Indicadores de Sustentabilidade Uma Abordagem Empirica A Partir de Uma Perspectiva de Especialistas

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ANAIS

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: UMA ABORDAGEM EMPÍRICA A


PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DE ESPECIALISTAS

ALDO LEONARDO CUNHA CALLADO ( [email protected] )


DEPARTAMENTO DE FINANÇAS E CONTABILIDADE/CCSA/UFPB E PPG-AGRONEGÓCIOS/CEPAN/UFRGS
JAIME EVALDO FENSTERSEIFER ( [email protected] )
PPGA/UCS (PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL) E
CEPAN/UFRGS.

Resumo

O objetivo deste artigo consistiu em investigar a relevância de indicadores de sustentabilidade


a partir de uma perspectiva de especialistas. Este trabalho possui natureza descritiva e
exploratória. Foram considerados 435 indicadores de sustentabilidade, obtidos através de
listas de indicadores a partir de revisão da literatura, distribuídos entre as dimensões
ambiental, social e econômica. O questionário foi utilizado para realizar a consulta com 10
especialistas. Dentre o conjunto de indicadores investigados, 15 foram apresentados sendo os
mais relevantes. Não foi detectada discrepância na análise dos especialistas em relação aos
indicadores de uma determinada dimensão em detrimento aos indicadores de outra dimensão.

Palavras-chave: Indicadores de sustentabilidade. Pesquisa empírica. Dimensões de


sustentabilidade.

1. Introdução

Um dos principais resultados da Conferência Eco-92 realizada na cidade do Rio de


Janeiro em 1992 foi a elaboração de um documento chamado Agenda 21. A Agenda 21 é um
plano de ação que deve ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do
sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil em todas as áreas em que a ação
humana impacta o meio ambiente. A Agenda 21 é considerada por muitos a mais abrangente
tentativa já realizada para orientar a adoção de um novo padrão de desenvolvimento para o
Século XXI, cujo alicerce é a sinergia entre aspectos ambientais, sociais e econômicos, ou
seja, a sustentabilidade.
Apesar de muitos trabalhos terem sido desenvolvidos antes da publicação da Agenda
21, tais como Claro e Claro (2004), Krajnc e Glavic (2005a), Labuschagne, Brent, Van Erck
(2005), Dahl (2007), Singh et al. (2009), entre outros, esta agenda constitui um marco no
desenvolvimento de pesquisas e trabalhos sobre indicadores de sustentabilidade.
O termo sustentabilidade sempre foi visto como um obscuro conceito ecológico, e que
atualmente vem sendo adotado por empresas que buscam atender aos princípios da
responsabilidade social e da legislação ambiental (FIKSEL; LOW; THOMAS, 2004).
De acordo com Székely e Knirsch (2005), a sustentabilidade está relacionada à
construção de uma sociedade que apresente um bom equilíbrio entre os objetivos econômicos,
sociais e ambientais. Esses autores afirmam que esse termo significa, para as empresas,
sustentar e expandir o crescimento econômico, aumentar o valor dos acionistas, o prestígio, a
reputação corporativa, o relacionamento com clientes e a qualidade de produtos e serviços.

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De acordo com Epstein e Roy (2001) e Krajnc e Glavic (2005a), muitas empresas que
até então apenas utilizavam indicadores financeiros para acompanhar os resultados de suas
atividades operacionais, passaram a utilizar práticas sustentáveis devido às exigências de
vários agentes, tais como, consumidores, fornecedores, empregados, agências reguladoras
nacionais e internacionais, bancos, companhias de seguros, acionistas, associações comerciais
e comunidade local.
Esse novo posicionamento foi motivado principalmente pelo fato de que o
reconhecimento, por parte das empresas, que a lucratividade por si só não mais garante a
continuidade de suas atividades e que através da adoção de princípios e ações de
sustentabilidade há uma possibilidade em estender suas atividades por um maior período e
gerar um aumento no valor de mercado de suas ações.
Através da criação e acompanhamento de resultados de indicadores de
sustentabilidade, torna-se possível analisar e acompanhar as mudanças que ocorreram no
processo produtivo e identificar até que ponto estas mudanças estão sendo eficazes no que diz
respeito ao alcance da sustentabilidade social, econômica e ambiental.
Os indicadores de sustentabilidade são utilizados como ferramentas simplificadas de
análise, monitoramento e comunicação. A sua utilização tem por objetivo avaliar um
determinado sistema dentro de uma realidade conceitual e, dessa forma, permitir a
quantificação de fenômenos complexos (CLARO e CLARO, 2004).
De acordo com Veleva e Ellenbecker (2000) e Potts (2006), o desenvolvimento de
indicadores de sustentabilidade que possam ser aplicados em empresas vem ganhando
continuadamente espaço, visto que diversas organizações, independente do setor de atividade,
têm direcionado esforços em avaliar o desempenho social, econômico e ambiental.
O procedimento utilizado para definir atributos, indicadores e pesos através de
consultas a especialistas, além de oferecer a possibilidade em estabelecer um consenso por
meio de assessoria técnica, traz para dentro do processo de elaboração de uma proposta, uma
consideração explícita de prioridades relativas que podem ser alocadas em diferentes critérios
de sustentabilidade (RIGBY et al., 2001).
O objetivo deste artigo é investigar a relevância de indicadores de sustentabilidade a
partir de uma perspectiva de especialistas. Além desta seção introdutória, o presente artigo
possui mais quatro seções. Na seguinte, foram apresentados diversos e conceitos de
indicadores de sustentabilidade no contexto empresarial. Na terceira são apresentadas diversas
características de indicadores de sustentabilidade. Na quarta são discutidos os aspectos
metodológicos desta pesquisa. A quinta seção apresenta os resultados encontrados nesta
pesquisa. E, por fim, são apresentadas as conclusões da pesquisa.

