus serve
a sabedoria não tipicamente religiosa, como modelo de bravura e resistência
d e sd e q u e não contrarie a verd ad e aos ímpetos de destruição identitária,
de Deus. Podem até mudar o nosso nome, mas
Daniel não demonizou toda a cultura não conseguem mudar quem somos:
da Babilônia e o ensino dos caldeus. cristãos. AqueLes que creem e vivem
Com muita sabedoria, comparou aquilo em Cristo (At 11.26).

22 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
NASCIM ENTO, Valmir.
O Cristão e a Universidade.
Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

© CONCLUSÃO
Como vimos, as escolhas e determi­
nação de Daniel e seus amigos nos
© HORA DA REVISÃO instigam a manter nossa identidade
espiritual e nossos princípios, mesmo
1. Por que se considera que os caldeus
possuíam um ensino desenvolvido?
quando enfrentamos desafios que
Ele s foram pioneiros nos estudos ameaçam desviar-nos do caminho da
da astronomia e responsáveis pelo verdade. É preciso resistir sabiamente,
avanço da matemática. Eles também pois sabemos em quem temos crido
dom inavam a escrita cuneiforme, (2 Tm 1.12).
usada para registrar leis, negócios
e eventos históricos
2. Durante os estudos na Babilônia,
os jo vens corriam qual risco?
r _
Corriam o risco de aculturação, isto
é, a perda da cultura e das crenças
ANOTAÇAO
hebraicas, por meio da assimilação e
acomodação à cultura dos caldeus.
3. O que é identidade?
É aquilo que define e dá significado
às nossas vidas.
. Por que os nom es dos jo vens he-
breus foram m udados?
Pretendiam substituir o Deus verda­
deiro pelos deuses do paganismo,
co m o propósito d e m ud ar se u s
referenciais e identidades
. Qual o significado original do nome
D aniel e q u al o sentido do nom e
que lhe deram ?
Daniel significa 'D eus é m eu juiz';
deram -lhe o nome Beltessazar, 'Bel
protege o rei'.
UMA FIRME DECISÃO DE
NÃO SE CONTAMINAR
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"E Daniel assentou no seu coração
SE G U N D A -íP e 316
não se contaminar com a porção do Uma boa consciência
manjar do rei, nem com o vinho que
TERÇA - 2 Tm 1.7
ele bebia; portanto, pediu ao chefe
Deus não nos deu o
dos eunucos que lhe concedesse Espírito de temor
não se contaminar." (Dn 1 .8)
QUARTA - Lc 16.10
Fidelidade em tudo
RESUMO DA LIÇÃO
QUINTA-Pv 11.3
A sinceridade dos íntegros
A fid e lid a d e a D eu s im p lica SEXTA - 1 Pe 316
em força d e caráter e conduta C o m mansidão e temor
íntegra para preservar os
SÁBADO - Ef 5 26
valores da vida cristã. Purificando pela Palavra

JOVENS 24
OBJETIVOS
ANALISAR a decisão de Daniel de não participar do banquete do rei;
REFLETIR sobre o firme propósito de Daniel d e não se contaminar;
MOSTRAR o resultado da fidelidade a Deus.

INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), um dos aspectos mais notáveis no livro de Daniel
é que a sua ênfase inicial não recai nas profecias, m as nas experiências e d e­
monstração de força de caráter dos jovens hebreus. Isso realça que a verdadeira
espiritualidade com eça em um interior transformado que se recusa a se contami­
nar. Nesta lição, veremos com o Daniel rejeitou decisivamente participar da farta
com ida real, para preservar a pureza e manter a sua lealdade exclusivam ente
a Deus. Tudo com eçou com o com prom isso enraizado em seu coração, uma
referência biblica ao centro do pensam ento e em oções humanas. É relevante
destacar, nessa aula, que agir como Daniel im plica ter a mente de Cristo (i Co
2.16). Ela decorre de uma vida transformada, de sorte que nossos pensamentos
e a nossa visão de mundo são direcionados pela vontade do Senhor.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado(a) professor(a), para contextualizar o ensino desta lição, escreva no
recurso visuaL disponível em sala de aula (quadro, flip-chart, datashow) a palavra
“APATEÍSMO". Pergunte aos alunos se já ouviram este termo. Depois, explique que
se trata de uma junção das palavras “apatia" e “ateísmo/ateísmo", e representa
uma postura de desinteresse e desprezo em relação à crença ou descrença
em Deus. O apateísmo não é um tipo de crença ou uma visão de mundo, mas
uma atitude de indiferença em relação às questões espirituais, É cada vez mais
com um entre jovens, até m esm o dentro da igreja. Conclua destacando que os
jovens hebreus não foram apáticos em nenhum momento, mas demonstraram
paixão e fervor espiritual.
TEXTO BÍBLICO
wr

D a n ie l 1 . 1 1 - 1 6
11 Então, disse Daniel ao despenseiro a quem 14 E ele conveio nisso e os experimentou
o chefe dos eunucos havia constituído dez dias.
sobre Daniel, Hananias, Misaele Azarias: 15 E, ao fim d os dez dias, pareceram os
12 Experimenta, peço-te, os teus servos se u s sem blantes m elhores; e le s e s ­
d ez dias, fazendo que se nos deem tavam m ais gordos do que todos os
legum es a com er e água a beber. jovens que com iam porção do manjar
13 Então, se veja diante de ti a nossa aparên­ do rei.
cia e a aparência dos jovens que comem 16 Desta sorte, 0 despenseiro tirou a porção
a porção do manjar do rei, e, conforme do manjar d eles e o vinho que deviam
vires, te hajas com os teus servos. beber e lhes dava legum es.

INTRODUÇÃO não estava na satisfação momentânea.


Seu propósito não era agradar o rei da
Um dos segredos da vida vitoriosa de
Babilônia, mas o Rei do Universo.
Daniel foi sua firmeza de caráter. Desde o
2. Uma decisão firme. O texto bíblico
início ele expressou profunda convicção
ressalta que Daniel propôs em seu co­
em Deus e força de vontade para resistir à
ração não se contaminar com as finas
contaminação na Babilônia. Tendo como
iguarias do rei, nem com o vinho que ele
referência o episódio no qual o jovem
hebreu se recusou a partilhar das finas bebia, pedindo que ele e seus amigos
iguarias do rei, nesta lição aprenderemos fossem dispensados (Dn 1.8). Eles se ali­
que pequenos gestos podem resultar mentariam somente de legumes. Foi uma
em grandes vitórias. decisão convicta e com firmeza. Antes de
dizerem "não" ao rei, os quatro rapazes
haviam dito "sim" a Deus. Antes de ex­
I - O BANQUETE DO REI
1. A oferta do manjar. Durante opressar em palavras o que queriam, eles
período de treinamento para o serviço estavam preparados para se absterem
da corte, os jo v e n s cativos estariam da contaminação. Foi a manifestação de
submetidos a uma dieta diária especí­ uma fé firme e sincera (1 Pe 3.16; 5.9; 2Tm
fica (Dn 1.5). ELes deveríam se alimentar 1.5). A recusa em participar dos manjares
da mesma refeição que era servida ao foi um ato de bravura prudente. A vida
rei. Para o senso natural isso seria uma d eles estava em perigo, mas mesmo
grande oportunidade. O simples fato de assim, manifestaram o protesto. Uma
não precisarem fazer a própria comida fé verdadeira não com pactua com a
já seria uma boa notícia, não é mesmo? covardia (2Tm 1.7). Infelizmente, o medo
Além disso, eles teriam o privilégio de da rejeição social tem levado muitos ao
desfrutar dos banquetes reais e da melhor fracasso espiritual, negando a fé e os
com ida e bebida servidas no palácio. valores cristãos.
Poderia parecer para alguns a chance 3. Uma decisão pequena, mas po­
perfeita de adquirir status. Daniel, porém, derosa. Para alguns, aceitar uma simples
era um jovem espiritual, e seu coração refeição ou um pequeno convite não faz

26 JOVENS
qualquer diferença. Eles poderíam pensar há diversas razões para Daniel ter se
em ter feito somente essa concessão, recusado a comer da mesm a refeição
acreditando - como muitos - que não do rei. O sentido o riginal da palavra
haveria maiores repercussões na vida: 'contaminar' indica algo impuro ou man­
'Não tem problema fazer só isso". Talvez, chado, Eles queriam se manter puros. A
eles estivessem sendo exagerados com primeira explicação estaria no cuidado
a decisão, muitos poderíam dizer. Contu­ dos jovens em não violaras leis alimen­
do, eles sabiam que pequenas decisões tares estabeLecidas aos israelitas (Lv 11;
provocam grandes consequências (GI6.7). 1711). Os alimentos também poderíam
Tinham consciência que ceder um pouco ter sido sacrificados aos ídolos, ou de
seria abrir a porta para o pecado entrar. algum modo faziam parte de rituais do
paganism o babilônico, contrariando a
SUBSÍDIO # lei mosaica (Dt 6.13-15).
■[...] A Igreja perm anece verdadeira 2. Cuidado com as companhias. A
ao seu caráter preservando sua distin- razão mais aceita para motivara recusa
guibilidade. Ela não faz nenhum favor dos jovens, liderados por Daniel, seria o
à so cied ad e ad ap tand o -se à cultura cuidado para não partilhar habitualmente
popular prevalecente, porque falha em a mesa com o rei. Na antiguidade, parti­
sua tarefa justamente no ponto em que cipar da mesma refeição era um ato que
deixa de ser ela m esm a. A Igreja não demonstrava comunhão, algo que Daniel
tem uma ética social, m as é uma ética não estava disposto a fazer. Sua fidelidade
social, [.„! na m edida em que é uma era inteiramente a Deus. Uma coisa é o
comunidade que pode ser claramente crente se relacionar socialm ente com
distinta do mundo. Pois o mundo não é descrentes e pessoas que não possuem
uma comunidade e não tem tal história, as mesmas convicções que as suas; outra
visto que está baseado na pressupo­ é manter comunhão. O apóstolo Paulo,
sição de que os seres humanos, e não igualmente, adverte sobre 0 cuidado que
Deus, governam a história. Quando a devemos ter com quem nos associamos
igreja adota uma ética moral formada (1 Co 5.9-11). Isso nos leva a refletir sobre
pela cultura popular prevalecente, está as pessoas com quem convivemos. São
negando sua natureza. Antes, a Igreja pessoas que nos inspiram para o bem e
tem de expressar a ética social que já querem o melhor para as nossas vidas?
encarna; tem de transmitir a história de Ou são pessoas tóxicas cuja proximidade
Cristo, uma história que continuamente poderá nos destruir? Até nos relaciona­
causa impacto nas relações sociais dos mentos é preciso ser firme para evitar
seres humanos.” contaminações (1 Co 15.33).
(Panorama do Pensamento Cristão. Rio de 3, Gentileza e favor divino. Ao formu­
Janeiro: CPAD, 2001, p.314.> lar o pedido a Aspenaz, Daniel foi firme
e ao mesmo tempo gentil. Isso foi uma
I! - O FIRME PROPÓSITO DE atitude de sabedoria e educação. Ao
NÃO SE CONTAMINAR defendermos a nossa fé diante dos outros
1. Contra a contaminação. Apesardevemos ser mansos e educados (1 Pe
da a u sê n c ia de d e ta lh e s no relato, 3.15). Coragem sem prudência é tolice.

JOVENS 27
Outro aspecto importante a ser ob­ do que pelos seu s argumentos; mais
servado n esse episódio é que Deus ameaçada pela indiferença espiritual dos
concedeu a Daniel misericórdia (Dn 1.9). cristãos do que pelos ataques frontais
A Bíblia está mostrando, mais uma vez, à fé cristã. Seja como for, ao enfrentar
que tudo o que alcançamos na vida de­ e sse desafio, a com unidade cristã há
ve-se ao favor divino, à sua imensa graça. de repensar a maneira como defende
Apesar de todo empenho e dedicação de a fé. A igreja é instada a recordar que
Daniel, todo o mérito estava no Senhor, os obstáculos colocados no caminho
que conduz a Cristo e o abismo cultural
SUBSÍDIO ô que separa as pessoas do evangelho
“Pelo fato de ser um a atitude de mudam com o decorrer do tempo. Cada
vida, manifesto pela apatia religiosa e época tem seus desafios e empecilhos
espiritual, o apateísmo pode aparecer próprios, e isso exige consequentemente
até mesmo naqueles que afirmam per­ a adaptação da apologética, para que
tencer a algum a fé. Um estudo recente possa responder de forma efetiva às
da Lifeway Research descobriu que a demandas do seu contexto social.
apatia dentro da igreja foi citada como Em nossos dias, a apologética que se
o desafio mais comum enfrentado pe­ vale somente de argumentos lógicos e
los pastores hoje. Realizada em 2021, a evidências materiais é incapaz de respon­
pesquisa apontou que 75% dos pastores der às perguntas e atender aos anseios
pesquisados listaram “apatia ou falta das novas gerações, submersas em uma
de compromisso das pessoas”quando cultura frágil, alienada e ansiosa, onde as
solicitados a identificar aquela “dinâmica questões intelectuais se encontram em
das pessoas”que consideram desafiadora segundo plano. O escritor Josh McDowell,
em seu ministério. De fato, a apatia pode um dos m ais renom ados apoLogistas
m anifestar-se na vida daquele que se cristãos das décadas de 80 e 90, que
diz cristão. Embora se declare crente, usava um a m etodologia tradicio nal
ele deixa de frequentar a igreja e de ter para a defesa da fé cristã, percebeu a
comunhão com os irmãos. Embora seja necessidade de uma nova abordagem
membro da igreja, não se preocupa em apologética. Em seu livro Razões para
aplicar os princípios morais e espirituais Crer, depois de apresentar um panorama
das Sagradas Escrituras em sua prática da juventude da atualidade, ele escreve
de vida pessoal, familiar e profissional, que “os jovens cristãos de hoje precisam
com o resultado não das fragilidades mais do que uma postura estritamente
humanas, mas pela falta de com pro­ modernista, que apele para o intelecto.
misso e desinteresse em viver como um E precisam muito mais do que o ponto
seguidor de Cristo. de vista pós-m oderno, q ue rejeita a
Neste horizonte, é possível dizer que, verdade e exalta a experiência pessoal".4
nos últimos tempos, uma das maiores Eles precisam de algo que dê sentido
ameaças ao testemunho cristão não é o relacionai para a vida. Isso não significa,
ateísmo, o neoateísmo ou agnosticismo, obvíamente, desprezar os argumentos e
mas o apateísmo. A igreja é mais desa­ as evidências que comprovam a veraci­
fiada pelo desinteresse dos descrentes, dade das Escrituras, mas ter em mente

28 JOVENS
que as questões volitivas e existenciais ao Senhor. Ninguém perde coisa alguma
ocupam lugar de destaque na menta­ quando se recusa a comprometer a sua fé.
lidade contemporânea. O problema da 2. 0 Senhor garante e aprova. Pas­
apatia e do desinteresse em relação à sado algum tempo, os jo v e n s foram
religião envolve falta de vontade, a partir conduzidos diante de Nabucodonosor
da compreensão de que a existência de (1.18-20). Depois de lhes fazer perguntas
Deus é irrelevante para a sua vida em para medir o conhecimento, descobriu
particular e para a sociedade em geral. que se tratavam dos jovens mais sábios
Uma apologética sábia precisa reagir e do seu reino, superando a todos. Não
responder (1 Pedro 3.15) de forma ade­ eram somente eruditos, mas também
quada aos questionamentos do tempo piedosos e tem entes a Deus. Daniel,
presente, evidenciando, além da raciona­ em especial, recebeu do Senhor o dom
lidade da fé cristã, as suas contribuições de interpretar todo tipo de visões e so­
para a sociedade, a coerência de suas nhos (1.17). Isso nos faz perceber que é
doutrinas fundamentais e o sentido que possível conciliar conhecimento, com
proporciona à vida humana.” graça: inteligência com poder.
(NASCIMENTO. Valmir. Lições Bíblicas Jovens. Os quatro moços foram aprovados
Rio de Janeiro: CPAD. 2024.) por Nabucodonosor, mas antes disso
foram a p ro v ad o s por D eus, a lc a n ­
ill - O RESULTADO DA FIDELI­ çando posição de destaque. Esse é o
DADE A DEUS resultado de servir e ser fiel ao Senhor.
1. A prova de Daniel. Embora fosse Em uma sociedade que gosta de fazer
simpático para com os rapazes, o oficial com parações, que m ede as pessoas
tinha receio do desfecho. Ele tem ia pelo desempenho e coloca a todos nos
perder a sua vida, caso os jovens se mos­ m esm os moldes e padrões, devemos
trassem com aparência menos saudável ter o entendimento de que somos dife­
ao se apresentarem diante do rei, em rentes e nossos métodos são distintos
comparação com os demais (1.10). Daniel do mundo. Vale a pena ser cristão. Vale
propõe então um teste: durante dez a pena ser puro. Vale a pena ser fiel!
dias eles comeriam somente legum es 3. Rejeitando as tentações do mundo.
e beberiam somente água. Ao final desse É importante lembrar que a rejeição dos
período, poderíam ser inspecionados “manjares do mundo" não se limita apenas
junto com os outros. A audaciosa prova a banquetes extravagantes, mas abran­
proposta por Daniel mostra que o servo ge todas as áreas da vida. Um coração
de Deus não precisa temer os desafios incontaminável demonstra firmeza ao
do mundo. Isso não significa sair por aí dizer “não“não apenas à pornografia e à
querendo demonstrar superioridade, e fornicação, mas também à idolatria e a
sim, confiança no Senhor. todas as obras da carne (Gl 5.19-21). Num
Depois dos dez dias, os hebreus se mundo de apatia e indiferença espirituais,
apresentaram com melhor sem blante esta postura é um lembrete constante da
e mais fortes que os outros jovens que importância de permanecer fiel aos prin­
comiam do manjar do rei da Babilônia cípios espirituais, independentemente das
(1.15). Esse é o resultado de servir e ser fiel tentações que possam surgir no caminho.

JOVENS 29
ESTANTE DO PROFESSOR
COLSON , Charles; PEARCEY, Nancy.
E agora, como viverem os? 2.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
i. -
___ I
■ I

©CONCLUSÃO
Como manter a pureza de caráter em
meio a uma sociedade corrompida?
Como foi possivel aprender com Da­
niel, a resposta a esta pergunta tem
início com uma resolução firme que
nasce no coração. A conduta íntegra © HO R A DA REVISÃO
simplesmente resulta desse com­ . Diante do manjar oferecido pelo rei, o
promisso interno com a intenção de que Daniel propôs em seu coração?
agradar a Deus. D a n ie l p ro p ô s em se u c o ra ç ã o
não co n tam in ar-se com as finas
iguarias do rei, nem com o vinho
que ele bebia, pedindo que fossem
dispensados (Dn 1.8).
ANOTAÇÃO . Com o D aniel agiu ao fo rm ular o
pedido a Aspenaz?
Daniel foi firme e ao mesmo tempo
gentil.
3. No lugar da com ida do rei, qual foi
a proposta feita por Daniel?
Durante dez dias e le s com eriam
somente legum es e beberiam so­
mente água.
. Ao fin a l d o s d e z d ias, co m o se
apresentam Daniel e seus am igos?
Depois dos dez dias os hebreus se
apresentaram com m elhor se m ­
blante e mais fortes que os outros
jovens que com iam do manjar do
rei da Babilônia (1.15).
5. Que tipos de banquetes o mundo tem
oferecido aos jovens da atualidade?
Resposta livre.
LIÇÃO

A REVELAÇÃO DE
DEUS CONFRONTA O
SECULARISMO
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
SEGUNDA-Js 1.9
"Então, foi revelado o segredo Não se apavore
a Daniel numa visão de noite; e TERÇA - Tg 5.16
Daniel louvou o Deus do céu." A oração pode muito
(Dn 2 .19) em seus efeitos
QUARTA - 1 Sm 9.15
Deus revela
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA-Fp 2.3
Agindo com humildade
O sonho revelado a Daniel SEXTA - l Co 2.10-12
mostra o mundo sobrenatural O Espírito revela as coisas de Deus
e que o reino de Deus SÁBADO - At 1.7; 1 Ts 5.1
não tem fim. Os tempos e as estações
pertencem a Deus

JOVENS 31
OBJETIVOS
CONHECER as circunstâncias do sonho de Nabucodonosor;
APRENDERcom a conduta de Daniel e a interpretação do sonho;
CONTEXTUALIZAR a revelação de Deus em tempos de secularismo.

INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), dando seq uência ao livro de Daniel, o capítulo dois
apresenta um acontecimento que colocará em risco a vida dos jovens hebreus,
envolvendo a interpretação do sonho de Nabucodonosor. Nesta aula, será impor­
tante explorar o significado deste sonho profético, por meio do qual Deus reveLa
o seu plano soberano para os governos mundiais e confirma o reino messiânico.
Semelhantemente, esta passagem bíblica possibilita aprender com Daniel sobre
com o agir diante de um momento de crise e perigo,

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado(a) professor(a), nesta aula, a fim de esclarecer e facilitar a com pre­
ensão dos alunos sobre o significado do sonho de Nabucodonosor, reproduza
em algum recurso visual a demonstração da estátua. Destaque o cumprimento
histórico do sonho, com os impérios mundiais que existiram.

O CUMPRIMENTO DA INTERPRETAÇÃO DE DANIEL


A grande estátua do sonho de Nabucodonosor (2.24-45) representava os quatro rei­
nos que dominariam como potências mundiais. Reconhecemo-los como Império Babi-
lônico, Império Medo-Persa, Império Grego e Império Romano. Todos estes serão
subjugados e chegarão ao fim pelo Reino de Deus, que continuará para sempre.
Parte Material Império Período de Dominação

Cabeça Ouro Babilônico 606- ■539 a.C.


Braços Prata Medo-Persa 539- ■331 a.C.
e Peito
Ventre Bronze Grego 331— 146 a.C.
e Coxas
Pernas Ferro e Romano 146 a.C.— 476 d.C.
e Pés Barro

Extraído de Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 1092.


D a n ie l 2 . 1 -5
1 E no segundo ano do reinado de Nabu- para saber o sonho, está perturbado
codonosor, teve Nabucodonosor uns o meu espírito.
sonhos; e o seu espírito se perturbou, 4 E os caldeus disseram ao rei em siríaco:
e p a sso u -se -lh e o seu sono. Ó rei, vive eternamente! Dize o sonho a
2 E o rei m andou cham ar os m agos, e teus servos, e daremos a interpretação.
os astrólogos, e os encantadores, e
5 Respondeu o rei e disse aos caldeus: O
os caldeus, para que declarassem ao que foi m e tem escapado; se m e não
rei qual tinha sido o seu sonho; e eles
fizerdes sab er o sonho e a sua inter­
vieram e se apresentaram diante do rei. pretação, sereis despedaçados, e as
3 E o rei lh es disse: T ive um sonho; e, vossas casas serão feitas um monturo.

INTRODUÇÃO sonho. Para nossa cultura, esse tipo de


Você já teve a experiência de ter esquecimento é comum, mas na supers­
um sonho e, na manhã seguinte, não tição oriental da época, era considerado
conseguir se lembrar d ele? O capítulo um mau presságio, indicando a ira das
divindades. Por essa razão, o rei ficou
dois do livro de Daniel narra o episódio
profundamente angustiado.
no qual algo semelhante ocorreu com
A primeira ação do rei foi convocar
Nabucodonosor, deixando-o atormenta­
um grupo diversificado de conselheiros
do. Porém, como veremos, não se tratava
reais, que incluía magos, astrólogos, fei­
de um sonho comum. O jovem Daniel
ticeiros, encantadores e caldeus. Esses
foi convocado e, por revelação divina,
indivíduos eram especialistas em várias
deu tanto a descrição quanto a inter­
áreas do conhecimento e da ciência da
pretação do sonho, mostrando o plano
época, incluindo previsões políticas,
de Deus para os governos mundiais.
econômicas e sociais. No entanto, para
Neste estudo também aprenderemos
realizar a tarefa que lhes foi incumbida,
com as atitudes de Daniel diante de
eles precisavam de informações mais
uma situação de crise.
detalhadas, pedindo ao rei a descrição
do sonho. Para surpresa e temor desses
I - O SONHO PERTURBADOR conselheiros, e le s ficaram sabendo
DO REI que a tarefa não se lim itava apenas
1, Um sonho esquecido (2.1-5). No a interpretar o significado do sonho,
capítulo dois do livro em estudo, somos mas também a relatar o próprio sonho.
apresentados à primeira crise enfrenta­ Essa exigência era incomum e parecia
da por Daniel, que colocou ele e seus absurda, quase como uma brincadeira
companheiros em perigo. Tudo começou cruel, pois, se não fossem capazes de
com um sonho perturbador que assolou atendê-la, seriam condenados à morte.
Nabucodonosor e o deixou sem dormir. Diante dessa situação, foram forçados
Para agravar, no dia seguinte o rei não a pedir novamente: "Conte-nos o sonho
conseguia se lembrar do conteúdo do e daremos a sua interpretação" (2.7).

