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Psicologia B

Cognição e Emoção
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Mente e cognição

A cognição é o conjunto de mecanismos através dos quais cada um de nós adquire, trata,
conserva e explora informação, produzindo conhecimento. É encarada simultaneamente
como um processo e um produto- ato de conhecer e conhecimento efetivo.
Existem 3 processos cognitivos:
Perceção- interpretação e organização dos dados sensoriais;
Memória- registo subjetivo de tudo o que é percecionado;
Aprendizagem- alteração estável no comportamento do indivíduo.
Estes 3 também estão interligados.

Perceção
Sensação- é o processo através do qual um estímulo físico (visual, sonoro, olfativo, etc.),
desencadeia num recetor sensorial (olhos, ouvidos, nariz, etc.), uma determinada impressão
posteriormente transmitida ao cérebro. É, assim, uma reação dos órgãos dos sentidos ao meio,
uma resposta sensorial a um estímulo.
Quão sensíveis são, no entanto, os nossos sentidos?
A esta pergunta, tem procurado responder a Psicofísica. Nela procura-se entender, por
exemplo, a intensidade ou a energia necessária que um estímulo tem de ter para gerar uma
reação sensorial (pelo menos 50% das vezes em que é gerado). A esse mínimo de energia
necessária dá-se o nome de limiar absoluto. Raios violeta e infravermelhos são exemplos de
energia a que somos insensíveis, isto é, que se situa abaixo do nosso limiar absoluto.
Já o limiar diferencial é a diferença mínima de energia necessária entre dois estímulos para
que o observador os reconheça como distintos um do outro.
A adaptação sensorial é o ajustamento da capacidade sensorial após uma exposição
prolongada a um estímulo (exemplo do cinema).
A verdade é que não nos limitamos a ver imagens, ouvir sons, ou captar cheiros. Isto é,
percebemos alguma coisa no que vemos, ouvimos ou cheiramos. Através da sensação
recebemos a informação sensorial do meio e, por intermédio da perceção, interpretamos essa
informação.
Perceção- processo cognitivo de organização e interpretação da informação sensorial. É uma
atividade de processamento dos dados dos sentidos, de construção de significado, de
identificação do que é uma dada sensação.
Sentir e percecionar são processos distintos.
Processo percetivo- consiste na recolha, através dos órgãos sensoriais, dos estímulos físicos,
que depois são transformados em impulsos nervosos transmitidos ao cérebro. O cérebro
processa esses impulsos e desencadeia a resposta mais adequada ao estímulo recebido.
(exemplo- quando ouvimos 4 sons iguais, com o último mais longo e intercalados por 3
momentos de silêncio iguais. Isto é o que a sensação nos dá. Mas a perceção identificará
algo- se é o início de uma determinada música, que facilmente podemos identificar porque
estamos familiarizados.)
A perceção é mais do que a experiência simples dos estímulos- envolve a interpretação das
informações recebidas.
A perceção não representa o mundo tal como ele é- este é representado no cérebro como uma
imagem. A perceção é uma representação mental.
A organização percetual envolve um conjunto de aspetos importantes:
• Constância percetiva- tendência para entender como constante o que aparece como
instável ou em permanente variabilidade. A constância percetiva depende muito das
nossas experiências anteriores, das memórias que armazenamos, e da nossa
capacidade de inferir. Nas perceções visuais temos 3 formas de constância percetiva:
Constância de tamanho: um objeto, quanto mais longe de nós, mais pequeno aparece no
nosso olhar, mas não percebemos assim, pois sabemos que há um tamanho físico real.
Constância de forma: a imagem de um objeto, sob diferentes ângulos ou incidências de luz,
faz com que esse mesmo objeto pareça não ter a sua forma habitual. No entanto,
percecionamos uma roda sempre como redonda, mesmo que não olhemos para ela de frente,
o que dá a sensação de não ser um círculo perfeito.
Constância de cor e brilho: a luminosidade altera a sensação, mas rara e dificilmente muda
uma perceção.
• Perceção de profundidade- capacidade de ver o mundo a 3 dimensões, percebendo
as distâncias entre diferentes elementos. Existem dois tipos de indicadores de
profundidade:
Binoculares: em que os nossos olhos estão simultaneamente implicados. Relacionados com
mecanismos fisiológicos.
