Prát. Pedag. BNCC e A Arte de Educar: Unidade 1

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Prát. Pedag. Bncc e a Arte de


Educar

Unidade 1
A BNCC na escola

Aula 1
A BNCC na escola: sua chegada e implementação

Introdução

Vamos começar nossos estudos acerca da Base Nacional Comum Curricular. Para entender a
proposta, você irá relembrar uma breve trajetória do sistema educacional brasileiro em busca de
uma educação para todos. Você irá relembrar os princípios e fundamentos da educação
brasileira, as leis que a regem e como elas se articulam através das práticas educacionais
exercidas pelos profissionais da educação. O destaque fica por conta da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, considerada a Carta Magna da Educação; do Plano Nacional de
Educação, que articula e estabelece diretrizes, estratégias e metas para a educação durante dez
anos; e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), promulgada em 2017. A BASE, como é
conhecida esta última, determina os conhecimentos e habilidades essenciais aos quais todos os
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aprendizes têm direito. Uma vez promulgada a lei, é preciso visualizar suas reais condições de
aplicação, pois há um longo caminho entre o discurso proclamado e a prática vivida. Como será
apresentada esta BASE e o todo o processo de implementação nas escolas, será tema da nossa
aula. Você conhecerá o início de uma jornada da educação, na qual ser professor é reconhecer a
história vivida e seus benefícios. Do “ler, escrever e contar” até aprendizagens essenciais, vamos
identificar as principais propostas educacionais. Bons estudos!

A educação é um fator político

O sistema educacional brasileiro é regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei
nº 9.394/96, que é a principal legislação que norteia e dá fundamentação legal a todas as
escolas. Conhecida também como Carta Magna da Educação, organiza e regulamenta a
estrutura e o funcionamento do sistema educacional público e privado em todo o país, com base
nos princípios e direitos presentes na Constituição Federal. A atual LDB tem grande preocupação
não só em garantir o acesso do aluno à escola, mas também em minimizar evasões, garantindo
assim sua permanência.
Em 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE) determina a elaboração de um plano para
articular o sistema nacional de educação e estabelecer diretrizes, estratégias e metas para a
área durante dez anos, e os docentes recebem o documento norteador chamado Base Nacional
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Comum Curricular (BNCC). A criação de uma base comum para a educação básica está prevista
desde 1988, a partir da promulgação da Constituição Cidadã. Em 1996, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Brasileira (LDB) reforçou essa necessidade, mas somente em 2014 a criação
da Base Nacional Comum Curricular foi definida como meta pelo Plano Nacional de Educação
(PNE).
Este é o primeiro momento de apresentação da BASE às equipes escolares. Sugere-se que as
escolas organizem momentos pedagógicos para a apresentação da BNCC, sua trajetória e
processos de implementação. Segundo a BNCC, deve-se garantir que, independentemente da
região, raça ou classe socioeconômica, todos os estudantes do Brasil aprendam as mesmas
habilidades e competências ao longo de sua vida escolar. Ela é obrigatória e está prevista na LDB
e no Plano Nacional de Educação (PNE).
Os currículos de todas as redes públicas e particulares devem ter a BNCC como referência, que é
um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades da educação básica. A apresentação da BASE aos professores e professoras deve
se destacar como um programa de política pública a ser implementado até 2024.
Esta é a orientação a ser apresentada aos professores: que este é um documento normativo e
não uma sugestão ou proposta de plano educacional. A BASE deve ser implementada até 2024 e
já começou na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. No Ensino Médio ela será
implementada por ano, de forma que, ao final do terceiro ano e até o ENEM, ele estará
reestruturado. Lembrando que ENEM é um exame que promove a entrada de estudantes no
Ensino Superior.

A Base Nacional Comum Curricular na escola


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O processo educacional depende de quatro aspectos fundamentais: a instituição de ensino, os


professores, os currículos e os alunos. Esses quatro aspectos têm uma forte correspondência,
se integram no processo educacional de uma escola e dependem de vários campos de
conhecimento. Por isso, o processo educacional é tão complexo. Para falar sobre os princípios e
fundamentos da educação, temos que entender, nem que seja superficialmente, quais são alguns
dos campos que a sustentam.
As Ciências da Educação são um conjunto multidisciplinar que inclui uma formação teórica que
vai buscar referências na Antropologia, na Filosofia, na História, na Psicologia e na Sociologia,
entre outros campos. Então, podemos observar que a educação é um processo complexo e
contínuo que depende de outras áreas de conhecimento. A fonte primária das Ciências da
Educação são os processos e os resultados educativos.
Alguns estudiosos acreditam que a educação é o resultado de doutrinas filosóficas, por isso, a
Filosofia da Educação é importante na construção e no desenvolvimento do processo
educacional, pois ela ajuda a entender, manter ou modificar a aprendizagem dos alunos; ela
identifica conflitos e contradições em qualquer teoria pedagógica; desenvolve a capacidade
humana de levantar ideias e discutir sobre as diferentes teorias pedagógicas e como elas afetam
a vida individual e social dos alunos; assim como direciona a instituição a entender seus
propósitos na educação social dos estudantes; auxiliando e dando apoio no objetivo significativo
da qualquer escola, que é o de qualificar uma pessoa para a vida pública e ser um membro
efetivo da sociedade.
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A Sociologia da Educação colabora oportunizando aos seus pesquisadores e estudiosos


compreender que a educação se dá no contexto de uma sociedade que, por sua vez, é também
resultante da educação. Ela permite compreender e caracterizar a inter-relação entre ser humano,
sociedade e educação, à luz de diferentes teorias sociológicas. Ela estuda o comportamento em
meios sociais, como associações e instituições.
Já a Psicologia da Educação (ou Psicologia Educacional, como também é conhecida)
corresponde ao ramo da Psicologia que se aprofunda no processo de ensino e aprendizado nas
mais diversas vertentes, como o funcionamento dos mecanismos de aprendizagem, a eficácia
das estratégias educacionais e o funcionamento da própria escola como organização.
A Educação, como se sabe, também pode fazer uso da Antropologia como uma de suas
Ciências, com os propósitos de decodificar e analisar valores e universos culturais constituintes
tanto da instituição escola como das mais variadas formas de manifestação educacional não
formais.
A Base Nacional Comum Curricular valoriza e integra em seus princípios e concepções as
contribuições das ciências.

Intenções e realidade
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Para compreender a importância da BASE, sempre temos que recordar a trajetória da educação
básica no Brasil, sua estrutura e recomendações. Este é um tema complexo, pois entra em jogo
não apenas o aprendiz real, como o aprendiz ideal, que deveria compor com o ideal de aprendiz.
Infelizmente essa não é a nossa realidade, pois o Brasil, de tamanho continental, tem um grande
desafio para enfrentar. A pergunta é: como estudar a BASE? Qual é a proposta da BASE na
preparação do trabalho pedagógico em escolas com realidades tão diferentes entre si, desde as
escolas do interior do Nordeste até as das regiões ribeirinhas do Norte, com tantas dificuldades?
Esta, porém, não é a nossa questão no momento, embora seja de grande importância.
Nossa intenção é sinalizar como poderemos aplicar a BNCC em nosso cotidiano escolar, seja
qual for a região do país em que vivemos. A BNCC tem como fundamento pedagógico o
desenvolvimento integral dos estudantes, o que quer dizer que promove o desenvolvimento nas
dimensões: intelectual, física, social e cultural. Isso significa que abandonamos um modelo
conteudista de aprendizagem e passamos a considerar a capacidade dos alunos de lidar com
seu corpo e bem-estar, suas emoções e relações sociais, sua atuação profissional e cidadã, sua
identidade cultural, sua capacidade criativa e de argumentação, e suas competências para lidar e
se comunicar com as novas tecnologias.
Na BNCC, a promoção do desenvolvimento integral se dá no estabelecimento de dez
competências gerais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da educação básica. A
BNCC define competências como a soma de conhecimentos (que são os saberes), habilidades (a
capacidade de aplicar esses saberes na vida cotidiana), atitudes (força interna necessária para a
utilização desses conhecimentos e habilidades) e valores (a aptidão para utilizar esses
conhecimentos e habilidades com base em valores universais, como a ética e os direitos
humanos, justiça social e consciência ambiental).
Na estrutura da BNCC, as dez competências gerais são desdobradas em objetivos de
conhecimento e habilidade de acordo com cada etapa, faixa etária, componentes ou áreas do
conhecimento. Conhecer o desenvolvimento cognitivo auxilia na seleção e organização de
situações de aprendizagem a serem vivenciadas pelos estudantes. As Ciências da Educação,
como Filosofia, Sociologia e Psicologia, sustentam os princípios da educação para todos e com
qualidade, premissas das legislações que devem constar no projeto político pedagógico da
escola. Hoje, a neurociência explica e orienta docentes sobre o processo de aprendizagem,
memória e estratégias de ensino. Com todas estas informações, podemos pensar em planos de
aula eficazes.

Videoaula: A BNCC na escola: sua chegada e implementação

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Você sabia que a BASE tem um impacto na formação de professores? No vídeo, conhecemos os
pontos mais importantes da apresentação da BASE aos professores e os desafios em sua
implementação. A BASE considera as Ciências da Educação, como Psicologia, Sociologia e
Filosofia, auxiliando o docente a compreender o desenvolvimento físico, cognitivo e
socioemocional dos estudantes ao longo da educação básica e, assim, organizar práticas
pedagógicas que possam motivar, engajar e garantir a participação de todos.
Assista a esse vídeo para saber ainda mais!

Saiba mais

Vamos analisar:
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Antes e depois da BNCC. Fonte: elaborada pela autora.


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O saber docente implica em reconhecer os avanços e procedimentos que favorecem a


implantação da BNCC nas escolas.
Agora, sugerimos algumas leituras que vão enriquecer ainda mais seus conhecimentos:

Uma ótima sugestão são os planos de aula disponíveis gratuitamente no site da revista
Nova Escola, dedicada a produzir conteúdo para os educadores. São diversos planos de
aula alinhados à BNCC e separados por etapas e disciplina escolar.
O banco de práticas e informações sobre a BNCC, organizado pelo Movimento pela Base, é
uma boa sugestão. Lá você encontra inúmeros materiais que poderão ajudar na
compreensão das principais mudanças que ocorreram nesse novo contexto, separados por
tema e público.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do
Plano Nacional de Educação. Brasília, 2014. Disponível em:
https://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2017.
Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pd
f. Acesso em: 24 jan. 2023.
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FERNANDES, V. Fundamentos da Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Sol, 2012. (Nota: este
volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n.
2-065/12, ISSN 1517-9230.)
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e
organização. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994
MOVIMENTO PELA BASE. Banco de informações e práticas sobre a Base Nacional Comum
Curricular. Movimento pela Base Nacional Comum, 2018. Disponível em:
https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2018/10/MPB_Banco-de-
Informacos.pdf. Acesso em:11 jan. 2023.
NAOMI, A.; MEIRA, G. I. BNCC na Sala de Aula: guia de orientações para professores sobre a Base
Nacional Comum Curricular. Fundação Lemann e Movimento Pela Base Nacional Comum, 2019.
Disponível em: https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2020/01/Guia-digital-
BNCC-na-sala_2019_12_vFinal-1.pdf. Acesso em: 24 jan. 2023.
NOVA ESCOLA. Planos de aula. Nova Escola, c2023. Disponível em:
https://novaescola.org.br/planos-de-aula. Acesso em:11 jan. 2023.
PAGNI, P. A.; SILVA, D. J. da. (Orgs.) Introdução à Filosofia da Educação: temas contemporâneos.
São Paulo: Avercamp Editora, 2007.
PERISSÉ, G. Introdução à Filosofia da Educação. (Livro eletrônico). São Paulo, Editora Autêntica,
2018.
SANTOS, C. R. dos. Educação Escolar Brasileira. 2ªed. atualizada e ampliada. São Paulo: Pioneira
Thompson Learning, 2003.
SANTOS, R. de C. G. (org.) Sociologia da Educação: debates contemporâneos e emergentes da
formação de professores. Coleção Cadernos Pedagógicos da EAD, v.15. Rio Grande: Editora da
FURG, 2013. 143 p.

Aula 2
A organização da BNCC

Introdução
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Nesta aula você terá acesso a algumas notas importantes acerca da educação básica no Brasil.
Isto porque a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vem atender a uma demanda necessária
e já indicada por legislação e planos nacionais. A BASE incorpora o caminho já percorrido e
vivenciado pelos professores da educação básica à luz das diretrizes nacionais, já promulgadas
em forma de Lei, desde 1999.
Quando temos diretrizes e planos nacionais, temos programas de políticas públicas. Este é o
momento de estudo no qual podemos identificar os grandes desafios enfrentados na busca pelo
acesso e qualidade na educação básica ofertada aos cidadãos brasileiros.
O Brasil sempre buscou programas educacionais para o acesso e permanência dos estudantes
nas escolas, mas, às vezes, houve alternância de poder nos governos, que inovaram ou
descaracterizam programas já existentes. Há séculos que se registra a busca por uma educação
de qualidade extensiva a todos.
O objetivo nesta aula não é julgar ou debater um período específico de educação, mas sim
reconhecer as origens e as mudanças que ocorreram em diferentes épocas, oferecendo a você,
estudante, um panorama amplo e fundamental para entender os caminhos traçados pelos
governos do Brasil. Conhecer esse trajeto auxilia no entendimento sobre a necessidade de um
documento como a BNCC que, promulgado em 2017, vem promover a equidade por meio da
formação integral.
Bom estudo!

Do LEC a uma política integrada


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Todas as políticas públicas sempre estarão ligadas ao cumprimento dos direitos humanos, mas,
no caso das políticas públicas da Educação, em especial da Educação Básica, o objetivo é
respeitar e garantir o direito específico do aluno e da aluna de aprender e ter acesso a uma
educação de qualidade. Para tanto, as políticas públicas em educação têm como base as leis
votadas no poder legislativo nas esferas federal, estadual e municipal. Programas e projetos
construídos e implementados à luz da legislação brasileira educacional em vigor dependem de
vários fatores, assim como a qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos e alunas.
Resumindo, as políticas públicas em educação consistem em programas ou ações elaboradas
em âmbito governativo, que auxiliam na efetiva implantação dos direitos previstos na
Constituição Federal, e de leis previamente aprovadas no âmbito federal e seguidas pelos
estados e municípios.
Na época do descobrimento, a educação foi comandada pelos padres jesuítas, que tinham como
meta ensinar a ler, escrever e contar – o famoso LEC. O plano educacional consistia em ensinar a
gramática, as humanas e as ciências sacras. Desde 1822 até 1889, temos as escolas do Brasil
Império, que promovem reformas no campo educacional: surgem cursos superiores de Medicina,
Química, Economia e Agricultura, entre outros profissionalizantes em nível médio e superior, hoje
conhecidos como SENAC, e cria-se a Academia Real Militar. Organiza-se a estrutura do ensino
em três níveis: primário, secundário e superior. De 1964 a 1985 acontece outra reforma, tendo
como base a LDB 5692/71 (BRASIL, 1971), que inova com a extensão da obrigatoriedade escolar,
a cooperação dos níveis do sistema educacional, e traz a verticalização das séries, num currículo
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com formação geral e formação especial. Permite a flexibilização dos currículos, diversificação
de metodologias, plano de carreira para professores, formação permanente e treinamento.
Nos tempos atuais, à luz da Constituição de 1988 e da LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996), a educação
no Brasil se solidifica, garantindo a gestão democrática na educação básica com conselhos
escolares, autonomia pedagógica, sistema de ensino em níveis e a educação infantil como
primeira etapa da educação básica. Também temos a inclusão da educação especial, indígena,
de jovens e adultos e profissional. Assim, as políticas públicas educacionais devem assegurar
oportunidades, acesso, permanência e qualidade a todos os estudantes e comunidades. A partir
da Lei de 1996, inclusões importantes foram realizadas como o direito à formação inicial e
continuada de professores. Entretanto, com a promulgação da Base Nacional Comum Curricular,
aprovada em 2017, as escolas planejam a revisão das propostas pedagógicas, dos projetos
político-pedagógicos das escolas e da formação continuada de professores. As especificidades
da BASE podem ser apresentadas na estrutura com as etapas Educação Infantil para crianças de
até 5 anos e 11 meses, Ensino Fundamental de nove anos e Ensino Médio.
Com o início da implementação da BNCC (BRASIL, 2017), tendo seu período de efetivação até
2024, os estados e municípios, por meio das escolas, irão reorganizar os currículos considerando
a realidade local e inserindo melhorias para a área da educação básica.
Houve um desafio em oferecer a continuidade dos estudos, porém, não foi possível atender a
todos. Isto porque o acesso a computadores e redes de internet não constava em um programa
de políticas públicas. Os estados e municípios se reorganizaram para atender a esta demanda.
Atualmente, a BASE já prevê o uso de tecnologias como ferramentas para desenvolver
competências e habilidades.

A BASE como política pública


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Os programas e projetos derivados das políticas públicas em educação têm como meta viabilizar
medidas que garantam o acesso à educação para todos os cidadãos. Este deve ser o objetivo
maior do Brasil e de entes federados. É claro que, ao identificarmos a meta de garantir a
educação para todos, cabe às políticas públicas avaliar o que está acontecendo nos programas
implementados, bem como ajudar a melhorar continuamente a qualidade do ensino no Brasil.
Na trajetória histórica brasileira das políticas públicas em educação, encontramos diversos
programas que foram descontinuados pelos governos, e outros que permanecem. Um exemplo
foi a adoção de programas educacionais durante a pandemia do Vírus SARS-Covid 19, que
manteve toda a população escolar em casa, obrigando os governos a criarem projetos para que
os estudantes pudessem continuar seus estudos à distância, com o auxílio da internet. Surge
neste período um programa inesperado de educação on-line, justamente quando a BASE estava
em plena implementação. Entretanto, podemos ver que, mesmo com uma nova maneira de
promover a educação formal com adaptações, o Artigo 205 da Constituição Federal continuou a
ser cumprido.

Artigo 205
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(BRASIL, 1988)
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A BASE propõe a necessidade de revisão dos materiais didáticos e da própria avaliação,


considerando as organizações das áreas de conhecimento e seus componentes curriculares.
Mas também propõe a necessidade de revisão dos materiais didáticos e da própria avaliação,
considerando as organizações das áreas de conhecimento e seus componentes curriculares.
O grande destaque, que consta pela primeira vez em um documento que orientará a elaboração
dos currículos, são as dez competências gerais que devem estar presentes ao longo da
educação básica, e a competências específicas de cada área do conhecimento e componentes.
Dessa forma, compreendemos que a especificidade da BNCC reside em estruturar áreas do
conhecimento como componentes e campos de experiência, a educação integral que une a
teoria à prática em todas as dimensões de desenvolvimento humano. Da Educação Infantil ao
Ensino Médio, temos a reorganização das áreas de conhecimento, com os campos de
experiências (Educação Infantil), os componentes do Ensino Fundamental do núcleo comum, os
itinerários formativos escolhidos pelos estudantes e o projeto de vida como componente
obrigatório. As propostas da BASE trazem uma inovação que sugere a eminente formação de
professores e uma reorganização da instituição a fim de atender à proposta de construção de
conhecimento funcional, acadêmico e de vida. Entretanto, o estudo da BASE pelos docentes e
secretarias de educação deve ser prioritário para entender, organizar a estrutura e oferecer
condições para sua implementação.

A estrutura da BNCC – Educação Básica. Fonte: elaborada pela autora.

As situações de aprendizagem na Educação Infantil e no Ensino Fundamental devem focar no


desenvolvimento da experiência concreta, privilegiando os aspectos lúdicos, pois, nesta fase, o
pensamento é concreto, ou seja, o estudante precisará viver a experiência da aprendizagem e
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construir hipóteses sobre o aprendizado. O papel mediador do docente é fundamental em todas


as etapas da educação básica à luz da BNCC. As práticas pedagógicas implantadas pelo
docente têm como ponto de partida o atendimento das necessidades específicas dos
estudantes, e as avaliações são estruturadas com o objetivo de observar e descrever o que cada
pessoa foi capaz de realizar sozinha ou com auxílio, condicionada aos campos de experiência
descritos para esta etapa.
O docente, em todas as etapas, deverá ser suficientemente presente na vida dos estudantes,
possibilitando a experimentação e o levantamento de hipóteses, e considerando o erro como
uma hipótese de aprendizagem. Explorar atividades que envolvam os cinco sentidos é um
caminho muito favorável para a aprendizagem e o desenvolvimento. O ponto de partida sempre
será o interesse de todos os estudantes e suas necessidades, independentemente de suas
características, singularidades e necessidades. Também é indispensável focar em atividades
lúdicas para o desenvolvimento da motricidade fina, consciência fonológica, corporal e numérica,
que são requisitos essenciais para a alfabetização, letramento e desenvolvimento de níveis mais
complexos de compreensão e aprendizagem.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

A BASE é uma política pública. O que ocorre na implementação das políticas públicas em
educação é que cada gestão governamental, em qualquer esfera, seja ela federal, estadual ou
municipal, tem como prioridade o direito à educação com qualidade para todos. Todos os
programas educacionais querem avançar com ações que permitam o acesso à aprendizagem e o
direito à educação com qualidade, a fim de colaborar com a missão de tornar o país menos
desigual. Iniciativas previstas nos programas educacionais precisam de um planejamento
técnico, uma supervisão e fluxo de continuidade para que os resultados sejam alcançados.
Portanto, é preciso reconhecer que os programas ou projetos de políticas públicas em educação
respeitam normas, declarações universais e legislações que norteiam este planejamento. Isto
porque educação é um direito universal.
A BASE considera a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a sua implicação na Educação
Básica no Brasil. Com a globalização, modelos e programas de vários países são
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compartilhados, discutidos e implementados. Sabemos que as mudanças metodológicas na


Educação Básica são influenciadas por pesquisas e abordagens que garantem o direito à
educação, destacando a aprendizagem e a participação social. Um destaque destas influências,
a partir da divulgação de pesquisas científicas e modelos de programas exitosos, refere-se à
educação inclusiva. Para cada artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, são
elaborados programas ou projetos, como por exemplo a BNCC, que não só atende à Declaração
Universal, mas também instrui e orienta o processo de aprendizagem, considerando uma
formação integral, visando o desenvolvimento intelectual, social, físico, emocional e social.
As competências gerais indicadas na BASE não são excludentes, mas sim destinadas a todos os
estudantes. Isto porque a BASE, em respeito às legislações, garantirá aprendizagens essenciais,
promovendo a equidade social. As aprendizagens essenciais foram estabelecidas através das
dez competências gerais que norteiam o trabalho das escolas e dos professores. São saberes
que objetivam o aprendizado dos alunos e alunas, aplicando as habilidades de forma prática para
a vida.
Citamos a seguir um exemplo:
Veja uma das competências gerais: “Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção
artístico-cultural” (BRASIL, 2017, p. 9, grifo nosso). Para tanto, é preciso que, ao longo das etapas
da educação básica, os estudantes vivenciem práticas que englobem culturas em todas as
linguagens; visitem exposições, tenham acesso a músicas, artes gráficas e literaturas de outros
países, vivenciando situações intencionalmente organizadas pelos docentes. Estas situações
práticas privilegiam habilidades que se encontram nas áreas de conhecimento Língua
Portuguesa, Artes, como também em Ciências Humanas, quando temos contato com as
unidades temáticas de História e Geografia.
As habilidades requeridas são:
Na Educação Infantil: “expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivências, por meio da
linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de fotos, desenhos e outras formas de expressão”
(BRASIL, 2017, p. 49).
No ensino fundamental: na Língua Portuguesa (EF15LP01), “identificar a função social de textos
que circulam em campos da vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a
comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram
produzidos, onde circulam, quem os produziu e a quem se destinam” (BRASIL, 2017, p. 95). Na
área de Artes (EF15AR01), “identificar e apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e
contemporâneas, cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório
imagético” (BRASIL, 2017, p. 201).
Como podemos verificar neste exercício simples, as habilidades vão se tornando mais
complexas, mas todas pertencem à competência número 3: Repertório Cultural.

Videoaula: A organização da BNCC

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aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Vamos conhecer a relação entre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e as dez
competências gerais. Para cada competência, vamos apresentar exemplos que podem ser
incorporados na construção de práticas pedagógicas, desde a Educação Infantil até o Ensino
Fundamental.
Um exemplo para que você tenha ainda mais interesse em assistir ao vídeo:
Abordagem da Competência 7: Argumentação. Argumentar com base em fatos, dados,
informações confiáveis. Esta sétima competência trata de expor ideias, opiniões, sentimentos
com respeito às ideias de outros. Assim, o estudante deve organizar suas ideias, respeitar a voz
dos outros, saber ouvir e se comunicar com clareza.
Na Educação Infantil: roda de conversa após a leitura de um livro de histórias.
Ensino Fundamental anos iniciais: dois grupos de alunos argumentam a importância da
reciclagem em casa usando fotos e reportagens.
Anos finais do Ensino Fundamental: criação de um podcast com reportagens, denúncias e
recomendações para o bairro onde a escola se insere.
Venha conosco aprender ainda mais e na prática!

Saiba mais
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A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento de referência na história dos


direitos humanos. Ela foi elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais
de todos os países livres e foi referendada durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em
Paris, que ocorreu em 10 de dezembro de 1948. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção
universal dos direitos humanos.
Essa declaração é tão importante que já foi traduzida para mais de 500 idiomas, de forma a
poder ser divulgada, estudada e servir como referência para os programas de educação, entre
outras áreas. A Declaração tem 30 artigos, e o Artigo 26 refere-se também à educação, com o
objetivo de minimizar a desigualdade no mundo com relação à oferta, acesso e qualidade na
educação básica. Acordos internacionais e pactos com países signatários da ONU favorecem a
evolução das políticas públicas em educação.

Referências

BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2º
graus, e dá outras providências. Brasília, 1971. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017 Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 1 de dez. 2022.
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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA, F. JR. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro alcançou
a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
GHIRARDELLI JR, P. História da Educação Brasileira. São Paulo: Cortez, 2016
MARRA, I; GUILHERME, M. A história da educação no Brasil. Jundiaí: Paco Editorial. 2020.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. ONU Brasil,
2020. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/por.pdf. Acesso em 16 jan.
2023.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.

Aula 3
O que mudou nos processos de aprendizagem com a BNCC

Introdução

Você sabia que, no ano de 1990, um movimento internacional aconteceu na cidade de Joimtien,
na Tailândia, onde vários países foram signatários de um compromisso com a educação básica?
A Conferência Mundial sobre Educação para Todos foi um marco histórico com o compromisso
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de vários países de garantir acesso, permanências, erradicação do analfabetismo e atenção à


primeira infância.
O que iremos estudar nesta aula são duas legislações que balizam as políticas públicas da
educação básica e as ações práticas necessárias para o alcance dos compromissos nacionais e
internacionais pelo direito à educação para todos com qualidade, e
veremos como a BASE está inserida no processo de aprendizagem. A atualização do modelo
proposto para a educação básica implica em reconhecer e desenvolver, necessariamente,
práticas que garantam acesso, permanência e aprendizagem de todas e todos, em todos os
níveis, etapas e modalidades, em igualdade de oportunidades, sem discriminação de qualquer
forma, com garantia de acessibilidade e uso de tecnologias educacionais e assistidas. ​ ​
Bom estudo!

Marco legal da educação básica

No ano de 1988, foi promulgada a Constituição Federal, que apresenta uma série de objetivos
para a educação. Trinta anos depois, são esses mesmos objetivos que as políticas públicas
planejam alcançar. Avanços na obrigatoriedade da educação básica, no acesso aos programas
sociais e educacionais para que todos tenham a oportunidade de estudar, porém a busca pela
qualidade em todas as instituições de ensino continua sendo uma meta a ser cumprida.
Podemos citar como destaques importantes presentes na Constituição Federal (BRASIL, 1988) a
inclusão da Educação Infantil (creche e pré-escola) como primeira etapa da educação básica, e a
responsabilidade dos estados e municípios pela Educação Infantil, Fundamental e Ensino
Médio.
Outro aspecto a ser reconhecido foi a criação de um Fundo Nacional a ser abastecido pelas
esferas federal e estadual. Este fundo, denominado Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
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Educação Básica, foi renovado com a validade de 14 anos, auxiliando os municípios na criação
de serviços para a Educação Infantil até os 5 anos e 11 meses, e o Ensino Fundamental de nove
anos (BRASIL, 1988). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96) estrutura as
modalidades e níveis de ensino trazendo, pela primeira vez, formação de professores como parte
importante de um programa educacional. Entretanto, a LDB/96 não apresenta conteúdos a serem
trabalhados nas escolas, mas sim princípios norteadores a serem seguidos na educação formal
e informal.
Em 2017, a Base Nacional Comum Curricular é lançada, apoiando-se nos marcos legais citados,
e vem orientar as práticas priorizando a aprendizagem na direção de garantir o direito à
educação, buscando uma educação igualitária. Tais práticas reforçam a necessidade de ter o
estudante como protagonista, no centro da aprendizagem, e dessa forma a BASE apresenta,
além das competências gerais, competências específicas, habilidades que devem ser
exercitadas ao longo da educação básica.
Ao estudarmos as habilidades de cada área de conhecimento do Ensino Fundamental, e os
campos de experiências na Educação Infantil, percebemos que há ênfase na participação ativa
dos estudantes nos contextos de aula. As práticas organizadas pelos docentes são selecionadas
e implementadas à luz das habilidades, que servem também como critério de avaliação. Ao
elaborar uma prática pedagógica em um componente curricular, vale a pergunta: quais
habilidades a BASE indica? Quais habilidades esta situação está desenvolvendo? Posso fazer a
relação com as competências gerais? Quais?
Perguntas como estas e outras, que o docente com certeza poderá fazer, servem de avaliação
acerca das práticas que serão vivenciadas pelos alunos e alunas. Isto impulsiona a mudança de
técnicas expositivas para momentos de participação, argumentação, comunicação e
responsabilidade dos estudantes. A participação ativa é necessária para que os estudantes
construam conhecimentos, desenvolvam habilidades e sejam competentes na sociedade.

Do direito à ação
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A palavra “direito” não deve ser abstrata, e sim relacionada a uma ação concreta. Quando se fala
em direito à educação para todos, referimo-nos ao acesso ao ensino. Sendo o Brasil um país
com dimensão continental, considera-se um desafio a oferta de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio aos povos ribeirinhos, à população rural, a indígenas e outras
comunidades que habitam nosso país. Por meio de políticas públicas é possível oferecer
condições para que todos possam ter acesso ao ensino. A BASE vem nortear as aprendizagens
essenciais, independentemente da localidade das escolas.
Vejam alguns programas criados para que a educação básica seja realmente um direito, com
acesso, permanência e aprendizagem. Os governadores e prefeitos podem utilizar os programas
do Governo Federal Brasileiro em suas ações locais, bem como propor programas específicos
para sua comunidade (estado ou município), a fim de atender ou suprir necessidades ou
demandas.

1. Programa Brasil alfabetizado. É um programa que existe nos estados para fazer a
alfabetização de jovens, adultos e idosos. Os estados e municípios podem contar com
materiais didáticos e apoio na sua implementação. Lembrando que 10 milhões de
brasileiros com mais de 15 anos não sabem ler nem escrever, segundo dados do IBGE de
2020.
2. Educação para Jovens e Adultos (EJA). Diferente do Brasil alfabetizado, muitos adultos não
terminaram seus estudos e estão evadidos da escola. O EJA promove a finalização dos
níveis fundamental até o médio.
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3. Programa Escola Acessível. Este programa destina-se aos estudantes com necessidades
especiais ou deficiências. Oferece informação e recursos de ensino para melhorar o seu
aprendizado.
4. Programa Caminho da Escola. Um programa importante para transportar os estudantes
para as escolas. Um apoio financeiro para melhorar e aumentar a frota de veículos que faz
o transporte escolar nas redes de ensino estaduais e municipais.
5. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). É um fundo
dedicado ao aumento de investimento financeiro do Governo Federal em projetos de
educação nos estados e municípios. Auxilia no pagamento dos professores, melhorias nos
espaços físicos das escolas, entre outras possibilidades.
6. Programa Brasil Profissionalizado. Um programa destinado aos alunos do ensino médio.
Parcerias com instituições que promovem um ensino técnico profissionalizante.
7. Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (PROLIND). Reconhece
a necessidade de oferecer formação inicial e continuada aos professores, estendida à
promoção de cursos de licenciatura indígenas ou interculturais.

Estes são alguns programas ofertados, ou seja, ações de políticas públicas educacionais.
Estados e municípios devem diagnosticar a situação local, identificar deficiências e demandas, e
elaborar um programa para sanar ou melhorar as condições de ensino e, assim, buscar de forma
contínua a qualidade na educação básica que é direito de todos.
A BASE é um programa de política pública que prevê aprendizagens essenciais para todo
estudante. Assim, temos uma base comum obrigatória e unidades de ensino com componentes
eletivos e profissionalizantes até o final do Ensino Médio. Para que a BASE seja implementada
até 2024, há uma política pública de repasse orçamentário que permite às escolas se
organizarem quanto aos equipamentos, mobiliários, recursos lúdicos e profissionais.

Plano Nacional de Educação e a BASE


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No ano de 2014, publicou-se o PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE), que tem como objetivo
um trabalho conjunto das esferas governamentais e da iniciativa privada para alcançar avanços
na educação brasileira. Com metas e ações de médio e longo prazo, ele tem como intenção
diminuir a desigualdade de oportunidades de aprendizagem que persiste entre crianças e jovens
do Brasil. Esta Lei não substitui a LDB/96, mas apresenta 20 metas a serem alcançadas em dez
anos. Este Plano pertence ao grupo de marcos legais que subsidiam a elaboração da Base
Nacional Comum Curricular. Para cada Meta, há uma descrição objetiva de ações a serem
realizadas a fim de alcançá-la. Você pode conhecer as 20 metas na apostila Planejando a
Próxima Década: conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação.
Entre as 20 Metas, vamos entender algumas relativas à educação básica:
META 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro)
a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender,
no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência
deste PNE. (BRASIL, 2014a, p. 9)
Sendo a educação infantil a primeira etapa da educação básica, a oferta deste direito deve ser
cumprida e, para o gestor municipal que não sabe tudo o que deve fazer, o PNE descreve ações
como, por exemplo: realizar, periodicamente, em regime de colaboração, levantamento da
demanda por creche para a população de até três anos, como forma de planejar a oferta e
verificar o atendimento da demanda manifesta. Esta é uma ação que deve fazer parte do plano
da Secretaria de Educação.
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Outras duas ações importantes, ainda na Meta 1, são: articular a oferta de matrículas gratuitas
em creches certificadas como entidades beneficentes de assistência social na área de educação,
com a expansão da oferta na rede escolar pública; promover a formação inicial e continuada dos
profissionais da educação infantil, garantindo, progressivamente, o atendimento por profissionais
com formação superior. O PNE também refere às Diretrizes Curriculares da Educação Infantil
como base para os projetos educativos das creches e pré-escolas. Ou seja, o PNE não oferece
conteúdo, mas é uma base para o desenvolvimento de uma política pública com o objetivo de
nortear os programas de educação básica, o que é um passo importante para a construção da
BASE.
Quais ações podemos destacar referentes ao Ensino Fundamental?
No documento do PNE, encontraremos metas que se tornam possíveis ao considerarmos as
habilidades descritas na BASE. Veja este outro exemplo que consta no PNE: “META 5: alfabetizar
todas as crianças, no máximo, até o final do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental” (BRASIL,
2014a, p. 10).
Nos últimos testes estaduais e nacionais foi possível identificar que muitos alunos e alunas não
adquiriram a leitura e escrita necessárias. Sabemos que saber ler e escrever é um direito que
facilita a ação cidadã. Mas o que podemos fazer para resolver este problema? A BASE traz seus
princípios, ações e uma organização estrutural que promove uma inovação na educação básica
com orientações concretas a fim de sanar as desigualdades na aprendizagem e sociais. A
linguagem está presente na Educação Infantil no campo de experiência da escuta, fala,
pensamento e imaginação e, no Ensino Fundamental, referente ao componente Língua
Portuguesa, que apresenta uma sequência gradual de competências específicas e habilidades
para que todas as crianças possam ler, interpretar, analisar, escrever, narrar, descrever, construir
histórias, relatórios, entre outras habilidades necessárias para exercer a cidadania.
Afinal, o PNE, compromisso nacional, orienta esta meta. Cabe às equipes institucionais elaborar
um currículo que garanta a aquisição desta habilidade. Com a apresentação das competências
gerais, os docentes poderão planejar de forma transdisciplinar suas práticas. O termo
transdisciplinar, citado na BASE, indica que podemos trabalhar conteúdos e áreas de
conhecimento e criar práticas que podem ir além do componente curricular ou da área do
conhecimento estudada. A proposta da BASE auxilia os estudantes a vivenciar situações de
aprendizagem rompendo o isolamento de disciplinas, o que ocorria antes. Também temos as
competências gerais, que podem auxiliar um plano escolar integrado sendo desenvolvidas em
todas as áreas, componentes, unidades e práticas pedagógicas. Na BASE encontramos as
possibilidades de integração de conteúdos considerando as habilidades destacadas em cada
etapa da educação básica, de cada área, em uma crescente complexidade, respeitando as faixas
etárias.
Nesta proposta, salienta-se a participação ativa dos estudantes em todas as etapas, um
protagonismo que pressupõe ação e interação com todos os objetos de conhecimento.

