TCC - Vitor Vargas (VersãoFinal - Oficial)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Centro de Engenharias

Curso de Graduação em Engenharia Geológica

Trabalho De Conclusão De Curso

INTERPRETAÇÃO DE HORIZONTES E SISMOFÁCIES COM INDÍCIOS DE


SISTEMAS PETROLÍFEROS EM DADOS 3D DO CENTRO-NORTE DA BACIA DO
AMAZONAS

Vitor Mateus Lopes Vargas

Pelotas, 2024
Vitor Mateus Lopes Vargas

INTERPRETAÇÃO DE HORIZONTES E SISMOFÁCIES COM INDÍCIOS DE


SISTEMAS PETROLÍFEROS EM DADOS 3D DO CENTRO-NORTE DA BACIA DO
AMAZONAS

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de


Engenharia Geológica da Universidade Federal
de Pelotas, como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel em Engenharia
Geológica.

Orientador: Prof. Daniel Bayer Da Silva

Coorientadora: Prof. Camile Urban

Pelotas, 2024
Vitor Mateus Lopes Vargas

INTERPRETAÇÃO DE HORIZONTES E SISMOFÁCIES COM INDÍCIOS DE


SISTEMAS PETROLÍFEROS EM DADOS 3D DO CENTRO-NORTE DA BACIA DO
AMAZONAS

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Geológica da


Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Geológica.

Data da Defesa:

Banca examinadora:

Prof. Dr. ………….....................................................................................(Orientador)


Doutor em ..................................... pela Universidade ...............................................

Prof. Dr. ........................................................................................................................


Doutor em ..................................... pela Universidade ...............................................

Prof. Dr. ….....................................................................................................................


Doutor em ..................................... pela Universidade ..............................................
Dedico este trabalho aos meus pais, Carolina Eli Lopes e
José Carlos Peres Vargas.
Agradecimentos

Agradeço primeiramente aos meus pais, que através de muito esforço


tornaram possível a realização desta conquista junto comigo.
Ao professor Daniel, orientador do trabalho, fundamental no auxílio do
desenvolvimento do TCC.
A minha coorientadora, professora Camile, por toda dedicação, incentivo,
paciência e conhecimento compartilhado ao longo da minha graduação.
Ao professor Viter, pelas oportunidades, ensinamentos e parcerias
compartilhadas.
Ao meu namorado, João, pelo apoio incondicional.
Ao meu fiel escudeiro felino, Floki, um grande amigo, sempre ao meu lado.
Aos meus familiares, amigos e colegas, companheiros na minha caminhada.
RESUMO

VARGAS, Vitor Mateus Lopes. Interpretação de Horizontes e Sismofácies com


indícios de sistemas petrolíferos em dados 3D do centro-norte da Bacia do
Amazonas. 2024. 79f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia
Geológica) - Centro de Engenharias, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas,
2024.

Considerada pioneira na exploração de petróleo no norte do Brasil, a Bacia do


Amazonas, com aproximadamente 500.000 km², possui pouco conhecimento
geológico acumulado em termos exploratórios, considerando seu tamanho. Estudos
recentes apontam que apenas 1.278 km² de sísmica 3D foram levantados na sua
extensão, e classificam o potencial de produção de hidrocarbonetos da bacia como
ainda não dimensionado adequadamente. Este trabalho apresenta um estudo
geológico de interpretação sísmica de dados 3D na porção centro-norte da bacia, em
uma área de estudo de aproximadamente 520 km², compreendendo o cubo sísmico
denominado R0300_3D_AM_URUCARA e o poço 3-BRSA-170-AM. A interpretação
sísmica é resultado da integração entre os dados sísmicos 3D e a projeção dos
dados do poço, otimizados com a aplicação dos atributos sísmicos Amplitude RMS e
Cosine phase, para a identificação de sismofácies e horizontes (bases), através do
software OpendTect. A metodologia de interpretação foi baseada nos princípios da
sismoestratigrafia e estudo de sismofácies, adaptados à resolução do dado sísmico
3D, compartimentado em nove unidades: Seções In-line 200, 400, 600, 800, 1000; e
Seções Cross-line 221, 421, 621 e 821. Foram considerados padrões de refletores
com e sem a aplicação de atributos sísmicos, em janelas de visualização 2D e 3D. A
sucessão de unidades estratigráficas do poço foi simplificada na seguinte ordem:
Formação Alter do Chão, primeira soleira de diabásio, Formação Nova Olinda,
segunda soleiras de diabásio (de menor espessura), e mais uma camada da
Formação Nova Olinda. As interpretações das sismofácies foram sintetizadas em
três grupos: Sismofácies 1, de refletores caóticos, descontínuos e de baixa
amplitude; Sismofácies 2, de refletores plano e sub-paralelos, contínuos, com alta
amplitude, geralmente pouco espessos; Sismofácies 3: de refletores variando de
planos a ondulados, semicontínuos e de amplitude média. As interpretação dos
horizontes (bases) permitiram a delimitação de três segmentos: Base 1, mudança no
padrão de refletores caóticos, descontínuos e de baixa amplitude, para bem
demarcados, com geometrias plano e sub-paralelas, boa continuidade lateral e altos
valores de amplitude; Base 2, transição em padrões de refletores plano e
sub-paralelos, para geometrías variando de planas a onduladas, continuidade lateral
média, e baixos valores de amplitude; Base 3, modificação no padrão de refletores
onde geometrias planas e onduladas dão lugar a geometrias lineares de boa
continuidade lateral e baixa amplitude. A identificação da interação entre as soleiras
e a Formação Nova Olinda possibilitou a discussão sobre feições e zonas
representantes de componentes de sistemas petrolíferos da Bacia do Amazonas.
Em algumas seções são observadas feições onduladas, possivelmente relacionadas
a trapas estruturais e domos salinos, e também zonas de redução de porosidade e
de supermaturação, relacionadas ao contato de intrusões com camadas adjacentes.
O trabalho permitiu a identificação de diferentes possibilidades de geração, migração
e acúmulo de hidrocarbonetos na área dos dados, destacando a importância das
soleiras de diabásio e da Formação Nova Olinda. Estudos sísmicos mais detalhados,
otimizados pela realização de perfurações, podem proporcionar mais ferramentas
comprobatórias das interpretações propostas, e um melhor dimensionamento de
possíveis reservatórios.

Palavras-chave: Interpretação sísmica. Sísmica 3D. Bacia do Amazonas.


ABSTRACT

VARGAS, Vitor Mateus Lopes. Interpretation of Horizons and Seismofacies with


commitments of petroleum systems in 3D data from the central-north Amazon
Basin, RS. 2024. 79f. Final Project (Major in Geological Engineering) – Centro de
Engenharias, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2024.

Considered a pioneer in oil exploration in northern Brazil, the Amazon Basin, with
approximately 500,000 km², has little accumulated geological knowledge in
exploratory terms, considering its size. Recent studies indicate that only 1,278 km² of
3D seismic were surveyed in its extension, and classify the hydrocarbon production
potential of the basin as not yet adequately dimensioned. This work presents a
geological study of seismic interpretation of 3D data in the central-north portion of the
basin, in a study area of approximately 520 km², comprising the seismic cube called
R0300_3D_AM_URUCARA and well 3-BRSA-170-AM. The seismic interpretation is
the result of the integration between 3D seismic data and the well data projection,
optimized with the application of the Amplitude RMS and Cosine phase seismic
attributes, for the identification of seismofacies and horizons (bases), through the
OpendTect software. The interpretation methodology was based on the principles of
seismostratigraphy and seismofacies study, adapted to the resolution of the 3D
seismic data, compartmentalized into nine units: In-line Sections 200, 400, 600, 800,
1000; and Cross-line Sections 221, 421, 621 and 821. Reflector patterns with and
without the application of seismic attributes were considered, in 2D and 3D viewing
windows. The succession of stratigraphic units in the well was simplified in the
following order: Alter do Chão Formation, first diabase sill, Nova Olinda Formation,
second diabase sill (of lesser thickness), and another layer of the Nova Olinda
Formation. The seismofacies interpretations were synthesized into three groups:
Seismofacies 1, with chaotic, discontinuous and low-amplitude reflectors;
Seismofacies 2, with flat and sub-parallel reflectors, continuous, with high amplitude,
generally thin; Seismofacies 3: reflectors ranging from flat to wavy, semi-continuous
and medium amplitude. The interpretation of the horizons (bases) allowed the
delimitation of three segments: Base 1, change in the pattern of chaotic,
discontinuous and low-amplitude reflectors, to well-demarcated ones, with flat and
sub-parallel geometries, good lateral continuity and high amplitude values ; Base 2,
transition in flat and sub-parallel reflector patterns, for geometries ranging from flat to
wavy, medium lateral continuity, and low amplitude values; Base 3, modification in
the reflector pattern where flat and wavy geometries give way to linear geometries
with good lateral continuity and low amplitude. The identification of the interaction
between the sills and the Nova Olinda Formation made it possible to discuss features
and zones representing components of petroleum systems in the Amazon Basin. In
some sections, wavy features are observed, possibly related to structural traps and
salt domes, and also zones of reduced porosity and overmaturation, related to the
contact of intrusions with adjacent layers. The work allowed the identification of
different possibilities for generation, migration and accumulation of hydrocarbons in
the data area, highlighting the importance of diabase sills and the Nova Olinda
Formation. More detailed seismic studies, optimized by drilling, can provide more
tools to prove the proposed interpretations, and better sizing of possible reservoirs.

