Artigo Sobre Transparência Fiscal No 19 CBC
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Artigo Sobre Transparência Fiscal No 19 CBC
RESUMO
A Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF) é considerada um
marco para a gestão pública. Seu contexto de surgimento está relacionado a um período em que havia a necessidade
de impor limites e metas aos gestores. Ela disciplina o relacionamento entre os entes federativos e seus poderes
impondo-lhes limites para os gastos públicos e o alcance de metas fiscais, destaca a participação popular no ciclo
do processo de planejamento orçamentário, e exige a transparência das ações da Administração Pública, além da
responsabilização aos maus gestores. Este trabalho teve como proposta analisar - mediante pesquisas bibliográfica,
documental e de campo - a efetividade da transparência quanto à compreensão dos usuários internos e externos
da informação contábil e fiscal da gestão pública do município de Frei Gaspar - MG, principalmente em relação aos
planos, relatórios e resultados. O estudo evidencia que os usuários internos possuem poucos conhecimentos acerca
da LRF, principalmente no que se relaciona às alterações ocorridas na área em que atuam, gerando comportamentos
profissionais ineficientes quanto à transparência fiscal. O processo de informação externa sobre as origens e desti-
nação dos recursos públicos, é ineficiente. Há dificuldades na identificação e compreensão de dados elementares,
como gastos com folha de pagamentos, com educação e saúde e ainda sobre os níveis de endividamento da Prefei-
tura. Ademais, não há conhecimento acerca dos planejamentos e relatórios públicos. Mesmo com as exigências da
LRF, não houve mudanças substanciais na maneira como as informações financeiras são dispostas para apreciação,
pois os termos empregados nos relatórios públicos divulgados são incompreensíveis pelo cidadão, o que implica na
dificuldade em avaliar tanto o planejamento quanto o alcance dos objetivos. Em síntese, a Transparência ocorre de
forma empírica no interior da gestão e precária no exterior dela, reduzindo-se às exigências legais e não atingindo
sua finalidade primordial junto à população. As constatações obtidas neste estudo podem constituir uma reflexão
para que a administração municipal realize um papel mais didático em relação à evidenciação mais clara de suas
contas e ações, valendo-se de uma linguagem mais compreensível aos cidadãos, visando a almejada transparência
como recurso estratégico de desenvolvimento da nossa incipiente Democracia.
O debate evolui na perspectiva do controle social sobre a forma de governar ao permitir o acompanhamento
do desempenho governamental por causa da obrigatoriedade de divulgação das ações públicas, inclusive em meios
eletrônicos. O princípio da transparência da gestão fiscal é um dos pressupostos básicos para o cumprimento da LRF
que estabelece em seu artigo 1º, § 1º que “a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transpa-
rente”. Esta ação confere diversas contribuições à administração pública, ampliando a possibilidade de participação
social acerca das informações e resultados das políticas e recursos aplicados.
A transparência administrativa constitui peça fundamental na Administração Pública. Neste contexto, na Constituição
de 1988 foi inserida uma série de princípios e regras com vistas a assegurar os direitos fundamentais dos cidadãos e os
deveres de transparência do Estado, por meio do art. 5º, incisos XXXIII, XXXIV e LXXII, que garantem, por exemplo, a todos
o direito de receber dos órgãos públicos informações (dados) de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral.
A transparência é instituída como padrão para as informações relacionadas à Administração Pública. Para Mar-
tins Júnior (2004, p. 05):
A transparência representa, pois, um ritual de passagem de um modelo de administração autoritária e burocrática à
administração de serviço e participativa, em que a informação sobre todos os aspectos da Administração Pública é o
pressuposto fundamental da participação.
O capítulo IX da LRF refere-se à transparência, controle e fiscalização e estabelece regras e procedimentos para
a criação e divulgação de relatórios e demonstrativos de finanças públicas, a fiscalização e o controle, permitindo ao
cidadão avaliar por meio da informação disponibilizada em relatórios, o grau de sucesso obtido pela administração
pública, tomando por base as normas previstas. Assim, a transparência passou a ter função essencial na gestão fiscal.
