Aula 19 e 20

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AVALIAÇÃO

PSICOLÓGICA

Profª Laís Freitas


UNIDADE 3 – INSTRUMENTOS E TÉCNICAS

Texto: Escolha dos instrumentos e das técnicas no psicodiagnóstico

HUTZ, C. S. Psicodiagnóstico: avaliação psicológica. Porto Alegre:


Artmed, 2016. (Capítulo 07)
ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS E DAS TÉCNICAS NO
PSICODIAGNÓSTICO

Um bom resultado do processo psicodiagnósti​co refere-se à escolha de ​instrumentos e ​


técnicas adequados a uma dada situação.

POR QUÊ

O descuido na escolha, o mau uso de ​instrumentos ou mesmo o não uso de


técnicas apropriadas em diferentes etapas do psicodiagnóstico podem ter
como consequências conclusões e encaminha​mentos inapropriados.
Em vez de contribuirmos para um encaminhamento que traga melhor
qualidade de vida, estaremos re​tardando esse processo.
Para que possamos escolher os
instrumentos e as técnicas que
TUDO COMEÇA PELAS HIPÓTESES
serão utilizados, inicialmente
devemos formular as hipóteses.

São essas as hipóteses que irão nos orientar na


escolha do que utilizaremos durante o
psicodiagnós​tico.
As hipóteses podem ser diversas e, com o decorrer
do processo, poderão ou não ser confirmadas até
que se chegue ao diagnóstico final.
EXEMPLO:

Em um caso encaminhado pela escola, no qual há história de dificuldade


escolar, repetição de ano e queixas da professora em termos de
comportamento em sala de aula, podemos nos fazer algumas perguntas
gerais, como: O contexto familiar no qual a criança está inserida sofreu
alguma modificação recentemente? A criança está passando por algum
conflito psíquico que dificulta a transposição de uma etapa de
desenvolvimento psicológico? Será que é um caso de transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade? Há alguma relação entre os sintomas e deficiência
intelectual?
Precisamos adotar uma postura investigativa exploratória já no primeiro momento de trabalho
para, a poste​riori, a ​partir dos dados levantados nas entrevistas iniciais, construir hipóteses
que poderão ser reformuladas ao longo de todo o processo.

AS HIPÓTESES NÃO SÃO IMUTÁVEIS

Demanda objetiva ou diretamente Demanda de avaliação é ambígua, genérica


associada à descrição de um quadro ou ampla
clínico

Formulação da hipótese ocorre de


Formulação da hipótese ocorre de
maneira mais lenta
maneira mais rá​pida,
DEMANDA OBJETIVA OU DIRETAMENTE ASSOCIADA À DESCRIÇÃO
DE UM QUADRO CLÍNICO

Por exemplo: avaliar a capacidade de atenção concentrada ou de memória de longa


duração ou avaliar a existência ou não de um ​quadro de transtorno depressivo maior

A formulação da hipótese ocorre de maneira mais rá​pida, e se


constituirá em um importante norteador da avaliação.
Nessas situações, o psicólogo não deve se distanciar da hipótese
formulada inicialmente, sendo a avaliação mais objetiva e, em
geral, breve.
DEMANDA MAIS AMBÍGUA, GENÉRICA OU AMPLA

Por exemplo: avaliar os desencadeantes e mantenedores de um quadro


depressivo, ou as razões de uma ​criança ter dificuldades de aprendizagem

Os profissionais entendem que a formulação das hipóteses e a consequente


escolha dos instrumentos serão mais bem realizadas se o psicólogo
suportar não saber o que o paciente tem até os primei​ros sinais se tornarem
hipóteses em virtude de suas repetições nas consultas iniciais.

Nos casos em que o diagnóstico compreensivo é o alvo, não devemos apressar o processo
avaliativo, agarrando-nos de forma acrítica à primeira impressão diagnóstica elaborada,
sob pena de não irmos além de uma avaliação das aparências
EXEMPLO:

Uma paciente de 22 anos foi encaminhada pelo psiquiatra para avaliar os motivos de
estar apresentando um quadro depressivo há cerca de seis meses. Como a demanda
está alicerçada em avaliar “os motivos” do sofrimento, e esses nem sempre são
claros para o paciente (se o fossem, o próprio paciente provavelmente saberia como
buscar auxílio para enfrentar o problema), necessitamos de diferentes estratégias
para construir as primei​ras hipóteses que posteriormente serão testadas. Segundo a
paciente, ela se sentia triste desde que enfrentara, há oito meses, a morte do cachorro
com o qual convivia há 10 anos. Poderíamos pensar em um luto vivido
patologicamente, no entanto, isso seria focar na consequência de um conjunto de
processos psíquicos e não nos motivos de esse luto patológico ter ocorrido.
[...]
EXEMPLO:

[...]
Foi necessária a realização de quatro entrevistas iniciais em que se constatou que a
perda do animal de estimação da paciente havia exposto outras faltas que ficavam
encobertas pela relação que tinha com ele. Verificou-se a difícil relação da paciente
com sua família e com seus ideais profissionais, seus impedimentos quanto às
relações interpessoais e suas fantasias ligadas a morar sozinha, sem os pais. A
companhia do cachorro lhe trazia conforto para várias dessas preocupações, que não
surgiram somente após a morte dele, mas se intensificaram durante o período de luto.
A partir dessas constatações iniciais, foram elaboradas algumas hipóteses e optou-se
pela aplicação de alguns testes projetivos com o intuito de compreender melhor os
principais conflitos psíquicos inerentes a cada uma das situações descritas.
DIAGNÓSTICO COMPREENSIVO