2. Indicadores de Sustentabilidade

Os indicadores são ferramentas centrais por permitirem um acompanhamento das


principais variáveis de interesse da empresa e por possibilitar o planejamento de ações
visando melhorias de desempenho.
De acordo com Kardec, Flores e Seixas (2002), indicadores são guias que permitem
medir não somente a eficácia das ações tomadas, mas também os vieses entre o programado e
o realizado. Esses autores indicam que sem indicadores é praticamente impossível avaliar o
desempenho de uma organização e identificar seus pontos fracos.
Segundo Veleva e Ellenbecker (2000), o conceito por trás dos indicadores de
sustentabilidade para uma empresa é simples. Esses indicadores tentam identificar
objetivamente se uma empresa está se aproximando ou se afastando nas diversas dimensões
(ambiental, social e econômica) da sustentabilidade. Os indicadores buscam comunicar o

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progresso em direção a uma meta de forma simples e objetiva o suficiente para retratarem o
mais próximo da realidade, mas dando ênfase aos fenômenos que tenham ligações entre a
ação humana e suas conseqüências (VAN BELLEN, 2008).
Toda iniciativa realizada em função da sustentabilidade deve ser associada a um
indicador de desempenho específico. Assim como os gerentes implementam novos programas
ou investem em novas tecnologias para aumentar seus resultados voltados à sustentabilidade,
eles precisam definir claramente objetivos e metas e compará-los ao atual desempenho.
Assumindo um sentido de comparação, Moura (2002) define indicador de
sustentabilidade como sendo um conjunto de parâmetros que permite medir as modificações
antrópicas em um determinado sistema e comunicar, de forma simplificada, o estado deste
sistema em relação aos critérios e as metas estabelecidas para avaliar a sua sustentabilidade.
Os indicadores podem conter um ou vários parâmetros que podem ser considerados
isoladamente ou combinados entre si, mas o conjunto de indicadores deve expressar as inter-
relações entre eles que possam afetar a sustentabilidade do sistema.
De acordo com a Global Reporting Initiative – GRI (2006), indicadores de
sustentabilidade apresentam o modo que a organização contribui ou pretende contribuir no
futuro para a melhoria das condições econômicas, ambientais e sociais em nível local,
regional ou global.
A seleção de indicadores para o desenvolvimento sustentável é uma importante
questão na orientação de atividades não apenas empresariais e industriais, bem como as ações
humanas, principalmente do ponto de vista prático, pois se apresenta importante buscar
atribuir medidas e métricas para aspectos que não possuem medidas de uso corrente.
Partindo dessa perspectiva, Azapagic (2004) apresenta indicadores do
desenvolvimento sustentável como tradutores de aspectos da sustentabilidade em
(usualmente) medidas quantitativas de desempenhos econômicos, ambientais e sociais com o
principal objetivo em ajudar a solucionar as principais preocupações. A identificação de
aspectos relevantes, que captem características específicas de cada ação, é crucial para o
desenvolvimento desses indicadores.

3. Características de Indicadores de Sustentabilidade

Pode-se apontar uma série de características de um indicador (BERLINER;


BRIMSON, 1988; TIRONI et al., 1992; NEELY et al., 1997), a saber:
• seletividade: os indicadores devem estar relacionados a fatores essenciais ou
críticos do processo a ser avaliado.
• representatividade: o indicador deve ser escolhido ou formulado de forma que
possa representar satisfatoriamente o processo ou produto a que se refere.
• simplicidade: devem ser de fácil compreensão e aplicação, principalmente para
aquelas pessoas diretamente envolvidas com a coleta, processamento e avaliação
dos dados, requerendo o mínimo de esforço adicional para sua implementação.
• baixo custo: devem ser gerados a custo baixo. O custo para coleta, processamento
e avaliação não deve ser superior ao benefício trazido pela medida.
• estabilidade: devem ser coletados com base em procedimentos rotinizados
incorporados às atividades da empresa e que permitam sua comparação ou a
análise de tendências ao longo do tempo.
• comparação externa: alguns indicadores devem ser desenvolvidos para permitir a
comparação do desempenho da empresa com outras empresas do setor ou
empresas de outros setores.