Monoculares: baseados no funcionamento autónomo de cada olho. São indícios ambientais.
• Lei da figura-fundo- tendemos a destacar a figura, como uma coisa com forma, do
fundo, como um vazio informe. A figura e o fundo nunca são percecionados ao
mesmo tempo, mas alternadamente. A lei da segregação figura-fundo parece ser inata.
• Leis do agrupamento percetivo- alem da lei figura-fundo existem outras
uniformidades percetivas:
Princípio da semelhança: quanto maior a semelhança entre elementos, maior é a
probabilidade de serem percecionados como parte de um grupo comum.
Princípio da proximidade: objetos próximos uns dos outros tendem a ser percebidos como um
todo.
Princípio da continuidade: os elementos que fazem parte de uma sequência contínua tendem a
ser percecionados em conjunto.
Princípio do fechamento: figuras incompletas tendem a ser vistas como completas.
Princípio da pregnância: também chamado por princípio da simetria ou simplicidade, afirma
que tendemos a organizar os estímulos percetivos ou objetos na sua forma mais simples
possíveis.
Estas duas últimas leis da perceção foram estudadas pelos psicólogos da Gestalt, que se
aperceberam de que a perceção não é uma simples associação ou soma dos estímulos, mas
que estrutura e organiza as informações sensoriais globalmente, ou seja, constrói um todo
significativo- o todo não é simplesmente a soma das suas partes.
Ilusões percetivas e a influência da cultura
Os vários indicadores que utilizamos para organizar o mundo que nos rodeia, deixam espaço
para automatismos falíveis e, por vezes, o nosso cérebro interpreta incorretamente a
informação percetiva. Muitas ilusões resultam da má aplicação do conhecimento que já temos
de certos objetos.
Há um fator cultural capaz de determinar a eficácia das ilusões, ou seja, a sua capacidade de
iludir. Assim, somos influenciados por mecanismos fisiológicos, mas também por
necessidades, crenças, emoções, expectativas, etc., sendo os nossos processos percetivos
simultaneamente dependentes de fatores inatos e aprendidos.

Memória
A nossa relação com o meio exterior não faria sentido se não existisse uma forma de
registarmos e relembrarmos as nossas experiências, isto é, se não existisse memória.
A memória corresponde à habilidade para adquirir e conservar informação ou representações
da experiência passada, com base nos processos mentais de codificação, retenção e
recuperação.
Quando a informação sensorial chega ao cérebro dá-se início à codificação (ou criação), isto
é, à transformação das informações do meio em representações e códigos. Depois dá-se o
armazenamento (ou retenção) - que mantém a informação na memória. Referimo-nos ao
arquivamento da informação armazenada. Por último, a recuperação (ou recordação), que traz
a informação à memória. Referimo-nos ao acesso à informação armazenada. Há ainda outro
método comum para se recuperar a informação armazenada- o reconhecimento.
Estes 3 processos são interdependentes, pelo que o sistema de memorização só funcionará
eficazmente se todos estiverem operacionais.
Tipos de memória- classificação da memória quanto à duração e função.
As teorias do processamento da informação separam a memória em 3 compartimentos ou
subsistemas, que variam entre si em vários aspetos, nomeadamente quanto à natureza,
período de permanência da informação e capacidade:
• Memória sensorial (MS)
• Memória de curto prazo ou memória de trabalho (MCP)
• Memória de longo prazo (MLP)
Para que a informação transite entre estes compartimentos é importante que existam
processos como a atenção, repetição e recuperação.
Memória sensorial: com uma capacidade muito limitada, constitui a primeira etapa no
estabelecimento de um registo duradouro das nossas experiências. Permite conservar as
características físicas de um estímulo captado pelos órgãos sensoriais durante algumas
frações de segundo. Por exemplo, a memória sensorial visual (icónica) contribui para a nossa
perceção do movimento, e a memória sensorial auditiva (ecoica) é indispensável para que
percebamos palavras e frases.
