Celebrações Da Iniciação À Vida Cristã: Nucap Núcleo de Catequese Paulinas
Celebrações Da Iniciação À Vida Cristã: Nucap Núcleo de Catequese Paulinas
Celebrações Da Iniciação À Vida Cristã: Nucap Núcleo de Catequese Paulinas
Celebrações
da Iniciação à
Vida Cristã
Adultos, jovens e crianças
Apresentação
11
sejam introduzidos na vida da fé, da liturgia e da ca-
ridade do Povo de Deus”.1
Essa dimensão litúrgica da Iniciação Cristã, en-
quanto processo educativo para participar do misté-
rio pascal, visa superar uma redução da compreensão
da catequese como ato meramente instrutivo. Trata-
-se de formar o cristão para a vivência da fé, inserin-
do-o na experiência do encontro com Jesus Cristo,
de forma pessoal e comunitária. A publicação do
Ritual da Iniciação Cristã de Adultos reforçou essa
perspectiva: “a iniciação dos catecúmenos processa-
-se gradativamente no seio da comunidade dos fiéis
que, refletindo com os catecúmenos sobre a excelên-
cia do mistério pascal e renovando sua própria con-
versão, os induzem pelo seu exemplo a obedecer com
maior generosidade aos apelos do Espírito Santo”.2
Se desejarmos recuperar um autêntico processo
de inspiração catecumenal para todos os âmbitos da
catequese no Brasil, é imprescindível conhecer, va-
lorizar e oferecer recursos que possibilitem a integra-
ção entre Bíblia, catequese, liturgia e comunidade.
Essa dimensão é garantida pelos ritos e celebrações
previstos no itinerário formativo. “A iniciação à ora-
ção pessoal, comunitária e litúrgica se constitui em
componente essencial do ser cristão, para mantê-lo
1
Ad Gentes, n. 14
2
Introdução ao RICA, n. 4, p. 17.
12
progressivamente na comunhão com o Senhor e na
disponibilidade e generosidade para a missão. A Lex
orandi Lex credendi (que pode ser entendido: ora-
mos como cremos e cremos como oramos) alimenta
cotidianamente a vida de fé, em comunidade, para
a missão.”3
Atendendo à urgência de oferecer recursos para
a dimensão litúrgica em vista da Iniciação Cristã, a
equipe do Núcleo de Catequese Paulinas (NUCAP)
preparou este subsídio para facilitar a realização in-
tegral do processo que não pode improvisar os ritos,
entregas, renúncias e celebrações. Alinhada ao Ritual
de Iniciação Cristã de Adultos, esta proposta faz im-
portantes e necessárias adaptações que colaborarão
para que muitos possam proclamar: “conhecer a Je-
sus é o melhor presente que qualquer pessoa pode re-
ceber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em
nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e
obras é nossa alegria”.4
3
CNBB. Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missioná-
rios. Documento 107, Brasília: CNBB, 2017, n. 103.
4
DAp, n. 29.
13
Introdução
15
e as demais são próprias. Também apresentamos o
sentido de cada uma delas.
Omitimos as várias opções para as orações ofe-
recidas pelo RICA. No entanto, a numeração late-
ral que aparece nas celebrações deste livro são as do
RICA e, à medida que a equipe for se familiarizan-
do com tais celebrações, recomenda-se confrontar
esses números com o próprio RICA para escolher
outras alternativas.
O conjunto deste ritual permitiu-nos apresentar
as celebrações da Iniciação à Vida Cristã de forma
adaptada ao nosso contexto pastoral, visto que os do-
cumentos da CNBB: Diretório Nacional de Cateque-
se, de 2006, e Iniciação à Vida Cristã, de 2017, so-
licitam, com maior insistência, uma catequese com
inspiração catecumenal.