Keywords: Seismic interpretation. 3D seismic. Amazon Basin.


Lista de Figuras

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo. A) Localização da área em relação


ao Brasil. B) Localização da área em relação a BA. C) Localização da área de
estudo em relação dos principais elementos utilizados: Dados sísmicos 3D (3D_
R0300_3D_AM_URUCARA) e o poço 3-BRSA-170-AM………………………………17
Figura 2: Esquema estrutural da BA. A: Localização dos principais elementos
estruturais do interior da Bacia do Amazonas e seus limites laterais (Modificado de
Gonzaga et al. (2000)); B: Seção geológica esquemática evidenciando as
sequências deposicionais e distribuições de soleiras (Modificado de Wanderley Filho
et al. (2006) e Cioccari e Mizusaki (2019).................................................................. 19
Figura 3: Carta cronoestratigráfica da Bacia do Amazonas (Modificado de CUNHA et
al., 2007).....................................................................................................................20
Figura 4: Exemplo de trapas encontradas na Bacia do Amazonas. Modificado de
Santos et al. (2005).................................................................................................... 24
Figura 5: Esquema com as principais definições dos limites inferiores, superiores e
terminações dos refletores. Modificado de Mitchum et al. (1977a)............................ 25
Figura 6: Principais definições dos padrões de configurações de refletores e fácies
sísmicas (modificado de Mitchum et al., (1977a) e Barboza (2005))......................... 27
Figura 7: Principais geometrias externas de sismofácies (modificado de Mitchum et
al. (1977a). e Barboza (2005))................................................................................... 28
Figura 8: Fluxograma de metodologia do trabalho.....................................................29
Figura 9: Mapa de localização aproximada dos seis programas, onde foram
utilizadas tecnologias de Sísmica 2D e de Sísmica 3D (modificado de Gois et al.
(2013)......................................................................................................................... 31
Figura 10: Compilação de dados do Poço 3-BRSA-170-AM (3-IMP-0002-AM),
apresentando a localização, simplificação da litologia do poço baseada na
correlação entre a litologia e o perfil sônico, e também a sucessão litológica
projetada nos dados sísmicos que fundamenta este trabalho (Modificado de
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A., 2002)...................................................................... 33
Figura 11: Esquema de integração entre os dados sísmicos 3D e os dados do poço.
A) Amarração do poço mostrada em planta, contando com a reprojeção das
coordenadas do poço para os domínios dos dados sísmicos; B) Posição e projeção
dos dados do poço nos domínios dos dados sísmicos.............................................. 34
Figura 12. Síntese das regras de interpretação dos atributos sísmicos e sua utilidade
geológica na análise da textura sísmica. Modificado de Alvarenga (2016)................35
Figura 13: Ilustração georreferenciada em perspectiva das 9 seções interpretadas no
trabalho, representadas por 5 seções In-line e 4 seções Cross-Line. Englobadas pela
área de estudo que contém o cubo sísmico 3D (3D_ R0300_3D_AM_URUCARA e o
poço 3-BRSA-170-AM................................................................................................ 37
Figura 14: Resumo das principais sísmofácies caracterizadas nas seções.............. 39
Figura 15: Resumo dos principais horizontes (bases) caracterizadas nas seções....40
Figura 16: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 200. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 43
Figura 17: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 200. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 44
Figura 18: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 400. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 46
Figura 19: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 400. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 47
Figura 20: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 600. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 49
Figura 21: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 600. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 50
Figura 22: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 800. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 52
Figura 23: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 800. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 53
Figura 24: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 1000. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 55
Figura 25: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 1000. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 56
Figura 26: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 221. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 58
Figura 27: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 221.
A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 59
Figura 28: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 421. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 61
Figura 29: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 421.
A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 62
Figura 30: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 621. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D....... 64
Figura 31: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 621.
A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 65
Figura 32: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 821. A)
Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
Fonte: Autor................................................................................................................ 67
Figura 33: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 821.
A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de visualização
2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.......... 68
Figura 34: Interpretação da seção sísmica 0244-0002, com o poço 3-BRSA-170-AM
e a projeção do poço 1-BRSA-98-AM. Fonte: Modificado de Silva, (2012)............... 70
Figura 35. Análises indicativas da interação entre as de feições e configurações de
refletores abordadas como componentes do sistema petrolífero Barrerinha-Nova
Olinda A) Compilação de análises da seção In-Line 200; B) Compilado de análises
da seção Cross-line 621.............................................................................................72
Figura 36: Compilado de análises de feições na seção Cross-Line 421 com e sem
aplicação de atributos, evidenciando a presença de possíveis zonas de queda de
lençóis, diques alimentadores e domos salinos......................................................... 73
Lista de Tabelas

Tabela 1: Principais parâmetros das sismofácies e suas respectivas interpretações


geológicas. Modificado de Mitchum et al. (1977b). 25
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14
2 OBJETIVOS 15
3 JUSTIFICATIVA 16
4 LOCALIZAÇÃO E CONTEXTO GEOLÓGICO 16
4.1. Localização da Área de Estudo 16
4.2. Contexto Geológico da Bacia do Amazonas 17
4.2.1. Arcabouço Estrutural e Evolução Tectonoestratigráfica 18
4.2.2. Sistema Petrolífero, Soleiras e Armadilha 22
4.3. Sismoestratigrafia e Sismofácies 24
5 METODOLOGIA 29
5.1. Análise Bibliográfica 30
5.2. Software Opendtect 30
5.3. Levantamento de Dados 30
5.3.2. Dados do Poço 32
5.4. Integração dos Dados de Sísmica e do Poço 33
5.5. Atributos Sísmicos 34
5.5.1. Cosine phase 35
5.5.2. Amplitude -– RMS (Root Mean Square) 36
5.6. Metodologia de Interpretação Sísmica 36
6 RESULTADOS 38
6.1. Seção In-line 200 42
6.2. Seção In-line 400 45
6.3. Seção In-line 600 48
6.4. Seção In-line 800 51
6.5. Seção In-line 1000 54
6.6. Seção Cross-line 221 57
6.7. Seção Cross-line 421 60
6.8. Seção Cross-line 621 63
6.9. Seção Cross-line 821 66
7 DISCUSSÃO 69
7.1. Configurações Gerais dos Refletores Interpretados 69
7.2. Análise de Feições Correlatas (associadas) a Sistemas Petrolíferos 71
8 CONCLUSÃO 74
Referências 75
14

1 INTRODUÇÃO

Os primeiros estudos geológicos da Bacia do Amazonas (BA) foram iniciados


no século XIX por Chandles (1862), e a primeira coluna sedimentar abrangente da
bacia foi apresentada por Morales (1959). Anos mais tarde a primeira revisão
completa da coluna estratigráfica da BA foi publicada por Caputo et al. (1972), e as
atualizações da carta estratigráfica continuaram com os trabalhos de Cunha et al.
(1994, 2007). Com a criação da PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. (PETROBRAS) em
1953, campanhas de prospecção culminaram na primeira descoberta de petróleo em
Nova Olinda do Norte (AM), em 1955, classificada posteriormente como de caráter
antieconômico (NOGUEIRA; NETO, 2021).

Em 1999, a Bacia revelou-se portadora de gás em escala comercial viável


através da descoberta do Campo de Azulão, associada ao poço 1-RUT-1-AM, e
reforçada com a descoberta do Campo Japiim, em 2001, na perfuração do poço
1-BRSA-98- AM (1-IMP-1-AM) (LOUREIRO et al, 2021). Ainda segundo Loureiro et
al. (2021), as principais descobertas de hidrocarbonetos da Bacia do Amazonas são
associadas ao sistema petrolífero Barreirinha-Nova Olinda, composto por rochas
geradoras da Formação Barreirinha, rochas reservatório da Formação Nova Olinda e
Formação Monte Alegre, e rochas selantes da Formação Nova Olinda e Formação
Itaituba.

Os levantamentos exploratórios, utilizando dados sísmicos da bacia, foram


inicialmente dificultados pela tecnologia incipiente para o mapeamento de
horizontes, sendo retomados a partir de 1971, com novas técnicas no instrumental
de registro, procedimentos de campo, aumento de processamento e maior
capacidade computacional (CAPUTO, 2015). Dentre estas técnicas, a
sismoestratigrafia (MITCHUM; VAIL, 1977) pode possibilitar o reconhecimento de
componentes estratigráficos dos sistemas petrolíferos da bacia, por meio da
delimitação de horizontes e diferenciação de sísmofácies.