Ela é também assegurada pelo incentivo à participação da população e pela realização de audiências públicas nos
processos de elaboração, discussão da lei de diretrizes orçamentárias e execução dos orçamentos.
As ações transparentes da Administração Pública estão fundamentadas em planejamentos públicos, cujos resul-
tados devem ser tempestivos, irrestritos e amplamente divulgados nos Relatório Resumido de Execução Orçamentá-
ria (RREO) e Relatório de Gestão Fiscal (RGF). Caso não sejam observados os prazos para divulgação, o órgão público
ficará impedido de receber transferências voluntárias e contratar operações de crédito. (CRUZ, 2009).
A LRF destaca a transparência e o controle dos gastos públicos, objetivando garantir que todas as informações refe-
rentes à gestão financeira e as contas públicas estejam acessíveis à sociedade de maneira clara e eficiente, tanto por meios
eletrônicos quanto pela realização de audiências abertas ao público, além de relatórios, pareceres e prestações de contas.
Conforme Conceição e Ramos (2006), a LRF foi elaborada com o intuito de melhorar a administração das contas
públicas no Brasil e de dar maior transparência aos gastos públicos. Esta Lei exige dos governantes, maior compro-
misso com o orçamento e com as metas apresentadas e aprovadas pelos órgãos competentes. A obrigatoriedade
de elaboração e publicação de relatórios e demonstrativos contábeis visa assegurar aos eleitores, aos credores, aos
investidores e aos cidadãos acesso as informações essenciais ao controle e avaliação dos gastos públicos.
Dos 25% destinados à Educação, 60% dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Bá-
sica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) devem ser destinados exclusivamente para o pagamento
dos salários dos professores, e os 40% restantes ao financiamento de outras despesas. Bem como, a Emenda Consti-
tucional da Saúde (EC 29/2000) estabeleceu a vinculação de um percentual de recursos orçamentários dos diversos
níveis de governo – União, Estados e Municípios – para o financiamento da saúde. Para os Municípios, o percentual de
vinculação é de 15% de sua receita de impostos e transferências constitucionais. (DEBUS e NASCIMENTO, 2001).
Assim com o crescente interesse da sociedade por publicidade e transparência, o governo passa a utilizar a
internet como meio de divulgação das informações e mecanismo de participação popular, interligando cidadão e
gestor público. Afonso, Fernandes (2001, p. 23) destaca que:
O uso da Internet na função pública cria possibilidades extraordinárias de ampliar o controle da gestão fiscal por parte
da população, facilitando o exercício do que tem se convencionado chamar de accountability, isto é, a obrigatoriedade
de prestação de contas ao cidadão.
Os meios eletrônicos têm sido os principais mecanismos de transparência fiscal e que possibilitam à população
conhecimento da realidade da gestão pública, bem como a manifestação de interesses. Entretanto, existem outros
meios para divulgação dos atos administrativos. Dentre eles, destacam-se os principais no quadro abaixo:
Classificação Modalidade
Jornais, revistas, outdoors, cartazes, murais, folhetos, carti-
Meios impressos
lhas e Diário Oficial.
Página do município, Links e banners em páginas de interesse
Via Internet social do município, e-mails para cidadãos que se cadastra-
rem e formação de grupos de discussão.
Meios Presenciais Reuniões comunitárias e audiências públicas.
Televisão e Rádio Horário eleitoral, publicidade e pronunciamentos oficiais.
Painéis eletrônicos na rua e em prédios públicos, cartilhas de
Meios Inovadores
cidadania nas escolas (em todos os níveis de ensino).
Fonte: adaptado de Ensslin, et al 2007.
Quadro 1: Lista de Meios para Geração de Publicidade
3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento deste trabalho foi adotado o método de pesquisa bibliográfica, documental e a de
campo centrada no município de Frei Gaspar – MG, que possui uma população de 5.870 habitantes (IBGE, 2011),
localizado no Vale do Mucuri, região nordeste de Minas Gerais, cujas receitas principais decorrem de repasses gover-
namentais, como Fundo de Participação de Municípios - FPM -, a cota parte do Imposto sobre Circulação de Merca-
dorias e Prestação de Serviços - ICMS-, e o FUNDEF (SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL, 2011).
