Prát. Pedag. BNCC e A Arte de Educar: Unidade 1
Prát. Pedag. BNCC e A Arte de Educar: Unidade 1
Prát. Pedag. BNCC e A Arte de Educar: Unidade 1
Unidade 1
A BNCC na escola
Aula 1
A BNCC na escola: sua chegada e implementação
Introdução
Vamos começar nossos estudos acerca da Base Nacional Comum Curricular. Para entender a
proposta, você irá relembrar uma breve trajetória do sistema educacional brasileiro em busca de
uma educação para todos. Você irá relembrar os princípios e fundamentos da educação
brasileira, as leis que a regem e como elas se articulam através das práticas educacionais
exercidas pelos profissionais da educação. O destaque fica por conta da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, considerada a Carta Magna da Educação; do Plano Nacional de
Educação, que articula e estabelece diretrizes, estratégias e metas para a educação durante dez
anos; e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), promulgada em 2017. A BASE, como é
conhecida esta última, determina os conhecimentos e habilidades essenciais aos quais todos os
Disciplina
aprendizes têm direito. Uma vez promulgada a lei, é preciso visualizar suas reais condições de
aplicação, pois há um longo caminho entre o discurso proclamado e a prática vivida. Como será
apresentada esta BASE e o todo o processo de implementação nas escolas, será tema da nossa
aula. Você conhecerá o início de uma jornada da educação, na qual ser professor é reconhecer a
história vivida e seus benefícios. Do “ler, escrever e contar” até aprendizagens essenciais, vamos
identificar as principais propostas educacionais. Bons estudos!
O sistema educacional brasileiro é regido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei
nº 9.394/96, que é a principal legislação que norteia e dá fundamentação legal a todas as
escolas. Conhecida também como Carta Magna da Educação, organiza e regulamenta a
estrutura e o funcionamento do sistema educacional público e privado em todo o país, com base
nos princípios e direitos presentes na Constituição Federal. A atual LDB tem grande preocupação
não só em garantir o acesso do aluno à escola, mas também em minimizar evasões, garantindo
assim sua permanência.
Em 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE) determina a elaboração de um plano para
articular o sistema nacional de educação e estabelecer diretrizes, estratégias e metas para a
área durante dez anos, e os docentes recebem o documento norteador chamado Base Nacional
Disciplina
Comum Curricular (BNCC). A criação de uma base comum para a educação básica está prevista
desde 1988, a partir da promulgação da Constituição Cidadã. Em 1996, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Brasileira (LDB) reforçou essa necessidade, mas somente em 2014 a criação
da Base Nacional Comum Curricular foi definida como meta pelo Plano Nacional de Educação
(PNE).
Este é o primeiro momento de apresentação da BASE às equipes escolares. Sugere-se que as
escolas organizem momentos pedagógicos para a apresentação da BNCC, sua trajetória e
processos de implementação. Segundo a BNCC, deve-se garantir que, independentemente da
região, raça ou classe socioeconômica, todos os estudantes do Brasil aprendam as mesmas
habilidades e competências ao longo de sua vida escolar. Ela é obrigatória e está prevista na LDB
e no Plano Nacional de Educação (PNE).
Os currículos de todas as redes públicas e particulares devem ter a BNCC como referência, que é
um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades da educação básica. A apresentação da BASE aos professores e professoras deve
se destacar como um programa de política pública a ser implementado até 2024.
Esta é a orientação a ser apresentada aos professores: que este é um documento normativo e
não uma sugestão ou proposta de plano educacional. A BASE deve ser implementada até 2024 e
já começou na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. No Ensino Médio ela será
implementada por ano, de forma que, ao final do terceiro ano e até o ENEM, ele estará
reestruturado. Lembrando que ENEM é um exame que promove a entrada de estudantes no
Ensino Superior.
Intenções e realidade
Disciplina
Para compreender a importância da BASE, sempre temos que recordar a trajetória da educação
básica no Brasil, sua estrutura e recomendações. Este é um tema complexo, pois entra em jogo
não apenas o aprendiz real, como o aprendiz ideal, que deveria compor com o ideal de aprendiz.
Infelizmente essa não é a nossa realidade, pois o Brasil, de tamanho continental, tem um grande
desafio para enfrentar. A pergunta é: como estudar a BASE? Qual é a proposta da BASE na
preparação do trabalho pedagógico em escolas com realidades tão diferentes entre si, desde as
escolas do interior do Nordeste até as das regiões ribeirinhas do Norte, com tantas dificuldades?
Esta, porém, não é a nossa questão no momento, embora seja de grande importância.
Nossa intenção é sinalizar como poderemos aplicar a BNCC em nosso cotidiano escolar, seja
qual for a região do país em que vivemos. A BNCC tem como fundamento pedagógico o
desenvolvimento integral dos estudantes, o que quer dizer que promove o desenvolvimento nas
dimensões: intelectual, física, social e cultural. Isso significa que abandonamos um modelo
conteudista de aprendizagem e passamos a considerar a capacidade dos alunos de lidar com
seu corpo e bem-estar, suas emoções e relações sociais, sua atuação profissional e cidadã, sua
identidade cultural, sua capacidade criativa e de argumentação, e suas competências para lidar e
se comunicar com as novas tecnologias.
Na BNCC, a promoção do desenvolvimento integral se dá no estabelecimento de dez
competências gerais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da educação básica. A
BNCC define competências como a soma de conhecimentos (que são os saberes), habilidades (a
capacidade de aplicar esses saberes na vida cotidiana), atitudes (força interna necessária para a
utilização desses conhecimentos e habilidades) e valores (a aptidão para utilizar esses
conhecimentos e habilidades com base em valores universais, como a ética e os direitos
humanos, justiça social e consciência ambiental).
Na estrutura da BNCC, as dez competências gerais são desdobradas em objetivos de
conhecimento e habilidade de acordo com cada etapa, faixa etária, componentes ou áreas do
conhecimento. Conhecer o desenvolvimento cognitivo auxilia na seleção e organização de
situações de aprendizagem a serem vivenciadas pelos estudantes. As Ciências da Educação,
como Filosofia, Sociologia e Psicologia, sustentam os princípios da educação para todos e com
qualidade, premissas das legislações que devem constar no projeto político pedagógico da
escola. Hoje, a neurociência explica e orienta docentes sobre o processo de aprendizagem,
memória e estratégias de ensino. Com todas estas informações, podemos pensar em planos de
aula eficazes.
Você sabia que a BASE tem um impacto na formação de professores? No vídeo, conhecemos os
pontos mais importantes da apresentação da BASE aos professores e os desafios em sua
implementação. A BASE considera as Ciências da Educação, como Psicologia, Sociologia e
Filosofia, auxiliando o docente a compreender o desenvolvimento físico, cognitivo e
socioemocional dos estudantes ao longo da educação básica e, assim, organizar práticas
pedagógicas que possam motivar, engajar e garantir a participação de todos.
Assista a esse vídeo para saber ainda mais!
Saiba mais
Vamos analisar:
Disciplina
Uma ótima sugestão são os planos de aula disponíveis gratuitamente no site da revista
Nova Escola, dedicada a produzir conteúdo para os educadores. São diversos planos de
aula alinhados à BNCC e separados por etapas e disciplina escolar.
O banco de práticas e informações sobre a BNCC, organizado pelo Movimento pela Base, é
uma boa sugestão. Lá você encontra inúmeros materiais que poderão ajudar na
compreensão das principais mudanças que ocorreram nesse novo contexto, separados por
tema e público.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a próxima década: conhecendo as 20 metas do
Plano Nacional de Educação. Brasília, 2014. Disponível em:
https://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2017.
Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pd
f. Acesso em: 24 jan. 2023.
Disciplina
FERNANDES, V. Fundamentos da Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Sol, 2012. (Nota: este
volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n.
2-065/12, ISSN 1517-9230.)
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e
organização. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994
MOVIMENTO PELA BASE. Banco de informações e práticas sobre a Base Nacional Comum
Curricular. Movimento pela Base Nacional Comum, 2018. Disponível em:
https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2018/10/MPB_Banco-de-
Informacos.pdf. Acesso em:11 jan. 2023.
NAOMI, A.; MEIRA, G. I. BNCC na Sala de Aula: guia de orientações para professores sobre a Base
Nacional Comum Curricular. Fundação Lemann e Movimento Pela Base Nacional Comum, 2019.
Disponível em: https://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2020/01/Guia-digital-
BNCC-na-sala_2019_12_vFinal-1.pdf. Acesso em: 24 jan. 2023.
NOVA ESCOLA. Planos de aula. Nova Escola, c2023. Disponível em:
https://novaescola.org.br/planos-de-aula. Acesso em:11 jan. 2023.
PAGNI, P. A.; SILVA, D. J. da. (Orgs.) Introdução à Filosofia da Educação: temas contemporâneos.
São Paulo: Avercamp Editora, 2007.
PERISSÉ, G. Introdução à Filosofia da Educação. (Livro eletrônico). São Paulo, Editora Autêntica,
2018.
SANTOS, C. R. dos. Educação Escolar Brasileira. 2ªed. atualizada e ampliada. São Paulo: Pioneira
Thompson Learning, 2003.
SANTOS, R. de C. G. (org.) Sociologia da Educação: debates contemporâneos e emergentes da
formação de professores. Coleção Cadernos Pedagógicos da EAD, v.15. Rio Grande: Editora da
FURG, 2013. 143 p.
Aula 2
A organização da BNCC
Introdução
Disciplina
Nesta aula você terá acesso a algumas notas importantes acerca da educação básica no Brasil.
Isto porque a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vem atender a uma demanda necessária
e já indicada por legislação e planos nacionais. A BASE incorpora o caminho já percorrido e
vivenciado pelos professores da educação básica à luz das diretrizes nacionais, já promulgadas
em forma de Lei, desde 1999.
Quando temos diretrizes e planos nacionais, temos programas de políticas públicas. Este é o
momento de estudo no qual podemos identificar os grandes desafios enfrentados na busca pelo
acesso e qualidade na educação básica ofertada aos cidadãos brasileiros.
O Brasil sempre buscou programas educacionais para o acesso e permanência dos estudantes
nas escolas, mas, às vezes, houve alternância de poder nos governos, que inovaram ou
descaracterizam programas já existentes. Há séculos que se registra a busca por uma educação
de qualidade extensiva a todos.
O objetivo nesta aula não é julgar ou debater um período específico de educação, mas sim
reconhecer as origens e as mudanças que ocorreram em diferentes épocas, oferecendo a você,
estudante, um panorama amplo e fundamental para entender os caminhos traçados pelos
governos do Brasil. Conhecer esse trajeto auxilia no entendimento sobre a necessidade de um
documento como a BNCC que, promulgado em 2017, vem promover a equidade por meio da
formação integral.
Bom estudo!
Todas as políticas públicas sempre estarão ligadas ao cumprimento dos direitos humanos, mas,
no caso das políticas públicas da Educação, em especial da Educação Básica, o objetivo é
respeitar e garantir o direito específico do aluno e da aluna de aprender e ter acesso a uma
educação de qualidade. Para tanto, as políticas públicas em educação têm como base as leis
votadas no poder legislativo nas esferas federal, estadual e municipal. Programas e projetos
construídos e implementados à luz da legislação brasileira educacional em vigor dependem de
vários fatores, assim como a qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos e alunas.
Resumindo, as políticas públicas em educação consistem em programas ou ações elaboradas
em âmbito governativo, que auxiliam na efetiva implantação dos direitos previstos na
Constituição Federal, e de leis previamente aprovadas no âmbito federal e seguidas pelos
estados e municípios.
Na época do descobrimento, a educação foi comandada pelos padres jesuítas, que tinham como
meta ensinar a ler, escrever e contar – o famoso LEC. O plano educacional consistia em ensinar a
gramática, as humanas e as ciências sacras. Desde 1822 até 1889, temos as escolas do Brasil
Império, que promovem reformas no campo educacional: surgem cursos superiores de Medicina,
Química, Economia e Agricultura, entre outros profissionalizantes em nível médio e superior, hoje
conhecidos como SENAC, e cria-se a Academia Real Militar. Organiza-se a estrutura do ensino
em três níveis: primário, secundário e superior. De 1964 a 1985 acontece outra reforma, tendo
como base a LDB 5692/71 (BRASIL, 1971), que inova com a extensão da obrigatoriedade escolar,
a cooperação dos níveis do sistema educacional, e traz a verticalização das séries, num currículo
Disciplina
com formação geral e formação especial. Permite a flexibilização dos currículos, diversificação
de metodologias, plano de carreira para professores, formação permanente e treinamento.
Nos tempos atuais, à luz da Constituição de 1988 e da LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996), a educação
no Brasil se solidifica, garantindo a gestão democrática na educação básica com conselhos
escolares, autonomia pedagógica, sistema de ensino em níveis e a educação infantil como
primeira etapa da educação básica. Também temos a inclusão da educação especial, indígena,
de jovens e adultos e profissional. Assim, as políticas públicas educacionais devem assegurar
oportunidades, acesso, permanência e qualidade a todos os estudantes e comunidades. A partir
da Lei de 1996, inclusões importantes foram realizadas como o direito à formação inicial e
continuada de professores. Entretanto, com a promulgação da Base Nacional Comum Curricular,
aprovada em 2017, as escolas planejam a revisão das propostas pedagógicas, dos projetos
político-pedagógicos das escolas e da formação continuada de professores. As especificidades
da BASE podem ser apresentadas na estrutura com as etapas Educação Infantil para crianças de
até 5 anos e 11 meses, Ensino Fundamental de nove anos e Ensino Médio.
Com o início da implementação da BNCC (BRASIL, 2017), tendo seu período de efetivação até
2024, os estados e municípios, por meio das escolas, irão reorganizar os currículos considerando
a realidade local e inserindo melhorias para a área da educação básica.
Houve um desafio em oferecer a continuidade dos estudos, porém, não foi possível atender a
todos. Isto porque o acesso a computadores e redes de internet não constava em um programa
de políticas públicas. Os estados e municípios se reorganizaram para atender a esta demanda.
Atualmente, a BASE já prevê o uso de tecnologias como ferramentas para desenvolver
competências e habilidades.
Os programas e projetos derivados das políticas públicas em educação têm como meta viabilizar
medidas que garantam o acesso à educação para todos os cidadãos. Este deve ser o objetivo
maior do Brasil e de entes federados. É claro que, ao identificarmos a meta de garantir a
educação para todos, cabe às políticas públicas avaliar o que está acontecendo nos programas
implementados, bem como ajudar a melhorar continuamente a qualidade do ensino no Brasil.
Na trajetória histórica brasileira das políticas públicas em educação, encontramos diversos
programas que foram descontinuados pelos governos, e outros que permanecem. Um exemplo
foi a adoção de programas educacionais durante a pandemia do Vírus SARS-Covid 19, que
manteve toda a população escolar em casa, obrigando os governos a criarem projetos para que
os estudantes pudessem continuar seus estudos à distância, com o auxílio da internet. Surge
neste período um programa inesperado de educação on-line, justamente quando a BASE estava
em plena implementação. Entretanto, podemos ver que, mesmo com uma nova maneira de
promover a educação formal com adaptações, o Artigo 205 da Constituição Federal continuou a
ser cumprido.
Artigo 205
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(BRASIL, 1988)
Disciplina
A BASE é uma política pública. O que ocorre na implementação das políticas públicas em
educação é que cada gestão governamental, em qualquer esfera, seja ela federal, estadual ou
municipal, tem como prioridade o direito à educação com qualidade para todos. Todos os
programas educacionais querem avançar com ações que permitam o acesso à aprendizagem e o
direito à educação com qualidade, a fim de colaborar com a missão de tornar o país menos
desigual. Iniciativas previstas nos programas educacionais precisam de um planejamento
técnico, uma supervisão e fluxo de continuidade para que os resultados sejam alcançados.
Portanto, é preciso reconhecer que os programas ou projetos de políticas públicas em educação
respeitam normas, declarações universais e legislações que norteiam este planejamento. Isto
porque educação é um direito universal.
A BASE considera a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a sua implicação na Educação
Básica no Brasil. Com a globalização, modelos e programas de vários países são
Disciplina
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.
Vamos conhecer a relação entre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e as dez
competências gerais. Para cada competência, vamos apresentar exemplos que podem ser
incorporados na construção de práticas pedagógicas, desde a Educação Infantil até o Ensino
Fundamental.
Um exemplo para que você tenha ainda mais interesse em assistir ao vídeo:
Abordagem da Competência 7: Argumentação. Argumentar com base em fatos, dados,
informações confiáveis. Esta sétima competência trata de expor ideias, opiniões, sentimentos
com respeito às ideias de outros. Assim, o estudante deve organizar suas ideias, respeitar a voz
dos outros, saber ouvir e se comunicar com clareza.
Na Educação Infantil: roda de conversa após a leitura de um livro de histórias.
Ensino Fundamental anos iniciais: dois grupos de alunos argumentam a importância da
reciclagem em casa usando fotos e reportagens.
Anos finais do Ensino Fundamental: criação de um podcast com reportagens, denúncias e
recomendações para o bairro onde a escola se insere.
Venha conosco aprender ainda mais e na prática!
Saiba mais
Disciplina
Referências
BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2º
graus, e dá outras providências. Brasília, 1971. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017 Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 1 de dez. 2022.
Disciplina
Aula 3
O que mudou nos processos de aprendizagem com a BNCC
Introdução
Você sabia que, no ano de 1990, um movimento internacional aconteceu na cidade de Joimtien,
na Tailândia, onde vários países foram signatários de um compromisso com a educação básica?
A Conferência Mundial sobre Educação para Todos foi um marco histórico com o compromisso
Disciplina
No ano de 1988, foi promulgada a Constituição Federal, que apresenta uma série de objetivos
para a educação. Trinta anos depois, são esses mesmos objetivos que as políticas públicas
planejam alcançar. Avanços na obrigatoriedade da educação básica, no acesso aos programas
sociais e educacionais para que todos tenham a oportunidade de estudar, porém a busca pela
qualidade em todas as instituições de ensino continua sendo uma meta a ser cumprida.
Podemos citar como destaques importantes presentes na Constituição Federal (BRASIL, 1988) a
inclusão da Educação Infantil (creche e pré-escola) como primeira etapa da educação básica, e a
responsabilidade dos estados e municípios pela Educação Infantil, Fundamental e Ensino
Médio.
Outro aspecto a ser reconhecido foi a criação de um Fundo Nacional a ser abastecido pelas
esferas federal e estadual. Este fundo, denominado Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Disciplina
Educação Básica, foi renovado com a validade de 14 anos, auxiliando os municípios na criação
de serviços para a Educação Infantil até os 5 anos e 11 meses, e o Ensino Fundamental de nove
anos (BRASIL, 1988). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96) estrutura as
modalidades e níveis de ensino trazendo, pela primeira vez, formação de professores como parte
importante de um programa educacional. Entretanto, a LDB/96 não apresenta conteúdos a serem
trabalhados nas escolas, mas sim princípios norteadores a serem seguidos na educação formal
e informal.
Em 2017, a Base Nacional Comum Curricular é lançada, apoiando-se nos marcos legais citados,
e vem orientar as práticas priorizando a aprendizagem na direção de garantir o direito à
educação, buscando uma educação igualitária. Tais práticas reforçam a necessidade de ter o
estudante como protagonista, no centro da aprendizagem, e dessa forma a BASE apresenta,
além das competências gerais, competências específicas, habilidades que devem ser
exercitadas ao longo da educação básica.
Ao estudarmos as habilidades de cada área de conhecimento do Ensino Fundamental, e os
campos de experiências na Educação Infantil, percebemos que há ênfase na participação ativa
dos estudantes nos contextos de aula. As práticas organizadas pelos docentes são selecionadas
e implementadas à luz das habilidades, que servem também como critério de avaliação. Ao
elaborar uma prática pedagógica em um componente curricular, vale a pergunta: quais
habilidades a BASE indica? Quais habilidades esta situação está desenvolvendo? Posso fazer a
relação com as competências gerais? Quais?
Perguntas como estas e outras, que o docente com certeza poderá fazer, servem de avaliação
acerca das práticas que serão vivenciadas pelos alunos e alunas. Isto impulsiona a mudança de
técnicas expositivas para momentos de participação, argumentação, comunicação e
responsabilidade dos estudantes. A participação ativa é necessária para que os estudantes
construam conhecimentos, desenvolvam habilidades e sejam competentes na sociedade.
Do direito à ação
Disciplina
A palavra “direito” não deve ser abstrata, e sim relacionada a uma ação concreta. Quando se fala
em direito à educação para todos, referimo-nos ao acesso ao ensino. Sendo o Brasil um país
com dimensão continental, considera-se um desafio a oferta de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio aos povos ribeirinhos, à população rural, a indígenas e outras
comunidades que habitam nosso país. Por meio de políticas públicas é possível oferecer
condições para que todos possam ter acesso ao ensino. A BASE vem nortear as aprendizagens
essenciais, independentemente da localidade das escolas.
Vejam alguns programas criados para que a educação básica seja realmente um direito, com
acesso, permanência e aprendizagem. Os governadores e prefeitos podem utilizar os programas
do Governo Federal Brasileiro em suas ações locais, bem como propor programas específicos
para sua comunidade (estado ou município), a fim de atender ou suprir necessidades ou
demandas.
1. Programa Brasil alfabetizado. É um programa que existe nos estados para fazer a
alfabetização de jovens, adultos e idosos. Os estados e municípios podem contar com
materiais didáticos e apoio na sua implementação. Lembrando que 10 milhões de
brasileiros com mais de 15 anos não sabem ler nem escrever, segundo dados do IBGE de
2020.
2. Educação para Jovens e Adultos (EJA). Diferente do Brasil alfabetizado, muitos adultos não
terminaram seus estudos e estão evadidos da escola. O EJA promove a finalização dos
níveis fundamental até o médio.
Disciplina
3. Programa Escola Acessível. Este programa destina-se aos estudantes com necessidades
especiais ou deficiências. Oferece informação e recursos de ensino para melhorar o seu
aprendizado.
4. Programa Caminho da Escola. Um programa importante para transportar os estudantes
para as escolas. Um apoio financeiro para melhorar e aumentar a frota de veículos que faz
o transporte escolar nas redes de ensino estaduais e municipais.
5. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). É um fundo
dedicado ao aumento de investimento financeiro do Governo Federal em projetos de
educação nos estados e municípios. Auxilia no pagamento dos professores, melhorias nos
espaços físicos das escolas, entre outras possibilidades.
6. Programa Brasil Profissionalizado. Um programa destinado aos alunos do ensino médio.
Parcerias com instituições que promovem um ensino técnico profissionalizante.
7. Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (PROLIND). Reconhece
a necessidade de oferecer formação inicial e continuada aos professores, estendida à
promoção de cursos de licenciatura indígenas ou interculturais.
Estes são alguns programas ofertados, ou seja, ações de políticas públicas educacionais.
Estados e municípios devem diagnosticar a situação local, identificar deficiências e demandas, e
elaborar um programa para sanar ou melhorar as condições de ensino e, assim, buscar de forma
contínua a qualidade na educação básica que é direito de todos.
A BASE é um programa de política pública que prevê aprendizagens essenciais para todo
estudante. Assim, temos uma base comum obrigatória e unidades de ensino com componentes
eletivos e profissionalizantes até o final do Ensino Médio. Para que a BASE seja implementada
até 2024, há uma política pública de repasse orçamentário que permite às escolas se
organizarem quanto aos equipamentos, mobiliários, recursos lúdicos e profissionais.
No ano de 2014, publicou-se o PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE), que tem como objetivo
um trabalho conjunto das esferas governamentais e da iniciativa privada para alcançar avanços
na educação brasileira. Com metas e ações de médio e longo prazo, ele tem como intenção
diminuir a desigualdade de oportunidades de aprendizagem que persiste entre crianças e jovens
do Brasil. Esta Lei não substitui a LDB/96, mas apresenta 20 metas a serem alcançadas em dez
anos. Este Plano pertence ao grupo de marcos legais que subsidiam a elaboração da Base
Nacional Comum Curricular. Para cada Meta, há uma descrição objetiva de ações a serem
realizadas a fim de alcançá-la. Você pode conhecer as 20 metas na apostila Planejando a
Próxima Década: conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação.
Entre as 20 Metas, vamos entender algumas relativas à educação básica:
META 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro)
a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender,
no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência
deste PNE. (BRASIL, 2014a, p. 9)
Sendo a educação infantil a primeira etapa da educação básica, a oferta deste direito deve ser
cumprida e, para o gestor municipal que não sabe tudo o que deve fazer, o PNE descreve ações
como, por exemplo: realizar, periodicamente, em regime de colaboração, levantamento da
demanda por creche para a população de até três anos, como forma de planejar a oferta e
verificar o atendimento da demanda manifesta. Esta é uma ação que deve fazer parte do plano
da Secretaria de Educação.
Disciplina
Outras duas ações importantes, ainda na Meta 1, são: articular a oferta de matrículas gratuitas
em creches certificadas como entidades beneficentes de assistência social na área de educação,
com a expansão da oferta na rede escolar pública; promover a formação inicial e continuada dos
profissionais da educação infantil, garantindo, progressivamente, o atendimento por profissionais
com formação superior. O PNE também refere às Diretrizes Curriculares da Educação Infantil
como base para os projetos educativos das creches e pré-escolas. Ou seja, o PNE não oferece
conteúdo, mas é uma base para o desenvolvimento de uma política pública com o objetivo de
nortear os programas de educação básica, o que é um passo importante para a construção da
BASE.
Quais ações podemos destacar referentes ao Ensino Fundamental?
No documento do PNE, encontraremos metas que se tornam possíveis ao considerarmos as
habilidades descritas na BASE. Veja este outro exemplo que consta no PNE: “META 5: alfabetizar
todas as crianças, no máximo, até o final do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental” (BRASIL,
2014a, p. 10).
Nos últimos testes estaduais e nacionais foi possível identificar que muitos alunos e alunas não
adquiriram a leitura e escrita necessárias. Sabemos que saber ler e escrever é um direito que
facilita a ação cidadã. Mas o que podemos fazer para resolver este problema? A BASE traz seus
princípios, ações e uma organização estrutural que promove uma inovação na educação básica
com orientações concretas a fim de sanar as desigualdades na aprendizagem e sociais. A
linguagem está presente na Educação Infantil no campo de experiência da escuta, fala,
pensamento e imaginação e, no Ensino Fundamental, referente ao componente Língua
Portuguesa, que apresenta uma sequência gradual de competências específicas e habilidades
para que todas as crianças possam ler, interpretar, analisar, escrever, narrar, descrever, construir
histórias, relatórios, entre outras habilidades necessárias para exercer a cidadania.
Afinal, o PNE, compromisso nacional, orienta esta meta. Cabe às equipes institucionais elaborar
um currículo que garanta a aquisição desta habilidade. Com a apresentação das competências
gerais, os docentes poderão planejar de forma transdisciplinar suas práticas. O termo
transdisciplinar, citado na BASE, indica que podemos trabalhar conteúdos e áreas de
conhecimento e criar práticas que podem ir além do componente curricular ou da área do
conhecimento estudada. A proposta da BASE auxilia os estudantes a vivenciar situações de
aprendizagem rompendo o isolamento de disciplinas, o que ocorria antes. Também temos as
competências gerais, que podem auxiliar um plano escolar integrado sendo desenvolvidas em
todas as áreas, componentes, unidades e práticas pedagógicas. Na BASE encontramos as
possibilidades de integração de conteúdos considerando as habilidades destacadas em cada
etapa da educação básica, de cada área, em uma crescente complexidade, respeitando as faixas
etárias.
Nesta proposta, salienta-se a participação ativa dos estudantes em todas as etapas, um
protagonismo que pressupõe ação e interação com todos os objetos de conhecimento.
Saiba mais
Referências
Disciplina
AUSUBEL, D. P. The Psychology of Meaningful Verbal Learning. New York: Grune & Stratton, 1963.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, 2015. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 24 jan.
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Plano Nacional de Educação. Brasılia, 2014a. Disponível em:
https://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf. Acesso em: 16 jan. 2023
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Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
DEMO, P. Plano Nacional de educação: uma visão crítica. Campinas: Papirus, 2016.
GANDA, D. R.; BORUCHOVITCH, E. A autorregulação da aprendizagem: principais conceitos e
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SACRISTAN, G. J. O Currículo: uma reflexão sobre a prática. Madri: Morata, 1988.
Disciplina
SAVIANI, D. Da LDB (96) ao novo PNE (2014): por uma política educacional. (Livro eletrônico).
Campinas: Ed.Autores Associados, 2019.
Aula 4
A BNCC e seus impactos no planejamento pedagógico
Introdução
Nesta aula vamos conhecer o processo de construção da BNCC, bem como a relação entre os
marcos legais citados anteriormente. Você se lembra? Vimos a LDB/96, as Diretrizes Curriculares
já divulgadas e o PNE. As perguntas que fazemos a você são: por que a BASE é importante para
a educação básica? Como ela atende às metas do PNE?
Vamos descobrir as respostas e identificar práticas pedagógicas possíveis para todas as
escolas, lembrando que a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017b) enfatiza as
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades da educação básica, assegurando direitos de aprendizagem e desenvolvimento, de
comum acordo com o Plano Nacional de Educação. Com a BNCC, toda escola brasileira
contribuirá para que alunos e alunas tenham as mesmas oportunidades de aprender em todas as
modalidades previstas na educação básica, um avanço com relação à aprendizagem.
Bom estudo!
Disciplina
A elaboração da BNCC
Disciplina
A BASE vem atender a uma exigência legal e de forma inovadora apresenta uma estrutura
baseada em direitos e competências para que cada professor venha a articular com seus pares
uma sequência horizontal de aprendizagens à luz dos conteúdos previstos. A LDB/96 teve alguns
artigos incluídos que regulamentam a BASE. Veja os artigos 35 e 36:
Sendo assim, é um documento aprovado, promulgado e deve ser estudado nas escolas a fim de
garantir um currículo possível que atenda a estrutura bem como os fundamentos pedagógicos. O
primeiro ponto a ser reconhecido como primordial são as dez competências gerais que devem
permanecer no planejamento de toda a educação básica.
Você sabe quais são as dez competências?
As dez competências gerais da BNCC:
1. Conhecimento.
2. Pensamento científico, crítico e criativo.
Disciplina
3. Repertório cultural.
4. Comunicação.
5. Cultura digital.
6. Trabalho e projeto de vida.
7. Argumentação.
8. Autoconhecimento e autocuidado.
9. Empatia e cooperação.
10. Responsabilidade e cidadania.
A escola, da forma como conhecemos e concebemos, não existe mais. Ela era o lugar da
transmissão de conhecimento. Transmitir conhecimentos tinha importância em períodos em que
esse espaço representava o lugar da informação, pois a maioria da população não tinha acesso
a ela, nem às notícias. As atualizações não aconteciam de forma tão rápida como acontece
atualmente. Dependíamos da mídia impressa, do rádio e de recursos escassos para termos o
acesso à informação.
A escola era o locus da informação para a maioria da população. Mudar essa realidade exige a
ressignificação da função e do propósito da escola e da educação. Dessa forma, propor um novo
desenho curricular, que é a base daBase Nacional Comum Curricular(BNCC),implica,
necessariamente,na preparação de todos os envolvidos – docentes, estudantes, famílias, sob
pena de enfrentarmos resistência e inviabilização por falta de engajamento dos envolvidos.
Estarmos atentos aos impactos provocados pela implementação de uma nova proposta de
currículo é condição indispensável para o sucesso da BNCC. Dessa forma, faz-se necessário
propor um ciclo virtuoso, envolvendo todos os atores, quanto a:
planejamento entre pares, coletivo, irá oferecer oportunidades de aprendizagens ao longo do dia,
de forma que haja saberes e fazeres relacionados aos direitos, interesses e necessidades.
Lembrando que, para a educação integral, é fundamental que a jornada seja de um período entre
sete e nove horas diárias. Neste planejamento, a presença da cultura local, das demandas e
interesses das comunidades, é respeitado e atendido.
Dar ao aluno e aluna o protagonismo é promover o engajamento com o conteúdo e a prática
pedagógica. As escolas que se organizam para oferecer um tempo integral aos estudantes
consideram os quatro pilares da educação explanados no Relatório Delors para a UNESCO
(1996): Saber aprender, saber fazer, saber conviver e saber ser, como conceito de educação ao
longo de toda a vida. Assim, a escola de tempo integral, para promover uma educação integral,
deve garantir uma ambiência: espaço de trocas e vivências, um contexto intencionalmente
planejado, atividades inter-relacionadas com as áreas de conhecimento.
O que você sabe sobre neurociências e educação? Sabia da importância das pausas entre aulas?
Neste vídeo conheceremos a contribuição da neurociência para a aprendizagem, conceitos,
práticas e orientações importantes para que o tempo na escola seja produtivo e alcance os
objetivos previstos. As práticas pedagógicas inovam e atendem às evidências científicas, que
contribuem para bons resultados nas atividades propostas, bem como para o desenvolvimento
das habilidades e competências previstas na BASE.
As pesquisas em neurociências comprovam que o processo de aprendizagem é único e diferente
em cada ser humano, e que cada um aprende o que lhe é mais relevante ou significativo.
Saiba mais
Disciplina
Referências
Disciplina
ALMEIDA, F. Entendendo melhor a BNCC – Base Nacional Comum Curricular. Colégio Palavra
Viva, [s. d.]. Disponível em: https://colegiopalavraviva.com.br/blog/entendendo-melhor-a-bncc-
base-nacional-comum-
curricular/#:~:text=Compet%C3%AAncia%20%C3%A9%20definida%20como%20a,e%20do%20mu
ndo%20do%20trabalho. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nºs 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho
2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de
1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à
Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Brasília, 2017a. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2017/lei-13415-16-fevereiro-2017-784336-
publicacaooriginal-152003-pl.html Acesso em: 16 jan.2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017b. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário (livro eletrônico). Porto
Alegre: Artmed, 2002.
Disciplina
Aula 5
Revisão da unidade
A ideia desta unidade é propor uma nova articulação do que é apresentado no currículo da
educação básica com a realidade social e educacional do Brasil, proporcionando como resultado
o acesso, permanência e aprendizagem para todos os estudantes, considerando suas
necessidades e singularidades.
Você estudou a trajetória da estrutura brasileira de educação, que sempre procurou garantir os
direitos aos estudos, e agora conta com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Acompanhou as mudanças da aprendizagem, do “ler, escrever e contar” para o desenvolvimento
de habilidades previstas na BASE, do acesso à permanência e aprendizagem, da quantidade para
a qualidade em educação. Nesta trajetória é possível visualizar toda a evolução do Brasil na
garantia da equidade e de uma educação para todos, e sua presença no âmbito global de
educação. O sistema educacional brasileiro tem uma continuidade evolutiva presente nas
legislações e nas Diretrizes Curriculares promulgadas desde 1996.
A Base Nacional Comum Curricular não deixa de seguir os princípios e concepções já
promulgadas, mas, pela primeira vez, apresenta um documento norteador obrigatório, destinado
à educação básica como um todo. Ou seja, se antes tínhamos diretrizes para cada etapa, a BASE
organiza uma estrutura de aprendizagens, competências, habilidades e conteúdos de forma
gradual, em sequência horizontal e vertical, presente desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio. Entretanto, é possível identificar na trajetória da educação brasileira os objetivos de cada
época que propiciaram a evolução até os dias atuais, no século XXI. Um detalhe importante foi a
autonomia dos municípios para atender a educação básica nas escolas públicas e um programa
de financiamento repassado pelo governo federal por meio de programas e projetos.
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB/96) reforçou a necessidade de
balizar aprendizagens, mas somente em 2017, com a promulgação da Base Nacional Comum
Curricular, foram definidas como metas, pelo Plano Nacional de Educação (PNE, 2014), ações a
serem realizadas neste sentido.
A competência esperada para você, estudante, é conhecer e identificar na prática a estrutura e a
governança dos sistemas educacionais. Dessa forma, realizamos uma viagem no tempo
conhecendo os avanços da educação brasileira, a estrutura de ensino da educação básica que
vem atender à demanda por melhoria na qualidade do ensino com a proposta da Base Nacional
Comum Curricular. A Base (2017), como é denominada, é:
Com este documento norteador é esperado que, com sua implementação prevista até 2024,
venhamos a superar a fragmentação das políticas educacionais no Brasil. A BASE apresenta
aprendizagens essenciais para os estudantes em todo o Brasil e dez competências gerais que
serão exercitadas de forma inter-relacionada, ou seja, estarão presentes nas práticas
pedagógicas desenvolvidas nas áreas de conhecimento nas três etapas da educação básica:
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Mas a trajetória não foi fácil, pois é
possível identificar os grandes desafios enfrentados na busca pelo acesso e qualidade na
Disciplina
educação básica ofertada aos cidadãos brasileiros. Há séculos registra-se a busca de uma
educação de qualidade extensiva a todos.
Nesta unidade também conhecemos alguns programas federais destinados aos municípios e
estados para alcançar os objetivos estruturais da educação brasileira; entre eles, chamamos
atenção para o programa Educação para Jovens e Adultos (EJA). Diferente do Brasil
alfabetizado, muitos adultos não terminaram seus estudos e estão evadidos da escola. O EJA
promove a finalização dos níveis fundamental até o médio. A BNCC apresentada às equipes
escolares influenciou a revisão dos currículos, os tempos pedagógicos, as práticas pedagógicas
e a reorganização dos espaços nas escolas. Compreender as competências gerais, as
habilidades, os componentes curriculares e a metodologia integrada e focada no aluno contribui
para a construção de um currículo inovador e desafiante.
Estudo de Caso
Disciplina
Os gestores da escola não tiveram tempo suficiente para se apropriar do documento e tiveram
pouca participação nas reuniões entre as escolas na apresentação da BASE. Inicialmente, cabe
aos gestores estudar o documento e planejar a forma de apresentá-lo à equipe escolar. Para
enfrentar o desafio de implementar a BNCC até 2024, é necessário compreender o material de
maneira aprofundada antes de apresentá-lo aos professores, envolver a equipe e apoiá-la no
estudo e reflexões acerca da implementação.
______
Reflita
Reflita sobre este episódio e escreva sua posição como coordenador pedagógico ou diretor
nesta semana pedagógica. Como você apresentaria a BASE à equipe escolar para que haja uma
compreensão, engajamento e construção do planejamento?
este exemplo:
No campo CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS, temos a sigla EI01CG01, que significa:
EI – Educação Infantil.
01 – primeiro grupo (bebês até 18 meses).
CG – o campo de experiências citado (Corpo, Gestos e Movimentos).
01 – o primeiro objetivo de desenvolvimento e aprendizagem: movimentar as partes do
corpo para exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos.
EF – ensino fundamental.
15 – do 1º ao 5º ano.
LP – linguagem e prática.
01 – o primeiro objetivo: identificar a função social de textos que circulam em campos da
vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e
nas mídias impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram produzidos, onde
circulam, quem os produziu e a quem se destinam.
Na leitura dos objetivos e habilidades propostas, para que haja uma equidade nas aprendizagens,
o planejamento implicará na busca e construção de práticas que venham a atingir os objetivos.
Disciplina
Resumo Visual
Disciplina
Referências
Disciplina
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014b.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 2017.
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f. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA, F. JR. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro alcançou
a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
GHIRARDELLI JR, P. História da Educação Brasileira. São Paulo: Cortez, 2016
MARRA, I; GUILHERME, M. A história da educação no Brasil. Jundiaí: Paco Editorial, 2020.
SAVIANI, D. Da LDB (96) ao novo PNE (2014): por uma política educacional (livro eletrônico).
Campinas: Autores Associados, 2019.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Dialética, 2022.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional
sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.
,
Unidade 2
Disciplina
Aula 1
As 10 competências gerais da BNCC
Introdução
Você agora sabe que a Base Nacional Comum Curricular é um documento que apresenta um
conjunto de saberes a que todos os estudantes devem ter acesso, promovendo a igualdade de
aprendizagem na educação brasileira. A estrutura da BASE é organizada dentro de cada etapa da
Educação Infantil, Fundamental e Médio com orientações para a elaboração de um currículo.
Entretanto, sabemos que a BASE não é um currículo.
A BNCC e currículos têm papéis complementares, à medida que as aprendizagens propostas na
BASE acontecem por meio de decisões pedagógicas e metodológicas organizadas de forma
intencional pelos professores. Dessa forma, no currículo deve constar a seleção de metodologia
e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, que devem ser aplicadas dentro do contexto
da escola e relacionadas às áreas de conhecimento. Em complemento, há a tomada de decisões
para escolha de materiais didáticos que possam facilitar a aprendizagem dos conteúdos.
Parece complicado, mas não é. A partir do momento em que temos a clareza dos fins da BASE e
a sua estrutura, iremos planejar as aulas. É claro que termos um modelo pode ajudar, não é?
Disciplina
Currículo em ação
As competências na BNCC
Disciplina
5. Cultura digital: é preciso que os estudantes compreendam esta cultura digital e possam
utilizar e criar caminhos para comunicar, mas também para o uso de pesquisa, para obter
informações, resolver problemas e utilizar como ferramenta de apoio às práticas
escolares.
6. Trabalho e projeto de vida: no Ensino Médio, o projeto de vida faz parte das práticas
pedagógicas, mas só será possível pensar sobre isso com o exercício ao longo dos anos
escolares de situações em que os estudantes possam ter consciência das suas
aprendizagens/conhecimentos e saibam utilizá-las na vivência da cidadania.
7. Argumentação: desde a Educação Infantil, um dos direitos é expressar ideias, fatos,
sentimentos e, ao longo da vida escolar, o estudante deve aprender na convivência a
apresentar suas ideias, respeitando os pontos de vista diferentes dos seus. O uso de fatos
ou informações fidedignas auxilia a argumentação, por exemplo, em um projeto coletivo ou
em grupo.
8. Autoconhecimento e autocuidado: um dos quatro pilares da educação, do Relatório Delors,
é aprender a ser. Esta competência relaciona-se diretamente a saber cuidar de si,
reconhecendo sua identidade, suas capacidades, tendo o autocuidado no aspecto físico e
mental. Ao conhecer suas emoções e sentimentos, o estudante saberá cuidar de si e
conviver com os outros, respeitando a individualidade de cada um.
9. Empatia e cooperação: ser empático é colocar-se no lugar do outros. Assim, os estudantes
devem exercer a empatia conhecendo, respeitando e valorizando a diversidade dos
indivíduos e dos grupos sociais. Mente aberta, sem preconceitos. Aprender a conviver é
uma arte e atuar de forma cooperativa implica o exercício das competências já citadas.
10. Responsabilidade e cidadania: desde sempre, todo indivíduo deve exercer a
responsabilidade por seus atos. É preciso aprender a ter respeito, cooperação, agindo com
autonomia e tomando decisões que não prejudiquem o outro. Ter consciência de sua
cidadania e exercê-la de forma ética.
A BASE estrutura a educação básica em três etapas, e em cada uma apresenta uma orientação
para o planejamento curricular com especificidades. Agora, você é convidado a refletir acerca
delas:
Educação Infantil
A Educação Infantil como primeira etapa da educação básica apresenta como base os seis
direitos de desenvolvimento e aprendizagem: Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e
Conhecer-se. Estes seis direitos devem estar contemplados nas situações organizadas para o
protagonismo da criança. Podem servir também como critério de escolha das situações ao
perguntar: esta atividade promove a participação, o brincar, a exploração?
A Educação Infantil está organizada em três grupos por faixa etária, de forma que o
planejamento deve considerar o desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional de cada
uma: o primeiro grupo é formado por bebês (0-18 meses); o segundo por crianças muito
pequenas (19 meses a 3 anos e 11 meses) e o terceiro, por crianças pequenas (4 anos a 5 anos e
11 meses). A partir dos 6 anos, as crianças já frequentam o Ensino Fundamental. A proposta
estabelece cinco campos de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se
desenvolver.
A BNCC (BRASIL, 2017) cita os cinco campos:
É importante destacar que estes campos acontecem simultaneamente e não devem ser
fragmentados em semanas, meses ou projetos.
Ensino Fundamental
Atende às crianças matriculadas no 1º ao 9º ano. É o período mais longo da educação básica.
Organiza-se em áreas do conhecimento com seus componentes curriculares e competências
específicas. Tanto nos anos iniciais como nos anos finais do Ensino Fundamental, as práticas
pedagógicas são desenvolvidas por meio de unidades temáticas, que definem objetos de
conhecimento e habilidades. Os componentes curriculares de cada área de conhecimento do
Ensino Fundamental são:
Ensino Médio
Antes o Ensino Médio tinha 12 disciplinas, mas a BNCC apresenta uma nova estrutura em que os
alunos participam de componentes obrigatórios e podem escolher componentes eletivos
oferecidos pela escola. A opção de itinerários formativos contempla um aprofundamento em
áreas do conhecimento ou educação profissional, apresentando áreas eletivas na formação e o
componente Projeto de Vida, que é obrigatório desde o primeiro ano do Ensino Médio.