Dados recentes divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e


Biocombustíveis (ANP) divergem quanto ao número de perfurações na bacia,
Ferreira et al. (2015) indicam 217 poços, e para Loureiro et al. (2021) seriam 182
poços exploratórios. Neste estudo são considerados os dados mais recentes, que
15

seriam 182 poços, o levantamento de 42.101 km de sísmica 2D e 1.278 km² de


sísmica 3D na bacia. Além de dados gravimétricos e magnetométricos em toda sua
extensão (LOUREIRO et al., 2021).

Neste estudo será apresentada a interpretação sísmica de dados 3D


localizados na porção centro-norte da Bacia do Amazonas, realizada através da
caracterização de sismofácies e horizontes (bases), e levantando uma breve
discussão a respeito de feições associadas a componentes dos sistemas petrolíferos
da bacia. A correlação entre os dados sísmicos e do poço foi realizada no software
OpendTect, propondo e diferenciando padrões e feições de refletores no dado
intitulado R0300_3D_AM_URUCARA (GÓIS et al., 2013), seguindo a sucessão de
camadas presentes no poço 3-BRSA-170-AM.

As rochas da Formação Nova Olinda representam componentes


estratigráficos de um dos principais sistemas petrolíferos reconhecidos da Bacia do
Amazonas (LOUREIRO et al., 2021), o sistema Barreirinha-Nova Olinda. A
identificação por meio de sísmofácies e horizontes (bases) da interação entre as
soleiras e as rochas da Formação Nova Olinda, possibilitou a observação de feições
e zonas discutidas como possíveis representações de elementos do sistema
petrolífero da bacia.

Feições dobradas e arqueadas podem ter sido originadas por fluxo de sal ao
longo de zonas fraturadas de diques, e reativadas por falhas transcorrentes, geradas
pela formação de almofadas de sal relacionadas à intrusão de diques e soleiras de
diabásio devido à movimentação salífera (COSTA, 2002). Além dessas
características, as armadilhas podem ser relacionadas a eventos transpressivos e
transtensivos terciários, em falhas reversas e anticlinais que possibilitam a migração
dentro do sistema (NEVES, 1989).

2 OBJETIVOS

O objetivo do trabalho consiste na identificação de horizontes (bases) e


sismofácies por meio da interpretação sísmica dos dados, além de uma breve
discussão sobre feições indicativas de componentes do sistema petrolífero da Bacia
do Amazonas.
16

3 JUSTIFICATIVA

A presença de elementos estratigráficos em comum com o Campo Azulão e a


utilização de dados do poço 3-BRSA-170-AM, localizados no Campo Japiim, podem
justificar o interesse na interpretação de feições sísmicas relacionadas à área de
estudo para fins científicos e exploratórios.

4 LOCALIZAÇÃO E CONTEXTO GEOLÓGICO

4.1. Localização da Área de Estudo

A área de estudo está situada na Bacia do Amazonas, que ocupa


aproximadamente 500.000 km² no Norte do Brasil (Figura 1.A), e possui como limite
norte o Escudo das Guianas, sul o Escudo Brasileiro, leste a Bacia do Marajó, e
oeste a Bacia do Solimões (CUNHA et al., 2007). A área de estudo está distribuída
em um retângulo de aproximadamente 520 km² na porção centro-norte da bacia
(Figura 1-B), compreendendo a área do cubo sísmico 3D denominado
R0300_3D_AM_URUCARA e o poço 3-BRSA-170-AM (Figura 1-C).

A localização da bacia em termos exploratórios é classificada como Nova


Fronteira Exploratória (REATE, 2020), com pouco conhecimento geológico
acumulado, considerando o tamanho das áreas sedimentares e potencial de
produção de hidrocarbonetos ainda não dimensionado adequadamente.
17

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo. A) Localização da área em relação ao Brasil. B)


Localização da área em relação a BA. C) Localização da área de estudo em relação dos principais
elementos utilizados: Dados sísmicos 3D (3D_ R0300_3D_AM_URUCARA) e o poço
3-BRSA-170-AM.

4.2. Contexto Geológico da Bacia do Amazonas

Classificada como uma bacia paleozoica intracratônica, a Bacia do Amazonas


encontra-se disposta em um formato linear alongado, na direção ENE-WSW.
(CUNHA et al., 2007). Sua evolução tectonoestratigráfica possui duas
megassequências deposicionais de primeira ordem, em mais de 5.000 metros de
preenchimento sedimentar. A primeira megassequência é paleozoica, com rochas
sedimentares e um grande volume de intrusões de diques e soleiras de diabásio, e a
segunda é mesozoica-cenozoica com preenchimento sedimentar. A
Megassequência paleozoica abrange quatro sequências de segunda ordem,
denominadas de Sequência Ordovício-Devoniana, Devono-Tournaisiana,
Neoviseana e Pensilvaniano-Permiana (LOUREIRO et al, 2021).

O preenchimento sedimentar das sequências reflete variações eustáticas do


nível do mar e também atividades tectônicas, ligadas aos eventos paleozoicos da
18

borda oeste da placa gondwânica e a separação mesozoica do Oceano Atlântico na


borda leste. Esforços compressivos do fechamento do Cinturão Brasiliano Paraguai -
Araguaia no norte do Brasil, teriam sido responsáveis por esforços distensivos de
direção norte-sul originando a abertura da bacia (NEVES, 1989; CAPUTO, 2015)

Um intenso magmatismo (básico e ultrabásico) de idade jurotriássica é


identificado na bacia, por meio da presença de diques e soleiras de diabásio na
seção sedimentar. Essas sequências são fundamentais no processo de maturação
da matéria orgânica (GOMES et al, 2013), e consequentemente no desenvolvimento
dos sistemas petrolíferos. Segundo Rodrigues (1995), o modelo mais adequado para
se entender a geração, migração e acumulação de hidrocarbonetos na bacia está
relacionado às fases de intrusão do diabásio.

Nos sistemas petrolíferos da Bacia do Amazonas (ANP, 2015), as principais


rochas geradoras são folhelhos de idades neodevoniana e siluriana. Os principais
reservatórios são: arenitos do Neodevoniano da Formação Curiri (Marino-Glacial),
arenitos eólicos da Formação Monte Alegre (Carbonífero), e arenitos da Formação
Nova Olinda (Neocarbonífero). E as rochas selantes são, respectivamente: folhelhos
e diamictitos da Formação Curiri; carbonatos da Formação Itaituba e as sequências
evaporíticas da Formação Nova Olinda.

4.2.1. Arcabouço Estrutural e Evolução Tectonoestratigráfica

A Bacia do Amazonas se instalou no Cráton Amazônico, composto pelo


Escudo das Guianas e o Escudo Brasileiro, no início do Paleozoico, com a formação
de um rifte que evoluiu para uma bacia intracratônica, não desenvolvendo uma bacia
oceânica (CAPUTO, 2015). Duas plataformas (regiões marginais relativamente mais
rasas e com baixo mergulho) são reconhecidas no arcabouço estrutural da bacia,
dividindo-a em norte e sul com duas linhas de charneira, e uma calha central
segmentada nas direções E-W e SW-NE (Figura 2-A) (LOUREIRO et al., 2021). Na
bacia afloram rochas do Siluriano, Devoniano, Permocarbonífero e localmente
Proterozoico, tanto na sua borda norte quanto na sua borda sul (NEVES, 1990).
19

Figura 2: Esquema estrutural da BA. A: Localização dos principais elementos estruturais do interior da
Bacia do Amazonas e seus limites laterais (Modificado de Gonzaga et al. (2000)); B: Seção geológica
esquemática evidenciando as sequências deposicionais e distribuições de soleiras (Modificado de
Wanderley Filho et al. (2006) e Cioccari e Mizusaki (2019).

A Figura 2-B apresenta o preenchimento da seção esquemática que corta a


Bacia do Amazonas desde o Arco de Purus (SW) até o Arco de Gurupá (NE)
(DIGNART; VIEIRA, 2009). A megassequência paleozoica abrange quatro
sequências de segunda ordem, denominadas de Ordoviciana-Siluriana,
Devoniana-Tournaisiana, NeoViseana e Pensilvaniana-Permiana (CUNHA et al.,
2007).

Como o preenchimento sedimentar é influenciado pela tectônica atrelada aos


eventos paleozoicos da borda oeste da antiga placa gondwânica, e pelos processos
de separação mesozoica do Oceano Atlântico na borda leste, todas as sequências
sedimentares possuem quebras significativas da sedimentação, e são associadas
por expressivas discordâncias regionais separando-as. As sequências mencionadas
foram descritas de acordo com a carta cronoestratigráfica publicada por Cunha et al.
(2007) (Figura 3).
20

Figura 3: Carta cronoestratigráfica da Bacia do Amazonas (Modificado de CUNHA et al., 2007).

