Tatcouto,+1844 5543 1 SM
Tatcouto,+1844 5543 1 SM
Tatcouto,+1844 5543 1 SM
Um descompasso social
Dentre estas práticas, o uso das músicas infantis é uma atividade recorrente, utilizadas de
forma aleatória como sinais para iniciar ou anteceder novas atividades, como mecanismo de ordem
na sala, aviso da hora do lanche, da hora do descanso, e por final, hora da saída.
Nesse cenário, com músicas tão presentes na rotina da Educação Infantil, percebeu-se a
necessidade de uma análise e reflexão acerca de como é inserida esta prática, e de que forma
influenciam nas representações sociais das crianças, tanto as representações positivas como
negativas. Outra inquietação nesse contexto, objetiva conhecer a opinião dos professores sobre a
utilização das músicas infantis no cotidiano das crianças, e assim, discutir a necessidade de uma
visão crítica sobre a importância das produções musicais voltadas à Educação Infantil.
Assim, esse trabalho tem abordagem de cunho qualitativo e método exploratório de estudo
de caso, o qual permite a investigação de um fenômeno contemporâneo por meio de observações
diretas e entrevistas sistemáticas, tem como objetivo refletir sobre as representações sociais contidas
nas músicas infantis, sob a ótica dos professores da Educação Infantil.
O sujeito não se constitui sozinho ele se faz na interação com o meio social, a partir dessa
relação ele se transforma e transforma o meio em que vive numa relação dialética.
O conceito de representações sociais foi criado por Moscovici, em que o autor Perrusi
(1995) citado por Xavier (2002, p. 1) bem o explicou: “uma forma de conhecimento particular,
relacionada a comunicação, a interação social e a socialização”.
Essa discussão é necessária, pois é através da linguagem que o sujeito se faz ser histórico e
social, reiterada pelo conceito vigotskiano em que o pensamento e linguagem são dinâmicos e
responsáveis pela constituição “das funções psicológicas superiores e na construção da
subjetividade” (SOUZA, 1994, p. 94).
Em Vygotsky o uso da linguagem se constitui na condição mais importante do
desenvolvimento das estruturas psicológicas superiores (a consciência) da criança. O conteúdo
da experiência histórica do homem, embora esteja consolidado nas criações materiais,
encontra-se também generalizado e reflete nas formas verbais de comunicação entre os homens
sobre estes conteúdos. A interiorização dos conteúdos historicamente determinados e
culturalmente organizados se dá, portanto, principalmente por meio da linguagem,
possibilitando, assim, que a natureza social das pessoas torne-se igualmente sua natureza
psicológica (OLIVEIRA, 2012, p. 21).
Quando se nomeia alguém ou alguma coisa, ocorre uma classificação, e quando se classifica
a própria posição, esse posicionamento não é neutro, pois se atribui um valor positivo ou negativo
dentro de uma escala de hierarquia. Dessa forma, a ancoragem significa classificar e denominar os
processos.
Ancorar é, pois, classificar e dar nome a alguma coisa que não são classificadas e que não
possuem nome, são estranhas, nãos existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras. (...) O primeiro
passo para superar essa resistência, em direção à conciliação de um objeto ou pessoa em uma
determinada categoria, de rotulá-lo com um nome conhecido. (...) Pela classificação do que é,
pelo fato de se dar um nome, nós somos capazes de imaginá-lo, de representá-lo
(MOSCOVICI, 2003, p. 62).
Ao trazer para o real o conceito que está no campo do pensamento formam-se novas
categorias, com o objetivo principal de classificar e dar nomes. Assim, as opiniões e interpretações
das ideias ou dos seres não-familiar requer a formação de categorias, que para Moscovici (2003, p.
70) “de tal modo que a entidade nomeada possa ser integrada na sociedade dos conceitos”.
Para Valençuela (2012) a representação social não pode se configurar apenas como
reprodução do comportamento, é caracterizada como uma reconstituição, uma transformação que
representa a cultura de um grupo. Essa cultura é produzida coletivamente.