Para a construção de práticas pedagógicas, a escola deve oferecer situações para a vivência de
componentes eletivos e itinerários ou rotas de aprendizagem. Cabe ao docente assumir a
intencionalidade educativa relacionada à organização dos espaços, recursos, situações e
experiências de aprendizagem, bem como à vontade política, e fazer um planejamento. O que é
intencionalidade? A intencionalidade pedagógica acontece quando os professores vão além do
simples planejamento e agem de forma adequada para alcançar objetivos essenciais no
processo de ensino-aprendizagem.
Para a BNCC (BRASIL, 2017), a intencionalidade educativa ou pedagógica aparece em todas as
atividades docentes que envolvem a organização e a promoção de experiências estimulando os
estudantes a conhecer a si e ao outro, além de compreender relações com a natureza, com a
produção científica e com a cultura e os objetos de conhecimento. Definir a intenção é o primeiro
passo na construção de um planejamento, preparando a cenografia, os bastidores para que a
ação aconteça. Se buscamos educação para todos, buscamos uma aprendizagem significativa
para todos, o que demonstra a importância de um projeto de engajamento coletivo da escola na
construção de ações intencionalmente planejadas e organizadas.
As situações planejadas atendem aos interesses e às necessidades dos estudantes? E da
equipe? Há crescimento profissional da equipe? A escola tem se tornado eficaz? Quais aspectos
educacionais podem ser aprimorados? O PPP corresponde às expectativas sociais e reais?
Estas e tantas outras questões podem fazer parte de reuniões constantes da equipe. Trocar
informações com os pares favorece a construção de um plano pedagógico de aula ou de um
Disciplina
projeto de forma mais clara e eficaz. Para cada modalidade, devemos organizar estratégias que
englobem desde a organização dos espaços até os recursos, o tempo pedagógico e os meios de
avaliação.
Um exemplo para os docentes criarem projetos para desenvolver as competências gerais na
escola:
1. Reconhecer a fórmula CHAVE para discutir as ações pedagógicas que possam qualificar
cada competência. Competências-Habilidade-Atitudes-Valores- Empreendedorismo.
2. Debater e planejar situações de ensino e de aprendizagem que irão colaborar para o
exercício pelos estudantes das dez competências da BNCC.
3. Dialogar em grupo acerca das práticas pedagógicas que “possam desenvolver autonomias
dos alunos e sejam responsáveis pelas suas ações individuais e coletivas com
consciências cidadã” (SOUZA, 2020, p. 150).
Neste vídeo, você descobrirá a proposta gradual das habilidades indicadas na BNCC e suas
áreas de conhecimento e campos de experiências. A crescente complexidade sugere a
necessidade do docente de reconhecer a estrutura da educação básica como um todo e as
concepções de currículo, criança e adolescente a fim de organizar práticas pedagógicas que
possam promover o exercício de habilidades. Isto é importante porque uma habilidade prevista
na Língua Portuguesa no 2º ano, por exemplo, irá depender de outras que foram exercitadas na
Educação Infantil e que serão utilizadas nos anos seguintes. Apresentaremos a estrutura da
BNCC para a educação básica, com destaque para as práticas pedagógicas e os componentes
do Ensino Fundamental.
Saiba mais
Disciplina
Você sabia que a BNCC também exige que a instituição escolar habilite os estudantes para
desenvolverem aspectos de liderança, trabalho em equipe, controle emocional, entre outros?
Desse modo, o diretor pode realizar um treinamento com o corpo docente para aplicar aulas
focadas, justamente, nesse ponto. Até porque a implementação de tais habilidades
socioemocionais deve acontecer por meio de etapas, iniciando com a adequação do currículo e a
formação dos professores. Em seguida, será preciso revisar as matrizes de avaliação e, por
último, o material didático.
Saiba mais lendo o artigo 8 coisas que todo educador precisa saber sobre a BNCC.
Referências
Disciplina
Aula 2
Educação Infantil na BNCC
Disciplina
Introdução
Os direitos de aprendizagem, apresentados pela BNCC, estão presentes nos projetos político-
pedagógicos das instituições que ofertam Educação Infantil, porém, para que se efetivem de
fato, esses direitos devem conduzir as ações dos atores educacionais, mobilizando desde a
organização dos espaços, tempos e materiais até a maneira como o professor planeja as
atividades. A etapa de Educação Infantil na BNCC reforça a concepção de criança competente
que constrói seus conhecimentos, é sociável, criativa e entusiasta em explorar o mundo ao seu
redor. Com esta concepção de criança, a escola e o currículo se organizam em práticas
pedagógicas que atendam aos direitos de desenvolvimento e aprendizagem.
Se as crianças são ativas, observadoras, curiosas, impetuosas, questionadoras e com
competências e habilidades distintas, tanto cognitivas como emocionais, devemos então prover
uma adequação da prática pedagógica com novas metodologias e abordagens bem exitosas,
influenciando o cotidiano das instituições de Educação Infantil. A prática pedagógica deve
proporcionar experiências de aprendizagem que atendam aos interesses e necessidades das
crianças, com metodologias impactantes, tornando as experiências inspiradoras em sequências
graduais do Maternal à Pré-escola (0 a 5 anos e 11 meses). Estas práticas devem estar alinhadas
à Base Nacional Comum Curricular.
Desde a Educação Infantil, o foco serão as metodologias ativas que constituam a criação de
situações de aprendizagem para a criança, que exercitem o pensar, a interação, exploração de
valores e habilidades e a convivência com os outros, reconhecendo a si mesmo e aos demais.
Vale destacar que, na Educação Infantil, a presença do lúdico e do brincar é a metodologia ativa
que envolve e engaja todas as crianças.
Os eixos da BASE para a Educação Infantil são: brincadeira e interação. Vamos conhecer os seis
direitos de desenvolvimento e aprendizagem e os campos de experiências que estruturam o
currículo da Educação Infantil descritos na BASE, e que orientam o cotidiano das escolas que
Disciplina
atendem essa faixa etária. A imagem a seguir explicita os seis direitos e a descrição, no âmbito
da BNCC, de cada um.
Estes direitos não são atendidos separadamente, ou seja, não há um momento para participar,
outro para brincar e outros para conviver. O currículo da Educação Infantil baseia-se nos campos
Disciplina
de experiências nos quais estes direitos são garantidos e vivenciados a partir de situações
organizadas pelo docente no espaço e ambiente que recebe os grupos de crianças. Melis (2018)
afirma que o espaço tem dimensões para a vivência das experiências infantis. Ele atua como
marco das condições necessárias para garantir o direito de ser criança. Assim, para planejar
experiências nos espaços é preciso ter uma organização que permita às crianças transformar,
criar e ressignificar sua realidade, estimulando-a à criatividade por meio do brincar, da resolução
de problemas e da cooperação.
O espaço pode ser um ambiente comum e, ao mesmo tempo, reunir dimensões diferenciadas:
uma maior para grupos grandes, outra menor, mas sem oferecer cantos esquecidos ou deixados
de lado para ninguém se sentir perdido. Um espaço onde o mobiliário é adequado às faixas
etárias, é lúdico e de fácil acesso, os recursos estão acessíveis e disponíveis. Já os materiais
comunicam indicações de uso, dando identidade e reconhecimento das áreas organizadas
como: áreas abertas, semiabertas, amplas ou pequenas para a realização de atividades calmas.
Fortunati (2016) afirma que, quando organizamos o espaço, oferecemos às crianças
oportunidades cotidianas de convivência, mas, se as colocarmos sempre nas mesinhas e
mantivermos os mesmos grupos em todas as atividades dirigidas, em que momentos elas
poderão trocar ideias, ouvir e falar sobre sentimentos, inventar e fazer de conta? Todo contexto é
um pano de fundo para que a criança, protagonista, venha a exercitar sua curiosidade, fazer
descobertas e viver relações sociais tanto dentro da sala, como junto à natureza, ou seja, ao ar
livre. Em resumo, na Educação Infantil temos um currículo baseado nos campos de experiências
em que garantimos, por meio das situações intencionalmente organizadas, os direitos das
crianças de se desenvolver e aprender.
Os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da educação básica são as
interações e a brincadeira. Situações organizadas para as crianças se apropriarem de
conhecimentos por meio da ação, das interações que vivenciam com outras crianças e adultos.
Na jornada cotidiana das instituições, as crianças brincam, se desenvolvem e aprendem. “Os
campos de experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as
experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos
conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL, 2017, p. 40).
Os cinco campos de experiências relacionam-se com os objetivos de desenvolvimento e
aprendizagem para todas as etapas: bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas. Estão
organizados de forma a contemplar áreas do conhecimento de forma integrada, ou seja, nos
aspectos físico, emocional, social, cognitivo e relacional. Todavia, o agrupamento da BNCC para
Educação Infantil prevê três grupos etários, como já apresentamos, portanto é preciso considerar
que há diferentes ritmos na aprendizagem destes grupos. Este é um item a ser considerado no
planejamento e na implementação das práticas pedagógicas. Como já indicado nas DCNEI
(BRASIL, 1999), a situações de aprendizagem devem ser ofertadas em pequenos grupos. Dessa
forma, o docente pode observar as crianças e organizar oportunidades para seu
desenvolvimento. Os campos de experiências, no âmbito da BNCC, são descritos a seguir, com
exemplos:
1. O eu, o outro e nós: as crianças aprendem desde cedo a distinguir e expressar seus
sentimentos, sensações, emoções e pensamentos. Este campo valoriza a própria
Disciplina
Prática pedagógica
Disciplina
Planejar para a Educação Infantil é compreender que, para cada um dos cinco campos de
experiências, deve-se respeitar o grupo etário para o qual se destina a prática pedagógica, e
verificar em cada situação organizada quais direitos estão sendo garantidos. A BASE apresenta
uma série de competências específicas para cada campo de experiência, correspondendo a cada
faixa etária, garantindo uma interação que vai da simples à mais complexa.
Veja este exemplo do campo de experiências EU, O OUTRO E NÓS:
1. Bebês (0 a 1 ano e 6 meses) (EI01EO01): perceber que suas ações têm efeitos nas outras
crianças e nos adultos.
2. Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) (EI02EO01): demonstrar
atitudes de cuidado e solidariedade na interação com crianças e adultos.
3. Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) (EI03EO01): demonstrar empatia pelos
outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras
de pensar e agir. Podemos perceber que, ao trabalharmos este campo para diferentes
idades, vamos modificando os objetivos.
Disciplina
Grupo 1: Estica e puxa. Fazer furos em diferentes tampas coloridas e passar um fio,
passando-o também pelos furos de um escorredor de macarrão, amarrando o barbante nas
extremidades com um nó. As crianças irão explorar à sua maneira, ouvindo os sons
produzidos pelas tampinhas e notando sua movimentação. Direitos: brincar, explorar,
participar.
Grupo 2: De quem é esta sombra? Colocar um objeto na frente de uma lanterna, ou uma
figura de outra criança da turma. A criança observa, compara, elabora uma resposta e
aumenta seu vocabulário. Direitos garantidos: brincar, participar, explorar e comunicar.
Grupo 3: Caminho. Moldes de contornos de pés e mãos de diferentes tamanhos e cores
são colados no chão e as crianças devem andar colocando mãos e pés nos respectivos
moldes por todo o caminho construído. Direitos garantidos: explorar, brincar, participar,
conhecer-se (identidade e corpo). Se relacionarmos com as competências gerais, iremos
identificar a autonomia, a responsabilidade e o conhecimento que irão adquirir ao pensar
sobre a sua ação.
Sugestão de planejamento para a Turma 3: crianças pequenas.
Campo de experiência: escuta, fala, pensamento e imaginação. Fonte: elaborada pela autora.
A BASE apresenta quadros contemplando os campos de experiências, e cabe aos docentes criar
oportunidades para que a criança vivencie estas competências e habilidades. Para cada grupo
etário, deve ser feito um planejamento diferenciado considerando o desenvolvimento humano. É
Disciplina
importante pensar na evolução das oportunidades oferecidas para que haja uma presença
gradual de dificuldades e propostas.
Por isso, reforçamos a necessidade de um planejamento coletivo em que todos os docentes
conheçam o que virá depois de cada situação vivida pelas crianças em um momento e que esta
mesma competência terá continuidade e será fortalecida. Uma aprendizagem não acontece
numa única atividade vivenciada. As crianças aprendem brincando, imitando, repetindo,
explorando, registrando e, assim, as propostas devem ser oferecidas em vários momentos e com
recursos diversos, ou com a mesma atividade em um novo contexto. Exemplo: realizar uma
leitura de uma história com apoio de um livro. Contar a mesma história com apoio de fantoches e
dramatizá-la com fantasias.
Nesse vídeo, convidamos você a conhecer a organização dos ambientes para a realização das
práticas pedagógicas que contemplam os campos de experiências e os seis direitos de
aprendizagem. Apresentamos imagens comentadas sobre os materiais, rotina e tempo
pedagógico na Educação Infantil, e discutimos o papel do docente como organizador de
oportunidades.
Uma possibilidade de trabalho na Educação Infantil com crianças bem pequenas é a organização
dos cantos de experiência, também chamados de cantos de aprendizagem ou cantos temáticos.
Os professores da creche e da pré-escola podem utilizar essa ferramenta para viabilizar ações
autônomas individuais e coletivas durante o brincar.
As crianças bem pequenas terão a oportunidade de escolher onde querem brincar e o professor
vai realizando intervenções nas brincadeiras, com questionamentos e propostas para as
crianças.
Alguns questionamentos que podem ser feitos pelo professor: O que você está fazendo? Quem
está brincando com você? Como utilizamos esse objeto? Que tal construir um castelo com essa
massinha?
As crianças atuam com os objetos e os descobrem por meio da exploração. É assim que os
objetos se tornam significativos para elas. Exemplos de cantos que viabilizam múltiplas
experiências: Canto da cozinha, Canto do salão de beleza, Canto das farinhas, Canto do banho de
boneca, Canto da arte, Canto da literatura, Canto das atividades de repouso, Canto de recreio ao
ar livre e Canto do papel.
Disciplina
Saiba mais
Disciplina
Este é mais um exemplo de práticas a serem organizadas para as crianças na Educação Infantil,
no campo de experiências “Espaço, tempo, quantidade, relações e transformações”:
Disciplina
Campo de experiências Espaço, tempo, quantidade, relações e transformações. Fonte: elaborada pela autora.
O que trabalhar de modo a contemplar os campos de experiência. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
ARAUJO, M.; TUBELO, L. Brincando com bebês e crianças pequenas. Rio de Janeiro: Ed. Supimpa,
2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CEB nº 1, de 7 de abril de 1999. Institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 1999. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf. Acesso em: 25 jan. 2023.
FORTUNATI, A. Por um currículo aberto ao possível: o protagonismo das crianças e educação.
Itália: La Bottega di Geppetto, 2016.
GOLDSHMIED, E. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MELIS, V. Espaços em educação infantil. 2ªed. São Paulo: Scortecci, 2018.
MELIS, V. Práticas pedagógicas para crianças de 0 a 3 anos. Descobrindo o mundo da educação
infantil. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2019.
NOVA ESCOLA. Revista Digital. Disponível em: https://novaescola.org.br/ Acesso em: 10 nov.
2022.
Aula 3
Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental na BNCC
Disciplina
Introdução
Ludicidade
Disciplina
O Ensino Fundamental é a etapa mais longa, voltada a alunos de 6 a 14 anos. Portanto, devemos
ter um cuidado especial na elaboração do currículo para os anos iniciais e anos finais do Ensino
Fundamental. Os anos iniciais vão do 1º até o 5º ano e, depois, o que conhecemos como
Fundamental II vai do 6º até o 9º ano. A ludicidade está presente em toda a educação básica, de
forma intensa na Educação Infantil, como metodologia, promovendo uma transição para o
primeiro ano do Ensino Fundamental, o que facilita uma adaptação mais fluida para os
estudantes. Mas do que se trata a ludicidade? A ludicidade exerce um papel fundamental no
processo de desenvolvimento. Brincar desenvolve a inteligência, a expressão de sentimentos, a
percepção e aprendizagem, os relacionamentos interpessoais, a satisfação e a capacidade de
lidar com desafios.
A ludicidade não se restringe a tempo, espaço, lugar ou cultura. Crianças brincam às margens do
rio, ao ar livre, com a natureza, que com seus objetos e símbolos chama à atenção. Exploração,
manipulação e criatividade são ações essenciais para a promoção de um desenvolvimento
saudável. Assim, quando a criatividade é aplicada às escolas, os alunos aprendem, criam,
inovam e transformam. A criança aprende explorando, descobrindo, registrando, criando e
brincando quando interage com objetos e pessoas ao seu redor, promovendo o exercício das
habilidades sociais e relacionais. Para aprender, a criança precisa tocar, sentir, perceber, analisar,
comparar, testar, escolher, criar, errar e acertar. Essas etapas são fundamentais para entender o
sentido, a utilidade e as possibilidades da construção autônoma, frente a um conceito ou uma
habilidade.
Disciplina
Organização da BNCC para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Fonte: elaborada pela autora, de acordo com a BNCC
(BRASIL, 2017).
Aprendizagem lúdica
Disciplina
Aprendizagem lúdica tem como foco o estudante que assume seu papel de protagonista. Ele
vivencia dinâmicas que promovem a interação e o engajamento dos estudantes Já os jogos são
atividades que dão prazer, e a escola apresenta diferentes situações para que os estudantes
tenham prazer intelectual, o prazer em aprender. Jogos físicos que envolvem o corpo, jogos
sensoriais e cognitivos, jogos de imaginação e fantasia, jogos de tabuleiro clássicos e novos, são
alguns exemplos de situações lúdicas que devem estar presentes nas práticas pedagógicas da
Educação Infantil ao Ensino Médio. O que se altera é a complexidade das atividades e das regras
dos jogos.
O uso efetivo do lúdico envolve os docentes e a escola, pois estes devem acreditar na função
educativa dos jogos, do brincar, da vivência lúdica. Não é destacar o brincar, mas utilizar a
ludicidade para apresentar atividades ou situações de aprendizagem utilizando jogos. Há um
quadro bem conhecido de Pieter Bruegell que retrata uma série de jogos no ano de 1560. Ao
observarmos este quadro percebemos que o lúdico permeia a história da humanidade com jogos
medievais, de guerra, de poder, entre outros.
Disciplina
As crianças que iniciam nos anos iniciais do Ensino Fundamental trazem muitas expectativas e
requerem adaptação para se integrar ao novo grupo de estudantes e à nova rotina de estudos.
Assim, os docentes dos anos iniciais devem promover brincadeiras motoras, jogos,
dramatizações, brinquedos cantados, dentro e fora da sala de aula. Quando se inicia o processo
de aquisição da leitura e escrita, cabe aos docentes criar situações lúdicas para o letramento.
Nada de ensinar a decorar o alfabeto, mas utilizar músicas, histórias, bonecos, mascotes.
Aprender a ler é adquirir uma cultura, é aprender a mobilizar a inteligência, estabelecer relações
entre palavras, letras e imagens, formular perguntas, elaborar respostas, levantar hipóteses. Todo
contexto escolar do Ensino Fundamental, em especial nos anos iniciais, configura-se nos
significados das palavras e frases apresentando uma diversidade de textos e, assim, exercitando
nos alunos uma atitude de ler e produzir textos que expressam suas ideias, sentimentos e
interesses. Os livros podem estar à mostra em uma estante, ser apresentados dentro de um
contexto organizado e utilizados como recurso para descobrir novas palavras. O que pode estar
neste ambiente de leitura: escritos sociais como panfletos, propagandas e folhetos, revistas de
carros, lista telefônica, guia turístico, catálogos, atlas, livros sobre insetos, animais, revista em
quadrinhos e livros.
Os livros devem variar entre volumes com e sem imagens, livros com poemas, livros com
histórias clássicas como A Bela Adormecida, Cinderela, Peter Pan, entre outros. Considerando as
orientações das Diretrizes Nacionais Curriculares (1999), o ideal é organizar o ambiente da sala
de aula para que a vivência das situações planejadas aconteça em pequenos grupos; dessa
forma, é possível a interação social. Também é interessante a presença de um canto ou área
Disciplina
onde o material de leitura ficará exposto, permitindo que os alunos possam acessar, buscar o
material que desejar rever ou descobrir, nos momentos de atividades de livre escolha.
Uma sugestão é ter um encontro diário com os livros com uma prática que tenha duração de 10
minutos. Para instalar este hábito, o docente pode criar um ambiente em sua sala ou ir até a sala
de leitura/biblioteca e permitir a exploração de livros, com ação livre. Um dia conta-se uma
história, em outro, apresenta-se um livro diferente como o atlas. O importante é que o docente
esteja atento e interaja com os alunos e alunas, formulando perguntas ou despertando
interesses. Este é o primeiro passo para o início de novas práticas pedagógicas: uma roda de
conversa sobre autores, capas de livros, personagens, situações, os ambientes das histórias,
entre tantas outras demandas que estimularão o engajamento das crianças, memorizando,
recordando e expressando suas opiniões.
O Ensino Fundamental é dividido em duas fases – anos iniciais e anos finais – dando se muita
atenção à progressão, ou seja, à autonomia dos estudantes e crescente complexidade das
habilidades previstas em cada componente curricular. A Base Nacional Comum Curricular
apresenta as seguintes áreas do conhecimento: LINGUAGEM (os componentes são língua
Disciplina
1. Palavra escondida. O docente irá dizer algumas pistas e os alunos e alunas devem
encontrar as respostas nos livros expostos na roda de conversa. Ex: voa e não tem penas;
tem folhas e não se rega; são pretas como a noite sem luar.
2. Frase fantasma. Selecionar livros ou histórias e dar pistas. As crianças devem encontrar a
frase que atende às três condições: tem brilho, está à direita, tem quatro palavras que
começam com BRA.
3. Brincar de garçom. Algumas crianças se agrupam em mesinhas, enquanto outras devem
ouvir os pedidos de comida da mesa e levar para o chef. Uma atividade de memória
fonológica.
Projetos como evolução das moradias, da moda, dos meios de transportes, lendas brasileiras, do
povo indígena, entre outros temas.
MATEMÁTICA:
A proposta da matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve promover a
compreensão dos conceitos e a resolução de problemas, exercitar a comunicação dos conceitos
matemáticos, ter uma relação positiva e interesse em aprender matemática, formular perguntas
e buscar respostas. Jogos e recursos lúdicos auxiliam na ambiência das atividades.