A evolução da bacia durante a Megasseqüência Paleozóica pode ser dividida


em quatro sequências de segunda ordem (CUNHA, 2007):

1. Sequência Ordovício-Devoniana: composta por sedimentos clásticos


marinhos glaciogênicos do Grupo Trombetas, que abrange as formações
Autás Mirim, Nhamundá, Pitinga, Manacapuru e Jatapu;
21

2. Sequência Devono-Tournaisiana: agrupa os sedimentos marinhos


sobrepostos por incursões glaciais dos grupos Urupadi, que abrange as
formações: Maecuru e Ererê, e o Grupo Curuá, representado pelas
formações Barreirinha, Curiri e Oriminá. A Formação Barreirinhas reúne
as principais rochas geradoras de hidrocarbonetos da bacia, e é
subdividida em três membros: Abacaxis, com folhelhos carbonosos de
ambiente distal euxínico, de idade Eofrasniano até o Eo ou
Mesofameniano; Urubu, que apresenta folhelhos marinhos; e Urariá, com
folhelhos e siltitos de sedimentação marinha regressiva. As formações
Curiri e Oriximiná são compostas de diamictitos, folhelhos, siltitos e
arenitos de ambientes glacial a periglacial, e arenitos e siltitos de
ambiente marinho raso/fluvial, respectivamente.
3. Sequência Neoviseana: compreende arenitos e pelitos, fluviodeltaicos e
litorâneos, com influência de tempestades da Formação Faro, que possui
o topo demarcado por extenso processo erosivo.
4. Sequência Pensilvaniano-Permiana: representada por clásticos,
carbonatos e evaporitos continentais de ambiente marinho restrito que
compõem o Grupo Tapajós. O grupo abrange as subdivisões: Formação
Monte Alegre, com arenitos eólicos e de wadis intercalados a siltitos e
folhelhos de interduna e lagos; Formação Itaituba, com folhelhos,
carbonatos e anidritas de fácies lagunar e marinho raso; Formação Nova
Olinda, depositada do Moscoviano ao Gzheliano, caracterizada por
calcários, anidrita e halitas de inframaré e planícies de sabkha,
compreendendo os membros Arari e Fazendinha; e Formação Andirá,
dada por sedimentação predominantemente continental, com siltitos e
arenitos avermelhados (red beds) e raras anidritas, de fácies fluviais e
lacustrinas.

Com o fim da Megassequência Paleozoica, manifestações magmáticas do


Triássico e Jurássico acarretaram na abertura do Oceano Atlântico Norte, gerando
extensas soleiras e diques de rochas básicas na seção Paleozoica (ANP, 2015). As
intrusões da bacia alojaram-se preferencialmente a leste, na seção
Devoniano-Carbonífera, e a oeste, na sequência evaporítica permo-carbonífera,
22

preferencialmente na Formação Nova Olinda, e em menor escala em rochas


clásticas devonianas (GONZAGA et al., 2000).

Em seguida, o evento transpressional Juruá causou o desenvolvimento do


trend nordeste de falhas reversas e dobras anticlinais assimétricas, que atingiu a
Megassequência paleozoica e suas intrusões magmáticas (GONZAGA et al., 2000).
Este evento possibilitou o depósito de sedimentos continentais da megassequência
mesozoica-cenozoica, incluídas no Grupo Javari, culminando na deposição dos
sedimentos arenosos da Formação Alter do Chão durante o Neocretáceo
(LOUREIRO et al, 2021).

No Paleógeno, o depocentro sedimentar terciário foi deslocado e os rios de


alta energia cederam lugar para rios meandrantes e lagos de baixa energia,
predominando a deposição dos pelitos correspondentes a Formação Solimões. O
segundo evento tectônico de proeminência da bacia, também no Cenozoico,
caracterizou os pulsos tectônicos transcorrentes que reativaram zonas de fraqueza
antigas e criaram diversos outros feixes de falhas que cortam a bacia nas direções
NE-SW e NW-SE, como as reativações resultantes no Sistema de Falhas
Transcorrentes de Urucará (MOHRIAK et al., 2009).

4.2.2. Sistema Petrolífero, Soleiras e Armadilhas

O sistema petrolífero Barreirinha-Nova Olinda é um dos principais da Bacia do


Amazonas, com maior volume de indícios da presença de hidrocarbonetos,
atualmente com atividades exploratórias no campo de Azulão, em reservatórios da
Formação Nova Olinda (LOUREIRO et al, 2021). No campo, os depósitos da
formação compreendem ciclos de sedimentação siliciclástica, carbonática e
evaporítica (ANP, 2019).

Sobre a geração e migração, Gonzaga et al. (2000) e Pedrinha et al. (2008)


corroboram que a principal cozinha de geração da Bacia do Amazonas está no seu
depocentro. A bacia possui algumas porções mais susceptíveis a geração de gás, e
outras a geração de óleo, de acordo com a quantidade de intrusões que
superfraturam as formações e pelo nível de soterramento.
23

Os folhelhos da Formação Barreirinha são as mais importantes rochas


geradoras da bacia, onde a migração primária foi direcionada para arenitos
devonianos, e a migração secundária balizada por falhas e/ou microfraturas que
conectam a geradora com os reservatórios.

Quanto às rochas reservatório, as principais descobertas estão associadas a


arenitos das formações Nova Olinda, Monte Alegre e Curiri, com os arenitos da
Formação Nova Olinda representando o principal reservatório nos campos Azulão e
Japiim. Em ambos os campos, as características dos reservatórios indicam valores
de permo-porosidade e permeabilidade em torno de 300 mD e 20 a 24% (ANP,
2019).

Por fim, as rochas selantes nos reservatórios da Formação Monte Alegre são
carbonatos e anidritas da Formação Itaituba, e na Formação Nova Olinda são
constituídas pelas anidritas e as halitas da mesma unidade estratigráfica. O que
também ocorre nas rochas selantes na Formação Curiri.

Para Gonzaga et al. (2000), os diques e soleiras de diabásio foram os


principais redutores de porosidade, atuando também no processo de
supermaturação na porção leste da bacia, onde intrudiram a seção devoniana.
Esses elementos são apontados por Planke et al. (2005) como responsáveis por
causar grande impacto nos sistemas petrolíferos e na história das bacias
sedimentares brasileiras. Onde o aumento da temperatura no entorno e o
aquecimento das rochas geradoras de hidrocarbonetos, possibilitou a maturação da
matéria orgânica nela contida (ARAÚJO et al. 2004; SOUZA et al. 2008; SANTOS et
al., 2009; ALVARENGA, 2016). As terminações de soleiras e o tipo de rocha que
elas intrudem têm importância significativa na análise de uma bacia com interesse
petrolífero, essas estruturas podem ser responsáveis pelo desenvolvimento de
trapas, dependendo do mergulho regional das camadas (WANDERLEY FILHO et al.,
2005).

É relativamente comum, na bacia, as acumulações de hidrocarbonetos em


armadilhas estruturais, estratigráficas e possivelmente armadilhas mistas. A maior
parte das armadilhas estruturais é associada a altos desenvolvidos a partir de
eventos tectônicos paleozoicos de natureza compressiva, anteriores à principal fase
24

de geração. Estruturas que podem ser relacionadas a eventos transpressivos e


transtensivos terciários que geraram falhas reversas e anticlinais (NEVES, 1989).

Os principais sistemas de trapas encontrados na bacia correspondem a:


estruturas anticlinais assimétricas; estruturas dômicas associadas ao bloco alto de
falhas; anticlinais assimétricos associados a falhas reversas; e trapas estratigráficas
tais como pinch-outs e paleogeomórficas (Figura 4).

Figura 4: Exemplo de trapas encontradas na Bacia do Amazonas. Modificado de Santos et al. (2005).

4.3. Sismoestratigrafia e Sismofácies

A sismoestratigrafia é o estudo da estratigrafia e das fácies deposicionais


interpretadas a partir dos dados sísmicos (MITCHUM et al., 1977a). Uma sequência
sísmica é uma relativa sucessão de refletores interpretados como um trato de
sistemas deposicionais em uma seção sísmica.

O desenvolvimento da sismoestratigrafia foi motivado principalmente pela


necessidade de gerar modelos regionais e padrões gerais de sistemática de
mapeamento de unidades estratigráficas em dados sísmicos. A base para o para o
25

estabelecimento da sismoestratigrafia corresponde aos fundamentos de


mapeamento de unidades estratigráficas, baseados em superfícies com expressão
sísmica (discordâncias), e sua relação temporal (cronoestratigrafia) (KUCHLE;
SCHERER, 2010).

As terminações dos refletores são o principal critério para o reconhecimento


dos limites da sequência sísmica. Os tipos definidos por Mitchum et al. (1977a), são:
truncamento erosivo, toplap e concordante (no limite superior) e onlap, downlap e
concordante (no limite inferior) (Figura 5).

Figura 5: Esquema com as principais definições dos limites inferiores, superiores e terminações dos
refletores. Modificado de Mitchum et al. (1977a).

A integração entre diferentes dados sedimentológicos e sismoestratigráficos


(unidades sismoestratigráficas, sismofácies e cartas cronoestratigráficas), permite
estabelecer um arcabouço estratigráfico evidenciando superfícies mapeáveis de
interesse em áreas de estudo (ALVARENGA, 2016). Dentro do método da
sismoestratigrafia são analisadas as sismofácies, dadas por áreas definidas como
unidades sísmicas tridimensionais mapeáveis, compostas por grupos de reflexões
cujos parâmetros diferem de unidades próximas (BROWN JR.; FISHER, 1977).