JOVENS 33
2. A impotência humana. Ao perce­ deuses não se com unicavam com os
ber que os peritos estavam tentando seres humanos, sua epistemologia era
ganhar tempo, Nabucodonosor reafirma naturalista. Seus pontos de vista não
sua sentença, am eaçan do -o s com a eram diferentes em essência dos pontos
pena de morte. Os caldeus, líderes da de vista dos estudiosos que pensam
classe sacerdotal, reconhecem sua pró­ que Daniel não poderia ter escrito seu
pria incapacidade de atender ao pedido, livro no século VI a.C„ porque ele não
pois se tratava de algo extremamente poderia ter tido acesso a informações
difícil, senão impossível. Eles afirmam sobre acontecimentos que ainda não
que nenhum ser humano comum seria haviam ocorrido. E s se s e stu d io so s
capaz de realizar tal feito, e que nenhum não acreditavam na categoria da re­
rei, por mais poderoso que fosse, havia velação. O seu universo é o universo
feito uma exigência tão extraordinária. dos naturalistas ou possivelmente até
Eles não acreditavam naquele tipo de dos materialistas: um sistema fechado
revelação. Embora fossem peritos em di­ de causa e efeito não perturbado pelo
versas áreas do conhecimento, possuíam sobrenatural. Sua epistem ologia é a
uma visão eminentemente naturalista, epistemologia do iluminismo."
Precisavam de dados comprenssíveis
(LENNOX, John. Contra a Correnteza: A
à mente humana, para que pudessem Inspiração de Daniel para uma Época de
interpretar o sonho. Apesar de acredi­ Reiativismo. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 111.)
tarem que os seus deuses tinham esse
poder, não achavam que eles pudessem II - A CO N D U TA DE DANIEL E A
com unicá-lo aos homens (2.11). IN TERPRETA ÇÃ O DO SO N H O
3. Daniel é chamado. Inflamado de 1. As atitudes de Daniel. Ao tomar
raiva, Nabucodonosor dá ordens para co nhecim ento da sen tença, D aniel
executar todos os sábios do reino. Nesse adota algumas medidas para lidar com
momento, Daniel e seus companheiros, a situação. Em primeiro lugar, ele busca
embora não ocupassem posições de co m p reend er m elho r o q ue estava
destaque, estão entre a q u e le s que acontecendo, usando sabedoria e bom
podem ser condenados à morte (2.13). senso ao conversar com Arioque, 0 oficial
Im agine-se na situação desses jovens. do rei (2.14:15). Em segundo lugar, ele
Diante de uma crise iminente em que vai ao rei e solicita mais tempo (2.16).
su a s v id a s estão em perigo, o q ue Nem sempre as questões se resolvem
passaria por suas m entes? Uma coisa rapidamente, e nem sempre Deus age
é certa: eles não entraram em pânico! de imediato. Além disso, o fato de o
M esm o c ie n te s do risco, e le s não pedido ter sido aceito demonstra que
permitiram que o m edo exagerado e Daniel era uma pessoa de palavra e não
paralisante os dominassem. estava simplesmente adiando o proble­
ma, Em terceiro lugar, ele compartilha
SUBSIDIO # a situação com seus am igos (2.17,18).
"Os consultores babilônios de Na­ Isso destaca a importância de termos
bu co d onosor não acreditavam q ue amigos não apenas para momentos de
houvesse algo com o revelação, Seus diversão, mas também para intercessão

34 JOVENS
e apoio mútuo. Em quarto lugar, eles a ajuda de mãos humanas, e atinge os
oram pedindo misericórdia. Os jovens pés da estátua, fazendo com que ela se
estudantes pedem a intervenção divi­ despedace completamente. A pedra se
na. Você pode entender a importância transforma em uma grande montanha
desse ato? Em vez de desespero, eles que preenche toda a terra. Cada parte
se voltam para o Senhor, reconhecendo da estátua representa um reino diferente,
que somente Ele é capaz de salvá-los. revelando o plano de Deus na história. O
A oração do justo pode muito em seus reino de Nabucodonosor, representado
efeitos (Tg 5.16). pela cabeça de ouro, será sucedido por
2. Deus atende à oração. Com o três outros reinos mundiais. Por fim, a
resposta à oração dos jovens, Deus pedra que destrói a estátua simboliza
revela o mistério a Daniel em uma visão o reino de Deus, que é eterno e jam ais
durante a noite. A seguir, testemunhamos terá fim (2.44).
as nobres características desse jovem Após a explicação, o rei reconhece
exemplar em sua conduta: a veracidade da revelação. Diz que o
a) Gratidão: A primeira atitude de Deus dos jovens hebreus é o Deus dos
D a n iel é expressar sua gratidão ao deuses e 0 Senhor dos reis (2.47). Além
Senhor, reconhecendo e exaltando sua de presentear Daniel, o pôs como gover­
soberania e bondade (2.20-23). nador de toda a província da Babilônia e
b) Bondade: Ao comunicar a revelação chefe de todos os sábios da Babilônia.
ao oficial encarregado, Daniel intercede Os servos de D eus podem alcançar
pela vida de todos os sábios da Babilônia posições de destaque na sociedade
(2.24). Ele demonstra generosidade é pela excelência de seu s trabalhos e
não age de forma egoísta ou traiçoeira, obediência à vontade do Senhor,
mesmo em relação aos incrédulos. Como
crentes, não devemos retribuir o mal com SUBSÍDIO #
mal (1 Pe 3.9: Rm 12.17). “O secularism o
c) Hum ildade: Diante do rei, Daniel S e g u n d o o D icionário Teológico
faz questão de enfatizar q ue há um (CPAD) o se c u la rism o é a 'doutrina
Deus nos céus que é capaz de revelar que ignora os princípios espirituais na
todos os segredos. Ele não se vangloria condução dos negócios humanos, Para
nem busca se mostrar superior; pelo o secularista, o homem, e som ente o
contrário, atribui todo o mérito a Deus, homem, é a medida de todas as coisas’.
a fim de que o rei possa compreender Quando a família se seculariza, os valores
o significado do sonho (2.30). espirituais, bíblicos são desprezados
3. A interpretação e a recompensa. e os valores humanos e materiais são
Daniel compartilha a descrição do sonho exaltados. Com o cristãos não pode­
do rei, que envolvia uma estátua assusta­ m os nos conformar com o pecado, a
dora. A estátua tinha uma cabeça de ouro iniquidade e a corrupção que destrói
puro, peito e braços de prata, ventre e a vida familiar. Precisam os ser santos
quadris de bronze, pernas de ferro e pés em toda a nossa maneira de viver (1
feitos de uma mistura de ferro e barro. Pe 1.15,16), Muitas famílias estão sendo
Subitamente, uma pedra aparece, sem influenciadas, pela mídia, a viverem um

JOVENS 35
estilo de vida materialista e hedonista, da esfera pública. No seu cerne está o
Não podemos jamais nos esquecer que secularismo, uma ideologia que parte
precisam os ser “sal da terra” e “luz do da descrença na revelação divina de
mundo”(Mt 5.13,14). Com o sal, precisa­ verdades aos seres humanos, restando
mos ter uma vida familiar de tal forma, somente os elementos fornecidos pela
que os que nos veem, ou nos ouvem, razão. Essa é a perspectiva adotada
sintam a nossa família fazer diferença por ateus e céticos que insistem em
marcante no ambiente em que nos situ­ desprezar a fé, sob 0 entendimento de
amos. Como luz, precisamos, com nosso que o universo é um sistema fechado
testemunho, contribuir para dissiparas de causa e efeito, sem espaço para o
trevas do pecado em nossa volta." sobrenatural. Somos levados a entender
que os consuLtores do rei tinham essa
(RENOVATO, Elináldo. A Família Cristã no
Século XXI: Protegendo seu Lar dos Ataques m esm a linha de pensamento. Apesar
do Inimigo. Lições Bíblicas Adultos. Rio de de religiosos, não acreditavam em uma
Janeiro: CPAD, 2013.) revelação divina plena. Suas divindades
não se comunicavam com os seres hu­
III - A R E V E L A Ç Ã O DE D E U S manos. Nossa época parece presenciar
EM TEM POS DE SECULARISM O algo semelhante.
1. A infalibilidade da Palavra de 3. A revelação e o sobrenatural. An­
Deus. Um dos ensinam en tos deste tes de tudo, acreditamos em um Deus
episódio é que a Palavra de Deus não que se revela, e revela seus planos ao
falha. Estamos diante de uma das mais homem, seja de forma geral (Sl 19) ou
notáveis profecias que se cumpriu na especial (Hb 1.1-3), incluindo sonhos e
história, numa referência aos impérios visões (Is 1.1; 6.1; Ez 1.3, Ap 1.1). O favor de
que vieram logo depois do Império Ba- Deus sobre a vida do profeta mostra que
bilônico: Império Medo-Persa, Império a fé bíblica sabe conciliar a revelação
Grego e Império Romano. Muitos anos sobrenatural com a razão. Como obser­
depois (cap. 7), o próprio Daniel terá vou John Lennox, ‘Quando Deus revelou
uma visão que irá retratar as m esm as o assunto a Daniel, não suspendeu o
realidades históricas desta revelação, uso da razão por parte do jovem. Daniel
conform e estu darem os d e ta lh a d a ­ teve de usar a razão para entender as
mente na décima lição. Até mesmo os palavras que Deus lhe disse e formular
críticos da Bíblia têm dificuldades para a sua resposta a Nabucodonosor", que
explicar como isso ocorreu, afinal, é algo por sua vez precisou usar a razão para
sobrenatural. Daniel não fez previsão e ver que a interpretação fazia sentido.
calculou probabilidades a partir de dados Sem abrir mão da revelação, o crente
conhecidos. Ele ouviu a voz de Deus. faz uso de uma racionalidade concedida
2. 0 secularismo racionalista. Estepor Deus (Rm 12.1; íP e 2.2), que opera
episódio coloca em discussão, no mundo em um nível além da com preensão
atual, a existência de um tipo de revela­ humana. É uma racionalidade que não
ção além da razão humana, O processo negligencia o sobrenatural, pois tem a
de secularização iniciado a partir do certeza de que Deus está agindo no
lluminismo procurou afastar a religião seu próprio mundo criado.

36 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
COLSON, Charles; PEARCEY,
Nancy. O Cristão na Cultura de Hoje:
Desenvolvendo uma Visão de
Mundo Autenticamente Cristã.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

gE5a

© HORA DA REVISÃO
. Para a superstição oriental da épo­
ca, o que significava esquecer um
sonho?
Era considerado um mau presságio,
indicando a ira das divindades.
. Qual foi a primeira ação do rei
diante do sonho?
Convocar um grupo diversificado
de conselheiros reais, que incluía
magos, astrólogos, feiticeiros, en­
cantadores e caldeus.
3. Qual a primeira atitude de Daniel
diante da situação?
Ele buscou compreender melhor o
que estava acontecendo, usando
sabedoria e bom senso ao conversar
com Arioque, o oficial do rei (2.14:15).
. Como era a estátua do sonho?
A estátua tinha um a c a b e ç a de
ouro puro, peito e braços de prata,
ventre e quadris de bronze, pernas
de ferro e pés feitos de uma mistura
de ferro e barro.
. O que é o Secularismo?
Ideologia que parte da descrença
na revelação divina de verdades aos
seres humanos, restando somente
os elementos fornecidos pela razão.
CORAGEM PARA
ENFRENTARA
FORNALHA ARDENTE
TEXTO PRINCIPAL L E IT U R A S E M A N A L

SEGUNDA-Êx 20.3
"Eis que o nosso Deus, a quem
Não terás outros deuses
nós servimos, é que nos pode TERÇA - 2 Tm 1.7
livrar; ele nos livrará da fornalha Deus não nos deu o
de fogo ardente e da tua mão, espírito de covardia
ó rei." (Dn 3 .1 7 ) QUARTA - Rm 8 .3 3 -3 7
É Deus que nos justifica
R E S U M O DA LIÇÃO
Q UINTA-Cl 2.8
Cuidado com as ideologias
SEXTA - 2 Tm 3 2
Se dem onstrarm os Amantes de si mesmos,
a coragem d e recusar a um tipo de idolatria
idolatria, p o d e m o s confiar SÁBADO - Mt 6.24
que D eus nos protegerá. Não podem os servir a
Deus e a Mamom

JOVENS 38
r O B JE TIV O S
■ \

NARRAR o episódio em que o rei mandou construir a estátua de ouro;


INSPIRAR-SE com a coragem dos am igos de Daniel;
COMPREENDER o conceito de idolatria e a sua aplicação atualmente.

IN TER A ÇÃ O
Prezado(a) professor (a), na sequência do livro de Daniel, mais especificamente
no capitulo 3, nos deparam os com uma história muito conhecida, repleta de
coragem e ousadia. Esta passagem descreve o momento em que o rei N abu-
codonosor decretou que todos se curvassem diante de uma imponente estátua
que ele havia erguido, com a pena de serem queim ados vivos na fornalha em
caso de desobediência. Sem a m enção de Daniel no ocorrido, verem os que os
três jovens hebreus - Ananias, M isaele Azarias - possuíam a mesm a tenacidade
e fidelidade do seu líder. Em toda a sua profundidade, a narrativa nos fornece um
importante ponto de contato com as tentativas contemporâneas de im posição
totalitária, tanto religiosas quanto seculares. Tam bém nos leva a perceber os
perigos das formas mais sutis de idolatria, que procuram, de maneiras diversas,
retirar a primazia de Deus em nossas vidas.

O R IEN TA ÇÃ O PED A G Ó G ICA


Prezado(a) professor(a), com ece a auLa contextualizando o capítulo 3. Explique
o cenário, o rei Nabucodonosor e a construção da estátua de ouro. Destaque o
desafio que os três jovens enfrentaram diante da ordem imperial de adoração do
ídolo. Em seguida, promova uma discussão em classe, incentivando os alunos a
compartilhar suas im pressões e observações sobre a história. Discuta como os
personagens agiram diante da am eaça da fornalha ardente. Peça aos alunos que
reflitam sobre situações da vida real em que a coragem e a fé são necessárias.
Eles podem escrever ou compartilhar exemplos de desafios pessoais, éticos ou
morais que exigem decisões difíceis. Convide-os a compartilhar suas reflexões
sobre situações modernas que exigem coragem para resistir às novas formas
de idolatria no mundo.

JOVENS 39
TEXTO BÍBLICO
v ■smummm
D a n ie l 3 . 1 - 6
1 O Rei Nabucodonosor fez uma estátua para a consagração da estátua que o
de ouro, cuja altura era d e sessenta rei Nabucodonosor tinha levantado, e
côvados, e a sua largura, de seis c ô - estavam em pé diante da imagem que
vados; levantou-a no cam po de Dura, Nabucodonosor tinha levantado.
na província de Babilônia. 4 E o arauto a p re g o av a em alta voz:
2 E o rei Nabucodonosor mandou ajuntar O rd e n a -se a vós, ó povos, nações e
os sátrapas, os prefeitos, os presidentes, gente de todas as línguas:
os juizes, os tesoureiros, os conselheiros, 5 Quando ouvirdes o som da buzina, do
os oficiais e todos os governadores pífaro, da harpa, da sam buca, do sa l-
d as províncias, para q u e v ie sse m à tério, da gaita de foles e de toda sorte
c o n s a g ra ç ã o d a e stá tu a q u e o rei de música, vos prostráreis e adorareis
Nabucodonosor tinha levantado. a im agem de ouro que o rei N abuco­
3 Então, se ajuntaram os sátrapas, os donosor tem levantado.
prefeitos, os presidentes, os juizes, os 6 E qualquer que se não prostrar e não
tesoureiros, os conselheiros, os oficiais a adorar será na m esm a hora lançado
e todos os governadores das províncias, dentro do forno de fogo ardente.

INTRODUÇÃO assumir a posição de deuses, em busca


de glória e reverência. Envenenado pelo
Nesta lição trataremos do episódio
poder, Nabucodonosor também fez isso.
em que Ananias, Misaele Azarias resistem
O monarca mandou construir no campo
bravamente à ordem de Nabucodonosor
de Dura uma estátua de ouro com mais
para que todos adorassem a estátua de
de vinte e sete metros de altura. O fato
ouro por ele erigida. Esse é um relato
de ter ouvido anteriormente que ele era
de como três jovens tementes a Deus
a cabeça de ouro da estátua de seu pró­
ousam enfrentar um m onarca tirano
prio sonho seria a causa dessa soberba
e totalitário que procurou impor sua construção? A Bíblia não dá detalhes
religião a todas as pessoas. Mesmo sobre isso. Também não menciona de
ameaçados de morte, eles não negaram quem era a representação da imagem,
ao Deus Altíssimo, preferindo enfrentar se dele m esm o ou se de algum a de
a fornalha ardente. Neste estudo, além suas divindades. Seja como for, vemos
de inspirados pela resistência dos jovens aqui um ato extremo de auto-exaltação
hebreus, seremos advertidos sobre os e demonstração de poder. Muitas vezes
cuidados com as formas sutis de idolatria a religião é somente um pretexto para
que procuram retirar a centralidade de alguém esconder 0 desejo de ser notado
Deus de nossas vidas. pelo mundo, usando-a para fins egoístas.
Não era incom um tam bém entre os
I - O REI TOTALITÁRIO MANDA monarcas babilônios o levantamento de
CO N STR U IR UMA ESTÁTUA DE imagens em sua própria honra.
O U RO 2. Em busca de adoração. O rei ex­
1.0 endeusamento do rei. Ao longotravagante mandou convocar todas as
da história muitos hom ens tentaram autoridades do seu reino para com pa­

40 JOVENS
recerem à cerimônia de consagração da SUBSÍDIO O
imagem Levantada. Mais que um simples uma estátua de ouro LI"
convite, era uma ordem! Dessa forma A lguns comentadores de renome
ele queria impor sua religião a todos. têm pensado que a estátua do presen­
Além da presença, todos deveriam se te texto fosse uma “im agem do deus
prostrar em adoração diante da suntu­ Merodaque, o padroeiro da cidade de
osa imagem assim que os instrumentos Babilônia; ou do deus Nebo, do qual
fossem tocados. A estátua sobrepujava derivava o nome do rei. Outros, porém
um objeto arquitetônico; era um idolo são de opinião que a estátua ali erigida
que deveria ser reverenciado por todos era do próprio monarca Nabucodonosor.
os súditos, tanto que a palavra “adorar” (Ver Jz 8,27; 2 Sm 18.18.) Entre os antigos
(hb. sãghadh) é mencionada diversas conquistadores era natural que, após
vezes (vv. 5, 6 ,7 1 0 ,1 1 ,1 2 ,1 4 ,1 5 ,1 8 , 28). uma grande conquista, o conquistador
A punição para o descumprimento seria fizesse um a estátua de sua própria
a morte dentro da fornalha. pessoa, gravando nela o seu nome e 0
A solenidade é extravagante e pom­ nome de seu deus. Segundo Heródoto,
posa. Assim que os instrumentos musicais a “ estátua de Sesostrís, do Egito, tinha
fossem tocados, todos, incluindo as au­ na largura do peito, de ombro a ombro,
toridades, deveriam se prostrar e adorar uma inscrição com os caracteres sagra­
a imagem levantada pelo rei, dos do Egito, onde se lia: 'Com m eus
3. A ausência de Daniel Daniel nãopróprios ombros conquistei esta terra"
é m encionado neste episódio. Onde . E, segundo Cícero, havia “uma bela
estava e o que fazia na ocasião não é estátua de Apoio, em cuja coxa estava
revelado. Mesmo aqui extraímos algumas o nome de Miro, em minúsculas letras
lições. O fato dele não estar diretamente de prata" Pode, de fato, ser imaginado
envolvido nesse relato, apesar de ser o que a estátua erigida ali, fosse a do pró­
personagem humano principal no livro, prio rei, contendo, na altura do peito, o
indica que a coragem e a fé não eram nome de seu deus (Comp. com Ap 13,15.)
exclusivas dele. Mostra que a fé e a Quanto ao testemunho da Arqueologia,
fidelidade ao Senhor eram qualidades Operte, que fez escavações nas ruínas
compartilhadas igualmente pelos outros de Babilônia, em 1854, achou 0 pedestal
jo vens jud eus. A lém disso, o fato de de uma colossal estátua que pode ter
Daniel, autor do livro, ter registrado o sido um resto da gigante im agem de
episódio sem a sua presença, demonstra ouro de Nabucodonosor.”
sua humildade ao não se colocar como a
(SILVA, Severino Pedro da. Daniel Versículo
única testemunha fiel na Babilônia, mas por Versículo: As Visões para Estes Últimos
sim como alguém que deseja transmitir Dias. Rio de Janeiro: CPAD, 1985. pp. 53 .54-1
as lições e os exemplos de fé de seus
companheiros. A fidelidade não é exclu­ II - A CO RAGEM DO S AM IGOS
siva de alguém. Da mesma forma, não DE DANIEL
existem heróis solitários na vida cristã e 1. A denúncia e 0 perfil dos acusado­
sempre há alguém com que podemos res. Diante do decreto, alguns caldeus
contar. A igreja é um corpo, formado por (3.8) se dirigem ao rei e denunciam o
muitos membros (Rm 12.4,5). trio de jo vens hebreus, dizendo: “Há

JOVENS 41
uns homens judeus, que tu constitu­ almente, dependendo da vontade de
íste sobre os negócios da província de Deus, estariam preparados para a morte.
Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede- Preferiam morrer a ceder ao pecado!
-Nego; esses homens, ó rei, não fizeram 3. O Deus que salva na fornalha.
caso de ti; a teus deuses não servem, Nabucodonosor mandou aquecer a for­
nem a estátua de ouro, que levantaste, nalha sete vezes mais, e determinou que
adoraram” (3.12). Em primeiro lugar, as os moços fossem amarrados ejogados
paLavras dos acusadores revelam que dentro dela. E 0 milagre acontece, O pró­
eram invejosos, ao m encionar a posi­ prio rei percebeu que eles não estavam
ção privilegiada que os jovens judeus sós, mas havia um quarto homem com
conquistaram em tão pouco tempo. eles, com aparência divina. Eles estão
Em segundo lugar, eram bajuladores, vivos, e caminham livremente pelo fogo
ao apelarem para o ego do rei ("não (v.25). O fogo queimou as cordas, mas
fizeram caso de ti"). Em terceiro Lugar, eles estão ilesos. O Senhor permite que
eram ingratos, porquanto se esqueceram passemos por vales e provações, mas
que eles tiveram a vida poupada pela sempre está conosco (Is 43.2; Mt 28.20).
intervenção de Daniel e destes jovens Com o resultado da fidelidade e bom
que agora denunciam (2.24). testemunho dos jovens, o rei, agora, em
2. A bravura dos jovens. Tomado devez de exigir adoração, louva a Deus
fúria, o rei manda chamar os três rapa­ (v.28). Quando o crente é fiel, o Senhor é
zes e lhes dá o ultimato: se adorassem exaltado. Quando o crente honra a Deus,
a estátua estariam livres; do contrário Deus também o honra (v.26).
seriam lan çad o s im ediatam ente na
fornalha. Em sua prepotência, ainda diz: SUBSÍDIO 0
e quem é o Deus que vos poderá “A religião e o estado
livrar das minhas mãos?’ (v.15). Mostrando Fomos apresentados à questão dos
profunda convicção e força de caráter, valores em Daniel 1, onde observamos
que se manifesta em crentes sinceros que o modo de Nabucodonosor tratar
que não se acovardam (2 Tm 1.7), os três os utensílios do Templo de Jerusalém
rapazes rejeitam até mesmo se defender. representa a tendência generalizar de
Eles não precisam se justificar diante relativizar o absoluto, Em Daniel 2, é
da injustiça; é Deus quem os justifica mostrado para N abucodonosor que
(Rm 8.33). Com bravura, afirmam que nenhum Estado ou sistema político tem
se forem lançados na fornalha Deus os valor absoluto aos olhos de Deus. No en­
livrará. E mesmo se isso não ocorresse, tanto, agora, em Daniel 3, Nabucodonosor
em hipótese alg um a iriam cultuar a desafia a noção, fazendo do seu império
im agem (v.18). Não negociaram a fé. e governo um absoluto, na medida em
Mesmo que as pessoas mais influentes que insiste em ser tratado como deus
tivessem cedido e ainda que a multidão e adorado. E assim, N abucodonosor
tenha se curvado à estátua, eles não o absolutiza o relativo."
fariam. Tal resposta mostra que estes
(LENNOX, John Contra a Correnteza: A Inspira­
jo v e n s eram novos em idade, m as ção de Daniel para uma Época de Retativismo.
m aduros na fé. Sabiam que eventu­ Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 155.)