1. Bingo: organizar cartelas numeradas e suas quantidades para o docente sortear números
que estão dentro de uma sacola. Pode ser uma atividade individual ou em pequenos grupos
com uma cartela maior, feita com papel sulfite A4. Pode ser uma atividade semanal e as
crianças ou equipe acumulam pontos. Ao final do mês, por exemplo, podem ganhar livros
ou levar um livro da escola para ler com a família.
2. Boliche. A mesma metodologia acima, mas com garrafas pet pintadas com números para ir
contando pontos e acumulando pontos em equipe.
3. Jogo de tabuleiro: dama ou jogo da velha.
ARTES:
A confecção de trabalhos artísticos como pintura, desenho, modelagem, dança, música e teatro
favorecem as crianças. Experimentar, conhecer e interagir com diversos materiais e
procedimentos e estabelecer uma relação de confiança e respeito com as culturas expressas nas
artes.
Disciplina
1. Artes visuais: desenho, pintura, colagem são produzidos para a livre expressão, mas podem
ocorrer após o contato com livros de arte, gravuras e quadros de artistas. Uma ideia é
realizar uma pesquisa acerca de um pintor brasileiro – Portinari ou Tarsila do Amaral, por
exemplo – para descobrir e relatar os materiais utilizados, as cores e os temas. Observar
obras regionais e dialogar acerca das produções e seus autores. Utiliza-se também esta
metodologia para música e teatro.
2. Estudo e produção da arte africana, da arte indígena, da arte barroca. Uma atividade lúdica
de descoberta, experimentação e criação.
CIÊNCIAS:
Na área de conhecimento das ciências, o espaço pode ser um grande aliado. Trabalhar os seres
vivos implica em realizar pesquisas com todas as classificações, desde insetos e aves até
mamíferos e anfíbios, e até mesmo construir um terrário ou um aquário. Jogos de memória com
animais em uma classificação, exposição de plantas, flores e pedras criam oportunidades para
envolver as famílias e trabalhar o tema da sustentabilidade. Podemos utilizar as artes para
vivenciar os conceitos na área de ciências. Exemplo: músicas de animais, colagens, pinturas dos
planetas. As áreas de arte e ciências podem ser complementadas com visitas, excursões e
passeios. Veja esta prática que atende linguagem, matemática, ciências e arte.
1. Em uma mesa plana, ou uma caixa baixa de madeira, ou uma caixa de camisa, colocamos
pouca areia colorida espalhada. Separe objetos para manipular, explorar e identificar
características. Coloque um pouco de areia em uma caixa, suficiente para cobrir o fundo.
Ofereça um saquinho de objetos, como potinhos descartáveis, peneiras, colher e garfo de
plástico, para as crianças explorarem a quantidade construindo uma sequência, do mais
leve ao mais pesado. Com os dedos ou utilizando os talheres de plástico, podem desenhar
na areia, traçar números e letras ou escrever palavras. É uma atividade lúdica que pode ser
oferecida em duplas. Conversar sobre a propriedade de todos os objetos nesta atividade
proporciona um debate sobre a origem e sua utilização.
Você sabe a diferença entre brincadeira, brincar e brinquedoteca? Muitas escolas oferecem um
espaço chamado “brinquedoteca” e os alunos o utilizam da mesma forma que uma biblioteca.
Uma substitui a outra? Neste vídeo vamos apresentar as diferenças conceituais e de
funcionamento, bem como trazer algumas atividades lúdicas que podem fazer parte do cotidiano
Disciplina
educacional. A escola como comunidade de aprendizagem tem o lúdico presente em tudo, desde
as cores utilizadas nos espaços físicos, a localização de avisos e painéis e, é claro, as salas de
aula, onde o estudante vive, atua, interage e aprende por meio de situações em que sua
participação é privilegiada e sua ação é prazerosa.
Os cursos de formação de professores não enfatizam o brincar como metodologia. Dar luz ao
brincar, na formação de professores, tem sido uma forma de enfrentamento de uma cultura
calcada em alguns pressupostos que precisam ser revistos, dentre eles, o assistencialismo. A
ausência da formação de qualidade para atender as crianças na Educação Infantil e uma cultura
da homogeneidade são fatores que nos levaram e continuam nos levando a repensar a maneira
de olhar a escola, a formação escolar e a infância. Para que o brincar ocupe um lugar
proeminente na formação de professores, é preciso antes compreender o jogo, o brinquedo e a
brincadeira como elementos potenciais da infância (TEIXEIRA, 2020, p. 135).
Saiba mais
Outro ponto de atenção evidente na BNCC é o olhar para o letramento digital, vinculado
diretamente à cultura digital que objetiva o engajamento e o uso mais consciente dos recursos,
aproveitando seu potencial de comunicação e suas relações com o contexto social.
Temos ainda os multiletramentos sendo citados, considerando a diversidade cultural como
elemento indispensável para a construção das aprendizagens e desenvolvimento de
competências e habilidades.
Leia os seguintes artigos:
O lugar do brinquedo e do brincar na educação básica: uma proposta de pé no chão.
A importância do brincar na educação infantil. Trabalho de conclusão de curso (TCC) -
Graduação em Pedagogia.
Pesquise mais sobre esse assunto com as seguintes leituras:
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE, R. Ludicidade,
Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo:
WAK, 2020.
O livro Brincar e educar: conceitos, práticas e inspirações apresenta 108 artigos lúdicos, ou seja,
ideias de jogos e brincadeiras dentro e fora da sala de aula que contribuem para o processo de
criatividade e aprendizagem:
AQUINO, T.; ARAÚJO, C. dos S.; PINES JUNIOR, A. Brincar e educar: conceitos, práticas e
inspirações. Rio de Janeiro: Supimpa, 2021.
Referências
Disciplina
AQUINO, T.; ARAÚJO, C. dos S.; PINES JUNIOR, A. Brincar e educar: conceitos, práticas e
inspirações. Rio de Janeiro: Supimpa, 2021.
GIMENEZ. B.; PERRONE, R. O brincar na visão da Neurociência. In: GIMENEZ, B.; PERRONE, R.
Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida
(V. 1). São Paulo: WAK, 2020. p. 25-33.
GOMES, C. F. O lugar do brinquedo e do brincar na educação básica: uma proposta de pé no
chão. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. 3, p. 1236–1249,
2020. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/12425.
Acesso em: 17 jan. 2023.
MEDEL, C. Ensino Fundamental 1: Práticas pedagógicas. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
MELIS, V. Memórias do brincar: um resgate junto aos professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE,
R. Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de
vida. São Paulo: WAK, 2020.
MENEZES, L. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil, 2018
OLIVEIRA, V. B. O símbolo e o brinquedo: a representação da vida. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
SILVA, J. P. et al. A importância do brincar na educação infantil. Trabalho de conclusão de curso
(TCC) - Graduação em Pedagogia. Alagoas: Universidade Federal de Alagoas, 2020. Disponível
em: https://www.repositorio.ufal.br/handle/riufal/7804. Acesso em: 17 jan. 2023.
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE, R. Ludicidade,
Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo:
WAK, 2020.
Disciplina
Aula 4
Áreas do conhecimento da BNCC para os anos iniciais do Ensino Fundamental
Introdução
Competências específicas
Para facilitar ao docente estas duas articulações, a BNCC sugere as unidades temáticas de
ensino nas quais podem ser colocadas as competências e habilidades para cada etapa da
Educação Fundamental. A área da Linguagem, por exemplo, inclui música, dança e teatro,
possuindo dez competências específicas que sinalizam ao docente como devem ser
organizadas as práticas pedagógicas. De compreender a língua como fenômeno cultural,
histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como
meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem, a
apropriar-se da linguagem escrita para participar da cultura letrada, envolver-se com maior
autonomia e protagonismo na vida social.
Para tanto, a Linguagem promove o seu emprego nas interações sociais, incluindo analisar
informações, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como formas de
acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial
transformador e humanizado na experiência com a literatura, além de mobilizar práticas da
cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais. O direcionamento é para a
utilização de diversos textos, desde a literatura clássica e de ficção até catálogos, em situações
em que o debate e a argumentação sejam estimulados.
O mesmo ocorre com a Matemática, Ciências da Natureza e Humanas (componentes História e
Geografia), Artes, Ensino Religioso e Educação Física. Em cada área é sugerida a organização de
unidades temáticas para um estudo ativo, com objetos do conhecimento e habilidade separados
por ano escolar, do 1º ao 9º ano. Na área Ensino Religioso, a BASE sugere práticas que
contribuam com a construção de atitudes por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e
das filosofias de vida. Trata-se de um espaço de aprendizagens, do conhecimento respeitoso das
tradições culturais, e, para tanto, vale-se de experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos
permanentes para o acolhimento da interculturalidade, direitos humanos e a cultura da paz.
A área de Linguagem está estruturada para ser desenvolvida ao longo dos nove anos. Já a área
da Matemática é dividida em blocos: do 1º ao 5º ano; 6º e 7º; 8º e 9º anos, contribuindo para a
flexibilização horizontal.
Disciplina
Planejamento possível
escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir
conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
(BRASIL, 2017, p. 65)
A partir das competências específicas, temos que verificar as práticas de linguagem sugeridas
na BASE e as habilidades.
Qual é a ação docente neste exemplo? Organizar as oportunidades para que as habilidades
sejam desenvolvidas. Para isso, deve selecionar com antecedência o material que será
apresentado em sala de aula e organizar o tempo pedagógico para desenvolver as habilidades
necessárias procurando a interdisciplinaridade. Ou seja, usar conteúdos já explorados em outras
áreas do conhecimento. O que nos leva à integração de áreas, transdisciplinaridade.
Para o 6º ano, será mais interessante ter uma atividade utilizando ou criando pesquisas e, em
seguida realizar a escrita de um relatório. Experimentar a realização de um podcast com um
tema da atualidade, que pode ser uma campanha de vacinação, ou uma gincana. Isto porque o 6º
ano é um espaço novo de aprendizagem, considerando a presença múltipla de especialistas das
áreas. A cada ano, apresentamos situações e materiais mais complexos e científicos e uso de
espaços que a escola pode oferecer.
Vamos a outro exemplo, na área da Matemática.
Plano de aula para 5º ano do ensino Fundamental:
Práticas pedagógicas
Disciplina
anos do Ensino Fundamental, sendo uma habilidade para cada ano, e assim em uma sequência
progressiva crescente.
Vamos a um exemplo de unidade temática na área de Ciências:
UNIDADE TEMÁTICA: Vida e Evolução nos anos iniciais:
1º ano: localizar, nomear e representar graficamente por meio de desenhos o corpo humano e
suas funções.
2º ano: investigar a importância da água e da luz para as plantas e geral.
3º ano: descrever e comunicar as alterações no homem e animais desde o nascimento,
diferenciar 3º ano a vida nos meios terrestres e aquáticos.
4º ano: a produção de alimentos, medicamentos, entre outros, e a participação do meio.
5º ano: o sistema circulatório do homem, os nutrientes, e aparelho digestivo.
Com esta leitura podemos perceber a progressão e a interação possível com outras áreas. Para
descrever algo, usaremos a linguagem, que já estará oferecendo práticas de letramento e
leituras; com as artes, promovendo situações de desenho, recorte e colagem; e, assim, vamos
interacionando as áreas e atendendo às competências gerais e específicas. Dessa forma,
podemos destacar a presença de competências específicas e habilidades separadas por
componentes em cada área do conhecimento (MENEZES, 2019).
Vejamos este outro exemplo de como uma unidade temática pode envolver as áreas e
conhecimento. Cria-se uma situação como a roda de conversa para discutir três Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Os estudantes trabalham em grupos ou
duplas os três ODS sugeridos e, após o acesso às ilustrações da ODS, devem criar uma
apresentação criativa para todos da sala.
Quais as competências gerais atendidas? Quais as áreas de conhecimento integradas? Já
pensou nisso? Vamos então às respostas.
As ODS se relacionam com todas as áreas do conhecimento como linguagem, oralidade, escrita
com os desenhos, a matemática se usarmos os gráficos para comparar, as ciências que estão
diretamente ligadas às demandas do mundo atual. Competências gerais? Conhecimento,
comunicação, empatia e cooperação no trabalho em grupos ou duplas, responsabilidade e
cidadania.
Você quer saber mais acerca das ODS? Neste vídeo demonstramos a relação das ODS com as
áreas de conhecimento e os componentes curriculares na criação de práticas pedagógicas que
estimulem os alunos a inserir os temas atuais e mundiais nas atividades que envolvam
pesquisas narrativas, intervenções e informações para a sociedade civil.
Um exemplo: Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos. Você reconhece a
interligação da BNCC, das legislações e ODS? Vamos aprender juntos!
Saiba mais
Agora, como forma de pensarmos na aplicabilidade e, mais uma vez, na relação destas
informações com a prática docente, vamos analisar duas situações hipotéticas que usaram
como ponto de partida a seguinte habilidade:
O professor da turma A, para contemplar o que estava descrito na BNCC, optou por organizar a
turma em grupos, realizou a leitura de uma reportagem que falava sobre as queimadas e, na
sequência, organizou uma roda de conversa com a turma para que discutissem os impactos das
queimadas e os prejuízos para o ambiente, considerando não apenas o solo, mas também a
poluição atmosférica. Em seu planejamento descreveu como objetivos:
Para o alcance destes objetivos, organizou uma tempestade de ideias com a turma e construiu
uma lista coletiva com a percepção dos estudantes sobre a importância do solo para os seres
vivos. Em seguida, apresentou um estudo de caso sobre como o mau uso do solo levou à
extinção de alguns seres vivos. Em grupos, a turma realizou uma pesquisa, buscando identificar
a interferência humana no solo, e sistematizou as discussões, relacionando as descobertas com
a lista construída coletivamente no início da sequência didática.
Qual das duas propostas se relaciona, de forma mais significativa, com o desenvolvimento
proposto na habilidade?
Não se trata de dizer que uma proposta é melhor ou pior. O que pretendemos é analisar a relação
das práticas pedagógicas, de forma intencional, com o que está apresentado na BNCC.
Desta forma, a proposta desenvolvida na turma B possui uma progressão cognitiva que aproxima
o estudante do que temos explicitado na habilidade. Desde o planejamento dos objetivos até a
sequência de atividades, a relação com o objeto de conhecimento fica estabelecida, por isso a
intencionalidade no uso de todos os conceitos apresentados é essencial.
Disciplina
Referências
Disciplina
AGENDA 2030 / 17 ODS. FURG - Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, [s. d.].
Disponível em: https://ppgcs.furg.br/agenda-2030. Acesso em: 17 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
DELORS, J. Relatorio para a UNESCO da Comissão internacional sobre educação para o século
XXI. 10ª Ed. São Paulo: Cortez/ MEC/ UNESCO, 2006.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
GTSC. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a
Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável (GTSC), [s. d.]. Disponível em:
https://gtagenda2030.org.br/ods/. Acesso em: 26 jan. 2023.
MENEZES, L. C. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil, 2018.
MENEZES, L. C. As ciências da natureza para o ensino Fundamental na Base Nacional Comum
Curricular. In: O futuro alcançou a escola? São Paulo: Ed. do Brasil, 2019. p. 18.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Homepage. Nações Unidas Brasil, c2023. Disponível em:
https://brasil.un.org/pt-br. Acesso em: 26 jan. 2023.
SOUZA, P. H. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
Aula 5
Revisão da unidade
Disciplina
Parabéns, nesta unidade você pode conhecer os marcos diferenciados da Base Nacional Comum
Curricular, as dez competências gerais que são definidas no âmbito da BASE como uma
mobilização de conhecimento e habilidades que, em ação, contribuem para a transformação da
sociedade para que seja mais justa. As competências gerais descritas na BASE estão
organizadas em três blocos: cognitivas, comunicativas e socioemocionais. Elas estão alinhadas
à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A partir das competências gerais, a
BASE organiza as etapas da educação básica: a Educação Infantil e o Ensino Fundamental,
respeitando o desenvolvimento das crianças e promovendo as aprendizagens essenciais para
cada etapa.
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla três grandes grupos.
Para cada grupo, há uma graduação de habilidades a serem exercidas nas situações organizadas
pelo docente, que deve ficar atento a um cuidado pedagógico para a passagem ou transição do
Infantil para o Fundamental, que acontece no 1º ano, quando as crianças têm seis anos, sem
ruptura, preservando o lúdico, que continuará no processo de aprendizagem como uma
metodologia.
A organização dos campos de experiências e os direitos de desenvolvimento e aprendizagem na
Educação Infantil apresentam uma continuidade de habilidades a serem exercitadas. A escola de
Educação Infantil é compreendida como um espaço vivo, onde a criança aprende brincando e, ao
Disciplina
ter contato com situações previamente organizadas, ela explora, participa, conversa, conhece-se
e interage com os outros ao seu redor. Os eixos desta etapa, como consta na BASE, são
brincadeiras e interação, marcando a identidade deste período da educação básica. Planejar para
a Educação Infantil é compreender que, para cada um dos cinco campos de experiências, deve-
se respeitar o grupo etário para o qual se destina a prática pedagógica e verificar em cada
situação organizada quais direitos estão sendo garantidos.
Não esquecendo os grupos etários que, pela primeira vez, destaca: bebês, crianças muito
pequenas e crianças pequenas, indicando a revisão de práticas, materiais e até mesmo espaços
das escolas.
Já o Ensino Fundamental organiza-se em áreas do conhecimento. Cada área apresenta
componentes curriculares com competências específicas que guiam as oportunidades de
aprendizagem em uma sequência vertical e horizontal. A criança inicia o Ensino Fundamental de
nove anos aos 6 anos de idade e, para que não haja uma ruptura entre as práticas vivenciadas na
Educação Infantil e a nova forma de realizar as atividades inerentes aos anos iniciais, a BASE
destaca a presença da ludicidade.
A escola, por meio dos docentes, pode criar uma ruptura para a criança ou organizar um
planejamento para que os componentes sejam apresentados e vivenciados respeitando as dez
competências gerais da BASE. Nesta perspectiva, a BASE, sendo um documento normativo,
propõe que todos os alunos e todas as alunas, crianças e pré-adolescentes tenham as mesmas
oportunidades de aprendizagem, o que identifica como aprendizagens essenciais, destacando a
presença do lúdico em todas as etapas.
Estudo de Caso
A Professora Bia, carinhosamente chamada de Tia Bia pelas crianças, é responsável pela turma
de 6 anos que inicia o Ensino Fundamental. Estudou a BASE e, atenta às orientações, iniciou seu
planejamento mensal para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo
integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, como estabelece o
documento. Além do acolhimento e adaptação, ela sabe que o foco deve ser o que a criança
sabe e é capaz de fazer, e não o que falta a ela. A escola onde Bia atua como docente inclui a
turma do 1° ano no mesmo espaço institucional da Educação Infantil, o que colabora com a
transição e as adaptações a serem vivenciadas pelas crianças. Em seu planejamento, ela
considerou uma síntese das aprendizagens, tendo como referência os campos de
aprendizagens, considerando que as crianças já são capazes de coordenar suas habilidades
manuais.
Tia Bia já planejou jogos com os nomes próprios da turma para leitura e identificação das letras
iniciais de cada nome. Como já se expressam por meio das artes visuais, utilizando diferentes
materiais, a aquisição da língua escrita fará uso de lixas, pincéis e tintas para atividades com
letras e números. Na Educação Infantil, as crianças vivenciaram inúmeras situações de convívio
social, manifestando respeito pelo outro e respeito às regras; assim, trabalhar em pequenos
grupos para realizar atividades é o ponto de partida. Uma aprendizagem referente à linguagem
foi vivenciar situações nas quais as crianças puderam conhecer diferentes gêneros e portadores
textuais, demonstrando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como
fonte de prazer e informação. Dessa forma, Tia Bia seleciona livros de histórias, almanaques,
atlas e propagandas e inicia a alfabetização da língua escrita e sua função social.
Disciplina
Uma outra aprendizagem registrada na Educação Infantil foi identificar, nomear adequadamente
e comparar as propriedades dos objetos, estabelecendo relações entre eles, o que facilita o
processo de letramento. Jogos, brincadeiras e momentos de interação com as letras e números
já estão presentes no planejamento mensal. Bia sabe que valorizar as situações lúdicas de
aprendizagem vivenciadas na Educação Infantil favorece a progressiva sistematização e a
gradual complexidade das situações a serem apresentadas, mas sabe também da necessidade
de oferecer oportunidades como uma roda de conversa para escutar os interesses das crianças
e, a partir desta escuta, ampliar os conteúdos.
Sabendo que a adaptação socioemocional é importante, momentos de conversa e de escuta se
fazem essenciais para este início de aprendizagens, agora relacionadas às áreas de
conhecimento e suas competências específicas. O espaço da sala também foi reorganizado,
com mesas agrupadas, um canto com livros, canto com jogos e brinquedos conhecidos, e
algumas almofadas para uma leitura individual ou em dupla, em um momento de descanso. O
primeiro mês está organizado.
______
Reflita
Quais áreas de conhecimento a professora já introduziu neste primeiro mês com as crianças de
6 anos, que iniciam o Ensino Fundamental?
Você consegue identificar as competências gerais que estão sendo atendidas?
atividades, na divisão dos grupos para desenhos, pinturas, como também na escolha de cores e
tamanhos de pincéis. Ao propor uma escrita sobre areia, a área das Ciências da Natureza se
apresenta nas conversas sobre meio ambiente.
Quanto às competências gerais, o conhecimento a ser sistematizado e a comunicação criança-
criança, criança-adulto, ressaltam sua importância nesta fase de transição, além de empatia e
cooperação nos momentos de escuta das atividades a serem realizadas. Práticas com as letras,
números e nomes colaboram com o desenvolvimento da cidadania e a responsabilidade em
identificar frases, palavras, nomes e logos presentes no dia a dia em nossas vidas. O
autocuidado, já exercitado e desenvolvido nos anos vividos na Educação Infantil, bem como a
idade de 6 anos que já prevê um autocuidado adquirido, avança no sentido de que a criança vai
aos poucos identificando e monitorando suas descobertas, avanços e conquistas, bem como
suas dificuldades.
Nos anos iniciais, é muito comum o aparecimento de diferenças e, assim, surge também a
necessidade da criança de que haja um clima pacífico e de respeito. Esse é o momento perfeito
para lidar com as emoções individuais e dos outros e desenvolver relacionamentos saudáveis.
Assim, Tia Bia deve zelar pelo ambiente.
Resumo Visual
Disciplina
BNCC: Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Fonte: elaborada pela autora.