Videoaula: O que mudou nos processos de aprendizagem com a BNCC


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Nesse vídeo vamos abordar as práticas educacionais e as metas do Plano Nacional de


Educação, reforçando a necessidade de ter o estudante como protagonista, no centro da
aprendizagem. Dessa forma, a BASE apresenta, além das competências gerais, competências
específicas, habilidades que devem ser exercitadas ao longo da educação básica.
Venha conosco aprender ainda mais!

Saiba mais

O que a BASE destaca sobre as mudanças acerca da aprendizagem?


A premissa fundamental para compreensão da aprendizagem, no âmbito da BNCC, está
fundamentada na crença de que todos e todas aprendem, ou seja, não existe nenhuma pessoa
que não aprenda. O que devemos levar em conta são os tempos de aprendizagem de cada uma e
cada um, considerando suas peculiaridades, singularidades e necessidades. Para compreender
os processos de aprendizagem é necessário entender conceitos como: plasticidade neuronal,
flexibilidade, influência do ambiente e acessibilidade curricular.
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Sobre a plasticidade e flexibilidade neuronal – o cérebro humano aprende sempre, e em


todas as etapas da vida, desde a concepção até a morte. Existem períodos ótimos de
aprendizagem em que há uma disponibilidade neuronal mais favorável. No entanto, não é
verdadeira a crença de que existem períodos determinados e pré-estabelecidos para
aprendizagem, uma vez que, passado este período, não há mais condições de
aprendizagens significativas, tomando como referência os conceitos de Ausubel (1963).
Para o autor, a intersecção entre experiências prévias e novas experiências é que dá o tom
da inovação, da descoberta, da investigação, da elaboração de hipótese, da construção de
conhecimento, do desenvolvimento de competências que denominamos de aprendizagem.
Influência do ambiente sociocultural – a aprendizagem de toda e qualquer pessoa é
constituída de fatores inter-relacionais. O primeiro diz respeito às condições cognitivas e da
qualidade dos estímulos e da forma como cada pessoa subjetiva o vivido (a atribuição de
significado é diferente de pessoa para pessoa), a exemplo das estratégias de
aprendizagem, dos desafios propostos e de oferta de experiência que vão ao encontro do
modelo de aprendizagem – concreta e/ou abstrata. O segundo fator diz respeito ao
ambiente sociocultural e à qualidade das mediações e de um ambiente rico em
oportunidades de experimentação. Juntos, o primeiro e segundo fator criam a condição
favorável para a aprendizagem. Sempre que um dos fatores sofrer alguma influência, a
qualidade da resposta poderá ser diferente.
Acessibilidade curricular – a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96 e a LBI nº
13.146/2015, em seus artigos, orientam que a escola, o currículo, as estratégias de ensino
e de aprendizagem devem adequar-se à pessoa e a suas necessidades, e não o contrário. A
BNCC traz a oportunidade para que instituições públicas e privadas de educação possam
rever suas metodologias de desenho curricular, tornando este currículo “vivo”. Este termo
“currículo vivo” foi cunhado por Sacristan (1988), ao refletir sobre o currículo e sua prática.

Conheça também a apostila Planejando a Próxima Década. Conhecendo as 20 Metas do Plano


Nacional de Educação. O texto contextualiza cada uma das 20 metas nacionais com uma análise
específica, mostrando suas inter-relações com a política pública mais ampla, e traz um quadro
com sugestões para aprofundamento da temática.

Referências
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AUSUBEL, D. P. The Psychology of Meaningful Verbal Learning. New York: Grune & Stratton, 1963.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, 2015. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 24 jan.
2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do
Plano Nacional de Educação. Brasılia, 2014a. Disponível em:
https://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em: 16 jan. 2023
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014b.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
DEMO, P. Plano Nacional de educação: uma visão crítica. Campinas: Papirus, 2016.
GANDA, D. R.; BORUCHOVITCH, E. A autorregulação da aprendizagem: principais conceitos e
modelos teóricos. Psicologia da Educação, São Paulo, 46, 1º sem. de 2018, p. 71-80. Disponível
em: https://revistas.pucsp.br/index.php/psicoeduca/article/view/39147. Acesso em: 24 jan.
2023.
SACRISTAN, G. J. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. Madri: Morata, 1988.
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SAVIANI, D. Da LDB (96) ao novo PNE (2014): por uma política educacional. (Livro eletrônico).
Campinas: Ed.Autores Associados, 2019.

Aula 4
A BNCC e seus impactos no planejamento pedagógico

Introdução

Nesta aula vamos conhecer o processo de construção da BNCC, bem como a relação entre os
marcos legais citados anteriormente. Você se lembra? Vimos a LDB/96, as Diretrizes Curriculares
já divulgadas e o PNE. As perguntas que fazemos a você são: por que a BASE é importante para
a educação básica? Como ela atende às metas do PNE?
Vamos descobrir as respostas e identificar práticas pedagógicas possíveis para todas as
escolas, lembrando que a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017b) enfatiza as
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades da educação básica, assegurando direitos de aprendizagem e desenvolvimento, de
comum acordo com o Plano Nacional de Educação. Com a BNCC, toda escola brasileira
contribuirá para que alunos e alunas tenham as mesmas oportunidades de aprender em todas as
modalidades previstas na educação básica, um avanço com relação à aprendizagem.
Bom estudo!
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A educação básica brasileira

O Sistema Educacional Brasileiro (SEB) é um cadastro contínuo, preenchido e atualizado por


instituições de educação básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio), de
educação superior, federais, estaduais e municipais, públicas e privadas, assim como instituições
federais de educação profissional. O SEB é regulamentado pela Constituição Federal de 1988 e
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394, de 1996). Está estruturado em
modalidades e níveis a serem implementados em toda instituição educacional no Brasil, sendo
ela pública ou privada.
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Níveis e modalidades de ensino. Fonte: NOVO ([s. d., s. p.]).

A BNCC foi elaborada em um processo colaborativo e democrático. Participaram deste processo


o Ministério da Educação (MEC) que, sob sua liderança, promoveu debates, seminários com
outros órgãos como a UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação) e o Consed
(Conselho Nacional de Secretários de Educação), e teve a participação de profissionais
universitários e pesquisadores reconhecidos. Foi aberta também uma consulta pública e, ao
todo, a BASE recebeu mais de 12 milhões de recomendações. Após análise houve a
sistematização de 9 mil delas. A Educação Infantil e a estrutura apresentada não direcionam os
conteúdos e as metodologias a serem utilizadas.
Desde 1999 até 2016, as Diretrizes Nacionais Curriculares indicavam a prática pedagógica. O
Ensino Fundamental foi, aos poucos, subsidiado com materiais de apoio com força de lei,
entretanto, o Ensino Médio permanecia em um processo de reformulação. Talvez porque haja
mais evasão no Ensino Médio, mudanças foram realizadas aos poucos, haja visto que o Enem é
o maior exame do país e o segundo maior do mundo depois da China.
A BNCC (2017) apresenta um documento norteador para todos os níveis de ensino da educação
básica. Mas como ela foi elaborada?
A BNCC surge com a intenção de normatizar as aprendizagens essenciais que todos os alunos
devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica por meio de um
conjunto orgânico e progressivo. Considera os documentos oficiais promulgados anteriormente
e avança nos direitos à aprendizagem e desenvolvimento. A BASE reconhece e dá continuidade
às Diretrizes Nacionais Curriculares de Educação Infantil e Ensino Fundamental quanto às
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concepções de crianças, adolescentes e adultos, concepção de escola e de uma metodologia


ativa que promova a participação dos alunos e alunas.
Vale destacar uma parte importante que consta na BNCC. As legislações já garantem o regime
de colaboração entre esferas governamentais, promovem o acesso e a permanência, indicam a
necessidade da formação de professores tanto inicial como continuada, mas foram as Diretrizes
Curriculares para cada nível de ensino que indicaram os currículos e orientações gerais para
planejar atividades separadamente para cada modalidade. A BASE complementa e garante os
direitos, para além da garantia de acesso e permanência na escola, e organiza as aprendizagens
essenciais nas etapas da educação básica com competências específicas, habilidades a serem
adquiridas ao longo dos anos escolares. A mudança não se refere às concepções de criança,
jovens e adultos, mas apresenta o que e como os estudantes devem aprender em cada nível.
O básico, o essencial, o necessário, para que haja uma educação de qualidade para todos, uma
aprendizagem igualitária. Caberá a cada escola estudar e organizar seus planos pedagógicos a
fim de garantir aprendizagens que ocorram por meio de práticas pedagógicas.
Como é a nova estrutura? O novo quadro da estrutura da educação básica apresenta-se da
seguinte forma:

Educação Infantil: direitos e campos de experiências agrupados em três faixas etárias.


Ensino Fundamental: componentes curriculares específicos, unidades temáticas com
objetos do conhecimento, competências e habilidades.
Ensino Médio: 1800 horas de um núcleo comum obrigatório, itinerários formativos e o
projeto de vida.

A flexibilização da carga horária é permitida nos projetos das escolas. A concretização do


planejamento pedagógico nas escolas, tomando como referência a Base Nacional Comum
Curricular, implica em trazer a teoria para a prática, ou seja, implementar como uma ação
concreta a proposta curricular descrita no documento em todas as etapas da educação básica.
Para a efetivação do planejamento pedagógico descrito na BNCC, é necessária a disponibilidade
para mudança e o desenvolvimento da capacidade de mobilizar recursos técnicos e cognitivos
de todos os atores – docentes, famílias e estudantes. Essa é uma condição indispensável para o
sucesso da proposta. Precisamos sair e tirar a comunidade escolar do papel passivo para um
papel ativo do currículo.

A elaboração da BNCC
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A BASE vem atender a uma exigência legal e de forma inovadora apresenta uma estrutura
baseada em direitos e competências para que cada professor venha a articular com seus pares
uma sequência horizontal de aprendizagens à luz dos conteúdos previstos. A LDB/96 teve alguns
artigos incluídos que regulamentam a BASE. Veja os artigos 35 e 36:

Art. 35. A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de


aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de
Educação, nas seguintes áreas do conhecimento [...]
Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas
competências e habilidades será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada
sistema de ensino. (BRASIL, 2017a)

Sendo assim, é um documento aprovado, promulgado e deve ser estudado nas escolas a fim de
garantir um currículo possível que atenda a estrutura bem como os fundamentos pedagógicos. O
primeiro ponto a ser reconhecido como primordial são as dez competências gerais que devem
permanecer no planejamento de toda a educação básica.
Você sabe quais são as dez competências?
As dez competências gerais da BNCC:

1. Conhecimento.
2. Pensamento científico, crítico e criativo.
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3. Repertório cultural.
4. Comunicação.
5. Cultura digital.
6. Trabalho e projeto de vida.
7. Argumentação.
8. Autoconhecimento e autocuidado.
9. Empatia e cooperação.
10. Responsabilidade e cidadania.

A definição de competência segundo a BASE (BRASIL, 2017b) refere-se ao saber, ou seja, o


estudante deve ter conhecimento do assunto/ conteúdo, mas, sobretudo, deve saber fazer, o que
exigirá todo o saber para resolver demandas não só no campo acadêmico, mas também na vida
cotidiana. É o saber fazer que contribuirá para que cada um exerça sua cidadania, seja no campo
pessoal ou no profissional. Por isso, a BASE define competências por meio das aprendizagens
essenciais, proporcionando o desenvolvimento das habilidades, atitudes e valores necessários
para ações sociais. Na BNCC, competência é definida como “a mobilização de conhecimentos
(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e
valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e
do mundo do trabalho” (ALMEIDA, [s. d., s. p.]).
Para você, estudante, lembrar-se deste ponto importante nos fundamentos pedagógicos, use a
sigla CHA: Conhecimento, Habilidade e Atitudes (que inclui valores).
As competências definidas na BASE se interligam em todos os níveis de forma sequencial. Veja
um exemplo que apresentamos na Educação Infantil na área de Corpo, gestos e movimentos.
Uma sequência simples para começar nossa conversa sobre como planejar à luz da BASE. O
importante é considerar o desenvolvimento da criança e organizar situações que permitam a
vivência e o exercício das competências. Para cada competência, o professor e a professora irão
planejar situações desafiadoras que cada criança possa vivenciar. Muitas competências e
habilidades são desenvolvidas pela vivência das crianças pequenas em diferentes ambientes e
oportunidades oferecidas, do Berçário ao Pré II. Podemos entender também como Educação
Infantil 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
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Níveis da Educação Infantil. Fonte: elaborada pela autora.

Como podemos observar, são habilidades descritas para desenvolver um campo de


experiências. Para cada situação organizada, as possibilidades devem favorecer a participação
das crianças.

Planejamento para a educação integral


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A escola, da forma como conhecemos e concebemos, não existe mais. Ela era o lugar da
transmissão de conhecimento. Transmitir conhecimentos tinha importância em períodos em que
esse espaço representava o lugar da informação, pois a maioria da população não tinha acesso
a ela, nem às notícias. As atualizações não aconteciam de forma tão rápida como acontece
atualmente. Dependíamos da mídia impressa, do rádio e de recursos escassos para termos o
acesso à informação.
A escola era o locus da informação para a maioria da população. Mudar essa realidade exige a
ressignificação da função e do propósito da escola e da educação. Dessa forma, propor um novo
desenho curricular, que é a base da​Base Nacional Comum Curricular​​(​BNCC​),​implica,
necessariamente​,​na preparação de todos os envolvidos – docentes, estudantes, famílias, sob
pena de enfrentarmos resistência e inviabilização por falta de engajamento dos envolvidos.
Estarmos atentos aos impactos provocados pela implementação de uma nova proposta de
currículo é condição indispensável para o sucesso da BNCC. Dessa forma, faz-se necessário
propor um ciclo virtuoso, envolvendo todos os atores, quanto a:

1. Formação continuada de docentes, equipes técnicas e pedagógicas de todas as escolas


que implementaram a BNCC.
2. Análise das demandas dos desenhos curriculares de cada etapa e seus respectivos
componentes curriculares.
3. Análise das competências requeridas em cada área de conhecimento e componente
curricular.
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4. Parametrizar as alterações do desenho curricular de cada etapa, ou seja, configurar, definir,


indicar, delinear, estipular, determinar, orientar todas e todos sobre as mudanças.
5. Informar as famílias e responsáveis dos estudantes sobre as alterações e o que monitorar
na implementação da nova proposta, em cada etapa, construindo uma linha histórica da
construção a partir do ano zero, ou seja, desde a instauração da BNCC até os seus
impactos na aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.
6. Mitigar os riscos da implementação com rotina de reuniões, avaliações e identificação de
oportunidades de melhorias.
7. Criar um canal de escuta e possibilidade de replanejamento, considerando as
singularidades locais e sociais.​

Esta mudança na escola implica também na introdução da educação integral. As instituições


podem reorganizar o tempo pedagógico para desenvolver as propostas de cada etapa.

“O conceito de educação integral com o qual a BNCC está comprometida se refere à


construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens
sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes
e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. Isso supõe considerar as
diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu potencial de criar
novas formas de existir” (BRASIL, 2017b, p. 12).

A educação integral pode ser considerada uma necessidade na contemporaneidade e, em


alguns estados do Brasil, há legislações para sua implementação. Não está relacionada ao
tempo que o aluno e aluna passam na escola, mas a compreender a escola como um espaço de
aprendizagens, um espaço inclusivo com oportunidade de desenvolvimento, de acolhimento, e
como um espaço onde os estudantes possam ter as suas necessidades e interesses atendidos
no que se refere à aprendizagem. Não podemos entender a educação integral como manter os
estudantes na escola sem oportunidades, nem ter uma visão fragmentada baseada no tempo, ou
seja, com conteúdos de manhã e atividades diversificadas à tarde. O tempo pedagógico da
escola, com ensino integral, tem uma proposta coerente com as áreas do conhecimento, de
forma integrada. Para tanto, necessita-se de uma organização de espaços que possam permitir
as vivências das oportunidades oferecidas.
Dividir o tempo pedagógico, selecionar atividades e materiais podem ser o início para a
elaboração da proposta de aprofundamento nas áreas de conhecimento. Garantir o
protagonismo do estudante e dar a ele as oportunidades de ter uma educação global, inclusiva,
cidadã, com respeito e convivência com as diversidades. A escola pública ou particular deve
oferecer o tempo integral com uma intencionalidade pedagógica clara, ou seja, os professores e
professoras devem elaborar um planejamento integrado e não fragmentado. Não há necessidade
de separar componentes e conteúdo em um período e, em outro, ocupar com tarefas
complementares ou dever de casa. Esta é a oportunidade de oferecer práticas que possam dar
continuidade ao desenvolvimento e exercício das habilidades. O critério para planejamento pode
ser o interesse dos alunos por uma das unidades temáticas, o uso de laboratórios digitais, entre
outros espaços que deem continuidade às habilidades e competências previstas nos planos.
O tempo integral deve ser contemplado com aprofundamento das áreas de conhecimento e
componentes eletivos a fim de atender aos interesses dos alunos e da comunidade. Por isso, um
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planejamento entre pares, coletivo, irá oferecer oportunidades de aprendizagens ao longo do dia,
de forma que haja saberes e fazeres relacionados aos direitos, interesses e necessidades.
Lembrando que, para a educação integral, é fundamental que a jornada seja de um período entre
sete e nove horas diárias. Neste planejamento, a presença da cultura local, das demandas e
interesses das comunidades, é respeitado e atendido.
Dar ao aluno e aluna o protagonismo é promover o engajamento com o conteúdo e a prática
pedagógica. As escolas que se organizam para oferecer um tempo integral aos estudantes
consideram os quatro pilares da educação explanados no Relatório Delors para a UNESCO
(1996): Saber aprender, saber fazer, saber conviver e saber ser, como conceito de educação ao
longo de toda a vida. Assim, a escola de tempo integral, para promover uma educação integral,
deve garantir uma ambiência: espaço de trocas e vivências, um contexto intencionalmente
planejado, atividades inter-relacionadas com as áreas de conhecimento.

Videoaula: A BNCC e seus impactos no planejamento pedagógico

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O que você sabe sobre neurociências e educação? Sabia da importância das pausas entre aulas?
Neste vídeo conheceremos a contribuição da neurociência para a aprendizagem, conceitos,
práticas e orientações importantes para que o tempo na escola seja produtivo e alcance os
objetivos previstos. As práticas pedagógicas inovam e atendem às evidências científicas, que
contribuem para bons resultados nas atividades propostas, bem como para o desenvolvimento
das habilidades e competências previstas na BASE.
As pesquisas em neurociências comprovam que o processo de aprendizagem é único e diferente
em cada ser humano, e que cada um aprende o que lhe é mais relevante ou significativo.

Saiba mais
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Aluno como centro do planejamento curricular. Fonte: elaborada pela autora.

O aluno sempre deverá ser o centro do planejamento curricular e, no quadro acima,


apresentamos as partes que estão envolvidas e relacionadas. Leia mais sobre como colocar o
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aluno no centro da aprendizagem no livro Ler e escrever na escola: o real, o possível e o


necessário, de Delia Lerner (2002).
As equipes escolares, seus gestores e docentes devem adotar algumas atitudes que podem
auxiliar no enfrentamento das mudanças no contexto escolar à luz da BNCC, como estas:

1. Flexibilidade para a mudança, para o aceite de novos paradigmas, para o reconhecimento


de que “estamos” e não “somos”, de que a escola é um espaço plural, diverso e inclusivo,
onde cabem todas e todos, independentemente de suas peculiaridades e singularidades.
2. Escuta ativa, que implica no comportamento de escuta, ou seja, ouvir mais e falar menos,
fazer-se desnecessário ou suficientemente presente na vida dos estudantes.
3. Organização, saber aonde se quer chegar – ter noção do início, meio e fim, mesmo que
todas essas etapas precisem ser replanejadas e alteradas em função de alguma
necessidade emergente.
4. Disciplina, treinar corpo e mente – docente como protagonista e um incansável estudante e
investigador.
5. Liderança, ter a capacidade de tomar decisões e escolhas que poderão ir de encontro e não
ao encontro dos sistemas e regras pré-estabelecidas.
6. Criatividade, capacidade de lidar com o inusitado e com o inesperado. Somos apegados a
regras rígidas e imutáveis. Isso precisa mudar.
7. Gestão de projetos, compreender e aceitar que uma área do conhecimento e/ou um
componente curricular é um projeto que precisa ser gestado, pensado, concretizado,
acompanhado e avaliado.

Com novas atitudes teremos uma nova escola.


Leia também esse artigo que aborda a BNCC e a formação docente numa proposta de currículo
por competências.

Referências
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ALMEIDA, F. Entendendo melhor a BNCC – Base Nacional Comum Curricular. Colégio Palavra
Viva, [s. d.]. Disponível em: https://colegiopalavraviva.com.br/blog/entendendo-melhor-a-bncc-
base-nacional-comum-
curricular/#:~:text=Compet%C3%AAncia%20%C3%A9%20definida%20como%20a,e%20do%20mu
ndo%20do%20trabalho. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nºs 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho
2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de
1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à
Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Brasília, 2017a. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2017/lei-13415-16-fevereiro-2017-784336-
publicacaooriginal-152003-pl.html Acesso em: 16 jan.2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017b. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário (livro eletrônico). Porto
Alegre: Artmed, 2002.
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NEVES, G. O. de S. BNCC e formação docente numa proposta de currículo por competências.


Ensino em Perspectivas, v. 3, n. 1, p. 1-6, 2022. Disponível
em:https://revistas.uece.br/index.php/ensinoemperspectivas/article/view/8850. Acesso em 16
jan. 2023.
NOVO, B. N. Entendendo o sistema educacional brasileiro. Brasil Escola, [s. d.] Disponível em:
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/entendendo-o-sistema-educacional-
brasileiro.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Ed. Dialética, 2022.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório Delors para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.

Aula 5
Revisão da unidade

Declaração universal dos direitos humanos e a educação básica no Brasil


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A ideia desta unidade é propor uma nova articulação do que é apresentado no currículo da
educação básica com a realidade social e educacional do Brasil, proporcionando como resultado
o acesso, permanência e aprendizagem para todos os estudantes, considerando suas
necessidades e singularidades.
Você estudou a trajetória da estrutura brasileira de educação, que sempre procurou garantir os
direitos aos estudos, e agora conta com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Acompanhou as mudanças da aprendizagem, do “ler, escrever e contar” para o desenvolvimento
de habilidades previstas na BASE, do acesso à permanência e aprendizagem, da quantidade para
a qualidade em educação. Nesta trajetória é possível visualizar toda a evolução do Brasil na
garantia da equidade e de uma educação para todos, e sua presença no âmbito global de
educação. O sistema educacional brasileiro tem uma continuidade evolutiva presente nas
legislações e nas Diretrizes Curriculares promulgadas desde 1996.
A Base Nacional Comum Curricular não deixa de seguir os princípios e concepções já
promulgadas, mas, pela primeira vez, apresenta um documento norteador obrigatório, destinado
à educação básica como um todo. Ou seja, se antes tínhamos diretrizes para cada etapa, a BASE
organiza uma estrutura de aprendizagens, competências, habilidades e conteúdos de forma
gradual, em sequência horizontal e vertical, presente desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio. Entretanto, é possível identificar na trajetória da educação brasileira os objetivos de cada
época que propiciaram a evolução até os dias atuais, no século XXI. Um detalhe importante foi a
autonomia dos municípios para atender a educação básica nas escolas públicas e um programa
de financiamento repassado pelo governo federal por meio de programas e projetos.
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB/96) reforçou a necessidade de
balizar aprendizagens, mas somente em 2017, com a promulgação da Base Nacional Comum
Curricular, foram definidas como metas, pelo Plano Nacional de Educação (PNE, 2014), ações a
serem realizadas neste sentido.
A competência esperada para você, estudante, é conhecer e identificar na prática a estrutura e a
governança dos sistemas educacionais. Dessa forma, realizamos uma viagem no tempo
conhecendo os avanços da educação brasileira, a estrutura de ensino da educação básica que
vem atender à demanda por melhoria na qualidade do ensino com a proposta da Base Nacional
Comum Curricular. A Base (2017), como é denominada, é:

(...) um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo


de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus
direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua
o Plano Nacional de Educação (PNE). (BNCC, 2017 p.7)

Com este documento norteador é esperado que, com sua implementação prevista até 2024,
venhamos a superar a fragmentação das políticas educacionais no Brasil. A BASE apresenta
aprendizagens essenciais para os estudantes em todo o Brasil e dez competências gerais que
serão exercitadas de forma inter-relacionada, ou seja, estarão presentes nas práticas
pedagógicas desenvolvidas nas áreas de conhecimento nas três etapas da educação básica:
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Mas a trajetória não foi fácil, pois é
possível identificar os grandes desafios enfrentados na busca pelo acesso e qualidade na
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educação básica ofertada aos cidadãos brasileiros. Há séculos registra-se a busca de uma
educação de qualidade extensiva a todos.
Nesta unidade também conhecemos alguns programas federais destinados aos municípios e
estados para alcançar os objetivos estruturais da educação brasileira; entre eles, chamamos
atenção para o programa Educação para Jovens e Adultos (EJA). Diferente do Brasil
alfabetizado, muitos adultos não terminaram seus estudos e estão evadidos da escola. O EJA
promove a finalização dos níveis fundamental até o médio. A BNCC apresentada às equipes
escolares influenciou a revisão dos currículos, os tempos pedagógicos, as práticas pedagógicas
e a reorganização dos espaços nas escolas. Compreender as competências gerais, as
habilidades, os componentes curriculares e a metodologia integrada e focada no aluno contribui
para a construção de um currículo inovador e desafiante.

Videoaula: Revisão da unidade

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A BNCC determina os conhecimentos e habilidades essenciais que todos os aprendizes têm o


direito de aprender. Na prática, isso significa que, independentemente da região, raça ou classe
socioeconômica, todos os estudantes do Brasil devem aprender as mesmas habilidades e
competências ao longo de sua vida escolar. No vídeo apresentamos a estrutura da educação
básica e áreas do conhecimento apresentadas na Base, ressaltando a importância das práticas
pedagógicas e das inovações mediante ações que garantam as aprendizagens essenciais.
No vídeo apresentamos a estrutura da educação básica e áreas do conhecimento apresentadas
na Base, ressaltando a importância das práticas pedagógicas e das inovações mediante ações
que garantam as aprendizagens essenciais.

Estudo de Caso
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Na semana pedagógica da Escola Municipal de Educação Básica Cinderela, que atende


Educação Infantil e Ensino Fundamental, o gestor e o coordenador pedagógico organizaram uma
pauta para estudo acerca da BNCC. Prepararam a sala com uma cópia do documento para cada
professor, além de material de escrita como folhas sulfite e o quadro, apresentando as dez
competências gerais.
No primeiro momento, a coordenação apresentou a BASE como um documento que iria
substituir o currículo da escola e deveria ser incorporado aos planejamentos anual e mensal.
Caberá a cada professor e professora ler as áreas de conhecimento do Ensino Fundamental e
organizar as aulas de forma que inclua as competências gerais e específicas de cada
componente.
Ao professor e professora de Educação Infantil, cabe organizar uma tabela com os campos de
experiências relacionados aos direitos de aprendizagem.
O gestor determinou um tempo para leitura dos princípios e metas legais da BASE, coletivamente
e depois em pequenos grupos, em que professores e professoras deveriam focar na sua etapa –
Educação Infantil, anos iniciais e anos finais.
Cabe aos gestores da escola (diretor e coordenadores pedagógicos) apresentar a BASE e
acompanhar o dia a dia da implementação até a sala de aula.
Os professores, surpresos com o tempo escasso para ler e discutir o documento, pediram que a
coordenação apresentasse a BASE e uma forma de estudo para facilitar o planejamento
solicitado. Justificaram que seria difícil este estudo durante a jornada de trabalho, por não
estarem familiarizados com o processo de construção da BASE, e alguns admitiram que
desconheciam conceitos expostos pelos gestores, como Declaração Universal dos Direitos
Humanos, PNE e competências gerais e específicas.
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Os gestores da escola não tiveram tempo suficiente para se apropriar do documento e tiveram
pouca participação nas reuniões entre as escolas na apresentação da BASE. Inicialmente, cabe
aos gestores estudar o documento e planejar a forma de apresentá-lo à equipe escolar. Para
enfrentar o desafio de implementar a BNCC até 2024, é necessário compreender o material de
maneira aprofundada antes de apresentá-lo aos professores, envolver a equipe e apoiá-la no
estudo e reflexões acerca da implementação.
______
Reflita
Reflita sobre este episódio e escreva sua posição como coordenador pedagógico ou diretor
nesta semana pedagógica. Como você apresentaria a BASE à equipe escolar para que haja uma
compreensão, engajamento e construção do planejamento?

Videoaula: Resolução do Estudo de Caso

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Alguns problemas se apresentaram nesta jornada pedagógica em que os gestores (diretora ou


diretor, coordenadores pedagógicos) acabaram por prejudicar a apresentação da BASE. Enviar
com antecedência um material editado ressaltando inicialmente os tópicos de apresentação,
como o que é a BASE, as competências gerais, os marcos legais e fundamentos pedagógicos,
auxiliaria no primeiro diálogo com a equipe escolar.
Com leitura prévia, todos estariam mais curiosos e interessados em saber quais seriam as
aprendizagens essenciais, o que são componentes, campos de experiências, entre outros
aspectos. Com esta edição do documento apresentada, já conhecida pelos professores da
escola, o primeiro dia da jornada pedagógica poderia começar de forma diferente, sem pré-
conceitos. Seria possível coordenar o diálogo com professores e professoras validando a
proposta, desmistificando a ideia de que a BNCC é um currículo, pois não é focado na
organização dos direitos e áreas de conhecimento. A BASE é um documento técnico e, portanto,
não é um material simples. É preciso planejar os encontros formativos com a equipe da escola.
Uma sugestão é iniciar o estudo pelas competências gerais e entender como elas se relacionam
com os componentes curriculares. Em seguida, conhecer a proposta da BASE para a Educação
Infantil e o Ensino Fundamental, reconhecendo as siglas que ela indica, tanto no início do
documento como para cada etapa da educação.
Vamos então descobrir o universo das siglas.
Na Educação Infantil, temos direitos de desenvolvimento e aprendizagem que estão presentes no
campo de experiências, sendo que, para cada grupo etário, temos objetivos diferenciados. Veja
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este exemplo:
No campo CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS, temos a sigla EI01CG01, que significa:

EI – Educação Infantil.
01 – primeiro grupo (bebês até 18 meses).
CG – o campo de experiências citado (Corpo, Gestos e Movimentos).
01 – o primeiro objetivo de desenvolvimento e aprendizagem: movimentar as partes do
corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos.

A BASE apresenta todos os objetivos de todos os campos e cabe ao professor e professora


reconhecê-los por meio de uma leitura atenta.
Vamos ao exemplo do Ensino Fundamental:
LÍNGUA PORTUGUESA – 1º AO 5º ANO: PRÁTICAS DE LINGUAGEM, que identifica os conteúdos
de leitura, escuta e produção de texto. EF15LP01: a sigla refere-se a:

EF – ensino fundamental.
15 – do 1º ao 5º ano.
LP – linguagem e prática.
01 – o primeiro objetivo: identificar a função social de textos que circulam em campos da
vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e
nas mídias impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram produzidos, onde
circulam, quem os produziu e a quem se destinam.

Na leitura dos objetivos e habilidades propostas, para que haja uma equidade nas aprendizagens,
o planejamento implicará na busca e construção de práticas que venham a atingir os objetivos.
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BNCC na prática. Fonte: elaborada pela autora.

Resumo Visual
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Competências gerais da BNCC. Fonte: elaborada pela autora.

Referências
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014b.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2017.
Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pd
f. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA, F. JR. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro alcançou
a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
GHIRARDELLI JR, P. História da Educação Brasileira. São Paulo: Cortez, 2016
MARRA, I; GUILHERME, M. A história da educação no Brasil. Jundiaí: Paco Editorial, 2020.
SAVIANI, D. Da LDB (96) ao novo PNE (2014): por uma política educacional (livro eletrônico).
Campinas: Autores Associados, 2019.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Dialética, 2022.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional
sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.
,

Unidade 2
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BNCC: Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental

Aula 1
As 10 competências gerais da BNCC

Introdução

Você agora sabe que a Base Nacional Comum Curricular é um documento que apresenta um
conjunto de saberes a que todos os estudantes devem ter acesso, promovendo a igualdade de
aprendizagem na educação brasileira. A estrutura da BASE é organizada dentro de cada etapa da
Educação Infantil, Fundamental e Médio com orientações para a elaboração de um currículo.
Entretanto, sabemos que a BASE não é um currículo.
A BNCC e currículos têm papéis complementares, à medida que as aprendizagens propostas na
BASE acontecem por meio de decisões pedagógicas e metodológicas organizadas de forma
intencional pelos professores. Dessa forma, no currículo deve constar a seleção de metodologia
e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, que devem ser aplicadas dentro do contexto
da escola e relacionadas às áreas de conhecimento. Em complemento, há a tomada de decisões
para escolha de materiais didáticos que possam facilitar a aprendizagem dos conteúdos.
Parece complicado, mas não é. A partir do momento em que temos a clareza dos fins da BASE e
a sua estrutura, iremos planejar as aulas. É claro que termos um modelo pode ajudar, não é?
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Venha então descobrir este mundo pedagógico.

Currículo em ação

O termo “currículo” apresenta diversas definições e conceitos, estando relacionado a programas


à luz das leis educacionais que designam uma definição. O currículo constitui um dos
subsistemas do sistema educativo, que prevê a elaboração de todo um programa que
proporcionará ao estudante uma certificação de conclusão. Entre as concepções comuns,
entende-se currículo como um conjunto sequencial de matérias ou disciplinas. Um elenco de
assuntos que o aluno deve estudar dentro de uma estrutura rígida. Relaciona-se também a
definição de currículo à distribuição de horários para que os estudantes cumpram as atividades
previstas. O termo currículo também pode ser definido como programas de ensino para uma
modalidade da educação básica. Por exemplo, na disciplina Língua Portuguesa há um currículo
com matérias distribuídas por séries, que apresentam pré-requisitos para avançar nos conteúdos
previstos em cada nível.
No processo educacional podemos reconhecer algumas inovações quanto à definição do
currículo, colocando-o em um patamar de ação, ou seja, o currículo pode ser um modelo
organizado de todas as experiências de aprendizagem proporcionadas pela escola. Nesta
definição temos como marco a legislação em vigor e as orientações metodológicas. Este
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conjunto de experiências educativas é vivenciado pelos alunos na escola, que prevê o


planejamento anual garantindo ambiência, recursos didáticos e tempo pedagógico. Entretanto, o
currículo pressupõe uma intenção, um objetivo. Nos dias atuais, após a promulgação da LDB/96,
do PNE, de 2014, e da Base Nacional Comum Curricular (2017), a educação básica tem a clareza
do objetivo geral, dos conteúdos ou saberes essenciais e a orientação dos processos de
aprendizagem.
Dessa forma, a definição de currículo pode ser um plano de aprendizagem, podendo ser
emergente a fim de acomodar as necessidades e interesses inerentes a cada escola. Porém,
garantem-se as mesmas oportunidades para todos os estudantes. Práticas educativas estão
relacionadas à ação e, assim, cabe aos docentes descobrir estratégias, recursos e estímulos
para que ocorra a aprendizagem. Para que haja ação do estudante, é preciso que haja vontade de
aprender – um interesse em saber e saber fazer, no processo de exercer competências das
linguagens, entre outras áreas do conhecimento.
E o que diz a BASE? A BNCC e currículos têm papéis complementares que asseguram as
aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da educação básica, enfatizando que tais
aprendizagens só se concretizam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo
em ação. Entendemos então que a BASE não é um currículo, mas faz parte dele. Os sistemas de
educação vêm, ao longo destes anos, elaborando currículos que atendem às especificidades das
diretrizes curriculares já promulgadas, e agora devem incorporar às propostas pedagógicas
temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global. A BNCC
não utiliza mais disciplinas ou matérias, mas sim componentes.
Fica claro que os currículos em movimento continuam com a inclusão da nova estrutura de
apresentação dos conteúdos. Definir a intenção é o primeiro passo na construção de um PPP
(Projeto Político-Pedagógico), que envolve desde a secretaria municipal e estadual de ensino até
as escolas, os conselhos, e as oportunidades de aprendizagem nas salas de aula. O primeiro
passo é estudar a BNCC, seus fundamentos pedagógicos e a organização das áreas em cada
modalidade. A BASE apresenta dez competências gerais que perpassam toda a educação
básica, do Infantil ao Médio.
As competências gerais são trabalhadas nas práticas pedagógicas de todos os campos de
experiências e componentes e são definidas como a mobilização de conhecimentos (conceitos),
habilidades, atitudes e valores para solucionar demandas simples e complexas da vida cotidiana
(BRASIL, 2017, p. 8).