Os parâmetros (Tabela 1) podem ser desde a configuração de refletores,


amplitude, continuidade, geometria, velocidade, até formas externas e associações
areais. Cada parâmetro permite interpretações em termos de configuração geológica
de subsuperfície, como a amplitude, que pode estar relacionada à ocorrência
soleiras (HANSEN, 2006).
26

Tabela 1. Principais parâmetros das sismofácies e suas respectivas interpretações geológicas.


Modificado de Mitchum et al. (1977b).

PARÂMETRO DAS SISMOFÁCIES INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA

Padrão de acamamento

Processos deposicionais
Configuração dos Refletores Erosão e paleotopografia

Contatos fluídos

Continuidade no acamamento
Continuidade dos Refletores
Processos deposicionais

Contraste de velocidade e densidade

Amplitudes dos Refletores Espaçamento das camadas

Conteúdo de fluídos

Estimação de litologia

Intervalo de Velocidades Estimação de porosidade

Conteúdo fluído

Ambiente deposicional original


Formas Externas e Associações
Areais das Sismofácies Fonte de sedimentos

Configuração/definição geológica

Os principais tipos de padrões de reflexão são apresentados na Figura 6, com


a descrição e interpretação da configuração das reflexões, indo de padrões simples,
como as configurações paralelas, subparalelas, ondulada, caóticas, até
configurações mais complexas, como as clinoformas progradantes.
27

Figura 6: Principais definições dos padrões de configurações de refletores e fácies sísmicas


(modificado de Mitchum et al., (1977a) e Barboza (2005)).

Ainda segundo Mitchum et al. (1977a), os principais tipos de padrões de


reflexão podem ser citados como:

• Padrão paralelo/subparalelo: indica deposição constante e uniforme sobre


uma superfície plana ou bacia estável.

• Padrão divergente: indica variação lateral na taxa de deposição ou


inclinação progressiva da superfície de deposição.

• Configuração progradante: indica estratos em que a deposição significativa


ocorre por sobreposição lateral ou progradante.

• Configuração hummocky: pequenos refletores descontínuos, subparalelos e


irregulares que podem ser interpretados como fluxos gravitacionais em sistemas
deltaicos ou leques submarinos.
28

• Configuração caótica: são reflexões descontínuas e discordantes que


podem ser interpretadas como um ambiente de alta energia ou um estrato que foi
deformado.

Uma compreensão das formas externas e associações com unidades de


sismofácies também é uma ferramenta importante para análise. A Figura 7 mostra
as principais formas externas: lençóis, lençóis drapeados, cunhas, bancos, lentes,
mounds e preenchimentos.

Figura 7: Principais geometrias externas de sismofácies (modificado de Mitchum et al. (1977a). e


Barboza (2005)).

Os tipos mais comuns de formas externas são os lençóis, cunhas e bancos,


amplamente encontrados em sismofácies plataformais. Os lençóis drapeados
consistem em reflexões paralelas interpretadas como estratos drapeados sobre uma
topografia subjacente sugerindo deposição uniforme, de baixa energia (MITCHUM et
al., 1977b). Referências a esta geometria são feitas em áreas mapeadas da Bacia
do Amazonas, representando extensas soleiras planares níveis mais rasos da bacia
(SILVA, 2012).
29

5 METODOLOGIA

Neste capítulo estão descritas as metodologias utilizadas para se atingir o


objetivo deste trabalho, que foi sintetizada na Figura 8.

Figura 8: Fluxograma de metodologia do trabalho.


30

5.1. Análise Bibliográfica

O levantamento bibliográfico foi realizado através da busca por livros, artigos


e trabalhos relacionados às interpretações sísmicas no contexto geológico da Bacia
do Amazonas, assim como a caracterização teórica dos principais conceitos de
sismoestratigrafia e sismofácies. Também foram utilizados textos científicos voltados
para a aplicação de técnicas e análises por meio do software OpendTect.
Essa etapa se tornou recorrente durante o desenvolvimento do trabalho, de
modo que, conforme a identificação de novos elementos e problemáticas do trabalho
surgiam, ela se fazia necessária para aprimorar o conhecimento sobre os tópicos
abordados.

5.2. Software Opendtect

As técnicas de manuseio do software foram obtidas através do minicurso


“Introdução a interpretação no OpendTect” realizado pela AAPG UFOP Student
Chapter da Universidade Federal de Ouro Preto. O OpendTect é um software livre
de interpretação sísmica desenvolvido pela dGB Earth Sciences que possibilita o
processamento, a visualização, a interpretação de dados sísmicos multivolume e o
desenvolvimento de novas ferramentas de interpretação, como os atributos
sísmicos.

5.3. Levantamento de Dados

Os dados utilizados no trabalho são caracterizados por arquivos de Sísmica


3D e de poços de perfuração. Os dados sísmicos (Figura 9) englobam parte do
programa realizado pela empresa Georadar Levantamentos Geofísicos S.A.,
campanha que resultou em levantamentos de Sísmica 2D e 3D em áreas de
aproximadamente 1.540 e 1.110 km², respectivamente (GÓIS et al, 2013). Os dados
do poço foram resultados de perfurações realizadas pela empresa PETROLEO
BRASILEIRO S.A. (Petrobrás) em 2002.
31

5.3.1. Dados sísmicos 3D

O dado sísmico utilizado é denominado de programa


R0300_3D_AM_URUCARA, ele representa parte de seis programas onde foram
utilizadas tecnologias de Sísmica 2D e Sísmica 3D na porção norte da Bacia do
Amazonas. Os programas foram realizados pela empresa Georadar Levantamentos
Geofísicos S.A, no período de julho de 2011 a março de 2013, sendo o primeiro
levantamento de dados sísmicos terrestres não exclusivos no Brasil (GÓIS et al,
2013).

Figura 9: Mapa de localização aproximada dos seis programas, onde foram utilizadas tecnologias de
Sísmica 2D e de Sísmica 3D (modificado de Gois et al. (2013).

Os arquivos sísmicos 3D no formato sgy. representam uma área de


aproximadamente 380 km². Esses dados estão disponíveis no portal da ANP
(Agência Nacional de Petróleo), a partir de suas bases públicas de dados de
exploração e produção de petróleo, acessados no BDEP (Banco de Dados de
Exploração e Produção).
32

5.3.2. Dados do Poço

O poço 3-BRSA-170-AM (3-IMP-0002-AM) está localizado no Campo Japiim,


e teve sua perfuração realizada pela empresa PETROLEO BRASILEIRO S.A.
(Petrobrás) de 24 de outubro a 21 de novembro de 2002. A concessão do campo,
foi descoberta em setembro de 2001 através da perfuração do poço
1-BRSA-0098-AM (1-IMP-0001-AM) no antigo Bloco Exploratório BA-3, e teve sua
Declaração de Comercialidade apresentada em 21 maio 2004.
Os dados utilizados no trabalho estão no formato .lis, e possuem informações
de profundidade de perfuração que chegam a aproximadamente 1730 metros. Eles
podem ser acessados em arquivos de sísmica de poço, também disponíveis no
portal da ANP (Agência Nacional de Petróleo), e acessados no BDEP (Banco de
Dados de Exploração e Produção).
33

Figura 10: Compilação de dados do Poço 3-BRSA-170-AM (3-IMP-0002-AM), apresentando a


localização, simplificação da litologia do poço baseada na correlação entre a litologia e o perfil sônico,
e também a sucessão litológica projetada nos dados sísmicos que fundamenta este trabalho
(Modificado de PETRÓLEO BRASILEIRO S.A., 2002).

5.4. Integração dos Dados de Sísmica e do Poço

A integração entre os dados sísmicos e do poço foi realizada dentro do


software OpendTect, e foi posteriormente usada como base, junto ao levantamento
bibliográfico, para as interpretações sísmicas propostas nesse estudo. Ela foi feita,
inicialmente, através da amarração do poço aos dados sísmicos (Figura 11.A), onde
34

foi constatado a problemática de não haver dados públicos sobre poços


integralmente nos domínios da área dos levantamentos de sísmica 3D.
Para contornar esse problema, a alternativa foi a reprojeção das coordenadas
nos dados do poço 3-BRSA-170-AM, essa alteração foi realizada no dado dentro do
OpendTect. Este procedimento possibilitou a inclusão do poço dentro dos domínios
dos dados sísmicos. A reprojeção causou o deslocamento hipotético do poço em
cerca de 11 km para o Nordeste, e tornou possível a janela de projeção (Figura 11.B)
usada como um guia para auxílio na leitura das interpretações propostas.

Figura 11: Esquema de integração entre os dados sísmicos 3D e os dados do poço. A) Amarração do
poço mostrada em planta, contando com a reprojeção das coordenadas do poço para os domínios
dos dados sísmicos; B) Posição e projeção dos dados do poço nos domínios dos dados sísmicos.