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• melhoria contínua: os indicadores devem ser periodicamente avaliados e, quando
necessário, devem ser modificados ou ajustados para atender às mudanças no
ambiente organizacional e não perderem seu propósito e validade.
De acordo com Moura (2002), as características desejáveis nos indicadores de
sustentabilidade são:
• pressupostos: deve partir de uma clara definição de sustentabilidade, ter uma visão
clara do objetivo, estar nitidamente relacionado aos princípios e às exigências da
sustentabilidade e representar um equilíbrio entre os interesses ambientais,
econômicos e sociais.
• metodologia: levar em conta os pressupostos do processo, apresentar um enfoque
sistêmico, quantificar fenômenos complexos, contemplar as inter-relações entre os
indicadores e contemplar os atores envolvidos na questão.
• validade: possibilitar a comparação entre si, com critérios legais ou outros
padrões/metas existentes, ser relativamente certo e fácil de interpretar, ter limites
óbvios que separe o sustentável do insustentável e ser objetivo e capaz de medir
causas e mudanças nos sistemas.
• relevância: ser suficientemente sensitivo para o público local, ter relevância
política, ser confiável analiticamente, atender aos objetivos do processo de
monitoramento, abranger elementos essenciais em relação aos objetivos, ser fácil
e simples de interpretar, capaz de mostrar tendências no longo prazo e ser
replicável.
• viabilidade: haver facilidade da obtenção de dados, ser de fácil quantificação,
existência de dados acessíveis com recursos locais, ser de rápida determinação e
interpretação, ser estatisticamente mensurável e apresentar um custo de
implementação viável.
• Comunicação da informação: simplificar informações para permitir a
comunicação entre os diversos atores envolvidos no processo, ser de fácil
compreensão para as pessoas comuns, ter valor de referência para comparação, ser
apresentado de modo que usuários possam entender o significado dos valores
associados a ele e ser atraente para a mídia local.
O processo de seleção de indicadores de sustentabilidade, segundo o World Bank
(1999), deve obedecer aos seguintes critérios: possuir relevância direta aos objetivos de um
projeto; limite de número; clareza no delineamento; custos realistas no desenvolvimento;
identificação clara das relações causais; alta qualidade e confiabilidade; escala temporal e
espacial apropriada; e objetivos e fundamentos
Ao se caracterizar a operacionalização desses indicadores, Azevedo (2002) considera
importantes os seguintes aspectos: a sustentabilidade deve ser mensurada por um índice de
fácil aplicação e interpretação; o índice de sustentabilidade deverá ser dinâmico, refletindo as
mudanças estruturais e de conjuntura das unidades de produção; o índice de sustentabilidade
deverá ser relativo e, portanto, objeto de comparação entre unidades produtivas ou da mesma
unidade ao longo do tempo; o índice de sustentabilidade é um instrumento de avaliação do
sistema de produção e na avaliação da própria sustentabilidade.
Foi observado por Veleva e Ellenbecker (2000) que grande parte das presentes
metodologias de análise utiliza apenas indicadores quantitativos para mensurar o desempenho
da sustentabilidade. Entretanto, muitos desses indicadores tornaram-se apenas exercícios da
contabilidade. É importante romper o paradigma corrente de análise e fazer um maior uso de
indicadores qualitativos, mesmo que isso represente uma maior subjetividade no processo de
análise.

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4. Aspectos Metodológicos

Essa seção apresenta os aspectos metodológicos que nortearam a realização desta


pesquisa. Inicialmente são definidas a tipologia e variáveis investigadas na pesquisa. Em
seguida são apresentados os procedimentos de coleta de dados. E por último é apresentado o
método utilizado para analisar os dados coletados.

4.1 Tipologia da pesquisa

Para a classificação da pesquisa, tomou-se como base a taxonomia desenvolvida por


Vergara (2009), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e aos meios.
Quanto aos fins, esta pesquisa é exploratória e descritiva. Pesquisa exploratória, pois no Brasil
ainda são exíguas as pesquisas empíricas associadas à seleção de indicadores de
sustentabilidade a partir de consulta a especialistas. E descritiva, pois buscou-se descrever as
características das avaliações realizadas pelos especialistas. Quanto aos meios, esta pesquisa é
classificada como pesquisa de campo, visto que foi realizada entrevistas e aplicações de
questionários para atingir o objetivo proposto.