Referências
Disciplina
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
MELIS, V. Práticas pedagógicas para a educação de 0 a 3 anos. Rio de Janeiro: Ed. WAK, 2018.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Dialética, 2022.
SOUZA, P. H. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: GIMENES, B. P.; PERRONE, R. Ludicidade,
Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo:
WAK, 2020.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório Delors para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.
,
Unidade 3
BNCC e o anos finais do Ensino Fundamental
Aula 1
A estrutura da BNCC para os anos finais do Ensino Fundamental
Introdução
Disciplina
Para a BNCC (2017), nos anos fnais do Ensino Fundamental os estudantes estão vivendo a plena
adolescência e iniciando uma etapa de vida que os faz viver como jovens. Considerando os
desenvolvimentos cognitivos e físicos, esse estudante continua participando ativamente no seu
processo de aprendizagem, porém com mais criticidade, e interage com facilidade com um
número maior de pessoas, no contexto escolar e nas relações sociais. Este é um momento de
maior autonomia e ele atua de forma mais assertiva nas práticas pedagógicas, pois a cada
momento vivido conhece mais a si mesmo e já delineia escolhas. Os anos finais do Ensino
Fundamental correspondem às séries do 6º ao 9º ano e são o momento de preparação para o
Ensino Médio. Para essa fase, a BNCC mantém a organização curricular em grandes áreas do
conhecimento e seus respectivos componentes curriculares, apresenta as competências
específicas e a sistematização das habilidades necessárias, vivenciadas ao longo dos nove
anos. As áreas do conhecimento desse período escolar são: Linguagens, Matemática, Ciências
da Natureza e Ciências Humanas.
O Ensino Fundamental II, ou anos finais (6ª ao 9º ano), além de atender às competências e
habilidades específicas das áreas, tem como objetivo contribuir com o delineamento do projeto
de vida do estudante, estabelecendo uma relação não somente com os anseios desses jovens
em relação ao futuro, mas também com as ações para construir esse futuro, e com a
continuidade dos estudos no Ensino Médio. Os estudantes, nesta etapa, interagem e vivenciam
diferentes formas de pensar e aprender. Eles atuam sobre a realidade, intervindo sobre o
ambiente de forma física e mental, e têm a oportunidade de exercitar valores como ética,
Disciplina
cidadania, pluralidade cultural, cuidados com o meio ambiente e relações culturais, qualidades
essas valorizadas e exigidas pelo mundo atual, como consta nas dez competências gerais da
BASE. As áreas de conhecimento apresentam os componentes para os anos iniciais e finais a
fim de promover a continuidade, aprofundamento e sistematização. Para cada componente
dentro de cada área de conhecimento, encontramos habilidades a serem exercidas, respeitando
a integração dos conteúdos.
Destacam-se as unidades temáticas que, em alguns componentes, repetem-se aprofundando os
conhecimentos e as habilidades. No componente Língua Portuguesa, temos o agrupamento das
habilidades do 6º e 7º e, depois, do 8º ao 9º ano. Na Língua Inglesa, a BASE apresenta
habilidades para cada ano: 6º, 7º, 8º e 9º. Para Artes, as habilidades se agrupam do 1° ao 5º e do
6º ao 9 º ano. Já na área de Educação Física, agrupam-se em 6º e 7º, 8º e 9º ano, com práticas
bem diferenciadas dos anos iniciais. Em que isto impacta a prática pedagógica? O diferencial
dessa fase está na sistematização dos conteúdos e na proposição de experiências mais
diversificadas em relação às áreas de conhecimento desenvolvidas pelas unidades temáticas.
Reconhecer as unidades temáticas dos componentes e as habilidades propostas permite
planejar práticas didático-pedagógicas que considerem os conhecimentos anteriores,
organizando situações onde possam utilizá-los e apresentar novos desafios.
O plano de uma unidade pode ser bimestral, mas as avaliações devem valorizar a unidade,
permitindo a visão geral e não fragmentos estudados. As unidades temáticas apresentam novos
conteúdos de forma a aprofundar o estudo, entretanto, não são todos os componentes que
apresentam essas unidades, o que compreenderemos melhor a seguir.
Estrutura do Ensino Fundamental com base na BNCC. Fonte: adaptada de Brasil (2017, p. 28).
Os docentes nos anos finais do Ensino Fundamental são especialistas nas áreas de
conhecimento e dominam os conteúdos da sua área, mas precisam reorganizar os
planejamentos para promover a aprendizagem, as habilidades e competências previstas na
BASE. Essa tabela apresenta a estrutura do Ensino Fundamental, anos finais.
A seguir apresentamos quatro planos de aula com ênfase em práticas pedagógicas em uma área
de conhecimento: Ensino Religioso para os anos finais. Cabe a você ler e, depois, identificar as
competências gerais contempladas.
Disciplina
Relação dos objetivos de aprendizagem, objeto de conhecimento e desenvolvimento de habilidades. Fonte: adaptada de
BNCC (BRASIL, 2017).
Disciplina
No nosso vídeo resumo você verá com mais detalhes onde encontramos cada um dos conceitos
apresentados, explorando de forma mais aprofundada a própria BNCC. Vamos destacar a
educação de jovens e adultos. Venha conosco conhecer ainda mais o universo da BNCC!
Saiba mais
Disciplina
Conheça o EJA
A Educação de Jovens e Adultos, uma modalidade prevista nas legislações brasileiras destinada
a jovens e pessoas na idade adulta, a fim de dar o direito a completar seus estudos referentes à
educação básica. Esta modalidade é oferecida pelas escolas públicas, centros comunitários e
organizações não-governamentais, procurando diminuir a taxa de analfabetismo e dando
oportunidades para aquele cidadão que não frequentou o Ensino Fundamental na época regular,
correspondente à faixa etária. Podem frequentar o EJA Fundamental, anos iniciais e finais, os
jovens com mais de 15 anos; e o Ensino Médio aqueles com mais de 18. A metodologia utilizada
nos cursos de EJA segue os princípios do educador Paulo Freire, que reconhece que o jovem e o
adulto têm interesses e necessidades diversas e, assim, as práticas educativas, desde
alfabetização até conceitos complexos, devem ser relacionadas à realidade do aluno. Isto porque
muitos dos jovens e adultos que frequentam os cursos de EJA já trabalham, possuem
experiências, vivências profissionais e históricos de aprendizagens.
Andragogia
Andragogia é a ciência que estuda como os adultos aprendem. A partir desta definição, práticas
pedagógicas devem oferecer oportunidades relacionadas à vida real dos jovens e adultos.
Complemente seus conhecimentos com as seguintes leituras:
BELLAN, Z. Andragogia em ação. São Paulo: Ed. Z3, 2005.
LEITE, S. Afetividade e letramento na educação de jovens e adultos EJA. São Paulo: Cortez,
2013.
Leia também o artigo Passageiros da noite: do trabalho para a EJA. Itinerários pelo direito a uma
vida justa.
Disciplina
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
CERICATO, I. L.; CERICATO, L. Competências socioemocionais de bolso. São Paulo: Editora do
Brasil, 2019.
DELORS, J. Relatório para a UNESCO da Comissão internacional sobre educação para o século
XXI. 10ª Ed. São Paulo: Cortez/MEC/UNESCO, 2006.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
FONTE. P. Competências socioemocionais na escola. Ed. WAK, RJ, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021.
MENEZES, L. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil, 2018.
MENEZES, L. As ciências da natureza para o ensino Fundamental na Base Nacional Comum
Curricular. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro alcançou a escola? São Paulo: Ed. Do Brasil, 2019. p.
18.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Rio Grande do Sul, ArtMed, 2007.
Aula 2
Disciplina
As competências específicas de cada área do conhecimento presentes na BNCC para anos finais
do Ensino Fundamental
Introdução
Nesta aula, você irá desvendar a organização das áreas de conhecimento e as competências
específicas descritas nos componentes. Embora já tenhamos estudado esta estrutura do Ensino
Médio anteriormente, agora iremos analisar e comparar quadros com as especificidades dos
anos finais, com as unidades temáticas e as práticas previstas para o desenvolvimento das
habilidades nelas propostas.
A partir de exemplos de quadros presentes na BASE, iremos observar a construção de planos de
aula com o foco nas práticas de aprendizagem. Para esta aula, convidamos você a interagir e
pensar sobre os desafios que apresentamos. Com os saberes acerca da organização curricular
sugerida pela BASE, podemos criar um plano de ensino e aprendizagem que venha promover as
aprendizagens essenciais para todos os estudantes. Da Linguagem às Ciências, vamos planejar
nossos fazeres. Bom estudo!
Competências específicas
Disciplina
A Base Nacional Comum Curricular apresenta uma visão de um sujeito ativo, curioso,
competente, social e participativo que requer a vivência de práticas que oportunizem esta ação.
Dessa forma, não é possível planejar aulas expositivas que não considerem o processo de
aprendizagem de cada etapa da vida de um indivíduo. Cabe ao professor e professora selecionar
e propor situações, metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, garantindo
nestas práticas ritmos diferenciados e a conteúdos complementares. As estratégias didático-
pedagógicas auxiliam o engajamento e a motivação dos estudantes.
Cada área de conhecimento apresenta componentes curriculares que incluem competências
específicas que serão desenvolvidas ao longo dos anos de maneira gradual, sempre
relacionando com as dez competências gerais. São as competências específicas que garantem a
articulação horizontal e vertical dos componentes curriculares. A BASE assim define:
Cada área de conhecimento apresenta competências específicas da área que estão presentes ao
longo dos nove anos. A área da Linguagem, por exemplo, apresenta o componente Língua
Portuguesa, que no eixo Leitura aprimora práticas já adquiridas nos anos iniciais, inserindo
Disciplina
atividades que vão além da leitura literária. A articulação vertical acontece com a interação com
outras áreas e componentes, a fim de fortalecer as competências específicas e habilidades.
Como as competências específicas auxiliam na organização das práticas pedagógicas?
Os componentes curriculares das áreas de Linguagem, Matemática, Ciências Humanas e da
Natureza e Ensino Religioso apresentam competências específicas a serem consideradas no
planejamento das práticas pedagógicas. São elas que podem guiar as escolhas didático-
pedagógicas, ou seja, como iremos apresentar o componente, quais os recursos, as propostas
das atividades. As práticas de ensino envolvem o conteúdo dos componentes, as habilidades a
serem desenvolvidas, as expectativas do docente, o espaço e recursos disponíveis na instituição.
Ao planejar uma prática pedagógica, o foco sempre será a aprendizagem do estudante por meio
de situações que desenvolvam as habilidades necessárias para a continuidade da construção de
saberes e a vivência no contexto social. São as práticas elaboradas à luz das competências
específicas, das habilidades anunciadas e das competências gerais que irão garantir as
aprendizagens essenciais previstas na BNCC como compromisso nacional. As práticas incluem
jogos, explorações, registros, contato com várias linguagens, dinâmicas, estratégias para
apresentar e sistematizar conteúdos, escuta e muita conversa a fim de atender também às
necessidades e interesses dos estudantes. O desafio docente é graduar práticas nos anos finais
e ao longo do Fundamental para que todos tenham a oportunidade de desenvolver as habilidades
por meio de diferentes atividades.
Como preencher: Como prática temos a produção de texto. O objeto de conhecimento é analisar
diferentes textos. As habilidades que queremos desenvolver e exercitar são as de revisar e editar
Disciplina
As unidades temáticas
Vamos avançar com um exemplo de prática na área de Ciências da Natureza, que deve ser
trabalhada desde o primeiro ano do Ensino Fundamental. A partir deste exemplo, podemos
verificar as competências específicas e as habilidades que seguem uma gradação horizontal até
o 9º ano. As competências específicas da área de conhecimento de Ciências da Natureza têm
como compromisso o letramento científico. Os estudantes devem ser progressivamente
estimulados e apoiados na realização de atividades que objetivem a investigação e, para tanto,
situações de aprendizagem devem sempre partir de questões desafiadoras, instigantes, que
estimulem a curiosidade.
A criança é curiosa desde cedo e sempre quer explorar tudo. Esta atitude deve ser estimulada
durante todo o Ensino Fundamental com graus diferentes de complexidade. As oito
competências específicas incluem: observar o mundo à sua volta, fazer perguntas, argumentar,
planejar e realizar atividade de campo, utilizar mapas, gráficos, tabelas e evidências para planejar
intervenções socioambientais. Nesta área, a BNCC apresenta três unidades temáticas que se
repetem ao longo do Ensino Fundamental, que são: Matéria e Energia; Vida e Evolução; e Terra e
Universo. Nesta aula, estudaremos a unidade Vida e Evolução em diferentes anos iniciais e finais,
a fim de verificarmos as habilidades crescentes e a complexidade do tema.
Vamos analisar o quadro da área de Ciências da Natureza, destinado ao 1º ano:
Disciplina
Organização do planejamento
Nos anos finais, na área das Ciências da Natureza, vamos encontrar a unidade temática Vida e
Evolução. Analisamos e verificamos as práticas possíveis destinadas ao primeiro ano. A mesma
unidade estudada pelos alunos do 8º ano apresenta uma complexidade maior no que se refere
aos objetos de conhecimento, bem como às habilidades. Este quadro se encontra na BASE (p.
Disciplina
Nosso exercício agora é planejar práticas de ensino para promover a aprendizagem por meio das
habilidades descritas neste quadro. Vamos trabalhar na unidade temática Vida e Evolução, a
mesma que foi desenvolvida no 1º ano, e assim poderemos comparar:
EF08CI07: Comparar diferentes processos reprodutivos em plantas e animais em relação aos
mecanismos adaptativos e evolutivos.
Ao longo dos anos finais, já foi identificado o processo de evolução das plantas com
experimentos e observação. Relatórios já foram construídos e conhecer e respeitar a natureza,
plantas e flores já faz parte de uma atitude de sustentabilidade e de preservação da vida no
planeta. Retomar um álbum acerca de animais e formas de reprodução de mamíferos, aquáticos,
insetos, e suas crias. Vídeos podem ser compartilhados mostrando elefantes, girafas que
nascem em pé e como suas mães apoiam a autonomia desde cedo. Esta retomada pode servir
de apoio para o estudo dos órgãos reprodutivos femininos e masculinos. O processo de
maturação diferente nos gêneros, os cuidados de higiene, o autoconhecimento para identificar
possíveis deformidades ou evidências de mal funcionamento, entre outros aspectos a serem
tratados. Meninos e meninas devem conhecer os sistemas reprodutivos, e entender a
responsabilidade atribuída a cada um é o ponto de partida para uma conversa aberta sobre a
sexualidade. Se no primeiro ano as crianças identificaram o corpo humano com livros e jogos, os
estudantes do 8º ano, que devem estar em uma faixa etária entre 12 e 13 anos, precisam de
outras práticas e recursos pedagógicos. Podem-se organizar entrevistas com médicos, o que
requer uma preparação de perguntas, um plano de registro, planejamento de situações-problema
para debater com o médico convidado, e até mesmo uma busca nos meios digitais. É claro que
dúvidas ainda podem surgir, fake news, mitos e lendas urbanas podem ser compartilhados.
Surge então o momento de organizar um painel esclarecedor e criar um manual de autocuidado
para que todos os estudantes possam ter e levar para casa. Um material que contenha as
informações corretas e alguns comentários individuais que cada um pode escrever em seu
álbum. Sabe-se que há um número expressivo de adolescentes grávidas no país que, ao serem
entrevistadas, desconheciam acerca do seu corpo e do processo de reprodução. Esta gravidez
prematura afasta meninas da escola e reduz as oportunidades de crescimento profissional e
pessoal.
EF08CI08: Analisar e explicar as transformações que ocorrem na puberdade considerando a
atuação dos hormônios sexuais e do sistema nervoso.
EF08CI09: Comparar o modo de ação e a eficácia dos diversos métodos contraceptivos e
justificar a necessidade de compartilhar a responsabilidade na escolha e na utilização do método
mais adequado à prevenção da gravidez precoce e indesejada e de Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST).
Uma unidade temática repleta de saberes importantes e que promovem um autoconhecimento.
Ela deve ser planejada com atenção e com uso de recursos pedagógicos. Conhecer acerca do
desenvolvimento social, físico e emocional da adolescência auxilia cada um a entender o que
cada estudante anda passando isoladamente. Seus pensamentos e sentimentos, por vezes
confusos, podem ser aliviados nesta unidade. Com uso da Biologia, os alunos ganham
conhecimento sobre hormônios, nomes e resultados deste processo, que é inerente a esta etapa
da vida. Jogos de tabuleiro são interessantes para trabalhar os diversos tipos de contraceptivos.
Organizar um jogo de caminhos, perguntas e respostas, onde os participantes utilizam um dado
Disciplina
para caminhar nas casas desenhadas com auxílio de pinos coloridos que identificam os
jogadores.
Uma outra dinâmica é organizar um jogo de adivinhação, com cartas que dão dicas sobre os
diversos contraceptivos e sobre prevenção às doenças sexualmente transmissíveis. É importante
destacar que as aulas devem promover uma interação e não utilizar de uma exposição oral pelo
docente. Após os temas serem explorados, organiza-se um exercício em pequenos grupos para
que cada um possa analisar e solucionar um problema apresentado pelo docente. Pode ser um
único problema para todos os grupos, como também diferentes situações. A abertura de uma
assembleia para apresentação das análises e soluções favorece o clima de cooperação, vínculo
e troca de saberes. Nestes momentos de diálogo entre os estudantes e docentes, é necessário
destacar a relação entre sexualidade, prevenção de doenças, gravidez e processo de
amadurecimento físico e emocional dos estudantes nesta etapa da vida. Nas unidades de Saúde,
podem ser retirados catálogos, orientações acerca do tema estudado e outros materiais que
auxiliam os docentes e estudantes.
Fica bem mais fácil agora estabelecermos a relação existente entre esta unidade temática com
as dez competências gerais.
Neste vídeo faremos uma apresentação das unidades temáticas e sugestões de práticas
pedagógicas. À luz das competências específicas, podemos estabelecer uma integração vertical
e horizontal com o objetivo de aprofundar o conhecimento e o exercício das habilidades. Em um
jogo de perguntas e respostas iremos apresentar competências específicas.
Ex.: Competência específica 1 – Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e
produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades
tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para
reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos,
e dialogar com as diversidades. Pertence ao componente: a) língua portuguesa; b) ensino
religioso; c) arte. No vídeo, apresentamos quatro competências específicas comentadas.
Venha aprender ainda mais!
Saiba mais
Disciplina
Referências
Disciplina
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
FONSECA JUNIOR, F. M. Perspectiva da inovação pedagógica. In: SARMENTO, M. et al. O Futuro
alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
MEDEL, C. Ensino Fundamental 1: práticas pedagógicas. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
MELIS, V. Memórias do brincar: um resgate junto aos professores. In: GIMENES, B. P. PERRONE,
R. Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão contemporânea do brincar a partir de histórias de
vida. São Paulo: WAK, 2020.
MENEZES, L. BNCC de Bolso. São Paulo: Editora do Brasil. 2018.
SILVA, V. Educação integral e escola de tempo integral. São Paulo: Dialética, 2022.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Ed. Conhecimento, 2020.
VASCONCELOS, C. Sexualidade: um guia de viagem para adolescentes. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2002.
Aula 3
E agora, como planejar?
Disciplina
Introdução
Olá! Você estudou a Base Nacional Comum Curricular, onde estão presentes as competências,
habilidades a serem desenvolvidas com o objetivo de alcançar uma educação de qualidade com
aprendizagens essenciais para todo estudante. Destacamos a importância de um planejamento
de práticas pedagógicas neste processo. Entretanto, é preciso compreender também o processo
de aprendizagem para realizar boas escolhas didático-pedagógicas e conseguir alcançar as
metas previstas.
A BASE fornece os elementos necessários para a construção de um currículo, e o contexto
educacional deve ser organizado para que os espaços possam atuar como coadjuvantes na
implementação do currículo com recursos e formação dos docentes. Mas como podemos
entender este contexto educacional? Quais recursos são necessários? Existe um padrão para
elaboração de um plano de aula?
Nesta aula, as perguntas serão respondidas com sugestões a serem aplicadas. Bons estudos!
O processo de aprendizagem
Disciplina
(fatos, ideias e outros conhecimentos) e sobre nós mesmos. A escola, ao saber disso, precisa
oferecer amplas condições e oportunidades para a integração entre professor e aluno nas áreas
acadêmicas, ou seja, nas salas de aula. A teoria de Bruner se relaciona com outros pensadores e
teóricos do século XX como Vygotsky (1896-1934, in: LEFRANÇOIS, 2015), que destaca a
interação como meio para desenvolver a linguagem e, como consequência, o seu pensamento
lógico. As orientações que Vygotsky deixou para nós no campo da educação é que devemos
cuidar para que o estudante participe de atividades que, por definição, não se apresentem tão
fáceis a ponto de ele perder o interesse, nem tão difíceis que não consiga realizá-las.
Henri Wallon (1879-1962, in: LEFRANÇOIS, 2015) entende o aprendiz na sua completude, o que
significa identificar os aspectos intelectuais, afetivos e motores integrados, sem privilegiar o
aspecto cognitivo em detrimento dos sociais, compreendendo a escola não como um espaço
instrucional, mas como um lugar de desenvolvimento da pessoa, visto que o sujeito é um ser
biologicamente social. O papel mais importante do professor é criar um ambiente no qual o
aluno possa espontaneamente realizar experiências de construção do seu conhecimento,
favorecendo o enfrentamento de novas situações e de novas ideias. Nos processos de
adaptação a essas situações, a criança adquire novos conhecimentos e vai constituindo sua
inteligência. Cabe ao professor usar como estratégia incentivar as iniciativas do aluno,
valorizando o conhecimento que ele já traz consigo e, a partir daí, avançar com ele na descoberta
de novos saberes e novas maneiras de trabalho. Wallon trouxe para a educação a importância da
afetividade, mostrando que ela é expressa de três maneiras: por meio da emoção, do sentimento
e da paixão.
A afetividade está presente no processo da aprendizagem. Se o professor compreende que o
aluno e a aluna sentem-se cansados ou desmotivados, é capaz de usar essa informação a favor
do conhecimento, controlando a situação e revendo suas práticas. Estes estudos favoreceram a
inclusão das competências socioemocionais, um tópico importante a ser considerado pelos
docentes.
Planejamento
Disciplina
A Figura 1 demonstra alguns dos elementos nos quais o docente precisa pensar ao elaborar seu
planejamento, para que possa incluir as áreas, os componentes, competências específicas,
habilidades e objetos de conhecimento. A prévia definição dos conteúdos, o contexto necessário
e as práticas pedagógicas promovem uma aprendizagem significativa, colocando o aluno como
protagonista.