42 JOVENS
III - IDOLATRIAS E FORNALHAS c) Am or ao dinheiro e à riqueza. A
DO TEM PO P RESEN TE busca desenfreada por riqueza e o foco
1. O pecado da idolatria. Tanto no no dinheiro como o principal objetivo da
Antigo quanto no Novo Testamento a vida. Jesus disse que ninguém pode servir
Palavra de Deus adverte enfaticamente a dois senhores, porque ou há de odiar
sobre a idolatria (Dt 5.7; 1 Co 10.14; GI5.20; um e amar o outro ou se dedicará a um
1 Pe 4 -3 ). É um pecado grave que viola e desprezará o outro. Não podeis servir
o primeiro mandamento (Êx 20.3). É a a Deus e a Mamom (Mt 6.24).
adoração a um ídolo, uma imagem ou d) Idolatria política. Esse pecado
qualquer outra coisa que seja considerada também se manifesta na supervatoriza-
um falso deus ou objeto de adoração ção de idéias e formas de pensamento
no lugar do Deus verdadeiro. Por essa seg und o a tradição dos hom ens (Cl
razão, os jovens hebreus se negaram 2.8). Em nossos dias, novas formas de
a atender à ordem do rei. A sua nação idolatria se escondem em ideologias
estava sendo castigada pelo Senhor por poLiticas que prometem algum tipo de
causa da idolatria, e eles não estavam salvação ou redenção humana. Devemos
dispostos a cometer o mesmo erro do ter a convicção de que nenhum homem,
povo. Eles não chegaram a considerar partido e nem mesmo o Estado é capaz
sequer a possibilidade de realizar uma de salvar. Só temos um Deus e Salvador!
adoração falsa em público enquanto 3. As novas fornalhas. Nabucodono-
mantinham a fé em Deus dentro de seus sor não foi o único governante a exigir
corações. Sabiam eles que qualquer das pessoas lealdade absoluta. Esse
forma de compromisso com a idolatria tipo de regim e totalitário aconteceu
já era um a negação de Deus, pois o diversas vezes na história, transformando
verdadeiro testemunho é baseado na o Estado ou 0 líder político em objeto de
integridade, expresso pelos lábios e reverência absoluta, por meio do culto
guardado no coração. à personalidade. É um sistema no qual
2. Tipos de idolatria. Além da devoção o governo possuí controle sobre todos
religiosa a falsos deuses e imagens de os aspectos da vida dos cidadãos, e
escultura, a idolatria também pode se não há espaço para oposição política
manifestar em várias outras condutas que ou liberdades individuais. Em muitos
excluem a primazia do Senhor da vida: casos, a religião é distorcida e usada
a) Autolatria. Forma de idolatria própria
como instrumento desse tipo de regime.
que conduz ao egoísmo, ao individua­ Em nossa cultura ocidental os cristãos
lismo e ao narcisismo. Quando o ego e estão sendo empurrados para formas
a autoimagem são colocados acima de atualizadas de fornalhas ardentes. Elas não
tudo, as pessoas se tornam amantes de queimam o corpo, mas tentam destruir
si mesmas (2 Tm 3.2) a fé, a espiritualidade e as convicções
b) Culto à personalidade. Valorização daqueles que servem ao Deus das Escri­
e veneração excessiva de outras pesso­ turas. Pensamentos totalitários procuram
as, tais como figuras públicas, artistas, jogar os cristãos para a morte na cultura,
influencers e até m esm o religiosos, caso não adoremos os seus ídolos. As
Paulo com bateu esse tipo de prática fornalhas são novas, mas a estratégia é
que Levava ao partidarismo na igreja antiga. Vale a pena seguir o exemplo dos
de Corinto (1 Co 1.12,13). jovens hebreus e batalhar peLa fé.

JOVENS 43
ESTANTE DO PROFESSOR
NASCIMENTO, Valmir.
Entre a Fé e a Política.
Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

©CONCLUSÃO
Muitos anos se passaram desde o
episódio em que os jovens hebreus
enfrentaram a ameaça de serem lan­
çados em um forno ardente por não
adorarem a estátua do rei. Hoje, a Igreja © H O R A DA REVISÃO
de Cristo se depara com pressões para 1. Em q ue lo c a l o N ab uco d o n o so r
ceder à ideologias prejudiciais. É es­ mandou construir a estátua de ouro?
sencial encontrar a coragem de resistir No cam po de Dura.
a essas pressões idolátras evidentes 2. O fato de Daniel não estar direta­
e, ao mesmo tempo, discernimento mente envolvido nesse relato, ape­
para evitar a adoração de ídolos que sar de ser o personagem humano
sutilmente se ocultam em outras principal no livro, indica o quê?
formas de expressão. Indica q ue a coragem e a fé não
eram exclusivas dele.
. Q u an tas v e ze s N ab u co d o n o so r
m andou aquecer a fornalha?
Sete vezes mais
ANOTAÇÃO , O que é a idolatria?
É um p e ca d o g rave q u e vio la o
primeiro mandamento (Ex 203). É a
adoração a um ídolo, uma imagem
ou qualquer outra coisa que seja
considerada um falso deus ou ob­
jeto de adoração no Lugar do Deus
verdadeiro.
. Além da devoção religiosa a falsos
deuses e imagens de escultura, de
que outra forma a idolatria pode se
manifestar?
Autolatria, culto à personalidade,
amor ao dinheiro e à riqueza e ido­
latria política.
DEUS ABATE O CORAÇAO
ORGULHOSO
T E X T O P R IN C IP A L L E IT U R A S E M A N A L

"Agora, pois, eu, Nabucodonosor,


louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos SEGUNDA-Pv 16.18
céus; porque todas as suas obras são A soberba precede a destruição
verdades; e os seus caminhos, juízo, TERÇA - Tg 4.6
e pode humilhar aos que andam Deus se opõe aos orgulhosos
na soberba." (Dn 4 .3 7 ) QUARTA - Pv 29.23
O orgulho do homem o abaterá
R E S U M O DA LIÇÃO
Q U IN T A -íP e 55
Revestidos de humildade
N unca devem os nos orgulhar
SEXTA - Fp 2.5-8
de nossas c ap acid a d e s
O exemplo de Jesus
e realizações, pois em
SÁBADO - Mc 16.15
tudo d e p e n d e m o s da
Pregando para todos
graça de Deus.

JOVENS 45
O B JE TIV O S
APRESENTAR o edito do rei e o relato do seu sonho;
APRENDER com a conduta de Daniel na interpretação do sonho;
COMPREENDER como se deu o cumprimento do sonho e a restau­
ração de Nabucodonosor.

IN TER A ÇÃ O
Prezado(a) professor(a), nos capítulos anteriores vimos os desafios e as crises
suportadas por Daniel e seus am igos de Judá. Agora, no capítulo 4, lemos sobre
a crise de Nabucodonosor, Neste testemunho pessoal, verem os com o Deus
abateu o orgulho e a soberba do rei e o conduziu à humilhação e ao arrependi­
mento. Este relato destaca a importância da hum ildade e o reconhecimento da
soberania divina, e ilustra como Deus pode agir para humilhar os orgulhosos e
levá-los a uma transformação espiritual, caso se rendam. Esta lição nos conduz
a uma profunda reflexão sobre o perigo da soberba e a necessidade do reco­
nhecimento da majestade de Deus sobre todas as coisas. Tam bém nos ensina
que o Evangelho deve ser pregado a todas as pessoas, independentem ente
da posição e classe social, pois todos carecem da graça de Deus. Esta lição é
uma importante oportunidade para refletirmos sobre os perigos do orgulho e
da altivez, destacando a necessidade de sem pre reconhecerm os a graça de
Deus sobre as nossas vidas,

O R IEN TA ÇÃ O P ED A G Ó G ICA
Prezado(a) professor(a), uma dinâm ica interessante para explorar o tema
desta lição é a discussão em grupo. Divida os alunos em pequenos grupos e
peça a cada um que discuta as seguintes perguntas:
•Com o a arrogância de Nabucodonosor o afetou?
•Quais são os sinais de arrogância em nossas vidas hoje?
•Como podemos aplicar lições da história de Nabucodonosor em nossas vidas?
•O que é hum ildade?
•Com o a colocam os em prática?

Tempo: 15 minutos.

Encerre a dinâmica enfatizando a importância de perm anecer humilde, re­


conhecendo que som os dependentes de Deus, e discutindo maneiras práticas
de aplicar essas lições em suas vidas cotidianas.

JOVENS 46
TEXTO BÍBLICO

D a n i e l 4 .1 -6
4 Eu, Nabucodonosor, estava sossegado
1 Nabucodonosor, rei, a todos os povos, em minha casa e florescente no meu
nações e línguas que moram em toda palácio.
a terra: Paz vos seja m ultiplicada! 5 T ive um sonho, que m e espantou; e
2 P a re ce u -m e bem fazer co n h ecid o s as im aginações na m inha cam a e as
o s sin a is e m aravilh as q u e D eus, o visões da minha cabeça me turbaram.
Altíssimo, tem feito para comigo. 6 Por mim, pois, se fez um decreto, pelo
3 Quão grandes são os seus sinais, e quão qual fossem introduzidos à minha pre­
poderosas, as suas maravilhas! O seu sença todos os sábios de Babilônia, para
reino é um reino sempiterno, e o seu que me fizessem saber a interpretação
domínio, de geração em geração. do sonho.

INTRODUÇÃO e próspero em seu palácio (4.4). Com


Na aula de hoje, iremos explorar o suas conquistas, ele havia estendido o
quarto capítulo do livro de Daniel, que domínio do seu vasto império, alcan­
apresenta um impactante testemunho çando grande sucesso, Nabucodono­
sor desfrutava de riqueza e fama. Sua
pessoal do rei Nabucodonosor. Neste
cidade, Babilônia, era um esplendor e
relato, testemunhamos como sua so­
ele se sentia sossegado. No entanto, a
berba o levou, por divina sentença, a
paz e a satisfação do rei foram abrup­
uma condição de insanidade, fazendo-o
tamente interrompidas por um sonho
viver como um animal selvagem por um
perturbador. Convocados para darem
período conhecido como ‘sete tempos",
a interpretação do sonho, m ais uma
até que Deus o redimiu dessa situação.
vez os sábios da corte não são capazes
Ao fim desse período, Nabucodonosor
de desvendar o seu sentido (w. 6,7), O
experimentou uma profunda transfor­
rei, então, manda cham ar novamente
mação, reconhecendo a soberania do
Daniel O monarca sabia que Daniel era
Deus Altíssimo,
diferente, em quem habitava o espírito
de um ser divino (vv. 8,9). Diante das
I - O EDITO E O S O N H O D O REI dificuldades, os descrentes buscam o
1 . 0 edito real. O quarto capítulo do socorro daqueles que dão testemunho
livro de Daniel começa com um edito de de Deus.
Nabucodonosor, uma espécie de pro­ 3. A descrição do sonho. Ao narrar o
nunciamento oficial para conhecimento sonho, o rei diz ter visto uma árvore fron­
de todos. Nele, o rei declara a grandeza dosa, que crescia cada vez mais até sua
de Deus (4.3), Contudo, como veremos, copa chegar ao céu. Suas folhas eram
o reconhecimento da grandiosidade de belas e muitos eram os seus frutos. Os
Deus pelo rei se deu somente depois animais do campo se abrigavam debaixo
da experiência dramática que ele narra dela e os pássaros faziam ninhos em
a seguir (4.37). seus ramos (vv.10-12). No sonho surge
2. A satisfação momentânea do reiuma sentinela, um anjo que descia do
e o seu sonho. O rei estava satisfeito céu que dava ordem para que a árvore

JOVENS 47
fosse derrubada, deixando somente o aos que estão se esforçando para servir.
toco e suas raízes, presos com ferro e Enquanto as pessoas estão quase sempre
bronze. Ele deveria ser molhado como ansiosas para liderar — Liderança santa
orvalho do céu, e viveria com os animais e inspirada — estamos afundados em
selvagens. Durante sete tempos, teria a nosso ‘trabalho’. Quando isso acontece,
mente de um animal selvagem em vez podemos facilmente nos tornar insensí­
de mente humana (vv. 15-17). veis aos sentimentos alheios.”

(DORTCH, R. W. Orgulho FataL Rio de Janeiro:


SUBSÍDIO O CPAD, 1996, pp.103.104 )
Professor(a), explique que "buscar
arrogantemente o poder não é atributo II - DAN IEL IN TERPRETA O S O ­
espirítuaL É sinal de egoísmo e orgulho, NHO E A C O N S E LH A O REI
Todo aquele que deseja o poder para 1. Agindo com prudência. Depois
obter prestígio é traiçoeiro. No esforço de de ouvir o relato do sonho, Daniel ficou
tomar-se imperial, adquire a méntalidade bastante estarrecid o durante certo
que diz: 'Estou gostando desta liderança. tempo (v.19), de sorte que até mesmo o
Sei 0 que é melhor, apenas sigam-me!', rei tentou tranquilizá-lo. Daniel, porém,
Apreciam alguns poderosos — leigos, sabia do significado do sonho, e possi­
pregadores, empresários, educadores, velmente estava preocupado em como
oficiais do governo ou quem quer que declarara interpretação ao rei. Mesmo
seja — o brilho, a honra e 0 prestígio da para comunicar a verdade, é preciso ter
liderança? Têm prazer em chegar ao prudência, e saber a forma adequada
topo pela escada da adulação? Veem de se expressar.
as pessoas com o irmãos e irmãs, e a 2. A interpretação do sonho. Agindo
si m esm os com o um de se u s co m ­ com coragem e cautela, Daniel passou
panheiros de serviço? Ou estão mais a contar ao rei a interpretação do sonho:
inclinados a manter o rebanho em seu a) A árvore m ajestosa (vv.11,12). A
lu g ar? Trovejam m en sag ens quanto árvore simbolizava a formosura, a gran­
ao que o trabalho deve ser? Ou guiam deza, o poder e a riqueza do reino de
alegremente como um pastor? Nabucodonosor. Realmente, este rei que
Quero chamar sua atenção de per­ governou a Babilônia no período de 605
dedor financeiro para o sim p les fato: a 562 a.C. foi um dos mais poderosos
muitos de nós estam os nadando em da história da Mesopotâmia. Daniel foi
dívidas e vivendo um cao s conjug al enfático ao dizer que a árvore era o
como resultado de nada menos que uma próprio rei: "És tu, ó rei"(v,22).
necessidade descontrolada de possuir b) Ojuízo divino. O sembLante do rei
e acum ular coisas. A verdade é que o deve ter caído ao ouvir o restante da
caos em nosso casamento poderia ter interpretação. O seu reino estava com
fim se nós simplesmente parássemos os dias contados. Isso porque, a árvore
de acum ular e com eçássem os a estar deveria ser cortada, deixando somente
satisfeitos com as coisas que já temos. o tronco com as suas raízes, presas
Nossa atitude com relação às pessoas com ferro e bronze. O verso 15 mostra
é, frequentemente, uma ofensa a Deus e que a intenção não era a destruição

48 JOVENS
com pleta de Nabucodonosor, e sim Se não vos converterdes e não vos
dar-lhe a oportunidade de se converter fizerdes como crianças (Mt 18.3). Aos que
e reconhecer que o céu reina (v.26). procuram os lugares de mais honra no
c) Vivendo entre os animais. DanielReino, Jesus declara que realmente não
diz, ainda, que o entendimento do rei estão no Reino. Anjos foram lançados
seria afetado, passando a viver e a comer fora dos céu s por causa do orgulho.
entre os animais, durante sete tempos, Os que se ensob erb ecem cairão na
Isso indicava a perda do discernimento co ndenação do diabo (1 Tm 3.6). Se
mental, por algum tipo de insanidade. não abandonarm os o nosso orgulho,
3. 0 conselho de Daniel. Percebe­a entrada nos céus ser-nos-á vedada.
mos que Daniel não se limitou a expli­ Se não vos fizerdes como crianças,
car o sentido do sonho. Ele tam bém de modo algum entrareis no Reino de
aconselhou o rei a deixar a sua soberba Deus (Mt 18.3). É evidente, portanto, que
e a renunciar aos seus pecados (v.27). as criancinhas são salvas.
Isso envolvia a prática da ju stiça e o Aquele que se tornar humilde como
abandono da iniquidade, usando de esta criança, esse é o maior no Reino
misericórdia com os pobres. Isso mos­ dos céus (Mt 18.4). A resposta de Jesus
tra que a discipLina sobre o imperador cau sa grande surpresa. Conform e a
também se devia à sua negligência e ideia popular, devería responder: Quem
falta de m isericórdia com os m enos pois, se tornar com um anjo, ou como o
afortunados. O Senhor considerou essas pastor de nossa igreja, esse é o maior
falhas tão graves que o rei teria de passar no Reino dos céus.
por um período de disciplina, comendo Se não vos fizerdes como crianças
com os animais do campo. Daniel era (Mt 18.3). Não significa meninos: 1) no
um conselheiro de valor e não estava entendimento (1 Co 14.20); 2) na firmeza
preocupado em satisfazer o rei para (Ef 4.14); 3) na censura (Mt 11.16,17): 4) no
manter o seu cargo na corte, razão pela conhecimento da Palavra (Hb 5,12-14).
qual admoestou Nabucodonosor sobre Mas, sim, meninos: 1) em desejar o leite
seus vícios de caráter. espiritual da Palavra (1 Pe 2,2): 2) em con­
fiar no Pai celestial que nos alimentará e
SUBSÍDIO © vestirá (Mt 6.25): 3) isentos da malícia (1
“A Lição da Humildade Co 14.20); 4) na humildade. É a isso que
E, lançando mão de uma criança se refere Cristo. Com o crianças, 'não
(v.36). Cristo, assim com o os profetas ambicioneis coisas altas, mas acom o­
da antiguidade, ensinava por meio de dai-vos às humildes, não sejais sábios
gestos, sinais e objetos materiais. A em vós m esm os’ (Rm 12.16).
lição da hum ildade é tão importante Qualquer que receber uma destas
que, de qualquer maneira, devem os (v.37). Receamos que se nos humilhar­
aprendê-la. Em vez de m enosprezar mos como criança, ninguém nos rece­
as crianças, com o nosso orgulho nos berá m ais? Receam os que o próximo
leva a fazer, devem os contem plá-las nos maltratará? Mas a essa dificuldade
e meditar nesta lição de Cristo sobre Cristo antecipa, acrescentando: ‘Qual­
a humildade, quer que receber em meu nome uma

JOVENS 49
criança tal como esta a mim me recebe. para ser exaltado por Deus, do que se
Mas q ualq uer q ue esca n d a liza r um exaltar, e ser humilhado por ele.
destes pequeninos que creem em mim, 2. O rei reconhece a grandeza de
melhor lhe fora que se lhe pendurasse Deus. Tudo isso sobreveio sobre Nabu­
ao pescoço uma mó de azenha, e se codonosor para que ele reconhecesse o
submergisse na profundeza do mar' (Mt poder do Altíssimo. Embora fosse cha­
18.5,6). Esta palavra divina é como uma mado pelo profeta Jeremias de “servo"
barreira de fogo em redor dos seus fiéis, do Senhor (Jr 26.9), no sentido de ter sido
A mim me recebe (v.37). Quem põe o instrumento divino para punir Israel, o
sua mão sobre a cab eça da criança, rei babilônio não assumiu uma posição
p õ e -n a sobre o coração da m ãe da de humildade perante Deus. Ocorre que
criança, igualmente, quem recebe um o ímpio precisa ser confrontado pela
dos menores recebe a Cristo, que tanto Palavra de Deus e saber que se encontra
ama os pequeninos.” perdido. Muito diferente de algum as
pregações de hoje, a m ensagem de
(BOYER, O. Espada Cortante 1: Daniel, Apo­
calipse , Mateus e Marcos, Rio de Janeiro: Deus para o rei não buscou inflar o seu
CPAD, 2007, P- 542 ) ego, m as mostrar o seu estado, para
que pudesse se arrepender. E assim
III - O CUMPRIMENTO DA P R O ­ aconteceu. Passados os dias conforme
FECIA E A RESTAURAÇÃO DO REI a revelação, a consciência de Nabuco­
1. Deus abate o orgulho. Doze mesesdonosor retornou, recobrando o juízo.
após o sonho, ele cum p riu-se cab al­ Ele glorificou ao Senhor e reconheceu
mente sobre a vida de Nabucodonosor o seu poder eterno (434).
(4.29). Quando o rei se vangloriava (4.39). A restauração do rei da Babilônia
uma voz do céu declarou-lhe o destino, mostra que o evangelho tem poder e
sendo expulso da companhia humana é capaz de transformar a vida de qual­
e passando o rei a viver como animal. quer pessoa. O evangelho é o poder de
Teve um surto que retirou a sua sani­ Deus para a salvação de todo aquele
dade mental. Deus estava mostrando que crê (Rm 1.16).
quem era o verdadeiro soberano, e que 3. Pregando para todas as pesso­
ele resiste aos soberbos. No capitulo as. A postura de Daniel ao transmitir
5, Daniel declara que ‘quando o seu integralmente a m ensagem divina ao
coração se exaltou, e o seu espírito se rei, nos ensina sobre a necessid ad e
endureceu em soberba, foi derrubado de pregarmos para todas as pessoas,
do seu trono real, e passou dele a sua sem medo (Mc 16.15). Na universidade,
glória" (5.20). no trabalho ou em qualquer lugar, fale
Reiteradamente a Bíblia adverte so­ de Jesus e do plano da salvação indis-
bre os perigos da soberba e do orgulho tintamente. Anuncie o evangeLho aos
prepotente (Pv 16.5,18; Tg 4.6.). Jesus pobres e ricos, e não tenha receio de
afirmou que qualquer que a si mesmo se testemunhar para as autoridades. Daniel
exaltar será humilhado, e aquele que a não desistiu de Nabucodonosor, e não
si mesmo se humilhar será exaltado (Lc se deixou levar pelo histórico. Ele sabia
14.10,11). Portanto, é melhor se humilhar, que quem transforma é Deus.

50 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
GILBERTO, ANTONIO.
O Calendário da Profecia.
Rio de Janeiro: CPAD.