A pesquisa bibliográfica refere-se a livros, artigos, e dissertações, além de sites na internet, responsáveis
pelos indicadores estatísticos, econômicos, demográficos e sociais de Minas Gerais, e das áreas de Administra-
ção e Políticas Públicas. Também foram consultados relatórios de informações sobre receitas e despesas dos
municípios brasileiros.
A pesquisa documental insere-se devido à análise de instrumentais normativos legais, como Leis, Decretos,
Relatórios Públicos e Sociais. (CONCEIÇÃO, RAMOS, 2006. p. 7).
Internamente, o questionário foi aplicado nas secretarias representativas da Prefeitura Municipal de Frei Gas-
par estendendo-se aos Chefes de Departamento e Diretores. Externamente, aplicou-se o questionário aos cidadãos
atuantes nas Entidades Representativas da Sociedade Civil, englobando Sindicatos, Instituições Públicas Municipais
e Estaduais, além de Associações e Estabelecimentos Comerciais.
O questionário destinado aos usuários internos foi divido em três partes, a saber: I - Caracterização do Entrevis-
tado, II - Informações relacionadas à Compreensão dos Relatórios; e III - Dados relativos à Transparência exigida pela
LRF. O questionário aplicado aos usuários externos também dividiu-se em três blocos: I - Caracterização do Entrevis-
tado; II - Dados relativos à LRF; e III - Opinião aberta ao cidadão.
3.1 A Amostra
Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 147), “a amostra é uma parcela convenientemente selecionada do univer-
so (população); é um subconjunto do universo”.
A escolha da amostra entrevistada foi realizada de maneira aleatória não probabilística. Foram entrevistadas
375 potenciais usuários da informação proveniente do setor público (margem de erro de 5% para mais ou para
menos), sendo 75 usuários internos (servidores das 09 secretarias) e 300 usuários externos distribuídos entre 02
sindicatos, Câmara Municipal, 07 escolas municipais, Conselho Tutelar, Emater, Escola Estadual Salmen Bukzem, 17
associações comunitárias e 34 estabelecimentos empresariais de diversas faixas etárias e níveis de escolaridade,
durante o mês de outubro de 2011, nos órgãos de governo e na população em geral.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesta seção são apresentados e analisados os principais dados da pesquisa realizada no município de Frei
Gaspar – MG.
Na variável Idade, do total dos entrevistados a amostra se apresentou da seguinte forma: 15 pessoas de até 28 anos,
24 pessoas de 29 a 37 anos, 21 pessoas de 38 a 47 anos, 12 pessoas de 48 a 57 anos e 03 pessoas acima de 57 anos.
Quanto às maiores exigências que a LRF determinou ao cotidiano operacional da administração pública, 3 dos
respondentes disseram que a LRF trouxe preocupação direcionada à elaboração das ações públicas; 9 pessoas men-
cionaram somente a execução; outros 9 entrevistados atribuíram somente o controle; 4% afirmou que a preocu-
pação maior foi direcionada ao planejamento; 48% das pessoas disseram que a LRF trouxe maior preocupação
com todos os quesitos e 20% afirmaram não ter havido preocupação maior com nenhum deles. Os resultados são
dispostos na Figura 4.
Sobre a emissão de relatórios aos gestores, 12% afirmaram que emitem relatórios aos gestores diariamente; 8%
afirmou enviar semanalmente; os relatórios são emitidos quinzenalmente por 12% dos entrevistados. Há 12% que
expedem trimestralmente, outros 12% mensalmente, 8% enviam somente se solicitados; enquanto 36% das pessoas
disseram que não expedem relatórios aos seus gestores.
Quanto à agilidade e fidedignidade das informações prestadas após advento da LRF, 28% não responderam à
essa questão; 12% afirmou desconhecer; 8% responderam não ter havido mudanças e, escolher tal alternativa, não
justificaram; 24% disseram que as mudanças ocorreram, porém não informaram a maneira como se deu; 28% con-
cordaram que houve ocorrência de mudanças e justificaram que estas se deram no controle e prestação de contas,
maior responsabilidade e maior rigor no cumprimento das determinações da lei.