5.5. Atributos Sísmicos

O objetivo desta etapa foi selecionar filtros e atributos sísmicos para o


refinamento da visualização das feições, ressaltando as semelhanças e diferenças
entre os padrões de refletores. Os atributos sísmicos são ferramentas que permitem
prover um dado que facilita a extração de informações geológicas para uma melhor
interpretação sísmica.
35

Dois atributos foram selecionados para validar a interpretação presente nos


resultados do trabalho. Na caracterização das sísmofácies o atributo utilizado foi a
Amplitude RMS (Root Mean Square), já na interpretação de horizontes de base foi
utilizado o atributo Cosine phase. Nas correlações referentes à interpretação de
sistemas petrolíferos, os atributos foram utilizados de maneira variada, de modo a
evidenciar os objetos de estudo. Os atributos selecionados e utilizados neste
trabalho são descritos na Figura 12, seguida de uma breve definição das suas
funcionalidades.

Figura 12. Síntese das regras de interpretação dos atributos sísmicos e sua utilidade geológica na
análise da textura sísmica. Modificado de Alvarenga (2016).

5.5.1. Cosine phase

O cosine phase determina a localização de eventos no traço sísmico, e está


associado ao cálculo de outras grandezas instantâneas. Esse atributo é eficiente
para salientar descontinuidade nos refletores, falhas, pinch-outs, angularidades,
mudanças no acamadamento, limites de sequências, padrões de acamadamento e
regiões com padrão onlap/offlap (CHOPRA; MARFURT, 2007; ALVARENGA, 2016).
36

Neste trabalho, o atributo foi utilizado para salientar, principalmente, a


continuidade dos refletores que delimitam as mudanças dos padrões de refletores,
possibilitando a demarcação dos horizontes de base entre as diferentes feições.

5.5.2. Amplitude - RMS (Root Mean Square)

O Amplitude RMS é relacionado ao conteúdo energético do dado sísmico,


calculando matematicamente os valores das amplitudes contidas em uma janela de
tempo pré-determinada, divididos pela quantidade de traços contidos nesta janela
(RAPOZO, 2017). Também é definido como a cobertura da amplitude do sinal
calculado pela raiz da soma dos componentes do sinal, destacando as anomalias de
amplitude dos dados sísmicos, que ocorre com a transformação de picos e calhas
em positivo e background (próximo a zero) em negativo (CHOPRA; MARFURT,
2007).
Neste estudo, o atributo possibilitou uma melhor visualização dos
agrupamentos de diferentes fácies sísmicas, de modo a auxiliar na caracterização
das principais sismofácies identificadas no trabalho.

5.6. Metodologia de Interpretação Sísmica

A interpretação sísmica proposta neste trabalho seguiu os princípios da


sismoestratigrafia e estudo de sismofácies, já descritos, aplicados e adaptados à
resolução do cubo sísmico 3D R0300_3D_AM_URUCARA. Dentro dos limites do
cubo, nove seções sísmicas foram selecionadas, cinco na seção in-line e quatro na
seção cross-line (Figura 13).
As seções foram distribuídas em um espaçamento simétrico e representativo,
com a finalidade de caracterizar, em diferentes posições de amostragem, os
elementos e feições sísmicas observadas.
37

Figura 13: Ilustração georreferenciada em perspectiva das 9 seções interpretadas no trabalho,


representadas por 5 seções In-line e 4 seções Cross-Line. Englobadas pela área de estudo que
contém o cubo sísmico 3D (3D_ R0300_3D_AM_URUCARA e o poço 3-BRSA-170-AM.

O reconhecimento dos horizontes de sísmofácies e horizontes foram feitos


nas seções sísmicas utilizando os princípios citados acima, posteriormente
correlacionados aos dados do poço e otimizados com a aplicação de atributos. Esta
técnica possibilitou a individualização de refletores ou grupos de refletores que
demarcam a mudança das unidades sismoestratigráficas, por meio da identificação
de sucessivas superfícies limítrofes, ou agrupamento de padrões geométricos,
respectivamente.
Os critérios e conceitos abordados são baseados em princípios
sismoestratigráficos definidos por Mitchum, Vail e outros autores no Memoir 26 da
AAPG – Seismic Stratigraphy: Applications to Hydrocarbon Exploration (PAYTON,
1977). Neste trabalho as fácies deposicionais interpretadas em dados sísmicos tem
as terminações e configurações dos refletores interpretadas como padrões de
estratificação, e são utilizadas para o reconhecimento de sequências sísmicas e
estimação de litofácies (MITCHUM et al., 1977a).
38

6 RESULTADOS

Com a finalidade de obter uma interpretação representativa dentro dos limites


do dado, este foi compartimentado em nove unidades: Seção In-line 200, Seção
In-line 400, Seção In-line 600, Seção In-line 800, Seção In-line 1000, Seção
Cross-line 221, Seção Cross-line 421, Seção Cross-line 621 e Seção Cross-line 821.
A delimitação de sismofácies e horizontes (bases) foi realizada nas nove
seções, a partir da correlação com as unidades estratigráficas presentes no poço,
que compreende uma porção do dado sísmico de aproximadamente 500
milisegundos (ms). A interpretação sísmica levou em consideração a configuração
nos padrões de refletores, com e sem a aplicação de atributos sísmicos, em janelas
de visualização 2D e 3D.
A sucessão de unidades estratigráficas proposta pelo poço, foi simplificada
como: iniciada pela Formação Alter do Chão, seguida de uma soleira de diabásio
(soleiras), posteriormente camadas litológicas da Formação Nova Olinda, novamente
a presença de soleiras de diabásio (de menor espessura), e finalizando com mais
uma camada pertencente a Formação Nova Olinda.
As sismofácies observadas resultaram de uma interpretação que consideram
simultaneamente ambas as janelas de visualização 2D e 3D, com e sem a aplicação
de atributos, mas prioriza o agrupamento de padrões de refletores sem a aplicação
de atributos sísmicos, na janela de visualização 2D. A interpretação foi otimizada
com a aplicação do atributo sísmico RMS - Amplitude, que auxiliou no mapeamento
dos grupos que exemplificam a repetição dos padrões. Três grupos de sismofácies
foram caracterizados resumindo os padrões que se repetem em uma visão geral das
seções (Figura 14).
39

Figura 14: Resumo das principais sísmofácies caracterizadas nas seções.

As três sísmofácies identificadas, cujas características visuais são


apresentadas na figura 14, são:
Sismofácies 1: definida por refletores caóticos, descontínuos e de baixa
amplitude, secundariamente apresenta pequenas feições lineares descontínuas de
média amplitude. Essa unidade está sistematicamente posicionada na porção
superior das janelas de visualização 2D e 3D;
Sismofacies 2: caracterizada por refletores plano e sub-paralelos, contínuos,
com alta amplitude, geralmente pouco espessos, e apresentando secundariamente
refletores contínuos, de média amplitude;
40

Sismofácies 3: composta por refletores variando de planos a ondulados,


semicontínuos e de amplitude média, posicionados principalmente na parte inferior
das janelas de visualização.
Os resultados da interpretação dos horizontes (bases) consideram
simultaneamente ambas as janelas de visualização 2D e 3D, com e sem a aplicação
de atributos, mas priorizando a continuidade dos refletores utilizados como guia feita
com a utilização do atributo sísmico Cousine Phase, na janela de visualização 3D.
A demarcação dos horizontes foi realizada através da delimitação de três
horizontes (bases) seguindo a mudança de padrão dos refletores, que também
representariam as mudanças de camadas litológicas generalizadas (Figura 15).

Figura 15: Resumo dos principais horizontes (bases) caracterizadas nas seções.
41

As três bases caracterizadas delimitam as mudanças nos seguintes padrões


de reflexão:
Base - 1 (Formação Alter do Chão): representada pela mudança no padrão de
refletores caóticos, descontínuos e de baixa amplitude, para refletores bem
demarcados, com geometrias plano e sub-paralelas, boa continuidade lateral e altos
valores de amplitude;
Base - 2 (Soleiras de Diabásio): ocorre na transição em padrões de refletores
plano e sub-paralelos, para refletores com geometrias variando de planas a
onduladas, continuidade lateral média, e baixos valores de amplitude;
Base - 3 (Formação Nova Olinda): representada pela modificação no padrão
de refletores onde as geometrias planas a onduladas, dão lugar a refletores lineares
de boa continuidade lateral e baixa amplitude, não interpretados neste estudo.
42

6.1. Seção In-line 200

Na interpretação das sismofácies observadas na Figura 16 é possível sugerir,


a partir dos dados, duas faixas da sismofácies 2 (soleiras) em diferentes
profundidades, com uma possível ligação entre elas. Também pode ser analisada na
seção, uma camada de espessura considerável de refletores da sismofácies 3
(Formação Nova Olinda) em dois segmentos aparentemente não conectados,
destacados com a utilização do atributo sísmico.
A delimitação das bases (Figura 17), apresenta uma mudança no padrão de
refletores localizada aproximadamente em 300 ms, delimitando a base 1. Três bases
de possíveis soleiras foram delimitadas na interpretação da seção, uma contínua de
maior dimensão, localizada em aproximadamente 400 ms, e duas descontínuas de
menores dimensões, em aproximadamente 500 ms. A base 3, referente a Formação
Nova Olinda, estaria localizada em aproximadamente 600 ms, onde as geometrias
planas a onduladas, dão lugar a refletores lineares de boa continuidade lateral e
baixa amplitude, não interpretados neste estudo.
43