4.2 Variáveis

Diante do objetivo proposto para esta pesquisa, foram investigadas as dimensões de


sustentabilidade com seus respectivos indicadores, a saber:
• Dimensão ambiental ⇒ Esta dimensão se preocupa com os impactos causados
por empresas em sistemas vivos e não-vivos, incluindo ecossistemas, terra, ar e água;
• Dimensão econômica ⇒ Esta dimensão se preocupa com impactos causados por
uma empresa no bem-estar econômico de seus stakeholders e no sistema econômico nos
níveis local, nacional e global;
• Dimensão social ⇒ Esta dimensão reflete as atitudes de uma empresa de
tratamento dos próprios empregados, fornecedores, contratados e consumidores, além de
impactos na sociedade de uma maneira geral.
A seleção do grupo de indicadores participantes desta pesquisa foi realizada em duas
fases: (I) levantamento de listas de indicadores de sustentabilidade referentes às dimensões
ambiental, econômica e social a partir de revisão da literatura; (II) exclusão de indicadores de
sustentabilidade pertencentes a mais de uma das listas.
O Quadro 1 sumariza a revisão da literatura para o levantamento de indicadores de
sustentabilidade no âmbito de empresas utilizados em trabalhos empíricos e teóricos.

Autores Dimensões de Quantidade de Natureza do


sustentabilidade indicadores/dimensão trabalho
Ambiental Ambiental (04)
Spangenberg e Bonniot (1998) Social Social (05) Teórico
Econômica Econômica (05)
Ambiental Ambiental (12)
Azapagic e Pardan (2000) Social Social (05) Teórico
Econômica Econômica (09)
Ambiental Ambiental (10)
Oliveira (2002) Social Social (10) Empírico
Econômica Econômica (10)
Cultural Cultural (10)
Ambiental Ambiental (11)
Azapagic (2003) Social Social (16) Empírico

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Econômica Econômica (11)
Ambiental Ambiental (41)
Azapagic (2004) Social Social (19) Empírico
Econômica Econômica (23)
Ambiental Ambiental (42)
Claro e Claro (2004) Social Social (24) Empírico
Econômica Econômica (30)
Ambiental Ambiental (07)
Krajnc e Glavic (2005a) Social Social (05) Teórico
Econômica Econômica (04)
Ambiental Ambiental (22)
Krajnc e Glavic (2005b) Social Social (10) Empírico
Econômica Econômica (06)
Global Reporting Initiative Ambiental Ambiental (30)
(2006) Social Social (40) Teórico
Econômica Econômica (09)
Sydorovych e Wossink (2008) Ambiental Ambiental (08)
Social Social (11) Empírico
Econômica Econômica (06)
Searcy, McCartney, Ambiental Ambiental (04)
Karapetrovic (2005) Social Social (08) Empírico
Econômica Econômica (06)
Quadro 1 – Indicadores de sustentabilidade no âmbito de empresas
Fonte: elaborado pelos autores.

É importante mencionar que apesar de determinado(s) indicador(es) não apresentarem


uma ou mais dentre as características mencionadas, nem sua validade nem sua capacidade
explicativa deve ser questionada, visto que a lista apresentada é apenas uma tentativa de se
obter e trabalhar com indicadores “ideais”e “perfeitos”; sabe-se, entretanto, que essas
características são em muitos casos difíceis de serem observadas.
O levantamento de indicadores de sustentabilidade identificou 463 indicadores. Esses
indicadores encontram-se classificados da seguinte maneira: 191 indicadores da dimensão
ambiental, 153 indicadores da dimensão social e 119 indicadores da dimensão econômica.
A segunda fase de seleção de indicadores desta pesquisa consistiu em excluir os
indicadores presentes em mais de uma lista. Após exclusão de indicadores repetidos, a lista
final de indicadores foi composta por 435 indicadores de sustentabilidade (177 indicadores
ambientais, 150 indicadores sociais e 108 indicadores econômicos).

4.3 Procedimentos de coleta de dados

O instrumento utilizado para coletar os dados desta pesquisa foi um questionário, que
consistiu de listas de indicadores das dimensões ambiental, social e econômica. Essas listas
apresentavam os 435 indicadores de sustentabilidade selecionados. De acordo com Malhotra
(2006), este instrumento deve transformar a informação desejada em um conjunto de
perguntas específicas que os entrevistados tenham condições de responder.
Nesta pesquisa foi utilizado o método de amostragem não probabilística intencional
(ou por tipicidade). De acordo com Gil (1999), esse tipo de amostragem consiste em
selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser
considerado representativo de toda a população. Para Richardson (1999), os elementos que
formam uma amostra intencional relacionam-se com certas características estabelecidas pelo
pesquisador. Vergara (2003) corrobora a natureza desta abordagem metodológica ao afirmar