Nos espaços educacionais as músicas infantis estão muito presentes, traz em seus discursos
conhecimentos do senso comum impregnados de ideologias, que são usadas como instrumentos de
dominação, de conteúdos, de valores morais.
E essa realidade está impregnada de ideologias, pois a palavra, além de ser um instrumento
para representar a consciência, também serve para propagar ideias que privilegiem determinados
grupos.
Bakhtin (1995, p. 37) coloca que também é necessário fazer uma análise crítica “da palavra
como signo social para compreender seu funcionamento como instrumento da consciência”.
A ideologia do cotidiano se expressa por meio de cada um de nossos atos, gestos ou palavras,
permitindo que os sistemas ideológicos constituídos (moral, arte, religião, politica, ciência...)
cristalizam-se a partir dela. Dizendo de outra maneira, os sistemas ideológicos constituídos e a
ideologia do cotidiano se reconstroem mutuamente, numa interação dialética constante
(SOUZA, 1994, p. 115).
Para Oliveira (2012) a teoria vigotskiana pressupõe que os fenômenos são percebidos como
processos em movimento e mudança, no qual existe a mediação, decorrente do uso dos
instrumentos e dos signos, mecanismos estes, que transformam a vida social e cultural da sociedade.
Portanto, buscou-se demonstrar alguns trechos das letras de músicas que tratam a questão do
gênero masculino e feminino, a definição dos papeis de homens e mulheres na sociedade:
Música 1: A Galinha Pintadinha e o Galo Carijó. A galinha usa saia e o galo paletó. A galinha
ficou doente e o galo nem ligou (RIBEIRO, 2007, p. 1).
Música 2: Pombinha Branca, que está fazendo? Lavando roupa para o casamento (ALMEIDA,
1998, p. 9).
Música 4: Sapo jururu na beira do rio, quando o sapo grita, ó maninha! É que tá com frio. A
mulher do sapo, também tá lá dentro, fazendo rendinha, ó maninha! Pro seu casamento
(PERES; TATIT, 2009, p. 13).
Importante ressaltar que a escola reforça essa diferença entre meninos e meninas nas práticas
pedagógicas, em que existem os brinquedos das meninas e os brinquedos dos meninos, a fila das
meninas e dos meninos, a cor das meninas e a cor dos meninos. As músicas apresentadas acima são
muito difundidas no meio pedagógico da Educação Infantil. Nos quatros trechos apresentados,
percebe-se claramente a posição que o sexo feminino ocupa, ou seja, sempre a realizar trabalhos
domésticos lavando, cozinhando, costurando, enquanto o sexo oposto se ocupa de outros afazeres.
As representações ligadas ao gênero feminino estão, em sua grande maioria, determinadas pela
superação dos vários papéis os quais as mulheres assumem em tempos atuais, ou seja, uma
mulher deve ser mãe, trabalhar o dia todo, ser esposa dedicada, manter-se jovem e bonita e
ainda desejável ao seu parceiro. Quantos as representações masculinas, versam sobre o
sustento do lar e a atividade sexual. Um homem deve ser o provedor do lar, dar conforto a sua
família e ainda ser potente sexualmente para sentir-se um verdadeiro homem, a semelhança
com o padrão de masculinidade de séculos passados não é mera coincidência (ARAÚJO;
ANADON, 2012, p. 5).
Por mais que as mulheres tenham conquistado sua emancipação em vários setores da
sociedade contemporânea, ainda se faz presente no imaginário das pessoas, a visão de mulher
prendada, mesmo depois das conquistas dos direitos civis e de muitas mudanças no campo social.
Como explanado anteriormente, uma das funções das representações sociais é a função de
orientação, que para Abric (1998) guiam os comportamentos e as práticas, conceito este, claramente
evidenciado nos trechos das músicas.
Entende-se dessa forma, que através da palavra todos os valores vão se cristalizar e o
professor nesse processo fica como mediador da relação, a qual reforça a diferença de gêneros no
sentido de direitos e de possibilidades dentro da cultura.
Outra questão que pode ser observada nas melodias infantis é o controle do corpo.