As competências na BNCC
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A Base Nacional Comum Curricular apresenta as competências gerais que se inter-relacionam e


se desdobram no tratamento didático proposto para cada etapa. Essas competências gerais
perpassam toda a educação básica e podem ser desenvolvidas por meio de práticas
pedagógicas. Elas destinam-se aos alunos de forma a garantir uma formação integral e, por isso,
não há um componente específico para esta formação; elas não estão presentes em uma área
de conhecimento ou em uma unidade temática a ser desenvolvida pelo docente – elas estarão
presentes de forma transdisciplinar, contempladas em todos os componentes. Transdisciplinar é
quando não há limites entre as disciplinas e, agora na BNCC, entre os componentes. Não temos
como estudar as competências gerais sem citá-las. As dez competências gerais da Base
Nacional Comum Curricular acompanham o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos e
alunas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Vamos conhecê-las detalhadamente?

1. Conhecimento: no processo de ensino-aprendizagem os estudantes devem valorizar os


conhecimentos já construídos.
2. Pensamento científico, crítico e criativo: a importância de proporcionar situações para que
os estudantes investiguem, reflitam, resolvam problemas, criem soluções e exercitem a
imaginação e a criatividade.
3. Repertório cultural: é preciso que a escola e cada docente valorizem as manifestações
culturais (artes em geral) engajando os alunos e alunas na participação destas práticas.
4. Comunicação: a importância de se utilizar diferentes linguagens para expressar ideias,
sentimentos e experiências. Loris Malaguzzi, educador italiano, tem um poema que nos
conta que a criança tem cem linguagens, mas a escola acaba por usar apenas uma. As
diversas linguagens, auxiliando no exercício da convivência, podem ser o estudo das
línguas, artes em geral, mundo digital, informática, corpo e movimento, entre outras.
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5. Cultura digital: é preciso que os estudantes compreendam esta cultura digital e possam
utilizar e criar caminhos para comunicar, mas também para o uso de pesquisa, para obter
informações, resolver problemas e utilizar como ferramenta de apoio às práticas
escolares.
6. Trabalho e projeto de vida: no Ensino Médio, o projeto de vida faz parte das práticas
pedagógicas, mas só será possível pensar sobre isso com o exercício ao longo dos anos
escolares de situações em que os estudantes possam ter consciência das suas
aprendizagens/conhecimentos e saibam utilizá-las na vivência da cidadania.
7. Argumentação: desde a Educação Infantil, um dos direitos é expressar ideias, fatos,
sentimentos e, ao longo da vida escolar, o estudante deve aprender na convivência a
apresentar suas ideias, respeitando os pontos de vista diferentes dos seus. O uso de fatos
ou informações fidedignas auxilia a argumentação, por exemplo, em um projeto coletivo ou
em grupo.
8. Autoconhecimento e autocuidado: um dos quatro pilares da educação, do Relatório Delors,
é aprender a ser. Esta competência relaciona-se diretamente a saber cuidar de si,
reconhecendo sua identidade, suas capacidades, tendo o autocuidado no aspecto físico e
mental. Ao conhecer suas emoções e sentimentos, o estudante saberá cuidar de si e
conviver com os outros, respeitando a individualidade de cada um.
9. Empatia e cooperação: ser empático é colocar-se no lugar do outros. Assim, os estudantes
devem exercer a empatia conhecendo, respeitando e valorizando a diversidade dos
indivíduos e dos grupos sociais. Mente aberta, sem preconceitos. Aprender a conviver é
uma arte e atuar de forma cooperativa implica o exercício das competências já citadas.
10. Responsabilidade e cidadania: desde sempre, todo indivíduo deve exercer a
responsabilidade por seus atos. É preciso aprender a ter respeito, cooperação, agindo com
autonomia e tomando decisões que não prejudiquem o outro. Ter consciência de sua
cidadania e exercê-la de forma ética.

Vamos a um exemplo de uma prática pedagógica da competência COMUNICAÇÃO. Os docentes


devem abrir espaços e situações para favorecer a discussão de temas, escutar e valorizar a
visão crítica de alunos ou suas ideias. A arte da escuta precisa ser desenvolvida pelos
estudantes para evitar incidentes como bullying ou cyberbullying. Isto configura a comunicação
não violenta (CNV). Outros exemplos: criar um evento para vender soluções escolares com uma
moeda criada pela escola; ou um jornal utilizando várias ferramentas de comunicação e
linguagem com o tema “consumo responsável”. Trabalhar em times com três ODS (objetivos do
desenvolvimento sustentável) escolhendo o tema, criando roteiro de apresentação, preparação
do cenário, trilha sonora e edição.

A prática pedagógica nas etapas da educação básica


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A BASE estrutura a educação básica em três etapas, e em cada uma apresenta uma orientação
para o planejamento curricular com especificidades. Agora, você é convidado a refletir acerca
delas:
Educação Infantil
A Educação Infantil como primeira etapa da educação básica apresenta como base os seis
direitos de desenvolvimento e aprendizagem: Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e
Conhecer-se. Estes seis direitos devem estar contemplados nas situações organizadas para o
protagonismo da criança. Podem servir também como critério de escolha das situações ao
perguntar: esta atividade promove a participação, o brincar, a exploração?
A Educação Infantil está organizada em três grupos por faixa etária, de forma que o
planejamento deve considerar o desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional de cada
uma: o primeiro grupo é formado por bebês (0-18 meses); o segundo por crianças muito
pequenas (19 meses a 3 anos e 11 meses) e o terceiro, por crianças pequenas (4 anos a 5 anos e
11 meses). A partir dos 6 anos, as crianças já frequentam o Ensino Fundamental. A proposta
estabelece cinco campos de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se
desenvolver.
A BNCC (BRASIL, 2017) cita os cinco campos:

O eu, o outro e o nós.


Corpo, gestos e movimentos.
Traços, sons, cores e formas.
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Escuta, fala, pensamento e imaginação.


Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

É importante destacar que estes campos acontecem simultaneamente e não devem ser
fragmentados em semanas, meses ou projetos.
Ensino Fundamental
Atende às crianças matriculadas no 1º ao 9º ano. É o período mais longo da educação básica.
Organiza-se em áreas do conhecimento com seus componentes curriculares e competências
específicas. Tanto nos anos iniciais como nos anos finais do Ensino Fundamental, as práticas
pedagógicas são desenvolvidas por meio de unidades temáticas, que definem objetos de
conhecimento e habilidades. Os componentes curriculares de cada área de conhecimento do
Ensino Fundamental são:

1. Linguagem (língua portuguesa, artes, educação física e língua inglesa).


2. Matemática.
3. Ciências da natureza.
4. Ciências humanas (geografia, história).
5. Ensino religioso.

Ensino Médio
Antes o Ensino Médio tinha 12 disciplinas, mas a BNCC apresenta uma nova estrutura em que os
alunos participam de componentes obrigatórios e podem escolher componentes eletivos
oferecidos pela escola. A opção de itinerários formativos contempla um aprofundamento em
áreas do conhecimento ou educação profissional, apresentando áreas eletivas na formação e o
componente Projeto de Vida, que é obrigatório desde o primeiro ano do Ensino Médio.
Para a construção de práticas pedagógicas, a escola deve oferecer situações para a vivência de
componentes eletivos e itinerários ou rotas de aprendizagem. Cabe ao docente assumir a
intencionalidade educativa relacionada à organização dos espaços, recursos, situações e
experiências de aprendizagem, bem como à vontade política, e fazer um planejamento. O que é
intencionalidade? A intencionalidade pedagógica acontece quando os professores vão além do
simples planejamento e agem de forma adequada para alcançar objetivos essenciais no
processo de ensino-aprendizagem.
Para a BNCC (BRASIL, 2017), a intencionalidade educativa ou pedagógica aparece em todas as
atividades docentes que envolvem a organização e a promoção de experiências estimulando os
estudantes a conhecer a si e ao outro, além de compreender relações com a natureza, com a
produção científica e com a cultura e os objetos de conhecimento. Definir a intenção é o primeiro
passo na construção de um planejamento, preparando a cenografia, os bastidores para que a
ação aconteça. Se buscamos educação para todos, buscamos uma aprendizagem significativa
para todos, o que demonstra a importância de um projeto de engajamento coletivo da escola na
construção de ações intencionalmente planejadas e organizadas.
As situações planejadas atendem aos interesses e às necessidades dos estudantes? E da
equipe? Há crescimento profissional da equipe? A escola tem se tornado eficaz? Quais aspectos
educacionais podem ser aprimorados? O PPP corresponde às expectativas sociais e reais?
Estas e tantas outras questões podem fazer parte de reuniões constantes da equipe. Trocar
informações com os pares favorece a construção de um plano pedagógico de aula ou de um
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projeto de forma mais clara e eficaz. Para cada modalidade, devemos organizar estratégias que
englobem desde a organização dos espaços até os recursos, o tempo pedagógico e os meios de
avaliação.
Um exemplo para os docentes criarem projetos para desenvolver as competências gerais na
escola:

1. Reconhecer a fórmula CHAVE para discutir as ações pedagógicas que possam qualificar
cada competência. Competências-Habilidade-Atitudes-Valores- Empreendedorismo.
2. Debater e planejar situações de ensino e de aprendizagem que irão colaborar para o
exercício pelos estudantes das dez competências da BNCC.
3. Dialogar em grupo acerca das práticas pedagógicas que “possam desenvolver autonomias
dos alunos e sejam responsáveis pelas suas ações individuais e coletivas com
consciências cidadã” (SOUZA, 2020, p. 150).

Videoaula: As 10 competências gerais da BNCC

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Neste vídeo, você descobrirá a proposta gradual das habilidades indicadas na BNCC e suas
áreas de conhecimento e campos de experiências. A crescente complexidade sugere a
necessidade do docente de reconhecer a estrutura da educação básica como um todo e as
concepções de currículo, criança e adolescente a fim de organizar práticas pedagógicas que
possam promover o exercício de habilidades. Isto é importante porque uma habilidade prevista
na Língua Portuguesa no 2º ano, por exemplo, irá depender de outras que foram exercitadas na
Educação Infantil e que serão utilizadas nos anos seguintes. Apresentaremos a estrutura da
BNCC para a educação básica, com destaque para as práticas pedagógicas e os componentes
do Ensino Fundamental.

Saiba mais
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Você sabia que a BNCC também exige que a instituição escolar habilite os estudantes para
desenvolverem aspectos de liderança, trabalho em equipe, controle emocional, entre outros?
Desse modo, o diretor pode realizar um treinamento com o corpo docente para aplicar aulas
focadas, justamente, nesse ponto. Até porque a implementação de tais habilidades
socioemocionais deve acontecer por meio de etapas, iniciando com a adequação do currículo e a
formação dos professores. Em seguida, será preciso revisar as matrizes de avaliação e, por
último, o material didático.
Saiba mais lendo o artigo 8 coisas que todo educador precisa saber sobre a BNCC.

Referências
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BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação


nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
ELEVA PLATAFORMA. 8 Coisas que todo educador precisa saber. Somos Educação, 2020.
Disponível em: https://blog.elevaplataforma.com.br/bncc-o-que-todo-educador-precisa-saber.
Acesso em: 25 jan. 2023.
MEDEL, C. Ensino Fundamental 1. Práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
PERRENOUD. P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre, RS: ArtMed, 1999.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Conhecimento, 2020.
SUANNO, M.; DITTRICH, M.; MAURA, M. Resiliência, criatividade e inovação: potencialidades
transdisciplinares na educação. Goiânia: UEG, 2013.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório Delors para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 2007.

Aula 2
Educação Infantil na BNCC
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Introdução

Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica, e a BNCC, respeitando as premissas


dos documentos legais promulgados anteriormente, como as Diretrizes Nacionais Curriculares
da Educação infantil e os Referenciais da Educação Infantil, apresenta uma estrutura organizada
por CAMPOS de EXPERIÊNCIAS. Cada campo enfatiza uma área do conhecimento e deve
contemplar os direitos de desenvolvimento e aprendizagem.
É um desafio para professores organizar um planejamento que trabalhe de forma integrada os
campos e direitos, mas atende à proposta de interação, protagonismo infantil, e às competências
de autonomia, responsabilidade, iniciativa e comunicação, entre outras. A prática pedagógica na
Educação Infantil não é construída separando os campos de experiências, nem com aulas
específicas para atender aos direitos. Os direitos prevalecem nas situações intencionalmente
organizadas, e uma dica importante é utilizar os direitos de desenvolvimento e aprendizagem
como roteiro de avaliação para saber se aquela situação prevista os atende ou não. Para tanto,
precisamos conhecer melhor os direitos e os campos. Vamos estudá-los?

Direitos de desenvolvimento e aprendizagem


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Os direitos de aprendizagem, apresentados pela BNCC, estão presentes nos projetos político-
pedagógicos das instituições que ofertam Educação Infantil, porém, para que se efetivem de
fato, esses direitos devem conduzir as ações dos atores educacionais, mobilizando desde a
organização dos espaços, tempos e materiais até a maneira como o professor planeja as
atividades. A etapa de Educação Infantil na BNCC reforça a concepção de criança competente
que constrói seus conhecimentos, é sociável, criativa e entusiasta em explorar o mundo ao seu
redor. Com esta concepção de criança, a escola e o currículo se organizam em práticas
pedagógicas que atendam aos direitos de desenvolvimento e aprendizagem.
Se as crianças são ativas, observadoras, curiosas, impetuosas, questionadoras e com
competências e habilidades distintas, tanto cognitivas como emocionais, devemos então prover
uma adequação da prática pedagógica com novas metodologias e abordagens bem exitosas,
influenciando o cotidiano das instituições de Educação Infantil. A prática pedagógica deve
proporcionar experiências de aprendizagem que atendam aos interesses e necessidades das
crianças, com metodologias impactantes, tornando as experiências inspiradoras em sequências
graduais do Maternal à Pré-escola (0 a 5 anos e 11 meses). Estas práticas devem estar alinhadas
à Base Nacional Comum Curricular.
Desde a Educação Infantil, o foco serão as metodologias ativas que constituam a criação de
situações de aprendizagem para a criança, que exercitem o pensar, a interação, exploração de
valores e habilidades e a convivência com os outros, reconhecendo a si mesmo e aos demais.
Vale destacar que, na Educação Infantil, a presença do lúdico e do brincar é a metodologia ativa
que envolve e engaja todas as crianças.
Os eixos da BASE para a Educação Infantil são: brincadeira e interação. Vamos conhecer os seis
direitos de desenvolvimento e aprendizagem e os campos de experiências que estruturam o
currículo da Educação Infantil descritos na BASE, e que orientam o cotidiano das escolas que
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atendem essa faixa etária. A imagem a seguir explicita os seis direitos e a descrição, no âmbito
da BNCC, de cada um.

Seis direitos de desenvolvimento e aprendizagem. Fonte: elaborada pela autora.

Brincar: todas as formas, locais, tempos e recursos disponíveis. O brincar e a brincadeira


fazem parte do cotidiano na Educação Infantil. No faz-de-conta, nas múltiplas experiências,
nos desenhos, nas situações de explorar, participar, expressar e conhecer-se.
Explorar: formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos,
histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes
sobre a cultura em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
Expressar: seus sentimentos, emoções, ideias, experiências corporais, emocionais,
sensoriais, cognitivas, sociais e relacionais.
Participar: com outras crianças e com adultos de atividades da vida cotidiana, como
escolher as brincadeiras, materiais, vivenciando as diferentes linguagens.
Conviver: com outras crianças em pequenos grupos e em grandes grupos, utilizando
diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, e agindo com respeito
em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
Conhecer-se: no processo de construir sua identidade, desenvolver uma imagem positiva
de si mesmo. Por meio de brincadeiras e interações (eixos da Educação Infantil), a criança
aprende também as rotinas de autocuidado.

Estes direitos não são atendidos separadamente, ou seja, não há um momento para participar,
outro para brincar e outros para conviver. O currículo da Educação Infantil baseia-se nos campos
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de experiências nos quais estes direitos são garantidos e vivenciados a partir de situações
organizadas pelo docente no espaço e ambiente que recebe os grupos de crianças. Melis (2018)
afirma que o espaço tem dimensões para a vivência das experiências infantis. Ele atua como
marco das condições necessárias para garantir o direito de ser criança. Assim, para planejar
experiências nos espaços é preciso ter uma organização que permita às crianças transformar,
criar e ressignificar sua realidade, estimulando-a à criatividade por meio do brincar, da resolução
de problemas e da cooperação.
O espaço pode ser um ambiente comum e, ao mesmo tempo, reunir dimensões diferenciadas:
uma maior para grupos grandes, outra menor, mas sem oferecer cantos esquecidos ou deixados
de lado para ninguém se sentir perdido. Um espaço onde o mobiliário é adequado às faixas
etárias, é lúdico e de fácil acesso, os recursos estão acessíveis e disponíveis. Já os materiais
comunicam indicações de uso, dando identidade e reconhecimento das áreas organizadas
como: áreas abertas, semiabertas, amplas ou pequenas para a realização de atividades calmas.
Fortunati (2016) afirma que, quando organizamos o espaço, oferecemos às crianças
oportunidades cotidianas de convivência, mas, se as colocarmos sempre nas mesinhas e
mantivermos os mesmos grupos em todas as atividades dirigidas, em que momentos elas
poderão trocar ideias, ouvir e falar sobre sentimentos, inventar e fazer de conta? Todo contexto é
um pano de fundo para que a criança, protagonista, venha a exercitar sua curiosidade, fazer
descobertas e viver relações sociais tanto dentro da sala, como junto à natureza, ou seja, ao ar
livre. Em resumo, na Educação Infantil temos um currículo baseado nos campos de experiências
em que garantimos, por meio das situações intencionalmente organizadas, os direitos das
crianças de se desenvolver e aprender.

Campos de experiências: um olhar sequencial


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Os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da educação básica são as
interações e a brincadeira. Situações organizadas para as crianças se apropriarem de
conhecimentos por meio da ação, das interações que vivenciam com outras crianças e adultos.
Na jornada cotidiana das instituições, as crianças brincam, se desenvolvem e aprendem. “Os
campos de experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as
experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos
conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL, 2017, p. 40).
Os cinco campos de experiências relacionam-se com os objetivos de desenvolvimento e
aprendizagem para todas as etapas: bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas. Estão
organizados de forma a contemplar áreas do conhecimento de forma integrada, ou seja, nos
aspectos físico, emocional, social, cognitivo e relacional. Todavia, o agrupamento da BNCC para
Educação Infantil prevê três grupos etários, como já apresentamos, portanto é preciso considerar
que há diferentes ritmos na aprendizagem destes grupos. Este é um item a ser considerado no
planejamento e na implementação das práticas pedagógicas. Como já indicado nas DCNEI
(BRASIL, 1999), a situações de aprendizagem devem ser ofertadas em pequenos grupos. Dessa
forma, o docente pode observar as crianças e organizar oportunidades para seu
desenvolvimento. Os campos de experiências, no âmbito da BNCC, são descritos a seguir, com
exemplos:

1. O eu, o outro e nós: as crianças aprendem desde cedo a distinguir e expressar seus
sentimentos, sensações, emoções e pensamentos. Este campo valoriza a própria
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identidade, oportuniza o reconhecimento das diferenças e o respeito à identidade do outro.


As práticas pedagógicas seguem uma sequência gradual de complexidade. Para os bebês,
haverá situações, materiais e tempo necessários para a descoberta e livre expressão.
Entretanto, para as crianças de 5 anos, as práticas pedagógicas mudam, pois,
considerando a idade e o desenvolvimento físico, cognitivo e social, elas poderão vivenciar
situações de conflitos, fazer novas descobertas acerca de si mesmas, entre outras
aprendizagens.
2. Corpo, gestos e movimento: as situações organizadas contemplam música, dança, teatro,
faz de conta, inter-relacionando as diferentes linguagens e formas de expressão e
proporcionando a vivência das linguagens artísticas e culturais.
3. Traços, sons, cores, formas: as crianças podem realizar produções culturais, desenhos,
modelagem, vivenciar canções utilizando gestos e descobrindo ritmos, vivendo a
intensidade dos sons.
4. Escuta, fala, pensamento e imaginação: oportunidades para a criança ouvir e narrar
histórias, conversar, aproximar-se do mundo das imagens, letras, números, palavras e
textos. Imagine um espaço organizado para brincar de casinha ou supermercado, onde as
crianças imitam adultos, inventam uma conversa entre si, exploram materiais como livros,
bloco de notas, utilizam dinheiro de faz de conta... Podemos ver este campo e os direitos
garantidos.
5. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações: as crianças podem interagir,
relacionar, buscar compreender a natureza que as rodeia e aprender noções de espaço e
tempo como hoje, ontem, amanhã, antes e depois, frente e atrás, entre outros conceitos, ao
brincar, por exemplo, em uma caixa de areia ou água.

Prática pedagógica
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Planejar para a Educação Infantil é compreender que, para cada um dos cinco campos de
experiências, deve-se respeitar o grupo etário para o qual se destina a prática pedagógica, e
verificar em cada situação organizada quais direitos estão sendo garantidos. A BASE apresenta
uma série de competências específicas para cada campo de experiência, correspondendo a cada
faixa etária, garantindo uma interação que vai da simples à mais complexa.
Veja este exemplo do campo de experiências EU, O OUTRO E NÓS:

1. Bebês (0 a 1 ano e 6 meses) (EI01EO01): perceber que suas ações têm efeitos nas outras
crianças e nos adultos.
2. Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) (EI02EO01): demonstrar
atitudes de cuidado e solidariedade na interação com crianças e adultos.
3. Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) (EI03EO01): demonstrar empatia pelos
outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras
de pensar e agir. Podemos perceber que, ao trabalharmos este campo para diferentes
idades, vamos modificando os objetivos.
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Agora analisaremos a presença dos direitos nestas atividades referentes ao campo de


experiências citado acima:

Grupo 1: Estica e puxa. Fazer furos em diferentes tampas coloridas e passar um fio,
passando-o também pelos furos de um escorredor de macarrão, amarrando o barbante nas
extremidades com um nó. As crianças irão explorar à sua maneira, ouvindo os sons
produzidos pelas tampinhas e notando sua movimentação. Direitos: brincar, explorar,
participar.
Grupo 2: De quem é esta sombra? Colocar um objeto na frente de uma lanterna, ou uma
figura de outra criança da turma. A criança observa, compara, elabora uma resposta e
aumenta seu vocabulário. Direitos garantidos: brincar, participar, explorar e comunicar.
Grupo 3: Caminho. Moldes de contornos de pés e mãos de diferentes tamanhos e cores
são colados no chão e as crianças devem andar colocando mãos e pés nos respectivos
moldes por todo o caminho construído. Direitos garantidos: explorar, brincar, participar,
conhecer-se (identidade e corpo). Se relacionarmos com as competências gerais, iremos
identificar a autonomia, a responsabilidade e o conhecimento que irão adquirir ao pensar
sobre a sua ação.
Sugestão de planejamento para a Turma 3: crianças pequenas.

Campo de experiência: escuta, fala, pensamento e imaginação. Fonte: elaborada pela autora.

A BASE apresenta quadros contemplando os campos de experiências, e cabe aos docentes criar
oportunidades para que a criança vivencie estas competências e habilidades. Para cada grupo
etário, deve ser feito um planejamento diferenciado considerando o desenvolvimento humano. É
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importante pensar na evolução das oportunidades oferecidas para que haja uma presença
gradual de dificuldades e propostas.
Por isso, reforçamos a necessidade de um planejamento coletivo em que todos os docentes
conheçam o que virá depois de cada situação vivida pelas crianças em um momento e que esta
mesma competência terá continuidade e será fortalecida. Uma aprendizagem não acontece
numa única atividade vivenciada. As crianças aprendem brincando, imitando, repetindo,
explorando, registrando e, assim, as propostas devem ser oferecidas em vários momentos e com
recursos diversos, ou com a mesma atividade em um novo contexto. Exemplo: realizar uma
leitura de uma história com apoio de um livro. Contar a mesma história com apoio de fantoches e
dramatizá-la com fantasias.

Videoaula: Educação Infantil na BNCC

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Nesse vídeo, convidamos você a conhecer a organização dos ambientes para a realização das
práticas pedagógicas que contemplam os campos de experiências e os seis direitos de
aprendizagem. Apresentamos imagens comentadas sobre os materiais, rotina e tempo
pedagógico na Educação Infantil, e discutimos o papel do docente como organizador de
oportunidades.
Uma possibilidade de trabalho na Educação Infantil com crianças bem pequenas é a organização
dos cantos de experiência, também chamados de cantos de aprendizagem ou cantos temáticos.
Os professores da creche e da pré-escola podem utilizar essa ferramenta para viabilizar ações
autônomas individuais e coletivas durante o brincar.
As crianças bem pequenas terão a oportunidade de escolher onde querem brincar e o professor
vai realizando intervenções nas brincadeiras, com questionamentos e propostas para as
crianças.
Alguns questionamentos que podem ser feitos pelo professor: O que você está fazendo? Quem
está brincando com você? Como utilizamos esse objeto? Que tal construir um castelo com essa
massinha?
As crianças atuam com os objetos e os descobrem por meio da exploração. É assim que os
objetos se tornam significativos para elas. Exemplos de cantos que viabilizam múltiplas
experiências: Canto da cozinha, Canto do salão de beleza, Canto das farinhas, Canto do banho de
boneca, Canto da arte, Canto da literatura, Canto das atividades de repouso, Canto de recreio ao
ar livre e Canto do papel.
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Vejamos como articular os objetivos de aprendizagem para a creche com a proposta de


organização dos cantos de experiência.
O eu, o outro e o nós:
Bebês de zero a um ano e seis meses
(EI01EO01) Perceber que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos.
(EI01EO03) Interagir com crianças da mesma faixa etária e adultos ao explorar espaços,
materiais, objetos e brinquedos.
(EI01EO06) Interagir com outras crianças da mesma faixa etária e adultos, adaptando-se ao
convívio social.
Crianças bem pequenas
(EI02EO01) Demonstrar atitudes de cuidado e solidariedade na interação com crianças e
adultos.
(EI02EO03) Compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária e
adultos.
(EI02EO06) Respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras.
Corpo, gestos e movimentos:
Bebês de zero a um ano e seis meses:
(EI01CG03) Imitar gestos e movimentos de outras crianças, adultos e animais.
(EI01CG05) Utilizar os movimentos de preensão, encaixe e lançamento, ampliando suas
possibilidades de manuseio de diferentes materiais e objetos.
Crianças bem pequenas
(EI02CG03) Explorar formas de deslocamento no espaço (pular, saltar, dançar), combinando
movimentos e seguindo orientações.
(EI02CG05) Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para
desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.
Além dos objetivos apresentados, também é possível identificar o atendimento de objetivos
correspondentes aos campos de experiência, traços, sons, cores e formas, escuta, fala,
pensamento e imaginação e espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Venha
assistir a esse vídeo incrível!

Saiba mais
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Este é mais um exemplo de práticas a serem organizadas para as crianças na Educação Infantil,
no campo de experiências “Espaço, tempo, quantidade, relações e transformações”:
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Campo de experiências Espaço, tempo, quantidade, relações e transformações. Fonte: elaborada pela autora.

Os direitos das crianças na Educação Infantil dependem da ação de todos os profissionais da


instituição, responsáveis pela organização dos tempos, espaços, materiais e processos que se
fazem necessários para oferta de Educação Infantil de qualidade. Mas qual é a importância do
planejamento? Ele é elemento central, garantindo a intencionalidade pedagógica balizada pelos
objetivos de aprendizagem. Para que os direitos se efetivem no planejamento, o professor deve
organizar atividades diversificadas, contemplando os campos de experiência de forma integrada
às múltiplas linguagens.
Com a finalidade de assegurar que as crianças tenham papel ativo nas práticas cotidianas, é
importante que vivenciem desafios, ou seja, situações intencionalmente preparadas para
provocar, gerar curiosidade e produzir significados sobre o mundo e sobre si. Os campos de
experiência integram situações cotidianas vividas pela criança e os conhecimentos que fazem
parte do nosso patrimônio cultural. É hora de explorar: vamos conhecer os campos de
experiência e algumas características. Imaginemos que você precisa organizar um planejamento
para uma turma de 5 anos da pré-escola.
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O que trabalhar de modo a contemplar os campos de experiência. Fonte: elaborada pela autora.

Os direitos de desenvolvimento e aprendizagem devem estar garantidos nas práticas


pedagógicas.
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Referências

ARAUJO, M.; TUBELO, L. Brincando com bebês e crianças pequenas. Rio de Janeiro: Ed. Supimpa,
2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CEB nº 1, de 7 de abril de 1999. Institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 1999. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf. Acesso em: 25 jan. 2023.
FORTUNATI, A. Por um currículo aberto ao possível: o protagonismo das crianças e educação.
Itália: La Bottega di Geppetto, 2016.
GOLDSHMIED, E. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MELIS, V. Espaços em educação infantil. 2ªed. São Paulo: Scortecci, 2018.
MELIS, V. Práticas pedagógicas para crianças de 0 a 3 anos. Descobrindo o mundo da educação
infantil. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2019.
NOVA ESCOLA. Revista Digital. Disponível em: https://novaescola.org.br/ Acesso em: 10 nov.
2022.

Aula 3
Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental na BNCC
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Introdução

A Base Nacional Comum Curricular aborda as modalidades da educação básica e, na Educação


Infantil, organiza o currículo com cinco campos de experiências desenvolvidos em
oportunidades, organizadas para garantir a interação e a brincadeira. Como pano de fundo,
temos seis direitos ao desenvolvimento e aprendizagem para três grupos etários. Na etapa
seguinte, temos o Ensino Fundamental, que organiza o currículo de outra forma. Entretanto,
destaca-se também a transição que ocorre entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental.
A criança inicia o Ensino Fundamental de nove anos aos 6 anos de idade e, para que não haja
uma ruptura entre as práticas vivenciadas na Educação Infantil e a nova forma de realizar as
atividades inerentes aos anos iniciais, a BASE destaca a presença da ludicidade. A escola deve
evitar uma ruptura no cotidiano vivido pela criança egressa da Educação Infantil e organizar um
planejamento para que os componentes sejam apresentados e vivenciados respeitando as dez
competências gerais da BASE, porém, garantindo que o desenvolvimento dos componentes
curriculares, agora do Ensino Fundamental, sejam trabalhados ludicamente.
Agora, vamos descobrir os componentes do Ensino Fundamental e as metodologias indicadas,
lembrando que o lúdico deve estar sempre presente. Mas será que brincar é perda de tempo?
Deve haver uma hora para brincar? Vamos buscar estas respostas!

Ludicidade
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O Ensino Fundamental é a etapa mais longa, voltada a alunos de 6 a 14 anos. Portanto, devemos
ter um cuidado especial na elaboração do currículo para os anos iniciais e anos finais do Ensino
Fundamental. Os anos iniciais vão do 1º até o 5º ano e, depois, o que conhecemos como
Fundamental II vai do 6º até o 9º ano. A ludicidade está presente em toda a educação básica, de
forma intensa na Educação Infantil, como metodologia, promovendo uma transição para o
primeiro ano do Ensino Fundamental, o que facilita uma adaptação mais fluida para os
estudantes. Mas do que se trata a ludicidade? A ludicidade exerce um papel fundamental no
processo de desenvolvimento. Brincar desenvolve a inteligência, a expressão de sentimentos, a
percepção e aprendizagem, os relacionamentos interpessoais, a satisfação e a capacidade de
lidar com desafios.
A ludicidade não se restringe a tempo, espaço, lugar ou cultura. Crianças brincam às margens do
rio, ao ar livre, com a natureza, que com seus objetos e símbolos chama à atenção. Exploração,
manipulação e criatividade são ações essenciais para a promoção de um desenvolvimento
saudável. Assim, quando a criatividade é aplicada às escolas, os alunos aprendem, criam,
inovam e transformam. A criança aprende explorando, descobrindo, registrando, criando e
brincando quando interage com objetos e pessoas ao seu redor, promovendo o exercício das
habilidades sociais e relacionais. Para aprender, a criança precisa tocar, sentir, perceber, analisar,
comparar, testar, escolher, criar, errar e acertar. Essas etapas são fundamentais para entender o
sentido, a utilidade e as possibilidades da construção autônoma, frente a um conceito ou uma
habilidade.
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A aprendizagem só é possível por meio do lúdico e de objetos representativos de organizações e


regras do mundo real a serem explorados. Ludicidade e atividades lúdicas são expressões de um
mesmo conceito. A ludicidade estimula e mobiliza as funções neuropsicológicas, como: a
atenção, a percepção (auditiva, tátil, visual), a orientação temporal e espacial, a linguagem oral e
escrita, a memória, as ações motoras, as práxis, o raciocínio, os cálculos e as funções executivas
(planejamento, organização e inibição). Ao mesmo tempo, integra os aspectos psicoafetivo,
cognitivo, motor, social e cultural do ser humano. Brincar, jogar, criar e representar, entre tantas
outras ações lúdicas, com o uso dos mais diversos materiais e objetos, atribuindo-lhes os mais
diferentes significados, sejam eles caracterizados pela ação prática (presentes na brincadeira
sensório-motora), simbólicos (presentes na brincadeira do faz-de-conta) ou de regulação
recíproca (presentes nos jogos de regras), promove a construção do conhecimento, a
ressignificação da realidade e o equilíbrio diante do mundo (OLIVEIRA, 1998; GIMENES;
PERRONE, 2020. p.35).
Neste período de transição entre a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, a
aquisição da língua escrita constitui uma das mais importantes ferramentas no exercício da
cidadania. O indivíduo letrado pode ter acesso aos bens culturais e interferir em seu ambiente.
Nos anos iniciais, a escola deve organizar oportunidades lúdicas, como jogos, mas não no
sentido da competição ou do poder. Este conceito encaminha para uma prática pedagógica que
contempla jogos, brincadeiras em grupos, com materiais estruturados, com elementos da
natureza, na arte, na educação física, na matemática e nas ciências. O lúdico está presente no
desenvolvimento das situações de aprendizagem pois considera a ação do estudante como
ponto essencial no processo de aprender a aprender e a fazer.
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Organização da BNCC para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Fonte: elaborada pela autora, de acordo com a BNCC
(BRASIL, 2017).

Aprendizagem lúdica
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Aprendizagem lúdica tem como foco o estudante que assume seu papel de protagonista. Ele
vivencia dinâmicas que promovem a interação e o engajamento dos estudantes Já os jogos são
atividades que dão prazer, e a escola apresenta diferentes situações para que os estudantes
tenham prazer intelectual, o prazer em aprender. Jogos físicos que envolvem o corpo, jogos
sensoriais e cognitivos, jogos de imaginação e fantasia, jogos de tabuleiro clássicos e novos, são
alguns exemplos de situações lúdicas que devem estar presentes nas práticas pedagógicas da
Educação Infantil ao Ensino Médio. O que se altera é a complexidade das atividades e das regras
dos jogos.
O uso efetivo do lúdico envolve os docentes e a escola, pois estes devem acreditar na função
educativa dos jogos, do brincar, da vivência lúdica. Não é destacar o brincar, mas utilizar a
ludicidade para apresentar atividades ou situações de aprendizagem utilizando jogos. Há um
quadro bem conhecido de Pieter Bruegell que retrata uma série de jogos no ano de 1560. Ao
observarmos este quadro percebemos que o lúdico permeia a história da humanidade com jogos
medievais, de guerra, de poder, entre outros.
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Jogos. Fonte: Wikiart.