& CONCLUSÃO
A história pessoal de Nabucodonosor
nos oferece uma poderosa lição sobre
as consequências da arrogância e da
exaltação diante da majestade do
Todo-Poderoso, Ela destaca a suprema
O HO RA DA REVISÃO soberania divina sobre toda a criação,
, Qual a ordem que a sentinela que lem brando-nos de que nenhuma
surge no sonho dá? criatura pode rivalizar com a glória de
Para que a árvore fosse derrubada, Deus. O episódio ilustra a capacidade
deixando som ente o toco e suas da misericórdia e da justiça divinas de
raízes, presos com ferro e bronze. redimir 0 ser humano arrependido, re­
, O que simbolizava a árvore m ajes­ velando a esperança de transformação
tosa? e restauração para qualquer pessoa.
A árvore simbolizava a formosura,
a grandeza, o poder e a riqueza do
reino de Nabucodonosor,
3. Quanto tempo depois o sonho se
cum priu? ANOTAÇÃO
Doze m eses (4.29).
. Quais paLavras foram usadas por
Nabucodonosor demonstrando a
sua vangloria?
'Não é esta a grande Babilônia que
eu edifiquei para a casa real, com a
força do meu poder e para glória da
minha magnificência?' (4,39),
. O q u e nos en sin a a postura de
Daniel de transmitir a m ensagem
divina ao rei?
Nos ensina sobre a necessidade de
pregarmos para todas as pessoas,
sem medo (Mc 16.15).
A CONSEQUÊNCIA
DESTRUIDORA DO
PRAZER CARNAL
TEXTO PRINCIPAL LE IT U R A S E M A N A L

"[...] MENE: Contou Deus o


teu reino e o acabou. TEQUEL: SEGUNDA - Ec 2.10
Pesado foste na balança e foste O perigo do desejo
achado em falta. PERES: Dividido TERÇA - Gl 5.19-21
foi o teu reino e deu-se aos medos As obras da carne
e aos persas." (Dn 5.26-28) QUARTA - Rm 722
O bom prazer na lei de Deus
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA-Sl 111.2
O prazer dos mandamentos
S E X T A -S l 9.2
O prazer carnal pode Saltando de prazer
satisfazer momentaneamente, SÁBADO - Jo 10.10
mas o seu fim é a destruição. Vida abundante

JOVENS 52
O B JE TIV O S
COM PREENDER como se deu o banquete de Belsazar e o sím bolo
do hedonismo;
A PRESENTAR o relato do enigm a na parede;
APRENDER a respeito do cumprimento da sentença divina sobre o rei.

IN TER A ÇÃ O
Prezado(a) professorfa), dando continuidade ao nosso estudo do livro de Daniel,
chegam os ao capítulo 6. Muitos anos transcorreram desde os acontecimentos
do capítulo 5, e o profeta agora é um homem de idade avançada, longe dos dias
de sua juventude. No entanto, como veremos, ele continua firme em sua jornada
de coragem e fidelidade ao Senhor. Neste relato, nos deparamos com o episódio
em que Belsazar, em um banquete dissoluto, entrega-se a prazeres carnais e
profana objetos sagrados. Essa passagem oferece uma oportunidade para refletir
sobre o hedonismo e as suas consequências na vida humana, Podemos extrair
importantes conexões com a sociedade pós-m oderna e a cultura do prazer que
impera no tempo presente.

O R IEN TA ÇÃ O P ED A G Ó G ICA
Prezado(a) professor(a), nesta lição você pode criar um exercício didático para
enfatizar os perigos do hedonismo com base no Capítulo 6 de Daniel, usando
palavras-chave e significados em forma de tabela. Projete a tabela abaixo no
seu recurso visual:

P a la v ra -ch a v e : S ig n ificad o / D e fin ição .

H e d o n is m o : A b u s c a d e s e n fre a d a e e g o ís ta do p raze r.

B a n q u e te : U m fe s t i m o u r e fe iç ã o e x tr a v a g a n te .

S a t i s f a ç ã o d o s d e s e jo s f í s i c o s , m u i t a s v e z e s s e m m o d e r a ­
P r a z e r e s c a r n a is :
ç ã o e e m d e t r i m e n t o d e v a l o r e s m o r a i s e e s p ir itu a is .

P ro fa n a ç ã o : A to d e d e s r e s p e i t a r o u t o r n a r im p u r o a lg o s a g r a d o .

C o n se q u ê n c ia s: R e s u lta d o s o u e f e ito s q u e o c o r r e m d e v id o a a ç õ e s e s p e c ífic a s .

Este exercício pode ser usado para encorajara discussão e a reflexão sobre
as lições espirituais e morais do estudo de hoje.

JOVENS 53
TEXTO BÍBLICO

D a n ie l 5 .1 -6 , 2 5 - 3 1
1 O rei Belsazar deu um grande banquete 6 Então, se mudou o semblante do rei, e
a m il dos seus grandes e bebeu vinho os seus pensam entos o turbaram; as
na presença dos mil. juntas dos seus lom bos se relaxaram,
2 Havendo Belsazar provado o vinho, man­ e os seus joelhos bateram um no outro
dou trazer os vasos de ouro e de prata, 25 Esta, pois, é a escrita que se escreveu;
que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado MENE, MENE, T E Q U E L e PARSIM.
do tem plo que estava em Jerusalém , 26 Esta é a interpretação daquilo: MENE:
para que bebessem neles o rei, os seus Contou Deus o teu reino e o acabou.
grandes e as suas mulheres e concubinas.
27 TEQ U EL: Pesado foste na b alança e
3 Então, trouxêramos utensílios de ouro, foste achado em falta.
que foram tirados do tem plo da casa
28 PERES: Dividido foi o teu reino e d eu-se
de Deus, que estava em Jerusalém , e
aos m edos e aos persas.
beberam neles o rei, os seus grandes,
as suas m ulheres e concubinas. 29 Então, mandou Belsazar que vestissem
a Daniel de púrpura, e que lhe pusessem
4 Beberam o vinho e deram louvores aos
uma cadeia de ouro ao pescoço, e pro­
deuses de ouro, de prata, de bronze, de
clamassem a respeito dele que havia de
ferro, de madeira e de pedra.
ser o terceiro no governo do seu reino.
5 Na mesma hora, apareceram uns dedos
30 Naquela mesma noite, foi morto Belsazar,
de mão de homem, e escreviam, defron­
rei dos caldeus.
te do castiçal, na estucada parede do
palácio real; e o rei via a parte da mão 31 E Dario, o m edo, ocupo u o reino, na
que estava escrevendo. idade de sessenta e dois anos.

IN TR O D U Ç Ã O para mil dos seus nobres. Nesta lição,


estudaremos sobre este episódio, que
Após a morte de Nabucodonosor
realça os perigos da busca pelo prazer
II, seu filho Evil-M erodaque (Jr 52.31-
e as consequências da indiferença para
34) assum iu o trono da Babilônia por
com as coisas santas de Deus.
um curto período. No entanto, ele foi
assassinado por seu cunhado Neriglis-
sar, que então assum iu o controle do I - O BAN Q UETE D E B E L S A Z A R
reino. Após o reinado de Neriglissar, o E O H EDO N ISM O
trono passou para seu filho Labashi- 1. Uma festa carnal e irresponsável.
-M arduk, que governou por ap enas No decorrer da festa carnal, o rei, em ­
nove m eses antes de ser assassinado. briagado, ordenou que fossem trazidos
Com a sua morte, Nabonido, genro os vasos de ouro e prata saqueados
de Nabucodonosor, passou a reinar do te m p lo em J e ru sa lé m p e lo rei
na Babilônia, fazendo seu filho B el­ Nabucodonosor (5.2,3). De forma irres­
sazar com o corregente. Este é o rei ponsável, Belsazar e seus convidados
mencionado no capítulo 5 do livro de profanaram esses vasos sagrados ao
Daniel, responsável por organizar um utilizá-los para beber vinho e render
banquete extravagante e depravado culto aos seus ídolos. Nesta ocasião,

54 IOVENS
enquanto N abonido e n co n tra va -se derações morais e espirituais. Isso se
ausente da Babilônia, Belsazar promovia reflete em comportamentos libertinos
o seu festejo com mulheres e amigos, na sexualidade, no uso de drogas, na
satisfazendo as suas paixões, mesmo exploração de outros para uso pessoal
diante de um m om ento conturbado e um a m en talidade de g ratificação
para o Império Babilônico, Na ocasião, instantânea. Vivem os uma época de
os m edo-persas preparavam a invasão e x ce sso s, na q u a l as p e sso a s têm
da cidade. Segundo historiadores, a acesso, sem precedentes, a estímulos
festa teria sido realizada como forma de alta recom pensa e alta dopamina:
de demonstração de confiança perante drogas, comida, notícias, jogos, com ­
os exércitos de Ciro. pras, sexo, redes sociais, etc. O desafio
2. Uma festa profana. Como muitos, humano atual não é a escassez, mas 0
Belsazar deixou-se levar pelos desejos excesso. Pesquisas têm demonstrado
e pela im prudência. Seu festim d e ­ que o excesso de prazer está deixando
generado, regado de luxúria, bebida as pessoas infelizes. O exagero de estí­
e muita comida, acabou por profanar mulos leva a comportamentos viciantes
os utensílios sagrados de Israel. Tendo e compulsivos. As Escrituras oferecem
c re scid o no palácio, B elsazar tinha várias advertências em relação a esses
consciência do que estava fazendo e, comportamentos. Em EcLesiastes 2.10-
possivelm ente, sabia da hum ilhante 11, o rei Salomão, que buscou prazeres
experiência de Nabucodonosor com mundanos em sua busca de sabedoria,
D eus (cf. 5,22), Porém , ainda assim , conclui que tudo é vaidade. Em Gálatas
resolveu deLiberadam ente com eter 5.19-21, o apóstolo Paulo adverte contra
um ato de sacrilégio, dem onstrando as obras da carne, que incluem "orgias"
falta de reverência em desafio direto e "bebedices".
às leis divinas.
3 .0 perigo do hedonismo. O ban­@ PENSE!
quete extravagante de Belsazar sim ­ Vale a pena se satisfazer em algo
boliza a busca pelo prazer carnal e a que o conduzirá cedo ou tarde ao
indiferença esp iritual na so cie d ad e sofrim ento?
atual, imersa em uma cultura orientada
ao prazer. O hedonismo é uma doutrina ® PONTO IMPORTANTE!
e, ao mesmo tempo, uma forma de viver O hedonismo é uma doutrina e ao
que coLoca o prazer como o principal mesmo tempo uma forma de viver
objetivo da vida. Os hedonistas defen­ que coloca 0 prazer como 0 principal
dem que a coisa m ais importante na objetivo da vida.
vida é a conquista do prazer e a fuga
do sofrimento, de sorte que a primeira SUBSÍDIO O
pergunta que fazem não é: Isto é cor­ “A Orgia Profana de Belsazar (5.1-4)
reto?", mas sim: "Trará prazer?" A lém de toda a herança real do
Hoje, vemos muitas manifestações grande Nabucodonosor, seu avô, Bel­
onde o prazer imediato e a busca por sazar tornou-se conhecido por causa
sa tisfação p e sso a l sup eram c o n si­ da sua devassidão e crueldade. Atri­

JOVENS 55
b u i-se a Xenofonte a história em que te. Ele ordenou que fossem buscados
um dos nobres d e BeLsazar venceu os utensílios sagrados que seu avô tinha
o rei num a caçada. Por esse motivo, trazido de Jerusalém para a Babilônia
Betsazar matou o nobre na m esm a (3) cinquenta anos atrás. Eles beberam
hora. Mais tarde, em um a festa, um dessas taças, coisa que nenhum outro
dos convidados foi elogiado por uma ousara fazer até então. Belsazar e seus
d as m ulheres. 0 rei ordenou q u e o companheiros de festa beberam dessas
convidado fosse mutilado para eliminar taças e deram louvores aos deuses (4)
qualquer possibilidade de ser elogiado da Babilônia, Xenofonte relata que a
novamente.8 Criado em um ambiente festa se tornou tão barulhenta que o
de Luxo, em que o poder e a adulação general de Ciro, Gobrías, declarou: "Não
fizeram parte da sua vida já em tenra deveria m e surpreender se as portas
idade, e le tinha poucas c h an ce s de do palácio estivessem abertas agora,
não se tornar um egoísta insensato e porque parece que toda a cidade se
um autocrata cruel. entregou à folia.''
Mas agora, catorze anos como s e ­ (Comentário Bíbíico Beacon. Voi. 4. Rio de
gundo no comando do reino, Belsazar Janeiro: CPAD, 2016, p. 515.)
precisava encarar grandes responsabi­
lidades. Nabonído, seu pai, estava no I I - O ENIGMA NA PAREDE
cam po de batalha com o exército c al- 1. A escrita na parede. Enquanto
deu tentando rechaçar os ataques das 0 rei e seus convidados se alegravam
forças conjuntas dos Medos e Persas, em seus prazeres, subitam ente algo
Um a província após outra do im ­ misterioso aconteceu. Apareceram uns
pério da Babilônia tinha caído. Agora, dedos de mão humana que começaram
os exércitos de Ciro cercavam a capital a escrever na parede do palácio do rei
como o último obstáculo a ser vencido. (5.5). A euforia deu lugar ao silêncio
Mas não era essa a grande Babilônia e o pavor tom ou conta de todos. O
inconquistável? Seus muros podiam rei ficou tão assustado que seu rosto
resistir a qualquer assalto. Sua fartura empalideceu, seus joelhos batiam um
em mantimentos e seu suprimento de no outro e as pernas vacilaram.
água inesgotável poderiam sobreviver 2 . 0 enigma. A escrita era um enig­
a qualquer cerco. Para demonstrar seu ma para todos, incluindo o próprio rei
desdém pela am eaça persa, Belsazar Belsazar. Como era comum, ele chamou
decretou uma festa para toda a cidade. os sábios da Babilônia e prometeu que
Por meio de um convite especial para aq uele q ue co n seg u isse interpretar
mil dos seus grandes íi), ele preparou a escrita receberia honras e seria o
uma festa no palácio real. Ele convi­ terceiro em com ando no reino. Isso
dou as m ulheres do harém real para reforça que Nabonido era o primeiro e
acrescentar diversão à festa, Então o Belsazar o segundo (5.7). Porém, apesar
próprio rei liderou a festa oferecendo dos esforços, nenhum deles foi capaz
bebida para todos. Em dado momento, de interpretar a escrita misteriosa na
'inflamado pelo muito vinho', Belsazar se parede. Isso deixou o rei ainda m ais
deixou levar por um impulso impruden­ angustiado e aterrorizado, pois ele sabia

56 JOVENS
que esse evento incom um tinha um pela pureza sexual deve ser combatida
significado profundo e possivelmente e vencida para que estejamos prontos
uma m ensagem divina. para servir a Deus na Luta pelas alm as
3, Daniel é cham ado. Diante ded os hom ens, m u lh e re s e crian ça s.
mais esse momento de crise, a rainha Quando o povo de Deus não vive de
se lem bra de Daniel e faz referência maneira santa, ele se torna inútil a Deus
do seu nom e ao rei (5.10,11). N essa e se perverte.
ocasião, o profeta não é mais um moço, O pecado sexual de um cristão é um
m as um senhor de idade avançada. ato de se afundar na batalha pelas a l­
Ainda assim , tem ente e fiel a Deus, mas dos homens, tornando-nos inúteis
Em primeiro lugar, isso mostra que o ao santo Deus. Um navio é designado
testemunho de Daniel era conhecido, para flutuar na água, mas a água dentro
a ponto de ser lembrado por alguém do navio é mortal.
por suas qualidades. Em que ocasiões Vivem os em um mundo repleto e
você tem sido lembrado? Somente em saturado de sexo. Em contraste, Deus
momentos de festas, ou em momentos fixou padrões para um a vida santa e
em que alguém precisa de ajuda espi­ correta levando em consid eração a
ritual? Em segundo lugar, mostra que conduta e o pensamento sexual. Violar
Daniel havia amadurecido na presença esses padrões irá afundar nossa fé. O
de Deus. Uma juventude de fidelidade inimigo vence outra batalha sem pre
ao Senhor tem conseq ências para a que afunda um cristão antes m esm o
vida toda. de ele entrar na luta. Não podem os
esperar que falem os com eficácia e
@ PENSE! verdade sobre nosso Senhor, se não
Você tem sido convidado somente estam os ob e d ecen d o a Ele no que
para festas ou também momentos se relaciona às nossas vidas sexuais.”
de oração e ajuda?
(DANIELS, Robert. Pureza Sexual. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001. pp. 51,52.)
^ PONTO IMPORTANTE!
Uma ju ven tu d e de fidelidade ao I II- A S E N T E N Ç A DIVINA
Senhor tem consequências para 1. A conduta de Daniel. Ao ser in­
a vida toda. troduzido diante do rei, é importante
perceber que Daniel é cham ado pelo
SUBSÍDIO © seu nom e hebreu (5.13) e não pelo
"Deus está nos treinando para nos a p e lid o babilô nico . A final, os anos
tornarmos cada vez mais como Jesus, haviam se passado, m as o servo de
em personalidade e propósito. Deus Deus não havia perdido a sua identi­
deseja nos usar em seu s cam pos de dade, inclusive para os outros. Nessa
co lheita, pedind o todos os nossos ocasião, novamente aprendemos com
esforços para apresentá-lo a aqueles a conduta de Daniel. Ele fez questão
que não 0 conhecem. Ele nos quer para de deixar claro que o rei poderia ficar
fazer isto com a mesma metodologia e com os seus presentes (5.17). Era uma
o mesmo caráter de seu Filho. A batalha forma de dizer que a sua presença ali

JOVENS 57
e a sua interpretação do sonho não se m esma noite a palavra se cumpriu e o
devia a q ualq uer beneficio m aterial rei foi morto pelos caldeus (5.30). Dario
q u e p u d e s se receber. Em d ias em entrou e tomou a cidade da Babilônia. A
que falsos profetas vivem de b e n e­ festa se converteu em pranto. O prazer
fício s e profetizam d e acordo com momentâneo deu lugar ao sofrimento.
a conveniência daquilo q ue podem Belsazar morreu sem se arrepender de
lucrar, fazendo negócio da obra de seus pecados. Os m edos e os persas
Deus, a ação de Daniel é um im por­ passariam a reinar no lugar do império
tante lem brete de com o o servo do da Babilônia. Deus, mais uma vez, d e ­
Senhor d eve proceder. A lém disso, monstrou a sua soberania sobre os reis
m esm o diante do rei e podendo ser da Terra e a consequência destruidora
morto, o profeta não suaviza a sua do prazer carnal.
mensagem. Ele exorta Belsazar sobre Ao reconhecermos as armadilhas do
a sua prepotência e pelo pecado que hedonismo e da busca desenfreada por
cometeu (5.22,23). Era o mesmo Daniel prazer, podemos escolher um caminho
que havia advertido Nabucodonosor. de equilíbrio, autocontrole e busca de
2. 0 significado da escrita. Daniel faz valores espirituais. Em GáLatas 5:22-23,
saber o teor da escrita na parede e a sua Paulo destaca o fruto do Espirito, que
interpretação: MENE, MENE, TEQ U EL inclui o autocontrole, e a importância
e PARSIM. A primeira palavra estava de viver de acordo com esses princípios
repetida — MENE, MENE - e significava para evitar a destruição espiritual.
“contar ou contado". A palavra TEQUEL
tinha o sentido de “pesado”. A üLtima @ PEN SE!
palavra, PARSIM, significava “dividido" Tudo o que 0 homem pianta, e/e
(Dn 5.25). Para interpretara mensagem, coLhe.
Daniel usou o termo “PER ES”, palavra
com o m esm o sentido de PARSIM. A ® P O N T O IM P O R T A N T E !
mensagem, portanto, era um veredicto Ao reconhecermos as armadiíhas do
claro: o juízo de Deus havia chegado hedonismo e da busca desenfreada
sobre o rei e sobre o Império Babilônico! por prazer, podemos escolher um
3 .0 juízo concretizado. O juízo d i­ caminho de equilíbrio, autocontrole
vino se abateu rapidamente, Naquela e busca de valores espirituais.

r--------------------------------
PROFESSOR(A), “os atos de Belsazar foram explicados, cuidadosa­
mente numerados, pesados e considerados insuficientes. Seu reino estava
prestes a ser dividido e dominado. Deus enumera e pesa os atos de todos os
homens e mulheres. Que não nos encontremos em falta" (RICHARDS. Lawrence
0 . Guia do Leitor da Biblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.517).

58 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
DANIELS, Robert. Pureza Sexual.
Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

afmma
:
O CONCLUSÃO
i Em resumo, a história de Belsazar em
Daniel 5 serve como um lembrete de
que o hedonismo desenfreado e a
indiferença espiritual podem levar a
consequências destrutivas. 0 deleite
e a satisfação do cristão não estão
nas coisas materiais e deste mundo,
mas em Deus. Em Cristo, temos vida
abundante Uo 10.10),
Ô H O R A D A REVISÃO
. Quem era o pai de Belsazar?
Nabonido.
, O que é o hedonism o?
É uma doutrina e ao mesmo tempo
uma forma de viver que coloca o r
prazer com o o princip al objetivo ANOTAÇAO
da vida.
. O que os hedonistas defendem ?
Que a coisa mais importante na vida
é a conquista do prazer e a fuga ao
sofrimento, de sorte que a primeira
pergunta que fazem não é: 'Isto é
correto?-, mas: "Trará prazer?-.
. Qual 0 sentido da mensagem escrita
na parede?
A mensagem era um veredicto claro:
ojuízo de Deus havia chegado sobre
o rei e sobre o Império Babilôníco!
. Quem entrou e tomou a cidade da
Babilônia?
Dario.
ENTRE A LEI DE DEUS
EA LEI DOS HOMENS
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"Daniel, pois, quando soube que a
escritura estava assinada, entrou em SEGUNDA - Êx 2 0 .3 -17
sua casa (ora havia no seu quarto A essência da Lei de Deus
janelas abertas da banda de TERÇA - Rm 712
Jerusalém), e três vezes no dia se punha As qualidades da Lei de Deus
de joelhos, e orava (Dn 6 .1 0 ) QUARTA - Rm 2.15
A Lei gravada no coração
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA-Fp 46
Buscando Deus em oração
SEXTA-Ts 517
A ntes d e ser leal ao governo Orando sempre
e à lei dos hom ens, o crente é
SÁBADO - At 5 29
fiel a D eu s e à sua Lei. Importa obedecer a Lei de Deus

JOVENS 60
OBJETIVOS
CO N H ECER as características do novo governo que Daniel estava
submetido;
COM PREENDER com o se deu a conspiração contra Daniel;
APRENDER sobre a diferença entre a Lei de Deus e a lei dos homens.
/
IN T E R A Ç Ã O
Prezado(a) professor(a), com a queda do Império Babilônico, emerge o Império
Medo-Persa, trazendo consigo uma poLítica de tolerância e liberdade reLigiosa.
No entanto, é nesse contexto que Daniel enfrenta uma prova significativa de
sua fé. O capítulo 6 nos oferece uma oportunidade valiosa para ponderar sobre
as transições de poder nos governos humanos, a perm anência inabalável da
soberania divina e o exem plo de conduta fiel dos servos de Deus, indepen­
dentemente das circunstâncias políticas. O conteúdo desta lição nos permitirá
também discutir criticamente sobre a contraposição entre a Lei Natural de Deus e
as leis humanas, especialm ente quando surgem desafios à liberdade de crença.
É um tema relevante para explorar, especialm ente considerando as questões
contemporâneas relacionadas à liberdade religiosa e às decisões judiciais que
podem afetar o exercício dessa liberdade no país. Nossa análise desse capítulo
ressalta a importância de manter a fé e a devoção a Deus, independentemente
das restrições que possam surgir, ao m esm o tempo em que respeitamos as leis
e autoridades humanas, desde que não entrem em conflito com os princípios
fundamentais da Bíblia.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado(a) professor(a), com ece a sua aula fazendo a seguinte pergunta aos
seus alunos: “O que vem primeiro, a lealdade ou a integridade?" Depois de ouvir
as respostas, explique que a lealdade, embora seja uma virtude importante,
vem em segundo lugar. Isso porque, se a lealdade não for baseada em princí­
pios morais sólidos, ela pode ser perigosa. Enquanto isso, integridade significa
inteireza, formando um todo completo. Na prática da vida, significa que nossas
“açõ es devem ser coerentes com nossos pensamentos". A plicand o isso ao
capítulo 6 em estudo, explique que Daniel era leal ao rei, porém, antes de tudo
ele era íntegro. Ele não poderia deixar de fazer aquilo que a Palavra de Deus
exigia. Mostre que nos nossos dias temos esse m esm o desafio como cristãos.
Podem os e devem os ser leais às pessoas e ao governo, até o limite que não
fira a nossa integridade e fidelidade ao Senhor.