Em se tratando da responsabilidade dos profissionais que atuam na área pública, das pessoas entrevistadas, 51
pessoas, afirmaram que a LRF aumentou a responsabilidade dos profissionais da área pública quanto ao cumprimen-
to dos requisitos de transparência, controle e acompanhamento; 15 entrevistados responderam negativamente e 9
afirmaram que o aumento foi parcial, conforme Figura 5.
Sobre as dificuldades trazidas pela LRF, 24 entrevistados não responderam à questão; 9 afirmaram não ter
conhecimento suficiente; 15 disseram que a principal dificuldade trazida pela LRF foi a exigência de transparência
dos atos públicos, 6 afirmaram ser o controle das contas a dificuldade maior; estabelecimento de prazos curtos para
cumprimento das determinações alcançou foi apontado por 15 e falta de qualificação por 6, conforme Figura 6.
Sobre as mudanças nas atividades administrativas, 32% dos entrevistados mencionaram não ter havido mudan-
ças administrativas após as exigências da LRF; 24% desconhecem a situação e 44% afirmaram ter havido mudanças
quanto ao controle dos gastos públicos, maior compromisso e seriedade e maior responsabilidade na gestão.
No que diz respeito à prestação de contas, 12 entrevistados disseram que as prestações de contas são disponi-
bilizadas totalmente aos cidadãos nos quadros de aviso da prefeitura; 15 pessoas disseram que as prestações estão
disponíveis parcialmente; 27 dos respondentes afirmaram que as prestações de conta da Prefeitura não estão dis-
poníveis aos cidadãos, principalmente por desinteresse dos gestores em informar à população ou a fim de encobrir
atos ilícitos; 21 dos respondentes não sabem dizer se há acesso às prestações de contas.
Quanto aos documentos elaborados pela Prefeitura, dos entrevistados, 24% não souberam responder quais
os relatórios são elaborados pela Prefeitura; 8% disseram que todos os relatórios são elaborados, 4% marcaram um
único relatório; 12% disseram que apenas relatório gerencial é elaborado; 52% dos entrevistados informaram que
diversos relatórios são elaborados.
4.1.1 Análise
Quanto aos usuários internos, nota-se que os entrevistados possuem poucos conhecimentos acerca da LRF,
principalmente no que se relaciona às alterações ocorridas na área em que atuam. Essa falta de informação por
parte dos servidores que estão diretamente ligados à gestão, faz com que as deliberações inerentes à transparência
fiscal fiquem comprometidas, reduzindo-se apenas à divulgação obrigatória, não necessariamente dotada de trans-
parência. Portanto, pode-se concluir que, não há uma preocupação efetiva em promover de fato a transparência nos
moldes apontados pela literatura apresentada no presente trabalho.
Ainda corroborando a conclusão alcançada, apontam-se dois outros fatores que comprometem o conceito con-
temporâneo da transparência na gestão pública. Um é a falta de qualificação dos servidores, uma vez que, estes, em
sua maioria, apresentam qualificação decorrente da experiência, fato que prejudica o atendimento das necessidades
de informações técnicas que devem ser geradas para atendimento da LRF. E, outro fator é a ausência de audiências
públicas, que evidencia que apesar da exigência da LRF e dos estudos sobre a transparência, a administração pública
ainda precisa ser motivada para prestar contas à população, ou seja, percebe-se que a atual administração não trata
a transparência como uma obrigação sua, independente de haver demanda da população ou não.
Quanto à dimensão II - Dados relativos à LRF, a pesquisa revela que em se tratando de conhecimento acerca da LRF,
verifica-se que 153 pessoas delas já ouviram falar da LRF; em contrapartida, 108 pessoas nunca ouviram falar da referi-
da Lei, 12 pessoas informaram conhecer bem a lei, enquanto 27 pessoas disseram conhecer pouco, conforme Figura 8.
Quanto ao conhecimento da Transparência Fiscal exigida pela LRF, 120 pessoas informaram conhecer, 147 pes-
soas alegaram não saber e 33 pessoas disseram conhecer parcialmente, conforme Figura 9.