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que uma amostra por tipicidade é constituída pela seleção de elementos que o pesquisador
considere representativos da população-alvo.
As características relevantes atribuídas aos especialistas aptos a integrar a amostra
foram as seguintes: possuir sólida formação e experiência profissional (acadêmica ou técnica)
em aspectos associados à sustentabilidade.
O questionário foi enviado a 10 (dez) especialistas. Dentre eles, 8 (oito) possuem o
título de Doutor, atuam em Programas de Pós-Graduação credenciados pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e estão vinculados a Grupos de
Pesquisa cadastrados na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) em áreas e linhas de pesquisas associadas à sustentabilidade.
Além disso, 7 (sete) destes possuem bolsas e projetos de pesquisas financiados por agências
de fomento. Os outros 2 (dois) especialistas consultados possuem o título de Mestre, com
vasta experiência de atuação profissional em treinamento, consultoria e auditoria de sistemas
de gestão integrados, tendo integrado comissões responsáveis por diversos planejamentos
estratégicos de diferentes indústrias.
A consulta de especialistas foi realizada através de execução de três etapas, a saber:
contato, entrevistas e recebimento de questionários. O contato inicial com os especialistas foi
realizado através de correio eletrônico. A segunda etapa consistiu em realizar entrevistas com
os especialistas com a finalidade de explicar a natureza e o objetivo da consulta, bem como
para dirimir eventuais duvidas. Dada a distância geográfica de alguns especialistas, não foi
possível realizar entrevistas com todos, mas foi providenciado o envio de questionários e
instruções detalhadas por correio eletrônico e por correspondência por correios. Ao final deste
processo, todos os 10 (dez) questionários enviados foram respondidos e recebidos.

4.4 Procedimentos de análise de dados

Os dados coletados foram analisados a partir de três diferentes perspectivas, a saber:


1. Análise de prevalência de indicadores. Essa análise buscou a partir de resultados
em cada dimensão de sustentabilidade investigada, identificar os indicadores que
receberam o maior número de votos dos especialistas consultados;
2. Análise comparativa das avaliações de indicadores das três dimensões. Essa
análise foi realizada através da utilização do teste estatístico de Kruskal-Wallis.
Esse teste buscou identificar se houve diferenças significantes entre as medianas
das freqüências de votos de indicadores das dimensões ambiental, social e
econômica. Essa análise buscou identificar se houve discrepância na análise dos
especialistas em relação aos indicadores de uma determinada dimensão de
sustentabilidade em detrimento aos indicadores das demais dimensões;
3. Análise de ponderações de indicadores. Por fim foram analisados os pesos
atribuídos pelos especialistas aos indicadores de sustentabilidade das dimensões
investigadas que obtiveram a maior prevalência. Os pesos aos indicadores foram
atribuídos a partir de Escala Likert (Muito importante – peso 3; Importante – peso
2; Relativamente importante – peso 1).
Essas análises foram realizadas através do auxílio do aplicativo estatístico SPSS
versão 10.0 para Windows.

5. Apresentação e Análise de Resultados

Essa seção apresenta a análise de resultados da pesquisa. Inicialmente são


apresentados os resultados associados à avaliação dos especialistas sobre a relevância dos
indicadores de sustentabilidade investigados. Em seguida é apresentada uma análise

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comparativa das avaliações dos indicadores das dimensões investigadas. E por último é
apresentado um ranking de ponderações atribuídas pelos especialistas aos indicadores mais
votados.

5.1 Avaliação dos especialistas sobre a relevância dos indicadores de sustentabilidade

Inicialmente é apresentado o resultado geral de avaliação de indicadores de


sustentabilidade considerando o número de votos atribuídos a cada um deles por 10 (dez)
especialistas consultados. Os resultados dessa análise estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Resultado geral da avaliação de indicadores de sustentabilidade


Número de votos de Quantidade de Percentual Percentual acumulado
especialistas indicadores (%) (%)
02 1 ,2 ,2
03 14 3,2 3,4
04 145 33,3 36,8
05 129 29,7 66,4
06 91 20,9 87,4
07 40 9,2 96,6
08 15 3,4 100,0
Total 435 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

Foi observado que o indicador menos votado recebeu dois votos de especialistas. Os
indicadores que receberam 4, 5 e 6 votos de especialistas, representam, respectivamente,
33,3%, 29,7% e 20,9% do universo de indicadores investigados. Houve, porém, um grupo de
15 indicadores que recebeu 8 entre 10 votos possíveis de especialistas, ou seja, esse grupo de
indicadores possui um elevado grau de significância e importância atribuída pelos
especialistas consultados.
Em seguida são apresentados os resultados individuais de indicadores para cada
dimensão de sustentabilidade investigada. Inicialmente são apresentados os resultados de
indicadores da dimensão ambiental, conforme dados dispostos na Tabela 2. A análise desta
dimensão se deu através de uma lista de 177 diferentes indicadores.

Tabela 2 – Resultado relativo aos indicadores da dimensão ambiental


Número de votos de Quantidade de Percentual Percentual acumulado
especialistas indicadores (%) (%)
03 4 2,3 2,3
04 76 42,9 45,2
05 46 26,0 71,2
06 34 19,2 90,4
07 12 6,8 97,2
08 5 2,8 100,0
Total 177 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

Foi observado que os indicadores que receberam o menor número de votos foram
selecionados por apenas 3 especialistas, representando 2,3% do total de indicadores
analisados. Observou-se ainda que o conjunto de indicadores que receberam 4, 5 e 6 votos
representa, respectivamente, 42,9%, 26,0% e 19,2% do universo de indicadores investigados.
E por último tem-se o grupo de indicadores mais votados, que receberam 8 votos,
representando 2,8% do universo de indicadores investigados desta dimensão.