Conforme Craidy e Kaercher (2001, p. 126), em determinada escola as crianças ouviram a seguinte
música para aprenderem a se comportar: “tchu tchu tchu...” ou, “guarda, guarda, guarda bem
direitinho...” ou ainda, “pego a chavezinha tranco a boquinha (...)”
Qual é o sentido dessas músicas? Por que há ritualização das práticas pedagógicas e por que
são realizadas indiscriminadamente sem serem repensadas? Como afirmam Craidy e Kaercher
(2001, p. 125). “as regularidades observadas diariamente são incorporadas como absolutamente
normais, enquanto os conhecimentos novos são ignorados e rejeitados pelo pensamento habitual”.
A educação musical deve, antes de mais nada, desenvolver nas crianças a alegria
proporcionada pela música, a alegria pelo belo, pelo lúdico, pela auto experiência criativa nos
espaços da música. As canções e as práticas pedagógicas repetitivas. Como educadores
musicais, devemos “capacitar” nossas crianças para a alegria pessoal pela música (MELO;
ALMEIDA, 2013, p. 24163).
A segunda função das representações, para Abric (1998), é a função do saber, a qual
possibilita a compreensão da realidade, esta, permite que as pessoas aprendam novos
conhecimentos de acordo com suas capacidades cognitivas. No caso da citada música, as crianças
são conduzidas para uma “ordem”, aprendem a ser submissas, na situação de quem tem o poder é o
Para a análise do sentido de tal prática dos professores, tão recorrente nas salas de Educação
Infantil, utiliza-se de alguns questionamentos de Oliveira (2012, p. 25):
Como a criança aprende o discurso de outrem? Como ela experimenta as palavras do outro na
sua consciência? Que concepção de mundo se explicita na sua linguagem? Como sua palavra
revela a ideologia do cotidiano? Como essas manifestações da ideologia do cotidiano
questionam ou alimentam os sistemas ideológicos constituídos? Enfim, como se articula a
consciência da criança com a lógica da comunicação ideológica?
Essas indagações levam à reflexão sobre qual é a concepção que o professor tem de
educação na infância, e de que forma se utiliza o poder que possui como pessoa fisicamente mais
desenvolvida. O diálogo que deveria nortear as relações de aprendizagem torna-se um monólogo,
claro do professor, a criança fica à espera de poder se comunicar apenas quando solicitada. Essa
relação assimétrica reflete o tipo de opressão que as crianças vêm sofrendo nas escolas infantis e
também na sociedade.
A análise seguinte refere-se a questão do consumo, em que o sujeito é avaliado pelas coisas
que tem e acaba por se apropriar dos valores capitalistas de alienação.
A barata disse que tem sete saias de filó
A música segue com oito estrofes nas quais a barata continua a ostentar o que não tem,
denota-se assim, como a aquisição e posse de bens de consumo são os grandes mecanismos para
diferenciar grupos e manter a divisão das classes sociais. Essa música pode criar nas crianças uma
ilusão de que as pessoas precisam sempre ter, e não percebem que esse desejo de compra não é um
desejo seu, e sim algo externo que lhe foi incutido por outros.
Representação na qual tem como força principal manter e preservar as diferenças sociais,
pode criar estereótipos nas relações e contribuir à alienação.
A música da barata explica a terceira função das representações, a função identitária, a qual
define a identidade e a proteção da especificidade dos grupos (ABRIC, 1998). Essa função preserva
os processos de diferentes grupos, referindo-se a música, os grupos de poder aquisitivo mais forte,
desmoraliza assim, os que não têm bens materiais.
Para Oliveira (2012, p. 27) esse tipo de situação “reforça a estratificação social e econômica
com base nas interações socioafetivas que ocorrem no interior do contexto escolar”. A competição
evidenciada na música reflete os valores de consumo presentes na sociedade.
A quarta função das representações, a função justificadora, conforme Abric (1998, p. 30)
permite a justificativa das tomadas de posição e dos comportamentos, “a representação tem por
função preservar e justificar a diferenciação social, e ela podem estereotipar as relações entre os
grupos, contribuir para a discriminação ou para a manutenção da distância social entre eles”.