Quanto ao acesso às informações relativas à gestão da Prefeitura, 69 dos entrevistados informaram que pos-
suem acesso às informações; 198 pessoas afirmaram que não têm acesso a tais informações e 33 respondentes
disseram que esse acesso ocorre parcialmente (Figura 11).
No tocante a relatórios de prestação de contas, 87 pessoas disseram que sabem encontrar os relatórios de
prestação de contas da Prefeitura; em contrapartida, 213 pessoas afirmaram que não sabem onde podem encontrar
esses relatórios, conforme Figura 12.
Quanto ao acesso às informações financeiras, 32% dos entrevistados afirmaram que existem informações relati-
vas à Prefeitura divulgadas no mural da mesma; 68% não souberam responder onde ocorre tal divulgação.
Sobre os limites de gastos determinados pela LRF, 12 pessoas alegaram conhecer os limites para gastos com
folha de pagamento; 42 pessoas informaram que conhecem os limites de gastos com educação e saúde; e 6 pessoas
Sobre o conhecimento dos planejamentos e relatórios produzidos pela Prefeitura, 10% (30 pessoas) disseram
ter conhecimentos sobre a LOA; 9% (27 pessoas) afirmaram conhecer o PPA; 17% (51 pessoas) disseram que conhe-
cem a LDO; 3% (9 pessoas) alegaram conhecer o RREO e 2% (6 pessoas) o RGF; 59% das pessoas não mencionaram
conhecer esses documentos.
Em se tratando de avaliação do planejamento e execução no Município, 16% (48 pessoas) informaram que há
parcial possibilidade de avaliação do planejamento e sua execução, desde que haja efetiva divulgação dos dados,
com a transparência necessária e uma maior fiscalização dos órgãos governamentais; 84% (252 pessoas) disseram
não haver essa possibilidade no município devido à falta de interesse dos gestores em divulgar informações à socie-
dade e também pelo desinteresse dos cidadãos.
Na Dimensão III – Opinião aberta sobre perspectivas de melhoria da Transparência Fiscal através da divulgação
de informações, 23% (69 pessoas) opinaram sobre a necessidade de preparar o cidadão para acesso e entendimento
das informações, para melhor fiscalização das ações realizadas pela Prefeitura.
4.2.1 Análise
Quanto aos dados analisados junto aos usuários externos, constatou-se que 51% da população entrevistada
apenas já ouviu falar da LRF, no entanto, analisando as respostas aos questionamentos, percebe-se que apenas 23%
dos respondentes, tem acesso às informações financeiras. Este baixo índice deve-se tanto a falta de oportunidade,
quanto à falta de preparo da população, o que é desfavorável, pois sem conhecimento não há como participar efeti-
vamente e, consequentemente, não há que se falar em transparência.
As determinações da LRF quanto à exigência de informar sobre as origens e destinação dos recursos públicos,
não é completamente seguida, uma vez que as prestações de contas apresentam divulgação deficiente. Os entre-
vistados apresentaram dificuldades na identificação de elementos aos quais têm ou deveriam ter acesso, tais como
gastos com folha de pagamentos, com educação e saúde e ainda sobre os níveis de endividamento da Prefeitura. Não
demonstraram também conhecimento acerca dos planejamentos e relatórios públicos. A grande maioria dos entre-
vistados concorda que a divulgação dos atos administrativo-financeiros é insuficiente no município. Fato que pode
ser comprovado, pois entre os cinco meios existentes para geração de publicidade, a Prefeitura utiliza com relativa
freqüência impressos restritos ao mural.
Percebe-se ainda que mais da metade dos entrevistados concorde que mesmo com as exigências da LRF, não
houve mudanças substanciais na maneira como as informações financeiras são dispostas para apreciação, pois os
termos empregados nos relatórios públicos divulgados são incompreensíveis ao cidadão, o que implica na dificul-
dade em avaliar tanto o planejamento quanto o alcance dos objetivos. Tais resultados mostram que os cidadãos
necessitam de informações mais simplificadas e diretas ao invés de informações técnico-fiscais, como as encontradas
nos demonstrativos publicados.
______ Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 – DOU de 05/05/2000. Estabelece normas de finanças
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