Figura 16: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 200. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
44

Figura 17: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 200. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
45

6.2. Seção In-line 400

Nas sísmofácies apresentadas na Figura 18, podem ser observadas duas


faixas relativamente contínuas da sísmofacies 2 (soleiras), repleta de pequenas
descontinuidades. O limite entre as sísmofácies 2 e 3 é de difícil demarcação, sendo
diferenciado de forma mais clara na janela com a aplicação de atributo sísmico.
As bases da seção apresentam uma delimitação relativamente boa nas
análises, com e sem a aplicação de atributos (Figura 19). A Base 1 está localizada
aproximadamente em 250 ms, e a base 2 abrangendo quase toda a seção,
localizada em aproximadamente 400 ms. A base 3 é de difícil delimitação, e
encontra-se posicionada em aproximadamente 600 ms, onde as geometrias
variáveis são substituídas por refletores lineares não interpretados neste estudo.
46

Figura 18: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 400. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
47

Figura 19: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 400. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
48

6.3. Seção In-line 600

A representação das sismofácies na seção (Figura 20) destaca três faixas de


continuidade da sismofácies 2, assim como possíveis conexões entre elas. Também
é possível observar, na seção, zonas de descontinuidade no padrão da sísmofácies
3, com porções aparentemente limitadas pela sísmofácies 2.
A interpretação das bases na seção (Figura 21) delimita duas camadas da
base 2 (soleiras), uma contínua de maior dimensão, localizada em aproximadamente
300 ms, e uma de menor dimensão, localizada em aproximadamente 500 ms. A
segunda base é dada pela modificação de refletores plano e sub-paralelos de alta
amplitude, para lineares de baixa amplitude, não interpretados neste estudo.
49

Figura 20: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 600. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
50

Figura 21: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 600. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
51

6.4. Seção In-line 800

A interpretação das sísmofácies na seção (Figura 22) apresenta, na


sísmofácies 1, pequenas anomalias em forma de lineações semicontínuas pontuais
de amplitudes médias. A sísmofácies 2 é representada por duas faixas, uma bem
demarcada e contínua e outra de menor dimensão e intensidade em diferente
profundidade, com possíveis conexões entre os fragmentos.
Quanto à interpretação das bases (Figura 23) é possível observar, nos dados,
a base 1 localizada aproximadamente em 250 ms. A base para a soleira,
interpretada através da base 2, está localizada em aproximadamente 300 ms. Já a
base 3 foi delimitada pela transição do padrão de refletores em aproximadamente
500 ms, onde começa a variar para refletores lineares não interpretados neste
estudo.
52

Figura 22: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 800. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
53

Figura 23: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 800. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
54

6.5. Seção In-line 1000

Na interpretação de sismofácies da seção (Figura 24), é possível identificar


variações consistentes na continuidade e amplitude dos refletores em sismofácies
distintas. Na sísmofácies 1 é possível identificar o aparente soerguimento da
sismofácies 2 no topo da janela de visualização 3D. Três faixas correspondentes a
sismofácies 2 podem ser inferidas na seção, duas de maiores dimensões e uma
terceira de delimitação complexa. Com o auxílio do atributo sísmico Amplitude RMS,
observa-se que a terceira estrutura não possui os valores de amplitude tão elevados,
mas possui características análogas como a continuidade planar dos refletores.
A configuração das bases na seção (Figura 25) é dada pela: base 1,
localizada aproximadamente em 300 ms; duas faixas referentes a base 2,
localizadas em aproximadamente 350 ms e 500 ms, respectivamente; e a base 3,
localizada em aproximadamente 400 ms, onde os refletores de com geometrias
planas a onduladas de baixa amplitude dão lugar a geometrias plano e sub-paralelas
de alta amplitude.
55

Figura 24: Compilado de análises das sísmofácies na seção In-Line 1000. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
56

Figura 25: Compilado de análises dos horizontes de base na seção In-Line 1000. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
57

6.6. Seção Cross-line 221

Dentre as sismofácies presentes na Figura 26, a sísmofácies 1 apresenta


diferenças consideráveis com relação às observadas nas seções In-line, contendo
diversos ruídos e falhas no dado que dificultam a observação da mesma. A
sismofácies 2 encontra-se fragmentada, possuindo degraus em seus refletores
contínuos de maior dimensão, distribuídos em duas faixas principais aparentemente
descontínuas.
A interpretação das bases na seção (Figura 27) começa pela base 1,
localizada aproximadamente em 300 ms. Três bases de possíveis soleiras foram
delimitadas na seção, uma localizada em aproximadamente 400 ms, e duas em
aproximadamente 600 ms, com porções descontínuas. A base 3 está localizada em
aproximadamente 400 ms, onde geometrias planas a onduladas de baixa amplitude
dão lugar a geometrias lineares de baixa amplitude, plano e sub-paralelas.
58

Figura 26: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 221. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
59

Figura 27: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 221. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
60

6.7. Seção Cross-line 421

As sismofácies identificadas nesta seção (Figura 28) possuem os limites bem


demarcados no topo da seção com a sísmofácies 1, duas faixas referentes a
sismofácies 2, uma de maiores dimensões de continuidade e amplitude, e outra com
valores inferiores foram observadas. A sísmofácies 3 possui delimitação complexa, e
com a utilizando atributo sísmico Amplitude - RMS, demarca os refletores em
diferentes segmentos, geralmente próximos a unidades da Sismofácies 2.
As bases apresentadas na seção da Figura 29 tiveram como demarcação a
base 1 no padrão de refletores localizados aproximadamente em 250 ms. A base 2
foi retratada em duas faixas e alguns fragmentos, uma em aproximadamente 300
ms, e a outra em aproximadamente 600 ms. A base 3 é referente ao padrão de
refletores localizados em aproximadamente 500 ms, que transacionam para os
refletores lineares. Indicando uma descontinuidade na Formação Nova Olida na
seção.
61

Figura 28: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 421. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
62

Figura 29: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 421. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
63

6.8. Seção Cross-line 621

Nas sismofácies apresentadas nessa seção (Figura 30) é possível destacar a


sismofácies 2 como uma estrutura de continuidade isolada, com uma anomalia
vertical. A sísmofácies 3 é demarcada em parte da seção em concordância com a
sismofácies 1, separadas pela feição isolada mencionada anteriormente.
Quanto à delimitação das bases na seção de análise dos horizontes (Figura
31), a base 1 foi demarcada na alteração no padrão de refletores, localizada
aproximadamente em 250 ms. Como base 2, uma soleira foi localizada em
aproximadamente 400 ms, e um pequeno fragmento foi delimitado em
aproximadamente 500 ms na modificação de refletores plano e sub-paralelos para
refletores lineares não interpretados neste estudo. A base 3 foi delimitada pela
transição do padrão de refletores localizada em aproximadamente 600 ms, onde as
geometrias, variando de planas a onduladas, são substituídas pelos refletores
lineares.
64

Figura 30: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 621. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D.
65

Figura 31: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 621. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico;
B) Janela de visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
66

6.9. Seção Cross-line 821

Quanto às sismofácies nesta seção (Figura 32), duas feições principais da


Sismofácies 2 foram interpretadas, uma de maior, e outra de menor espessura em
contato transicional com a Sismofácies 1. Não está clara a possível interligação
entre as duas unidades. A Sismofácies 3, através da utilização do atributo sísmico
Amplitude RMS, é possível observar melhor os limites inferiores quanto superiores
da unidade.
As bases (Figura 33) foram inicialmente caracterizadas na seção pela base 1,
na mudança de padrão dos refletores localizada aproximadamente em 250 ms. Duas
bases de possíveis soleiras (base 2) foram delimitadas na seção: a primeira
localizada em aproximadamente 400 ms; e a segunda em aproximadamente 600 ms.
As bases 1 e 2 foram delimitadas pela troca nos padrões de refletores planos,
ondulados, e sub-paralelos, para lineares de boa continuidade lateral e baixa
amplitude, não interpretados neste estudo. A base 3 é representada pela alteração
dos padrões de refletores, localizados em aproximadamente 500 ms, onde as
geometrias planas a onduladas dos refletores dão lugar a geometrias lineares, e por
vezes, no caso da segunda possível soleira, planas e sub-paralelas.
67

Figura 32: Compilado de análises das sísmofácies na seção Cross-Line 821. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 3D com a aplicação do atributo Amplitude RMS; C) Janela de visualização 2D. Fonte: Autor.
68

Figura 33: Compilado de análises dos horizontes de base na seção Cross-Line 821. A) Visualização em perspectiva da seção no cubo sísmico; B) Janela de
visualização 2D; C) Janela de visualização 3D com a aplicação do atributo Cosine phase.
69