Para que possa organizar o seu trabalho pedagógico, o docente inicialmente precisa preparar um
plano anual com os componentes curriculares e unidades temáticas, que pode ser bimestral ou
mensal. Esta distribuição das unidades temáticas e objetos de conhecimento traça a sequência
a ser seguida. Para organizar as práticas é preciso conhecer as competências específicas de
cada área do conhecimento estabelecidas pela BASE e habilidades a serem vividas. Considerar,
para a seleção das práticas pedagógicas, a concepção de estudante, os recursos disponíveis no
contexto escolar, o material didático que a escola optou por utilizar (se for o caso) e,
principalmente, planejar coletivamente a fim de que haja uma integração vertical e horizontal.
A BASE fornece as unidades temáticas e os respectivos objetos (conceitos, conteúdos e
definições) como referência para a organização do planejamento anual, considerando os anos
finais, do 6º ao 9º. Na BASE encontramos as habilidades a serem vivenciadas, necessárias para
a conquista das aprendizagens essenciais, bem como as competências específicas que devem
servir como pano de fundo para a elaboração do plano de aula.
A área de conhecimento de Educação Física é dividida em 6º e 7 º ano e 8º e 9º ano.
Disciplina
Estas unidades temáticas devem ser divididas em bimestres para os respectivos anos, mantendo
a continuidade e integração. Exemplos práticos:
Na unidade temática BRINCADEIRAS – 6º ano; objeto: jogos eletrônicos.
As habilidades são: (EF67EF01) – Experimentar e fruir, na escola e fora dela, jogos eletrônicos
diversos, valorizando e respeitando os sentidos e significados atribuídos a eles por diferentes
grupos sociais e etários; (EF67EF02) – Identificar as transformações nas características dos
jogos eletrônicos em função dos avanços das tecnologias e nas respectivas exigências corporais
colocadas por esses diferentes tipos de jogos.
As práticas pedagógicas sugeridas: apresentação de jogos virtuais numa linha de tempo, jogos
para crianças, adolescentes e adultos. Vivência interativa de jogos no laboratório de informática.
Os estudantes realizam pesquisas e buscam notícias acerca de jogos eletrônicos e gamificação.
Há troca de opiniões e conceitos e assembleia.
Na unidade temática ESPORTES – 6º ano; objeto de conhecimento: esportes de marca, precisão
e invasão.
Temos as habilidades: (EF89EF01) – Experimentar diferentes papéis (jogador, árbitro e técnico) e
fruir os esportes de rede/parede, campo e taco, invasão e combate, valorizando o trabalho
coletivo e o protagonismo; (EF89EF02) – Praticar um ou mais esportes de rede/parede, campo e
taco, invasão e combate oferecidos pela escola, usando habilidades técnico-táticas básicas;
(EF89EF03) – Formular e utilizar estratégias para solucionar os desafios técnicos e táticos, tanto
nos esportes de campo e taco, rede/parede, invasão e combate como nas modalidades
esportivas escolhidas para praticar de forma específica.
Disciplina
O contexto para a prática desses esportes deve contar com a organização física do espaço
escolar. Quadra, bola, taco, apito, coletes coloridos, trava, rede. As habilidades já identificam as
práticas a serem vivenciadas. Os estudantes realizam pesquisas e buscam notícias de esportes,
comparando narrativas. Leitura de uma notícia em particular retirada de um jornal de esportes,
impresso ou digital, verificando as diferentes entonações de voz. Criar uma cena narrando um
esporte proposto pelo docente ou escolhido por votação pelos estudantes, ou uma competição
para narrativas emocionantes. O contexto escolar para a realização dos planos na área de
Educação Física são específicos e visíveis, mas precisam de um apoio da gestão a fim de não
faltarem os equipamentos necessários. O planejamento bimestral auxilia a gestão a organizar os
recursos com antecedência.
Principais decisões para elaboração de um plano de aula. Fonte: elaborada pela autora.
Disciplina
Atividades que devem ocorrer em sala de aula. Fonte: elaborada pela autora.
Saiba mais
Disciplina
Referências
Disciplina
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
CERICATO, I. L.; CERICATO, L. Competências socioemocionais de bolso. São Paulo: Ed. do Brasil,
2019.
CHADWICK, C.; OLIVEIRA, J. Aprender e ensinar. Belo Horizonte: Instituto Alfa e Beto, 2008.
GAMEZ, L. Psicologia da Educação. Série Educação. Andrea Ramal (Org.). Rio de Janeiro: LTC -
Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, 2013.
LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da Aprendizagem. Tradução: Vera Magyar. São Paulo: Cengage
Learning, 2015.
MELO, M. et al. Metodologias ativas: concepções, avaliação e evidências. Curitiba: Ed. Appris,
2020.
MORAN, J. Metodologias ativas de bolso: como os alunos podem aprender de forma ativa. São
Paulo: Editora do Brasil, 2019.
SOARES, C. Metodologias ativas: uma nova experiência de aprendizagem. São Paulo: Cortez,
2021.
Aula 4
Professor, como avaliar se seu plano de aula alcançou as competências e habilidades da BNCC?
Disciplina
Introdução
Avaliações
Disciplina
sínteses, hábitos de convivência e empatia, entre outros que podem ser vistos nas competências
gerais. Esta avaliação permite ao docente a revisão ou intervenção em suas práticas, e na
apresentação dos tópicos importantes no contexto da unidade. É importante reforçar as
conexões com os componentes, estimular a consciência e o compromisso social das
habilidades e competências, propiciar uma reflexão sobre a própria aprendizagem e orientar
hábitos de estudo para os estudantes. Já a avaliação somativa se refere ao resultado final,
porém, no âmbito das escolas. Os docentes e toda a equipe podem avaliar os progressos
realizados ao longo do ano e tomar medidas adequadas a tempo de evitar fracassos.
O que avaliar? Como os estudantes integram os conhecimentos, habilidades e competências,
incorporando-os à sua vida. A partir disso, o professor deve apoiar o aluno a rever e estruturar
melhor os conhecimentos adquiridos. Mas, como estamos já nos anos finais do Ensino
Fundamental, faz-se necessário também criar uma avaliação baseada nos resultados do ano.
Pode ser um trabalho individual, um projeto em grupo ou um teste simulado, mas com questões
e propostas práticas que convidem o aluno a pensar e resolver problemas. Outra opção é uma
redação que indique temas transversais e problemas reais a serem solucionados.
Independentemente do modelo de avaliação, será sempre um instrumento que indicará ao
docente e alunos quais decisões tomar para atingir as metas que se construíram no currículo. O
quadro a seguir resume estes conceitos:
Práticas de avaliação
Disciplina
A prática pedagógica é uma ferramenta do docente para desenvolver uma aula, uma unidade, a
partir de um plano bimestral com os objetos de conhecimento. A ação do professor e professora
é de procurar a interdisciplinaridade, buscando material prévio e organizando o tempo
pedagógico para desenvolver as habilidades. Ou seja, usar conteúdos já explorados em outras
áreas do conhecimento. As práticas se relacionam diretamente com as avaliações que serão
implementadas, tendo o estudante como centro do planejamento. Uma afirmação que reflete o
processo de aprendizagem e avaliação é que cada estudante é responsável pelo seu próprio
aprendizado. Mas, para tanto, cabe ao docente a organização de práticas que incentivem o aluno
na participação deste processo, bem como a utilização de ferramentas que permitam o
acompanhamento. Se o aluno é ativo, participativo e responsável, o docente é coprotagonista,
pois será sua a responsabilidade de criar este hábito nos estudantes. As avaliações e a tipologia
que apresentamos acontecem no contexto educacional e estão diretamente relacionadas ao
processo de aprendizagem. Alunos e professores têm o mesmo objetivo: que os primeiros
alcancem as aprendizagens essenciais, as habilidades esperadas e as competências gerais para
a vida. Ocorre que as práticas de avaliação, considerando a BASE, se inovam na medida em que
o docente revê e planeja os diversos momentos focando o aluno e seu progresso. Vamos
exemplificar alguns instrumentos. Testes, provas individuais ou em grupo: cabe ao docente
elaborar situações em que o aluno possa discutir as soluções apresentadas, buscando nos
objetos de conhecimento as respostas. O estudante terá contato com testes de múltipla escolha,
que incluem afirmações corretas e distratoras, ou seja, afirmações incorretas que o colocam em
uma situação que lhe exige pensar criticamente e considerar os componentes estudados. É uma
prática comum apresentar situações envolvendo gráficos ou notícias de jornais, que apresentam
diferentes níveis de dificuldade.
Exemplo de uma questão de múltipla escolha no âmbito da BASE retirada do Guia da Ação
Avaliativa (SOARES, 2021. p.17):
Disciplina
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras;
Onde canta o Sabiá. [...]
DIAS, Gonçalves. [...]
Nesse fragmento de poema, ao falar de sua terra de origem, o eu lírico:
1. critica o povo.
2. exalta a natureza.
Além das questões de múltipla escolha, outra forma de avaliação podem ser as atividades de
resposta construída, que são questões abertas nas quais é possível identificar, além dos
conteúdos, as habilidades desenvolvidas. Mas é preciso que as questões ou indicações sejam
claras e que a exigência seja uma resposta objetiva.
Ex.: Tenho dois chocolates e paguei R$15,00. Quanto custa cada chocolate?
Pode ser também uma frase incompleta, na qual o estudante deve preencher a lacuna avaliando
um conhecimento específico.
Ex.: No ensino tradicional o conhecimento era visto como um ______________ de informações e
fatos.
(acúmulo)
Em uma avaliação é permitida a utilização de uma imagem e que se peça ao aluno que responda
objetivamente o que ele vê na figura apresentada. No componente Geografia, na avaliação,
podemos apresentar a imagem de um relevo estudado e solicitar a resposta. Ou até mesmo
apresentar uma figura e pedir que o estudante escreva uma frase contando o que está
acontecendo na imagem. Para tanto, cabe ao docente se familiarizar com as habilidades dos
componentes. Outro recurso é solicitar que os estudantes criem uma história a partir de um
enunciado, de uma imagem, de um problema
Construindo portfólios
Disciplina
A BASE orienta a realização de uma autoavaliação. Mas como fazer isso com alunos e alunas? A
autoavaliação tem como objetivo auxiliar os estudantes em um processo de autorreflexão sobre
o que aprenderam, seus sentimentos, suas habilidades desenvolvidas e as atitudes que
favoreceram seu processo de aprendizagem. Existem dinâmicas que favorecem este ambiente.
Não é perguntar qual nota você dá ao seu processo de aprendizagem, mas ir além.
Autoavaliação individual pode acontecer ao final de uma sequência de estudos ou de uma
unidade temática, quando o docente estimula ou provoca os estudantes a sistematizarem o que
aprenderam, como também registrarem o que desejam conhecer mais.
Há uma dinâmica que pode ser utilizada especificamente dentro de um contexto, como uma
habilidade que será estimulada ou um conteúdo a ser estudado. Dobramos um papel A2 como
uma sanfona e, ao passá-lo de mão em mão, os estudantes escrevem em dobras diferentes o
que sabem a respeito de algo. O docente guarda esta sanfona de papel e, ao final da aula,
unidade ou experiência, o papel dobrado é passado novamente e os estudantes verificam se a
escrita pode ou não ser alterada. A autoavaliação pode ser realizada em grupo, nos quais serão
construídos painéis com quatro ou mais aspectos a serem avaliados. O ideal é realizar no início
do ano e depois ao final do semestre letivo. Cada estudante recebe quatro post it coloridos, que
serão colados em um quadro que o professor e alunos desenharam. Cada parte pode ser a
referência de um aspecto a ser autoavaliado, como este exemplo:
Disciplina
Cada aluno coloca um post it em um aspecto que está sendo tópico de avaliação, utilizando as
cores e seus significados: Amarelo – preciso melhorar; Rosa – não consegui com facilidade; Azul
– satisfatório; Verde – progredi muito. Este exemplo refere-se a uma unidade de um componente,
mas os docentes e alunos podem combinar os itens a serem colocados no gráfico, como
também os significados das cores. O importante é que nas ferramentas de autoavaliação sejam
incluídas habilidades, competências e atitudes.
E o portfólio? É uma ferramenta que encoraja o aprendizado centrado no estudante. Os portfólios
representam o desenvolvimento nos domínios cognitivos, social e emocional, as habilidades, as
atitudes e as competências necessárias para uma vida em sociedade justa e igualitária, e uma
boa memória dos anos escolares. É uma ferramenta que organiza o percurso formativo por meio
de amostras de trabalhos, narrativas, informando e registrando a progressão das capacidades
desenvolvidas pelo estudante ou por grupos na sala de aula. O portfólio também atua como um
diálogo com a família e o contexto escolar. No contexto, os estudantes também avaliam as
interferências do espaço escolar na realização das suas tarefas. Pode ser feito de forma
interativa, em que os estudantes escrevem, registram comentários, sentenças curtas que
refletem uma situação ou recados. O docente também escreve suas impressões, reúne
informações relevantes para o aluno e aluna, pois considera a individualidade de cada um. Não
escreve diretamente no portfólio, mas entrega uma mensagem a ser incluída nele. O Portfólio
pode ser particular, como um diário, com registros pessoais sobre o cotidiano escolar. Um
material que registra não somente as aprendizagens, mas também as dificuldades, sejam de
aprendizagem ou relacionamento. O docente deve incentivar estes registros, que podem
Disciplina
Físicos: com o uso de cadernos, diários de bordo, livro, pasta-caderno, painéis ou murais
grandes.
Digitais: em que os estudantes registram em um blog, ou até mesmo escrevendo um e-
book ou produzindo vídeos. Isto remete às habilidades descritas na área da LINGUAGEM e
na competência geral nº5: Cultura Digital.
Híbridos: em que se utiliza o suporte digital com fotos para enriquecer o modelo físico com
cadernos ou diários.
Neste vídeo iremos retomar os princípios norteadores da Base Nacional Comum Curricular,
destacando as competências e o protagonismo dos estudantes, das habilidades aos conteúdos
que guiam as escolhas das práticas pedagógicas que garantem as aprendizagens essenciais e o
acesso a uma educação básica igualitária.
Disciplina
Saiba mais
Disciplina
1. Elaborar um instrumento a ser completado pelo aluno com perguntas que estimulem a
reflexão e não apenas “sim” ou “não”.
2. Dentro deste procedimento o aluno realiza uma autoavaliação sobre seu desempenho,
habilidades adquiridas, competências que desenvolveu à luz das questões apresentadas.
3. As respostas podem ser apresentadas para o grupo e, individualmente, o aluno também
poderá indicar colegas para avaliar alguns aspectos que o professor pode determinar.
Mas todo cuidado é pouco na elaboração das questões e apresentação das respostas, pois não
é um jogo da verdade e muito menos de acerto de contas. Por isso, o docente pode sugerir a
avaliação de um projeto realizado, uma visita de campo ou até mesmo um episódio cultural
vivenciado.
Disciplina
Referências
Aula 5
Revisão da unidade
Disciplina
Esta unidade focou no processo de ensino e aprendizagem que ocorre no Ensino Fundamental –
anos finais. O destaque sempre foi a prática pedagógica como uma ferramenta do docente para
desenvolver uma aula, uma unidade, a partir de um plano bimestral, com os objetos de
conhecimento à luz da BASE. O docente deve fazer um planejamento prévio do material,
estabelecendo um tempo pedagógico para desenvolver as habilidades necessárias.
O grande desafio é de articular a interdisciplinaridade, com conteúdos explorados em outras
áreas do conhecimento. As avaliações se relacionam com as práticas e devem ter o aluno como
foco central do planejamento, refletindo o processo de aprendizagem. Nesse processo o aluno é
ativo, participativo e responsável, e a função do docente é a de criar este hábito nos estudantes.
A aprendizagem, que deve ser sempre capaz de nos orientar e nos levar adiante, está na
dependência de como se domina a estrutura da matéria. Dessa forma, faz-se necessário o
desenvolvimento de uma atitude de investigação tanto pelo docente como pelo estudante,
durante os nove anos do Ensino Fundamental, sobretudo nos anos finais.
Quanto a essa atitude, a utilização do método da descoberta como procedimento básico do
trabalho educacional acontece nas práticas pedagógicas. O estudante tem plenas condições de
percorrer o caminho da descoberta, investigando, fazendo perguntas, experimentando e
compreendendo. O papel mais importante dos professores e professoras é criar um ambiente no
qual o aluno e aluna possam espontaneamente realizar experiências de construção do seu
conhecimento, favorecendo o enfrentamento de novas situações, de novas ideias. E, nos
Disciplina
estudante está no centro do planejamento, o que inclui também o processo de avaliação. Nesse
vídeo vamos explorar esses assuntos e muito mais!
Estudo de Caso
Mestre Júlio assumiu as aulas de Artes no ano passado na Escola Municipal Gente Boa.
Formado pela Escola de Arte, tem produzido pinturas e coordenado grupos de dança folclórica
em comunidades. O desafio era a docência. Sabendo da estrutura do componente ARTE dentro
da área de LINGUAGEM, ficou entusiasmado com a possibilidade de introduzir várias linguagens
da ARTE para os alunos do 5º ano. Para isso, planejou unidades temáticas a serem
desenvolvidas ao longo do ano no âmbito da BNCC.
Separou o plano da seguinte maneira: 1º bimestre – Músicas; 2º bimestre – Dança; 3º – Pinturas;
4º – Modelagem. Dessa forma, os estudantes vivenciaram algumas formas de expressão
artística. Contudo, na reunião pedagógica organizada pela gestão escolar, diretores e
coordenadores, o Mestre Júlio percebeu que tinha cometido alguns equívocos no planejamento.
Os professores de Língua Portuguesa e História conversavam e organizavam práticas
pedagógicas integrando os objetos de conhecimento.
O professor de Ensino Religioso estava dando dicas para alguns professores e compartilhando
unidades temáticas. Sem entender o que estava acontecendo, foi rever a Base Nacional Comum
Curricular e identificou alguns pontos importantes para o novo planejamento. Quais foram esses
pontos que Mestre Júlio identificou na BASE referentes ao componente Artes? Quais propostas
os professores estavam discutindo em grupos organizados por diferentes áreas de
conhecimento? Como o professor poderia ter elaborado seu planejamento?
Disciplina
______
Reflita
Analise este cenário e reflita sobre os procedimentos errados e os acertos que possam ser
descritos na solução deste caso. Não se esqueça de apontar os requisitos necessários para um
bom planejamento neste componente.
Os procedimentos considerados pelo professor ao apresentar seu planejamento foram
corretos?
Como Júlio poderia ter iniciado seu trabalho docente de forma colaborativa?
O que você faria se estivesse começando a docência em uma escola nova?
Quais equívocos podem ser evitados?
Todo docente deve saber que a BNCC está alinhada à Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (L9394/1996), que trabalha com o princípio do pluralismo de ideias e de concepções,
postulado pela LDB e pela Constituição Federal de 1988. Considera produções da ciência em
relação à educação básica, e aos processos de apropriação da linguagem escrita e matemática,
garantindo pluralidade de enfoques científicos, valor assegurado constitucionalmente como
requisito para o exercício do direito à educação. A abordagem curricular deve inserir o aluno e
aluna criança no centro do planejamento, o que implica em um planejamento emergente, no qual
professores e alunos se engajam em investigações, buscam responder a perguntas que as
crianças fazem e promovem experiências e a construção de conhecimentos, tudo isso em uma
abordagem transdisciplinar e por meio das múltiplas linguagens.
A Arte, como diz a BASE (BRASIL, 2017), é o componente curricular centrado nas seguintes
linguagens: as Artes Visuais, a Dança, a Música e o Teatro, sendo esta última esquecida pelo
professor. Essas linguagens articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e
envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artísticas.
Artes Visuais, Dança, Música e Teatro constituem uma unidade temática do componente do qual
Júlio estará à frente na escola. Porém, para planejar é preciso considerar as unidades temáticas
do componente Arte apresentadas em dois blocos: do 1º ao 5º ano e, depois, do 6º ao 9º ano.
Júlio, no processo de planejar a docência na Escola Municipal Gente Boa, atropelou sua entrada
na equipe de professores e esqueceu que o componente ARTE atende até o 9º ano, e não havia
conhecido as sínteses de aprendizagem dos estudantes do ano anterior.
Disciplina
Com esta sugestão de planejamento, vê-se que o conteúdo não deve ser fragmentado e sim
promover uma articulação entre as unidades, com um diálogo entre as áreas de conhecimento.
As práticas pedagógicas visam à participação dos estudantes e não a tê-los como ouvintes, mas
sim promovendo o debate, a escuta de opiniões e descobertas com a mediação do professor até
Disciplina
Resumo Visual
Disciplina
Referências
Disciplina
Unidade 4
BNCC e o Ensino Médio
Aula 1
A estrutura da BNCC para o Ensino Médio
Introdução
Disciplina
Você sabia que há uma relação entre as evidências científicas e a elaboração de práticas
pedagógicas? O foco está na aplicação do método científico numa dimensão interdisciplinar,
dado que a limitação do método em sua aplicação está reduzida quase exclusivamente à
pesquisa experimental e à disciplina de Ciências.
Com isso, professores que atuam no Ensino Fundamental e Médio estimulam o pensar utilizando
o método científico em suas escolas, e ainda alertam pesquisadores sobre a necessidade de
investir em pesquisas que exijam a aplicação do método científico no ambiente escolar, de forma
a diminuir o espaço existente entre a pesquisa e o ensino no contexto do Ensino Médio. Toda
esta reflexão auxilia no entendimento da estrutura organizacional e curricular do Novo Ensino
Médio, que vai além dos componentes com a oferta dos Itinerários Formativos, o que é uma
novidade. Nesta aula você vai descobrir o Novo Ensino Médio. Bons estudos!
A proposta do NOVO ENSINO MÉDIO, cuja sigla é NEM, tem por objetivo atender às necessidades
dos estudantes e suas expectativas, fortalecer seu interesse, engajamento e protagonismo,
combater a evasão escolar e prepará-los para o mundo do trabalho; além disso, possibilitar que
desenvolvam conhecimentos, habilidades, atitudes e valores capazes de formar novas gerações
para lidar com desafios pessoais, profissionais, sociais, culturais e ambientais do presente e do
futuro. Para que isso ocorra, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM –
BRASIL, 2018) atualizadas indicam que os currículos dessa etapa devem ser compostos pela
Formação Geral Básica e pelos Itinerários Formativos. O Ensino Médio apresenta a seguinte
contextualização no âmbito da BNCC:
do Ensino Fundamental, com carga horária total máxima de 1.800 horas. Uma proposta
inovadora é a inclusão dos Itinerários Formativos, cuja sigla utilizada nos documentos é IF e que
são definidos como um conjunto de situações e atividades educativas que os estudantes podem
escolher conforme seu interesse, para aprofundar e ampliar aprendizagens em uma ou mais
áreas de conhecimento e/ou na formação técnica e profissional, com carga horária total mínima
de 1.200 horas.