As crianças que iniciam nos anos iniciais do Ensino Fundamental trazem muitas expectativas e
requerem adaptação para se integrar ao novo grupo de estudantes e à nova rotina de estudos.
Assim, os docentes dos anos iniciais devem promover brincadeiras motoras, jogos,
dramatizações, brinquedos cantados, dentro e fora da sala de aula. Quando se inicia o processo
de aquisição da leitura e escrita, cabe aos docentes criar situações lúdicas para o letramento.
Nada de ensinar a decorar o alfabeto, mas utilizar músicas, histórias, bonecos, mascotes.
Aprender a ler é adquirir uma cultura, é aprender a mobilizar a inteligência, estabelecer relações
entre palavras, letras e imagens, formular perguntas, elaborar respostas, levantar hipóteses. Todo
contexto escolar do Ensino Fundamental, em especial nos anos iniciais, configura-se nos
significados das palavras e frases apresentando uma diversidade de textos e, assim, exercitando
nos alunos uma atitude de ler e produzir textos que expressam suas ideias, sentimentos e
interesses. Os livros podem estar à mostra em uma estante, ser apresentados dentro de um
contexto organizado e utilizados como recurso para descobrir novas palavras. O que pode estar
neste ambiente de leitura: escritos sociais como panfletos, propagandas e folhetos, revistas de
carros, lista telefônica, guia turístico, catálogos, atlas, livros sobre insetos, animais, revista em
quadrinhos e livros.
Os livros devem variar entre volumes com e sem imagens, livros com poemas, livros com
histórias clássicas como A Bela Adormecida, Cinderela, Peter Pan, entre outros. Considerando as
orientações das Diretrizes Nacionais Curriculares (1999), o ideal é organizar o ambiente da sala
de aula para que a vivência das situações planejadas aconteça em pequenos grupos; dessa
forma, é possível a interação social. Também é interessante a presença de um canto ou área
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onde o material de leitura ficará exposto, permitindo que os alunos possam acessar, buscar o
material que desejar rever ou descobrir, nos momentos de atividades de livre escolha.
Uma sugestão é ter um encontro diário com os livros com uma prática que tenha duração de 10
minutos. Para instalar este hábito, o docente pode criar um ambiente em sua sala ou ir até a sala
de leitura/biblioteca e permitir a exploração de livros, com ação livre. Um dia conta-se uma
história, em outro, apresenta-se um livro diferente como o atlas. O importante é que o docente
esteja atento e interaja com os alunos e alunas, formulando perguntas ou despertando
interesses. Este é o primeiro passo para o início de novas práticas pedagógicas: uma roda de
conversa sobre autores, capas de livros, personagens, situações, os ambientes das histórias,
entre tantas outras demandas que estimularão o engajamento das crianças, memorizando,
recordando e expressando suas opiniões.

Práticas lúdicas pedagógicas nas áreas de conhecimentos

O Ensino Fundamental é dividido em duas fases – anos iniciais e anos finais – dando se muita
atenção à progressão, ou seja, à autonomia dos estudantes e crescente complexidade das
habilidades previstas em cada componente curricular. A Base Nacional Comum Curricular
apresenta as seguintes áreas do conhecimento: LINGUAGEM (os componentes são língua
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portuguesa e inglesa, arte e educação física); MATEMÁTICA; CIÊNCIAS DA NATUREZA; CIÊNCIAS


HUMANAS; e ENSINO RELIGIOSO.
A passagem da Educação Infantil para os anos iniciais do Ensino Fundamental ocorre de forma
gradual, com um docente responsável por ano, dialogando com os campos de experiências e as
unidades de ensino dos anos iniciais. O salto maior será a passagem para os anos finais, quando
haverá uma multiplicidade de docentes. O ensino religioso não se dará com foco confessional,
mas para conhecer e respeitar cultos, credos e tradições, lembrando sempre que a escola
pública é laica.
Importante!
Aqui estão algumas sugestões práticas para as áreas de conhecimento:
LINGUAGEM:

1. Palavra escondida. O docente irá dizer algumas pistas e os alunos e alunas devem
encontrar as respostas nos livros expostos na roda de conversa. Ex: voa e não tem penas;
tem folhas e não se rega; são pretas como a noite sem luar.
2. Frase fantasma. Selecionar livros ou histórias e dar pistas. As crianças devem encontrar a
frase que atende às três condições: tem brilho, está à direita, tem quatro palavras que
começam com BRA.
3. Brincar de garçom. Algumas crianças se agrupam em mesinhas, enquanto outras devem
ouvir os pedidos de comida da mesa e levar para o chef. Uma atividade de memória
fonológica.

Projetos como evolução das moradias, da moda, dos meios de transportes, lendas brasileiras, do
povo indígena, entre outros temas.
MATEMÁTICA:
A proposta da matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve promover a
compreensão dos conceitos e a resolução de problemas, exercitar a comunicação dos conceitos
matemáticos, ter uma relação positiva e interesse em aprender matemática, formular perguntas
e buscar respostas. Jogos e recursos lúdicos auxiliam na ambiência das atividades.

1. Bingo: organizar cartelas numeradas e suas quantidades para o docente sortear números
que estão dentro de uma sacola. Pode ser uma atividade individual ou em pequenos grupos
com uma cartela maior, feita com papel sulfite A4. Pode ser uma atividade semanal e as
crianças ou equipe acumulam pontos. Ao final do mês, por exemplo, podem ganhar livros
ou levar um livro da escola para ler com a família.
2. Boliche. A mesma metodologia acima, mas com garrafas pet pintadas com números para ir
contando pontos e acumulando pontos em equipe.
3. Jogo de tabuleiro: dama ou jogo da velha.

ARTES:
A confecção de trabalhos artísticos como pintura, desenho, modelagem, dança, música e teatro
favorecem as crianças. Experimentar, conhecer e interagir com diversos materiais e
procedimentos e estabelecer uma relação de confiança e respeito com as culturas expressas nas
artes.
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1. Artes visuais: desenho, pintura, colagem são produzidos para a livre expressão, mas podem
ocorrer após o contato com livros de arte, gravuras e quadros de artistas. Uma ideia é
realizar uma pesquisa acerca de um pintor brasileiro – Portinari ou Tarsila do Amaral, por
exemplo – para descobrir e relatar os materiais utilizados, as cores e os temas. Observar
obras regionais e dialogar acerca das produções e seus autores. Utiliza-se também esta
metodologia para música e teatro.
2. Estudo e produção da arte africana, da arte indígena, da arte barroca. Uma atividade lúdica
de descoberta, experimentação e criação.

CIÊNCIAS:
Na área de conhecimento das ciências, o espaço pode ser um grande aliado. Trabalhar os seres
vivos implica em realizar pesquisas com todas as classificações, desde insetos e aves até
mamíferos e anfíbios, e até mesmo construir um terrário ou um aquário. Jogos de memória com
animais em uma classificação, exposição de plantas, flores e pedras criam oportunidades para
envolver as famílias e trabalhar o tema da sustentabilidade. Podemos utilizar as artes para
vivenciar os conceitos na área de ciências. Exemplo: músicas de animais, colagens, pinturas dos
planetas. As áreas de arte e ciências podem ser complementadas com visitas, excursões e
passeios. Veja esta prática que atende linguagem, matemática, ciências e arte.

1. Em uma mesa plana, ou uma caixa baixa de madeira, ou uma caixa de camisa, colocamos
pouca areia colorida espalhada. Separe objetos para manipular, explorar e identificar
características. Coloque um pouco de areia em uma caixa, suficiente para cobrir o fundo.
Ofereça um saquinho de objetos, como potinhos descartáveis, peneiras, colher e garfo de
plástico, para as crianças explorarem a quantidade construindo uma sequência, do mais
leve ao mais pesado. Com os dedos ou utilizando os talheres de plástico, podem desenhar
na areia, traçar números e letras ou escrever palavras. É uma atividade lúdica que pode ser
oferecida em duplas. Conversar sobre a propriedade de todos os objetos nesta atividade
proporciona um debate sobre a origem e sua utilização.

Videoaula: Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental na BNCC

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Você sabe a diferença entre brincadeira, brincar e brinquedoteca? Muitas escolas oferecem um
espaço chamado “brinquedoteca” e os alunos o utilizam da mesma forma que uma biblioteca.
Uma substitui a outra? Neste vídeo vamos apresentar as diferenças conceituais e de
funcionamento, bem como trazer algumas atividades lúdicas que podem fazer parte do cotidiano
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educacional. A escola como comunidade de aprendizagem tem o lúdico presente em tudo, desde
as cores utilizadas nos espaços físicos, a localização de avisos e painéis e, é claro, as salas de
aula, onde o estudante vive, atua, interage e aprende por meio de situações em que sua
participação é privilegiada e sua ação é prazerosa.
Os cursos de formação de professores não enfatizam o brincar como metodologia. Dar luz ao
brincar, na formação de professores, tem sido uma forma de enfrentamento de uma cultura
calcada em alguns pressupostos que precisam ser revistos, dentre eles, o assistencialismo. A
ausência da formação de qualidade para atender as crianças na Educação Infantil e uma cultura
da homogeneidade são fatores que nos levaram e continuam nos levando a repensar a maneira
de olhar a escola, a formação escolar e a infância. Para que o brincar ocupe um lugar
proeminente na formação de professores, é preciso antes compreender o jogo, o brinquedo e a
brincadeira como elementos potenciais da infância (TEIXEIRA, 2020, p. 135).

Saiba mais

Alfabetizar, na perspectiva do letramento, é a todo momento levar as questões sociais para


dentro da escola e, no processo inverso, possibilitar que as aprendizagens construídas nos
espaços escolares façam sentido e sejam colocadas em prática na vida dos estudantes. Esse
trabalho nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, segundo a BNCC, deve buscar a
aproximação da criança com os códigos do nosso sistema de escrita, a decodificação, o trabalho
com materiais gráficos e diferentes representações desta escrita.
São ações que perpassam todas as áreas do conhecimento e favorecem um trabalho
contextualizado e interdisciplinar. Durante muito tempo, a competência leitora e escritora se
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restringia ao componente curricular de Língua Portuguesa, e o que temos é a necessidade de


romper com essa ideia, considerando que ler e escrever são indispensáveis para o
desenvolvimento de saberes, independentemente da área de conhecimento.
Vejamos como isso aparece em cada área do conhecimento, rompendo mais uma vez com a
ideia de que alfabetizar e letrar são responsabilidades apenas do componente curricular de
Língua Portuguesa:

Artes: relação com diferentes formas de linguagem (verbal e não verbal).


Educação Física: trabalho com produções que representem suas vivências nas práticas
corporais.
Matemática: fala-se sobre o letramento matemático aproximando a criança da matemática
do dia a dia.
Ciências: temos o letramento científico, com a compreensão e interpretação do mundo à
nossa volta.
Geografia e História: atribuir sentidos na relação entre o ser humano e o meio.

Outro ponto de atenção evidente na BNCC é o olhar para o letramento digital, vinculado
diretamente à cultura digital que objetiva o engajamento e o uso mais consciente dos recursos,
aproveitando seu potencial de comunicação e suas relações com o contexto social.
Temos ainda os multiletramentos sendo citados, considerando a diversidade cultural como
elemento indispensável para a construção das aprendizagens e desenvolvimento de
competências e habilidades.
Leia os seguintes artigos:
O lugar do brinquedo e do brincar na educação básica: uma proposta de pé no chão.
A importância do brincar na educação infantil. Trabalho de conclusão de curso (TCC) -
Graduação em Pedagogia.
Pesquise mais sobre esse assunto com as seguintes leituras:
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE, R. Ludicidade,
Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo:
WAK, 2020.
O livro Brincar e educar: conceitos, práticas e inspirações apresenta 108 artigos lúdicos, ou seja,
ideias de jogos e brincadeiras dentro e fora da sala de aula que contribuem para o processo de
criatividade e aprendizagem:
AQUINO, T.; ARAÚJO, C. dos S.; PINES JUNIOR, A. Brincar e educar: conceitos, práticas e
inspirações. Rio de Janeiro: Supimpa, 2021.

Referências
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AQUINO, T.; ARAÚJO, C. dos S.; PINES JUNIOR, A. Brincar e educar: conceitos, práticas e
inspirações. Rio de Janeiro: Supimpa, 2021.
GIMENEZ. B.; PERRONE, R. O brincar na visão da Neurociência. In: GIMENEZ, B.; PERRONE, R.
Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida
(V. 1). São Paulo: WAK, 2020. p. 25-33.
GOMES, C. F. O lugar do brinquedo e do brincar na educação básica: uma proposta de pé no
chão. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. 3, p. 1236–1249,
2020. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/12425.
Acesso em: 17 jan. 2023.
MEDEL, C. Ensino Fundamental 1: Práticas pedagógicas. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
MELIS, V. Memórias do brincar: um resgate junto aos professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE,
R. Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de
vida. São Paulo: WAK, 2020.
MENEZES, L. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil, 2018
OLIVEIRA, V. B. O símbolo e o brinquedo: a representação da vida. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
SILVA, J. P. et al. A importância do brincar na educação infantil. Trabalho de conclusão de curso
(TCC) - Graduação em Pedagogia. Alagoas: Universidade Federal de Alagoas, 2020. Disponível
em: https://www.repositorio.ufal.br/handle/riufal/7804. Acesso em: 17 jan. 2023.
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE, R. Ludicidade,
Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo:
WAK, 2020.
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Aula 4
Áreas do conhecimento da BNCC para os anos iniciais do Ensino Fundamental

Introdução

Ao analisarmos as áreas de conhecimento previstas para o Ensino Fundamental, verificamos a


necessidade de estudarmos todas as áreas e seus componentes, pois todos devem ser
trabalhados de forma integrada. Esta interação inicial pode ser compreendida na lógica comum
presente nas competências gerais. Cada momento pedagógico planejado, seja semanal ou
mensal, deve valorizar as competências e habilidades previstas em cada área do conhecimento,
e colocar em prática aprendizagens previstas em outras áreas também.
Lembrando que competências são um conjunto de habilidades e conhecimentos a serem
desenvolvidos pela prática, e habilidades são qualidades que todos os estudantes devem possuir
para realizar uma atividade. Assim, temos em cada componente, cada unidade de ensino e cada
área habilidades a serem exercitadas pelo estudante ao participar de uma prática
intencionalmente organizada. Resumindo: para ser competente é preciso ter determinadas
habilidades. Se você sabe dirigir um carro com a mão firme ao volante, fazer balizas, dirigir nas
ruas e estradas, você tem habilidade, mas a competência você aprendeu na autoescola.
Nesta aula, vamos sugerir caminhos para a realização de planos didáticos que possam promover
a integração de áreas e a implementação das competências. Vamos aprofundar áreas do
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conhecimento da BNCC para os anos iniciais do Ensino Fundamental e conhecer práticas


possíveis.
Vamos!

Competências específicas

A BNCC apresenta no Ensino Fundamental áreas de conhecimento nas quais se inserem os


conteúdos dos componentes curriculares. É possível identificar estratégias para apresentá-los,
representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, tendo como base a
realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas. Isso implica na
organização interdisciplinar dos componentes curriculares e em adotar estratégias mais
dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem. Como
já pudemos constatar, a visão de um sujeito ativo, curioso, competente, social e participativo
requer a vivência de práticas que oportunizem esta ação.
Cabe ao professor selecionar e propor situações, metodologias e estratégias didático-
pedagógicas diversificadas, garantindo nestas práticas ritmos diferenciados e conteúdos
complementares. As estratégias didático-pedagógicas auxiliam no engajamento e na motivação
dos estudantes quando vivenciam situações que lhes permitem pensar, comunicar e agir com os
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objetos de conhecimento. No âmbito da BASE temos cinco áreas do conhecimento que


permeiam os nove anos.
Nos anos iniciais, do 1º ano ao 5º, estas áreas são desenvolvidas por um docente em cada
turma, podendo oferecer atividades e conteúdos complementares para as escolas de tempo
integral. Do 6º ao 9º ano, o estudante terá a especialidade de cada área do conhecimento e não
mais um professor por turma. Em cada área de conhecimento, a BASE apresenta competências
específicas, cujo desenvolvimento deve ser promovido ao longo dos nove anos de maneira
gradual, e que estão diretamente relacionadas às dez competências gerais.
A BNCC destaca que são as:

“competências específicas que possibilitam a articulação horizontal entre as áreas,


perpassando todos os componentes curriculares, e também a articulação vertical, ou
seja, a progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino
Fundamental – Anos Finais e a continuidade das experiências dos alunos,
considerando suas especificidades”. (BRASIL, 2017, p. 28)

Para facilitar ao docente estas duas articulações, a BNCC sugere as unidades temáticas de
ensino nas quais podem ser colocadas as competências e habilidades para cada etapa da
Educação Fundamental. A área da Linguagem, por exemplo, inclui música, dança e teatro,
possuindo dez competências específicas que sinalizam ao docente como devem ser
organizadas as práticas pedagógicas. De compreender a língua como fenômeno cultural,
histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como
meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem, a
apropriar-se da linguagem escrita para participar da cultura letrada, envolver-se com maior
autonomia e protagonismo na vida social.
Para tanto, a Linguagem promove o seu emprego nas interações sociais, incluindo analisar
informações, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de
acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial
transformador e humanizado na experiência com a literatura, além de mobilizar práticas da
cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais. O direcionamento é para a
utilização de diversos textos, desde a literatura clássica e de ficção até catálogos, em situações
em que o debate e a argumentação sejam estimulados.
O mesmo ocorre com a Matemática, Ciências da Natureza e Humanas (componentes História e
Geografia), Artes, Ensino Religioso e Educação Física. Em cada área é sugerida a organização de
unidades temáticas para um estudo ativo, com objetos do conhecimento e habilidade separados
por ano escolar, do 1º ao 9º ano. Na área Ensino Religioso, a BASE sugere práticas que
contribuam com a construção de atitudes por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e
das filosofias de vida. Trata-se de um espaço de aprendizagens, do conhecimento respeitoso das
tradições culturais, e, para tanto, vale-se de experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos
permanentes para o acolhimento da interculturalidade, direitos humanos e a cultura da paz.
A área de Linguagem está estruturada para ser desenvolvida ao longo dos nove anos. Já a área
da Matemática é dividida em blocos: do 1º ao 5º ano; 6º e 7º; 8º e 9º anos, contribuindo para a
flexibilização horizontal.
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Planejamento possível

Para aprofundarmos nosso estudo acerca da estrutura curricular do Ensino Fundamental,


apresentamos uma prática pedagógica que favorece o entendimento. Vamos analisar a Área de
Conhecimento, relevando as competências específicas:
LINGUAGEM: apresentando um exemplo de plano destinado ao 6º até o 9º ano.
O desafio docente é graduar esta prática de linguagem de forma que, nos anos informados,
todos tenham a oportunidade de desenvolver esta habilidade por meio de diferentes práticas e
competências específicas. Na área da linguagem temos a descrição das competências
específicas presentes neste plano, conforme a BASE:

Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de


natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação
da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e
linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo,
ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a
construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. [...]
Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
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escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir
conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
(BRASIL, 2017, p. 65)

A partir das competências específicas, temos que verificar as práticas de linguagem sugeridas
na BASE e as habilidades.

Práticas de Linguagem. Fonte: elaborada pela autora.

Qual é a ação docente neste exemplo? Organizar as oportunidades para que as habilidades
sejam desenvolvidas. Para isso, deve selecionar com antecedência o material que será
apresentado em sala de aula e organizar o tempo pedagógico para desenvolver as habilidades
necessárias procurando a interdisciplinaridade. Ou seja, usar conteúdos já explorados em outras
áreas do conhecimento. O que nos leva à integração de áreas, transdisciplinaridade.
Para o 6º ano, será mais interessante ter uma atividade utilizando ou criando pesquisas e, em
seguida realizar a escrita de um relatório. Experimentar a realização de um podcast com um
tema da atualidade, que pode ser uma campanha de vacinação, ou uma gincana. Isto porque o 6º
ano é um espaço novo de aprendizagem, considerando a presença múltipla de especialistas das
áreas. A cada ano, apresentamos situações e materiais mais complexos e científicos e uso de
espaços que a escola pode oferecer.
Vamos a outro exemplo, na área da Matemática.
Plano de aula para 5º ano do ensino Fundamental:

1. Unidade temática: números. Áreas integradas: Matemática e Ciências da Natureza.


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2. Objetivo: os estudantes devem conhecer e identificar as diferentes fontes de energia na


utilização da energia em domicílio. Analisar a conta de luz: tipos, bandeiras e valores dos
domicílios dos estudantes.
3. Competências gerais da BNCC previstas: Conhecimento; Pensamento científico, crítico e
criativo; Comunicação; Trabalho e projeto de vida; Argumentação; Empatia e cooperação;
Responsabilidade e cidadania.
4. Práticas pedagógicas possíveis: o docente deve inicialmente ter informações acerca dos
recursos de energia renováveis e não renováveis. Realizar uma pesquisa e apresentação
coletiva das fontes renováveis de energia no Brasil; conversar sobre o que eles sabem a
respeito dos diferentes tipos de fonte de energia. Para isso, você pode utilizar as sugestões
de perguntas: Quais as fontes de energia utilizadas no Brasil? Qual a principal fonte de
energia utilizada no Brasil? Como ela é produzida? Qual a fonte de energia mais utilizada
em sua região? Dialogar acerca dos fatores que comprometem a utilização dos serviços de
energia: chuvas, secas, vento, entre outros. Quais os impactos na vida e na sociedade
quando consumimos energia de forma consciente? Para atividade de análise da conta de
luz, pode-se utilizar contas das famílias dos estudantes ou a conta da escola. O que
podemos analisar nesta prática? A data do vencimento da conta, valor a ser pago e as
contas da casa em um painel comparativo entre as contas trazidas pelos alunos, debater o
consumo consciente, etc.
5. Sistematização: para sistematização deste estudo, o componente de Língua Portuguesa é
integrado utilizando as habilidades de escrever relatórios, organizando manuais de
orientação para consumo, elaborar gráficos e painéis com os recursos de energia do Brasil
e do mundo. Uma pesquisa na área das Ciências promove situações de investigação para o
reconhecimento de demandas energéticas no mundo. Ao analisarmos duas sugestões
exemplificadas de cada área de conhecimento, o docente utilizou uma unidade temática,
integrando as habilidades a serem desenvolvidas e a relação com as competências gerais.
A leitura das competências específicas de cada área de conhecimento indica as
habilidades a serem desenvolvidas e orienta a seleção e construção de práticas
pedagógicas.

Práticas pedagógicas
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Apresentaremos reflexões e sugestões para a inclusão das competências gerais e específicas


das áreas do conhecimento do Ensino Fundamental. A demanda cognitiva das atividades de
leitura, por exemplo, deve aumentar progressivamente desde os anos iniciais do Ensino
Fundamental até o Ensino Médio. Os estudantes participam de situações de leitura que
apresentam uma complexidade crescente de experiências, que vão desde identificação de
gêneros dos textos à prática de escrita mais requintada que permite a compreensão de relatório
de pesquisa. Em cada etapa e em cada componente, teremos competências específicas e, para
as unidades temáticas, habilidades necessárias. Este será o guia para elaboração de uma prática
a ser desenvolvida em aula.
Entretanto, para exemplificar melhor as competências específicas, habilidades de uma área do
conhecimento e seus componentes, iremos às Ciências da Natureza. Consideraremos as dez
competências gerais, que são direitos fundamentais da aprendizagem e que se concretizam nas
denominadas habilidades, que englobam práticas cognitivas, socioemocionais e éticas. As
Ciências da Natureza têm correspondência com as dez competências gerais, pois favorecem a
formação científica, como investigar, refletir, resolver questões, empregar linguagens, conhecer-
se e explicar a realidade natural.
As áreas temáticas na primeira etapa do Ensino Fundamental devem ter uma articulação entre
elas, como, por exemplo, o estudo das espécies no letramento. As Ciências da Natureza estão
organizadas em três unidades temáticas, a saber: Matéria e energia; Vida e evolução; Terra e
universo. Para cada unidade temática, teremos habilidades a serem vivenciadas e componentes
curriculares. É importante destacar que as unidades temáticas serão desenvolvidas durante os
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anos do Ensino Fundamental, sendo uma habilidade para cada ano, e assim em uma sequência
progressiva crescente.
Vamos a um exemplo de unidade temática na área de Ciências:
UNIDADE TEMÁTICA: Vida e Evolução nos anos iniciais:
1º ano: localizar, nomear e representar graficamente por meio de desenhos o corpo humano e
suas funções.
2º ano: investigar a importância da água e da luz para as plantas e geral.
3º ano: descrever e comunicar as alterações no homem e animais desde o nascimento,
diferenciar 3º ano a vida nos meios terrestres e aquáticos.
4º ano: a produção de alimentos, medicamentos, entre outros, e a participação do meio.
5º ano: o sistema circulatório do homem, os nutrientes, e aparelho digestivo.
Com esta leitura podemos perceber a progressão e a interação possível com outras áreas. Para
descrever algo, usaremos a linguagem, que já estará oferecendo práticas de letramento e
leituras; com as artes, promovendo situações de desenho, recorte e colagem; e, assim, vamos
interacionando as áreas e atendendo às competências gerais e específicas. Dessa forma,
podemos destacar a presença de competências específicas e habilidades separadas por
componentes em cada área do conhecimento (MENEZES, 2019).
Vejamos este outro exemplo de como uma unidade temática pode envolver as áreas e
conhecimento. Cria-se uma situação como a roda de conversa para discutir três Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Os estudantes trabalham em grupos ou
duplas os três ODS sugeridos e, após o acesso às ilustrações da ODS, devem criar uma
apresentação criativa para todos da sala.
Quais as competências gerais atendidas? Quais as áreas de conhecimento integradas? Já
pensou nisso? Vamos então às respostas.
As ODS se relacionam com todas as áreas do conhecimento como linguagem, oralidade, escrita
com os desenhos, a matemática se usarmos os gráficos para comparar, as ciências que estão
diretamente ligadas às demandas do mundo atual. Competências gerais? Conhecimento,
comunicação, empatia e cooperação no trabalho em grupos ou duplas, responsabilidade e
cidadania.

Videoaula: Áreas do conhecimento da BNCC para os anos iniciais do Ensino


Fundamental

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Você quer saber mais acerca das ODS? Neste vídeo demonstramos a relação das ODS com as
áreas de conhecimento e os componentes curriculares na criação de práticas pedagógicas que
estimulem os alunos a inserir os temas atuais e mundiais nas atividades que envolvam
pesquisas narrativas, intervenções e informações para a sociedade civil.
Um exemplo: Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos. Você reconhece a
interligação da BNCC, das legislações e ODS? Vamos aprender juntos!

Saiba mais

Agora, como forma de pensarmos na aplicabilidade e, mais uma vez, na relação destas
informações com a prática docente, vamos analisar duas situações hipotéticas que usaram
como ponto de partida a seguinte habilidade:

(EF02GE11) Reconhecer a importância do solo e da água para a vida, identificando


seus diferentes usos (plantação e extração de materiais, entre outras possibilidades)
e os impactos desses usos no cotidiano da cidade e do campo. (BRASIL, 2017, p.
373)

Essa habilidade pertence à área de conhecimento Ciências Humanas, componente curricular


Geografia, unidade temática “Natureza, ambientes e qualidade de vida” e o objeto de
conhecimento vinculado a ela é “os usos dos recursos naturais: solo e água no campo e na
cidade”.
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O professor da turma A, para contemplar o que estava descrito na BNCC, optou por organizar a
turma em grupos, realizou a leitura de uma reportagem que falava sobre as queimadas e, na
sequência, organizou uma roda de conversa com a turma para que discutissem os impactos das
queimadas e os prejuízos para o ambiente, considerando não apenas o solo, mas também a
poluição atmosférica. Em seu planejamento descreveu como objetivos:

Reconhecer os impactos causados pelas queimadas.


Discutir formas de mitigar os danos provocados pelas queimadas.
Propor estratégias que conscientizem as pessoas sobre os impactos causados pelas
queimadas.

Na turma B, o professor planejou os seguintes objetivos:

Identificar a importância do solo para a vida dos seres vivos.


Citar os diferentes usos do solo.
Reconhecer a interferência do ser humano no solo e seus principais impactos.

Para o alcance destes objetivos, organizou uma tempestade de ideias com a turma e construiu
uma lista coletiva com a percepção dos estudantes sobre a importância do solo para os seres
vivos. Em seguida, apresentou um estudo de caso sobre como o mau uso do solo levou à
extinção de alguns seres vivos. Em grupos, a turma realizou uma pesquisa, buscando identificar
a interferência humana no solo, e sistematizou as discussões, relacionando as descobertas com
a lista construída coletivamente no início da sequência didática.
Qual das duas propostas se relaciona, de forma mais significativa, com o desenvolvimento
proposto na habilidade?
Não se trata de dizer que uma proposta é melhor ou pior. O que pretendemos é analisar a relação
das práticas pedagógicas, de forma intencional, com o que está apresentado na BNCC.
Desta forma, a proposta desenvolvida na turma B possui uma progressão cognitiva que aproxima
o estudante do que temos explicitado na habilidade. Desde o planejamento dos objetivos até a
sequência de atividades, a relação com o objeto de conhecimento fica estabelecida, por isso a
intencionalidade no uso de todos os conceitos apresentados é essencial.
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Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Fonte: AGENDA... ([s. d.]).

Este quadro demonstra os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Os Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o
meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de
paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão
contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil.
Saiba mais sobre as Nações Unidas e ODS.

Referências
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AGENDA 2030 / 17 ODS. FURG - Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, [s. d.].
Disponível em: https://ppgcs.furg.br/agenda-2030. Acesso em: 17 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
DELORS, J. Relatorio para a UNESCO da Comissão internacional sobre educação para o século
XXI. 10ª Ed. São Paulo: Cortez/ MEC/ UNESCO, 2006.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
GTSC. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a
Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável (GTSC), [s. d.]. Disponível em:
https://gtagenda2030.org.br/ods/. Acesso em: 26 jan. 2023.
MENEZES, L. C. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil, 2018.
MENEZES, L. C. As ciências da natureza para o ensino Fundamental na Base Nacional Comum
Curricular. In: O futuro alcançou a escola? São Paulo: Ed. do Brasil, 2019. p. 18.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Homepage. Nações Unidas Brasil, c2023. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br. Acesso em: 26 jan. 2023.
SOUZA, P. H. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.

Aula 5
Revisão da unidade
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Organização da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental

Parabéns, nesta unidade você pode conhecer os marcos diferenciados da Base Nacional Comum
Curricular, as dez competências gerais que são definidas no âmbito da BASE como uma
mobilização de conhecimento e habilidades que, em ação, contribuem para a transformação da
sociedade para que seja mais justa. As competências gerais descritas na BASE estão
organizadas em três blocos: cognitivas, comunicativas e socioemocionais. Elas estão alinhadas
à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A partir das competências gerais, a
BASE organiza as etapas da educação básica: a Educação Infantil e o Ensino Fundamental,
respeitando o desenvolvimento das crianças e promovendo as aprendizagens essenciais para
cada etapa.
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla três grandes grupos.
Para cada grupo, há uma graduação de habilidades a serem exercidas nas situações organizadas
pelo docente, que deve ficar atento a um cuidado pedagógico para a passagem ou transição do
Infantil para o Fundamental, que acontece no 1º ano, quando as crianças têm seis anos, sem
ruptura, preservando o lúdico, que continuará no processo de aprendizagem como uma
metodologia.
A organização dos campos de experiências e os direitos de desenvolvimento e aprendizagem na
Educação Infantil apresentam uma continuidade de habilidades a serem exercitadas. A escola de
Educação Infantil é compreendida como um espaço vivo, onde a criança aprende brincando e, ao
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ter contato com situações previamente organizadas, ela explora, participa, conversa, conhece-se
e interage com os outros ao seu redor. Os eixos desta etapa, como consta na BASE, são
brincadeiras e interação, marcando a identidade deste período da educação básica. Planejar para
a Educação Infantil é compreender que, para cada um dos cinco campos de experiências, deve-
se respeitar o grupo etário para o qual se destina a prática pedagógica e verificar em cada
situação organizada quais direitos estão sendo garantidos.
Não esquecendo os grupos etários que, pela primeira vez, destaca: bebês, crianças muito
pequenas e crianças pequenas, indicando a revisão de práticas, materiais e até mesmo espaços
das escolas.
Já o Ensino Fundamental organiza-se em áreas do conhecimento. Cada área apresenta
componentes curriculares com competências específicas que guiam as oportunidades de
aprendizagem em uma sequência vertical e horizontal. A criança inicia o Ensino Fundamental de
nove anos aos 6 anos de idade e, para que não haja uma ruptura entre as práticas vivenciadas na
Educação Infantil e a nova forma de realizar as atividades inerentes aos anos iniciais, a BASE
destaca a presença da ludicidade.
A escola, por meio dos docentes, pode criar uma ruptura para a criança ou organizar um
planejamento para que os componentes sejam apresentados e vivenciados respeitando as dez
competências gerais da BASE. Nesta perspectiva, a BASE, sendo um documento normativo,
propõe que todos os alunos e todas as alunas, crianças e pré-adolescentes tenham as mesmas
oportunidades de aprendizagem, o que identifica como aprendizagens essenciais, destacando a
presença do lúdico em todas as etapas.

Videoaula: Revisão da unidade

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Neste vídeo, você terá a oportunidade de reconhecer as dez competências e as especificidades


da Educação Infantil, as práticas pedagógicas e os currículos da educação do Ensino
Fundamental, destacando um momento de transição entre as duas etapas, que não deve ser um
rito de passagem, mas sim um processo em que são consideradas as sínteses dos
conhecimentos e habilidades adquiridos, promovendo a continuidade das aprendizagens, bem
como o acolhimento neste novo momento, às vezes com mudança de espaço físico escolar.
Também veremos a importância de se planejar momentos pedagógicos nos quais as crianças
sintam-se seguras e saibam que são capazes de fazer, o que garante segurança em enfrentar as
mudanças inevitáveis.
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Estudo de Caso

A Professora Bia, carinhosamente chamada de Tia Bia pelas crianças, é responsável pela turma
de 6 anos que inicia o Ensino Fundamental. Estudou a BASE e, atenta às orientações, iniciou seu
planejamento mensal para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo
integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, como estabelece o
documento. Além do acolhimento e adaptação, ela sabe que o foco deve ser o que a criança
sabe e é capaz de fazer, e não o que falta a ela. A escola onde Bia atua como docente inclui a
turma do 1° ano no mesmo espaço institucional da Educação Infantil, o que colabora com a
transição e as adaptações a serem vivenciadas pelas crianças. Em seu planejamento, ela
considerou uma síntese das aprendizagens, tendo como referência os campos de
aprendizagens, considerando que as crianças já são capazes de coordenar suas habilidades
manuais.
Tia Bia já planejou jogos com os nomes próprios da turma para leitura e identificação das letras
iniciais de cada nome. Como já se expressam por meio das artes visuais, utilizando diferentes
materiais, a aquisição da língua escrita fará uso de lixas, pincéis e tintas para atividades com
letras e números. Na Educação Infantil, as crianças vivenciaram inúmeras situações de convívio
social, manifestando respeito pelo outro e respeito às regras; assim, trabalhar em pequenos
grupos para realizar atividades é o ponto de partida. Uma aprendizagem referente à linguagem
foi vivenciar situações nas quais as crianças puderam conhecer diferentes gêneros e portadores
textuais, demonstrando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como
fonte de prazer e informação. Dessa forma, Tia Bia seleciona livros de histórias, almanaques,
atlas e propagandas e inicia a alfabetização da língua escrita e sua função social.
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Uma outra aprendizagem registrada na Educação Infantil foi identificar, nomear adequadamente
e comparar as propriedades dos objetos, estabelecendo relações entre eles, o que facilita o
processo de letramento. Jogos, brincadeiras e momentos de interação com as letras e números
já estão presentes no planejamento mensal. Bia sabe que valorizar as situações lúdicas de
aprendizagem vivenciadas na Educação Infantil favorece a progressiva sistematização e a
gradual complexidade das situações a serem apresentadas, mas sabe também da necessidade
de oferecer oportunidades como uma roda de conversa para escutar os interesses das crianças
e, a partir desta escuta, ampliar os conteúdos.
Sabendo que a adaptação socioemocional é importante, momentos de conversa e de escuta se
fazem essenciais para este início de aprendizagens, agora relacionadas às áreas de
conhecimento e suas competências específicas. O espaço da sala também foi reorganizado,
com mesas agrupadas, um canto com livros, canto com jogos e brinquedos conhecidos, e
algumas almofadas para uma leitura individual ou em dupla, em um momento de descanso. O
primeiro mês está organizado.
______
Reflita
Quais áreas de conhecimento a professora já introduziu neste primeiro mês com as crianças de
6 anos, que iniciam o Ensino Fundamental?
Você consegue identificar as competências gerais que estão sendo atendidas?