JOVENS 61
TEXTO BÍBLICO

Daniel 6,1-7
1 E pareceu bem a Dario constituir sobre 5 Então, estes hom ens disseram: Nunca
o reino a cento e vinte presidentes, que acharemos ocasião alguma contra este
estivessem sobre todo o reino. Daniel, se não a procurarm os contra
2 E sobre eles três príncipes, dos quais ele na lei do seu Deus.
Daniel era um, aos quais esses presi­ 6 Então, estes príncipes e presidentes
dentes dessem conta, para que o rei
foram juntos ao rei e disseram-lhe assim:
não sofresse dano.
Ô rei Dario, vive etemamente!
3 Então, o m esm o Daniel se distinguiu
7 Todos os príncipes do reino, os prefeitos
desses príncipes e presidentes, porque
e presidentes, capitães e governadores
nele havia um espírito excelente; e o rei
pensava constituí-lo sobre todo o reino. tomaram conselho, a fim de estabelece­
rem um edito real e fazerem firme este
4 Então, os príncipes e os presidentes
mandamento: que qualquer que, por
procuravam achar ocasião contra Daniel
espaço de trinta dias, fizer uma petição
a respeito do reino; m as não podiam
achar ocasião ou culpa alguma; porque a qualquer deus ou a qualquer homem
ele era fiel, e não se achava nele nenhum e não a ti, ó rei, seja lançado na cova
vício nem culpa. dos leões.

INTRODUÇÃO I - VIVENDO SOB UM NOVO


O cap itu lo 6 do Livro de D aniel GOVERNO
nos introduz a um a nova era política 1, A identidade do novo rei. O ca­
e go vernam ental. Com a q u ed a do pítulo 6 com eça com a descrição de
poderoso Império Babilônico, a cidade um novo rei, que é chamado de 'Dario,
de Babilônia agora passa a ser co n ­ o medo' (Dn 5.31). A identidade deste
trolada pelos M edo-persas, tam bém governante, mencionado outras vezes
conhecidos como o Império Aquem ê- no livro (Dn 11.1), é uma questão deba­
nida, Esta m udança de regime trouxe tida entre estudiosos, diante do fato de
consigo maior liberdade e tolerância "Ciro, o persa' ter sido o conquistador
re lig io sa . No entanto, m e sm o sob da Babilônia (Is 44.28; 45.1). A Bíblia
um novo regime, o profeta Daniel se menciona que Daniel tam bém serviu
depara com a maior provação de sua sob o seu comando (Dn 1.21; 10.1). Uma
vida. Ele é confrontado com a pressão corrente diz que se tratava da mesma
de abandonar sua devoção inabalável pessoa. O entendimento majoritário, no
ao D eus A ltíssim o. N esta lição, e s ­ entanto, com preende que Ciro, após a
tudarem os este relevante episódio, sua conquista, teria constituído Dario
que nos trará valiosos ensinamentos temporariamente como governante su­
sobre a fidelid ad e a Deus diante do bordinado a ele. Segundo John Lennox,
governo dos hom ens e de suas leis, essa ideia é apoiada Linguisticamente,
revigorando a importância da oração pelo fato de Daniel dizer que Dario foi
na vida do crente. "constituído rei" (Dn 9.1) e que 'ocupou o

62 JOVENS
reino" (Dn 5.31). Segundo a obra Contra a crentes tenham ampla proteção jurídica
Correnteza, os relatos bíblicos também de expressão de suas crenças, com
nunca se referem a Dario como rei da previsão na Declaração Internacional de
M édia-Pérsia, mas apenas com o g o­ Direitos Humanos, não estão isentos de
vernante da Babilônia. serem constrangidos e forçados a relegar
2.0 novo governo. O novo governan­ a fé. A previsão da liberdade religiosa
te ficou conhecido por sua capacidade na Constituição e nas leis não garante
de manter a estabilidade política em seu que os cristãos não serão discriminados
império. Também estabeleceu uma série e ofendidos, especialm ente por causa
de reformas administrativas que ajuda­ de imposições ideológicas.
ram a estruturar 0 governo e a economia.
O rei organizou o império em satrapias, @ PENSE!
que eram províncias adm inistrativas Se você nunca foi constrangido
com governadores nomeados por ele, por causa da sua fé? Será que falta
os quais detinham autoridade sobre os testemunho?
assuntos civis e militares de sua região.
Acima deles, foram nomeados três pre­ 0 PONTO IMPORTANTE!
sidentes, também chamados príncipes, Embora em muitos países os crentes
incluindo Daniel (6.1-3). Eles tinham a tenham am pla proteção ju ríd ica
responsabilidade de supervisionar a de expressão de suas crenças, com
adm inistração do império e garantir previsão na Declaração Internacional
que as províncias fossem governadas de D ireitos Hum anos, não estão
de acordo com as leis e diretrizes do isentos de serem constrangidos e
rei. Eles eram responsáveis por relatar forçados a relegara fé.
qualquer irregularidade ou comporta­
mento inadequado dos sátrapas. SUBSÍDIO O
3. Uma política de tolerância religio­ “O Reinado de Dario, o Medo, 6,1-28
sa. Ciro, o imperador, tinha uma política O versículo final do capítulo 5 e o
de maior tolerância com os povos con­ primeiro versículo do capítulo 6 nos
quistados. Promulgou um código de leis introduzem ao novo governo. Embora
conhecido como o "Cilindro de Ciro", que Ciro fosse 0 conquistador, Dario, o medo,
promovia a justiça e a liberdade religiosa, é apresentado como o monarca no po­
permitindo que vários grupos étnicos der na Babilônia. Parece que a política
praticassem suas crenças. O chamado de Ciro era deixar a administração do
Édito de Ciro, tam bém denom inado governo nas mãos de outros, enquanto
como o "Decreto de Ciro", possibilitou seguia em frente com novas conquistas.
que o sjudeus deportados pelos babi­ Durante muitos anos um dos problemas
lônios retornassem para Jerusalém e cruciais do livro de Daniel tem sido a
reconstruíssem o Templo (cf. Ed 1.1-3), identidade de Dario, o medo, o filho
Mesmo diante desse ambiente de de Assuero (5.31; 9.1). A história secular
maior liberdade e tolerância, Daniel foi não fornece nenhum tipo de ajuda para
perseguido por suas convicções. Isso solucionar esse problema. Isso se podia
mostra que, embora em muitos países os dizer de Belsazar, até que as inscrições

JOVENS 63
cuneiformes começaram a revelar seus é um elem ento importante na vida e
segredos. Josefo acreditava que Dario pode ser uma forma de vocação divina.
era filho de Astiages, conhecido pelos A Bíblia nos recom enda a fazer tudo
gregos por outro nome. Isso significaria conforme as nossas forças (Ec 9.10) e
que ele era neto de Ciaxeres, o grande para a glória de Deus (1 Co 10.31).
aLiado medo de Nabucodonosor. 2. Inveja e conspiração. Assim que 0
Alguns têm tentado identificar Dario brilho de Daniel com eçou a ofuscar os
com Gobrias, o general do exército de demais, a inveja brotou em seus cora­
Ciro que venceu a Babilônia. Acredita-se ções. Infelizmente, isso é algo que ocorre
que seu reinado foi breve. Mas, sua morte com enorme frequência em qualquer
dentro de dois meses após a captura da ambiente e até mesmo entre o povo de
Babilônia dificilmente apoiaria essa teoria.
Deus. Em vez de reconhecera excelên­
Em seu livro Darius the Mede (Dario, o cia do outro e procurar aprender com
medo), John C. Whitcomb oferece fortes ele, os invejosos preferem o caminho
indícios que identificam Dario, o medo, da destruição, fazendo uso de fofocas,
com um G ubaru, cujo nom e estava tramas e acusações caluniosas. Por isso,
separado nos registros cuneiformes. dentro dos bastidores do poder do reino,
Esse Gubaru é chamado de “Governador os demais presidentes e governadores
da Babilônia e do Distrito Além do Rio”. arquitetaram um co m p lô d iab ó lico
Debaixo da autoridade de Ciro, Gubaru para acabar com a imagem de Daniel
nomeou governadores para governar perante o rei, procurando ocasião para
com ele na ausência de Ciro, que residia difamá-lo. Contudo, a Bíblia afirma que
por longos períodos em sua capital em eles não encontraram qualquer coisa
Ecbatana. Gubaru recebeu um poder de que pudesse acusá-lo, “nem cuLpa
praticamente ilimitado sobre a imensa algum a; porque ele era fiel, e não se
satrapia da Babilônia. Mesmo no governo achava nele nenhum erro nem culpa"
de Cam bises, o filho de Ciro, Gubaru (6.4). Lembre-se, jovem, de que quando
continuou a exercer sua autoridade.” se está na presença de Deus, os inimigos
(Comentário Bíblico Beacon. Vot 4. Rio de não terão nada para acusá-lo!
Janeiro: CPAD, 2016, p. 518,) 3. 0 plano contra Daniel. Perceben­
do que não teriam nada contra Daniel,
II - A CONSPIRAÇÃO CONTRA tendo em vista sua conduta ilibada, os
DANIEL líderes mudam a estratégia e resolvem
1. A distinção de Daniel. Em razãoencontrar na “Lei do seu Deus”(6.4) algo
de sua excelência, Daniel começou a se que pudesse prejudicá-lo. Eles deixam
distinguir dentre os demais presidentes, de procurar na conduta e passam a
razão pela qual o rei pensava em pro­ prejudicar Daniel com base em suas
movê-lo. Isso mostra que Daniel, além convicções. Para tal, os homens per­
de fiel e zeloso nas questões religiosas, versos propuseram ao rei que fosse
era também um profissional qualificado proibido em todo o reino, no período
e dedicado, fazendo com que se sobres­ de trinta dias, que se fizessem petições
saísse em suas atividades. É necessário ou orações a qualquer divindade ou
lembrar que o trabalho, criado por Deus, homem, a não ser ao rei. A punição pela

64 JOVENS
desobediência seria o Lançamento na ação de que temos de “tolerar" aqueles
cova dos Leões. que são diferentes de nós. Não devemos
A estratégia dos inimigos de DanieL apenas tolerar as religiões diferentes;
em muito se assemeLha aos secularis- d evem os co n ced e r a e la s o m esm o
tas anticristãos, procurando centraLizar respeito q ue d am o s à nossa. N esse
no Estado a figura da divindade. Sem cenário Cristo é interpretado de forma
dúvida, buscam de todas as maneiras genérica, mas Ele sempre é despojado
restringir a manifestação das crenças e de sua d e id a d e (a m enos q u e suas
punira convicção dos cristãos, Na Legis­ afirmações sejam interpretadas com o
lação e em decisões judiciais, surgem sentido de que todos som os divinos).
novos entendim entos que procuram Este pluralismo (ou universalismo) afir­
am o rdaçar a voz da igreja, abolindo ma, sem competência, que nenhuma
não som ente a Liberdade de crença, religião tem o direito de julg ar a outra.
mas também a Liberdade de expressão. Sem respeito mútuo, tolerância sem
Vivem os um a Era de suposta to­ críticas e aceitação incondicional da
lerância. Todavia, enquanto todas as “rica" herança dos outros, não há base
expressões são válidas e permitidas, o para a unidade. A superioridade conduz
Cristianismo cada vez mais é hostilizado ao preconceito, o qual deve ser expos­
por causa da sua defesa de valores ab­ to, desdenhado e subsequentem ente
solutos. É a intolerância dos tolerantes! arrancado pelas raízes."

(LUTZER, Erwin. Cristo entre Outros Deuses:


SUBSÍDIO ô Uma Defesa da Fé Cristã Numa era de Tole­
‘No caminho do “plano global" para a rância. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp. 2122.)
unidade religiosa está a pessoa de Cristo.
Historicamente, o cristianism o o tem III - A LEI DOS H O M E N S E A LEI
considerado inigualável, o Filho unigênito DE DEUS
especial de Deus, o Senhor, o Salvador. 1. Contrariando a lei dos homens.
Mas muitos cristãos — ou pelo menos Mesmo diante do decreto do rei, nova­
muitos daqueles que usam o rótulo de mente Daniel não se acovardou de dar
cristão —estão começando a pensar que testemunho de sua fé. Ainda que fosse
já não podemos mais manter a exclusivi­ um alto funcionário e o c u p a sse um
dade em meio à crescente consciência Lugar de privilégio no império, Daniel
de outras convicções religiosas. não negou sua integridade e fidelidade
E o ímpeto à unidade é muito forte a Deus. O servo de Deus sem pre fora
e sedutor para ser resistido. obediente ao rei, porém, ao perceber
I...1 Prímeiramente, existe o pluralismo que a lei humana contrariava a lei divina,
— a afirmação direta de que temos de ele desobedecería ao injusto m anda­
aceitar todas as reLigiões com o iguais. mento, fazendo exatamente aquilo que
Cristo é só um homem, um profeta, um o decreto proibia: buscou ao Senhor
entre várias opções, e não necessaria­ em oração (Dn 6.10). Em primeiro lugar,
mente uma opção melhor entre outras. Daniel sabia que Dario tinha autoridade,
O pluralismo insiste que até a palavra mas tinha ainda mais convicção de que
tolerância cheira a fanatismo, a insinu­ esta autoridade provinha de Deus (Rm

JOVENS 65
i 3 -i). Em segundo Lugar, como um ho­ adoração da estátua (Dn 3), recusaram-
mem temente e bom cidadão, o profeta -se a negar sua fé por meio de uma ação
era cum pridor d as leis dos homens; específica. Da mesma forma, Daniel não
contudo, ele não as cumpriria quando estava disposto a comprometer sua fé
se chocassem com as leis de Deus (At ao se abster da oração. Isso ilustra que
5.29). Afinal, mais importante que a lei resistir aos desafios à nossa fé requer
estabelecida pelo governo humano é a tanto evitar açõ es que contradizem a
Lei Natural revelada pelo Deus Altíssimo, Palavra de Deus quanto manter nossas
imutável e atemporal, que não pode ser práticas espirituais fundamentais.
contrariada. Em terceiro lugar, Daniel 3. Deus fecha a boca do leão. Ao
sabia que o Senhor estava com ele. ser denunciado, mesmo a contragosto
2 .0 poder da oração. Diante daquele (6.14), o rei Dario mandou que lançassem
momento de provação, Daniel foi para D aniel na cova dos leões, onde per­
o seu quarto buscar a Deus em oração. m aneceu durante a noite. Esse tipo de
Ele orou persistentemente, pondo-se punição, conhecida como execução por
de joelhos três vezes ao dia. A oração leões, era uma prática esporádica que
d eve ser um hábito na vida de todo ocorria em algumas culturas antigas, não
aquele que busca intimidade e resposta como uma regra do sistema judicial. O
da parte do Senhor (Fp 4.6; 1 Ts 5.17; Tg rei estava angustiado e passou a noite
5.16). Também, Daniel orou agradecendo em vigília, preocupado com o destino
a Deus, pois a verdadeira oração também de Daniel. Ao amanhecer, correu até a
se expressa por meio da gratidão. Não cova e, para sua surpresa, encontrou
há vitória espiritual sem oração. Não há Daniel vivo e ileso. Deus havia enviado
crescimento espiritual sem oração. Como um anjo para fechar a boca dos leões,
disse Martinho Lutero: “A oração é o suor protegendo Daniel! Diante da provação
da alm a”. E quanto a você, jovem, como e perseguição, o Senhor efetuou um
tem sido a sua vida de oração? Lembre- verdadeiro milagre, guardando a vida
-se de que a primeira oração que Deus do seu filho.
não atende é aquela que nunca foi feita! A Bíblia também mostra que, no final,
É interessante notar que os amigos a justiça prevaleceu. Os conspiradores
de Daniel, ao serem confrontados com a foram punidos por suas ações malignas.

PROFESSOR(A), “dos três presidentes, Daniel se distinguiu. E Dario encon­


trou nele um espírito excelente e planejava estender sua autoridade sobre
todo o reino. Daniel devia ter em torno de 85 anos ou talvez se aproximasse
dos 90 anos. Ele tinha passado diversas crises políticas. Agora, a sua reputação
de homem integro e honesto chegara ao conhecimento dos novos governantes.
Talvez informantes tenham aconselhado os novos governantes acerca da posição
de Deus na noite fatal da queda de Belsazar. Quaisquer que fosse as circunstâncias,
o homem de Deus estava pronto para servir onde fosse necessário" (Com entário
B íb lico B eacon. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.pp.518,519).

66 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
JOHN STON , Jerem iah J.
Inimaginável: O que Nosso Mundo
Seria sem o Cristianismo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

© CONCLUSÃO
Ao enfrentar a pressão de abandonar
sua devoção a Deus, Daniel escolheu
permanecer firme em sua fé, continuan­
© H O R A DA REVISÃO do a orar diante das adversidades. Em
vez de ser leal ao governo, manteve-se
. Quem é o novo rei no capítulo 6 de
fiel a Deus. Sua coragem e confiança
Daniel?
em Deus não apenas resultaram em
'Dario, o medo" (Dn 5.31).
sua proteção miraculosa na cova dos
. Q ual o entendim ento m ajoritário
leões, mas também demonstraram um
sobre a reLação entre Ciro e Dario?
exemplo eterno de como podemos
O entendimento majoritário compreen­
manter nossa integridade espiritual em
de que Ciro, após a sua conquista, teria
face dos desafios culturais, políticos
constituído Dario temporariamente
e jurídicos de hoje.
como governante subordinado a ele,
. O que foi o Édito de Ciro?
O cham ado Édito de Ciro, também
denom inado com o o 'Decreto de
Ciro', po ssibilito u q u e os ju d e u s
r r
deportados pelos babilônios retor­
ANOTAÇAO
nassem para Jerusalém e recons­
truíssem o templo (cf, Ed 1.1-3).
. O q ue é m ais im portante do que
a lei e sta b e le c id a pelo governo
hum ano?
Mais importante que a lei estabele­
cida pelo governo humano é a Lei
Natural revelada pelo Deus Altíssimo,
imutável e atemporal que não pode
ser contrariada.
5. Quais exemplos de leis e decisões
judiciais, hoje, que confrontam a fé
dos cristãos?
Resposta livre.
OS IMPÉRIOS MUNDIAIS
EA SUPREMACIA DO
FILHO DO HOMEM
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"Eu estava o lhand o nas m inhas SEGUNDA -H b 1.3


visõ es da noite, e eis que vinha Jesus é rei eternamente
nas nuvens do céu um com o TERÇA - Dn 2.44
o filho do hom em [...].“ O reino do Messias será
(Dn 7 .1 3 ) único e eterno
QUARTA - Ap 20.4
O reino milenial de Cristo
RESUMO DA LIÇÃO
QUINTA - Dn 714
O reino do Messias é invencível
O s reinos d este m undo vêm SEXTA - Mt 6.33
e vão, m as a so b erania de A realidade do Reino de Deus
D eu s é para sem pre. SÁBADO - Fp 2 ,10,11
Todo joelho se dobrará

JOVENS 68
r O B J E T IV O S
■ \

SABER a ocasião e as características da visão de Daniel dos quatro


animais;
A PREN DER sobre a interpretação profética do sonho;
COM PREENDER como se dará o cumprimento profético nos últimos
tempos, com ojulg am ento divino.
V. J
INTERAÇÃO
O capítulo 7 do livro de Daniel marca uma transição significativa na narrativa,
trazendo uma mudança de gênero literário. Enquanto os primeiros seis capítulos
concentram-se em histórias e eventos da vida de Daniel e seus amigos, a partir do
capítulo 7, entramos no território das visões e profecias. A partir daqui, até o capítulo
12, o livro assume um caráter apocalíptico, à medida que Daniel relata uma série de
visões e sonhos que recebeu. Ao todo, serão quatro visões: duas no período babiLô-
nico e duas no período medo-persa. É importante perceber, portanto, que a narrativa
não segue a sequência cronológica do capítulo anterior. As primeiras duas visões são
anteriores aos acontecimentos relatados no capítulo 6 ; e as outras duas, após. Nesta
lição, estudaremos o relato da visão dada a Daniel sobre os quatro animais e o Filho
do Homem, que forma um paralelo com o sonho de Nabucodonosor do capítulo 2.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
A partir desta lição iniciam os a seção apocalíptica do livro de Daniel. Para
um a aula de qualidade, é fundam ental que você pesquise sobre o tema em
livros de referência, especialm ente dicionários e obras escatológicas. Para esta
lição, apresenta o quadro sinótico abaixo com as características associadas aos
anim ais que representam os im périos m undiais descritos no capítulo 7, bem
como a visão do Filho do Homem que representa o reino eterno de Deus. É uma
visão profética complexa que descreve o curso da história mundial e a soberania
divina sobre os impérios da Terra.
Im p ério

Animal MundM CaractarM cas

Leão império Asas de águia, que são arrancadas, representando a queda do


Babllônico império babilônico.

Urso Império Três costelas na boca, simbolizando a conquista de três reinos


Medo-Persa pela Medo-Persla: Lldla, Babilônia e Egito.

Leopardo Império Grego Quatro asas e quatro cabeças, refletindo a velocidade da


conquista de Alexandre, o Grande, e a divisão de seu Império em
quatro após sua morte.

Besta Império Dentes de ferro e dez chifres, representando a força duradoura e


Terrfvel Romano a divisão do Império Romano em vãrlas nações.

0 Filho do Reino Eterno Estabelecido apôs a destruição dos Impérios terrenos, um


Homem de Deus reinado eterno de Justiça e paz.

JOVENS 69
TEXTO BÍBLICO

D a n ie l 7 .3 -8 ,1 3 ,14 devorava, e fazia em pedaços, e pisava


3 E quatro anim ais grandes, diferentes aos pés o que sobejava; era diferente
uns dos outros, subiam do mar. d e todos os anim ais que apareceram
4 O primeiro era com o leão e tinha asas antes dele e tinha dez pontas.
de águia; eu olhei até que lhe foram 8 Estando eu considerando as pontas,
arrancadas as asas, e foi levantado da eis q u e entre e la s subiu outra ponta
terra e posto em pé com o um homem; pequena, diante da qual três das pontas
e foi-lhe dado um coração de homem, primeiras foram arrancadas; e eis que
5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo nesta ponta havia olhos, com o olhos
animal, semelhante a um urso, o qual se d e hom em , e um a b o ca q u e falava
levantou de um lado, tendo na boca três grandiosamente.
costelas entre os seus dentes; e foi-lhe 13 Eu estava olhando nas m inhas visões
dito assim: Levanta-te, devora muita carne. da noite, e eis que vinha nas nuvens
6 Depois disto, eu continuei olhando, e eis do céu um com o o filho do homem; e
aqui outro, semelhante a um leopardo, dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram
e tinha quatro a sa s d e ave nas suas chegar até ele.
costas; tinha também este animal quatro 14 E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o
cabeças, e foi-lhe dado domínio. reino, para que todos os povos, nações
7 Depois disso, eu continuava olhando e línguas o servissem ; o seu domínio é
nas visões da noite, e eis aqui o quarto um domínio eterno, que não passará,
animal, terrível e espantoso e muito forte, e o seu reino, o ún ico q u e não será
o qual tinha dentes grandes de ferro; ele destruído.

INTRODUÇÃO 7 de Daniel d escreve uma visão que


Na lição de hoje estu darem os o o profeta teve durante o reinado de
capitulo 7 do livro de Daniel, que con­ B elsazar. V a le lem b rar q ue a partir
tém a descrição de uma visão profética desta seção, o livro não está redigido
que ocorreu durante o primeiro ano de de forma cronológica, por isso não é
reinado de Belsazar. Essa visão prece­ um a seq uência do capítulo anterior.
de os eventos narrados nos capítulos Daniel data a visão no primeiro ano do
anteriores do livro, e possuí um para­ reinado de Belsazar. Logo, ela ocorreu
lelo com o sonho de Nabucodonosor, pelo menos dez anos antes do banque­
narrado no capítulo 2, m as com uma te m encionado no capítulo 5, sobre o
riqueza de detalhes que aprofunda nossa qual estudam os na lição 8.
com preensão sobre o desenrolar da Na visão de D aniel, e le o bserva
história mundial e a suprema soberania os "quatro ventos do céu" agitando o
divina que permeia todos os eventos. A "grande mar‘ (7.2). Essa im agem sim ­
lição nos lembra de que Deus está no bólica sugere que eventos poderosos e
controle de todas as coisas. influentes, representados petos ventos,
estão prestes a desencadear mudanças
I - A VISÃO DOS QUATROANIMAIS significativas e turbulentas na história
1. A ocasião da visão. O capítulo da humanidade, simbolizada pelo mar.