7 DISCUSSÃO

7.1. Configurações Gerais dos Refletores Interpretados

De modo geral, as configurações dos refletores interpretadas corroboram com


as interpretações sísmicas identificadas na bibliografia em áreas próximas à área de
estudo (DIGNART; VIEIRA, 2009; SILVA, 2012). As principais semelhanças estão
nas repetições do padrão de soleiras no intervalo proposto no trabalho, e também
em características visuais da interpretação de refletores, como amplitude,
continuidade lateral e geometria dos refletores.
Porém, é preciso adaptar a interpretação e percepção das estruturas às
dimensões correspondentes aos dados sísmicos 3D, as características morfológicas
da bacia em questão, ao detalhamento das feições no intervalo de tempo utilizado, e
a problemática referente à projeção do poço.
Generalizando, a correlação entre a sísmica e os dados do poço, propõem a
sucessão de três camadas com litologias diferenciáveis, correspondentes a
mudanças nos padrões sísmicos observados, de preferência, em ambas as análises,
na profundidade de até aproximadamente 600 ms.
A Formação Alter do Chão foi caracterizada por apresentar refletores
caóticos, descontínuos e de baixa amplitude, com um aspecto visual granular,
sempre na porção superior dos dados, alcançando até 400 ms.
As Soleiras de Diabásio são representadas por anomalias nos refletores que
alcançam altos valores de amplitude, que podem ser observadas geralmente em
dois intervalos de tempo aproximados diferentes, 250 e 600 ms, e por vezes, em
apenas um intervalo de tempo, variando de acordo com a seção. Essas feições, ou
zonas, variam de total a parcialmente contínuas em toda a extensão do cubo
sísmico.
A Formação Nova Olinda possui uma delimitação mais complexa,
apresentando uma variação maior que as demais camadas em diversos parâmetros,
como amplitude e continuidade, o que seria explicado pela variedade litológica da
formação (LOUREIRO et al, 2021). De maneira geral, ela é caracterizada por
70

refletores com geometrias que vão de planas a onduladas, continuidade lateral


média, e valores de amplitude também oscilando entre baixos e médios. O
posicionamento quanto a profundidade da unidade também é bastante variável, indo
de 300 até 600 ms, geralmente extrapolando a profundidade de 500 ms alcançada
pela projeção do poço nos dados sísmicos.
Na bibliografia, Silva (2012) delimita, na linha 0244-0002, as camadas de
modo a propor uma maior espessura da segunda soleira apresentada no Poço
3-BRSA-170-AM (Figura 34), o que implica na extensão da camada além de 500 ms,
diminuindo consideravelmente espessura da camada referente a Formação Nova
Olinda na região do poço.

Figura 34: Interpretação da seção sísmica 0244-0002, com o poço 3-BRSA-170-AM e a projeção do
poço 1-BRSA-98-AM. Fonte: Modificado de Silva, (2012).
71

7.2. Análise de Feições Correlatas (associadas) a Sistemas Petrolíferos

Como já mencionado no capítulo 4.2.2., os complexos de soleiras causam


diferentes impactos nos sistemas petrolíferos e na história de bacias sedimentares,
causando aumento da temperatura no entorno, o que afeta as rochas geradoras de
hidrocarbonetos e a maturação da matéria orgânica. A interpretação de feições
correlatas a sistemas petrolíferos deste estudo está fundamentada na interação
entre as camadas de rochas reservatório (Formação Nova Olinda), as soleiras, e
possíveis zonas de migração. As rochas geradoras, dadas pela Formação
Barreirinha, não foram classificadas no estudo pois não constam na sequência do
poço 3-BRSA-170-AM.
Sabe-se que, em arenitos da Formação Nova Olinda ocorrem as principais
descobertas de rochas reservatório de hidrocarbonetos da Bacia (LOUREIRO et al,
2021). Somado a este fator, a distribuição das soleiras presentes na área pode
também ter afetado e influenciado parâmetros como a porosidade e a maturação da
matéria orgânica nas camadas. Estas intrusões e extrusões magmáticas configuram
importantes fatores favoráveis à geração, migração e acumulação de
hidrocarbonetos (THOMAZ-FILHO et al., 2008 e MIZUSAKI et. al., 1998).
Na seção In-line 200 as soleiras de diabásio podem desempenhar diferentes
papéis, como representar zonas de redução de porosidade, atuando como barreira
para a dispersão de gases e fluidos configurando as rochas selantes no sistema, e
também, zonas de supermaturação, pelos efeitos térmicos de intrusões sob
camadas ricas em matéria orgânica (Figura 35.A).
Na seção cross-line 621, algumas ondulações em refletores com amplitudes
elevadas foram observadas, estando essas estruturas dispostas em trechos
específicos, em refletores com alta amplitude e boa continuidade lateral (Figura
35.B). Estas feições podem representar alívio de tensão da camada, e também,
podem estar, possivelmente, relacionadas a geometrias presentes em trapas
estruturais. Outra possibilidade é o soerguimento ou deformação das camadas
representadas nos refletores por domos salinos, interpretados neste trabalho como
localizados logo abaixo dos refletores em questão.
Os intervalos onde as soleiras não estão presentes, podem representar zonas
que facilitam a migração dentro do sistema.
72

Figura 35. Análises indicativas da interação entre as de feições e configurações de refletores


abordadas como componentes do sistema petrolífero Barrerinha-Nova Olinda A) Compilação de
análises da seção In-Line 200; B) Compilado de análises da seção Cross-line 621.

Na seção in-line 421 (Figura 36), as estruturas interpretadas como as soleiras


de diabásio, possuem uma estrutura aparentemente de lençol drapeado, sendo, em
determinados locais, inclinadas em suas terminações, semelhantes a zonas de
quedas de lençóis (MITCHUM et al, 1970a). Na interpretação proposta, a
importância dessas estruturas é discutida em termos de bloqueio de fluxo e bloqueio
de porosidade, que devido ao ângulo de inclinação pode facilitar o aprisionamento
de hidrocarboneto em determinadas regiões das camadas.
Ondulações observadas em algumas zonas de refletores, ocorrem logo
abaixo das soleiras, na região aqui generalizada, como Formação Nova Olinda.
Essas estruturas irregulares e complexas podem ter correlação com a plasticidade e
mobilidade tectônica da presença de camadas evaporíticas em feições que podem
representar camadas de halita, que superaquecida nas proximidades do diabásio
tornou-se plástica, em distâncias de dezenas de metros (MOHRIAK et al., 2008).
Na seção (Figura 36) também é exemplificado um padrão de anomalias que
obedece a uma orientação vertical, que pode representar diques alimentadores das
73

soleiras. Essas estruturas já são reconhecidas em bibliografia em zonas próximas da


área de estudo, e são descritas como diques sistematicamente orientados (SILVA,
2012).
Tendo em vista a qualidade das linhas sísmicas em profundidade, essas
estruturas são de difícil interpretação, deste modo foram aqui interpretadas de
maneira secundária. As estruturas apresentam geralmente valores de amplitude que
variam de médios a baixos, que são diferenciáveis das demais zonas de refletores,
mas de correlação discutível com os interpretados como soleiras.

Figura 36: Compilado de análises de feições na seção Cross-Line 421 com e sem aplicação de
atributos, evidenciando a presença de possíveis zonas de queda de lençóis, diques alimentadores e
domos salinos.
74

8 CONCLUSÃO

Através deste estudo foi possível aplicar conceitos de sismoestratigrafia na


interpretação sísmica da área dos dados 3D da Bacia do Amazonas. No
mapeamento da configuração dos refletores, foram rastreadas superfícies que
limitam e agrupam diferenças de padrões. Esses limites e agrupamentos foram
convertidos em horizontes e sísmofácies, propondo uma interpretação através da
projeção do poço nos limites do dado sísmico.
A interpretação dos horizontes (bases) se mostrou eficaz no reconhecimento
da sobreposição das camadas propostas pelo poço, possibilitando a visualização
das bases relativamente bem demarcadas. Três bases principais foram
reconhecidas, otimizadas com a aplicação do atributo sísmico Cosine phase,
principalmente quanto a continuidade dos refletores que limitam as transições.
A identificação das sismofácies foi realizada de maneira amostral,
caracterizando padrões de refletores similares presentes em todas as seções
sísmicas analisadas no trabalho. As sismofácies foram diferenciadas em três
unidades distintas, localizadas com o auxílio do atributo Amplitude RMS,
evidenciadas em quadros em escala de detalhe das seções.
Por meio da correlação entre as feições observadas e as unidades do sistema
petrolífero da Bacia do Amazonas, foi possível identificar diferentes possibilidades de
geração, migração e acúmulo de hidrocarbonetos na área dos dados. Dentre as
unidades interpretadas, destacam-se as soleiras de diabásio, abundantes na bacia e
com importante papel no sistema petrolífero, e também a Formação Nova Olinda,
que compreende as principais rochas reservatório da bacia.
Estudos mais detalhados e ampliados dos dados sísmicos, otimizados pela
disponibilização ou realização de perfurações dentro da área, podem proporcionar
mais ferramentas comprobatórias das interpretações propostas, assim como um
melhor dimensionamento de possíveis zonas de exploração.
75

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