Videoaula: Resolução do Estudo de Caso

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No primeiro ano do Ensino Fundamental, a transição já pressupõe o conhecimento da síntese


das aprendizagens referentes aos campos de experiências e à introdução de práticas
relacionadas às áreas de conhecimento previstas para os anos iniciais, ou seja: Linguagem,
Matemática, Ciências da Natureza e Humanas. Mas será por meio das atividades lúdicas que as
crianças irão aos poucos vivenciar novas situações. Não estamos falando em dividir em aulas de
linguagem, depois matemática e assim por diante. Não são disciplinas e, portanto, as práticas
podem e deveriam promover a integração entre os saberes.
Neste processo, a presença de um espaço que dê continuidade ao cotidiano da Educação Infantil
é fundamental, com a presença de trabalhos em pequenos grupos e cantinhos com materiais
que auxiliam a sistematização do conhecimento e facilitam esta transição.
Tia Bia trabalhou a Linguagem utilizando recursos como livros e outros materiais que valorizam a
função social da escrita e da oralidade. A Matemática pode estar presente em todas as
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atividades, na divisão dos grupos para desenhos, pinturas, como também na escolha de cores e
tamanhos de pincéis. Ao propor uma escrita sobre areia, a área das Ciências da Natureza se
apresenta nas conversas sobre meio ambiente.
Quanto às competências gerais, o conhecimento a ser sistematizado e a comunicação criança-
criança, criança-adulto, ressaltam sua importância nesta fase de transição, além de empatia e
cooperação nos momentos de escuta das atividades a serem realizadas. Práticas com as letras,
números e nomes colaboram com o desenvolvimento da cidadania e a responsabilidade em
identificar frases, palavras, nomes e logos presentes no dia a dia em nossas vidas. O
autocuidado, já exercitado e desenvolvido nos anos vividos na Educação Infantil, bem como a
idade de 6 anos que já prevê um autocuidado adquirido, avança no sentido de que a criança vai
aos poucos identificando e monitorando suas descobertas, avanços e conquistas, bem como
suas dificuldades.
Nos anos iniciais, é muito comum o aparecimento de diferenças e, assim, surge também a
necessidade da criança de que haja um clima pacífico e de respeito. Esse é o momento perfeito
para lidar com as emoções individuais e dos outros e desenvolver relacionamentos saudáveis.
Assim, Tia Bia deve zelar pelo ambiente.

Resumo Visual
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BNCC: Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Fonte: elaborada pela autora.

Referências
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
MELIS, V. Práticas pedagógicas para a educação de 0 a 3 anos. Rio de Janeiro: Ed. WAK, 2018.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Dialética, 2022.
SOUZA, P. H. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE, R. Ludicidade,
Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo:
WAK, 2020.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório Delors para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.
,

Unidade 3
BNCC e o anos finais do Ensino Fundamental

Aula 1
A estrutura da BNCC para os anos finais do Ensino Fundamental

Introdução
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As crianças chegam ao Ensino Fundamental com muitas ansiedades, curiosidades e


expectativas. Inicialmente, porque há um mito quanto ao Ensino Fundamental, que faz com que a
imaginação das crianças vá longe com as histórias contadas pelos colegas. Em verdade, durante
os nove anos do Ensino Fundamental há muitas mudanças físicas, cognitivas e socioemocionais,
fazendo com que os estudantes vivenciem mudanças na convivência social, na experimentação
de práticas novas para aprender a aprender, e na escolha de caminhos a serem seguidos como
jovens.
As crianças de até 6 anos estão descobrindo o mundo, pois são pesquisadoras, criativas,
brincantes, e vão aos poucos modificando suas atitudes com relação ao seu entorno, incluindo
suas relações familiares. Assim sendo, todo o processo de aprendizagem que ocorre nos anos
finais do Ensino Fundamental requer uma atenção docente no planejamento de práticas que
promovam o engajamento no ensino e o vínculo com a escola. Conhecer os estudantes em seu
processo contínuo de aprendizagem é importante, pois auxilia na organização de oportunidades
de interação com os objetos de conhecimento. Convidamos você a conhecer melhor a relação do
processo de desenvolvimento com a aprendizagem, que sustentará escolhas didático-
pedagógicas nos anos finais do Ensino Fundamental. Vamos lá?
Bom estudo!

A estrutura dos anos finais


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Para a BNCC (2017), nos anos fnais do Ensino Fundamental os estudantes estão vivendo a plena
adolescência e iniciando uma etapa de vida que os faz viver como jovens. Considerando os
desenvolvimentos cognitivos e físicos, esse estudante continua participando ativamente no seu
processo de aprendizagem, porém com mais criticidade, e interage com facilidade com um
número maior de pessoas, no contexto escolar e nas relações sociais. Este é um momento de
maior autonomia e ele atua de forma mais assertiva nas práticas pedagógicas, pois a cada
momento vivido conhece mais a si mesmo e já delineia escolhas. Os anos finais do Ensino
Fundamental correspondem às séries do 6º ao 9º ano e são o momento de preparação para o
Ensino Médio. Para essa fase, a BNCC mantém a organização curricular em grandes áreas do
conhecimento e seus respectivos componentes curriculares, apresenta as competências
específicas e a sistematização das habilidades necessárias, vivenciadas ao longo dos nove
anos. As áreas do conhecimento desse período escolar são: Linguagens, Matemática, Ciências
da Natureza e Ciências Humanas.
O Ensino Fundamental II, ou anos finais (6ª ao 9º ano), além de atender às competências e
habilidades específicas das áreas, tem como objetivo contribuir com o delineamento do projeto
de vida do estudante, estabelecendo uma relação não somente com os anseios desses jovens
em relação ao futuro, mas também com as ações para construir esse futuro, e com a
continuidade dos estudos no Ensino Médio. Os estudantes, nesta etapa, interagem e vivenciam
diferentes formas de pensar e aprender. Eles atuam sobre a realidade, intervindo sobre o
ambiente de forma física e mental, e têm a oportunidade de exercitar valores como ética,
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cidadania, pluralidade cultural, cuidados com o meio ambiente e relações culturais, qualidades
essas valorizadas e exigidas pelo mundo atual, como consta nas dez competências gerais da
BASE. As áreas de conhecimento apresentam os componentes para os anos iniciais e finais a
fim de promover a continuidade, aprofundamento e sistematização. Para cada componente
dentro de cada área de conhecimento, encontramos habilidades a serem exercidas, respeitando
a integração dos conteúdos.
Destacam-se as unidades temáticas que, em alguns componentes, repetem-se aprofundando os
conhecimentos e as habilidades. No componente Língua Portuguesa, temos o agrupamento das
habilidades do 6º e 7º e, depois, do 8º ao 9º ano. Na Língua Inglesa, a BASE apresenta
habilidades para cada ano: 6º, 7º, 8º e 9º. Para Artes, as habilidades se agrupam do 1° ao 5º e do
6º ao 9 º ano. Já na área de Educação Física, agrupam-se em 6º e 7º, 8º e 9º ano, com práticas
bem diferenciadas dos anos iniciais. Em que isto impacta a prática pedagógica? O diferencial
dessa fase está na sistematização dos conteúdos e na proposição de experiências mais
diversificadas em relação às áreas de conhecimento desenvolvidas pelas unidades temáticas.
Reconhecer as unidades temáticas dos componentes e as habilidades propostas permite
planejar práticas didático-pedagógicas que considerem os conhecimentos anteriores,
organizando situações onde possam utilizá-los e apresentar novos desafios.
O plano de uma unidade pode ser bimestral, mas as avaliações devem valorizar a unidade,
permitindo a visão geral e não fragmentos estudados. As unidades temáticas apresentam novos
conteúdos de forma a aprofundar o estudo, entretanto, não são todos os componentes que
apresentam essas unidades, o que compreenderemos melhor a seguir.

Os anos finais do Ensino Fundamental


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A estrutura do Ensino Fundamental, anos finais, segue os seguintes tópicos:


Competências gerais: as dez competências gerais que pretendem assegurar, como resultado do
seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, uma formação humana integral, que visa à
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva e permeia todas as práticas ao
longo do Ensino Fundamental.
Áreas de conhecimento: Linguagens (com quatro componentes curriculares: Língua Portuguesa,
Língua Inglesa, Artes e Educação Física); Ciências Humanas (com dois componentes: História e
Geografia); Matemática; Ciências da Natureza; e Ensino Religioso.
Componentes: apresentam habilidades a serem desenvolvidas no exercício das práticas didático-
pedagógicas no cotidiano da escola. Preservam as especificidades e os saberes próprios
construídos e sistematizados nos diversos componentes, e se inter-relacionam.
Competências específicas das áreas: as áreas apresentadas pela BASE com mais de um
componente curricular – Linguagem e Ciências Humanas – apresentam competências
específicas a serem desenvolvidas ao longo dos anos finais do Ensino Fundamental.
Habilidades: as habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas
aos alunos nos diferentes contextos escolares. Estão relacionadas a certos objetos de
conhecimento – aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos, organizados em
unidades temáticas para melhor integração das áreas.
Unidades Temáticas: definem um arranjo dos objetos de conhecimento. Cada unidade temática
contempla uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento.
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Objetos de conhecimento: conteúdos e conceitos de cada componente curricular.


As áreas de conhecimento estabelecem competências específicas, promovendo seu
desenvolvimento ao longo dos nove anos e explicitam as dez competências gerais. Nas áreas
que abrigam mais de um componente curricular (Linguagens e Ciências Humanas), também são
definidas competências específicas do componente (Língua Portuguesa, Arte, Educação Física,
Língua Inglesa, Geografia e História), desenvolvidas pelos alunos por toda etapa de
escolarização. As competências específicas possibilitam a articulação horizontal entre as áreas,
perpassando todos os componentes curriculares, e a articulação vertical, com progressão ao
longo do Ensino Fundamental até os anos finais, dando continuidade das experiências dos
alunos, considerando suas especificidades.
Para garantir o desenvolvimento das competências específicas, cada componente curricular
apresenta um conjunto de habilidades, que relacionam-se aos diferentes objetos de
conhecimento, entendidos como conteúdos, conceitos e processos; organizados em unidades
temáticas, definindo os objetos de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental, adaptando-
os às especificidades dos diferentes componentes curriculares. Cada unidade temática aborda
um conjunto maior ou menor de objetos de conhecimento, assim como cada objeto de
conhecimento se relaciona a um número variável de habilidades.

Estrutura do Ensino Fundamental com base na BNCC. Fonte: adaptada de Brasil (2017, p. 28).

As práticas pedagógicas nos anos finais


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Anos finais do Ensino Fundamental. Fonte: elaborada pela autora.

Os docentes nos anos finais do Ensino Fundamental são especialistas nas áreas de
conhecimento e dominam os conteúdos da sua área, mas precisam reorganizar os
planejamentos para promover a aprendizagem, as habilidades e competências previstas na
BASE. Essa tabela apresenta a estrutura do Ensino Fundamental, anos finais.
A seguir apresentamos quatro planos de aula com ênfase em práticas pedagógicas em uma área
de conhecimento: Ensino Religioso para os anos finais. Cabe a você ler e, depois, identificar as
competências gerais contempladas.
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Estrutura do Ensino Fundamental, anos finais. Fonte: elaborada pela autora.

Como estas unidades temáticas contemplam as dez competências gerais?


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A competência nº 9 estimula a convivência entre as pessoas em todos os âmbitos, exercitando e


desenvolvendo a empatia. É preciso conhecer e reconhecer, pela escuta e diálogo afetivo, a
história e a evolução das religiosidades. Para tanto, é preciso, em todas as práticas pedagógicas,
utilizar-se de atividades que promovam o desenvolvimento social e individual. Com relação à
empatia, é preciso destacar o tema das competências emocionais.
Em grupos, os docentes podem pensar coletivamente em quais situações de ensino e
aprendizagem os estudantes podem vivenciar situações de diálogo, resolução de conflitos,
trabalho cooperativo, que podem estar presentes em todas as áreas de conhecimento. A
competência nº 2, pensamento crítico, científico e criativo, propõe a curiosidade intelectual, o
“pensar fora da caixa”. Nesta perspectiva, os planos engajam os estudantes na investigação de
causas, levantamento de hipóteses e argumentação sobre os resultados das pesquisas
realizadas. Já a competência nº 10 é agir com autonomia e responsabilidade na arte da
convivência e do respeito.
O diferencial da BNCC são as habilidades a serem desenvolvidas ao longo da educação básica.
Vale lembrar que as habilidades representam processos cognitivos amplos. Sendo assim, não se
espera que sejam desenvolvidas com o primeiro contato do estudante com o objeto de
conhecimento, com uma única atividade ou interação. Essas habilidades se desdobram em
objetivos de aprendizagem, ações progressivas que levam o estudante a alcançar níveis
cognitivos mais amplos. De que forma isso pode ser organizado?
Se tomarmos uma habilidade, podemos organizar uma sequência de objetivos conforme
exemplificado na Figura 3. Observe este exemplo da área Ciências da Natureza, unidade Corpo
Humano.

Relação dos objetivos de aprendizagem, objeto de conhecimento e desenvolvimento de habilidades. Fonte: adaptada de
BNCC (BRASIL, 2017).
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O objeto de conhecimento em destaque é o corpo humano, porém, a habilidade traz como


destaque o trabalho com hábitos de higiene e a relação destes hábitos com a saúde. De que
forma isso é materializado na ação docente? A BNCC, ao explicitar o que se espera desenvolver
na escrita da habilidade e na seleção do objeto de conhecimento, requer que, para além de um
conteúdo, o professor intencionalmente pense em ações que levem o aluno para a “discussão”,
verbo indicado na própria habilidade. No exemplo da Figura 2, considera-se que para discutir o
estudante precisa primeiro identificar, reconhecer e relacionar diferentes assuntos relacionados à
higiene. São saberes importantes para que a habilidade seja alcançada, por isso a analogia feita
com a escada.
Basta pensar que não podemos pular do primeiro para o último degrau, não é mesmo?

Videoaula: A estrutura da BNCC para os anos finais do Ensino Fundamental

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No nosso vídeo resumo você verá com mais detalhes onde encontramos cada um dos conceitos
apresentados, explorando de forma mais aprofundada a própria BNCC. Vamos destacar a
educação de jovens e adultos. Venha conosco conhecer ainda mais o universo da BNCC!

Saiba mais
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Conheça o EJA
A Educação de Jovens e Adultos, uma modalidade prevista nas legislações brasileiras destinada
a jovens e pessoas na idade adulta, a fim de dar o direito a completar seus estudos referentes à
educação básica. Esta modalidade é oferecida pelas escolas públicas, centros comunitários e
organizações não-governamentais, procurando diminuir a taxa de analfabetismo e dando
oportunidades para aquele cidadão que não frequentou o Ensino Fundamental na época regular,
correspondente à faixa etária. Podem frequentar o EJA Fundamental, anos iniciais e finais, os
jovens com mais de 15 anos; e o Ensino Médio aqueles com mais de 18. A metodologia utilizada
nos cursos de EJA segue os princípios do educador Paulo Freire, que reconhece que o jovem e o
adulto têm interesses e necessidades diversas e, assim, as práticas educativas, desde
alfabetização até conceitos complexos, devem ser relacionadas à realidade do aluno. Isto porque
muitos dos jovens e adultos que frequentam os cursos de EJA já trabalham, possuem
experiências, vivências profissionais e históricos de aprendizagens.
Andragogia
Andragogia é a ciência que estuda como os adultos aprendem. A partir desta definição, práticas
pedagógicas devem oferecer oportunidades relacionadas à vida real dos jovens e adultos.
Complemente seus conhecimentos com as seguintes leituras:
BELLAN, Z. Andragogia em ação. São Paulo: Ed. Z3, 2005.
LEITE, S. Afetividade e letramento na educação de jovens e adultos EJA. São Paulo: Cortez,
2013.
Leia também o artigo Passageiros da noite: do trabalho para a EJA. Itinerários pelo direito a uma
vida justa.
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Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
CERICATO, I. L.; CERICATO, L. Competências socioemocionais de bolso. São Paulo: Editora do
Brasil, 2019.
DELORS, J. Relatório para a UNESCO da Comissão internacional sobre educação para o século
XXI. 10ª Ed. São Paulo: Cortez/MEC/UNESCO, 2006.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
FONTE. P. Competências socioemocionais na escola. Ed. WAK, RJ, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021.
MENEZES, L. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil, 2018.
MENEZES, L. As ciências da natureza para o ensino Fundamental na Base Nacional Comum
Curricular. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro alcançou a escola? São Paulo: Ed. Do Brasil, 2019. p.
18.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Rio Grande do Sul, ArtMed, 2007.

Aula 2
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As competências específicas de cada área do conhecimento presentes na BNCC para anos finais
do Ensino Fundamental

Introdução

Nesta aula, você irá desvendar a organização das áreas de conhecimento e as competências
específicas descritas nos componentes. Embora já tenhamos estudado esta estrutura do Ensino
Médio anteriormente, agora iremos analisar e comparar quadros com as especificidades dos
anos finais, com as unidades temáticas e as práticas previstas para o desenvolvimento das
habilidades nelas propostas.
A partir de exemplos de quadros presentes na BASE, iremos observar a construção de planos de
aula com o foco nas práticas de aprendizagem. Para esta aula, convidamos você a interagir e
pensar sobre os desafios que apresentamos. Com os saberes acerca da organização curricular
sugerida pela BASE, podemos criar um plano de ensino e aprendizagem que venha promover as
aprendizagens essenciais para todos os estudantes. Da Linguagem às Ciências, vamos planejar
nossos fazeres. Bom estudo!

Competências específicas
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A Base Nacional Comum Curricular apresenta uma visão de um sujeito ativo, curioso,
competente, social e participativo que requer a vivência de práticas que oportunizem esta ação.
Dessa forma, não é possível planejar aulas expositivas que não considerem o processo de
aprendizagem de cada etapa da vida de um indivíduo. Cabe ao professor e professora selecionar
e propor situações, metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, garantindo
nestas práticas ritmos diferenciados e a conteúdos complementares. As estratégias didático-
pedagógicas auxiliam o engajamento e a motivação dos estudantes.
Cada área de conhecimento apresenta componentes curriculares que incluem competências
específicas que serão desenvolvidas ao longo dos anos de maneira gradual, sempre
relacionando com as dez competências gerais. São as competências específicas que garantem a
articulação horizontal e vertical dos componentes curriculares. A BASE assim define:

[...] as competências específicas possibilitam a articulação horizontal entre as áreas,


perpassando todos os componentes curriculares, e também a articulação vertical, a
progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Fundamental –
Anos Finais e a continuidade das experiências dos aprendizes, considerando suas
especificidades. (BRASIL, 2017, p. 28)

Cada área de conhecimento apresenta competências específicas da área que estão presentes ao
longo dos nove anos. A área da Linguagem, por exemplo, apresenta o componente Língua
Portuguesa, que no eixo Leitura aprimora práticas já adquiridas nos anos iniciais, inserindo
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atividades que vão além da leitura literária. A articulação vertical acontece com a interação com
outras áreas e componentes, a fim de fortalecer as competências específicas e habilidades.
Como as competências específicas auxiliam na organização das práticas pedagógicas?
Os componentes curriculares das áreas de Linguagem, Matemática, Ciências Humanas e da
Natureza e Ensino Religioso apresentam competências específicas a serem consideradas no
planejamento das práticas pedagógicas. São elas que podem guiar as escolhas didático-
pedagógicas, ou seja, como iremos apresentar o componente, quais os recursos, as propostas
das atividades. As práticas de ensino envolvem o conteúdo dos componentes, as habilidades a
serem desenvolvidas, as expectativas do docente, o espaço e recursos disponíveis na instituição.
Ao planejar uma prática pedagógica, o foco sempre será a aprendizagem do estudante por meio
de situações que desenvolvam as habilidades necessárias para a continuidade da construção de
saberes e a vivência no contexto social. São as práticas elaboradas à luz das competências
específicas, das habilidades anunciadas e das competências gerais que irão garantir as
aprendizagens essenciais previstas na BNCC como compromisso nacional. As práticas incluem
jogos, explorações, registros, contato com várias linguagens, dinâmicas, estratégias para
apresentar e sistematizar conteúdos, escuta e muita conversa a fim de atender também às
necessidades e interesses dos estudantes. O desafio docente é graduar práticas nos anos finais
e ao longo do Fundamental para que todos tenham a oportunidade de desenvolver as habilidades
por meio de diferentes atividades.

Exemplo de tópicos a serem incluídos em um plano. Fonte: elaborado pela autora.

Como preencher: Como prática temos a produção de texto. O objeto de conhecimento é analisar
diferentes textos. As habilidades que queremos desenvolver e exercitar são as de revisar e editar
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textos voltados para a divulgação do conhecimento, além de dados e resultados de pesquisas,


tais como artigos de divulgação científica, verbete de enciclopédia, infográfico, infográfico
animado, podcast ou vlog científico. Os recursos e atividades: relatório de pesquisas, revistas
científicas, criação de um podcast para informações de utilidade pública a partir de informações
pesquisadas em diferentes fontes confiáveis e/ou um tema da atualidade, que pode ser uma
campanha de vacinação ou uma gincana. O docente seleciona com antecedência o material que
será apresentado em sala de aula e organiza o tempo pedagógico para desenvolver as
habilidades necessárias procurando a interdisciplinaridade. Ou seja, usa conteúdos já explorados
em outras áreas do conhecimento.

As unidades temáticas

O Quadro 2 demonstra a unidade temática, o objeto de conhecimento e as habilidades a serem


desenvolvidas; informa as possibilidades de integração com outras áreas de conhecimento e a
presença das competências gerais ao longo da educação básica. Para organizar as
oportunidades para os estudantes vivenciarem, o docente planeja práticas de ensino que
favoreçam o desenvolvimento das habilidades, como também as competências gerais.
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Ciências – 1º Ano. Fonte: adaptado de Brasil (2017, p. 29).

Vamos avançar com um exemplo de prática na área de Ciências da Natureza, que deve ser
trabalhada desde o primeiro ano do Ensino Fundamental. A partir deste exemplo, podemos
verificar as competências específicas e as habilidades que seguem uma gradação horizontal até
o 9º ano. As competências específicas da área de conhecimento de Ciências da Natureza têm
como compromisso o letramento científico. Os estudantes devem ser progressivamente
estimulados e apoiados na realização de atividades que objetivem a investigação e, para tanto,
situações de aprendizagem devem sempre partir de questões desafiadoras, instigantes, que
estimulem a curiosidade.
A criança é curiosa desde cedo e sempre quer explorar tudo. Esta atitude deve ser estimulada
durante todo o Ensino Fundamental com graus diferentes de complexidade. As oito
competências específicas incluem: observar o mundo à sua volta, fazer perguntas, argumentar,
planejar e realizar atividade de campo, utilizar mapas, gráficos, tabelas e evidências para planejar
intervenções socioambientais. Nesta área, a BNCC apresenta três unidades temáticas que se
repetem ao longo do Ensino Fundamental, que são: Matéria e Energia; Vida e Evolução; e Terra e
Universo. Nesta aula, estudaremos a unidade Vida e Evolução em diferentes anos iniciais e finais,
a fim de verificarmos as habilidades crescentes e a complexidade do tema.
Vamos analisar o quadro da área de Ciências da Natureza, destinado ao 1º ano:
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Ciências da natureza - 1º ano. Fonte: adaptado de Brasil (2017, p. 332-333).

A sequência alfanumérica indicada nas habilidades informa:


EF: Ensino Fundamental.
01: é destinado ao primeiro ano do Ensino Fundamental.
CI: Ciências.
02: significa a posição da habilidade.
Agora vamos pensar juntos nas práticas a serem realizadas para o desenvolvimento das
habilidades desta área para o primeiro ano. Vamos aos exemplos a serem incluídos na coluna à
direita do quadro:
EF01CI02: por meio de uma história com um livro ilustrado, como O Corpo Humano em Adesivos.
É um livro divertido e educativo que ensina às crianças o funcionamento do corpo humano, além
da importância de manter hábitos saudáveis. Os adesivos e a linguagem simples facilitam a
leitura e o aprendizado, tornando-os mais interativos e lúdicos. O livro traz adesivos sobre o
corpo humano para colar, brincar e aprender. Em uma roda de conversa o docente apresenta o
livro e, em seguida, ao som de uma música, as crianças colocam as mãos onde a professora ou
professor disser. Em pequenos grupos, desenham corpos humanos e compartilham identificando
diferenças e semelhanças. Colocando dois papéis kraft no chão, medindo 150 cm de
comprimento e 1 metro de largura, uma criança se deita sobre o papel, de braços e pernas
abertas. As crianças então contornam seus corpos com “gizão” de cera. Podemos fazer vários
contornos e depois pintar com roupas e detalhes. Em pequenos grupos, as crianças podem
montar um quebra-cabeça do corpo humano construído por elas mesmas, como um brinquedo
educacional de anatomia humana com peças a serem colocadas nos lugares certos do corpo. A
conversa sobre o corpo humano e suas funções auxilia a próxima habilidade.
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EF01CI03: Conversar e estabelecer relações sobre as partes do corpo humano e a necessidade


de uma higiene adequada para preservar a saúde. Músicas, simulações, cantos com materiais de
higiene para brincarem de médico e dentista.
EF01CI04. Organizar um mural de fotos das crianças. As famílias enviam fotos das crianças e,
por meio deste mural, a conversa acontece sobre as diferenças e semelhanças: todos podem ter
braços, pés, pernas, rostos, cabelos, unhas... mas as pessoas são diferentes.
Promover a leitura de livros como Eu sou diferente, vou te mostrar e Tudo bem ser diferente,
entre tantos outros.
E as competências gerais? Quais foram desenvolvidas nestas práticas? Pensou?
Vamos então conhecê-las: conhecimento, comunicação, cidadania, autoconhecimento,
autocuidado, cooperação.
Você acertou? Fácil, não é?

Organização do planejamento

Nos anos finais, na área das Ciências da Natureza, vamos encontrar a unidade temática Vida e
Evolução. Analisamos e verificamos as práticas possíveis destinadas ao primeiro ano. A mesma
unidade estudada pelos alunos do 8º ano apresenta uma complexidade maior no que se refere
aos objetos de conhecimento, bem como às habilidades. Este quadro se encontra na BASE (p.
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348-349) e contribui para a verificação de continuidade horizontal, bem como a integração de


áreas.
Nosso desafio agora é elaborar atividades, vivências, tarefas, projetos que promovam o exercício
das habilidades descritas, como também estar atento às dez competências gerais que norteiam
os saberes.
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Ciências – 8º ano (anos finais). Fonte: Brasil (2017, p. 348-349).


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Nosso exercício agora é planejar práticas de ensino para promover a aprendizagem por meio das
habilidades descritas neste quadro. Vamos trabalhar na unidade temática Vida e Evolução, a
mesma que foi desenvolvida no 1º ano, e assim poderemos comparar:
EF08CI07: Comparar diferentes processos reprodutivos em plantas e animais em relação aos
mecanismos adaptativos e evolutivos.
Ao longo dos anos finais, já foi identificado o processo de evolução das plantas com
experimentos e observação. Relatórios já foram construídos e conhecer e respeitar a natureza,
plantas e flores já faz parte de uma atitude de sustentabilidade e de preservação da vida no
planeta. Retomar um álbum acerca de animais e formas de reprodução de mamíferos, aquáticos,
insetos, e suas crias. Vídeos podem ser compartilhados mostrando elefantes, girafas que
nascem em pé e como suas mães apoiam a autonomia desde cedo. Esta retomada pode servir
de apoio para o estudo dos órgãos reprodutivos femininos e masculinos. O processo de
maturação diferente nos gêneros, os cuidados de higiene, o autoconhecimento para identificar
possíveis deformidades ou evidências de mal funcionamento, entre outros aspectos a serem
tratados. Meninos e meninas devem conhecer os sistemas reprodutivos, e entender a
responsabilidade atribuída a cada um é o ponto de partida para uma conversa aberta sobre a
sexualidade. Se no primeiro ano as crianças identificaram o corpo humano com livros e jogos, os
estudantes do 8º ano, que devem estar em uma faixa etária entre 12 e 13 anos, precisam de
outras práticas e recursos pedagógicos. Podem-se organizar entrevistas com médicos, o que
requer uma preparação de perguntas, um plano de registro, planejamento de situações-problema
para debater com o médico convidado, e até mesmo uma busca nos meios digitais. É claro que
dúvidas ainda podem surgir, fake news, mitos e lendas urbanas podem ser compartilhados.
Surge então o momento de organizar um painel esclarecedor e criar um manual de autocuidado
para que todos os estudantes possam ter e levar para casa. Um material que contenha as
informações corretas e alguns comentários individuais que cada um pode escrever em seu
álbum. Sabe-se que há um número expressivo de adolescentes grávidas no país que, ao serem
entrevistadas, desconheciam acerca do seu corpo e do processo de reprodução. Esta gravidez
prematura afasta meninas da escola e reduz as oportunidades de crescimento profissional e
pessoal.
EF08CI08: Analisar e explicar as transformações que ocorrem na puberdade considerando a
atuação dos hormônios sexuais e do sistema nervoso.
EF08CI09: Comparar o modo de ação e a eficácia dos diversos métodos contraceptivos e
justificar a necessidade de compartilhar a responsabilidade na escolha e na utilização do método
mais adequado à prevenção da gravidez precoce e indesejada e de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST).
Uma unidade temática repleta de saberes importantes e que promovem um autoconhecimento.
Ela deve ser planejada com atenção e com uso de recursos pedagógicos. Conhecer acerca do
desenvolvimento social, físico e emocional da adolescência auxilia cada um a entender o que
cada estudante anda passando isoladamente. Seus pensamentos e sentimentos, por vezes
confusos, podem ser aliviados nesta unidade. Com uso da Biologia, os alunos ganham
conhecimento sobre hormônios, nomes e resultados deste processo, que é inerente a esta etapa
da vida. Jogos de tabuleiro são interessantes para trabalhar os diversos tipos de contraceptivos.
Organizar um jogo de caminhos, perguntas e respostas, onde os participantes utilizam um dado
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para caminhar nas casas desenhadas com auxílio de pinos coloridos que identificam os
jogadores.
Uma outra dinâmica é organizar um jogo de adivinhação, com cartas que dão dicas sobre os
diversos contraceptivos e sobre prevenção às doenças sexualmente transmissíveis. É importante
destacar que as aulas devem promover uma interação e não utilizar de uma exposição oral pelo
docente. Após os temas serem explorados, organiza-se um exercício em pequenos grupos para
que cada um possa analisar e solucionar um problema apresentado pelo docente. Pode ser um
único problema para todos os grupos, como também diferentes situações. A abertura de uma
assembleia para apresentação das análises e soluções favorece o clima de cooperação, vínculo
e troca de saberes. Nestes momentos de diálogo entre os estudantes e docentes, é necessário
destacar a relação entre sexualidade, prevenção de doenças, gravidez e processo de
amadurecimento físico e emocional dos estudantes nesta etapa da vida. Nas unidades de Saúde,
podem ser retirados catálogos, orientações acerca do tema estudado e outros materiais que
auxiliam os docentes e estudantes.
Fica bem mais fácil agora estabelecermos a relação existente entre esta unidade temática com
as dez competências gerais.

Videoaula: As competências específicas de cada área do conhecimento


presentes na BNCC para anos finais do Ensino Fundamental

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Neste vídeo faremos uma apresentação das unidades temáticas e sugestões de práticas
pedagógicas. À luz das competências específicas, podemos estabelecer uma integração vertical
e horizontal com o objetivo de aprofundar o conhecimento e o exercício das habilidades. Em um
jogo de perguntas e respostas iremos apresentar competências específicas.
Ex.: Competência específica 1 – Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e
produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades
tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para
reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos,
e dialogar com as diversidades. Pertence ao componente: a) língua portuguesa; b) ensino
religioso; c) arte. No vídeo, apresentamos quatro competências específicas comentadas.
Venha aprender ainda mais!

Saiba mais
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Um livro interessante para os docentes organizarem suas práticas de aprendizagem a serem


oferecidas aos adolescentes é: Sexualidade: um guia de viagem para adolescentes.
Este tema está presente na área de Ciências. A autora, Cristina Vasconcelos, mostra neste livro
que tocar os altos e baixos dos hormônios faz parte da maravilha da adolescência – e da
descoberta da sexualidade. Como uma espécie de guia, ela propõe um roteiro de exploração
dessa viagem pelo corpo – uma viagem de descoberta e exploração da sexualidade para garotas
e garotos.
VASCONCELOS, C. Sexualidade: um guia de viagem para adolescentes. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2002.
Leia também o interessante artigo A energia da BNCC: um ensaio sobre o ensino fundamental e
o ensino médio.

Referências
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
MEDEL, C. Ensino Fundamental 1: práticas pedagógicas. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
MELIS, V. Memórias do brincar: um resgate junto aos professores. In: GIMENES, B. P. PERRONE,
R. Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de
vida. São Paulo: WAK, 2020.
MENEZES, L. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil. 2018.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Dialética, 2022.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
VASCONCELOS, C. Sexualidade: um guia de viagem para adolescentes. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2002.

Aula 3
E agora, como planejar?
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Introdução

Olá! Você estudou a Base Nacional Comum Curricular, onde estão presentes as competências,
habilidades a serem desenvolvidas com o objetivo de alcançar uma educação de qualidade com
aprendizagens essenciais para todo estudante. Destacamos a importância de um planejamento
de práticas pedagógicas neste processo. Entretanto, é preciso compreender também o processo
de aprendizagem para realizar boas escolhas didático-pedagógicas e conseguir alcançar as
metas previstas.
A BASE fornece os elementos necessários para a construção de um currículo, e o contexto
educacional deve ser organizado para que os espaços possam atuar como coadjuvantes na
implementação do currículo com recursos e formação dos docentes. Mas como podemos
entender este contexto educacional? Quais recursos são necessários? Existe um padrão para
elaboração de um plano de aula?
Nesta aula, as perguntas serão respondidas com sugestões a serem aplicadas. Bons estudos!

O processo de aprendizagem
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Para planejarmos nossas práticas é preciso compreender o processo de aprendizagem que


ocorre com os indivíduos. A partir das concepções sobre o processo de aprendizagem, Jerome
Bruner (1915-2016, in: LEFRANÇOIS, 2015) desenvolveu uma teoria sobre o ensino, procurando
discutir e sistematizar o processo de organização das condições para a aprendizagem. Para
Bruner, o ensino envolve a organização de conteúdos de maneira eficiente e significativa para o
aprendiz. Assim, deve-se preocupar não só com a extensão do seu conteúdo, mas sobretudo
com sua estrutura.
Desta forma, a aprendizagem, que deve ser sempre capaz de nos orientar e nos levar adiante,
está na dependência de como se domina a estrutura da matéria estudada, ou seja, a natureza
geral do fenômeno; as ideias mais gerais, elementares e essenciais. Ele ainda pontua que é
necessário o desenvolvimento de uma atitude de investigação. Quanto a essa atitude, ele sugere
que se utilize o processo da descoberta como método básico do trabalho educacional. O
aprendiz tem plenas condições de percorrer o caminho da descoberta, investigando, fazendo
perguntas, experimentando e descobrindo. Para Bruner, o ensino deve estar voltado para a
compreensão das relações entre fatos e ideias, sendo a única forma de se garantir a
transferência do conteúdo aprendido para novas situações (GAMEZ, 2013; LEFRANÇOIS, 2015).
Essa atitude dá suporte a um currículo socioconstrutivista, ou seja, aquele no qual o estudante é
envolvido ativamente no processo de descobrir e aprender com significado. Por meio da
interação social nos formamos, o que indica que somos seres sociais, e a interação com as
pessoas de um modo geral nos leva à elaboração de ideias sobre os outros, sobre as coisas
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(fatos, ideias e outros conhecimentos) e sobre nós mesmos. A escola, ao saber disso, precisa
oferecer amplas condições e oportunidades para a integração entre professor e aluno nas áreas
acadêmicas, ou seja, nas salas de aula. A teoria de Bruner se relaciona com outros pensadores e
teóricos do século XX como Vygotsky (1896-1934, in: LEFRANÇOIS, 2015), que destaca a
interação como meio para desenvolver a linguagem e, como consequência, o seu pensamento
lógico. As orientações que Vygotsky deixou para nós no campo da educação é que devemos
cuidar para que o estudante participe de atividades que, por definição, não se apresentem tão
fáceis a ponto de ele perder o interesse, nem tão difíceis que não consiga realizá-las.
Henri Wallon (1879-1962, in: LEFRANÇOIS, 2015) entende o aprendiz na sua completude, o que
significa identificar os aspectos intelectuais, afetivos e motores integrados, sem privilegiar o
aspecto cognitivo em detrimento dos sociais, compreendendo a escola não como um espaço
instrucional, mas como um lugar de desenvolvimento da pessoa, visto que o sujeito é um ser
biologicamente social. O papel mais importante do professor é criar um ambiente no qual o
aluno possa espontaneamente realizar experiências de construção do seu conhecimento,
favorecendo o enfrentamento de novas situações e de novas ideias. Nos processos de
adaptação a essas situações, a criança adquire novos conhecimentos e vai constituindo sua
inteligência. Cabe ao professor usar como estratégia incentivar as iniciativas do aluno,
valorizando o conhecimento que ele já traz consigo e, a partir daí, avançar com ele na descoberta
de novos saberes e novas maneiras de trabalho. Wallon trouxe para a educação a importância da
afetividade, mostrando que ela é expressa de três maneiras: por meio da emoção, do sentimento
e da paixão.
A afetividade está presente no processo da aprendizagem. Se o professor compreende que o
aluno e a aluna sentem-se cansados ou desmotivados, é capaz de usar essa informação a favor
do conhecimento, controlando a situação e revendo suas práticas. Estes estudos favoreceram a
inclusão das competências socioemocionais, um tópico importante a ser considerado pelos
docentes.