Em situações de busca por um diagnóstico


compreensivo, é importante esperar o
paciente expressar seu sofrimento antes de
formular hipóteses iniciais.
É essencial estar aberto a revisar as
hipóteses em cada encontro.
Estratégias de avaliação
UMA VEZ psicodiagnós​ti​ca: incluem
DEFINIDO O testes e/ou técnicas

QUE É PRECISO
AVALIAR:
NICA:
TÉC
TESTE:
Quando não há padronizações ou quando há uma
maior flexibilidade de aplicação e análise, sem a
É um instrumento ou procedimento por preocupação com a métrica, podemos adotar o
meio do qual se obtém uma amostra termo técnica psicológica.
de ​comportamento de um indivíduo em Exemplo: entrevistas (livres, semiestruturadas ou
um domínio específico. Para tanto, o estruturadas), observações, pesquisa documental,
mesmo deve ser avaliado e pontuado ou outras técnicas utilizadas na tomada de
por meio de um processo padronizado. decisão
É im​portante que conheça
essa lista e a consulte com
Testes com parecer frequência, já que é atualizada
favorável periodicamente, para que
possa atuar de forma legal.

Não é verda​de que um psicodiagnóstico necessite sempre


do uso de testes psicológicos para que seja considerado
Psicodiagnóstico válido ou fidedigno.
sem testes? A adoção desses instrumentos é uma opção técnica e
ética do psicó​logo, que considerará suas condições
pessoais e conhecimentos ​técnicos para avaliar o caso.
Além de ter conhecimento sobre os instrumentos disponíveis, é
condição para o ​psicólogo que conheça também suas propriedades
psico​métricas e suas bases teóricas.
Esses dados devem constar nos manuais dos testes, e o ele ​precisa
aprender a lê-los e ter uma postura crítica a seu respeito.
Por vezes, o teste pode ser adequado e ter normas para um contexto,
mas não para outro.
É responsabilidade do psicólogo conhecer e poder avaliar o quanto o
instrumento é ou não adequado para determinada situação
E se não for possível utilizar
testes?

Se não houver instrumentos ​disponíveis, podemos utilizar


técnicas ou tarefas.
Nessas situações, como não há um padrão de aplica​ção e Em situações em que
análise, é ainda mais indispensável um bom embasamento não há muitos
teórico, que guiará a estraté​gia de avaliação. instrumentos
É importante ter habilidade em diversas técnicas de disponíveis, o
entrevista, conhecer recursos acessíveis para as diferentes psicólogo é o principal
faixas etárias, ter habilidades interpessoais para o instrumento!!!
levantamento de demandas junto a pessoas próximas
essenciais ao entendimento do caso
A ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS:

Deve ser feito sempre de forma ​individualizada!


Há locais em que a bateria de testes é padrão
No contexto de pesquisa, isso pode ser necessário, mas no
contexto clínico isso pode ser prejudicial.
A avaliação acaba não sendo justa, ou seja, o paciente “perde seu
tempo” com testagens que seriam dispensáveis, sendo exposto a
situações de ansiedade e gastos financeiros desnecessários.
A ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS:

Atenção para as características do próprio psicólogo!


Necessário escolher os instrumentos sobre os quais tem domínio de
aplicação e interpretação dos resultados.
Quando o psicólogo entende que seu paciente deveria se submeter
a determinado teste que ele não domina: contar com a ajuda de um
colega mais capacitado é a melhor opção.
A ESCOLHA DE INSTRUMENTOS DEVE
CONSIDERAR:

O que quero avaliar?

Quais os instrumentos e técnicas disponíveis que


avaliam isso que quero saber considerando a idade
do avaliando?

Sei usar tais instrumentos e técnicas?.


POR QUAL
UMA VEZ COMEÇAR?
DEFINIDO OS
INSTRUMENTOS
COMEÇAR POR Iniciamos por instrumentos mais simples, para então partir para
INSTRUMENTOS os mais complexos, de forma que o avaliando possa ir se
MAIS SIMPLES adaptando à situação de avaliação

COMEÇAR POR Por exemplo: para crianças com dificuldades de aprendizagem,


INSTRUMENTOS pode ser compli​cado responder a um teste que avalia inteligência
MENOS se ele for o instrumento de entrada, já que elas podem se sentir
ANSIOGÊNICOS sendo testadas como na escola

COMEÇAR PELOS São testes menos estruturados, respostas não possuem “certo”
TESTES ou ”errado”, com tempo livre para responder. Devem ser feitos
PROJETIVOS (se antes dos testes mais padronizados para evitar influências e
forem utilizados) garantir respostas mais autênticas.
Mesmo psicólogos experientes podem ter dúvidas
quanto à adequação dos testes e técnicas para um
determinado caso, ou, ainda, dúvidas sobre como Troca entre colegas
utilizá-los, tanto em termos de aplicação quanto de
análise de resultados.

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