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Ainda sobre os indicadores de sustentabilidade vinculados à dimensão ambiental,
buscou-se ainda identificar aqueles indicadores ambientais que receberam o maior número de
votos. Os resultados obtidos sobre este aspecto estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Indicadores ambientais mais votados


Número de votos de Percentual
Indicadores especialistas (%)
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) 08 80
Quantidade de água utilizada (m3/ano) 08 80
Número total de processos instaurados por organizações
ambientais por estar em não-conformidade de acordo com a
legislação ambiental vigente (nº por ano) 08 80
Treinamento e educação dos funcionários 08 80
Quantidade de energia economizada devido a melhorias em
conservação e eficiência 08 80
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Nota: O percentual é em relação aos 10 especialistas.

Os indicadores ambientais mais votados estão associados aos Sistemas de Gestão


Ambiental (SGA), à quantidade de água e energia utilizadas em seus processos, bem como ao
número de processos instaurados por organizações ambientais por não estar de acordo com a
legislação ambiental.
Para ilustrar a perspectiva dos especialistas, buscou-se identificar que indicadores
estavam inseridos no grupo de indicadores que receberam menos votos (três). Os resultados
obtidos sobre este aspecto estão apresentados na tabela 4.

Tabela 4 – Indicadores ambientais menos votados


Número de votos de Percentual
Indicadores especialistas (%)
Ruído (decibéis ou nº de queixas/ano) 03 30
Número de espécies na Lista Vermelha da IUCN e em listas
nacionais de conservação com habitats em áreas afetadas por
operações, discriminadas pelo nível de risco de extinção 03 30
Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa, por
peso 03 30
Iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e as
reduções obtidas 03 30
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Nota: O percentual é em relação aos 10 especialistas.

É importante mencionar que dentre os indicadores que receberam menos votos pelos
especialistas consultados tem um que está associado às emissões e reduções de gases de efeito
estufa, um associado ao número de espécies que estão sujeitas ao risco de extinção e um
associado ao nível de ruído da empresa.
Em seguida foram analisados os indicadores de sustentabilidade pertencentes à
dimensão econômica. A análise desta dimensão se deu através de uma lista de 108 diferentes
indicadores. O resultado da consulta de especialistas destes indicadores está apresentado na
Tabela 5.

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Tabela 5 – Resultados relativos aos indicadores da dimensão econômica
Número de votos de Quantidade de Percentual Percentual acumulado
especialistas indicadores (%) (%)
03 1 ,9 ,9
04 32 29,6 30,6
05 34 31,5 62,0
06 22 20,4 82,4
07 15 13,9 96,3
08 4 3,7 100,0
Total 177 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

Pode-se observar que houve um indicador que recebeu apenas três votos. O indicador
econômico que recebeu o menor número de votos mensura o valor gasto com investimentos
para a prevenção e controle de poluição. Os indicadores que receberam 4, 5 e 6 votos de
especialistas, representam, respectivamente, 29,6%, 31,5% e 20,4% do universo de
indicadores investigados. Os diversos indicadores pertencentes ao grupo dos mais votados por
especialistas consultados receberam 8 votos, representando 3,7% dos indicadores
investigados.
De maneira semelhante à dimensão ambiental, buscou-se identificar o grupo de
indicadores econômicos que receberam o maior número de votos pelos especialistas
consultados. Os resultados obtidos sobre este aspecto estão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 – Indicadores econômicos mais votados


Número de votos de Percentual
Indicadores especialistas (%)
Investimentos éticos (R$) 08 80
Gastos em saúde e segurança (R$) 08 80
Volume de investimentos em capital humano (R$) 08 80
Investimentos em tecnologias limpas 08 80
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Nota: O percentual é em relação aos 10 especialistas.

Ao se analisar o grupo de indicadores que receberam a maior quantidade de votos de


especialistas consultados, aspectos associados a investimentos éticos, gastos com saúde e
segurança, investimentos e em tecnologias limpas compõem seu escopo.
Também foram identificados os indicadores econômicos que receberam a menor
quantidade de votos (três e quatro). Os resultados obtidos sobre este aspecto estão
apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 – Indicadores econômicos menos votados


Número de votos de Percentual
Indicadores especialistas (%)
Quantidade de dinheiro pago a partidos políticos e instituições cuja
função principal é financiar os partidos políticos ou de seus
candidatos (R$/ano) 03 30
Taxa de contribuição ao Produto Interno Bruto (%) 04 40
Percentual de custos totais com empregados em relação às vendas
líquidas (%) 04 40
Total de produto exportado: quilo por ano 04 40
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Nota: O percentual é em relação aos 10 especialistas.