Planejamento
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Planejamento é uma ação inerente à prática docente e que evidencia a intencionalidade do


professor no desenvolvimento de sua aula, projeto e tantas outras ações presentes nos espaços
escolares. No entanto, precisamos pensar no planejamento como uma ação real que se
concretiza com a construção de aprendizagens e que possibilita o desenvolvimento das
competências e habilidades presentes na BNCC.
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Elementos que estruturam o planejamento docente. Fonte: elaborada pela autora.

A Figura 1 demonstra alguns dos elementos nos quais o docente precisa pensar ao elaborar seu
planejamento, para que possa incluir as áreas, os componentes, competências específicas,
habilidades e objetos de conhecimento. A prévia definição dos conteúdos, o contexto necessário
e as práticas pedagógicas promovem uma aprendizagem significativa, colocando o aluno como
protagonista.
Para que possa organizar o seu trabalho pedagógico, o docente inicialmente precisa preparar um
plano anual com os componentes curriculares e unidades temáticas, que pode ser bimestral ou
mensal. Esta distribuição das unidades temáticas e objetos de conhecimento traça a sequência
a ser seguida. Para organizar as práticas é preciso conhecer as competências específicas de
cada área do conhecimento estabelecidas pela BASE e habilidades a serem vividas. Considerar,
para a seleção das práticas pedagógicas, a concepção de estudante, os recursos disponíveis no
contexto escolar, o material didático que a escola optou por utilizar (se for o caso) e,
principalmente, planejar coletivamente a fim de que haja uma integração vertical e horizontal.
A BASE fornece as unidades temáticas e os respectivos objetos (conceitos, conteúdos e
definições) como referência para a organização do planejamento anual, considerando os anos
finais, do 6º ao 9º. Na BASE encontramos as habilidades a serem vivenciadas, necessárias para
a conquista das aprendizagens essenciais, bem como as competências específicas que devem
servir como pano de fundo para a elaboração do plano de aula.
A área de conhecimento de Educação Física é dividida em 6º e 7 º ano e 8º e 9º ano.
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Área de conhecimento de Educação Física. Fonte: adaptada de Brasil (2017, p.232/234).

Estas unidades temáticas devem ser divididas em bimestres para os respectivos anos, mantendo
a continuidade e integração. Exemplos práticos:
Na unidade temática BRINCADEIRAS – 6º ano; objeto: jogos eletrônicos.
As habilidades são: (EF67EF01) – Experimentar e fruir, na escola e fora dela, jogos eletrônicos
diversos, valorizando e respeitando os sentidos e significados atribuídos a eles por diferentes
grupos sociais e etários; (EF67EF02) – Identificar as transformações nas características dos
jogos eletrônicos em função dos avanços das tecnologias e nas respectivas exigências corporais
colocadas por esses diferentes tipos de jogos.
As práticas pedagógicas sugeridas: apresentação de jogos virtuais numa linha de tempo, jogos
para crianças, adolescentes e adultos. Vivência interativa de jogos no laboratório de informática.
Os estudantes realizam pesquisas e buscam notícias acerca de jogos eletrônicos e gamificação.
Há troca de opiniões e conceitos e assembleia.
Na unidade temática ESPORTES – 6º ano; objeto de conhecimento: esportes de marca, precisão
e invasão.
Temos as habilidades: (EF89EF01) – Experimentar diferentes papéis (jogador, árbitro e técnico) e
fruir os esportes de rede/parede, campo e taco, invasão e combate, valorizando o trabalho
coletivo e o protagonismo; (EF89EF02) – Praticar um ou mais esportes de rede/parede, campo e
taco, invasão e combate oferecidos pela escola, usando habilidades técnico-táticas básicas;
(EF89EF03) – Formular e utilizar estratégias para solucionar os desafios técnicos e táticos, tanto
nos esportes de campo e taco, rede/parede, invasão e combate como nas modalidades
esportivas escolhidas para praticar de forma específica.
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O contexto para a prática desses esportes deve contar com a organização física do espaço
escolar. Quadra, bola, taco, apito, coletes coloridos, trava, rede. As habilidades já identificam as
práticas a serem vivenciadas. Os estudantes realizam pesquisas e buscam notícias de esportes,
comparando narrativas. Leitura de uma notícia em particular retirada de um jornal de esportes,
impresso ou digital, verificando as diferentes entonações de voz. Criar uma cena narrando um
esporte proposto pelo docente ou escolhido por votação pelos estudantes, ou uma competição
para narrativas emocionantes. O contexto escolar para a realização dos planos na área de
Educação Física são específicos e visíveis, mas precisam de um apoio da gestão a fim de não
faltarem os equipamentos necessários. O planejamento bimestral auxilia a gestão a organizar os
recursos com antecedência.

Planos bimestrais e práticas planejadas

Vamos agora trabalhar em outra área de conhecimento: Ciências, componente Geografia. No 7º


ano, os objetos de conhecimento a ser estudados dão continuidade e, a partir do conhecimento
acerca da formação territorial do Brasil, os alunos estudam a dinâmica sociocultural, econômica
e política que altera as regiões e municípios. A Geografia nos anos finais pode contribuir para a
construção do projeto de vida dos jovens alunos, a partir da compreensão social do espaço
territorial ocupado e seu lugar neste contexto.
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Componente Geografia. Fonte: elaborada pela autora.

Planejamento bimestral para o 7º ano, em Geografia. Fonte: elaborada pela autora.


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Competências gerais: nº2 – Pensamento científico e crítico; nº 9 – Empatia e cooperação; nº 1 –


conhecimento; nº 4 – comunicação; nº 3 – Repertório cultural; nº7 – argumentação; nº5 –
cultura digital.
Atuação docente: preparar o material, controlar o tempo, principalmente para a apresentação.
Observar a dinâmica para adequar a atividade ao tempo. Dinamizar e promover aprendizagens
significativas, mediar as discussões e orientar as pesquisas. Engajar os estudantes no estudo
humanizado da Geografia e sua função social.
Áreas integradas: Linguagem e Matemática.

Principais decisões para elaboração de um plano de aula. Fonte: elaborada pela autora.
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Atividades que devem ocorrer em sala de aula. Fonte: elaborada pela autora.

Área de conhecimento: Ciências Humanas e sociais.


Componente: Geografia
Competência específica:
Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o
mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico e informacional, avaliar
ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem
conhecimentos científicos da Geografia.
O componente Geografia apresenta unidades temáticas iguais do 6º ano ao 9º ano.
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Componente Geografia. Fonte: elaborada pela autora.

Plano 7º ano. Fonte: elaborada pela autora.


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Videoaula: E agora, como planejar?

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Ao longo da educação básica, temos as dez competências gerais relacionadas a um processo


que ocorre na aprendizagem: a educação emocional na aplicação das práticas pedagógicas.
Estas competências auxiliam na capacidade de gerenciar comportamentos, na busca por
relacionamentos harmoniosos em um contexto social. O conhecimento das próprias emoções, o
cuidado e a preocupação com os outros, aceitando a diversidade, o autocontrole envolvendo o
enfrentamento dos desafios, motivação, persistência e disciplina, são essenciais na vida em
comunidade.
A BNCC assume uma concepção de aprendizagem e indica que as decisões pedagógicas devem
ser orientadas para o desenvolvimento das competências que se deseja trabalhar (CERICATO;
CERICATO, 2019, p.21). Além disso, coloca a empatia como uma das competências gerais,
propondo o exercício do respeito ao outro, a valorização à diversidade sem preconceito e o
reconhecimento de si como parte da coletividade no país em que se vive. Vamos conhecer
algumas práticas para desenvolver as competências socioemocionais relacionadas à
competência geral EMPATIA. Veremos as competências socioemocionais na sociedade do
século XXI e conheceremos práticas possíveis para alunos do Fundamental, anos finais.

Saiba mais
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Veja esta proposta de planejamento à luz da BNCC:


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Proposta de planejamento. Fonte: elaborado pela autora.

Referências
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
CERICATO, I. L.; CERICATO, L. Competências socioemocionais de bolso. São Paulo: Ed. do Brasil,
2019.
CHADWICK, C.; OLIVEIRA, J. Aprender e ensinar. Belo Horizonte: Instituto Alfa e Beto, 2008.
GAMEZ, L. Psicologia da Educação. Série Educação. Andrea Ramal (Org.). Rio de Janeiro: LTC -
Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, 2013.
LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da Aprendizagem. Tradução: Vera Magyar. São Paulo: Cengage
Learning, 2015.
MELO, M. et al. Metodologias ativas: concepções, avaliação e evidências. Curitiba: Ed. Appris,
2020.
MORAN, J. Metodologias ativas de bolso: como os alunos podem aprender de forma ativa. São
Paulo: Editora do Brasil, 2019.
SOARES, C. Metodologias ativas: uma nova experiência de aprendizagem. São Paulo: Cortez,
2021.

Aula 4
Professor, como avaliar se seu plano de aula alcançou as competências e habilidades da BNCC?
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Introdução

Como você se sente ao ser avaliado? Avaliação é importante? Ao estudarmos a BASE,


identificamos os princípios que envolvem a organização de um currículo à luz das competências,
componentes, objetos de conhecimento e unidades temáticas. O foco sempre deve estar na
organização de oportunidades que possam desenvolver as competências previstas e as
habilidades já descritas, o que apoia o docente nas escolhas pedagógicas. Entretanto, é preciso
inovar no que se refere à avaliação. Como promover uma avaliação dos alunos e alunas no
âmbito da Base Nacional Comum Curricular?
No ensino tradicional, o conhecimento era visto como um acúmulo de informações e fatos e
havia uma sequência rígida dos conceitos. A avaliação era fácil, pois saber o que o aluno
guardou dependia apenas de questões que cobravam a memória. A BASE, tendo o aluno como
participante de todo o processo de aprendizagem, usando sua experiência para resolver
problemas, e o docente propondo atividades abertas com o uso flexível do tempo, altera a
proposta de avaliação. Agora vamos ver como podemos avaliar no Ensino Fundamental no
âmbito da BASE. Vamos inovar no processo de avaliar? Bons estudos.

Avaliações
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Quando estudamos sobre avaliações no Ensino Fundamental, logo associamos a provas e


testes. As avaliações são essenciais para a garantia da aprendizagem dos estudantes. Permitem
tanto mensurar o que foi, de fato, aprendido, como fornecem insumos para o próprio processo de
aprendizagem (AVALIAÇÃO..., 2021). Entretanto, no âmbito da BASE, ao conhecermos as
habilidades que serão desenvolvidas ao longo dos nove anos, iniciais e finais, reconhecemos o
valor da avaliação diagnóstica, quando o docente irá constatar as sínteses das aprendizagens da
etapa anterior, e identificar as necessidades dos estudantes utilizando dinâmicas ou jogos que
irão auxiliar na construção de um planejamento.
Ele irá conhecer o aluno e o grupo de alunos já consolidados em amigos ao longo do ensino
Fundamental. Se a escola já produz portfólios, os docentes podem fazer uso desta ferramenta
para verificar a atuação dos estudantes em projetos, atividades e pesquisas que já
desenvolveram e, assim, reconhecer as habilidades que exercitaram ao longo dos anos
escolares. Saber das competências, habilidades e atitudes dos alunos frente ao uso de
laboratórios, na realização de pesquisas, na interpretação e leitura de textos, auxilia o docente na
apresentação das práticas pedagógicas planejadas. Por exemplo: todos sabem usar o
computador? Quais programas? Sabem usar a biblioteca?
Avaliação formativa pode ser definida como um momento de corrigir rumos. Pode ser realizada
diariamente, observando a participação dos alunos nas diversas atividades propostas, fazendo e
respondendo perguntas, ou periodicamente ao final de uma unidade ou bimestre. O objetivo
desta avaliação é acompanhar o processo de aprendizagem do estudante, seu progresso e
habilidades previstas nas áreas de conhecimento, como leitura de livros, escrita de relatórios ou
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sínteses, hábitos de convivência e empatia, entre outros que podem ser vistos nas competências
gerais. Esta avaliação permite ao docente a revisão ou intervenção em suas práticas, e na
apresentação dos tópicos importantes no contexto da unidade. É importante reforçar as
conexões com os componentes, estimular a consciência e o compromisso social das
habilidades e competências, propiciar uma reflexão sobre a própria aprendizagem e orientar
hábitos de estudo para os estudantes. Já a avaliação somativa se refere ao resultado final,
porém, no âmbito das escolas. Os docentes e toda a equipe podem avaliar os progressos
realizados ao longo do ano e tomar medidas adequadas a tempo de evitar fracassos.
O que avaliar? Como os estudantes integram os conhecimentos, habilidades e competências,
incorporando-os à sua vida. A partir disso, o professor deve apoiar o aluno a rever e estruturar
melhor os conhecimentos adquiridos. Mas, como estamos já nos anos finais do Ensino
Fundamental, faz-se necessário também criar uma avaliação baseada nos resultados do ano.
Pode ser um trabalho individual, um projeto em grupo ou um teste simulado, mas com questões
e propostas práticas que convidem o aluno a pensar e resolver problemas. Outra opção é uma
redação que indique temas transversais e problemas reais a serem solucionados.
Independentemente do modelo de avaliação, será sempre um instrumento que indicará ao
docente e alunos quais decisões tomar para atingir as metas que se construíram no currículo. O
quadro a seguir resume estes conceitos:

Tipos de avaliações. Fonte: elaborada pela autora.

Práticas de avaliação
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A prática pedagógica é uma ferramenta do docente para desenvolver uma aula, uma unidade, a
partir de um plano bimestral com os objetos de conhecimento. A ação do professor e professora
é de procurar a interdisciplinaridade, buscando material prévio e organizando o tempo
pedagógico para desenvolver as habilidades. Ou seja, usar conteúdos já explorados em outras
áreas do conhecimento. As práticas se relacionam diretamente com as avaliações que serão
implementadas, tendo o estudante como centro do planejamento. Uma afirmação que reflete o
processo de aprendizagem e avaliação é que cada estudante é responsável pelo seu próprio
aprendizado. Mas, para tanto, cabe ao docente a organização de práticas que incentivem o aluno
na participação deste processo, bem como a utilização de ferramentas que permitam o
acompanhamento. Se o aluno é ativo, participativo e responsável, o docente é coprotagonista,
pois será sua a responsabilidade de criar este hábito nos estudantes. As avaliações e a tipologia
que apresentamos acontecem no contexto educacional e estão diretamente relacionadas ao
processo de aprendizagem. Alunos e professores têm o mesmo objetivo: que os primeiros
alcancem as aprendizagens essenciais, as habilidades esperadas e as competências gerais para
a vida. Ocorre que as práticas de avaliação, considerando a BASE, se inovam na medida em que
o docente revê e planeja os diversos momentos focando o aluno e seu progresso. Vamos
exemplificar alguns instrumentos. Testes, provas individuais ou em grupo: cabe ao docente
elaborar situações em que o aluno possa discutir as soluções apresentadas, buscando nos
objetos de conhecimento as respostas. O estudante terá contato com testes de múltipla escolha,
que incluem afirmações corretas e distratoras, ou seja, afirmações incorretas que o colocam em
uma situação que lhe exige pensar criticamente e considerar os componentes estudados. É uma
prática comum apresentar situações envolvendo gráficos ou notícias de jornais, que apresentam
diferentes níveis de dificuldade.
Exemplo de uma questão de múltipla escolha no âmbito da BASE retirada do Guia da Ação
Avaliativa (SOARES, 2021. p.17):
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CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras;
Onde canta o Sabiá. [...]
DIAS, Gonçalves. [...]
Nesse fragmento de poema, ao falar de sua terra de origem, o eu lírico:

1. critica o povo.

2. exalta a natureza.

3. glorifica uma conquista.

4. lamenta um amor perdido

Além das questões de múltipla escolha, outra forma de avaliação podem ser as atividades de
resposta construída, que são questões abertas nas quais é possível identificar, além dos
conteúdos, as habilidades desenvolvidas. Mas é preciso que as questões ou indicações sejam
claras e que a exigência seja uma resposta objetiva.
Ex.: Tenho dois chocolates e paguei R$15,00. Quanto custa cada chocolate?
Pode ser também uma frase incompleta, na qual o estudante deve preencher a lacuna avaliando
um conhecimento específico.
Ex.: No ensino tradicional o conhecimento era visto como um ______________ de informações e
fatos.
(acúmulo)
Em uma avaliação é permitida a utilização de uma imagem e que se peça ao aluno que responda
objetivamente o que ele vê na figura apresentada. No componente Geografia, na avaliação,
podemos apresentar a imagem de um relevo estudado e solicitar a resposta. Ou até mesmo
apresentar uma figura e pedir que o estudante escreva uma frase contando o que está
acontecendo na imagem. Para tanto, cabe ao docente se familiarizar com as habilidades dos
componentes. Outro recurso é solicitar que os estudantes criem uma história a partir de um
enunciado, de uma imagem, de um problema

Construindo portfólios
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A BASE orienta a realização de uma autoavaliação. Mas como fazer isso com alunos e alunas? A
autoavaliação tem como objetivo auxiliar os estudantes em um processo de autorreflexão sobre
o que aprenderam, seus sentimentos, suas habilidades desenvolvidas e as atitudes que
favoreceram seu processo de aprendizagem. Existem dinâmicas que favorecem este ambiente.
Não é perguntar qual nota você dá ao seu processo de aprendizagem, mas ir além.
Autoavaliação individual pode acontecer ao final de uma sequência de estudos ou de uma
unidade temática, quando o docente estimula ou provoca os estudantes a sistematizarem o que
aprenderam, como também registrarem o que desejam conhecer mais.
Há uma dinâmica que pode ser utilizada especificamente dentro de um contexto, como uma
habilidade que será estimulada ou um conteúdo a ser estudado. Dobramos um papel A2 como
uma sanfona e, ao passá-lo de mão em mão, os estudantes escrevem em dobras diferentes o
que sabem a respeito de algo. O docente guarda esta sanfona de papel e, ao final da aula,
unidade ou experiência, o papel dobrado é passado novamente e os estudantes verificam se a
escrita pode ou não ser alterada. A autoavaliação pode ser realizada em grupo, nos quais serão
construídos painéis com quatro ou mais aspectos a serem avaliados. O ideal é realizar no início
do ano e depois ao final do semestre letivo. Cada estudante recebe quatro post it coloridos, que
serão colados em um quadro que o professor e alunos desenharam. Cada parte pode ser a
referência de um aspecto a ser autoavaliado, como este exemplo:
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Atividade de auto avaliação. Fonte: elaborada pela autora.

Cada aluno coloca um post it em um aspecto que está sendo tópico de avaliação, utilizando as
cores e seus significados: Amarelo – preciso melhorar; Rosa – não consegui com facilidade; Azul
– satisfatório; Verde – progredi muito. Este exemplo refere-se a uma unidade de um componente,
mas os docentes e alunos podem combinar os itens a serem colocados no gráfico, como
também os significados das cores. O importante é que nas ferramentas de autoavaliação sejam
incluídas habilidades, competências e atitudes.
E o portfólio? É uma ferramenta que encoraja o aprendizado centrado no estudante. Os portfólios
representam o desenvolvimento nos domínios cognitivos, social e emocional, as habilidades, as
atitudes e as competências necessárias para uma vida em sociedade justa e igualitária, e uma
boa memória dos anos escolares. É uma ferramenta que organiza o percurso formativo por meio
de amostras de trabalhos, narrativas, informando e registrando a progressão das capacidades
desenvolvidas pelo estudante ou por grupos na sala de aula. O portfólio também atua como um
diálogo com a família e o contexto escolar. No contexto, os estudantes também avaliam as
interferências do espaço escolar na realização das suas tarefas. Pode ser feito de forma
interativa, em que os estudantes escrevem, registram comentários, sentenças curtas que
refletem uma situação ou recados. O docente também escreve suas impressões, reúne
informações relevantes para o aluno e aluna, pois considera a individualidade de cada um. Não
escreve diretamente no portfólio, mas entrega uma mensagem a ser incluída nele. O Portfólio
pode ser particular, como um diário, com registros pessoais sobre o cotidiano escolar. Um
material que registra não somente as aprendizagens, mas também as dificuldades, sejam de
aprendizagem ou relacionamento. O docente deve incentivar estes registros, que podem
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acontecer nos momentos de autoavaliação. Dessa forma, o estudante começa a ser


responsabilizado por sua trajetória.
O portfólio de aprendizagem utiliza-se de várias linguagens para registrar o que foi aprendido; é
onde os estudantes fazem anotações e deixam mensagens que podem reler em momentos
diversos, e registram seu progresso em conteúdos e conceitos nos componentes. Sendo assim,
é uma proposta de autoavaliação também. O portfólio demonstrativo são amostras
representativas de trabalhos, projetos, pesquisas realizadas, estudos do meio, viagens, entre
outros momentos vividos nos anos finais do Fundamental, e pode ser confeccionado em
grupos.
A orientação para a criação de portfólios que auxiliam o processo de avaliação é a criatividade, a
estrutura e sua organização. Fotografias, figuras, itens coletados pelos estudantes e docentes
constituem este material. Uma parte destinada à narrativa dos docentes, recebida pelos
estudantes, auxilia no processo de reorganizar o caminho, sugerir mudanças no rumo, ou
oferecer reflexões. Podemos classificar os portfólios em três características:

Físicos: com o uso de cadernos, diários de bordo, livro, pasta-caderno, painéis ou murais
grandes.
Digitais: em que os estudantes registram em um blog, ou até mesmo escrevendo um e-
book ou produzindo vídeos. Isto remete às habilidades descritas na área da LINGUAGEM e
na competência geral nº5: Cultura Digital.
Híbridos: em que se utiliza o suporte digital com fotos para enriquecer o modelo físico com
cadernos ou diários.

Videoaula: Professor, como avaliar se seu plano de aula alcançou as


competências e habilidades da BNCC?

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Neste vídeo iremos retomar os princípios norteadores da Base Nacional Comum Curricular,
destacando as competências e o protagonismo dos estudantes, das habilidades aos conteúdos
que guiam as escolhas das práticas pedagógicas que garantem as aprendizagens essenciais e o
acesso a uma educação básica igualitária.
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Planejamento com base na BNCC. Fonte: elaborada pela autora.

Venha conosco aprender ainda mais!

Saiba mais
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As avaliações se transformam em diversas atividades, como atividades on-line, pesquisas,


seminários, autoavaliação, redações feitas por meio de plataformas digitais, trabalhos digitados,
simulados, apresentação de projetos sociais. Práticas pedagógicas que estão previstas na
utilização das metodologias ativas e estão de acordo com a BNCC. Mas, no âmbito da BASE,
acompanhar o cotidiano dos alunos em sala de aula e nas tarefas realizadas é uma opção de
avaliação. O que demonstra que a avaliação não deve ser realizada apenas ao final do semestre
ou ano escolar, mas estar presente em todo o processo.
Conheça a avaliação Feedback 360º: ela é uma ferramenta que auxilia o docente a avaliar os
estudantes, seja individualmente ou na atuação em grupo, sendo muito fácil a aplicação.
Para que aconteça o Feedback 360º, temos que seguir alguns passos:

1. Elaborar um instrumento a ser completado pelo aluno com perguntas que estimulem a
reflexão e não apenas “sim” ou “não”.
2. Dentro deste procedimento o aluno realiza uma autoavaliação sobre seu desempenho,
habilidades adquiridas, competências que desenvolveu à luz das questões apresentadas.
3. As respostas podem ser apresentadas para o grupo e, individualmente, o aluno também
poderá indicar colegas para avaliar alguns aspectos que o professor pode determinar.

Mas todo cuidado é pouco na elaboração das questões e apresentação das respostas, pois não
é um jogo da verdade e muito menos de acerto de contas. Por isso, o docente pode sugerir a
avaliação de um projeto realizado, uma visita de campo ou até mesmo um episódio cultural
vivenciado.
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Referências

AVALIAÇÃO: Guia apoia desenvolvimento de instrumentos avaliativos alinhados à BNCC.


Observatório Movimento pela Base, 2021. Disponível em:
https://observatorio.movimentopelabase.org.br/bncc-e-avaliacao-guia-apoia-desenvolvimento-
de-instrumentos-avaliativos-alinhados-a-bncc/. Acesso em: 19 dez. 2022.
CAED. Apoio à aprendizagem, [s. d.]. Disponível em: http://apoioaaprendizagem.caeddigital.net.
Acesso em: 5 jan. 2023.
INSTITUTO REÚNA. Reúna, c2023. Página inicial. Disponível em:
https://www.institutoreuna.org.br/. Acesso em: 30 dez. 2022.
PEDAGOGIA PARA CONCURSEIROS. Pedagogia para concurseiros, [s. d.]. Página inicial.
Disponível em: https://pedagogiaparaconcurseiros.com.br/. Acesso em: 20 dez. 2022.
PERRENOUD. P. Novas competências para ensinar. Rio Grande do Sul: ArtMed, 2000.
SOARES, J. F. et al. Guia da ação avaliativa. CAEd/UFJF, CONSED/UNDIME e Fundação Lemann,
2021. Disponível em: https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2021/02/guia-da-
av-interativo.pdf. Acesso em: 24 dez. 2022.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.

Aula 5
Revisão da unidade
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BNCC e o anos finais do Ensino Fundamental

Esta unidade focou no processo de ensino e aprendizagem que ocorre no Ensino Fundamental –
anos finais. O destaque sempre foi a prática pedagógica como uma ferramenta do docente para
desenvolver uma aula, uma unidade, a partir de um plano bimestral, com os objetos de
conhecimento à luz da BASE. O docente deve fazer um planejamento prévio do material,
estabelecendo um tempo pedagógico para desenvolver as habilidades necessárias.
O grande desafio é de articular a interdisciplinaridade, com conteúdos explorados em outras
áreas do conhecimento. As avaliações se relacionam com as práticas e devem ter o aluno como
foco central do planejamento, refletindo o processo de aprendizagem. Nesse processo o aluno é
ativo, participativo e responsável, e a função do docente é a de criar este hábito nos estudantes.
A aprendizagem, que deve ser sempre capaz de nos orientar e nos levar adiante, está na
dependência de como se domina a estrutura da matéria. Dessa forma, faz-se necessário o
desenvolvimento de uma atitude de investigação tanto pelo docente como pelo estudante,
durante os nove anos do Ensino Fundamental, sobretudo nos anos finais.
Quanto a essa atitude, a utilização do método da descoberta como procedimento básico do
trabalho educacional acontece nas práticas pedagógicas. O estudante tem plenas condições de
percorrer o caminho da descoberta, investigando, fazendo perguntas, experimentando e
compreendendo. O papel mais importante dos professores e professoras é criar um ambiente no
qual o aluno e aluna possam espontaneamente realizar experiências de construção do seu
conhecimento, favorecendo o enfrentamento de novas situações, de novas ideias. E, nos
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processos de adaptação a essas situações, a criança adquire novos conhecimentos e vai


constituindo sua inteligência.
Cabe ao professor usar como estratégia incentivar as iniciativas do aluno, valorizando o
conhecimento que ele já traz consigo e, a partir daí, avançar com ele na descoberta de novos
saberes e novas maneiras de trabalho. Este é o diferencial das práticas pedagógicas do Ensino
Fundamental – anos finais. Para que possa organizar o seu trabalho pedagógico, o docente
inicialmente precisa organizar um plano anual com os componentes curriculares e unidades
temáticas, que pode ser bimestral ou mensal. Esta distribuição das unidades temáticas e objetos
de conhecimento traça a sequência a ser seguida. Para organizar as práticas, é preciso conhecer
as competências especificas de cada área do conhecimento estabelecidas pela BASE e as
habilidades a serem vividas. Considerar, para a seleção das práticas pedagógicas, a concepção
de estudante, os recursos disponíveis no contexto escolar, o material didático que a escola optou
por utilizar (se for o caso), e principalmente planejar coletivamente a fim de que haja uma
integração vertical e horizontal.
A prática pedagógica é uma ferramenta do docente para desenvolver uma aula, uma unidade, a
partir de um plano bimestral com os objetos de conhecimento. Neste percurso, inclui-se o
processo avaliativo, que é desenvolvido em quatro modalidades: diagnóstica, formativa,
somativa e autoavaliação. Como a BASE impacta na elaboração de um currículo, na estrutura
pedagógica, nos planejamentos e nas avaliações, cabe ao docente e gestores organizarem o
contexto educacional para que seja implementada com êxito. Nesta perspectiva, mudam-se os
encontros de formação, das reuniões pedagógicas, da integração pedagógica entre docentes, e
os espaços e ambientes de aprendizagem. Vale lembrar que esses anos finais devem contemplar
o desenvolvimento das dez competências gerais, bem como todas as habilidades previstas. Ao
final desta unidade, esperamos que você identifique no campo educacional as estratégias e os
recursos pedagógicos para a prática docente de acordo com o contexto descrito pela BASE.

Videoaula: Revisão da unidade

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Nesta unidade desenvolvemos estudos e orientações práticas acerca do Ensino Fundamental,


anos finais. Para tanto, as leituras e atividades demonstradas possibilitam a identificação no
campo do ensino e aprendizagem (escola), as estratégias e recursos pedagógicos para a prática
docente de acordo com o contexto. Elaborar planos anuais, bimestrais e de unidades temáticas
faz parte das tarefas docentes que têm como base o protagonismo dos estudantes, ou seja, o
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estudante está no centro do planejamento, o que inclui também o processo de avaliação. Nesse
vídeo vamos explorar esses assuntos e muito mais!

Estudo de Caso

Mestre Júlio assumiu as aulas de Artes no ano passado na Escola Municipal Gente Boa.
Formado pela Escola de Arte, tem produzido pinturas e coordenado grupos de dança folclórica
em comunidades. O desafio era a docência. Sabendo da estrutura do componente ARTE dentro
da área de LINGUAGEM, ficou entusiasmado com a possibilidade de introduzir várias linguagens
da ARTE para os alunos do 5º ano. Para isso, planejou unidades temáticas a serem
desenvolvidas ao longo do ano no âmbito da BNCC.
Separou o plano da seguinte maneira: 1º bimestre – Músicas; 2º bimestre – Dança; 3º – Pinturas;
4º – Modelagem. Dessa forma, os estudantes vivenciaram algumas formas de expressão
artística. Contudo, na reunião pedagógica organizada pela gestão escolar, diretores e
coordenadores, o Mestre Júlio percebeu que tinha cometido alguns equívocos no planejamento.
Os professores de Língua Portuguesa e História conversavam e organizavam práticas
pedagógicas integrando os objetos de conhecimento.
O professor de Ensino Religioso estava dando dicas para alguns professores e compartilhando
unidades temáticas. Sem entender o que estava acontecendo, foi rever a Base Nacional Comum
Curricular e identificou alguns pontos importantes para o novo planejamento. Quais foram esses
pontos que Mestre Júlio identificou na BASE referentes ao componente Artes? Quais propostas
os professores estavam discutindo em grupos organizados por diferentes áreas de
conhecimento? Como o professor poderia ter elaborado seu planejamento?
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______
Reflita
Analise este cenário e reflita sobre os procedimentos errados e os acertos que possam ser
descritos na solução deste caso. Não se esqueça de apontar os requisitos necessários para um
bom planejamento neste componente.
Os procedimentos considerados pelo professor ao apresentar seu planejamento foram
corretos?
Como Júlio poderia ter iniciado seu trabalho docente de forma colaborativa?
O que você faria se estivesse começando a docência em uma escola nova?
Quais equívocos podem ser evitados?

Videoaula: Resolução do Estudo de Caso

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Todo docente deve saber que a BNCC está alinhada à Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (L9394/1996), que trabalha com o princípio do pluralismo de ideias e de concepções,
postulado pela LDB e pela Constituição Federal de 1988. Considera produções da ciência em
relação à educação básica, e aos processos de apropriação da linguagem escrita e matemática,
garantindo pluralidade de enfoques científicos, valor assegurado constitucionalmente como
requisito para o exercício do direito à educação. A abordagem curricular deve inserir o aluno e
aluna criança no centro do planejamento, o que implica em um planejamento emergente, no qual
professores e alunos se engajam em investigações, buscam responder a perguntas que as
crianças fazem e promovem experiências e a construção de conhecimentos, tudo isso em uma
abordagem transdisciplinar e por meio das múltiplas linguagens.
A Arte, como diz a BASE (BRASIL, 2017), é o componente curricular centrado nas seguintes
linguagens: as Artes Visuais, a Dança, a Música e o Teatro, sendo esta última esquecida pelo
professor. Essas linguagens articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e
envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artísticas.
Artes Visuais, Dança, Música e Teatro constituem uma unidade temática do componente do qual
Júlio estará à frente na escola. Porém, para planejar é preciso considerar as unidades temáticas
do componente Arte apresentadas em dois blocos: do 1º ao 5º ano e, depois, do 6º ao 9º ano.
Júlio, no processo de planejar a docência na Escola Municipal Gente Boa, atropelou sua entrada
na equipe de professores e esqueceu que o componente ARTE atende até o 9º ano, e não havia
conhecido as sínteses de aprendizagem dos estudantes do ano anterior.
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Ao planejar para o 5º ano, é preciso rever as sistematizações, produções e habilidades


adquiridas nos anos anteriores, pois até o 5º ano consideram-se anos iniciais do Ensino
Fundamental. Assim, garante-se a articulação vertical. Este é o primeiro ponto que o professor
Júlio deveria considerar antes de planejar.
Na reunião pedagógica os professores preparam práticas que possam integrar mais áreas do
conhecimento, de forma a garantir a articulação horizontal. Habilidades que se fortalecem
quando há interdisciplinaridade. O professor de História poderia estar apresentando ideias
acerca das danças regionais do Brasil, pois seria um objeto de conhecimento capaz de ser
contemplado em Artes, na Língua Portuguesa, Geografia, História e até mesmo no Ensino
Religioso. No plano anual ou bimestral de Arte, deveriam constar as competências específicas
do componente, os objetos de conhecimento (conteúdos, definições e conceitos) e práticas
pedagógicas a serem vivenciadas pelos estudantes, garantindo a participação ativa com
pesquisa, painéis, releituras de obras artísticas e encenações, pois o teatro também está
presente neste componente. Para o teatro, a integração com Língua Portuguesa faz todo o
sentido, pois em um componente os estudantes fazem leituras, analisam, narram, entre outras
habilidades descritas na BASE. Já em Artes, eles constroem roteiros, estudam personagens e
dramatizam o texto. Mas isto só é possível quando há um planejamento em equipe. Júlio
esqueceu o teatro, uma unidade importante descrita na BASE.
O roteiro do planejamento pode acontecer a partir desta sugestão:
Área de conhecimento: LINGUAGEM.
Componente: ARTE.
5º Ano.
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Planejamento para o componente Arte – 1º a 5º anos. Fonte: elaborada pela autora.

Com esta sugestão de planejamento, vê-se que o conteúdo não deve ser fragmentado e sim
promover uma articulação entre as unidades, com um diálogo entre as áreas de conhecimento.
As práticas pedagógicas visam à participação dos estudantes e não a tê-los como ouvintes, mas
sim promovendo o debate, a escuta de opiniões e descobertas com a mediação do professor até
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mesmo na autoavaliação. Outro aspecto importante é relacionar todo o trabalho a ser


desenvolvido com as competências gerais. Pode ser com uma pergunta como: as práticas
selecionadas promovem o desenvolvimento do autoconhecimento? Da comunicação? Do
repertório cultural? Entre outras. Por último, mas não menos necessário, identificar quais áreas o
Prof. Júlio deveria integrar em seu planejamento.

Resumo Visual
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Ensino Fundamental Anos Finais. Fonte: elaborada pela autora.

Referências
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AVALIAÇÃO: Guia apoia desenvolvimento de instrumentos avaliativos alinhados à BNCC.


Observatório Movimento pela Base, 2021. Disponível em:
https://observatorio.movimentopelabase.org.br/bncc-e-avaliacao-guia-apoia-desenvolvimento-
de-instrumentos-avaliativos-alinhados-a-bncc/. Acesso em: 19 dez. 2022.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2017.
Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pd
f. Acesso em: 24 jan. 2023.
INSTITUTO REÚNA. Reúna, c2023. Página inicial. Disponível em:
https://www.institutoreuna.org.br/. Acesso em: 30 dez. 2022.
PERRENOUD. P. Novas competências para ensinar. Rio Grande do Sul: ArtMed, 2000.
SOARES, J. F. et al. Guia da ação avaliativa. CAEd/UFJF, CONSED/UNDIME e Fundação Lemann,
2021. Disponível em: https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2021/02/guia-da-
av-interativo.pdf
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
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Unidade 4
BNCC e o Ensino Médio

Aula 1
A estrutura da BNCC para o Ensino Médio

Introdução
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Você sabia que há uma relação entre as evidências científicas e a elaboração de práticas
pedagógicas? O foco está na aplicação do método científico numa dimensão interdisciplinar,
dado que a limitação do método em sua aplicação está reduzida quase exclusivamente à
pesquisa experimental e à disciplina de Ciências.
Com isso, professores que atuam no Ensino Fundamental e Médio estimulam o pensar utilizando
o método científico em suas escolas, e ainda alertam pesquisadores sobre a necessidade de
investir em pesquisas que exijam a aplicação do método científico no ambiente escolar, de forma
a diminuir o espaço existente entre a pesquisa e o ensino no contexto do Ensino Médio. Toda
esta reflexão auxilia no entendimento da estrutura organizacional e curricular do Novo Ensino
Médio, que vai além dos componentes com a oferta dos Itinerários Formativos, o que é uma
novidade. Nesta aula você vai descobrir o Novo Ensino Médio. Bons estudos!