Neste contexto prevalece o protagonismo do estudante e do Projeto de Vida, que será
desenvolvido ao longo dos três anos do Ensino Médio. Resume-se o Novo Ensino Médio com a
proposta de valorizar a aprendizagem pelo aumento da carga horária, com novas oportunidades
de escolhas para o estudante. O estudante pode escolher um Itinerário Formativo que se define
como um aprofundamento curricular: este aprofundamento pode ser um uma área de
conhecimento ou uma proposta para desenvolvimento de uma educação para o trabalho,
profissional. No Ensino Médio também há o oferecimento de conteúdos a serem escolhidos
como atividades eletivas. Esta nova estrutura permite que o estudante escolha as áreas de
conhecimento mais atrativas ou que irão auxiliar na concretização de seu Projeto de Vida.
A definição dos itinerários no âmbito da BNCC forma um conjunto de unidades curriculares
oferecidas pelas escolas, mediante as condições existentes na instituição, nas quais os
estudantes possam aprofundar seus conhecimentos em áreas ou componentes curriculares.
Podem ser oferecidos pelas escolas um aprofundamento de estudos ou preparação para o
mundo do trabalho. Se a instituição escolar não oferecer condições para este aprofundamento,
nem para a formação profissional, pode realizar parcerias com entidades locais, como SESI,
SENAI, escola de idiomas, entre outras opções.
Quais são os itinerários? A escola pode oferecer uma área eletiva ou um componente no qual os
estudantes possam estudar mais a fundo um tema. Pode também oferecer situações de
aprofundamento nas áreas de conhecimento integrando a cultura digital, prevista nas
competências gerais. O diferencial do NEM é o que se chama de Projeto de Vida. Esta proposta
está prevista para o Ensino Médio, mas pode ser oferecida ainda no Ensino Fundamental, caso a
escola assim defina. Para o desenvolvimento dos componentes em suas áreas de conhecimento,
as práticas pedagógicas devem usar métodos científicos.
Isto porque os estudantes do Ensino Médio dominam habilidades necessárias para o exercício
do método atendendo aos interesses atuais presentes no cotidiano. A implementação de forma
gradual do Novo Ensino Médio obedece a um cronograma obrigatório aos estados brasileiros.
Assim, implementa-se a 1ª série em 2022; 1ª e 2ª séries em 2023; e 1ª, 2ª e 3ª séries no ano de
2024. Com a mudança estrutural e pedagógica do NEM, há uma evidente mudança no ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio), que deve ser realizado em dois dias. No primeiro, os
estudantes serão avaliados em quatro áreas do conhecimento, sendo obrigatórias a todos
estudantes; no segundo dia, o estudante escolhe a área do conhecimento em que desenvolveu
seu Projeto de Vida. Confira a seguir uma visualização do Novo Ensino Médio.
Disciplina
Em geral, as crianças são ensinadas a fazer pesquisas na escola do início ao fim do Ensino
Fundamental. Elas são ensinadas a observar, medir e controlar variáveis, buscar relações entre
elas e tirar conclusões sobre as coisas que estudaram com base nos dados coletados e nas
relações que encontram, o que marca mais uma vez a presença de interdisciplinaridade, a
relação entre as áreas de conhecimento. Entretanto, esse método, baseado quase
exclusivamente na experimentação e utilizado de modo geral para o ensino de Ciências, nos
parece limitado, ambíguo e com inadequações, considerando-se que não existe um método
único ou uma receita universal para a ciência, pois cada questão pode exigir uma abordagem
científica diferente (BORGES et. al., 2021). Neste contexto, as abordagens para superação desta
limitação do método científico têm sido atreladas à concepção de “letramento científico”.
Consideram-se estas informações para planejar práticas escolares no Ensino Médio.
Disciplina
Note a importância do diálogo entre as áreas por meio de práticas pedagógicas e o destaque
para a parte flexível do currículo.
Disciplina
O que você percebeu de diferente? Por que há uma diminuição de aulas em alguns
componentes?
Algumas atividades pedagógicas, como Itinerários Formativos e Projeto de Vida, começam a ter
mais tempo, bem como o processo de autoavaliação para que os estudantes possam se
responsabilizar por suas aprendizagens, habilidades e competências. Os componentes
curriculares eletivos do Novo Ensino Médio compõem a parte flexível do currículo, contida nos
Itinerários Formativos, que têm as suas unidades eletivas definidas por cada escola e escolhidas
pelos alunos conforme seu Projeto de Vida.
Os componentes eletivos devem ser apresentados após a escuta dos alunos e análise do cenário
da comunidade. Por exemplo: Língua Espanhola: apresentar as possíveis áreas de atuação,
como redator, tradutor e comunicador. Com objetivos claros e bem definidos, este componente
entra como Itinerário Formativo e, ao se tornar uma trilha, o estudante pode, nos três anos,
aprimorar sua formação e atuar também em relações diplomáticas.
Outro exemplo é a área de Matemática e suas tecnologias, que apresenta o componente
Educação Financeira. Ele pode abordar como cuidar de finanças pessoais e do orçamento
doméstico, e até mesmo conhecer o sistema financeiro nacional. Este componente também
agrega a área de Ciências e pode trazer oportunidades no mercado de trabalho em
administração, contabilidade, economia. Estes são dois exemplos que podem ser trabalhados
em três anos ou em um ano, abrindo oportunidades novas de estudo e aprofundamento. Mas
isso irá sempre depender da estrutura e oferta das escolas.
Disciplina
Qual a relação do conceito de práticas à luz dos métodos científicos e dos Itinerários
Formativos?
A aplicação do método científico no contexto do Ensino Fundamental e, em especial, no Ensino
Médio, tem se limitado ao uso de experiência (método dedutivo) e, em geral, somente para o
ensino da disciplina de Ciências. O método científico, porém, deve ser usado para todas as
práticas dos componentes curriculares.
Aqui estão alguns exemplos práticos que estimulam essa aplicação:
Uma opção para os professores transmitirem a investigação científica é expor aos alunos mais
exemplos que mostrem como a ciência é conduzida no mundo real. Os alunos podem ler artigos
de revistas científicas revisadas por pares, que detalham como a ciência é conduzida no âmbito
da investigação, trabalhando habilidades previstas nas áreas de conhecimento, dando o norte
para a organização de situações práticas e promovendo a iniciação do pensamento crítico e
científico, previstos nas dez competências gerais. Esta proposta atende a todas as áreas do
conhecimento e pode ser utilizada nos itinerários, bem como no Projeto de Vida, quando os
estudantes podem descobrir suas escolhas profissionais.
Uma proposta é usar artigos de periódicos científicos revisados e divulgados, e adaptá-los para
torná-los mais acessíveis tanto para os professores quanto para os alunos. Outro recurso que
ajuda os alunos a fazer conexões entre o processo científico e a pesquisa real são as entrevistas
Disciplina
em vídeo com os pesquisadores, que permitem que os alunos vejam e ouçam diretamente de
cientistas reais falando sobre suas pesquisas, prática que pode ser utilizada nas áreas de
conhecimento e vários componentes (WILSON; DIMITROVA, 2022, p. 20-21).
Veja este exemplo: alunos e alunas de uma 6ª série em uma aula de matemática de uma escola
pública foram solicitados a demarcar nos mapas geográficos e históricos os registros
cartográficos de nascimento e morte de famílias vítimas de uma febre que atingiu uma cidade, e
tentar predizer, por meio dos sobrenomes, quais as famílias que, cem anos depois,
permaneceram vivas. Após esse levantamento, eles foram entrevistar essas famílias. Uma
aplicação foi ampliada no sentido interdisciplinar. Esta prática engaja os estudantes em uma
tarefa e verifica como solucionam, quase sem ajuda, os possíveis impasses que possam ocorrer
durante a execução do trabalho. Foi só matemática? Os alunos e professores usaram: História,
Geografia, Língua Portuguesa, Ensino Religioso.
Outras práticas que unem o pensamento científico e os componentes: o exemplo a seguir refere-
se à competência nº 2 da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A competência
específica refere-se aos estudos dos territórios, das migrações e imigrações que ocorrem em
diferentes tempos e espaços por conta das situações econômicas ou de poder, e das questões
acerca da desigualdade social, da inclusão ou exclusão territorial. Analise este plano de uma
unidade temática ou Itinerário Formativo:
Competência nº 2 da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Fonte: elaborada pela autora.
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Saiba mais
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O gráfico a seguir, que ficou conhecido como A Curva de Heckman, traça a taxa de retorno, que é
o fluxo de dólar de uma unidade de investimento em cada idade para um investimento marginal
em uma criança jovem desfavorecida nos níveis atuais de despesas. O retorno econômico das
intervenções iniciais é alto e o retorno das intervenções posteriores é menor. Os programas de
recuperação nos anos de adolescentes e jovens adultos são muito mais onerosos ao produzir o
mesmo nível de habilidade na idade adulta. A grande mensagem dessa curva é que quanto mais
cedo investimos na educação, maior será o nosso retorno posterior.
Disciplina
Referências
Disciplina
BORGES, A. M. D. et. al. O uso do método científico na resolução de questões diversas em sala
de aula. XVII Encontro sobre Investigação na Escola (XVEIE), Universidade Federal da Fronteira
Sul, 2021. Disponível em: https://portaleventos.uffs.edu.br/index.php/EIE/article/view/15678.
Acesso em: 10 dez. 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Atualiza as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, 2018. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/docman/novembro-2018-pdf/102481-rceb003-18/file. Acesso em: 31
jan. 2023.
COHEN, L.; MANION, L.; MORRISON, K. Research methods in education. Londres: Routledge
Falmer, 5ª Edição, 446p. 2000.
FRANCO, L. Investir em educação para a primeira infância é melhor 'estratégia anticrime', diz
Nobel de Economia. BBC News Brasil, São Paulo, 2019. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-48302274. Acesso em: 30 jan. 2023.
HECKMAN EQUATION ORG. Gráfico de Heckman. Heckman: the economics of human potential,
c2023. Disponível em: https://heckmanequation.org/resource/grafico-de-heckman/ Acesso em:
24 jan. 2023
INEP/PISA/OCDE. PISA 2024 Strategic Vision and Direction for Science. Programa Internacional
de Avaliação de Estudantes (PISA) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD). Paris, 2020. Disponível em: https://www.oecd.org/pisa/publications/PISA-
2024-Science-Strategic-Vision-Proposal.pdf. Acesso em: 18 dez. 2022.
Disciplina
Aula 2
Itinerários Formativos no Ensino Médio
Introdução
Disciplina
Olá, convidamos você para caminhar nesta aula, pela jornada através do Itinerário Formativo para
o Ensino Médio. Essa caminhada é apenas um pequeno olhar para auxiliar o professor a
desenvolver pessoas críticas e autônomas para um mundo cada vez mais complexo e digital.
Desde que foram anunciadas mudanças no Ensino Médio, os Itinerários Formativos têm
provocado muitas dúvidas entre a comunidade escolar e a sociedade civil de uma forma geral.
Porém, pretende-se nesta unidade, além de esclarecer o que são esses Itinerários Formativos,
oferecer algumas informações que poderão auxiliar o professor a desenvolver suas aulas de
forma mais ativa. Na realidade, e de uma forma bem didática, os Itinerários Formativos são o
conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho
que os estudantes poderão escolher no Ensino Médio. As redes de ensino federal, estadual e
municipal terão autonomia para definir quais itinerários irão ofertar, considerando um processo
que envolva a participação de toda a comunidade escolar. Vamos descobrir os caminhos? Bom
estudo!
A Base Nacional Comum Curricular, por ser um documento normativo, foi criada para ajudar a
superar a fragmentação das políticas educacionais, objetivando o fortalecimento do regime de
colaboração entre as três esferas de governo e sendo balizadora da qualidade da educação,
tendo como fio condutor as abordagens interdisciplinares e transdisciplinares e apresentando
uma série de normas para atender a esta especificidade. Os currículos do Ensino Médio são
compostos pela formação geral básica, articulada aos Itinerários Formativos como um todo
indissociável. Esses itinerários – estratégicos para a flexibilização da organização curricular do
Ensino Médio, pois possibilitam opções de escolha aos estudantes – podem ser estruturados
com foco em uma área do conhecimento, na formação técnica e profissional, ou na mobilização
de competências e habilidades de diferentes áreas, compondo itinerários integrados. Na
estrutura do Ensino Médio (E.M., como será designada), no âmbito da BNCC, os Itinerários
Formativos são descritos como um conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo,
entre outras situações de trabalho que os estudantes poderão escolher. Eles são compostos
pelos componentes de aprofundamento curricular que estão organizados por unidades
curriculares. Assim, os professores poderão trabalhar com os conteúdos disciplinares dentro de
uma abordagem interdisciplinar e transdisciplinar.
Os objetivos do Itinerário Formativo (BRASIL, 2017):
Formação técnica e profissional: são os itinerários que formam para o mundo do trabalho:
Qualificação profissional: formação inicial e continuada para desenvolvimento de
competências relacionadas a perfil profissional listado no CBO (Catálogo Brasileiro de
Ocupação).
Habilitação profissional técnica de nível médio: formação profissional reconhecida
por meio de diploma em curso listado no Código Nacional de Cursos Técnicos
(CNCT).
Uma escola consegue organizar um bom Itinerário Formativo quando reconhece a complexidade
das relações humanas (professor-aluno), a amplitude e os limites de seus objetivos e ações;
quando entende o ambiente escolar como um espaço relacional que estabelece laços que
contribuem para a formação de uma identidade individual e social. O professor é peça
importante neste processo, pois organiza e implementa o currículo através dos Itinerários
Formativos enquanto constrói e reconstrói suas concepções, percepções e escolhas e, assim,
também o faz o aluno enquanto aprende. Na estrutura do Ensino Médio, o currículo apresenta o
Itinerário Formativo, que é um grande guarda-chuva, pois contém na sua estrutura os
componentes de disciplinas eletivas e o Projeto de Vida, que abriga e perpassa todas as áreas.
Como diz Edgar Morin: “o problema não está em que cada uma perca a sua competência. Está
em que a desenvolva o suficiente para articular com outras competências (disciplinas e
conhecimentos) que, ligadas em cadeia, formariam o anel complexo e dinâmico, o anel do
conhecimento do conhecimento” (MORIN, 1999. p. 32). Portanto, constata-se que, no exercício da
docência, temos que estudar muito o nosso campo de conhecimento e articulá-lo de forma
coerente e criativa com outros saberes, como mostra a proposta (básica) para o Ensino Médio. O
quadro abaixo especifica um modelo de Itinerário Formativo pertencente à Secretaria de
Educação do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Este quadro foi escolhido para ilustrar esta aula
pois, por meio de pesquisas realizadas, está muito bem organizado e com as sugestões
possíveis de itinerários para as escolas. Lembrando mais uma vez que os itinerários são
definidos como componentes eletivos.
Itinerário Formativo. Fonte: Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul ([s. d.]).
Disciplina
Aprofundamento voltado para o mercado de trabalho. Fonte: adaptado de SAE Digital (2002).
Cada instituição educacional tem autonomia para definir quais serão os Itinerários Formativos.
Estes são disponibilizados após a realização de um levantamento com os estudantes sobre
quais seriam os campos de interesse e, depois, será o próprio aluno e aluna quem definirá qual é
aquele que deseja seguir. Organiza-se um cronograma para a realização e divulgam-se
informações acerca da carga horária dos Itinerários Formativos. Isso posto, a escola escolhe as
atividades que melhor se encaixam em sua realidade para o oferecimento dos itinerários. A
metodologia mais indicada é a de projetos, que proporciona esse desenvolvimento de forma
integral porque apresenta proposta para cada área de conhecimento, porém, partindo de
problematização e levando em consideração os componentes do Ensino Médio.
A forma como cada tarefa será conduzida em cada projeto integrador proporciona um modo
diferente de construir os conteúdos, desenvolvendo competências e habilidades previstas na
BNCC e oportunizando a participação mais ativa do estudante. Dentro do itinerário formativo
temos o Projeto de Vida, que será trabalhado através de atividades que desenvolvam o senso de
responsabilidade, valores, ética e cidadania. Ele é parte obrigatória do E.M.; não necessariamente
será um componente, matéria ou disciplina, porém, deve ser abordado de alguma forma em
todas as fases do Ensino Médio. Ele é o responsável pelo desenvolvimento das competências
socioemocionais que vão possibilitar a trajetória acadêmica, profissional e emocional do aluno.
Ele é o componente que permeia todo o conhecimento a ser desenvolvido no E.M. e cabe ao
professor conduzir o estudante a desenvolver esses valores, seja sozinho ou com a ajuda de
outros professores, abrangendo vários campos de conhecimento.
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Pessoal: o que nos move é o nosso propósito, ou seja, aquilo que nos inspira. Ele deve guiar
suas escolhas, ser a base de seus objetivos.
Social: os jovens devem refletir sobre ações interpessoais, não só consigo mesmos, mas
com suas famílias e colegas, com sua relação com o mundo, e perceber o impacto que
essas relações provocam.
Profissional: este pilar trabalha de forma orgânica e será mais fácil se os dois anteriores
tiverem sido bem trabalhados. Temos que identificar as aptidões, gostos, tendências, e qual
é o caminho deste aluno.
Este processo ressalta ainda mais o protagonismo, ou seja, ouvir o estudante e, a partir disso,
construir o caminho para manter este protagonismo e o foco da escolha. No Projeto de Vida, é
visível a transdisciplinaridade, pois é o ponto principal, assim como em todo Itinerário Formativo,
nas trilhas de aprofundamento e nos eixos estruturantes. Não existe competência específica
para o Projeto de Vida, mas ela acaba perpassando todas as áreas e, por isso, temos que
amalgamar nossas aulas (conhecimentos) com as aulas (conhecimentos) de outras áreas do
saber, e ver como elas podem auxiliar dentro do Projeto de Vida. Todas as disciplinas estão
interligadas, cabe ao professor abrilhantar suas aulas com seu conhecimento genérico sobre
vários assuntos, mas não perder o foco de sua área de conhecimento.
Saiba mais
Disciplina
Formar para o mundo do trabalho é uma poderosa ferramenta para a inserção dos jovens em
profissões qualificadas e para a redução das desigualdades sociais e, como retoma a BNCC,
para o desenvolvimento das competências gerais e específicas que poderão inserir os jovens
num mundo do trabalho cada vez mais complexo. Em uma lista de 96 profissões, publicadas na
reunião que ocorre na Suécia, o Fórum Econômico de Davos, algumas profissões terão um
crescimento mais acelerado e com maior volume de vagas, enquanto outras terão um volume
menor.
No primeiro grupo, o relatório destaca profissionais como os de Inteligência Artificial, Transcrição
Médica, Cientistas de Dados, Especialistas de Sucesso do Consumidor e Engenheiros Full Stack:
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Portal gov.br, [s. d.]. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/. Acesso em: 4 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. PNLD Conectado 2021: Novo Ensino Médio. Brasília, 2019.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/outubro-2019/127821-9-mec-pnld-sebastiao-
vitalino-apresentacao-pnld-conectado-2021-novo-ensino-medio/file. Acesso em: 30 jan. 2023.
CONEXIA. Como trabalhar o projeto de vida na escola? Conexia Educação, 2021. Disponível em:
https://blog.conexia.com.br/projeto-vida. Acesso em: 23 dez. 2022.
CONEXIA. Itinerários formativos do Novo Ensino Médio. E-book. Conexia Educação, c2021.
Disponível em: https://conteudo.conexia.com.br/az-ebook-itinerarios-formativos-do-novo-ensino-
Disciplina
Aula 3
Projeto de Vida
Introdução
Disciplina
Você já teve um projeto de vida? Na sua adolescência e juventude, planejou sua vida profissional
e pessoal? No Novo Ensino Médio, os estudantes terão a oportunidade de construir seu Projeto
de Vida contando com o apoio dos docentes, que nessa atividade pedagógica são identificados
como tutores. Nesta aula, será possível identificar a proposta e sua metodologia de
implementação durante os três anos do Ensino Médio. O Projeto de Vida tem como objetivo
apoiar os estudantes na descoberta de suas motivações, identificar suas aspirações e desejos
para suas vidas e, com o auxílio da escola neste projeto, organizar um planejamento para
alcançar suas metas. No Projeto de Vida, constam as habilidades e competências à luz da BASE,
associadas aos Itinerários Formativos. Bons estudos!
O Projeto de Vida é um itinerário formativo obrigatório, e deve estar presente nos três anos do
Ensino Médio. Esta atividade pedagógica foi pensada para ser trabalhada na escola e para
auxiliar o estudante a projetar seu futuro, refletir sobre seus sonhos, necessidades, entender o
mercado de trabalho e como é possível “chegar lá”. Além disso, ela busca o desenvolvimento
integral do estudante, sua relação com o outro e a sociedade, o aperfeiçoamento de
competências, oportuniza exercitar sua visão de mundo e autonomia. Cabe ao professor
possibilitar essa construção, ser o mediador desse processo, apresentar conhecimentos
passados para que o estudante compreenda o presente e projete o futuro. As escolas devem
planejar a aplicação desse itinerário formativo, preparar seu corpo docente, oferecer recursos
para que o estudante possa compreender onde está e tomar decisões para saber aonde quer
chegar e como fará isso, além de desenvolver sua relação com a natureza, a sociedade, a
política, a cultura, e com o outro. O Projeto de Vida, uma atividade pedagógica, deve ser
trabalhado de uma forma que permita que as quatro áreas de conhecimento se interliguem e
contemplem os “Eixos Estruturantes”, que são:
O Projeto de Vida é incorporado à matriz curricular e oferecido, em média, em duas aulas por
semana. É baseado em três pilares: pessoal (autoconhecimento), social (vida em sociedade) e
profissional (mundo do trabalho), que vão servir de referência para a elaboração das aulas ao
longo do ano, e devem ser interpretadas de forma flexível.
A implementação pode se dar através de projetos específicos, escuta dos estudantes, suas
dúvidas e anseios, trajetória e cultura local. Junto a isso, deve-se possibilitar a formação
continuada dos professores a fim de capacitá-los para atuar nas atividades.