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De acordo com os resultados apresentados, os indicadores econômicos que receberam
menos votos pelos especialistas consultados estão associados ao montante de valor pago com
finalidades de financiamento de partidos políticos ou candidatos, ao percentual que a empresa
contribui na formação do Produto Interno Bruto, bem como indicadores que mensuram os
custos associados aos funcionários em relação às vendas líquidas e indicadores que mensuram
o volume total de produto exportado.
E por último foram analisados os indicadores de sustentabilidade que compõem a
dimensão social. Esta dimensão foi composta por 150 diferentes indicadores. O resultado da
consulta de especialistas destes indicadores está apresentado na Tabela 8.

Tabela 8 – Resultados relativos aos indicadores da dimensão social


Número de votos de Quantidade de Percentual Percentual acumulado
especialistas indicadores (%) (%)
02 1 ,7 ,7
03 9 6,0 6,7
04 37 24,7 31,3
05 49 32,7 64,0
06 35 23,3 87,3
07 13 8,7 96,0
08 6 4,0 100,0
Total 150 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

Foi observado que apenas um indicador (estética dos funcionários) recebeu apenas
votos de 2 entre os 10 especialistas consultados, sendo este indicador o menos votado da lista
total de indicadores investigados. Os indicadores que receberam 4, 5 e 6 votos de
especialistas, representam, respectivamente, 24,7%, 32,7% e 23,3% do universo de
indicadores investigado. Por último tem-se que o grupo de indicadores mais voltados por
especialistas consultados receberam 8 votos representando 4% do número total de indicadores
investigados.
Finalmente, foi ainda identificado o grupo de indicadores sociais que receberam o
maior número de votos de especialistas consultados. Os resultados desta análise estão
apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 – Indicadores sociais mais votados


Número de votos de Percentual
Indicadores especialistas (%)
Auxílio em educação e treinamento 08 80
Padrões de segurança de trabalho 08 80
Ética organizacional 08 80
Interação com a sociedade 08 80
Programas para gestão de competências e aprendizagem contínua
que apóiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários e
para gerenciar o fim da carreira 08 80
Impacto na economia local 08 80
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

Ao se analisar o grupo de indicadores sociais que receberam a maior quantidade de


votos de especialistas consultados foi constatado que aspectos conceituais e comportamentais
estruturais associados aos ambientes interno e externo à organização foram valorizados. Este
grupo de indicadores possui um espectro diversificado e amplo sobre a sustentabilidade.

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Por fim, buscou-se identificar que indicadores sociais que receberam menos votos
(dois e três). Os resultados obtidos sobre este aspecto estão apresentados na Tabela 10.

Tabela 10 – Indicadores sociais menos votados


Número de votos de Percentual
Indicadores especialistas (%)
Estética 02 20
Ranking da organização como empregador em pesquisas internas 03 30
Percentual de fornecedores locais em relação ao número total de
fornecedores (%) 03 30
Proporção de investimentos na sociedade e na comunidade do
lucro bruto (%) 03 30
Composição dos grupos responsáveis pela governança corporativa
e discriminação órgãos de gestão e descriminação dos
colaboradores por categoria, por gênero, faixa etária, minorias e
outras 03 30
Igualdade 03 30
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.
Nota: O percentual é em relação aos 10 especialistas.

Foi observado que o indicador que recebeu a menor quantidade de votos (dois) analisa
os padrões estéticos dos funcionários. Ainda sobre os indicadores sociais menos votados, foi
identificado um grupo de indicadores que receberam três votos. Dentro desse grupo, tem um
indicador que apresenta um ranking de avaliação da organização através de pesquisas internas
com os empregados, um que analisa a composição de localização dos diferentes fornecedores,
e um que apresenta a composição de grupos responsáveis pela governança corporativa,
discriminando colaboradores por diferentes estratificações.

5.2 Análise comparativa das avaliações dos indicadores das três dimensões

Em seguida foi testada a significância estatística de diferenças entre as freqüências de


votos de indicadores das dimensões ambiental, social e econômica. Os resultados dessa
análise estão apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 – Análise de significância de diferenças entre medianas


Variável DIMENSÕES
dependente Ambiental Social Econômica TOTAL
Mediana
Observada 125 96 67
Esperada 116,8 99,5 71,7 288
Obs-Esp 8,2 -3,5 -4,7

Mediana
Observada 52 54 41
Esperada 60,2 50,5 36,3 147
Obs-Esp - 8,2 3,5 4,7

Total observado 177 150 108 435


p = 0,2240
Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

De acordo com os resultados obtidos, pode ser observado que as diferenças entre as
freqüências de medianas de freqüência de votos dos indicadores não foram estatisticamente

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significativas (p=0,2240). Esse resultado indica que as avaliações efetuadas sobre a relevância
(votos atribuídos) pelos especialistas, considerando as três dimensões de sustentabilidade, não
podem ser considerados como discrepantes entre si. Deste modo, pode-se afirmar que as três
dimensões da sustentabilidade investigadas possuem relevâncias equivalentes.