O Novo Ensino Médio


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A proposta do NOVO ENSINO MÉDIO, cuja sigla é NEM, tem por objetivo atender às necessidades
dos estudantes e suas expectativas, fortalecer seu interesse, engajamento e protagonismo,
combater a evasão escolar e prepará-los para o mundo do trabalho; além disso, possibilitar que
desenvolvam conhecimentos, habilidades, atitudes e valores capazes de formar novas gerações
para lidar com desafios pessoais, profissionais, sociais, culturais e ambientais do presente e do
futuro. Para que isso ocorra, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM –
BRASIL, 2018) atualizadas indicam que os currículos dessa etapa devem ser compostos pela
Formação Geral Básica e pelos Itinerários Formativos. O Ensino Médio apresenta a seguinte
contextualização no âmbito da BNCC:

1. Consolidar, aprofundar e ampliar a formação integral.


2. Relacionar teoria e prática.
3. Flexibilidade como princípio de organização curricular.
4. Protagonismo juvenil.

A BASE apresenta a estrutura do Ensino Médio permitindo ao estudante desenvolver os


conhecimentos mais relevantes de todas as áreas previstas pela BNCC. A estrutura é organizada
como uma Formação Geral Básica, com a sigla FGB, que é um conjunto de competências e
habilidades das áreas de conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas
Tecnologias; Ciências da N atureza e suas Tecnologias; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas,
previstas na BASE do Ensino Médio, que aprofundam e consolidam as aprendizagens essenciais
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do Ensino Fundamental, com carga horária total máxima de 1.800 horas. Uma proposta
inovadora é a inclusão dos Itinerários Formativos, cuja sigla utilizada nos documentos é IF e que
são definidos como um conjunto de situações e atividades educativas que os estudantes podem
escolher conforme seu interesse, para aprofundar e ampliar aprendizagens em uma ou mais
áreas de conhecimento e/ou na formação técnica e profissional, com carga horária total mínima
de 1.200 horas.
Neste contexto prevalece o protagonismo do estudante e do Projeto de Vida, que será
desenvolvido ao longo dos três anos do Ensino Médio. Resume-se o Novo Ensino Médio com a
proposta de valorizar a aprendizagem pelo aumento da carga horária, com novas oportunidades
de escolhas para o estudante. O estudante pode escolher um Itinerário Formativo que se define
como um aprofundamento curricular: este aprofundamento pode ser um uma área de
conhecimento ou uma proposta para desenvolvimento de uma educação para o trabalho,
profissional. No Ensino Médio também há o oferecimento de conteúdos a serem escolhidos
como atividades eletivas. Esta nova estrutura permite que o estudante escolha as áreas de
conhecimento mais atrativas ou que irão auxiliar na concretização de seu Projeto de Vida.
A definição dos itinerários no âmbito da BNCC forma um conjunto de unidades curriculares
oferecidas pelas escolas, mediante as condições existentes na instituição, nas quais os
estudantes possam aprofundar seus conhecimentos em áreas ou componentes curriculares.
Podem ser oferecidos pelas escolas um aprofundamento de estudos ou preparação para o
mundo do trabalho. Se a instituição escolar não oferecer condições para este aprofundamento,
nem para a formação profissional, pode realizar parcerias com entidades locais, como SESI,
SENAI, escola de idiomas, entre outras opções.
Quais são os itinerários? A escola pode oferecer uma área eletiva ou um componente no qual os
estudantes possam estudar mais a fundo um tema. Pode também oferecer situações de
aprofundamento nas áreas de conhecimento integrando a cultura digital, prevista nas
competências gerais. O diferencial do NEM é o que se chama de Projeto de Vida. Esta proposta
está prevista para o Ensino Médio, mas pode ser oferecida ainda no Ensino Fundamental, caso a
escola assim defina. Para o desenvolvimento dos componentes em suas áreas de conhecimento,
as práticas pedagógicas devem usar métodos científicos.
Isto porque os estudantes do Ensino Médio dominam habilidades necessárias para o exercício
do método atendendo aos interesses atuais presentes no cotidiano. A implementação de forma
gradual do Novo Ensino Médio obedece a um cronograma obrigatório aos estados brasileiros.
Assim, implementa-se a 1ª série em 2022; 1ª e 2ª séries em 2023; e 1ª, 2ª e 3ª séries no ano de
2024. Com a mudança estrutural e pedagógica do NEM, há uma evidente mudança no ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio), que deve ser realizado em dois dias. No primeiro, os
estudantes serão avaliados em quatro áreas do conhecimento, sendo obrigatórias a todos
estudantes; no segundo dia, o estudante escolhe a área do conhecimento em que desenvolveu
seu Projeto de Vida. Confira a seguir uma visualização do Novo Ensino Médio.
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Novo Ensino Médio. Fonte: elaborada pela autora.

Trilhas de Aprofundamento. Fonte: elaborada pela autora.


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As competências e habilidades sistematizadas no Ensino Médio

Em geral, as crianças são ensinadas a fazer pesquisas na escola do início ao fim do Ensino
Fundamental. Elas são ensinadas a observar, medir e controlar variáveis, buscar relações entre
elas e tirar conclusões sobre as coisas que estudaram com base nos dados coletados e nas
relações que encontram, o que marca mais uma vez a presença de interdisciplinaridade, a
relação entre as áreas de conhecimento. Entretanto, esse método, baseado quase
exclusivamente na experimentação e utilizado de modo geral para o ensino de Ciências, nos
parece limitado, ambíguo e com inadequações, considerando-se que não existe um método
único ou uma receita universal para a ciência, pois cada questão pode exigir uma abordagem
científica diferente (BORGES et. al., 2021). Neste contexto, as abordagens para superação desta
limitação do método científico têm sido atreladas à concepção de “letramento científico”.
Consideram-se estas informações para planejar práticas escolares no Ensino Médio.
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Ensino Médio. Fonte: elaborada pela autora.

Os componentes curriculares apresentam uma extensão na nomenclatura, usando sempre “suas


tecnologias”. Mas o que isso significa?
O tempo pedagógico muda e, com ele, a utilização de espaços com equipamentos que
promovam a articulação com as ferramentas digitais empregadas nas práticas de todos os
componentes, fortalecendo a integração de áreas. Os currículos devem atender à carga horária
obrigatória e à utilização de metodologias que favoreçam a sistematização das habilidades e a
concretude das competências. O Ensino Médio, última etapa da educação básica, deve verificar
continuamente as aprendizagens essenciais dos estudantes e as competências adquiridas para
a vida pessoal, social e profissional. A partir da distribuição da carga horária dos componentes
curriculares no Ensino Médio, podemos observar a necessidade de um trabalho interdisciplinar e
a inclusão de processos autoavaliativos dos estudantes, a fim de prever lacunas e prover práticas
pedagógicas.
Veja este exemplo de carga horária nos dois primeiros anos do Ensino Médio.
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Carga horária – 1ª série. Fonte: elaborada pela autora.

Note a importância do diálogo entre as áreas por meio de práticas pedagógicas e o destaque
para a parte flexível do currículo.
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Carga horária – 2ª série. Fonte: elaborada pela autora.

O que você percebeu de diferente? Por que há uma diminuição de aulas em alguns
componentes?
Algumas atividades pedagógicas, como Itinerários Formativos e Projeto de Vida, começam a ter
mais tempo, bem como o processo de autoavaliação para que os estudantes possam se
responsabilizar por suas aprendizagens, habilidades e competências. Os componentes
curriculares eletivos do Novo Ensino Médio compõem a parte flexível do currículo, contida nos
Itinerários Formativos, que têm as suas unidades eletivas definidas por cada escola e escolhidas
pelos alunos conforme seu Projeto de Vida.
Os componentes eletivos devem ser apresentados após a escuta dos alunos e análise do cenário
da comunidade. Por exemplo: Língua Espanhola: apresentar as possíveis áreas de atuação,
como redator, tradutor e comunicador. Com objetivos claros e bem definidos, este componente
entra como Itinerário Formativo e, ao se tornar uma trilha, o estudante pode, nos três anos,
aprimorar sua formação e atuar também em relações diplomáticas.
Outro exemplo é a área de Matemática e suas tecnologias, que apresenta o componente
Educação Financeira. Ele pode abordar como cuidar de finanças pessoais e do orçamento
doméstico, e até mesmo conhecer o sistema financeiro nacional. Este componente também
agrega a área de Ciências e pode trazer oportunidades no mercado de trabalho em
administração, contabilidade, economia. Estes são dois exemplos que podem ser trabalhados
em três anos ou em um ano, abrindo oportunidades novas de estudo e aprofundamento. Mas
isso irá sempre depender da estrutura e oferta das escolas.
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Novas práticas, novo desafio curricular

Qual a relação do conceito de práticas à luz dos métodos científicos e dos Itinerários
Formativos?
A aplicação do método científico no contexto do Ensino Fundamental e, em especial, no Ensino
Médio, tem se limitado ao uso de experiência (método dedutivo) e, em geral, somente para o
ensino da disciplina de Ciências. O método científico, porém, deve ser usado para todas as
práticas dos componentes curriculares.
Aqui estão alguns exemplos práticos que estimulam essa aplicação:
Uma opção para os professores transmitirem a investigação científica é expor aos alunos mais
exemplos que mostrem como a ciência é conduzida no mundo real. Os alunos podem ler artigos
de revistas científicas revisadas por pares, que detalham como a ciência é conduzida no âmbito
da investigação, trabalhando habilidades previstas nas áreas de conhecimento, dando o norte
para a organização de situações práticas e promovendo a iniciação do pensamento crítico e
científico, previstos nas dez competências gerais. Esta proposta atende a todas as áreas do
conhecimento e pode ser utilizada nos itinerários, bem como no Projeto de Vida, quando os
estudantes podem descobrir suas escolhas profissionais.
Uma proposta é usar artigos de periódicos científicos revisados e divulgados, e adaptá-los para
torná-los mais acessíveis tanto para os professores quanto para os alunos. Outro recurso que
ajuda os alunos a fazer conexões entre o processo científico e a pesquisa real são as entrevistas
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em vídeo com os pesquisadores, que permitem que os alunos vejam e ouçam diretamente de
cientistas reais falando sobre suas pesquisas, prática que pode ser utilizada nas áreas de
conhecimento e vários componentes (WILSON; DIMITROVA, 2022, p. 20-21).
Veja este exemplo: alunos e alunas de uma 6ª série em uma aula de matemática de uma escola
pública foram solicitados a demarcar nos mapas geográficos e históricos os registros
cartográficos de nascimento e morte de famílias vítimas de uma febre que atingiu uma cidade, e
tentar predizer, por meio dos sobrenomes, quais as famílias que, cem anos depois,
permaneceram vivas. Após esse levantamento, eles foram entrevistar essas famílias. Uma
aplicação foi ampliada no sentido interdisciplinar. Esta prática engaja os estudantes em uma
tarefa e verifica como solucionam, quase sem ajuda, os possíveis impasses que possam ocorrer
durante a execução do trabalho. Foi só matemática? Os alunos e professores usaram: História,
Geografia, Língua Portuguesa, Ensino Religioso.
Outras práticas que unem o pensamento científico e os componentes: o exemplo a seguir refere-
se à competência nº 2 da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A competência
específica refere-se aos estudos dos territórios, das migrações e imigrações que ocorrem em
diferentes tempos e espaços por conta das situações econômicas ou de poder, e das questões
acerca da desigualdade social, da inclusão ou exclusão territorial. Analise este plano de uma
unidade temática ou Itinerário Formativo:

Competência nº 2 da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Fonte: elaborada pela autora.
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Observar a proposta de aprofundamento em Ciências Humanas relacionando com a


competência geral nº 5 e habilidades de reconhecimento de dados locais e globais.

Videoaula: A estrutura da BNCC para o Ensino Médio

Este conteúdo é um vídeo!


Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

Realizar pesquisas é uma das tarefas importantes, e a formação de um pesquisador acontece


por meio dos estudos e das práticas experimentais. Identificar por que há evasão escolar, por
que as crianças não aprendem, quais os sentimentos envolvidos na aprendizagem. Estes e
outros temas fazem parte de um conjunto de pesquisas publicadas que, ao serem divulgadas,
podem auxiliar os técnicos em educação e as secretarias de educação a alterar um currículo
para garantir a qualidade esperada na educação básica. Neste vídeo, vamos conhecer melhor as
atividades de pesquisa que podem auxiliar na conquista das competências necessárias. Uma
habilidade que deve ser estimulada desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Venha
conosco!

Saiba mais
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O gráfico a seguir, que ficou conhecido como A Curva de Heckman, traça a taxa de retorno, que é
o fluxo de dólar de uma unidade de investimento em cada idade para um investimento marginal
em uma criança jovem desfavorecida nos níveis atuais de despesas. O retorno econômico das
intervenções iniciais é alto e o retorno das intervenções posteriores é menor. Os programas de
recuperação nos anos de adolescentes e jovens adultos são muito mais onerosos ao produzir o
mesmo nível de habilidade na idade adulta. A grande mensagem dessa curva é que quanto mais
cedo investimos na educação, maior será o nosso retorno posterior.
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Curva de Heckman. Fonte: Heckman Equation org (c2023).

Aprofunde ainda mais seus conhecimentos com as seguintes leituras:

A Lei n o 13.415 e as alterações na carga horária e no currículo do Ensino Médio.


Jovens do Ensino Médio e participação na esfera escolar: um estudo transnacional.

Referências
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BORGES, A. M. D. et. al. O uso do método científico na resolução de questões diversas em sala
de aula. XVII Encontro sobre Investigação na Escola (XVEIE), Universidade Federal da Fronteira
Sul, 2021. Disponível em: https://portaleventos.uffs.edu.br/index.php/EIE/article/view/15678.
Acesso em: 10 dez. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, 2018. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/docman/novembro-2018-pdf/102481-rceb003-18/file. Acesso em: 31
jan. 2023.
COHEN, L.; MANION, L.; MORRISON, K. Research methods in education. Londres: Routledge
Falmer, 5ª Edição, 446p. 2000.
FRANCO, L. Investir em educação para a primeira infância é melhor 'estratégia anticrime', diz
Nobel de Economia. BBC News Brasil, São Paulo, 2019. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-48302274. Acesso em: 30 jan. 2023.
HECKMAN EQUATION ORG. Gráfico de Heckman. Heckman: the economics of human potential,
c2023. Disponível em: https://heckmanequation.org/resource/grafico-de-heckman/ Acesso em:
24 jan. 2023
INEP/PISA/OCDE. PISA 2024 Strategic Vision and Direction for Science. Programa Internacional
de Avaliação de Estudantes (PISA) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD). Paris, 2020. Disponível em: https://www.oecd.org/pisa/publications/PISA-
2024-Science-Strategic-Vision-Proposal.pdf. Acesso em: 18 dez. 2022.
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INSTITUTO ABRAMUNDO. Indicador de Letramento Científico: relatório técnico da edição 2014.


São Paulo: Ação Educativa, 2014.
INSTITUTO REÚNA. Reúna, c2023. Página inicial. Disponível em: https://o.institutoreuna.org.br/.
Acesso em: 22 dez. 2022.
NATIONAL EDUCATION ASSOCIATION (NEA). Scientific Literacy: why It Matters. PTA Our
Children, 2018. Disponível em: https://ptaourchildren.org/science-literacy/. Acesso em: 15 dez.
2022.
NOVO, B. N. Por que a ciência é importante? Breve análise sobre a importância da Ciência. 2022.
Vídeo. Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/porque-a-ciencia-e-
importante.htm. Acesso em: 13 dez. 2022.
PISA. Letramento científico. INEP, 2010. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/download/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf.
Acesso em: 30 jan. 2023.
ROY, G; DANAIA, L; SIKDER, S. Understanding scientific literacy through play-based settings in the
early years: A critical review. Early Childhood Voices Conference 2022, Bathurst, New South
Wales, Australia. 2022.
TURIN, R. País do futuro? Conflitos de tempos e historicidade no Brasil contemporâneo. Estudos
Avançados, 36 (105), 85-104. 2022.
VERHAGEN, M. D. A. Pragmatist’s Guide to Using Prediction in the Social Sciences. Socius.
Volume 8, 2022.
WILSON, W.; DIMITROVA, T. Using Adapted Primary Literature in the Science Classroom. The
Science Teacher, V. 90, N. 1, set/out. 2022.

Aula 2
Itinerários Formativos no Ensino Médio

Introdução
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Olá, convidamos você para caminhar nesta aula, pela jornada através do Itinerário Formativo para
o Ensino Médio. Essa caminhada é apenas um pequeno olhar para auxiliar o professor a
desenvolver pessoas críticas e autônomas para um mundo cada vez mais complexo e digital.
Desde que foram anunciadas mudanças no Ensino Médio, os Itinerários Formativos têm
provocado muitas dúvidas entre a comunidade escolar e a sociedade civil de uma forma geral.
Porém, pretende-se nesta unidade, além de esclarecer o que são esses Itinerários Formativos,
oferecer algumas informações que poderão auxiliar o professor a desenvolver suas aulas de
forma mais ativa. Na realidade, e de uma forma bem didática, os Itinerários Formativos são o
conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho
que os estudantes poderão escolher no Ensino Médio. As redes de ensino federal, estadual e
municipal terão autonomia para definir quais itinerários irão ofertar, considerando um processo
que envolva a participação de toda a comunidade escolar. Vamos descobrir os caminhos? Bom
estudo!

O que são Itinerários Formativos?


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A Base Nacional Comum Curricular, por ser um documento normativo, foi criada para ajudar a
superar a fragmentação das políticas educacionais, objetivando o fortalecimento do regime de
colaboração entre as três esferas de governo e sendo balizadora da qualidade da educação,
tendo como fio condutor as abordagens interdisciplinares e transdisciplinares e apresentando
uma série de normas para atender a esta especificidade. Os currículos do Ensino Médio são
compostos pela formação geral básica, articulada aos Itinerários Formativos como um todo
indissociável. Esses itinerários – estratégicos para a flexibilização da organização curricular do
Ensino Médio, pois possibilitam opções de escolha aos estudantes – podem ser estruturados
com foco em uma área do conhecimento, na formação técnica e profissional, ou na mobilização
de competências e habilidades de diferentes áreas, compondo itinerários integrados. Na
estrutura do Ensino Médio (E.M., como será designada), no âmbito da BNCC, os Itinerários
Formativos são descritos como um conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo,
entre outras situações de trabalho que os estudantes poderão escolher. Eles são compostos
pelos componentes de aprofundamento curricular que estão organizados por unidades
curriculares. Assim, os professores poderão trabalhar com os conteúdos disciplinares dentro de
uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar.
Os objetivos do Itinerário Formativo (BRASIL, 2017):

Aprofundar e ampliar aprendizagem através de competências gerais, áreas do


conhecimento e/ou formação técnica e profissional.
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Consolidar formação integral, desenvolvendo autonomia para que os estudantes realizem


seus Projetos de Vida.
Promover valores universais como a ética, a liberdade, a democracia, a justiça social, a
pluralidade, a solidariedade e a sustentabilidade.
Desenvolver habilidades, ou seja, visão de mundo ampla e heterogênea, capacidade de
tomar decisões e agir com sabedoria e inteligência, visando sempre a fraternidade.

Quanto aos tipos de itinerário, podem ser:

Área do conhecimento: são itinerários que aprofundam e ampliam aprendizagens em uma


determinada área do conhecimento e suas implicações em contextos diversos.
Linguagens e Suas Tecnologias.
Matemática e Suas Tecnologias.
Ciências da Natureza e Suas Tecnologias.
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Formação técnica e profissional: são os itinerários que formam para o mundo do trabalho:
Qualificação profissional: formação inicial e continuada para desenvolvimento de
competências relacionadas a perfil profissional listado no CBO (Catálogo Brasileiro de
Ocupação).
Habilitação profissional técnica de nível médio: formação profissional reconhecida
por meio de diploma em curso listado no Código Nacional de Cursos Técnicos
(CNCT).

Formações experimentais: formação profissional ainda não reconhecida formalmente, com


prazo de seis meses a cinco anos para sua inclusão no CNTC.
Integrado: itinerários que combinam mais de uma área do conhecimento, podendo ser
ainda complementados por Formação Técnica e Profissional.

Os Itinerários Formativos também têm os eixos estruturantes que integram os diferentes


arranjos de itinerários, conectam experiências educativas com a realidade contemporânea e
desenvolvem habilidades relevantes para a formação integral, mas veremos com mais
profundidade no próximo item.
Os Eixos Estruturantes são:

Investigação científica: é a investigação da realidade por meio da prática e de produções


científicas; ela requer conhecimentos de conceitos fundantes das ciências, habilidades em
pensar e fazer científico e a capacidade de compreender e resolver situações cotidianas
para promover desenvolvimento local e melhoria da qualidade de vida da comunidade.
Processos criativos: idealização e execução de projetos criativos.
Mediação e intervenção sociocultural: envolvimento na vida pública via projetos de
mobilização e intervenção; trabalha as questões que afetam a vida dos seres humanos e o
planeta; desenvolve habilidades de convivência e atuação sociocultural e ambiental; e
estimula a capacidade de mediar conflitos e propor soluções para problemas da
comunidade.
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Empreendedorismo: criação de empreendimentos pessoais ou produtivos articulados ao


projeto de vida. Envolve o conhecimento de contextos, mundo do trabalho e gestão de
iniciativas empreendedoras. Desenvolve o autoconhecimento, o empreendedorismo e o
Projeto de Vida, assim como a capacidade de estruturar iniciativas empreendedoras que
fortaleçam a atuação como protagonistas da sua trajetória.

Exemplo de uma trilha no itinerário da área do conhecimento Linguagens e Suas Tecnologias:


SUGESTÕES DE CARREIRA: Artes Plásticas, Artes Visuais, Teatro, Letras, História da Arte,
Arquitetura, Design, Cinema e Audiovisual.
EIXOS ESTRUTURANTES: Mediação e Intervenção Sociocultural, e Processos Criativos.
ESTRATÉGIAS E MÉTODOS: Problematização e exposição de tópicos por meio de textos, seções
“Arte e experimentação”, “Arte e sociedade” e “Arte na prática”, atividades práticas de dança,
música e modelagem.
TIPOS DE AVALIAÇÃO: Questões de múltipla escolha e propostas de atividades, criação e mostra
de produtos.
SUGESTÃO DE CARGA HORÁRIA: 40 aulas.

O contexto escolar e a proposta dos itinerários


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Uma escola consegue organizar um bom Itinerário Formativo quando reconhece a complexidade
das relações humanas (professor-aluno), a amplitude e os limites de seus objetivos e ações;
quando entende o ambiente escolar como um espaço relacional que estabelece laços que
contribuem para a formação de uma identidade individual e social. O professor é peça
importante neste processo, pois organiza e implementa o currículo através dos Itinerários
Formativos enquanto constrói e reconstrói suas concepções, percepções e escolhas e, assim,
também o faz o aluno enquanto aprende. Na estrutura do Ensino Médio, o currículo apresenta o
Itinerário Formativo, que é um grande guarda-chuva, pois contém na sua estrutura os
componentes de disciplinas eletivas e o Projeto de Vida, que abriga e perpassa todas as áreas.
Como diz Edgar Morin: “o problema não está em que cada uma perca a sua competência. Está
em que a desenvolva o suficiente para articular com outras competências (disciplinas e
conhecimentos) que, ligadas em cadeia, formariam o anel complexo e dinâmico, o anel do
conhecimento do conhecimento” (MORIN, 1999. p. 32). Portanto, constata-se que, no exercício da
docência, temos que estudar muito o nosso campo de conhecimento e articulá-lo de forma
coerente e criativa com outros saberes, como mostra a proposta (básica) para o Ensino Médio. O
quadro abaixo especifica um modelo de Itinerário Formativo pertencente à Secretaria de
Educação do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Este quadro foi escolhido para ilustrar esta aula
pois, por meio de pesquisas realizadas, está muito bem organizado e com as sugestões
possíveis de itinerários para as escolas. Lembrando mais uma vez que os itinerários são
definidos como componentes eletivos.

Itinerário Formativo. Fonte: Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul ([s. d.]).
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Dentro do Itinerário Formativo identificam-se os Eixos Estruturantes que integram os diferentes


arranjos de itinerários, conectando experiências educativas com a realidade contemporânea e
desenvolvendo habilidades relevantes para a formação integral.
As investigações científicas: investigação da realidade por meio da realização de práticas e
produções científicas através de conhecimentos – conceitos fundamentais das ciências.
Estimular o pensar científico e projetar a melhoria da qualidade de vida na comunidade.
A mediação e intervenção sociocultural: envolvimento na vida pública via projetos de
mobilização e intervenção sociocultural. Precisa do conhecimento acerca da vida dos seres
humanos e do planeta. As habilidades requeridas são a convivência e a responsabilidade cidadã
na atuação sociocultural e ambiental.
Processos criativos: idealização e execução de projetos criativos. Nesta área precisamos de
conhecimentos ligados à arte, cultura, mídia, ciências e suas aplicações. O pensar criativo é uma
das competências necessárias, bem como a habilidade de expressar-se e construir soluções
inovadoras para problemas da sociedade e do mundo do trabalho. Quando pretendemos oferecer
um acesso ao empreendedorismo, é necessário um trabalho criativo e social com fins pessoais
ou produtivos articulados ao Projeto de Vida. Algumas das competências exigidas são o
autoconhecimento, a argumentação e a responsabilidade e cidadania.
Dentro do Itinerário Formativo temos os componentes obrigatórios e o aprofundamento
curricular, chamados de trilhas de aprofundamento, que são disciplinas que aprofundam a
aprendizagem de uma ou duas áreas do conhecimento. Cada escola precisa oferecer no mínimo
duas trilhas de aprofundamento. O Itinerário Formativo tem no mínimo 24 possíveis escolhas:
quatro áreas de conhecimento, cada uma com duas trilhas e cada trilha com três
aprofundamentos. Isto posto, podemos ver como nossas práticas podem ser complexas, mas
isso não quer dizer complicadas.
Exemplo prático de um aprofundamento voltado para o mercado de trabalho:
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Aprofundamento voltado para o mercado de trabalho. Fonte: adaptado de SAE Digital (2002).

Autonomia dos itinerários


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Cada instituição educacional tem autonomia para definir quais serão os Itinerários Formativos.
Estes são disponibilizados após a realização de um levantamento com os estudantes sobre
quais seriam os campos de interesse e, depois, será o próprio aluno e aluna quem definirá qual é
aquele que deseja seguir. Organiza-se um cronograma para a realização e divulgam-se
informações acerca da carga horária dos Itinerários Formativos. Isso posto, a escola escolhe as
atividades que melhor se encaixam em sua realidade para o oferecimento dos itinerários. A
metodologia mais indicada é a de projetos, que proporciona esse desenvolvimento de forma
integral porque apresenta proposta para cada área de conhecimento, porém, partindo de
problematização e levando em consideração os componentes do Ensino Médio.
A forma como cada tarefa será conduzida em cada projeto integrador proporciona um modo
diferente de construir os conteúdos, desenvolvendo competências e habilidades previstas na
BNCC e oportunizando a participação mais ativa do estudante. Dentro do itinerário formativo
temos o Projeto de Vida, que será trabalhado através de atividades que desenvolvam o senso de
responsabilidade, valores, ética e cidadania. Ele é parte obrigatória do E.M.; não necessariamente
será um componente, matéria ou disciplina, porém, deve ser abordado de alguma forma em
todas as fases do Ensino Médio. Ele é o responsável pelo desenvolvimento das competências
socioemocionais que vão possibilitar a trajetória acadêmica, profissional e emocional do aluno.
Ele é o componente que permeia todo o conhecimento a ser desenvolvido no E.M. e cabe ao
professor conduzir o estudante a desenvolver esses valores, seja sozinho ou com a ajuda de
outros professores, abrangendo vários campos de conhecimento.
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O ponto principal do Projeto de Vida é o protagonismo do estudante. Cada escola determinará o


perfil deste Projeto de Vida, pois avaliará a demanda social, da comunidade e dos estudantes. O
professor deve obter respostas sobre “quem eu sou e quem eu quero ser”, saber articular esse
caminho para o autoconhecimento e aprender a fazer planos para o futuro. Para isso, nessas
aulas o docente deve abordar três pilares que dão embasamento ao Projeto de Vida:

Pessoal: o que nos move é o nosso propósito, ou seja, aquilo que nos inspira. Ele deve guiar
suas escolhas, ser a base de seus objetivos.
Social: os jovens devem refletir sobre ações interpessoais, não só consigo mesmos, mas
com suas famílias e colegas, com sua relação com o mundo, e perceber o impacto que
essas relações provocam.
Profissional: este pilar trabalha de forma orgânica e será mais fácil se os dois anteriores
tiverem sido bem trabalhados. Temos que identificar as aptidões, gostos, tendências, e qual
é o caminho deste aluno.

Este processo ressalta ainda mais o protagonismo, ou seja, ouvir o estudante e, a partir disso,
construir o caminho para manter este protagonismo e o foco da escolha. No Projeto de Vida, é
visível a transdisciplinaridade, pois é o ponto principal, assim como em todo Itinerário Formativo,
nas trilhas de aprofundamento e nos eixos estruturantes. Não existe competência específica
para o Projeto de Vida, mas ela acaba perpassando todas as áreas e, por isso, temos que
amalgamar nossas aulas (conhecimentos) com as aulas (conhecimentos) de outras áreas do
saber, e ver como elas podem auxiliar dentro do Projeto de Vida. Todas as disciplinas estão
interligadas, cabe ao professor abrilhantar suas aulas com seu conhecimento genérico sobre
vários assuntos, mas não perder o foco de sua área de conhecimento.

Videoaula: Itinerários Formativos no Ensino Médio

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Neste vídeo apresentamos alguns modelos de Itinerários Formativos e os passos a serem


realizados pelas escolas para o oferecimento desta modalidade. Considerando a autonomia das
escolas, não há um modelo a ser seguido, mas sugestões para um arranjo neste conjunto de
itinerários que venham a atender às demandas da sociedade e dos estudantes.

Saiba mais
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Formar para o mundo do trabalho é uma poderosa ferramenta para a inserção dos jovens em
profissões qualificadas e para a redução das desigualdades sociais e, como retoma a BNCC,
para o desenvolvimento das competências gerais e específicas que poderão inserir os jovens
num mundo do trabalho cada vez mais complexo. Em uma lista de 96 profissões, publicadas na
reunião que ocorre na Suécia, o Fórum Econômico de Davos, algumas profissões terão um
crescimento mais acelerado e com maior volume de vagas, enquanto outras terão um volume
menor.
No primeiro grupo, o relatório destaca profissionais como os de Inteligência Artificial, Transcrição
Médica, Cientistas de Dados, Especialistas de Sucesso do Consumidor e Engenheiros Full Stack:

Na área da saúde, temos: Especialista em Transcrição Médica, Assessor de Terapia Física,


Terapia de Radiação, Treinador atlético, Preparador de Equipamentos Médicos, Assistente
veterinário e de animais de laboratório, Técnico de Saúde e Segurança Ocupacional,
Auxiliares de Enfermagem, Funcionários de suporte na saúde.
Na área de Inteligência Artificial: Especialista em Inteligência Artificial, Cientista de Dados,
Engenheiro de Dados, Desenvolvedor de Big Data, Analista de Dados, Especialista em
Analytics.
Em : Engenheiro de Estabilidade de Site, Engenharia e Computação em Nuvem
Desenvolvedor Python, Desenvolvedor Full Stack, Desenvolvedor Javascript, Desenvolvedor
Back End.
Para trabalhar com Economia Verde: Técnico de sistemas de gás de aterro/metano,
Técnico de serviços de turbinas eólicas, Vendedor Verde (Green Marketers), Técnico de
processamento de biocombustíveis, Gerente de Instalações de Energia Solar.
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Para Vendas, Marketing e Conteúdo: Assistente de Mídia Social, Growth Hacker,


Especialista de Sucesso do Consumidor, Coordenador de Mídias Sociais, Gerente de
Growth, Representante de Desenvolvimento de Vendas, Especialista de Marketing Digital,
Representante de Vendas Comerciais, Representante de Desenvolvimento de Negócios,
Especialista de Consumidor.

Em todas as áreas profissionais, habilidades são necessárias para a competência exigida.


E aí, você está preparado para apoiar os jovens neste século XXI?

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Portal gov.br, [s. d.]. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/. Acesso em: 4 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. PNLD Conectado 2021: Novo Ensino Médio. Brasília, 2019.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2019/127821-9-mec-pnld-sebastiao-
vitalino-apresentacao-pnld-conectado-2021-novo-ensino-medio/file. Acesso em: 30 jan. 2023.
CONEXIA. Como trabalhar o projeto de vida na escola? Conexia Educação, 2021. Disponível em:
https://blog.conexia.com.br/projeto-vida. Acesso em: 23 dez. 2022.
CONEXIA. Itinerários formativos do Novo Ensino Médio. E-book. Conexia Educação, c2021.
Disponível em: https://conteudo.conexia.com.br/az-ebook-itinerarios-formativos-do-novo-ensino-
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medio. Acesso em: 30 jan. 2023.


CRUZ, L. Itinerário Formativo de Forma Fácil e prática. 1ª ed. São Paulo: Fácil Editora, 2022.
FERNANDES, J. H. P.; FERREIRA, M. de M.; NOGUEIRA, J. F. F. (Org.). O Novo Ensino Médio e os
itinerários Formativos. E-book Kindle. Rio de Janeiro: FGV, 2020.
GOVERNO DO ESTADO DO RS. Referencial curricular gaúcho – Ensino Médio. Rio Grande do Sul:
Secretaria de Educação, [s. d.]. Disponível em:
https://educacao.rs.gov.br/upload/arquivos/202111/24135335-referencial-curricular-gaucho-
em.pdf. Acesso em: 31 jan. 2023.
MORIN, E. Complexidade e Transdisciplinaridade: a Reforma da Universidade e do Ensino
fundamental. Natal: EDUFRN, Editora da UFRN, 1999.
SAE Digital. Um guia completo sobre o novo ensino médio. E-book. [S. l.]: SAE, 2002.
SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO DE GOIÁS. Novo Ensino Médio. Portal da Secretaria do
Estado da Educação de Goiás, [s. d.]. Disponível em: https://site.educacao.go.gov.br/novo-
ensino-medio. Acesso Em: 30 jan. 2023.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL. Itinerários formativos. [s. d.] Disponível
em: https://educacao.rs.gov.br/upload/arquivos/202203/21190726-itinerarios-formativo. s-
emg.png. Acesso em: 30 jan. 2023.
TECENDO itinerários. Reúna, c2023. Disponível em:
https://www.institutoreuna.org.br/conteudo/tecendo-itinerarios#Introdu%C3%A7%C3%A3o.
Acesso em: 30 jan. 2023.
VIVO. Fundação Telefônica Vivo. Página inicial, [s. d.]. Disponível em:
www.fundacaotelefonica.org.br. Acesso em: 3 jan. 2023.

Aula 3
Projeto de Vida

Introdução
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Você já teve um projeto de vida? Na sua adolescência e juventude, planejou sua vida profissional
e pessoal? No Novo Ensino Médio, os estudantes terão a oportunidade de construir seu Projeto
de Vida contando com o apoio dos docentes, que nessa atividade pedagógica são identificados
como tutores. Nesta aula, será possível identificar a proposta e sua metodologia de
implementação durante os três anos do Ensino Médio. O Projeto de Vida tem como objetivo
apoiar os estudantes na descoberta de suas motivações, identificar suas aspirações e desejos
para suas vidas e, com o auxílio da escola neste projeto, organizar um planejamento para
alcançar suas metas. No Projeto de Vida, constam as habilidades e competências à luz da BASE,
associadas aos Itinerários Formativos. Bons estudos!