Explica a conduta de um grupo frente a outro, tem relação de competitividade entre os diferentes
grupos, em que novas representações de grupos vão ser criadas, e sob o aspecto da análise da
família, podem criar comportamentos hostis.
Situações como essas mostram a violência, principalmente sob a ótica desse paradigma que
envolve a condição de ser negro no país, ponto observado na letra dessa cantiga popular que tem
um ritmo acelerado e convidativo a dançar:
Plantei uma sementinha no meu quintal,
Ao longo dos tempos, foi ocorrendo a construção das estruturas sociais, unindo-se duas
forças grandiosas, de um lado, tem-se os conteúdos construídos socialmente e que circulam pela
sociedade, e de outro se encontram as forças resultantes do próprio processo de interação social e as
pressões para manter as identidades coletivas.
Sob a ótica de Melo e Almeida (2013, p. 24160) a música Pai Francisco é a “representação
social dos marginalizados e excluídos sociais”, enquanto que Seu Delegado representa a lei
daqueles que usam da força física e da legitimidade do Estado para manter a ordem e os bons
costumes. E nessa relação, para conseguir a “ordem” oprimem, usam da violência física. As
crianças ao cantarem, sempre desejam ser o Delegado, pois, este tem o poder, assim, os pequenos se
apropriam da ideia de poder, dominação e preconceito.
As representações sociais devem ser estudadas articulando elementos afetivos, mentais, sociais,
integrando a cognição, a linguagem e a comunicação às relações sociais que afetam as
representações e à realidade material, social e ideativa a qual elas intervêm (SPINK, 1994, p.
121).
Conforme Souza (2000, p. 27) “ao retornar para si o olhar e as palavras impregnadas de
sentidos que o outro lhe transmite, a criança acaba por construir sua subjetividade a partir dos
conteúdos sociais e afetivos que este olhar e estas palavras lhe revelam”.
Entende-se necessário ouvir alguns professores da Educação Infantil, para que se possa
conhecer o que eles pensam das músicas destinadas ao público infantil. Para tal, fundamentou-se a
análise em entrevistas individuais com 4 professores de Educação Infantil de uma escola da Rede
Municipal de Ensino.
Antes, porém, faz-se uma análise breve do que se está estabelecido no Referencial
Curricular Nacional para Educação Infantil, obtendo-se uma visão mais ampla e critica a respeito da
linguagem.
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar
sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo
entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas
situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz
parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como
fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. A
integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção
de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma
das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto
da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente (BRASIL, 1998, p.
47).
Sujeito 3: Sim utilizo. É na roda né cantamos músicas, cantigas de roda e com planejamento
também eu coloco lá, eu gosto de trabalhar músicas todos os dias para que as crianças possam
relaxar e tomar gosto pela música.
Sujeito 4: Sim. Em vários momentos utilizo às vezes no momento da entrada da roda, às vezes,
nos momentos de brincadeiras como cantigas de roda e também quando surge algum texto
coletivo que a gente vai fazer ou ligado alguma aprendizagem acaba a gente buscando alguma
música relacionada.
Ao longo do tempo, a música na Educação Infantil vem atendendo a vários propósitos. Para
antecipar momentos da rotina, para trabalhar datas comemorativas, para trabalhar conteúdos como
números, alfabeto, dias da semana, etc. como citados nos depoimentos das professoras. A música é
utilizada de maneira indiscriminada, sem objetivos claros. Em nenhum momento nesses discursos
percebe-se o enfoque na importância da música como linguagem que ajuda a promover o
desenvolvimento cognitivo, expressivo, afetivo. A música é vista como recurso disciplinador e
como reprodutora de valores e gestos estereotipados.
A música no contexto da educação infantil vem, ao longo de sua história, atendendo a vários
objetivos, alguns dos quais alheios as questões próprias dessa linguagem. Tem sido, em muitos
casos, suporte para atender a vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e
comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, respeitar o farol etc.; a
realização de comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo simbolizado no
dia da árvore, dia do soldado, dia das mães etc., traduzidos em canções costumam ser
acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianças de forma mecânica e estereotipada
(BRASIL, 1998, p. 46).