70 JOVENS
Na Bíblia, a agitação do mar representa Q PONTO IMPORTANTE!
a inquietude das nações da Terra (Is 0 livro de Daniel não está redigido

1712; Ap 1715). de forma cronológica, por isso 0


2. Os quatro grandes animais. Daniel capítulo 7 não é uma sequência
histórica do capítulo anterior.
continua d escrevend o sua visão, na
qual quatro grandes anim ais surgem
do mar: o “leão com a sas d e águia" SUBSÍDIO O
(v.4); o urso (v.5); o leopardo com quatro Professor(a), peça que leiam Da­
asas (v.6) e o quarto animal, terrível e niel “7 1 7 Depois explique que "estes
espantoso (v.7 ). A notável característica grandes animais, que são quatro, são
desses animais é que cada um deles é quatro reis, que se levantarão da terra,
"diferente do outro", o que indica que A grande visão dada a Daniel se
ad ap ta perfeitam ente co m a inter­
eles representam reinos ou impérios
pretação verdadeira. Aqueles grandes
distintos, cada um com suas próprias
im p ério s eram de fato d isc e rn id o s
características, poderes e importância
quanto ao seu verdadeiro caráter de
na história, A sim bologia anim alesca
bestas ferozes. Em linhas gerais, esses
indica a natureza selvag em dos im ­
grandes anim ais são discernidos pelo
périos, q ue batalham em b u sca de
tempo e pela história, com o segue:
domínio e poder. Esses quatro animais
1) O leão (tipificando o Império da
representam os reis da terra (v.17): o rei
Babilônia). O versículo 4 do capítulo em
da Babilônia, o rei M edo-Persa, o rei
foco, determina essa interpretação: Numa
da Grécia e o rei de Roma. Portanto,
simbologia perfeita, o monarca caldeu é
profetizando no período do Império
ali representado. Tem também respaldo
Babilônico, Daniel anteviu a sua queda
bíblico em outras partes das Escrituras
e os governos seguintes.
Sagradas (Jr 4.7:49.19: Hc 1.8; ver Ez 173).
3 . 0 espanto de Daniel. A visão era
2) O urso sim b o liza va o Im pério
tão impressionante que deixou Daniel
Medo-persa. Já tivemos a oportunidade
perplexo (v.15). Apesar de ser um ho­
de explicar, em outras notas, porque
mem sábio e experiente, aquela reve­
esta fera se “levantou de um lado”.
lação era profunda e impactante para
As três co stela s na sua boca re­
ele. Não importa o quanto tenhamos
presentam as três primeiras potências
caminhado na vida cristã, Deus sempre
conquistadas por Ciro (Babilônia, Lídia,
nos surpreende. As im plicações som ­
na Ásia Menor, e Egito).
brias para as pessoas da terra e para
3) O leopardo representa o Império
o seu próprio povo eram m ais do que
Greco-M acedônio,
D aniel podia absorver calm am ente.
As 4 asas, significam seu s 4 gene­
Contudo, o anjo de Deus estava lá para
rais: as 4 cabeças, as quatro realezas
dar entendimento a Daniel, explicando fundadas por estes generais depois da
o sentido do sonho (vv.16,17). morte de Alexandre. 4) A fera terrível
representa o Império Romano.”
@ PEN SE!
(DA SILVA, Severino Pedro. Daniel Versículo
Você já foi surpreendido por Deus por Versículo: A s Visões para Estes Últimos
e ficou espantado? Dias. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.)

JOVENS 71
Roma se destacou como deste anim al representam adequada­
o império mais impactante na m ente o Império G rego liderado por
história da humanidade. Enquanto ALexandre, o Grande, que conquistou
uma nação após a outra com extrema
era formidável, representado
velocidade. Com a sua morte, o império
pelo ferro em sua força e eficácia
se dividiu em quatro partes, distribu­
administrativa, também se ídas entre os seus generais: Seleuco,
mostrava frágil, como o barro, Ptolomeu, Lisím aco e Cassandro.
devido à imensa corrupção que, d) Império Romano: O quarto animal
em última instância, contribuiu despertou a curiosidade de Daniel de
m aneira sing ular (v.19). Ele Lembra a
para o declínio.
parte inferior da estátua, com pernas
de ferro e os pés e dedos de ferro e
barro. O profeta antecipou o período
II - A INTERPRETAÇÃO DO SONHO em que o Império Romano em ergiu
1. Os reinos deste mundo. O sonho como uma superpotência. A descrição
de Daniel guarda relação direta com a do verso 7 diz que o Urso fazia seu s
estátua do sonho de Nabucodonosor no inimigos em pedaços. A primeira coi­
capitulo 2. O sonho e a visão retratam sa que fazia o Império Romano após
as m esm as reaLidades históricas, sob conquistar uma nação, era dividir suas
perspectivas diferentes. terras em regiões, tetrarquias, províncias
a) Império Babilônico: O Leão, animal e distritos. Roma se destacou com o o
feroz e régio, corresponde à cabeça de império mais impactante na história da
ouro (2.38) e, em Jerem ias 4 7 e 50.17. humanidade. Enquanto era formidável,
N abucodonosor é com parado a um representado pelo ferro em sua força
Leão. A m enção de q ue lhe foi dado e eficácia administrativa, tam bém se
um coração de hom em (74). alud e à mostrava frágil, com o o barro, devido
sua restauração, após ter vivido entre à im ensa corrupção que, em últim a
os anim ais (Dn 4). instância, contribuiu para o declínio de
b) Império Medo-Persa: O urso que um império cujo nome se tornou sinô­
levantou de um lado é retratado como nimo de grandiosidade e decadência.
o peito e braços de prata da estátua, 2. O Anticristo. As dez pontas (al­
correspondendo ao Império Medo-Per­ gum as traduções usam a expressão
sa. A este anim al as pessoas diziam: "chifres") que saiam da cabeça do quarto
“Levanta-te, devora muita carne" (v.5). animal prefiguravam dez reis advindos
Na sim bologia profética, segundo os do antigo Império Romano (v.20). Mas
pastores Antonio Gilberto e Severino outro rei, representado pela pequena
Pedro, as três costelas entre os dentes ponta, se levantará após os dez reis
seriam potências conquistadas peLo e abaterá os três primeiros, arrancan­
império (Babilônia, Lídia e Egito), do-os tal como descreve a visão. Essa
c) Império Grego: O leopardo com d escrição encontra ressonância em
asas co rre lacio na-se com o ventre e Apocalipse 1712-14, Os fatos proféticos
quadris de bronze. As características do versículo 8 são ainda futuros, como

72 JOVENS
bem mostra o livro de Apocalipse. Na A profecia nos revela
escatologia pentecostal, a interpretação que o ju iz supremo neste
é que a pequena ponta representa o An- julgamento é o "ancião
ticristo, que surgirá no final dos tempos
de dias", que é uma
e fará guerra aos santos (7.21). Esse é o
homem do pecado, o filho da perdição
representação de Deus,
(2 Ts 2.3,4). O A nticristo será a m ais com cabelos brancos e
com pleta personificação de Satanás vestes brancas.
e o seu mais autêntico representante
(2 Ts 2.9), porém, se apresentará como
se fosse Deus. Será “o iniquo”(2 Ts 2.8),
e a sua influência será “mundial", pois
governará sobre todas as nações (Ap homem personificando o Diabo, porém,
13.8; Dn 8.24; Ap 17.12). apresentando-se com o se fosse Deus
(Dn 11.36), Ele terá um a habilidade e
@ PENSE! cap acidade desconhecida até hoje.”
Não importa 0 poder dos reinos Ressalte que assim com o Antíoco,
deste mundo, Deus é soberano. o Anticristo tam bém será derrotado,
m as não por algum rei humano, mas
@ PONTO IMPORTANTE! pelo próprio Cristo.
Na escatologia pentecostal, a in ­ Deus é soberano e tem o controle
terpretação é que a pequena ponta da história, das nações e de toda a hu­
representa 0 Anticristo, que surgirá manidade, criada pelas suas mãos. Não
no final dos tempos e fará guerra podemos nos esquecer dessa verdade
aos santos (7.21). para q ue não venham os ficar aflitos
diante das circunstâncias desse mundo.
SUBSÍDIO ô
Professor(a), inicie o tópico fazen­ III- O REINO DE D E U S E O SEU
do a seg uinte pergunta: “Diante das JULGAMENTO
tensões g eo p o liticas da atualidade, 1 . 0 juízo divino. A visão de Daniel
o q ue p o d em o s fazer?" Incentive a mostra que o poder dos anim ais não
participação de todos e ouça os alu ­ é para sempre. O versículo nove nos
nos co m ate n ção . D ig a q u e a ssim diz: “foram postos uns tronos, e um
com o Daniel, podem os orar e confiar ancião de dias se assentou: sua veste
em Deus, S ab em os que o bode que era branca com o a neve, e o cab elo
surge na visão de D aniel e derrota o da sua cabeça, com o a limpa lã; o seu
carneiro é o rei da Grécia (v,2i) e que trono, chamas de fogo, e as rodas dele,
o Anticristo terá poder no mundo, mas fogo ardente' (v.g). O trono é símbolo de
será derrotado por Cristo. Em seguida, poder, governo e julgamento. A profecia
pergunte: “Com o vocês acreditam que nos revela que o ju iz suprem o neste
o Anticristo será?”O uça os alunos com julg am ento é o "ancião de dias', que
atenção e depois explique que segundo é um a representação de Deus, com
o pastor Antonio Gilberto ele “será um cab elo s brancos e vestes brancas. O

JOVENS 73
tribunal divino, apresentado no sétimo contra Deus e perseguir os seg uid o ­
capítulo de Daniel, revela que Deus res de Deus, representados com o 'os
ju lg ará "a pequena ponta1 e proferirá santos", mártires e crentes ad vindos
o veredito final contra o quarto animal, da Grande Tribulação. Além disso, ele
que representa Roma (vv. n , 12). Este é tentará mudar leis e regulamentos, pos­
o ponto culminante da visão de Daniel, sivelmente tentando suprimir a religião
onde o Altíssimo avalia e ju lg a as más e os princípios morais. Por “um tempo,
ações, a crueld ad e e a m aldade das e tempos, e metade de um tem po”, o
nações deste mundo! “Anticristo”terá autoridade no mundo.
2. A vinda do “Filho do Hom em ” Esse período equivale a “três anos e
(vv.13,14). No so nho do c a p ítu lo 2, m eio”, ou “quarenta e dois meses" ou
a estátua c o lo ssa l foi d estruída por “mil e duzentos e sessenta dias”(Dn 12.7;
uma pedra que d epois encheu toda 9.27; Ap 12.14; 7.14). Ele com preende a
a terra. Agora, no capítulo 7, o anim al metade dos sete anos finais prescritos
será destruído e "um com o filho do com o a Grande Tribulação e o fim do
homem" assum e o Reino para sem pre “tem po dos gentios". Nos prim eiros
(v.13,14). A pedra que esm aga a estátua “três an o s e meio" o A nticristo fará
e cresce para encher a terra é com pa­ acordo com Israel, mas não o cumprirá
rável à ascensão de Jesus Cristo como (Dn 9.27). Este é o período de grande
o M essias e a prom essa de q ue seu poder e influência política d esse líder
reino se esta b e le ce rá para sem pre, m undial sobre o mundo e os judeus.
Isso significa que os poderes terrenos Mas o Messias o dominará e quebrará
e hum anos são tem porários, m as o o seu reino de mentira. O Anticristo será
Reino de Deus é eterno e preencherá condenado e a plenitude do Reino de
todo o espaço. A m ensagem central é Deus será estabelecida para sempre!
a suprem acia e o domínio duradouro
de D eus sobre todas as coisas. Isso ©PENSE!
renova as nossas esperanças e fé no Você anela e aguarda a volta de
poder do Senhor Deus. Cristo?.
3, A Grande Tribulação. Os versos 24
e 25 apresentam um período específico © PONTO IMPORTANTE!
dos últimos tempos, no qualo Anticristo A visão de Daniel mostra que 0 po­
perseguirá o povo de Deus. Ele vai falar der dos animais não é para sempre.

PROFESSOR(A), a interpretação de qualquer livro considerado apo­


calíptico não exige uma hermenêutica especifica ou sistemas interpreta-
tivos especiais, Mudar sua hermenêutica é separar a profecia bíblica de seu
cumprimento histórico. É uma tentativa liberal de se considerar a profecia como
mito ou fantasia" (LAHAYE, Tim. E n ciclo p é d ia P o p u la r de Pro fecia B ib lica . 5 ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 20 i 3.p.l75)-

74 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
MORGAN, RobertJ, Os 50
Acontecimentos finais da História.
Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

©CONCLUSÃO
Como vimos no capítulo 7, Daniel rece­
be visões a respeito dos quatro grandes
impérios e do estabelecimento do reino
eterno de Deus, Essas visões revelam a
© HORA DA REVISÃO promessa de que, apesar dos impérios
1. Q uand o D a n ie l teve a v isã o dos e das forças poderosas que governam
quatro anim ais? 0 mundo, o Senhor Deus continua no
No primeiro ano do reinado de Bel- controle e, ao final, estabelecerá seu
sazar. reino eterno de justiça e paz. Isso nos
. Quais eram os anim ais da visão? desafia a manter nossa fé firme, mesmo
O “leão com asas de águia" (v.4): o em meio às incertezas e turbulências
urso (v.5); o leopardo com quatro do mundo, pois Deus tem um plano
asas (v.6) e o quarto animal, terrível soberano que se cumprirá.
e espantoso (v.7).
. O urso simboliza qual império mun­
d ial?
O Império Medo-Persa,
. Na escato lo gia pentecostal, qual
ANOTAÇÃO
a interpretação sobre a "pequena
ponta"?
A interpretação é que a pequena ponta
representa o Anticristo, que surgirá
no final dos tem pos e fará guerra
aos santos (7.21). Esse é o homem do
pecado, o filho da perdição (2 Ts 2.3,4).
. A que período equivale a expressão
“um tempo, e tempos, e metade de
um tempo"?
Esse período equivale a “três anos
e meio", ou “quarenta e dois meses"
ou "mil e duzentos e sessenta dias"
(Dn 12,7:9.27: Ap 12.14:714).
REVELAÇÕES SOBRE
O TEMPO DO FIM
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"E aconteceu que, havendo eu,
S E G U N D A - 2 Ts 2.3-4
Daniel, visto a visão, busquei
O homem da iniquidade
entendê-la e eis que se me
apresentou diante uma como
TERÇA - Ap 13-1-10
semelhança de homem."
Os atos da Besta
(Dn 8 .1 5 ) QUARTA - l Jo 2.18
Anticristos no mundo
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - 2 Pe 3 -13-14
Esperança futura
O con h ecim en to d as coisas
SEXTA - Rm 12.21
futuras nos dá esp erança e a
Vencendo o mal com o bem
certeza de que D eu s está no
controle d e tod as as coisas. SÁBADO - l Ts 416-17
Esperança futura

JOVENS 76
r mUBÊÍÊÊÊÊÊÊÊÊlÊSÊlÊÊÊÊKBÊÊBÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊKÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ

OBJETIVOS
CO N H ECER a visão de Daniel do carneiro e do bode;
COM PREEN DER a sim bologia do bode e do pequeno chifre;
A PREN DER sobre o cum prim ento da visão para o tem po do fim.

INTERAÇÃO
Professor(a), no oitavo capítulo, encontramos o relato de Daniel sobre uma vi­
são profética que teve no terceiro ano do reinado de Belsazar. Nessa visão, Daniel
foi transportado espiritualmente para a cidadeLa de Susã, na região de Elão, onde
testemunhou uma intensa batalha entre um carneiro e um bode. Esses símbolos
representam eventos relacionados aos impérios M edo-Persa e Grego, além de
fornecerem um vislumbre profético da ascensão do Anticristo. Essa visão preenche
os principais detalhes do plano divino para a humanidade até o fim dos tempos.
Além disso, ela nos lembra que, mesmo em meio à turbulência geopolítica, Deus
mantém o controle soberano sobre a ascensão e queda de reis e reinos. Nessa
passagem, os fiéis foram previamente informados das calamidades que estavam
porvir, a fim de que eles pudessem direcionar seus olhares para o Senhor e confiar
em sua soberania, mesmo em tempos de incerteza,

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Nesta aula recorde aos seus alunos o sentido da palavra "escatologiá. Ela
é formada pela junção dos termos “eschatos", que significa “último" ou “final", e
'íogos', que significa “estudo" ou “tratado". Portanto, a escatologia estuda os últimos
acontecim entos da história humana, conform e Deus revelou em sua Palavra.
Lem bre que ao estudarm os esses tem as não podem os ser direcionados pela
especulação, pelo medo e pela fuga da realidade. Em vez disso, precisamos nos
manter vinculados àquilo que a Bíblia diz, termos uma perspectiva de esperança
e mantermos o nosso com prom isso com a vida cotidiana. Uma visão distorcida
do estudo das últimas coisas pode levar à busca de detalhes sensacionalistas
e à negligência das responsabilidades terrenas. No entanto, a abordagem e s-
catológica correta nos direciona para com preensão dos princípios-chave das
Escrituras, à confiança em Deus e à expectativa no cumprimento da sua Palavra.
Use o quadro abaixo que mostram dois erros com uns e opostos quando se
estuda o fim dos tempos.
T en d ên cia à E sp ecu lação in ju stificad a T en d ên cia a o C in ism o D esiste n te

A q u ed a n a ro tin a de e s p e c u la ç õ e s e c o n ­ A q u e d a n a r o t in a d o c in is m o d e s is te n te s o b r e o
je c t u r a s in ju s tific a d a s r e s u l ta n o d e s e jo fim d o s te m p o s r e s u lta e m m in im iz a r o u ig n o ra r
d e a r r a n c a r m a is d a d o s d e ta lh a d o s da a im p o r tâ n c ia d o s t e x t o s s o b r e o fim d o s te m p o s .
Bíblia do q u e a B íb lia c la ra m e n te fo rn e ce . P a r e c e q u e u m a c o m p r e e n s ã o e q u ilib ra d a é in a ­
A s p a s s a g e n s p r o f é t i c a s d a B íb lia s ã o tin g ív e l, d e fo r m a q u e o s c r is tã o s a b a n d o n a m o
in fla d a s a té q u e a s d e m a is c o is a s q u e ela e s tu d o c u id a d o s o d o fim d o s te m p o s .
te m a d iz e r s ã o m a rg in a liz a d a s , e m p u r ­ Je s u s é d e s ce n tra liz a d o q u a n d o o s le ito r e s d e ix a m
ra n d o J e s u s e o ev an g elh o p a ra a s b o rd as d e e s p e r a r a n s i o s a m e n t e p e lo S a l v a d o r c o m o
e c a n to s d e ca d a p ágin a. a c o n s u m a ç ã o do p la n o d e D eu s p a ra o m u n d o .

JOVENS 77
TEXTO BÍBLICO

Daniel 8.1-6 4 Vi que o carneiro dava marradas para o


1 No ano te rc e iro d o re in a d o do rei ocidente, e para o norte, e para o m eio-
Belsazar, a p a re ce u -m e um a visão, a -dia; e nenhuns anim ais podiam estar
mim, Daniel, depois d aquela que m e diante dele, nem havia quem pudesse
apareceu no princípio. livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme
a sua vontade e se engrandecia.
2 E vi na visão (acontecendo, quando vi,
que eu estava na cidadela de Susã, na 5 E, estando eu considerando, eis que um
província de Etão), vi, pois, na visão, que bode vinha do ocidente sobre toda a terra,
eu estava junto ao rio ülai. mas sem tocar no chão; e aquele bode
tinha uma ponta notável entre os olhos.
3 E levantei os meus olhos e vi, e eis que
um carneiro estava diante do rio, o qual 6 Dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas
tinha duas pontas; e as duas pontas eram pontas, ao q u al eu tinha visto diante
altas, m as uma era mais alta do que a do rio; e correu contra ele com todo o
outra; e a mais alta subiu por último. ímpeto da sua força.

INTRODUÇÃO um a fortaleza situad a em lu g ar e s ­


Nesta lição, estudaremos o capítulo tratégico, que dom ina e protege uma
8 do livro de Daniel. Esta visão, narrada cidade. Segundo historiadores, Susã
por Daniel, descreve um conflito entre servia co m o re sid ê n cia d e inverno
um carneiro e um bode, numa alusão dos reis persas.
aos impérios M edo-Persa e Grego. Ao É importante perceber que grande
m esm o tempo, a passagem descreve parte da visão é explicada pelo anjo
uma revelação sobre Antíoco Epifânio Gabriel, a quem D eus enviou com o
e a sua representação do Anticristo, propósito de dara interpretação a Daniel.
nos tem pos do fim. 2 .0 carneiro, O primeiro anim al da
visão do profeta é um carneiro que pos­
I - A VISÃO DE UM C A R N E IR O suía duas pontas (chifres), simbolizando
E UM BODE 0 Império M edo-Persa (v.20). Os dois
1. Características da visão. A visão chifres com pridos do animal, sendo
do capitulo 8 ocorre no terceiro ano um maior que o outro, representam a
do reinado de Belsazar, por volta de história d estes dois im périos que se
5 5 0 /5 4 9 a.C. Não se tratava de uma unem após a conquista da Média por
visão pelos olhos fisicos e nem im a­ volta de 550 a.C, dando origem ao Im­
ginação da mente humana, mas uma pério Aquemênida. 0 chifre mais alto (v.
re velação c e le stia l co n c e d id a pelo 3) aponta para a Pérsia, que apesar de
Senhor ao seu servo. Em seu vislumbre ser posterior ao reino Medo, tornou-se
profético, Daniel se vê na cidadela de proeminente.
Susã, na província de Elão, localizada 3. Ciro, o Grande. Este foi o Líder
a cerca de 300 quilômetros a leste da persa responsável por essa unifica­
Babilônia, A expressão “cidadela" alude ção e, posteriorm ente, pela tom ada
a um lo cal específico, referindo-se a da Babilônia. Trata-se do m esm o Ciro

78 JOVENS
mencionado pelo profeta Isaías (Is 44-28; 4, No A po calip se, João registrou
45.1) que Deus Levantou para colocar esta bênção dita pelos próprios lábios
fim ao período de exílio dos jud eus na de Jesus: “Eis que venho como ladrão.
Babilônia (Ed 1.1). Isso porque Deus é B e m -av e n tu rad o a q u e le q u e vigia"
soberano e usa quem Ele quer para (Ap 16.15).
cumprir os seus desígnios sobre o seu Portanto, a questão não é se deve­
povo e sobre o mundo. m os pensar sobre 0 fim dos tempos,
De acordo com o relato de Daniel Deus é claro em querer que conside­
(vv. 4, 5), Ciro era um co n q uistad o r remos, cuidadosam ente, sobre o fim
implacável, sendo invencível em suas dos tempos.
cam panhas militares, o que o tornou A questão é: “Como podemos ‘con­
um líder poderoso. Filho do rei persa, trolar os pés' em nosso estudo sobre
Cam bises, Ciro conseguiu conquistar o fim d o s te m p o s ? C o m o e stu d a r
os territórios da Mesopotâmia, de toda a seg u n d a vin d a de Je su s sem nos
a Ásia Menor (atual Turquia) e de terri­ desviar do curso e entrar em território
tórios a leste da Pérsia (parte ocidental doutrinaL perigoso? Com o explorar o
da índia). Tam b ém é co n h ecid o por fim dos tempos de forma a focarmos
sua atitude respeitosa em relação aos em J e su s?”
inimigos derrotados, tratando os povos Há um fato que você precisa saber
conquistados com toterância. para manter-se na direção certa quando
se trata de estudar o fim dos tempos:
SUBSÍDIO © Só é perigoso quando vo cê foca na
“R azõ es para e stu d a r o fim dos direção errada.”
tempos
(JONES, Timothy Paul. Guia Profético para
A questão não é se devem os e s ­ o Fim dos Tempos. Rio de Janeiro . CPAD.
tudar o fim dos tem pos. Os cristãos 2016. p.7)
têm de considerar o fim dos tempos!
Veja por quê: II - O BODE E O PEQUENO CHI­
1. Os apóstolos de Jesus mandaram FRE
que o povo de D eus p esqu isasse as 1.0 bode. 0 bode peludo que surge
Escrituras (2 Tm 3.14-17; 2 Pe 1.19,20), e na visão de Daniel e derrota o carneiro
as Escrituras testificam que Deus dará é o rei da Grécia (v.21). Na história, ele é
um fim ao mundo como o conhecemos identificado como “Alexandre, o Grande"
(Is 65.17-25). (356-323 a.C), rei da Macedônia. A m ­
2. Jesus, repetidamente, Lembrou plamente reconhecido com o um dos
os discípulos sobre sua futura chegada m aiores líderes m ilitares da história,
(Mt 24.42; veja tam bém Mt 25.13; Mc graças às suas conquistas expansivas
1 3 -3 5 - 3 7
; Lc 12,37). pelo mundo conhecido na época. Edu­
3. Paulo disse aos seus Leitores: “Mas cado pelo filósofo Aristóteles, também
vós, irmãos, já não estais em trevas, difundiu a cultura grega por meio de
para que aq uele Dia vos surpreenda um a política cham ada 'helenização".
como um ladrão. I...1 Vigiemos e sejamos O fato do anim al surgir “sem tocar no
sóbrios” (1 Ts 5.4, 6), chão”(v.5) mostra a velocidade da sua