Os docentes não precisam ter formação específica, podem ser de qualquer disciplina, pois o
mais importante é que estejam atentos para auxiliar o estudante nesta jornada e possam
colaborar, de forma efetiva, na construção dos Projetos de Vida, desenhando metas, objetivos e
esclarecendo as dúvidas que forem surgindo.
Não existe o “projeto ideal”, pois cada projeto deve ser individual, pessoal e atender aos anseios
do estudante. Haverá muitos projetos e o principal é que, ao final dos três anos, o estudante
possa se sentir seguro em caminhar profissionalmente em suas escolhas e aprofundar seus
conhecimentos, vivenciando uma convivência social e interpessoal com empatia e cidadania. As
escolas, frente a esta atividade pedagógica, perguntam se há verba complementar para esta
implementação. A resposta é não: não há verba específica para implementação do Projeto de
Vida. Entretanto, as escolas estaduais podem receber recursos (mediante adesão e documentos
específicos – PDDE) para implementação dos itinerários formativos, e utilizar parte dos recursos
para aquisição de materiais que serão utilizados nos encontros do Projeto de Vida.
Os docentes não precisam ter formação específica, mas é importante experiência docente,
habilidades, disposição para pesquisar, atender às dúvidas, pesquisar temas, propor
discussões.
O Projeto de Vida faz parte dos Itinerários Formativos, e as escolas devem proporcionar
momentos para escuta dos alunos, suas dúvidas e anseios, a fim de que consiga estabelecer os
temas das eletivas e direcionar os trabalhos dos encontros de Projeto de Vida.
É importante que a comunidade escolar conheça seu entorno, a cultura local e as necessidades,
para que possa auxiliar com possibilidades de parceiros (locais ou não, instituições públicas e
privadas) que vão fortalecer e colaborar na construção do Projeto.
Cabe às instituições escolares elaborar como o Projeto de Vida acontecerá. Não há uma “ordem”
de aplicação dos conteúdos, mas é extremamente importante que haja um planejamento das
ações e formação continuada dos professores. As formações podem ocorrer com encontros
mensais para esclarecimentos, dúvidas, trocas entre as escolas sobre como estão
desenvolvendo as atividades. Também é possível que essas formações sejam oferecidas por
sistemas de ensino (geralmente escolas particulares), instituições parceiras (Fundações e
Institutos) e o Ministério da Educação.
Veja esta sugestão que contribui para a visualização de um plano para a realização do Projeto de
Vida. Na tabela a seguir, inserem-se os pilares da educação – conhecer, conviver, ser e fazer –
descritos no Relatório Delors, publicado pela UNESCO. Estes pilares dialogam com as dez
competências gerais da BASE. As estações são como etapas a serem dialogadas por meio de
jogos ou dinâmicas que terão um tema específico. Não é preciso apresentar esta tabela aos
Disciplina
estudantes, mas ter como sugestão e referência para os docentes organizarem seus encontros.
Esta tabela pode atender ao 2º e 3º anos do Ensino Médio e, para o 1º, utilizamos apenas as
estações que aparecem com o símbolo #, aprofundando os temas e direcionando para o projeto
individual.
Construção do Projeto
Disciplina
Como sugestão, é importante apresentar aos alunos a proposta do Novo Ensino Médio, as
mudanças que irão ocorrer, o aumento da carga horária e a distribuição que será contemplada.
Fazer uma apresentação que estimule o engajamento dos estudantes, incentive sua participação
nas atividades, ouça suas expectativas e anseios, estimule seu protagonismo e sua autonomia.
Essa apresentação pode ocorrer de diferentes formas (apresentação de slides, conversa com os
professores, cartazes pelas escolas, filmes, jogos, entre outros). A escuta aos estudantes deve
acontecer ao final do 9º ano para que, quando ingressarem no Ensino Médio, a matriz curricular
tenha contemplado as aulas de Formação Geral Básica (as que contemplam as 1800 horas) e
Itinerários Formativos (incluindo tempo para as eletivas e Projeto de Vida). A equipe de gestão
deve fazer um mapeamento de sua infraestrutura, analisar a formação de seu corpo docente
para verificar quais poderão trabalhar com os Itinerários Formativos (eletivas e Projeto de Vida),
promover encontros de discussão e definir as possibilidades de oferta de eletivas. Com o
mapeamento feito, promover o “Feirão de Eletivas” para escolha dos estudantes, ou informar os
Itinerários Formativos que a unidade escolar irá ofertar.
Em relação ao Projeto de Vida, por ser um itinerário obrigatório, é importante que o(s) docente(s)
escolhido(s) saiba(m) apresentá-lo de forma a estimular a participação de todos e que os
estudantes possam compreender a importância de tratá-lo com seriedade.
Quando se trata da “educação além dos muros”, é importante conhecer e compreender o
contexto local, não somente a escola ou o bairro, mas a cidade, a cultura, os costumes, pois será
esse conhecimento que irá nortear todo o trabalho.
O Novo Ensino Médio tem como objetivo a formação integral do estudante, sua autonomia e a
preparação para o mundo do trabalho. Pensando nisso, é possível citar como exemplo as
cidades com foco no agronegócio: as eletivas, os parceiros e o Projeto de Vida são pensados e
elaborados a partir dessas necessidades.
Disciplina
Exemplo:
Exemplos de eletivas (de acordo com a região). Fonte: elaborado pela autora.
Disciplina
1. Apresentar o colega. O aluno apresenta o colega que está ao seu lado (direito ou
esquerdo): nome, idade, características (a visão que o outro tem de mim).
1. Peças do carro. Em roda, o professor, com um rolo de barbante, diz seu nome, “qual parte
do carro é” e por quê (ex.: sou Andréa, sou o volante do carro, e vou guiar esse trajeto – ou
os alunos podem sugerir qual peça de carro é você). Na sequência, segura a ponta do
barbante e entrega o rolo a um aluno que faz a mesma ação, porém não pode repetir a
peça, e assim a dinâmica segue até que todos tenham se apresentado. Ao final, todos
estarão ligados pelo barbante.
1. Mímica. Dois grupos recebem um saquinho com a descrição do que deverão apresentar
(animais, nome de filme, personalidades, ações, sentimentos, etc) – forma de conhecer a
turma, trabalho em equipe, como lidam com tempo, com derrota, etc.
1. Carregando as cargas dos outros. Alunos divididos em grupo, sentados em roda. Cada um
recebe um pedaço de papel e uma caneta. Cada um deve escrever (sem o outro saber): “O
Disciplina
meu problema é ... (preencher com seu problema ou suposto problema)”. Em seguida,
colocam o papel dentro de uma caixa (ou saco). Feito isso, cada aluno deverá pegar um
papel, ler o problema em voz alta e tentar achar uma solução. Os colegas podem ajudar
com outras propostas.
1. Carta para o “passado” e para o “futuro”. O estudante escreve uma carta ao seu passado,
faz um diálogo consigo e reflete sobre o que já viveu, ou faz uma carta para seu futuro com
seus desejos pessoais, profissionais, etc...
1. Desenho. O professor explica que nossa vida é uma janela, dividida em quatro
compartimentos, que vão desde a maior clareza sobre si mesmo até a maior escuridão.
Depois conta uma parábola, como exemplo, a do homem que perdeu a pulseira de ouro e
estava procurando em sua casa; não encontrando, pediu aos vizinhos que o ajudassem a
procurar. Todos estavam revirando a sala, o lugar mais claro e iluminado da casa. Depois
de algum tempo, sem nada achar, perguntaram ao dono da casa: “O senhor tem certeza de
que perdeu sua pulseira aqui?” Ele respondeu: “Mas não foi aqui. Foi lá no quarto de
despejo, só que lá está muito escuro...” Contexto: não adianta a pessoa procurar a solução
dos seus problemas onde a solução não está, só porque parece mais fácil e prático. É
preciso enfrentar sua escuridão e levar claridade para esta região sombria.
Responder:
Disciplina
Com esses exemplos e sugestões, tudo ficou mais claro, não é mesmo?
O Projeto de Vida no Ensino Médio pode mudar alguns ciclos familiares, abrindo portas para a
realização de sonhos e objetivos de muitos estudantes. A organização de possibilidades de
aprofundamento de estudo, atendendo aos interesses dos alunos e alunas e detectados pela
escola, oferta possibilidades de escolhas profissionais, bem como a continuidade dos estudos
na universidade. Esta atividade pedagógica atende às 1200 horas do currículo flexível e pode ser
implementada desde o Ensino Fundamental nos anos finais, se a escola assim desejar. Quanto
mais oportunidades de promover a responsabilidade pela aprendizagem, pelas escolhas
profissionais, reconhecendo os anseios e aspirações individuais, mais sucesso na vida pessoal,
social e profissional o aluno terá. Venha saber sobre o Projeto de Vida e muito mais nesse vídeo
incrível.
Saiba mais
Disciplina
Esta figura sintetiza os tópicos do Projeto de Vida. Cabe ao professor estimular e incentivar os
estudantes a registrarem aos poucos seus Projetos de Vida. É importante lembrar que não é uma
Disciplina
tarefa fácil, pois muitos adolescentes e jovens não tiveram a oportunidade de vivenciar situações
que propiciem uma reflexão sobre seus desejos, anseios e o caminho a ser seguido
profissionalmente.
Leia o artigo Juventude, projetos de vida e ensino médio e saiba ainda mais sobre o Projeto de
Vida no Ensino Médio.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
www.mec.org.br/BNCC. Acesso em: 30 jan. 2023.
BRASIL, Ministério da Educação. PPDE Interativo. MEC, [s. d.]. Disponível em:
https://pddeinterativo.mec.gov.br/. Acesso em: 30 jan. 2023.
DELORS, J. Relatorio para a UNESCO da Comissão internacional sobre educação para o século
XXI. 10ª Ed. São Paulo: Cortez/MEC/UNESCO, 2006.
ICE. Nossas publicações. Instituto de corresponsabilidade pela educação (ICE), c2021.
Disponível em: https://icebrasil.org.br/publicacoes/. Acesso em: 9 jan. 2023.
LEÃO, G.; DAYRELL, J. T.; REIS, J. B. dos. Juventude, projetos de vida e ensino médio. Educação &
Sociedade, v. 32, p. 1067-1084, 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/es/a/Jr9sGWbKhNRCFwFBMzLg34v/abstract/?lang=pt. Acesso em: 25
jan. 2023.
MOVIMENTO PELA BASE. Novo Ensino Médio: materiais de apoio à implementação para
Secretarias, gestores e professores. Livro digital. [S. l.]: Movimento pela Base, 2022. Disponível
Disciplina
em: https://observatorio.movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2022/10/curadoria-
ensino-medio.pdf. Acesso em: 30 jan. 2023.
SAE Digital. Guia completo sobre o novo ensino médio. Livro digital. [S. l.]: SAE, 2002.
SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Conhecimento, 2020.
Aula 4
Metodologias Ativas
Introdução
Ao longo das aulas estudadas nesta disciplina pudemos perceber a necessidade de dar aos
estudantes um protagonismo, ou seja, colocar o aluno e aluna no centro do planejamento das
situações previstas a fim de desenvolver habilidades e garantir competências. Desde a Educação
Infantil até o Ensino Médio, ocorre uma crescente complexidade nas resoluções de problemas,
na identificação e comparação de objetos de conhecimento.
Na Educação Infantil, o brincar é um direito que permite aprender explorando, convivendo,
conhecendo a si mesmo, participando. No Ensino Fundamental isso também acontece, porém
com situações que envolvem a escrita. Em todos os momentos e em todas as áreas do
conhecimento, o protagonismo do estudante deve ser um fato. A participação dos alunos e
alunas depende da organização intencional das oportunidades do docente. Podemos considerar
Disciplina
Participação e aprendizagem
O termo “metodologias ativas” não é novo. Há uma variedade de autores, filósofos, biólogos,
professores e pesquisadores que, ao longo do século XX, demonstraram em suas publicações e
práticas que as pessoas aprendem de forma ativa e diferente, a partir do contexto em que se
encontram. Em algumas obras é possível encontrar direções para uma aprendizagem
significativa, com destaque para um processo ativo, um protagonismo, uma participação dos
alunos e alunas, orientando a atuação do professor e professora com diferentes formas de
práticas pedagógicas.
Crianças e jovens estão sempre jogando e compartilhando estas experiências lúdicas. Desde um
boliche sem números, evoluindo para pinos com números e a soma dos que foram derrubados,
até a vivência de um jogo semelhante para cadeirantes, a criança passa pela experiência lúdica e
reconhece o valor do prazer encontrado no jogo. As recentes pesquisas em neurociência
comprovam que toda aprendizagem é de alguma forma ativa. Todo ser humano quer aprender,
mas é preciso que haja paixão, emoção, que desafie e surpreenda. A utilização de metodologias
ativas contribui para redesenhar a forma de ensinar e de aprender, relacionando a organização da
escola, seus espaços, o currículo e os recursos pedagógicos a serem utilizados. Mas quais são
as metodologias ativas? Moran (2019) apresenta alguns exemplos:
1. 1.
2. 2. Aprendizagem invertida.
3. 3. Metodologia baseada em projetos.
4. 4. Metodologia baseada em grupos.
Disciplina
Metodologias ativas
Disciplina
1. Tutoria: os estudantes e cada etapa de sua educação formal contam com o apoio de
profissionais como professores orientadores para desenhar caminhos a serem percorridos.
Esta tutoria é um movimento que auxilia o estudante a ir ao encontro das próprias
necessidades e interesses, e lidar com suas fraquezas ajudando a construir uma trilha de
estudo para o desenvolvimento das competências mais amplas. Professores e professoras
que possam assumir a orientação de estudos do aluno constroem com ele um roteiro de
estudos e de escolhas, haja visto que nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino
Médio ele fará escolhas quanto aos objetos de aprofundamento e realização de etapas
para o caminho exitoso de seu Projeto de Vida.
2. Aprendizagem invertida: é um processo no qual os estudantes transferem para o digital o
que foi explicado em uma aula presencial. A partir do acesso a portais, blogs, plataformas,
eles realizam pesquisas e atividades que aprofundam um tema, com a orientação do
professor no ambiente educacional. O docente também propõe um assunto a ser
Disciplina
pesquisado e pode trazer um vídeo ou um texto para ser debatido em sala de aula,
provocando reflexões que podem gerar novos conhecimentos.
3. Baseada em projetos: os estudantes se envolvem em problemas ou desafios de sua
comunidade ou algo que tenha relação com a vida nela. O interessante é que uma
metodologia ativa que concentra a aprendizagem em projetos permite a
interdisciplinaridade, unindo áreas do conhecimento para solucionar ou propor um
caminho. O trabalho coletivo e colaborativo é um ponto fundamental na realização de um
projeto. Assim, os estudantes vivenciam habilidades e competências como o
desenvolvimento do pensamento crítico, a comunicação, a argumentação, a empatia, a
responsabilidade e a cidadania. Os projetos podem ser reais ou simulados, investigativos
ou explicativos, para responder a questões ou construtivos, criando algo novo.
4. Baseada em grupos: uma atividade que envolve grupos de alunos e alunas acessando
individualmente conteúdos específicos e, depois, discutindo em equipes em busca de um
consenso. O docente sugere conteúdos e faz intervenções durante os debates nos grupos,
complementando algum ponto ou apresentando alguns problemas ou questões. A
avaliação nesta metodologia se dá individualmente e em grupo. Um destaque é o
envolvimento e a responsabilidade de todos, além do desenvolvimento de habilidades
como seguir regras, respeitar a ideia de outros, exercer a argumentação, etc. Outras formas
de se trabalhar em grupos é realizar um estudo de caso, criar vlogs, gerar ideias para um
problema social.
5. Jogos e cultura maker: O jogo pode ser compreendido como uma atividade física ou
mental, que se caracteriza por ter um objetivo e uma regra a cumprir. O jogo é um grande
facilitador para a aprendizagem, pois permite ao aluno (ou o jogador) agir com
espontaneidade, pensar de forma individual, porém, respeitando as regras e a proposta do
jogo da vez. Há uma grande variedade de jogos, indo desde culturas extremamente antigas
a temas bastante atuais, proporcionando um enorme currículo interdisciplinar que parte do
interesse das próprias crianças ou jovens para algo que desperta a curiosidade e o
interesse por sua própria história e existência. Jogos tradicionais, de tabuleiro, adivinhação,
digitais, entre outros, promovem a interação e a imersão na tarefa. Fazer descobertas, criar
produtos, usar materiais já conhecidos para novos usos. Dentro de jogos há uma área
chamada “gamificação”, cuja definição é pensar em como usar ferramentas de jogos fora
dos jogos, incentivando a busca de soluções. A cultura maker significa FAZER, ou seja, faça
você mesmo. O maker utiliza-se de ferramentas digitais para o desenvolvimento de
projetos, de novos produtos, utilizados nas áreas de matemática, ciências, tecnologia,
engenharia e artes. Incluem-se neste grupo: seminários, debates, teatralização, estudo de
caso e projetos.
Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo
computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no
aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet.
Saiba mais
1. Atividades para motivação, ou seja, os estudantes devem querer fazer o projeto. Para tanto,
devem acreditar na proposta, envolver-se, ter o compromisso para concluir atividades que
Disciplina
Indicação de leitura:
MORAN, J. Metodologias ativas de bolso: como os alunos podem aprender de forma ativa,
simplificada e profunda. São Paulo: Editora do Brasil, 2021.
Referências
Disciplina
Aula 5
Revisão da unidade
Disciplina
Nosso estudo sempre remete às dez competências gerais que a Base Nacional Comum
Curricular apresenta como cenário principal para toda a educação básica, a saber Educação
Infantil, Fundamental anos iniciais e anos finais, e o novo Ensino Médio.
Disciplina
sistematizados. Agora no Ensino Médio, além dos componentes curriculares, os alunos são
convidados a tomar decisões quanto a sua vida pessoal e profissional.
A atuação do professor mediador ou tutor do Projeto de Vida auxiliará nas decisões que o jovem
assumirá em sua vida. É o ápice do protagonismo que, na BNCC, é desenvolvido desde a
Educação Infantil e intensificada no Ensino Médio com a vivência de metodologias ativas. O
docente atuante no Ensino Fundamental e Médio tem selecionado e criado situações envolvendo
práticas pedagógicas que mobilizam os conhecimentos, exercitam as habilidades e, por fim,
desenvolvem as competências gerais. Neste momento, a unidade encerra esta jornada, pois o
docente já compreendeu que as habilidades encaminham as práticas pedagógicas; que as
práticas pedagógicas promovem a participação ativa dos estudantes; que incluem o momento
da avaliação e autoavaliação; e, finalmente, que as competências devem estar presentes em
todos os momentos do planejamento, seja ele bimestral ou mensal.
Identificar, avaliar e planejar propostas de trabalho colaborativo com outros profissionais que
visem a equidade e a atuação junto à comunidade. Neste vídeo vamos utilizar o Projeto de Vida
como exemplo de um trabalho docente colaborativo, entre outros assuntos e exemplos
interessantes. Vamos lá!
Estudo de Caso
Disciplina
ser de uma disciplina só, pois projeto é uma metodologia ativa que requer alguns passos. A
coordenação então decidiu por apresentar uma pergunta à equipe de docentes: quem já fez um
projeto para sua vida? O que deu certo? O que deu errado? O que faltou?
______
Reflita
Como você acredita que os docentes reagiram frente a esta questão apresentada pela
coordenação?
Podemos orientar um Projeto de Vida aos estudantes se não vivemos uma experiência como
esta?
O Projeto de Vida tem a ver com a missão da escola?
Em que a gestão escolar pode ajudar?
A coordenação da escola foi muito sensível ao perceber que muitos docentes nunca haviam
pensado e feito um projeto de vida, e notou como isto é importante, principalmente junto aos
jovens que completam a educação básica. Os estudantes desta modalidade apresentam um
nível de maturidade e começam a pensar muito mais em seu futuro profissional. Começam a
relacionar o que aprendem ou aprenderam com o que desejam conquistar ou os sonhos que
pretendem realizar.
É um momento difícil para os estudantes e para os docentes, que também começam a viver uma
pressão sobre as escolhas profissionais. Ao incluir o Projeto de Vida no Ensino Médio, a área da
Linguagem foi a escolhida para liderá-lo; entretanto, é importante lembrar que este é um
elemento central do Ensino Médio e não deveria estar relacionado a apenas uma área.
Inicialmente, os docentes devem se apropriar desta abordagem e saber que não há uma receita
para trabalhar o projeto. Não teremos um formulário, não teremos material didático, nem
apostilas. Será um trabalho dos estudantes, de registrar a sua jornada de descobertas e
escolhas.
A partir de uma dinâmica com os professores utilizando as três questões apresentadas no
quadro, os professores registraram em um papel as respostas, pensando nas escolhas que
fizeram. Foi um momento de reflexão e sensibilização para a compreensão da atividade. Em
outro momento, a coordenação apresentou os componentes eletivos que poderiam ser
oferecidos aos estudantes, pois aproveitou a aula de despedida do 9º ano e ouviu os alunos e
alunas sobre o que mais gostariam de estudar para atuar profissionalmente. Isto auxiliou na
escolha de componentes e alterações necessárias no contexto da escola.
O Projeto de Vida, atividade pedagógica direcionada aos estudantes, não tem relação com a
missão da escola, mas sim com os interesses e sonhos dos alunos e alunas. Mas a prática
acontece assim: nas reuniões com os docentes, cada professor fica responsável por um grupo
de alunos, que se reunirão às quartas e sextas-feiras no horário final da aula para orientar os
registros individuais e esclarecer pontos cruciais de estudo e visão de futuro. Podem utilizar as
tecnologias digitais para os registros, como também um diário. Quem sabe o docente de Artes
não auxilia na construção desse diário? O tutor, como é chamado o responsável pela turma, deve
ficar atento às competências emocionais, incluindo práticas para auxiliar na realização dos
sonhos possíveis.
A gestão escolar fica responsável pela aproximação de parcerias que irão colocar o estudante
em vivências além do contexto escolar.
Resumo Visual
Disciplina
Referências
Disciplina
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. PNE em movimento, 2014.
Disponível em: https://pne.mec.gov.br/. Acesso em: 24 jan. 2023.
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alcançou a escola? São Paulo: Editora do Brasil, 2019. p.41.
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SOUZA, P. BNCC no chão da sala de aula. Belo Horizonte: Conhecimento, 2020.
TEIXEIRA, S. A formação lúdica de professores. In: Ludicidade, Saúde e Neurociências: visão
contemporânea do brincar a partir de histórias de vida. São Paulo: WAK, 2020.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório Delors para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez, 1996.