RICA
A Igreja resgatou esse ritual para compreender a
iniciação cristã de maneira mais ampla e completa,
capaz de formar a identidade de fé do cristão. O
RICA se dirige aos adultos que não foram batiza-
dos. Porém,
16
uma visão inspiradora de uma catequese que realmente en-
volve a pessoa no seguimento de Jesus Cristo, a serviço do
Reino, expresso na vivência dos sacramentos do Batismo,
da Crisma e da Eucaristia.2
17
De nossa parte, haverá o esforço de compreender
esses elementos do Batismo de adultos para estendê-
-los às crianças e aos jovens, visto que são essenciais
para iniciar as pessoas na vida cristã. “Sob a inspira-
ção do RICA, é possível propor um itinerário que
avance por etapas (celebrações de passagem) e tem-
pos sucessivos, garantindo que a iniciação de adultos,
jovens e crianças se processe gradativamente no seio
da comunidade.”5 Tal consideração se liga ao fato de
que “é preciso garantir o resgate adaptado do catecu-
menato.6 A ênfase deve ser colocada mais no ‘espírito
catecumenal’ do que em um esquema formal”.7 Esse
espírito catecumenal é uma “dinâmica, uma pedago-
gia, uma mística, que nos convida a entrar sempre
mais no mistério do amor de Deus”.8
Sabemos que, no campo da iniciação cristã, as si-
tuações pastorais são muito diversificadas, desafiam
a capacidade do agente de encontrar a solução mais
adequada para cada caso. Mais uma vez, o sentido
realista dos nossos pastores nos orientam: “A inspira-
ção que vem do RICA não significa imitar ou copiar
o que lá se apresenta, mas perceber as celebrações
como passos importantes para a superação de uma
5
Ibid., n. 139.
6
CNBB. Diretório Nacional de Catequese. São Paulo: Paulinas, 2006, nn.
45-50. Documentos da CNBB, n. 84.
7
CNBB. Iniciação à vida cristã, op. cit., n. 74.
8
Ibid., n. 56.
18
prática pastoral que visa apenas à celebração de ritos
e a recepção dos sacramentos”.9
A pedagogia do RICA busca: “Integrar a comu-
nidade; relacionar-se ao mistério pascal e ao ano li-
túrgico; unir fé, liturgia, vida e oração; incluir etapas
definidas, ritos, símbolos e sinais, especialmente bí-
blicos e litúrgicos; relacionar melhor os sacramentos
do Batismo, da Crisma e da Eucaristia; e dialogar
com a cultura local”.10
Dinâmica ritual
A Iniciação à Vida Cristã sublinha um processo,
um itinerário por etapas, que leva à imersão na vida
cristã, caracterizada por um encontro pessoal com
Cristo, que passa, necessariamente, pela fé e pela
vida em comunidade, a qual é o lugar e a meta de
toda ação catequética.
A iniciação na fé da Igreja, ao ser proposta
como caminho de fé, requer a mútua complemen-
taridade entre anúncio da Palavra, celebrações li-
túrgicas e testemunho de vida, que, tomados em
conjunto, são responsáveis por promover a inicia-
ção na comunidade.
O dom do Espírito concedido nas celebrações
dinamiza o diálogo entre fé e conversão, levando
9
Ibid., n. 145.
10
Ibid., n. 121.
19
o candidato a assumir os costumes cristãos. Assim,
antecipa-se a conformação sacramental com Cris-
to, por meio de uma comunhão cada vez maior
com o mistério pascal, que o conduz ao trânsito do
velho ao ser humano novo, que tem sua perfeição
em Cristo.
Os ritos da iniciação vão moldando-lhe a perso-
nalidade, que se vê sempre mais configurada ao mis-
tério de Cristo. A maturidade torna-se, então, uma
resultante do encontro da graça da celebração com a
correspondente adesão do candidato.
Com as orações dos exorcismos, os catecúmenos
pedem a Deus poder penetrar no mais íntimo de
si mesmos para conhecer e iluminar seus corações.
Seu efeito purificador é precisamente para obter a
crescente libertação do domínio do mal, à espera da
santificação completa do banho batismal. O catecú-
meno recupera, paulatinamente, a imagem perdida
de Filho de Deus por meio da acolhida na Igreja e da
correspondência à ação do Espírito.11
Os ritos preparatórios irão acontecendo ao longo
do itinerário catequético, de tal sorte que restarão
apenas os gestos essenciais na Vigília Pascal: o ba-
nho d’água, a crismação e a participação no banque-
te eucarístico.
11
Cf. RICA, nn. 117, 118, 373.1.
20
Centralidade pascal
Ao centralizar as catequeses ao redor do Tríduo
Pascal, incluindo sua fase de preparação (Quaresma),
sua culminância nos três sacramentos celebrados na
Vigília Pascal e em sua fase posterior (Tempo Pas-
cal), ressalta-se a inserção ou configuração pascal
como meta de todo o processo iniciatório. E assumir
a Páscoa de Cristo como caminho de transformação
pessoal para vencer o egoísmo e aprender a amar
como ele nos amou e se entregou por nós, constituirá
a razão de nossa identidade: ser outro Cristo – cris-
tão. “Toda iniciação deve ter caráter pascal”.12
Essa característica determinante para a Iniciação
Cristã, atualmente, acha-se muito ofuscada. Rara-
mente alguém associa o fato de ser cristão com a sua
configuração existencial na Páscoa de Cristo, como
discípulo que toma a sua cruz e o segue. Na pastoral,
a influência da teologia da prosperidade, a prática
devocional em alta e a busca isolada de cada sacra-
mento dificultam ainda mais essa compreensão.