JOVENS 79
expansão. Em doze anos de reinado, Em uma de suas cam panhas militares,
Alexandre tinha um vasto império que invadiu Jerusalém e profanou o Templo,
se estendia da Grécia até à índia. conform e a visão de Daniel (vv.10,11).
2. Os quatro chifres. A le x an d re Posteriorm ente, proibiu as práticas
morreu com apenas 33 anos de idade re lig io sas ju d a ic a s. Isto deu lug ar à
sem sucessor familiar, cum p rindo-se Revolta dos M acabeus, Liderada por
a profecia d e q ue o seu reino seria Judas Macabeu.
quebrado e repartido, m as não para a
sua posteridade (cf. Dn 11.8). Os q u a­ SUBSÍDIO ©
tro chifres que surgem referem -se à "O carneiro m edo-persa (8.3-4)
divisão do reino depois da sua morte Na primeira visão de Daniel no c a ­
(v.22), que desencadeou uma série de pítulo 7, os animais que simbolizavam o
lutas entre os seus generais: C a ssa n - poder mundial eram animais selvagens.
dro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco. O Agora a disposição da visão m uda e
império foi então dividido em quatro dois desses mesmos poderes mundiais
partes, cad a um a governada por um aparecem como animais domesticados
d o s g e n erais. C a ssa n d ro reinou na — um carneiro e um bode. Será que é
Macedônia; Lisím aco reinou naTrácia possível que 0 Espírito de Deus esteja
e Á sia M enor; Pto lo m eu reinou no retratando aqui m ais uma importante
Egito e S e le u co reinou sobre a Síria fase da vida humana e da história, ou
e o restante do Oriente Médio. Este seja, o aspecto cultural? Enquanto o
último reino incluía a Judeia naquela cap ítu lo 7 ressalta o poder político
ocasião e será ele o palco da sequência das nações, o capítulo 8 d estaca as
da profecia. influências culturais. Se concordarmos
3. O pequeno chifre. En quanto com essa hipótese, é possível imaginar
D a n iel o b servava, viu surgir d e um que esses dois aspectos, provenientes
dos quatro chifres um pequeno chifre, de dois reinos diferentes, convirjam em
que cresceu rapidamente e se lançou dado momento em uma manifestação
contra o exército do céu (v.10), profa­ culm inante do mal, ou seja, no surgi­
nando o santuário. Historicamente, esse mento do Anticristo."
pequeno chifre sim boliza Antíoco IV (SWIN, Roy £ Comentário Bíblico Beacon.
(215 - 1 6 2 a.C), pertencente à dinastia Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 529.)
selêucida. Embora não fosse herdeiro
direto do trono, A ntíoco assu m iu o I I I - O TEM PO DO FIM
poder após o assassinato de Seleuco 1. Um protótipo do Anticristo.
IV Filopátor, em meio a intrigas e d is­ Em razão d e su a s c a ra c te rístic a s e
putas. Ao assum ir o trono sírio, mudou d e s c riç õ e s b íb licas, A ntío co é tido
o título para Antíoco Epifânio, isto é, por muitos intérpretes das Escrituras
“Deus manifestado”, reinando de 175 a com o um tipo de Anticristo, um líder
164 a.C. Dotado de um temperamento no fim dos tem pos que se Levantará
cruel e sanguinário, esse homem c o ­ contra o povo de D eus e fará coisas
meteu diversas atrocidades contra o sem elhantes (vv.23-24). Conform e o
povo judeu, buscando o seu extermínio. ensino do saudoso Pr. Antônio Gilberto,

80 JOVENS
Antíoco seria o cum prim ento parcial tudo sobre os eventos escatológicos,
desta visão; o Anticristo, o cumprimento inclusive detalhes irrelevantes baseados
cabal. Suas características são as de em especulações. O estudo das últimas
um d itad o r m und ial. S erá o últim o co isas exige seriedade e cautela (Dt
grande governo m undial da história, 29.29; Rm 12.3). Assim com o o profeta,
identificado em A p o c a lip se com o a precisamos confiar no Senhor. Olhando
besta que surge do mar (Ap 13.1) — é para o contexto so cial e político, era
um a personagem que terá controle praticam ente improvável conjecturar
so b re d ez reinos. E la re p resen ta o os fatos futuros, com o por exemplo a
Anticristo e 0 seu governo (Ap 17.13). ascensão da Grécia.
Contudo, assim com o Antíoco, o A n ­
ticristo tam bém será derrotado, m as SUBSÍDIO ®
não por algum rei humano, m as pelo "O Anticristo será um hom em per­
próprio Cristo (v.25). O verso 25 retrata sonificando o Diabo, porém, apresen-
o Arm agedom apocalíptico, quando o tando-se como se fosse Deus (Dn 11.36;
poder gentílíco mundial sob 0 Anticristo 2Ts 2.3,4). I...1 A Besta ou Anticristo será
será sobrenaturatmente destruído por uma personagem de uma habilidade
Cristo na sua vinda. e capacidade desconhecida até hoje.
2. Um a visão atormentadora. A Será o maior líder de toda a história;
visão foi tão terrível que Daniel ficou acim a d e q u alq u e r fam oso g e n e ral
fragilizado, espantado (v.27) e adoeceu. ou g overnante m u n d ial co nhecido .
Afinal, ele viu coisas angustiantes que Será portador de um a personalidade
se abateríam sobre o mundo e princi­ irresistível. Sua sabed o ria e c a p a c i­
palm ente sobre o seu próprio p o v o .. d a d e serão sobrenaturais. A lé m da
Por mais espirituais que possamos ser, ação diabólica direta, outros fatores
existem momentos em que a fraqueza co n trib u irão d e c isiv a m e n te para a
nos abate. Contudo, diz a Bíblia que ele implantação do governo do Anticristo,
se levantou e voltou aos seus afazeres com o poderio bélico, alta tecnologia
perante o rei. Mesmo sabendo que o e poder econômico.
rei seria destronado, Daniel não deixou Será um grande demagogo. Influen­
de trabalhar e servir. Isso mostra que o ciará decisivam ente as m assas com
conhecimento do porvir e a escatologia seus discursos inflamados (Ap 13.5). A
não podem nos levar à uma fuga da Bíblia diz que toda a terra se maravilhará
realidade e das nossas responsabili­ após a Besta (Ap 13.13). Exercerá uma
dades terrenas. influência e um fascínio extraordinário
3. Humildade e confiança diante sobre as m assas. [...] O Anticristo será
do futuro. Ao final, Daniel declara que recebido ao aparecer como solução dos
ninguém podia entender aquela visão; problem as e crises sociais e políticas
estava além da compreensão humana. que fustigam o mundo inteiro, para os
O profeta foi hum ilde em reconhecer quais os líderes mundiais mais capazes
que nem mesmo ele tinha todas as res­ não encontram solução.”
postas. Atitude muito diferente daqueles (GILBERTO, A. O Calendário da Profecia,
em no ssos dias q ue parecem saber íô.ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.48.49.)

JOVENS 81
ESTANTE DO PROFESSOR
JONES, Timothy Paul, Guia
Profético para o Fim dos Tempos.
Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

©CONCLUSÃO
Ao estudarmos os últimos eventos
mundiais, de acordo com a revelação
das Escrituras, somos tomados pela © HORA DA REVISÃO
esperança e a certeza de que Deus
. Q ual o sentido da expressão “c i­
está no controle de todas as coisas,
dadela"?
Enquanto isso, vivendo nesse mundo,
A expressão “cidadela” refere-se a
mantemos nossa responsabilidade
um local especifico, referindo-se
social e afazeres. a um a fortaleza situada em lugar
estratégico, que domina e protege
uma cidade,
. Quem 0 carnei ro, na visão de Daniel,
sim bolizava?
O Império Medo-Persa,
. Na história, com quem é identificado
o bode?
ANOTAÇAO “Alexandre, o Grande" (356-323 a.C),
rei da Macedônia,
. Em razão de suas características e
descrições bíblicas, Antíoco é tido
por muitos intérpretes da Escrituras
com o sendo quem ?
Como um tipo de Anticristo, um líder
no fim dos tempos que se levantará
contra o povo de Deus e fará coisas
sem elhantes (w.23-24).
5. O que retrata do verso 25 da pas­
sagem em estudo?
O verso 25 retrata o A rm agedom
apocalíptico, quando o poder gen-
tílico mundial sob o Anticristo será
sobrenaturalm ente destruído por
Cristo na sua vinda.
Dia Nacional
da Escola
Dominical

d '.- ~ -* -

b n
. . ..... _____ ___

ESTUDO, ORAÇÃO E
AS SETENTA SEMANAS
DE DANIEL
TEXTO PRINCIPAL L E IT U R A S E M A N A L

SEGUNDA-Jr 25.12-14
"Setenta semanas estão Setenta anos profetizados
determinadas sobre o teu povo e por Jeremias
sobre a tua santa cidade TERÇA - 2 Pe 1.20,21
(Dn 9 .24 ) Homens que falaram inspirados
pelo Espírito
QUARTA - Hb 1.14
RESUMO DA LIÇÃO Anjos, espíritos ministradores
QUINTA - Ne 2
Deus revela os seus planos, O início das Setenta Semanas
mas os fiéis devem buscar
SEXTA - Lc 21.24
entendimento e interceder pelo O tempos dos gentios
povo da promessa.
SÁBADO - l Ts 1.10
A igreja preservada

JOVENS 83
INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), com o tem sido a com preensão dos alunos sobre
as aulas m inistradas? É muito importante que você acom panhe a assim ilação
da sua classe, especialm ente sobre tem as escatológicos, Lem bre-se de que
o entendimento do significado das profecias bíblicas requer dedicação, como
fez Daniel ao estudar com zelo os escritos de Jeremias. Nesta auLa, verifique se
algum tópico da aula anterior perm anece obscuro para eles ou se há algum a
dúvida persistente que precisa ser esclarecida. Ressalte a relevância do tópi­
co que abordarem os, uma das profecias escatológicas m ais significantes: as
Setenta Sem anas de Daniel. Ela com eçou a se cumprir a partir do decreto da
restauração de Israel por ordem do rei Artaxerxes (Ne 2.1-8), contudo, a última
sem ana ainda não teve início. Esta profecia trata do plano de Deus para Israel e
anuncia o Anticristo e a Grande Tribulação nos tem pos do fim.

ORIENTAÇÃO S eten ta S em a na s de D a n ie l

PEDAGÓGICA As Setenta Semanas de Daniel


(Daniel 9.24-27)
Prezado(a) professor(a), 0 D ecreto da M e s s ia s , 0 Príncipe 0 M essias

para facilitar a compreensão R e stau ração 0 Prín cip e que Virá R e to m a


O Messias é "tirado” 3
de abril de 33 d.C.
da profecia das Setenta S e ­ 69 s e m a na s - j —_ Era da 1 se m a na
1 p èL. igreja
manas, reproduza o esquema Vá s e m a n a Vá se m a n a
ao lado que mostra as eta­ Actdadeeo I
5 de m a rç o ,
pas do seu cumprimento ao 4 4 4 a .C . 33 d .C . agosto de 70 d C .
Entrada triunfal
longo da história. No terceiro - Lucas 19.28-40
E xplicação das Setenta Semanas de Anos d e D aniel
tópico, enfatize q ue e sta ­ 69 semanas de anos x 7 anos em cada semana x 360 dias por ano = 173.880 dias
m os vivendo um hiato que 5 de março, 44 a.C. (decreto de Artaxerxes) + 173.880 dias * 30 de março, 33 d.C.
(a entrada triunfal)
a n te ced e a se p tu ag ésim a
sem ana. De acordo com a 444 a.C. a 33 d.C. = 476 anos
nossa linha teológica, a Igreja 476 anos x 365.2421989 dias = 173.855 dias
+ dias entre 5 de março (decreto de Artaxerxes) e 3 0 de março (a entrada triunfal)
de Cristo será arrebatada e * 25 dias

não estará na terra durante Total = 173.880 dias

a última semana, período da is Anos de 360 dias

1/2 semana (ou 31/2 anos) — Daniel 9.27


Grande Tribulação. 1.260 dias — Apocalipse 11.3; 12.6
42 meses — Apocalipse 11.2; 13.5
42 meses * 1.260 dias = tempo, tempos, metade de um tempo = meia semana
Portanto, um mês = 30 dias; um ano = 360 dias

JOVENS 84
TEXTO

D a n ie l 9 .1 -4 ,2 0 -2 4 súplica perante a face do SENHOR, meu


1 No ano primeiro de Dario, filho de A s- Deus, pelo monte santo do meu Deus.
suero, da nação dos medos, o qual foi 21 Estan do eu, digo, a in d a falan d o na
constituído rei sobre o reino dos caldeus. oração, o varão Gabriel, que eu tinha
2 No prim eiro ano do seu reinado, eu, visto na minha visão ao princípio, veio
Daniel, entendi pelos livros que o nú­ voando rapidamente e tocou-m e à hora
mero de anos, de que falou o SENHOR do sacrifício da tarde.
ao profeta Jeremias, em que haviam de 22 E me instruiu, e falou comigo, e disse:
acabar as desolações de Jerusalém, era Daniel, agora sai para fazer-te entender
de setenta anos. 0 sentido.
3 E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, 23 No princípio d as tuas súplicas, saiu a
para o buscar com oração, e rogos, e ordem, e eu vim, para to declarar, porque
jejum , e pano de saco, e cinza. és mui amado: toma, pois, bem sentido
4 E orei ao SENHOR, meu Deus, e confes­ na palavra e entende a visão.
sei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e 24 Setenta sem anas estão determinadas
tremendo, que guardas o concerto e a sobre o teu povo, e sobre a tua santa
misericórdia para com os que te amam cidade, para extinguir a transgressão, e
e guardam os teus mandamentos. dar fim aos pecados, e expiar a iniqui­
20 Estando eu ainda falando, e orando, e dade, e trazer a justiça eterna, e selar a
confessando o meu pecado, e o pecado visão e a profecia, e para ungir o Santo
do meu povo Israel, e lançando a minha dos santos.

INTRODUÇÃO 1 - E S T U D O E IN T E R C E S S Ã O
Nesta lição, estudaremos o capitulo D E D A N IE L
9 do livro de Daniel, ocasião em que o 1. Estudando as profecias. O reino
profeta se acha profundamente preo­ dos caldeus havia chegado ao fim com
cupado com o destino de seu povo e de a queda da Babilônia (Dn 530-31), e agora
Jerusalém. Ele busca entender o plano Israel encontrava-se sob o domínio do
de Deus para a restauração de Israel e o Império Medo-Persa, sob o governo de
fim do exílio. Com fervor espiritual, orou a Dario. Consciente acerca das visões que
Deus buscando respostas, e sua oração Deus lhe dera, a mente de Daniel se volta
sincera é atendida por uma revelação para o seu povo, dedicando-se ao estudo
profunda por meio do anjo GabrieL Esta das antigas profecias por meio das Escri­
revelação divina contém a profecia das turas (v.2). Ele se recordou da referência
Setenta Semanas, por meio da qual Deus de Jeremias, profeta que vaticinou sobre
faz saber sobre um período de tempo o cativeiro babilônico. Ele tinha convicção
decretado para o seu povo e sua cidade de que Deus falara com Jeremias e que
santa. Neste episódio, além de aprender­ podia falar com ele também. Tendo es­
mos mais uma vez com a postura piedosa tudado os livros, os pergaminhos trazidos
de Daniel, veremos a história redentora que de Jerusalém, Daniel teve entendimento
se desdobra na Bíblia, incluindo a vinda acerca do cumprimento da desolação de
do Messias, sua morte e o subsequente Jerusalém no período de setenta anos.
destino de Jerusalém. Esta profecia encontra-se nos capítulos

JOVENS 85
25 e 29 de Jerem ias, referindo-se ao verdadeiro m odelo de influência que
período de provação dos israelitas sob devemos seguir, somos inspirados em
domínio estrangeiro. nossos dias a com preender o valor da
2. Persiste em ler. É interessante per­ oração intercessória e do jejum (Ef 6.18;
ceber o zelo de Daniel em ler e estudar o íT s 1.2; lT m 2.1,2; Mt 6.16-18).
ensino ministrado por outros profetas. O
verdadeiro profeta, afinal, jamais despreza © PENSE!
o estudo sistematizado das Escrituras. Você tem se dedicado à leitura da
Daniel era um homem de oração e tam­ Bíblia para compreenderas profecias?
bém dos Livros, tinha visões, mas nunca
abandonou a Palavra escrita de Deus. 0 PONTO IMPORTANTE!
Eis um dos segredos de como viver na Daniel tinha convicção de que era
Babilônia, sem que a 'Babilônia" viva em preciso voltar-se ao Senhor com um
você, Isso nos lembra de que a leitura da coração contrito e arrependido por
Bíblia e de livros de bons autores é vital causa da sua nação.
para o entendimento do cristão sobre
as questões espirituais. Por isso, Paulo SUBSÍDIO O
aconselha o jovem Timóteo a persistir Professoría), explique aos alunos que
na leitura (lTm 4.12). “Daniel entendeu, a partir das profecias
3. Oração ejejum . Ao compreender de Jeremias, que o exílio na Babilônia
a mensagem, DanieL buscou o Senhor duraria setenta anos (Dn 9.2; Jr 25.11;
em oração e súplicas, com jejum (v.3). 29.10). Ele reconheceu que a restauração
Ele estava empenhado em uma busca dependia do arrependimento nacional (Jr
profunda e sincera pela ajuda divina. Ao 29.10-14), de modo que Daniel intercedeu
longo de sua jornada de fidelidade, Da­ pessoalmente por Israel com penitência
niel sempre se mostrou um homem de e petições. Ele orou especificamente pela
oração. Ele orou por livramento; orou para restauração de Jerusalém e do Templo
agradecer, e agora orava para interceder. (Dn 9.3-19). Aparentemente, Daniel espe­
Daniel tinha convicção de que era preciso rava o cumprimento imediato e completo
voltar-se ao Senhor com um coração da restauração de Israel com a conclu­
contrito e arrependido por causa da sua são do cativeiro dos setenta anos. No
nação. Por isso, ele põe-se a interceder entanto, a resposta que lhe foi entregue
pelo povo de Judá, de Jerusalém e de por Gabriel (a profecia dos setenta anos)
todo o Israel. O uso do pano de saco e revelou que a restauração de Israel seria
as cinzas simboliza arrependimento. A progressiva e se cumpriría definitivamente
oração do profeta foi, sobretudo, uma somente no tempo do fim."
confissão de reconhecimento de culpa
(IAHAYE, Tim; HINDSON (Ed). Enciclopédia
(vv.4-14). Em bora íntegro, DanieL não Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro:
se pôs acima do povo, mas na mesma CPAD. 2004 . P 429 -)
condição. Ele não apresenta desculpas
ou justificativas, antes reconhece a justiça II - D E U S R E V E L A O F U T U R O
do Senhor e suplica pelo seu perdão DO SEU PO VO
(w.15-19). Com este exemplo bíblico, um 1. A resposta da oração. Antes mesmo

86 JOVENS
de terminar a sua intensa oração, o anjo possuem um anjo da guarda designado
Gabriel aparece repentinamente diante para acompanhá-las durante toda a sua
dele (v.21). Este ser angelical, o mesmo vida não tem sustentação bíblica.
registrado no capítulo 8, é mencionado 3. A revelação das Setenta Semanas
na Bíblia como mensageiro de Deus (Lc e o Messias. A mensagem de explicação
1.19,20, 26). Foi enviado nesta ocasião do anjo celeste revela um tempo deter­
em resposta à súplica do profeta, para minado de setenta semanas decretadas
lhe dar entendimento sobre a visão (w. por Deus para o seu povo e sua cidade
22,23). Apesar do espanto, Daniel deve ter santa (v. 24). Fazendo uma contagem
experimentado um conforto indescritível histórica da profecia de Jeremias, Daniel
ao ouvir a voz do anjo. Seu pedido moveu com preendia q ue o cativeiro estava
o céu. Muitas vezes, em nossas vidas, não terminando. Isso viria a se cumprir por
recebemos uma resposta divina rápida, intermédio do Decreto de Ciro, não muito
daí a necessidade da perseverança (Cl tempo depois. Contudo, o anjo dá um en­
4.2). No caso de Daniel, porém, o Senhor tendimento mais profundo e apocalíptico
apressou-se em atender ao seu servo, das Setenta Semanas, que se aplica não
porque era ele "mui amado" (v.23). A somente a Israel, mas a todo o mundo.
verdade maravilhosa é que Deus tem Semelhantemente a Daniel, Deus quer
prazer em ouvir a oração dos seus filhos, que você amplie o seu entendimento e
sobretudo quando se concentram na tenha uma dimensão mais profunda da
glória do seu nome! sua Palavra e da vida espiritual,
2. Oração aos anjos? Você deve notar A s Setenta S e m a n a s sim b ó lica s
que Daniel dirigiu a sua oração a Deus, destacam sobretudo o tempo e a obra
e não ao anjo Gabriel. Em lugar algum do Messias. Ele é descrito como o Un­
das Escrituras temos autorização para gido e o Príncipe (w. 25,26). O verso 24
orar aos seres angelicais, Esse tipo de apresenta seis aspectos da sua obra
prática é cham ada de angelolatria, ou redentora: acabar com a transgressão,
seja, idolatria aos anjos, Em bora eles dar fim ao pecado, expiar a iniquidade,
sejam seres espirituais com poderes trazer a justiça eterna, selar a visão e a
extraordinários superiores aos homens profecia, e ungir o lugar santíssimo.
(Sl 8.4,5; 103.20; 2 Pe 2.11), são criaturas
limitadas. Não são oniscientes (1 Pe 1.12) SUBSÍDIO 0
e recusam a adoração (Ap 22.8,9); antes, Professor(a), mostre aos seus alunos
adoram a Deus e a Cristo (Ap 5.11,12). Eles as principais escolas escatológicas: Pre-
são "espíritos ministradores, enviados terista, Progressita e Futurista, A "Prete-
para servir a favor d aq ueles que hão rista, interpreta as profecias de Daniel e
de herdar a salvação" (Hb 1.14). Assim, do Apocalipse como já cumpridas, com
supostas m en sagens ang elicais não exceção de umas poucas. Progressista,
podem perverter o Evangelho revelado com o o próprio nome já indica, inter­
em sua Palavra (GL 1.8). Por essas mesmas preta D aniel e o A p o calip se com o o
razões, conforme consta em nossa De­ desenvolvimento histórico do mundo
claração de Fé das Assembléias de Deus e a Futurista, seg und o essa escola,
no Brasil, a ideia de que todas as pessoas quase todas as profecias de Daniel e

JOVENS 87
do A pocalip se se cum prirão durante história foi determinada por Deus para
os sete anos que se seguirão ao arre- fazer justiça contra a rebelião dos mo­
batamento da Igreja, que, por sua vez, radores da Terra e preparar a nação de
ocorrerá repentinamente.” Israel para o encontro com o seu Messias.
2. As duas metades da septuagésima
(ALMEIDA, A. Israel, Gogue e o Anticristo.
n.ed„ Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.122,123.) semana. A Septuagésima Semana pode
ser dividida em duas metades distintas. A
III- ENTENDENDO A S S E T E N T A primeira metade será marcada pelo rei­
SEMANAS nado absoluto do Anticristo - "o príncipe",
1. Sem anas de anos. Na Bíblia, o nú­ de acordo com Daniel 9.26b. Ele enganará
mero setenta possui um sentido profético. Israel fazendo uma aliança com o povo
Nesta profecia, as Setenta Semanas são judeu (Dn 9.27a), e buscará a adoração
sem anas de anos, não de dias, A Leitura como se fora Deus (2 Ts 2.4b), profanando
da passagem (vv. 24-27) mostra que as o santuário, o lugar santo para o povo de
semanas estão divididas em três grupos. Israel, com o alertou o próprio Senhor
Sendo sem anas de anos, totalizam 490 Jesus (Mt 24.15). A segunda metade terá
anos. Os três grupos são: a) 7 semanas início quando Israel se negara adorá-lo,
(49 anos), b) de 62 sem anas (434 anos), e então o Anticristo quebrará o acordo
c) uma semana (7 anos). de paz - depois de três anos e meio (Dn
a) Sete sem anas (49 anos): O início 9.27b) - e perseguirá o povo judeu. Essa
deu-se com o decreto da reconstrução segunda metade é A Grande Tribulação
de Jerusalém (v.25). Os principais estudio­ propriamente dita (1 Ts 5.3; Jr 30.7). Ao
sos do assunto concordam que se trata final do período de sete anos, aparecerá
do decreto de Artaxerxes Longímano, o Libertador de Israel: “E, assim, todo o
baixado em 445 a.C. (cf. Ne 2). Israel será salvo (Rm 11.26).
b) Sessenta e duas sem anas (43 4 3 .0 intervalo e a igreja. O estudo das
anos): Refere-se ao período do advento Escrituras demonstra um longo intervalo
do Messias, Jesus de Nazaré (w.25,26). de tempo que precede a septuagésima
Neste tempo o Senhor foi morto e mais semana. A Bíblia identifica este intervalo
tarde Jerusalém foi novamente destru­ profético como “o tempo dos gentios”(Lc
ída através da liderança do general do 21.24). Atualmente, estamos no tempo
exército romano, Tito, em 70 d.C. da graça de Deus e temos de anunciar
c) Uma semana (7 anos): Esta semana o ano aceitável do Senhor para o mundo
ainda não aconteceu (v. 27), Com pare inteiro (Lc 418,19).
Daniel 9.27 com Mateus 24,15 e veja como É importante ressaltar que a profecia
se trata de uma profecia que ainda não de Daniel refere-se a Israel e a Jerusa­
se cumpriu. Esta última semana refere- lém. A Igreja de Cristo não passará pela
-se, então, ao período que implicará o Grande Tribulação (Ap 3.10), pois terá sido
advento do Anticristo e o início do tempo arrebatada. Neste período, receberemos
de tribulação para Israel e para o mundo. nossos galardões consoante ao trabalho
A Grande Tribulação será o período de que executamos na expansão do Reino
maior angústia da história humana (Ap de Deus. A promessa de Jesus à sua Igreja
6.15-17), quando o mundo testemunhará é a de preservá-la desse sofrimento (íTs
a ira do Senhor (Jr 30.7). Essa etapa da 1.10:5.9; Lc 21.35,36).