A música traz ludicidade às aulas e deve ser utilizada em momentos prazerosos, bem como
torna a aprendizagem mais significativa. Para tanto, o professor deve ficar atento aos conteúdos
dessas canções e não tornar a música apenas um instrumento de organização e transmissão de
conteúdo.
É uma linguagem, um conhecimento que se constrói, não vem pronto. No entanto, o que se
vê na prática escolar, não se configura numa ligação entre a música e as demais práticas do
conhecimento, mas se evidencia a reprodução e imitação (BRASIL, 1998).
Sujeito 2: A música é perfeita, ela pode... ela tem o poder de transformar o ambiente, você
pode conseguir uma agitação e também aquela calma dependendo da música e eu quero utilizar
ainda porque tem mais coisa pra fazer.
Sujeito 3: Porque hoje em dia existe vários tipos de músicas né, então eu acho importante que
as cantigas de roda que foi passada pra mim quando eu era criança e hoje os pais não tem o
costume de cantar para as crianças e tá se desvalorizando, então como professora da educação
infantil eu acho importante que as crianças conheçam esse tipo de música.
Sujeito 4: Porque eu acho muito encantador essa atividade essa aprendizagem liga muito as
crianças ao que tá aprendendo e também amplia o repertório musical das crianças que nem
sempre é escolhido por eles né, a gente escolhe um cantor, um compositor a gente acaba
utilizando as músicas.
Diante das falas, percebe-se a presença constante das músicas na prática pedagógica, sem,
entretanto, a consciência da importância da música no processo de desenvolvimento. Para os
sujeitos a música serve para aumentar o vocabulário, agitar ou para acalmar, para manter a tradição.
Mas não mencionam o desenvolvimento de processos cognitivos, afetivos, motores, estéticos
conforme preconiza o Referencial Curricular: “de modo a garantir à criança a possibilidade de
vivenciar e refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo que também
oferece condições para o desenvolvimento de habilidades de formulação de hipóteses e de
elaboração de conceitos” (BRASIL, 1998, p. 48).
Sujeito 3: É eu busco em livros né, as cantigas geralmente são de roda né ciranda cirandinha,
atirei o pau no gato coisas que já não existem muito, apenas na escola né, então eu faço esse
critério o que eles conhecem conhecimento prévio também, para trazer sempre uma novidade
de música.
Sujeito 4: Então como eu disse a partir do momento que tem uma atividade relacionada a essas
músicas com texto da “Dona Aranha” ou uma linguagem do estudo da dengue a gente acaba
buscando uma música relacionada a isso, ou o estudo de uma obra de um CD de um
compositor.
O último questionamento foi sobre qual critério era utilizado para escolha das músicas. Nas
respostas foi denotado um empobrecimento dos repertórios musicais, privilegiam-se poucos estilos
musicais e não se evidenciou um olhar critico às letras musicais, as quais vieram carregadas de
preconceitos e ideologias negativas.
A escuta é uma das ações fundamentais para a construção do conhecimento referente à música.
O professor deve procurar ouvir o que dizem e cantam as crianças, a “paisagem sonora” de seu
meio ambiente e a diversidade musical existente: o que é transmitido por rádio e TV, as
músicas de propaganda, as trilhas sonoras dos filmes, a música do folclore, a música erudita, a
música popular, a música de outros povos e culturas (BRASIL, 1998, p. 68).
ABSTRACT
Reflection on the process of social construction of phenomena contained in some children's songs, which
propagate ideas that determine places and roles in society. It is based on the social representations theory
articulated with the Historical-Cultural Theory, based on the principle of human phenomena as production of
the historical process of social formation to There was an empirical approach, with some teachers working
with music in kindergarten. It follows that there is no consciousness of the teacher of the importance of social
representation contained in music by the child development process. The data obtained from the interviews
revealed the need to invest in continuing education of teachers to develop more complex skills and greater
responsibility.
Keywords: Childhood Education. Social Representation. Musical Language.