Sendo assim, este método cumpre a finalidade de
promover a progressiva participação no mistério pascal.
O mesmo mistério de fé anunciado pela catequese
deverá ser celebrado ao longo do caminho, com ritos
que despertam a adesão e a conversão do catequizan-
12
RICA, n. 8.
21
do. A catequese irá interagir com as celebrações da
Palavra, as bênçãos, os exorcismos e os ritos de pas-
sagem, para despertar uma conversão cada vez mais
decidida. Essa mudança gradual de atitudes já deve
ser considerada participação pascal que culminará na
celebração sacramental.
Ritualmente, a progressiva participação pascal
acontece com a celebração dos ritos auxiliares que
conduzem o processo para: o banho d’água, a cris-
mação e a comunhão eucarística. Dessa forma, “o
interlocutor é conduzido à dinâmica treva–luz, peca-
do–graça, escravidão–libertação, morte–vida, que se
vai realizando através de vários momentos relevantes
do processo catecumenal e prossegue ao longo de
toda sua vida”.13
Unidade sacramental
Perceber a ação conjunta dos três sacramentos em
um só movimento, para inserir a pessoa no mistério
pascal de Cristo, nos leva a compreender a Iniciação
à Vida Cristã de maneira muito diferente.
Ao batizar o adulto na Vigília Pascal, também se
celebrava sua Crisma e ele participava pela primeira
vez da mesa eucarística. Essa tradição da Igreja mos-
tra que “a identidade pascal estabelece a relação entre
eles (os três sacramentos) e a especificidade de cada
13
CNBB. Iniciação à vida cristã, op. cit., n. 97.
22
um”.14 “A origem dessa relação, entre os sacramentos
da Iniciação à Vida Cristã está fundada […] na única
economia divina, pois tal conexão exprime a unidade
do mistério pascal cumprida pela missão do Filho e
consumada pela efusão do Espírito Santo.”15
“Os três sacramentos da iniciação, em uma uni-
dade indissolúvel, expressam a unidade da obra tri-
nitária na iniciação cristã: no Batismo assumimos a
condição de filhos do Pai, a Crisma nos unge com
unção do Espírito e a Eucaristia nos alimenta com o
próprio Cristo, o Filho.”16
O Batismo e a Confirmação realizam em uma
celebração a configuração no Mistério da Páscoa,
marcando a pessoa com um selo, de forma defini-
tiva. Como aperfeiçoamento e prolongamento do
Batismo, a Confirmação faz com que os batizados
avancem pelo caminho da Iniciação Cristã e pelo
dom do Espírito, que capacita o indivíduo a viver as
exigências do caminho pascal. Iremos viver da graça
recebida desses dois sacramentos. “A graça da fé e a
conversão pessoal ao seguimento de Jesus pertencem
a uma dinâmica que percorre toda a nossa vida.”17
O ideal da vida cristã consiste em ser em plenitu-
de o que já se é pelo Batismo: “Exorto-vos a levardes
14
Ibid., n. 129.
15
Ibid.
16
Ibid., n. 91.
17
Ibid., n. 99; cf. também n. 102.
23
uma vida digna da vocação que recebestes” (Ef 4,1).
O Batismo deve encontrar seu prolongamento na
vida, aliás, a vida cristã consiste em aprofundar sem-
pre mais a graça do Batismo: a beleza da graça batis-
mal exige crescimento, tarefa que nos ocupa durante
a existência toda.
Uma vez configurados no mistério pascal de Cris-
to, este é rememorado no sacrifício da Eucaristia,
para que o fiel se associe a este sacrifício, oferecen-
do a cada dia a sua vida. A nossa resposta de fé de
adesão à graça de filiação será aperfeiçoada a cada
participação no banquete eucarístico, quando ofere-
ceremos nosso sacrifício espiritual unido ao sacrifício
de Cristo. O culto espiritual exercido no dia a dia é
tecido pelo nosso trabalho, pela vivência das bem-a-
venturanças com dignidade e testemunho. “Assim,
a Eucaristia […] realiza plenamente o que os dois
outros sacramentos anunciam.”18
A incorporação ao mistério pascal de Cristo por
meio dos três sacramentos, que resulta na participa-
ção na natureza divina e na vida nova, constituirá a
essência e o coração da Iniciação à Vida Cristã.19 A
compreensão da unidade desses três sacramentos traz
a imediata consequência de articular a ação pastoral
18
Ibid., n. 132.