5.3 Ranking das ponderações dos indicadores mais votados

O último conjunto de resultados propostos abrange os pesos atribuídos pelos


especialistas aos indicadores que receberam o maior número de votos (8 votos). Os resultados
dessa análise são apresentados na Tabela 12.

Tabela 12 – Média de pesos atribuídos aos indicadores de sustentabilidade mais votados


Média de Dimensão
Indicadores pesos
Treinamento e educação dos funcionários em sistemas e práticas ambientais 2,750 Ambiental
Investimentos éticos (R$) 2,500 Econômica
Quantidade de água utilizada (m3/ano) 2,375 Ambiental
Ética organizacional 2,375 Social
Quantidade de energia economizada devido a melhorias em conservação e
eficiência 2,250 Ambiental
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) 2,250 Ambiental
Número total de processos instaurados por organizações ambientais por estar
em não-conformidade de acordo com a legislação ambiental vigente (nº por
ano) 2,250 Ambiental
Padrões de segurança de trabalho 2,250 Social
Interação com a sociedade 2,250 Social
Investimentos em tecnologias limpas 2,250 Econômica
Impacto na economia local 2,125 Social
Volume de investimentos em capital humano (R$) 2,125 Econômica
Gastos em saúde e segurança (R$) 2,000 Econômica
Auxílio em educação e treinamento 2,000 Social
Programas para gestão de competências e aprendizagem contínua que apóiam
a continuidade da empregabilidade dos funcionários e para gerenciar o fim da
carreira 1,750 Social
Fonte: Pesquisa de campo, 2009-2010.
Nota1: Os pesos aos indicadores foram atribuídos a partir de Escala Likert (Muito importante – peso 3; Importante – peso 2;
Relativamente importante – peso 1).
Nota2: A média foi calculada em relação aos 8 especialistas que atribuíram pesos aos indicadores.

Pode-se observar que o indicador que mensura nível de treinamento e educação de


funcionários associados a aspectos ambientais, obteve a maior média de pesos atribuídos
pelos especialistas consultados. Por outro lado, o indicador que apresentou a menor média de
pesos atribuídos foi o que mensura programas de gestão de competências e aprendizagem que
buscam dar continuidade da empregabilidade dos funcionários.
Merece ainda ser destacado que os pesos atribuídos a estes indicadores não se
mostraram dispersos entre si, o que sugere certo grau de homogeneidade atribuído a suas
respectivas relevâncias percebidas pelos especialistas consultados.

6. Conclusões

O objetivo desta pesquisa foi investigar a relevância de indicadores de sustentabilidade


a partir de uma perspectiva de especialistas. Para atingir este objetivo, foram consultados 10
(dez) especialistas e analisados 435 indicadores de sustentabilidade, distribuídos entre as
dimensões ambiental, social e econômica.

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Ao analisar os resultados obtidos a partir de consultas de especialistas, foi observada a
existência de um grupo de indicadores com elevado grau de significância, ou seja, apesar de
terem sido identificados 435 diferentes indicadores, a sustentabilidade no contexto
empresarial pode ser mensurada e analisada através de um grupo menor de indicadores, sem
com isso, perder sua representatividade.
A presente pesquisa identificou um grupo de 15 indicadores de sustentabilidade que
foram votados por 8 (oito) dos dez (10) especialistas. É importante destacar que esse grupo de
indicadores mais votados estão distribuídos homogeneamente entre as três dimensões de
sustentabilidade investigadas (5 - indicadores ambientais, 4 - indicadores econômicos e 6 –
indicadores sociais).
A importância em analisar a sustentabilidade a partir de uma abordagem
tridimensional, dá-se principalmente devido ao fato desta abordagem ter a capacidade em
agregar a interface existente entre aspectos ambientais, sociais e econômicos, muitos dessas
relações e interações existentes entre as diferentes dimensões de sustentabilidade que muitas
vezes não conseguem serem captadas através de indicadores unidimensionais, sejam eles
sociais, ambientais ou econômicos.
Este trabalho buscou contribuir na área de pesquisa associada aos indicadores de
sustentabilidade no contexto de empresas, a partir de uma proposta metodológica original de
seleção de indicadores.
Apesar de se perceber um avanço no número de pesquisas, os indicadores que
mensuram a sustentabilidade no contexto de empresas ainda não estão consolidados
cientificamente, pois diversas iniciativas de pesquisas associadas a este tema ainda se
encontram em desenvolvimento. É importante que esforços em levantar, discutir e apontar
aspectos ainda pouco explorados sejam realizados, para que se possa no futuro construir um
conhecimento cientifico sólido acerca de uma área sempre tão cercada de posicionamentos
subjetivos.

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