Projeto de Vida: o início


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O Projeto de Vida é um itinerário formativo obrigatório, e deve estar presente nos três anos do
Ensino Médio. Esta atividade pedagógica foi pensada para ser trabalhada na escola e para
auxiliar o estudante a projetar seu futuro, refletir sobre seus sonhos, necessidades, entender o
mercado de trabalho e como é possível “chegar lá”. Além disso, ela busca o desenvolvimento
integral do estudante, sua relação com o outro e a sociedade, o aperfeiçoamento de
competências, oportuniza exercitar sua visão de mundo e autonomia. Cabe ao professor
possibilitar essa construção, ser o mediador desse processo, apresentar conhecimentos
passados para que o estudante compreenda o presente e projete o futuro. As escolas devem
planejar a aplicação desse itinerário formativo, preparar seu corpo docente, oferecer recursos
para que o estudante possa compreender onde está e tomar decisões para saber aonde quer
chegar e como fará isso, além de desenvolver sua relação com a natureza, a sociedade, a
política, a cultura, e com o outro. O Projeto de Vida, uma atividade pedagógica, deve ser
trabalhado de uma forma que permita que as quatro áreas de conhecimento se interliguem e
contemplem os “Eixos Estruturantes”, que são:

Investigação científica: amplia a capacidade de investigação da realidade dos estudantes


por meio de práticas e produção científica.
Processos criativos: elabora projetos como produtos da criatividade do estudante.
Mediação e intervenção sociocultural: foca na intervenção com soluções para problemas
na sociedade e no meio ambiente.
Empreendedorismo: amplia os conhecimentos do estudante em diferentes áreas, com a
finalidade de desenvolver a postura investigativa para encarar problemas e aprimorar a
capacidade de tomar decisões.
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O Projeto de Vida é incorporado à matriz curricular e oferecido, em média, em duas aulas por
semana. É baseado em três pilares: pessoal (autoconhecimento), social (vida em sociedade) e
profissional (mundo do trabalho), que vão servir de referência para a elaboração das aulas ao
longo do ano, e devem ser interpretadas de forma flexível.
A implementação pode se dar através de projetos específicos, escuta dos estudantes, suas
dúvidas e anseios, trajetória e cultura local. Junto a isso, deve-se possibilitar a formação
continuada dos professores a fim de capacitá-los para atuar nas atividades.
Os docentes não precisam ter formação específica, podem ser de qualquer disciplina, pois o
mais importante é que estejam atentos para auxiliar o estudante nesta jornada e possam
colaborar, de forma efetiva, na construção dos Projetos de Vida, desenhando metas, objetivos e
esclarecendo as dúvidas que forem surgindo.
Não existe o “projeto ideal”, pois cada projeto deve ser individual, pessoal e atender aos anseios
do estudante. Haverá muitos projetos e o principal é que, ao final dos três anos, o estudante
possa se sentir seguro em caminhar profissionalmente em suas escolhas e aprofundar seus
conhecimentos, vivenciando uma convivência social e interpessoal com empatia e cidadania. As
escolas, frente a esta atividade pedagógica, perguntam se há verba complementar para esta
implementação. A resposta é não: não há verba específica para implementação do Projeto de
Vida. Entretanto, as escolas estaduais podem receber recursos (mediante adesão e documentos
específicos – PDDE) para implementação dos itinerários formativos, e utilizar parte dos recursos
para aquisição de materiais que serão utilizados nos encontros do Projeto de Vida.

Implementando o Projeto de Vida


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Os docentes não precisam ter formação específica, mas é importante experiência docente,
habilidades, disposição para pesquisar, atender às dúvidas, pesquisar temas, propor
discussões.
O Projeto de Vida faz parte dos Itinerários Formativos, e as escolas devem proporcionar
momentos para escuta dos alunos, suas dúvidas e anseios, a fim de que consiga estabelecer os
temas das eletivas e direcionar os trabalhos dos encontros de Projeto de Vida.
É importante que a comunidade escolar conheça seu entorno, a cultura local e as necessidades,
para que possa auxiliar com possibilidades de parceiros (locais ou não, instituições públicas e
privadas) que vão fortalecer e colaborar na construção do Projeto.
Cabe às instituições escolares elaborar como o Projeto de Vida acontecerá. Não há uma “ordem”
de aplicação dos conteúdos, mas é extremamente importante que haja um planejamento das
ações e formação continuada dos professores. As formações podem ocorrer com encontros
mensais para esclarecimentos, dúvidas, trocas entre as escolas sobre como estão
desenvolvendo as atividades. Também é possível que essas formações sejam oferecidas por
sistemas de ensino (geralmente escolas particulares), instituições parceiras (Fundações e
Institutos) e o Ministério da Educação.
Veja esta sugestão que contribui para a visualização de um plano para a realização do Projeto de
Vida. Na tabela a seguir, inserem-se os pilares da educação – conhecer, conviver, ser e fazer –
descritos no Relatório Delors, publicado pela UNESCO. Estes pilares dialogam com as dez
competências gerais da BASE. As estações são como etapas a serem dialogadas por meio de
jogos ou dinâmicas que terão um tema específico. Não é preciso apresentar esta tabela aos
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estudantes, mas ter como sugestão e referência para os docentes organizarem seus encontros.
Esta tabela pode atender ao 2º e 3º anos do Ensino Médio e, para o 1º, utilizamos apenas as
estações que aparecem com o símbolo #, aprofundando os temas e direcionando para o projeto
individual.

2º e 3º anos do Ensino Médio. Fonte: elaborado pela autora.

Construção do Projeto
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Como sugestão, é importante apresentar aos alunos a proposta do Novo Ensino Médio, as
mudanças que irão ocorrer, o aumento da carga horária e a distribuição que será contemplada.
Fazer uma apresentação que estimule o engajamento dos estudantes, incentive sua participação
nas atividades, ouça suas expectativas e anseios, estimule seu protagonismo e sua autonomia.
Essa apresentação pode ocorrer de diferentes formas (apresentação de slides, conversa com os
professores, cartazes pelas escolas, filmes, jogos, entre outros). A escuta aos estudantes deve
acontecer ao final do 9º ano para que, quando ingressarem no Ensino Médio, a matriz curricular
tenha contemplado as aulas de Formação Geral Básica (as que contemplam as 1800 horas) e
Itinerários Formativos (incluindo tempo para as eletivas e Projeto de Vida). A equipe de gestão
deve fazer um mapeamento de sua infraestrutura, analisar a formação de seu corpo docente
para verificar quais poderão trabalhar com os Itinerários Formativos (eletivas e Projeto de Vida),
promover encontros de discussão e definir as possibilidades de oferta de eletivas. Com o
mapeamento feito, promover o “Feirão de Eletivas” para escolha dos estudantes, ou informar os
Itinerários Formativos que a unidade escolar irá ofertar.
Em relação ao Projeto de Vida, por ser um itinerário obrigatório, é importante que o(s) docente(s)
escolhido(s) saiba(m) apresentá-lo de forma a estimular a participação de todos e que os
estudantes possam compreender a importância de tratá-lo com seriedade.
Quando se trata da “educação além dos muros”, é importante conhecer e compreender o
contexto local, não somente a escola ou o bairro, mas a cidade, a cultura, os costumes, pois será
esse conhecimento que irá nortear todo o trabalho.
O Novo Ensino Médio tem como objetivo a formação integral do estudante, sua autonomia e a
preparação para o mundo do trabalho. Pensando nisso, é possível citar como exemplo as
cidades com foco no agronegócio: as eletivas, os parceiros e o Projeto de Vida são pensados e
elaborados a partir dessas necessidades.
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Exemplo:

Exemplos de eletivas (de acordo com a região). Fonte: elaborado pela autora.
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Construindo o Projeto de Vida. Fonte: elaborado pela autora.

Sugestões: Sugestões de dinâmicas a serem utilizadas nos encontros da atividade Projeto de


Vida:

1. Apresentar o colega. O aluno apresenta o colega que está ao seu lado (direito ou
esquerdo): nome, idade, características (a visão que o outro tem de mim).

1. Peças do carro. Em roda, o professor, com um rolo de barbante, diz seu nome, “qual parte
do carro é” e por quê (ex.: sou Andréa, sou o volante do carro, e vou guiar esse trajeto – ou
os alunos podem sugerir qual peça de carro é você). Na sequência, segura a ponta do
barbante e entrega o rolo a um aluno que faz a mesma ação, porém não pode repetir a
peça, e assim a dinâmica segue até que todos tenham se apresentado. Ao final, todos
estarão ligados pelo barbante.

1. Mímica. Dois grupos recebem um saquinho com a descrição do que deverão apresentar
(animais, nome de filme, personalidades, ações, sentimentos, etc) – forma de conhecer a
turma, trabalho em equipe, como lidam com tempo, com derrota, etc.

1. Carregando as cargas dos outros. Alunos divididos em grupo, sentados em roda. Cada um
recebe um pedaço de papel e uma caneta. Cada um deve escrever (sem o outro saber): “O
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meu problema é ... (preencher com seu problema ou suposto problema)”. Em seguida,
colocam o papel dentro de uma caixa (ou saco). Feito isso, cada aluno deverá pegar um
papel, ler o problema em voz alta e tentar achar uma solução. Os colegas podem ajudar
com outras propostas.

1. Carta para o “passado” e para o “futuro”. O estudante escreve uma carta ao seu passado,
faz um diálogo consigo e reflete sobre o que já viveu, ou faz uma carta para seu futuro com
seus desejos pessoais, profissionais, etc...

1. Desenho. O professor explica que nossa vida é uma janela, dividida em quatro
compartimentos, que vão desde a maior clareza sobre si mesmo até a maior escuridão.
Depois conta uma parábola, como exemplo, a do homem que perdeu a pulseira de ouro e
estava procurando em sua casa; não encontrando, pediu aos vizinhos que o ajudassem a
procurar. Todos estavam revirando a sala, o lugar mais claro e iluminado da casa. Depois
de algum tempo, sem nada achar, perguntaram ao dono da casa: “O senhor tem certeza de
que perdeu sua pulseira aqui?” Ele respondeu: “Mas não foi aqui. Foi lá no quarto de
despejo, só que lá está muito escuro...” Contexto: não adianta a pessoa procurar a solução
dos seus problemas onde a solução não está, só porque parece mais fácil e prático. É
preciso enfrentar sua escuridão e levar claridade para esta região sombria.

Pode-se apresentar esta “janela”:

A vida como janela. Fonte: elaborado pela autora.

Responder:
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1. O que todo mundo sabe de mim?


2. O que procuro esconder das pessoas?
3. Quais são meus medos?
4. Tenho muitos segredos? Eu os divido com alguém?
5. Qual imagem eu passo para os outros?
6. Qual imagem os outros têm de mim?
7. Qual importância eu dou para a opinião que os outros têm de mim?
8. Tenho alguma “pulseira de ouro” perdida?
9. Tenho vizinhos que me ajudam a procurar minha “pulseira de ouro”?

Com esses exemplos e sugestões, tudo ficou mais claro, não é mesmo?

Videoaula: Projeto de Vida

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computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.

O Projeto de Vida no Ensino Médio pode mudar alguns ciclos familiares, abrindo portas para a
realização de sonhos e objetivos de muitos estudantes. A organização de possibilidades de
aprofundamento de estudo, atendendo aos interesses dos alunos e alunas e detectados pela
escola, oferta possibilidades de escolhas profissionais, bem como a continuidade dos estudos
na universidade. Esta atividade pedagógica atende às 1200 horas do currículo flexível e pode ser
implementada desde o Ensino Fundamental nos anos finais, se a escola assim desejar. Quanto
mais oportunidades de promover a responsabilidade pela aprendizagem, pelas escolhas
profissionais, reconhecendo os anseios e aspirações individuais, mais sucesso na vida pessoal,
social e profissional o aluno terá. Venha saber sobre o Projeto de Vida e muito mais nesse vídeo
incrível.

Saiba mais
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Projeto de Vida. Fonte: elaborada pela autora.

Esta figura sintetiza os tópicos do Projeto de Vida. Cabe ao professor estimular e incentivar os
estudantes a registrarem aos poucos seus Projetos de Vida. É importante lembrar que não é uma
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tarefa fácil, pois muitos adolescentes e jovens não tiveram a oportunidade de vivenciar situações
que propiciem uma reflexão sobre seus desejos, anseios e o caminho a ser seguido
profissionalmente.
Leia o artigo Juventude, projetos de vida e ensino médio e saiba ainda mais sobre o Projeto de
Vida no Ensino Médio.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
www.mec.org.br/BNCC. Acesso em: 30 jan. 2023.
BRASIL, Ministério da Educação. PPDE Interativo. MEC, [s. d.]. Disponível em:
https://pddeinterativo.mec.gov.br/. Acesso em: 30 jan. 2023.
DELORS, J. Relatorio para a UNESCO da Comissão internacional sobre educação para o século
XXI. 10ª Ed. São Paulo: Cortez/MEC/UNESCO, 2006.
ICE. Nossas publicações. Instituto de corresponsabilidade pela educação (ICE), c2021.
Disponível em: https://icebrasil.org.br/publicacoes/. Acesso em: 9 jan. 2023.
LEÃO, G.; DAYRELL, J. T.; REIS, J. B. dos. Juventude, projetos de vida e ensino médio. Educação &
Sociedade, v. 32, p. 1067-1084, 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/es/a/Jr9sGWbKhNRCFwFBMzLg34v/abstract/?lang=pt. Acesso em: 25
jan. 2023.
MOVIMENTO PELA BASE. Novo Ensino Médio: materiais de apoio à implementação para
Secretarias, gestores e professores. Livro digital. [S. l.]: Movimento pela Base, 2022. Disponível
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em: https://observatorio.movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2022/10/curadoria-
ensino-medio.pdf. Acesso em: 30 jan. 2023.
SAE Digital. Guia completo sobre o novo ensino médio. Livro digital. [S. l.]: SAE, 2002.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Conhecimento, 2020.

Aula 4
Metodologias Ativas

Introdução

Ao longo das aulas estudadas nesta disciplina pudemos perceber a necessidade de dar aos
estudantes um protagonismo, ou seja, colocar o aluno e aluna no centro do planejamento das
situações previstas a fim de desenvolver habilidades e garantir competências. Desde a Educação
Infantil até o Ensino Médio, ocorre uma crescente complexidade nas resoluções de problemas,
na identificação e comparação de objetos de conhecimento.
Na Educação Infantil, o brincar é um direito que permite aprender explorando, convivendo,
conhecendo a si mesmo, participando. No Ensino Fundamental isso também acontece, porém
com situações que envolvem a escrita. Em todos os momentos e em todas as áreas do
conhecimento, o protagonismo do estudante deve ser um fato. A participação dos alunos e
alunas depende da organização intencional das oportunidades do docente. Podemos considerar
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uma abordagem em que o aluno é colocado no centro do processo de ensino-aprendizagem,


atuando como protagonista, e não mero espectador.
A ativa interação nas situações do cotidiano escolar permite uma aprendizagem significativa.
Nesta aula vamos conhecer melhor as metodologias ativas a partir de exemplos a serem
utilizados nas aulas. Boa leitura!

Participação e aprendizagem

A definição de metodologias ativas está relacionada ao foco do processo de ensino e


aprendizagem, por meio do qual o aluno adquire conhecimento. Vivenciar as metodologias ativas
é ter a escola como uma comunidade de aprendizagem e não apenas um lugar de saberes
escolares ou acadêmicos. As metodologias ativas são um conjunto de alternativas pedagógicas
que propiciam aos estudantes fazer coisas: realizar, refletir, interagir, construir novos
conhecimentos, pesquisar, explorar, entre outras habilidades necessárias para aprender a
aprender e aprender a fazer. Moran (2019, p. 8) entende como metodologias ativas diretrizes que
orientam os processos de ensino e aprendizagem e que se concretizam em estratégias e
técnicas concretas, diferenciadas, flexíveis, interessantes e desafiadoras. Mas o que difere esse
de um método tradicional?
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O método ou abordagem tradicional de ensino está centrado no professor e professora, que


transmitem a informação por meio de exposição em uma sequência predeterminada e fixa,
independentemente do contexto escolar. O aluno, por sua vez, é passivo, e o enfoque didático-
pedagógico é no conteúdo. A partir dos anos 80, surge com maior evidência o processo de
ensino e aprendizagem, uma abordagem focada em práticas pedagógicas ajustadas às
situações de aprendizagem que considera o aluno como protagonista. Nesta direção, o
conhecimento acerca do desenvolvimento cognitivo, emocional, social e físico se faz necessário.
Uma didática que orienta a criação e utilização de jogos, trabalhos em grupo, projetos,
potencializando a participação dos alunos e alunas na construção de conhecimentos.
O papel do professor é de um organizador de oportunidades que propõe situações para
vivências, flexibilizando o currículo ao considerar o contexto social da instituição. Nesta
perspectiva, a BASE, no conjunto de habilidades presentes em toda a educação básica, indica a
necessidade do aluno e aluna participarem ativamente das situações previamente e
intencionalmente organizadas, a fim de garantirem o desenvolvimento das habilidades
necessárias expostas em cada área de conhecimento, a aquisição das competências gerais
necessárias para uma vida social inclusiva e justa. Assim, temos uma revisão de técnicas,
dinâmicas e estratégias para desenvolver os componentes curriculares.
As metodologias ativas se destacam como um componente central pois requerem a participação
ativa e efetiva de toda a comunidade escolar, direcionando para uma escola transformada. Nesta
última década (2002-2022), pode-se verificar que o processo de ensino e aprendizagem ocorre
em múltiplos espaços: na escola, em casa, com os estudantes sozinhos, em grupos, com apoio
dos espaços digitais e com inúmeras configurações; por exemplo, dentro da escola em grupos e
auxiliados pela tecnologia, ou fora da escola com apoio do espaço digital. Este cenário que se
apresenta faz com que a comunidade escolar recrie os caminhos oferecidos aos estudantes
com roteiros, técnicas e aplicativos. As metodologias ativas buscam a prática, e mudam o foco
do ensinar para o aprender.

Práticas pedagógicas e metodologias ativas


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O termo “metodologias ativas” não é novo. Há uma variedade de autores, filósofos, biólogos,
professores e pesquisadores que, ao longo do século XX, demonstraram em suas publicações e
práticas que as pessoas aprendem de forma ativa e diferente, a partir do contexto em que se
encontram. Em algumas obras é possível encontrar direções para uma aprendizagem
significativa, com destaque para um processo ativo, um protagonismo, uma participação dos
alunos e alunas, orientando a atuação do professor e professora com diferentes formas de
práticas pedagógicas.
Crianças e jovens estão sempre jogando e compartilhando estas experiências lúdicas. Desde um
boliche sem números, evoluindo para pinos com números e a soma dos que foram derrubados,
até a vivência de um jogo semelhante para cadeirantes, a criança passa pela experiência lúdica e
reconhece o valor do prazer encontrado no jogo. As recentes pesquisas em neurociência
comprovam que toda aprendizagem é de alguma forma ativa. Todo ser humano quer aprender,
mas é preciso que haja paixão, emoção, que desafie e surpreenda. A utilização de metodologias
ativas contribui para redesenhar a forma de ensinar e de aprender, relacionando a organização da
escola, seus espaços, o currículo e os recursos pedagógicos a serem utilizados. Mas quais são
as metodologias ativas? Moran (2019) apresenta alguns exemplos:

1. 1.
2. 2. Aprendizagem invertida.
3. 3. Metodologia baseada em projetos.
4. 4. Metodologia baseada em grupos.
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5. 5. Jogos e cultura maker.

Nas metodologias ativas, destacamos a utilização de aplicativos e recursos gratuitos, on-line,


colaborativos ou sociais. Tecnologias são importantes para os estudantes praticarem a
produção de portfólios, narrativas, relatórios, e desenvolverem as competências pessoais,
cognitivas e relacionais. As novas tecnologias modificaram o modo de viver do ser humano e a
internet, enquanto geradora de uma cibercultura, tem sedimentado hábitos divergentes que vêm
alternando o conjunto de competências e funcionamento cerebral. A atmosfera lúdica e o fazer
criativo deverão servir de guia à iniciativa de construção de um futuro mais justo para todos, que
emerge como uma necessidade deste século XXI.
A intervenção lúdica tem sido nestas últimas décadas uma das medidas socioeducativas mais
indicadas, seja no ambiente familiar, escolar ou mesmo na intervenção terapêutica destas
crianças. Quando brincamos, não pertencemos a uma classe social, gênero, etnia ou cultura. Já
na realidade, vivemos nas condições mais diversas, podendo sofrer intolerância religiosa,
racismo, machismo, entre tantos outros problemas que o lugar social que ocupamos traz.
Portanto, as pessoas não são iguais, porque a sociedade humana não é igual. Por meio de suas
ações lúdicas, elas conseguem refletir seus contextos sociais de maneira própria, elevando a
noção de socialização para algo além de uma simples internalização de conhecimentos e
habilidades, resultantes da cultura adulta.
Uma aula inspirada ludicamente não é necessariamente aquela que ensina os conteúdos por
meio dos jogos e brinquedos, mas pode ser aquela aula em que as características do brincar
estão presentes, influenciando o modo de ensinar do professor, que renuncia à centralidade e
reconhece a criança como sujeito ativo nas situações de ensino (FORTUNA, 2001).

Metodologias ativas
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Para utilizar-se de metodologias ativas, todos os professores e professoras devem resgatar o


prazer de brincar e, para implementá-las, é necessário que os professores e professoras
escolham, selecionem, avaliem se a prática de aprendizagem a ser utilizada no planejamento
atende à participação dos estudantes, propiciando o desenvolvimento de habilidades e amplas
competências. Vamos aos exemplos de algumas metodologias citadas.
Exemplos:

1. Tutoria: os estudantes e cada etapa de sua educação formal contam com o apoio de
profissionais como professores orientadores para desenhar caminhos a serem percorridos.
Esta tutoria é um movimento que auxilia o estudante a ir ao encontro das próprias
necessidades e interesses, e lidar com suas fraquezas ajudando a construir uma trilha de
estudo para o desenvolvimento das competências mais amplas. Professores e professoras
que possam assumir a orientação de estudos do aluno constroem com ele um roteiro de
estudos e de escolhas, haja visto que nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino
Médio ele fará escolhas quanto aos objetos de aprofundamento e realização de etapas
para o caminho exitoso de seu Projeto de Vida.
2. Aprendizagem invertida: é um processo no qual os estudantes transferem para o digital o
que foi explicado em uma aula presencial. A partir do acesso a portais, blogs, plataformas,
eles realizam pesquisas e atividades que aprofundam um tema, com a orientação do
professor no ambiente educacional. O docente também propõe um assunto a ser
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pesquisado e pode trazer um vídeo ou um texto para ser debatido em sala de aula,
provocando reflexões que podem gerar novos conhecimentos.
3. Baseada em projetos: os estudantes se envolvem em problemas ou desafios de sua
comunidade ou algo que tenha relação com a vida nela. O interessante é que uma
metodologia ativa que concentra a aprendizagem em projetos permite a
interdisciplinaridade, unindo áreas do conhecimento para solucionar ou propor um
caminho. O trabalho coletivo e colaborativo é um ponto fundamental na realização de um
projeto. Assim, os estudantes vivenciam habilidades e competências como o
desenvolvimento do pensamento crítico, a comunicação, a argumentação, a empatia, a
responsabilidade e a cidadania. Os projetos podem ser reais ou simulados, investigativos
ou explicativos, para responder a questões ou construtivos, criando algo novo.
4. Baseada em grupos: uma atividade que envolve grupos de alunos e alunas acessando
individualmente conteúdos específicos e, depois, discutindo em equipes em busca de um
consenso. O docente sugere conteúdos e faz intervenções durante os debates nos grupos,
complementando algum ponto ou apresentando alguns problemas ou questões. A
avaliação nesta metodologia se dá individualmente e em grupo. Um destaque é o
envolvimento e a responsabilidade de todos, além do desenvolvimento de habilidades
como seguir regras, respeitar a ideia de outros, exercer a argumentação, etc. Outras formas
de se trabalhar em grupos é realizar um estudo de caso, criar vlogs, gerar ideias para um
problema social.
5. Jogos e cultura maker: O jogo pode ser compreendido como uma atividade física ou
mental, que se caracteriza por ter um objetivo e uma regra a cumprir. O jogo é um grande
facilitador para a aprendizagem, pois permite ao aluno (ou o jogador) agir com
espontaneidade, pensar de forma individual, porém, respeitando as regras e a proposta do
jogo da vez. Há uma grande variedade de jogos, indo desde culturas extremamente antigas
a temas bastante atuais, proporcionando um enorme currículo interdisciplinar que parte do
interesse das próprias crianças ou jovens para algo que desperta a curiosidade e o
interesse por sua própria história e existência. Jogos tradicionais, de tabuleiro, adivinhação,
digitais, entre outros, promovem a interação e a imersão na tarefa. Fazer descobertas, criar
produtos, usar materiais já conhecidos para novos usos. Dentro de jogos há uma área
chamada “gamificação”, cuja definição é pensar em como usar ferramentas de jogos fora
dos jogos, incentivando a busca de soluções. A cultura maker significa FAZER, ou seja, faça
você mesmo. O maker utiliza-se de ferramentas digitais para o desenvolvimento de
projetos, de novos produtos, utilizados nas áreas de matemática, ciências, tecnologia,
engenharia e artes. Incluem-se neste grupo: seminários, debates, teatralização, estudo de
caso e projetos.

Videoaula: Metodologias Ativas

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Vamos conversar sobre metodologias ativas no processo educacional, apresentando exemplos


de jogos colaborativos e individuais, e explorando a gamificação e os benefícios destas
ferramentas que incentivam os estudantes à participação, ao enfrentamento de desafios e à
vivência de diversas experiências. Mas os docentes estão preparados? Como podemos atuar?
Veremos esses assuntos e muito mais! Venha conosco.

Saiba mais

Metodologia ativa: PROJETOS


Principais modelos de projetos:
Projeto aplicado ao âmbito de uma disciplina: o projeto é desenvolvido de modo independente
dos apresentar como atividade interdisciplinar, unindo dois ou mais componentes curriculares,
ou seja, como uma atividade extra. Ele pode se componentes curriculares.
Exemplos de atividades básicas para desenvolver um projeto:

1. Atividades para motivação, ou seja, os estudantes devem querer fazer o projeto. Para tanto,
devem acreditar na proposta, envolver-se, ter o compromisso para concluir atividades que
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acontecem antes do projeto, como a realização de uma tempestade de ideias. (Ouvir,


respeitar ideias, argumentar, convencer, entre outras competências.)
2. Atividades que visam à organização para o desenvolvimento do projeto. É preciso que haja
divisão de tarefas e papéis a serem assumidos, como quem registra, quem vai em busca
dos recursos necessários, entre outras.
3. Atividades de melhoria das ideias inicialmente expostas. Para tanto, a realização de
pesquisas acerca do tema e de exemplos já existentes. Após a realização do projeto é
preciso que haja uma organização para a sua apresentação, o que inclui a escolha de como
isso acontecerá, os recursos, a publicação e o público a ser informado sobre o produto
gerado pelo projeto (MORAN, 2019, p 41).

Metodologia Ativa. Fonte: adaptada de Goularte e Arenas (2021).

Indicação de leitura:
MORAN, J. Metodologias ativas de bolso: como os alunos podem aprender de forma ativa,
simplificada e profunda. São Paulo: Editora do Brasil, 2021.

Referências
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ALVES, R. Se eu fosse ensinar. Almanaque Brasil de Cultura Popular, 2004.


BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://mec.org.br/BNCC. Acesso em: 30 jan. 2023.
FORTUNA, T. R. Formando professores na universidade para brincar. In: SANTOS, S. M. P. (Org). A
ludicidade como Ciência. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 115-119.
GOULARTE, A.; ARENAS, D. M. Metodologias Ativas de Aprendizagem: o aluno como protagonista
do processo. Blog Flexge, 2021. Disponível em: https://blog.flexge.com/metodologias-ativas-
ensino-aprendizagem. Acesso em: 30 jan. 2023.
MELO, M. et al. Metodologias ativas: concepções, avaliação e evidências. Curitiba: Appris, 2020.
MORAN, J. Metodologias ativas de bolso: como os alunos podem aprender de forma ativa. São
Paulo: Editora do Brasil, 2019.
SOARES, C. Metodologias ativas: uma nova experiência de aprendizagem. São Paulo: Cortez,
2021.
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. in: GIMENES, B. P.; PERRONE, R. Ludicidade,
Educação e Neurociências: das vivências de infância a artigos profissionais. São Paulo: Gênio
Criador, 2021.

Aula 5
Revisão da unidade
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Estrutura do novo Ensino Médio e sua importância para o desenvolvimento


social e profissional

Nosso estudo sempre remete às dez competências gerais que a Base Nacional Comum
Curricular apresenta como cenário principal para toda a educação básica, a saber Educação
Infantil, Fundamental anos iniciais e anos finais, e o novo Ensino Médio.
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Competências. Fonte: elaborada pela autora.

Buscar a igualdade, a diversidade e a equidade, o direito à educação de qualidade para todos, a


educação integral e o protagonismo dos estudantes são princípios que norteiam a construção de
um currículo e de uma escola inclusiva, tornando-a um ambiente de aprendizagem. Nesta
unidade, o foco no Ensino Médio inclui inovações possíveis e um direcionamento para a
finalização do Ensino Médio que promova a inserção profissional dos estudantes, com
habilidades e competências necessárias para exercer profissões agora requisitadas no mundo
do trabalho.
O Ensino Médio inova no oferecimento de Itinerários Formativos que permitem aos estudantes a
escolha de áreas do conhecimento onde desejam aprofundar os conteúdos, bem como
reorganiza a escola para essas ofertas. Isto demonstra que é preciso um trabalho de equipe para
implementar o Ensino Médio. As secretarias de educação dos estados e municípios elaboram
sugestões para as escolas oferecerem aos alunos algumas áreas para aprofundamento. Isto
porque é necessário organizar contextos relacionados aos itinerários: laboratórios experimentais,
bibliotecas, salas de informática, internet e, em caso de demanda específica, um convênio com
parceiros locais, ou seja, entidades governamentais ou não governamentais que possam
oferecer espaço para os estudos.
A primeira demanda para esta oferta é ouvir os alunos, saber o que mais os interessa, estar
atento às necessidades da comunidade, e solicitar apoio financeiro para o MEC, que, por meio de
um programa, auxilia a implantação de cenários e recursos para os itinerários. Acredita-se que,
durante os nove anos do Ensino Fundamental, muitas habilidades foram exercidas e conteúdos
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sistematizados. Agora no Ensino Médio, além dos componentes curriculares, os alunos são
convidados a tomar decisões quanto a sua vida pessoal e profissional.
A atuação do professor mediador ou tutor do Projeto de Vida auxiliará nas decisões que o jovem
assumirá em sua vida. É o ápice do protagonismo que, na BNCC, é desenvolvido desde a
Educação Infantil e intensificada no Ensino Médio com a vivência de metodologias ativas. O
docente atuante no Ensino Fundamental e Médio tem selecionado e criado situações envolvendo
práticas pedagógicas que mobilizam os conhecimentos, exercitam as habilidades e, por fim,
desenvolvem as competências gerais. Neste momento, a unidade encerra esta jornada, pois o
docente já compreendeu que as habilidades encaminham as práticas pedagógicas; que as
práticas pedagógicas promovem a participação ativa dos estudantes; que incluem o momento
da avaliação e autoavaliação; e, finalmente, que as competências devem estar presentes em
todos os momentos do planejamento, seja ele bimestral ou mensal.

Videoaula: Revisão da unidade

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Identificar, avaliar e planejar propostas de trabalho colaborativo com outros profissionais que
visem a equidade e a atuação junto à comunidade. Neste vídeo vamos utilizar o Projeto de Vida
como exemplo de um trabalho docente colaborativo, entre outros assuntos e exemplos
interessantes. Vamos lá!

Estudo de Caso
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O objetivo do Projeto de Vida na BNCC é valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais,


apropriar-se de conhecimentos e experiências que possibilitem ao aluno entender as relações
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
Projeto de Vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Essa foi a
definição apresentada pela coordenadora pedagógica na reunião de planejamento anual numa
determinada escola. “É o Novo Ensino Médio”, disse ela, “e devemos incluir a organização do
projeto e de vida em nosso planejamento”.
Logo surgiram as perguntas: É uma disciplina? Uma atividade complementar? É eletiva? Qual
professor deve assumir esta tarefa? Mais uma atividade para a gente? Por que a coordenação
não orienta?
Estas perguntas, expressas com muitos sentimentos por vezes equivocados, se tornam
corriqueiras quando uma nova proposta chega às escolas. O Ensino Médio foi a última etapa da
educação básica a receber um guia norteador e com prazos delimitados para sua implantação,
ou seja: até 2024, as mudanças devem estar consolidadas nas escolas de Ensino Médio.
A coordenação expôs um quadro com as propostas que podem ser incluídas no Projeto de Vida,
mas um sentimento inesperado surgiu junto aos professores. A maioria dos docentes nunca
havia pensado em seu próprio projeto de vida e, assim, como podiam orientar os projetos dos
alunos? Deve haver um roteiro, um formulário, talvez uma apostila para seguir e, assim, os
estudantes poderiam completar.
A coordenação pedagógica da escola ficou surpresa com os comentários, pois em sua
apresentação demonstrou o lugar do Projeto de vida como atividade pedagógica no quadro
curricular. “Mas acho que os docentes não perceberam…”, pensou ela. “É algo novo, e como toda
inovação é preciso conversar e orientar sua implementação. É preciso manter a mente aberta e
trabalhar em grupo para que este projeto dê certo para os estudantes”. Se é um projeto, não pode
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ser de uma disciplina só, pois projeto é uma metodologia ativa que requer alguns passos. A
coordenação então decidiu por apresentar uma pergunta à equipe de docentes: quem já fez um
projeto para sua vida? O que deu certo? O que deu errado? O que faltou?
______
Reflita
Como você acredita que os docentes reagiram frente a esta questão apresentada pela
coordenação?
Podemos orientar um Projeto de Vida aos estudantes se não vivemos uma experiência como
esta?
O Projeto de Vida tem a ver com a missão da escola?
Em que a gestão escolar pode ajudar?

Videoaula: Resolução do Estudo de Caso

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Projeto de Vida. Fonte: adaptada de Projeto... ([s. d.]).

A coordenação da escola foi muito sensível ao perceber que muitos docentes nunca haviam
pensado e feito um projeto de vida, e notou como isto é importante, principalmente junto aos
jovens que completam a educação básica. Os estudantes desta modalidade apresentam um
nível de maturidade e começam a pensar muito mais em seu futuro profissional. Começam a
relacionar o que aprendem ou aprenderam com o que desejam conquistar ou os sonhos que
pretendem realizar.
É um momento difícil para os estudantes e para os docentes, que também começam a viver uma
pressão sobre as escolhas profissionais. Ao incluir o Projeto de Vida no Ensino Médio, a área da
Linguagem foi a escolhida para liderá-lo; entretanto, é importante lembrar que este é um
elemento central do Ensino Médio e não deveria estar relacionado a apenas uma área.
Inicialmente, os docentes devem se apropriar desta abordagem e saber que não há uma receita
para trabalhar o projeto. Não teremos um formulário, não teremos material didático, nem
apostilas. Será um trabalho dos estudantes, de registrar a sua jornada de descobertas e
escolhas.
A partir de uma dinâmica com os professores utilizando as três questões apresentadas no
quadro, os professores registraram em um papel as respostas, pensando nas escolhas que
fizeram. Foi um momento de reflexão e sensibilização para a compreensão da atividade. Em
outro momento, a coordenação apresentou os componentes eletivos que poderiam ser
oferecidos aos estudantes, pois aproveitou a aula de despedida do 9º ano e ouviu os alunos e
alunas sobre o que mais gostariam de estudar para atuar profissionalmente. Isto auxiliou na
escolha de componentes e alterações necessárias no contexto da escola.
O Projeto de Vida, atividade pedagógica direcionada aos estudantes, não tem relação com a
missão da escola, mas sim com os interesses e sonhos dos alunos e alunas. Mas a prática
acontece assim: nas reuniões com os docentes, cada professor fica responsável por um grupo
de alunos, que se reunirão às quartas e sextas-feiras no horário final da aula para orientar os
registros individuais e esclarecer pontos cruciais de estudo e visão de futuro. Podem utilizar as
tecnologias digitais para os registros, como também um diário. Quem sabe o docente de Artes
não auxilia na construção desse diário? O tutor, como é chamado o responsável pela turma, deve
ficar atento às competências emocionais, incluindo práticas para auxiliar na realização dos
sonhos possíveis.
A gestão escolar fica responsável pela aproximação de parcerias que irão colocar o estudante
em vivências além do contexto escolar.

Resumo Visual
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O processo de implementação do Novo Ensino Médio envolve a exploração das competências


gerais e específicas por componente curricular, a integração vertical e horizontal das áreas de
conhecimento, o desenvolvimento de habilidades, e práticas pedagógicas que utilizem
metodologias ativas. Confira a seguir:
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Novo Ensino Médio. Fonte: elaborada pela autora.

Referências
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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
INSTITUTO REÚNA. Reúna, c2023. Página inicial. Disponível em:
https://www.institutoreuna.org.br/. Acesso em: 9 jan. 2023.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948.
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos. Acesso
em: 30 jan. 2023.
PROJETO de vida na escola: como desenvolver, o que diz a BNCC, desafios e práticas na
educação. Blog Kuau, [s. d.]. Disponível em: https://blog.kuau.com.br/projeto-de-vida/projeto-de-
vida-na-escola/. Acesso em: 30 jan. 2023.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Dialética, 2022.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Conhecimento, 2020.
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão
contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo: WAK, 2020.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório Delors para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.

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