19
Cf. ibid., nn. 96-97.
24
conjunta deles. Por isso, os bispos recomendam uma
coordenação paroquial de IVC, compreendendo os
agentes envolvidos no Batismo de crianças, na Eu-
caristia, na Crisma, no catecumenato de adultos e
famílias dos catequizandos.
Mistagogia
Ajudar o catequizando a fazer a experiência dos
símbolos e gestos celebrados faz parte de uma edu-
cação que o leva a experimentar os sinais tão sim-
ples e tão humanos da liturgia não apenas como ele-
mentos deste mundo, mas, aos olhos da fé, também
como realidades divinas. A catequese tem a missão
de revelar o que os sinais rituais protagonizaram na
história da salvação e como hoje eles continuam efi-
cazes na celebração.
“A Iniciação à Vida Cristã é a participação huma-
na no diálogo da salvação […] o iniciando começa a
caminhada para Deus, que irrompe em sua vida, dia-
loga e caminha com ele.”20 Assim como Deus se co-
municou por sinais e acontecimentos em sua Palavra
revelada, da mesma forma ele continua a se revelar
para nós. Esse diálogo supõe a liberdade que nasce
da aliança entre as duas partes envolvidas: Deus e o
ser humano.
20
Ibid., n. 96.
25
Nos sinais celebrados, a Igreja coloca o catequi-
zando e a comunidade em contato direto com o mis-
tério de graça comunicado por Deus. Vamos chamar
de mistagogia esse diálogo que acontece por meio de
sinais (pão, vinho, gestos, luz, óleo…) e com a inter-
venção da Palavra e do Espírito Santo.
Os bispos definem mistagogia como “uma pro-
gressiva introdução no mistério pascal de Cristo,
vivido na experiência comunitária”.21 Em seguida,
esclarecem que esse mistério é mais que um se-
gredo, uma verdade ou uma doutrina; sobretudo,
é o maior acontecimento deste mundo, ou seja, é
a ação salvadora de Deus em Jesus Cristo atuante
para nós hoje.
26
vos filhos de Deus. Nutre seus filhos com o Pão da
vida eterna e os encaminha pela vida.
Participação da comunidade
“Sujeito indispensável dos processos de Iniciação
à Vida Cristã, junto ao catecúmeno, é toda a comu-
nidade cristã. Ela é responsável pelo rosto que a Igreja
vai apresentar a quem dela se aproxima. […] O pro-
cesso de Iniciação à Vida Cristã requer a acolhida, o
testemunho, a responsabilidade da comunidade.”23
O documento Iniciação à Vida Cristã também
chega à conclusão de que “o processo de Iniciação
à Vida Cristã incide sobre a conversão da comuni-
dade […] (que) poderá, assim, vivenciar, na prática,
e de modo adaptado, o processo da Iniciação Cristã
inspirado no itinerário catecumenal proposto pelo
RICA.”24
As celebrações mais importantes, geralmente,
acontecem na missa dominical e requerem a partici-
pação de todos os envolvidos, e necessariamente não
precisam alterar a agenda dominical. As celebrações
são fáceis de acompanhar, podem ser adaptadas, in-
teragem plenamente com o tempo litúrgico e com
as celebrações dominicais, para as quais são convo-
cados pais, padrinhos, introdutores, catequizandos,
23
Ibid., n. 106.
24
Ibid., n. 226.
27
catequistas, sob a animação do ministro, o que pos-
sibilita que, mesmo nas comunidades mais afastadas,
muitas dessas celebrações possam ser realizadas.
Ao ter presente as paróquias formadas por uma
rede de comunidades, os bispos alertam: “Nas cele-
brações do processo de Iniciação à Vida Cristã, es-
pecial atenção precisa ser dada às comunidades sem
presbíteros. Devem ser providas de pessoas prepa-
radas para partilhar a Palavra e animar o encontro
da comunidade, evitando conteúdos desfocados do
Mistério Pascal celebrado na liturgia”.25
Nas celebrações da Iniciação à Vida Cristã, a co-
munidade reconstitui sua vocação e missão, pois é
chamada a renovar a graça batismal, a comprometer-
-se pelo acolhimento e pela formação do catequista e
do catequizando. Enfim, refaz e aprofunda a própria
caminhada de fé, tornando-a sempre mais fecunda,
visto que também ela está em constante processo de
conversão. Assim, a comunidade reafirma sua adesão
diante dos elementos essenciais de sua fé: exorcis-
mos, unção, entrega da cruz…
Os iniciandos e a comunidade compreenderão
esses ritos como uma metáfora do que irá se cum-
prir com a nossa resposta de fé ao longo de nossa
existência. Por exemplo, o embate contra o mal, ri-
tualmente celebrado na renúncia antes do Batismo,
25
Ibid., n. 148.