88 JOVENS
ESTANTE DO PROFESSOR
LAHAYE, Tim; HINDSON (Ed.)
Encictopédia Popular de Profecia
Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

©CONCLUSÃO
Ao término desta aula, a profecia das
Setenta Semanas de Daniel nos leva a
reconhecera importância da dedicação
ao estudo e da vigilância constante.
Aprofundar nosso entendimento dessas
profecias escatológicas requer esforço
contínuo e atenção aos detalhes, pois
são temas complexos que nos desafiam
a ir além da superfície, Que o Senhor
nos dê graça e continue guardando
a sua igreja.
© H O R A DA REVISÃO
1. Q ual outro profeta, m encionado
pela lição, profetizou sobre o c a ­
tiveiro?
Jeremias,
2. O que sim bolizava o uso de saco
e as cinzas?
Sim boliza arrependimento,
ANOTAÇÃO
3. Qual o nome da prática de orar aos
seres ang elicais?
Angelolatria, ou seja, idolatria aos
anjos.
4. Quais os grupos de anos que com ­
p õ e m a s S e te n ta S e m a n a s de
Daniel?
Os três grupos são: a) 7 semanas (49
anos), b) de 62 sem anas (434 anos),
c) uma sem ana (sete anos).
5. A septuagésim a sem ana pode ser
dividida em quantas m etades?
Em duas metades distintas.
O FIM DE TODAS
AS COISAS
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"O s sábios, pois, re sp landecerão
SEGUNDA - 1 Pe 5 8; Ef 6.12
com o o fu lg o r do firm am ento;
Levando o mundo
e os q u e a m uitos ensinam espiritual a sério
a justiça refulgirão com o as
TERÇA - Jr 30,7
estrelas, sem pre e eternam ente."
Tempo da angústia de Jacó
(Dn 1 2 .3 )
Q U A R TA -lTs 416
A ressurreição dos salvos
RESUMO DA LIÇÃO
QUINTA-Ap 16.16
A batalha do Armagedom
D eus é o So b e rano da história
SEXTA - 2 Ts 2.8; Ap 19.20
e no final d e to d as as coisas A destruição do Anticristo
trará ju ízo aos ím p io s e
SÁBADO - Ap 2.10
libertará o seu povo fiel.
Fiel até a morte

JOVENS 90
O B J E T IV O S
EX P LIC A R com o se deu a preparação de D aniel para re ce b er a
m ensagem final;
CO N H EC ER a revelação do futuro dada ao profeta;
ENTENDER como será a Batalha do Armagedom e as últimas coisas.

INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), estam os chegando ao final do estudo do livro de
Daniel. Agora, Daniel, com m ais de oitenta anos de idade, vive um momento
singular em sua vida. N esse contexto, os ju d e u s haviam obtido perm issão para
retornar à Terra Prometida, e é natural supor que ele, com esse anseio em seu
coração, considerasse a possibilidade de retornar a Jerusalém . No entanto, por
razões desconhecidas, perm aneceu na Babilônia. N esse ponto crucial, Deus
ainda tinha uma última revelação para transmitir a seu dedicado servo, e essa
revelação foi registrada nos capítulos 10 a 12, Assim, nesse derradeiro estudo,
som os conduzidos à conclusão da m issão profética de Daniel. Este homem,
am ado no céu, está encerrando a carreira de fé e o seu testemunho público.
N essa oportunidade, relembre aos seus alunos a desafiadora, porém triunfan­
te, jornada do jovem servo de Deus que cresceu e am adureceu na Babilônia,
sem pre com o coração guardado. Sua vida continua a nos inspirar a manter uma
fidelidade inabalável até o fim.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Carola) professor(a), com a graça de Deus, chegam os ao final de m ais um
trimestre. Esperam os que as lições tenham implantado nos corações de seus
alunos a esp erança de que Je su s voltará a qualq uer m om ento e q ue vale a
pena ser fiel até o fim. Na lição de hoje, estudarem os os últimos três capítulos
do livro de Daniel. Reproduza o quadro abaixo com a síntese do conteúdo da
profecia final.

C a p ítu lo T em a R esu m o

V is ã o d o H o ­ D a n ie l t e m u m a v is ã o d e u m h o m e m v e s tid o d e lin h o co rrv u m


10 m e m V e s tid o c in to d e o u ro . - 0 h o m e m fa la s o b r e s e u c o n f lito e s p ir itu a l
d e L in h o com 0 p rín c ip e d a P é r s ia .

P r o fe c ia P r o fe c ia d e ta lh a d a s o b r e o s r e is d o N o rte e d o S u l e s e u s
s o b r e o s R e is c o n f lito s . - D e s c r e v e a lia n ç a s , tr a iç õ e s e u m r e i q u e s e e x a lt a r á
11
d o N o r te e s o b r e o s d e u s e s T e r m in a c o m r e f e r ê n c i a s a o fim d o s t e m p o s
do S u l e a v i t ó r i a d e D eu s.

0 T e m p o do C o n t i n u a c o m a m e n s a g e m d o t e m p o d o f im . M e n c i o n a a
12 F im e a R e s ­ r e s s u r re iç ã o d o s m o rto s e 0 "L iv ro d a V ida". D a n ie l é in s tr u íd o
s u r r e iç ã o a fe ch a r e s e la r 0 liv ro a té 0 te m p o d o fim .

JOVENS 91
TEXTO BÍBLICO

Daniel 12.1-13 levantou a sua mão direita e a sua mão


1 E, naquele tempo, se levantará Miguel, esquerda ao céu e jurou, por aquele
o grande príncipe, que se levanta pelos que vive eternamente, que depois de
filhos do teu povo, e haverá um tempo um tempo, de tempos e metade de um
de angústia, qual nunca houve, desde tempo, e quando tiverem acabado de
que houve nação até àquele tempo; mas, destruir o poder do povo santo, todas
naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, essas coisas serão cumpridas.
todo aquele que se achar escrito no livro. 8 Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por
2 E muitos dos que dormem no pó da terra isso, eu disse: Senhor meu, qual será
ressuscitarão, uns para a vida eterna e 0 fim dessas coisas?
outros para vergonha e desprezo eterno. 9 E ele disse: Vai, Daniel, porque estas
3 Os sábios, pois, resplandecerão como palavras estão fechadas e seladas até
o resplendor do firmamento; e os que a ao tempo do fim.
muitos ensinam ajustiça refulgirão como 10 Muitos serão purificados, e embran­
as estrelas, sempre e eternamente. quecidos, e provados; mas os ímpios
4 E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela procederão impiamente, e nenhum
este livro, até ao fim do tempo; muitos dos ímpios entenderá, mas os sábios
correrão de uma parte para outra, e a entenderão.
ciência se multiplicará. 11 E, desde o tempo em que o contínuo
5 E eu, Daniel olhei, e eis que estavam outros sacrifício for tirado e posta a abomina-
dois, um desta banda, à beira do rio, e o ção desoladora, haverá mil duzentos
outro da outra banda, à beira do rio. e noventa dias.
6 E ele disse ao homem vestido de linho, 12 Bem-aventurado o que espera e chega
que estava sobre as águas do rio; Que até mil trezentos e trinta e cinco dias.
tempo haverá até ao fim das maravilhas? 13 Tu, porém, vai até ao fim; porque re­
7 E ouvi o homem vestido de linho, que pousarás e estarás na tua sorte, no
estava sobre as águas do rio, quando fim dos dias.

INTRODUÇÃO e visões, agora Deus lhe concede uma


Os últim os três capítuLos do livro revelação mais elevada da sua palavra
(10-12) constituem uma unidade. Esta sobre um grande conflito (10.1), por meio
seção contém a última revelação que de uma experiência com 0 Filho de Deus.
Deus concedeu a Daniel dois anos após
o retorno dos judeus à terra de Israel, no 1 - PREPARANDO-SE PARA RE­
terceiro ano de Ciro (537 a.C). O profeta
C E B E R A MENSAGEM DO CÉU
já é um ancião de aproximadamente 84
1. A aflição de Daniel. Com o qual­
anos. Nessa época, o primeiro grupo de
quer ser humano, Daniel tinha os seus
exilados já havia retornado a Jerusalém.
Por algum motivo, possivelm ente em momentos de aflição e tristeza (10.2).
razão da sua idade avançada e pela sua Ninguém é tão forte que não possa se
presença relevante na Babilônia, Daniel abater. A razão do seu abatimento tinha
não regressou à sua terra natal. Ante­ a ver possivelmente com a interrupção
riormente, o profeta havia tido sonhos da reconstrução do Templo e da cidade

92 JOVENS
de Jerusalém naquela ocasião (Ed 1-3; Fica evidente que o que acontece
4.4,5). O povo voltou, mas a restauração na terra tem im p licação nas regiões
plena ainda não havia acontecido. O celestiais. Enquanto a visão ateísta e
conhecimento desse fato levou o pro­ naturalista enxerga som ente o plano
feta à angústia da alma, por causa do físico e material, o crente pentecostal,
amor que nutria por sua nação. Em vez sobretudo, tem a co n vicção de que
de reclamar da situação ou murmurar existe uma realidade invisível onde as
contra Deus, ele entrou em vigília e je - maiores batalhas são travadas. Por isso,
juou durante três semanas (10.3). Daniel devemos levar a sério 0 mundo espiritual
era um profeta de lágrimas! (1 Pe 5.8), sabendo que a nossa luta não
2. O ser celestial. Em resposta à é contra a carne e o sangue (Ef 6.12).
sua busca, um ser celestial cheio de
esplendor se apresenta a D aniel (vv. SUBSÍDIO ©
5,6). As suas descrições são parecidas Professor(a), inicie o tópico com a
com as que o apóstolo João e o profeta seguinte pergunta: “Qual o significado
Ezequiel tiveram (Ap 1.12-20; Ez 1.26). Para do termo Armagedon?" Ouça os alunos
muitos exegetas bíblicos, isto seria uma com atenção e explique que “o termo
teofania, a manifestação do próprio Filho Arm agedom ' vem da língua hebraica.
de Deus. Diante da imagem imponente, Har é a palavra para ‘m ontanha’ ou
os companheiros de Daniel fogem de 'colina'. Mageddon provavelmente diz
m edo e ele fica só. Seu corpo se en­ respeito às ruínas da antiga cid a d e
fraquece, desfalecendo com o rosto de Megido, que fica acim a do Vale de
em terra. A glória divina é dem ais para Esdrelom no norte de Israel, onde os
o frágil ser humano suportar. O profeta, exércitos do mundo se reunirão.
no entanto, experimenta a consolação. De acordo com a Biblia, grandes
Recebe o amparo celestial e palavras exércitos do oriente e do ocidente se reu­
de encorajamento (vv. 11-12). Quem é nirão nesta planície. O Anticristo derrotará
am ado no céu, quando prostrado e os exércitos do sul, pelo fato de estes
fraco, recebe ajuda do Senhor. ameaçarem o seu poder, e destruirá uma
3. A batalha nas regiões celestiais. Babilônia reconstruída a leste — antes
Daniel é informado de que a mensagem de finalmente voltar as suas forças para
de resposta à sua oração foi resistida Jerusalém a fim de dominá-la e destruí-la.
pelo príncipe do reino da Pérsia (v. 13). Quando ele e seus exércitos marcharem
N ossos principais teólogos ensinam contra Jerusalém, Deus entrará em ação
que não se trata de um príncipe terreno, e Jesus Cristo voltará para resgatar o seu
mas um anjo maligno que obedece a povo, Israel, O Senhor, com seu exército
Satanás. Foi somente após a ajuda do angelical, destruirá os exércitos, capturará
arcanjo Miguel na batalha espiritual que o Anticristo e o Falso Profeta e lançá-los-á
a resposta chegou. A referência a Miguel no lago de fogo (Ap 19,11-21).
com o “um dos prim eiros príncipes" Quando o Senhor voltar, o poder e
mostra que existe uma organização e domínio do Anticristo terão fim. Charles
ordem angelical, através de graduações Dyer afirma: ‘Daniel, Jo e l e Zacarias
que revelam níveis de autoridade. identificam Jeru sa lém com o o lo cal

JOVENS 93
o nd e ocorrerá a batalha fin al entre sucessão de reis que vai de Ciro até o
Cristo e o Anticristo. Os três predizem desmoronamento do reino de Alexandre
que Deus interferirá na história do seu Magno (o rei valente - v.3). Contemplam
povo e destruirá o exército do Anticristo profecias sobre a Síria e Egito e suas
em Jerusalém. Zacarias profetiza que a guerras envolvendo os judeus (vv. 5-35),
batalha terá um fim quando o Messias incluindo Antíoco Epifânio (o homem
voltar à terra e seus pés tocarem o Monte vil - v.21), torturador de Israel de quem
das Oüveiras. Esta batalha será concluida tratamos anteriormente.
com a segunda vinda de Jesus'. A p a ssa g e m d e scre v e m in u c io ­
A cam panha do Armagedom — na sam ente intrigas políticas, alianças e
verdade, em Jerusalém — será um dos conflitos militares ao longo dos séculos
acontecimentos mais desapontadores da seguintes. Em razão da riqueza dos
história, Com exércitos tão gigantescos detalhes proféticos, muitos chegaram
reunidos em am bos os lados, seria de a questionar a data do livro de Daniel,
se esperar um confronto épico entre o como se tivesse sido escrito posterior­
bem e o mal, Não importa, todavia, quão mente aos fatos históricos. Contudo, a
poderoso alguém é na terra. Ninguém predição de eventos históricos centenas
é páreo para o poder de Deus,” de anos antes da sua ocorrência mostra
que a Palavra de Deus não cai por terra.
(LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popularde Profecia
Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.74,75.) 3 . 0 futuro remoto. Do versículo 36
em diante, tem os o futuro remoto de
II - A REVELAÇÃO DO FUTURO Israel, o "tempo de angústia de Jacó"
(Jr 30.7). Conforme John Lennox, este
1. Uma visão do futuro. O objetivo da
capítulo "também foi escrito para avisar
revelação a Daniel era dar-lhe conheci­
mento sobre 0 que haveria de acontecer as pessoas no futuro (da perspectiva
de Daniel) sobre o perigo de interpretar
ao povo de Deus (v. 14). Essa perspectiva
do futuro se estende não apenas aos erroneam ente os sinais dos tempos,
anos imediatamente posteriores, mas e pensar que o tempo do fim chegou
até ao fim do mundo. A revelação será quando não chegou" Este é um erro muito
frequente dentre aqueles que usam a
detalhada nos capítulos 11 e 12, Enfra­
doutrina das últimas coisas com o um
quecido pelo que havia visto e ouvido,
recurso especulativo e sensacionalista.
Daniel é tocado e fortalecido três vezes
O fato é que a passagem mostra um
(vv.16-19). Afinal, o D eus q u e m ove
nações e reis, demonstra um incrível quadro profético do futuro Anticristo e
sua atuação, especialm ente contra o
cuidado com aq ueles que são fiéis a
povo escolhido de Deus. Será um grande
Ele. Por fim, Daniel fica sabendo que
líder mundial com poder político e bélico
a guerra não havia acabado (vv. 20,21).
2. O futuro imediato. No capítulo (w. 36-38) que procurará destruir Israel.
11, Deus revela eventos que estavam
para acontecer no futuro imediato de III - ARMAGEDOM E AS ÚLTIMAS
Israel. Eles se desdobram no período COISAS
interbíblico, ou seja, entre o Antigo e 1. A batalha final. O tempo do fim
o Novo Testam entos, e envolve uma (11.40) aponta para o período da Tribu-

94 JOVENS
lação, que é a Septuagésim a Sem ana se dará após o Milênio (Ap 20.5), para a
do texto de Daniel 9.27. No final deste eterna condenação.
periodo, os exércitos do Anticristo se 4- Concluindo a missão profética. Em
reunirão para destruir Israel, no vale do suas palavras finais, o mensageiro celestial
A rm agedom (Ap 16.16). Esta batalha, diz para Daniel cerrar as palavras e selar
sem precedentes na história, será um o livro, até ao fim do tempo (v.4). Para os
enfrentamento b é lico -esp iritu al que costumes da época, selar um livro era
se dará na derradeira etapa da Septu­ uma forma de dar credibilidade pública,
agésima Semana de Daniel. Terá como uma garantia da sua veracidade. Logo, o
palco as montanhas de Megido. Israel selo da palavra profética assegurava que
não terá co ndiçõ es d e vencer pelas a revelação era dada por Deus, para que
armas humanas. as gerações seguintes pudessem confiar
2 . 0 Livramento divino. Daniel deve e entender. Isso explica a declaração de
ter sentido alivio e conforto ao ouvir que 'muitos correrão de uma parte para
o restante da profecia no capítulo 12. outra, e o conhecimento se multiplicará'
Após ter uma noção do período sombrio (v. 4). A passagem não se refere ao cresci­
da Grande Tributação e do tempo de mento da ciência e da tecnologia, mas ao
angústia, ele fica sabendo que Deus conteúdo expresso da profecia de Daniel
enviará o arcanjo Miguel para proteger É por causa dela que hoje, ao estudarmos
o povo de Israel durante a batalha final. as Escrituras, nosso conhecimento se
Esta revelação tem o seu paralelo com expande pela graça de Deus.
Apocalipse 12.7-8. Sobretudo, 0 grande Após perguntar ao homem vestido
general é Cristo (Mt 2415-31). Deus dará de linho sobre o tempo em que aquelas
livramento ao seu povo quando ele re­ coisas aconteceriam, e de humildemente
conhecer que Jesus é o Messias (Ez 37). reconhecer que não havia entendido a
O Senhor, à frente do exército celestial, resposta enigmática que lhe fora dada
em cavalos brancos, vencerá o Anticristo (vv. 6-8), o ser celestial diz para Daniel
e o Falso Profeta e os lançará no Lago prosseguir. Afinal, tais palavras teriam o
de Fogo (2 Ts 2.8; Ap 19.20) e os exércitos seu cumprimento. Deus fará a sua obra
inimigos serão destruídos (Zc 1412). no meio dos homens. Podem os não
3. A ressurreição dos mortos. A saber ao certo o tempo exato de cada
declaração do verso 2 do capítulo 12 ocorrência futura, mas podemos confiar
refere-se à ressurreição dos justos e no Senhor. Por isso, é bem-aventurado
d o s injustos, em co n so n â n cia com aquele que espera, pois descansará!
outras passage n s d as Escrituras (Jo
5.29; At 24.15). De acordo com a nossa ©PENSEI
A ressurreição dos mortos é uma
D eclaração de Fé, e la s se darão em
esperança dos cristãos.
m om entos distintos. Os justos, cujos
nom es estão no Livro da Vida, serão
© PONTO IMPORTANTE!
ressuscitados por ocasião da volta de A Batalha do Armagedom será um
Cristo (1 Ts 4.16), para a vida eterna. Essa enfrentamento bélico-espiritual
é uma esperança gloriosa do cristão (1 que se dará na derradeira etapa da
Co 15.20-24). A ressurreição dos injustos septuagésima Semana de Daniel.

JOVENS 95
ESTANTE DO PROFESSOR
H O R TO N , Stanley. Teologia
Sistem ática: Uma Perspectiva Pente-
costal. Rio d e Janeiro: CPA D , 1996.

O CONCLUSÃO
Ao concluirmos e após uma jornada
de estudo que nos permitiu explorar
o livro de Daniel em sua totalidade,
somos enriquecidos com o seu exem­
plo de vida e devoção. Através desses O H O R A DA REVISÃO
estudos, aprendemos que, mesmo em 1. Q u em resistiu a en trega d a m e n ­
um mundo corrompido e tentador, é sa g e m a D an iel?
possível mantermos nossa fidelidade Foi resistida pelo príncipe do reino
ao Senhor, apesar de nossas limitações. da Pérsia (v. 13).
Mantenhamos nossos olhos voltados 2. S e g u n d o no sso s principais te ó lo ­
para o Senhor, com a confiança de que gos, q uem é o príncipe do reino da
Ele é nosso protetor e que, em breve, P érsia?
suas profecias se cumprirão. Enquan­ Um anjo m aligno que o bedece a
to aguardam os esse cumprimento, Satanás.
continuem os a seguir a m ensagem , De acordo com a nossa Declaração
divina, perseverando até o fim, como de Fé, co m o se dará a ressurreição
nos lembra Daniel 12.13.
dos m ortos?
Os justos serão ressuscitados por
ocasião da volta de Cristo dTs 416),
para a vida eterna. A ressurreição dos
ANOTAÇÃO injustos se dará após 0 milênio (Ap
20.5), para a eterna condenação.
. O queseráaBatalhadoArm agedom ?
Será um enfrentamento bélíco -es-
piritual que se dará na derradeira
etapa da sep tuag ésim a Sem ana
de Daniel.
5. N a é p o ca d e Daniel, o q u e signifi­
ca v a se la r um livro?
Era um a forma de dar credibilida­
de pública, uma garantia da sua
veracidade.
POR QUE ESTUDAR TEOLOGIA?
OS COMENTARISTAS DAS LIÇÕES
9 BÍBLICAS RESPONDEM:
HCNED
CONGRESSO
NACIONAL
DE ESCOLA
DOMINICAL
Até que cheguem os à m edida da FÓRUNS
estatura com pleta de Cristo. Efésios4:i3 lo u vo r

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