28
é imagem da luta que o cristão enfrentará ao longo
de toda a vida contra aquele que colocará muitas ve-
zes à prova sua adesão a Cristo. A configuração na
morte e ressurreição de Cristo ocorrida no Batismo
corresponderá ao exercício diário de fé, esperança e
caridade em Cristo, que só se concluirá com nossa
Páscoa (passagem) definitiva para a casa do Pai.
Por isso, nossos bispos nos recomendam: “A ins-
piração catecumenal que propomos é uma dinâmica,
uma pedagogia, uma mística, que nos convida a en-
trar sempre mais no mistério do amor de Deus. Um
itinerário mistagógico, um desejo que nunca acaba.
Porque Deus, sendo Amor, nunca se esgota”.26
Participação da família
“A família é chamada a ser lugar de iniciação,
onde se aprende a rezar e a viver os valores da fé.”27
Qualquer tipo de estruturação familiar não isen-
ta os responsáveis de assumir e educar as crianças
numa formação cristã e religiosa que os ajude rumo
à transcendência.
Eis uma linha de renovação da iniciação cristã:
investir e integrar a catequese familiar na cateque-
se nas diversas idades, como caminho natural de
evangelização, a fim de: cada paróquia, desenvolver
26
Ibid., n. 56; cf. também o n. 136, que fala de neófitos permanentes.
27
Ibid., n. 199.
29
decididamente a catequese com as famílias dos cate-
quizandos da Eucaristia e da Crisma; proteger e cui-
dar do catequizando, em seu núcleo de crescimento
e convivência; integrar as famílias no processo evan-
gelizador, tornando-as participantes do processo e
respeitando os diversos modelos de estruturação fa-
miliar; valorizar a convivência familiar como lugar
da revelação de Deus no cotidiano.
O documento reitera:
Adaptações
Os gestos sejam realizados com calma e expres-
sividade, e utilize-se com largueza os elementos da
água, do óleo, da luz… Por exemplo, convém que a
água seja abundante, de modo que o Batismo apare-
ça como verdadeira passagem pela água ou banho.
A linguagem seja direta, simples e ao mesmo tempo
respeitosa, com a dignidade própria da maneira de se
expressar na celebração litúrgica.
28
Ibid., n. 202.
30
O homem do povo exprime-se de modo concreto, contan-
do fatos reais, sem longos raciocínios abstratos. Por isso, na
homilia, nas preces e nos comentários dos ritos, mas, espe-
cialmente, durante toda a preparação, é muito importante
mencionar fatos concretos, solicitar breves depoimentos e
apresentar exemplos tirados da vida do povo.29
29
CNBB. Batismo de crianças: subsídios teológico-litúrgico-pastorais. São
Paulo: Paulinas, 1980, n. 183. Documentos da CNBB, n. 19.
30
RICA, n. 67.
31
Por isso, aparecem vários formulários para a mes-
ma oração, como também em muitas exortações a
rubrica registra que estas podem ser feitas “com estas
ou palavras semelhantes”, deixando literalmente a
adaptação a critério de quem preside.
32
Adultos I
Alertamos sobre a diferença entre o catecúmeno
e o batizado que não completou a iniciação cristã.
São sujeitos distintos. O catecúmeno é aquele que
não foi batizado e a quem o processo deve orientar
a opção pessoal de fé em direção à iniciação. Já o
catequizando, recebeu a fé, o dom de Deus, e por
isso é chamado fiel, mas precisa completar a inicia-
ção sacramental. O que ambos os sujeitos têm em
comum é a falta de evangelização e, por isso, deverão
percorrer um caminho de conversão e alcançar a ma-
turidade da fé, expressas pela mudança de costumes
e pela caridade operante.
O capítulo quarto do RICA, “preparação para a
confirmação e a Eucaristia dos adultos que, batizados
na infância, não receberam a devida catequese”, traz
apenas algumas anotações que remetem à pedagogia do
capítulo primeiro, destinado aos adultos catecúmenos.
Por isso, optamos pelos nomes “catecúmenos”
e “catequizandos” e os situamos no mesmo grupo
catecumenal. Originariamente, os ritos têm função
preparatória à recepção dos sacramentos, porém,
aqueles que já foram batizados e os celebram pela pri-
meira vez, vão realizá-los conscientemente como ex-
pressão da nova realidade que são chamados a viver.
33
Entrada no catecumenato
35