A memória sensorial é um registo momentâneo, de frações de segundo. Se não se der
atenção, a informação perde-se em cerca de 1 segundo. Para que a informação não se
desvaneça e possa ser transferida para a MCP, é necessário o envolvimento de atenção:
• Atenção seletiva: quando nos concentramos em certos estímulos, ignorando outros;
permite-nos fazer tarefas simples, como ler um livro ou conversar com um amigo.
• Atenção dividida: quando focamos os nossos sentidos em mais do que 1 estímulo, ou
quando intercalamos a nossa atenção com outra tarefa; por exemplo: usar o telemóvel
enquanto conduzimos.
Memória de curto prazo: informação retida durante uma fração de tempo; podemos
conservar cerca de 7 elemento/ unidades de informação; quando repetimos mentalmente a
informação, o tempo de duração desta memória é alongado; mantemos a informação
enquanto ela nos é útil, sendo esquecida logo depois de cumprida a tarefa.
A MCP constitui uma importante memória de trabalho, permitindo a exploração da MS
(através da repetição) e mantendo presente a informação guardada na MLP (através da
recuperação).
Memória de longo prazo: sabe-se ser de uma vastidão imensa, já que a informação é
registada em redes semânticas. Este sistema imensamente complexo subdivide-se noutros
subsistemas. Existe, assim, uma distinção inicial entre memória declarativa e memória não
declarativa.
Memória não declarativa/ procedimental/ memória do saber-fazer: é uma memória
automática, de procedimentos. Refere-se às competências e habilidades percetivas e motoras
(«como?»). Serve para reter informações que não podem ser verbalizadas, mas sim
exercitadas/ exemplificadas. É uma memória mais estável, mais difícil de ser perdida,
facilmente reatualizada. (exemplo: andar de bicicleta)
Memória declarativa/ explícita/ memória com registo: implica a consciência do passado,
do tempo e dos seus contextos. Reporta-se a acontecimentos, factos ou pessoas, e é habitual
distinguir-se dois tipos de memórias declarativas:
• Memória episódica: também conhecida por memória autobiográfica, é onde estão
armazenados episódios das nossas vidas, experiências/ recordações localizadas no
tempo e no espaço. É uma memória pessoal, muitas vezes ligada a emoções vividas na
primeira pessoa.
• Memória semântica: a localização no tempo das nossas memórias semânticas é
inexistente, já corresponde a conhecimentos e informações adquiridas ao longo da
vida. Associa-se mais ao conhecimento geral
Fiabilidade da memória humana
Esquecimento: incapacidade de recordar, recuperar ou reconhecer dados, informações,
experiências aprendidas ou memorizadas. Pode ser uma incapacidade provisória/ temporária
ou definitiva.
Como a memória é um processo de seleção de informação, o esquecimento é essencial para a
aquisição de novas informações, já que faz parte do processo de seleção, eliminando a
informação que não é útil ou necessária.
Existem diferentes tipos de esquecimento:
• Esquecimento regressivo: consiste na dificuldade em reter novos materiais e
informações e em recordar conhecimentos, factos, e nomes aprendidos recentemente.
Deve-se à degenerescência de tecidos cerebrais, habitualmente associado ao
envelhecimento.
• Esquecimento motivado: associado à teoria de Freud, segundo a qual o processo de
esquecer é seletivo, existindo uma motivação inconsciente, ou seja, esquecemos
aquilo que, inconscientemente, nos interessa esquecer. Freud designou recalcamento à
tendência que os indivíduos possuem de evitar inconscientemente a recordação de
situações traumatizantes, penosas, de dor, medo, ansiedade ou angústia.
• Interferência de novas aprendizagens: existem 2 formas de interferência- inibição
pró-ativa (faz-se do passado para o presente; o que foi aprendido no passado interfere
pró-ativamente numa memória recente; ex- dificuldade em recordar o novo nº de
telefone, porque confundo com o antigo); interferência retroativa (faz-se no sentido
inverso, do presente para o passado, ou seja, o que recentemente foi aprendido
interfere na atualização de uma aprendizagem outrora efetuada; ex- não conseguir
recordar o nº de telefone antigo, porque confundo com o novo).
Para além destas explicações, existem duas grandes teorias sobre o esquecimento:
• Teoria da interferência- defende a ideia de que há competição entre informação, isto
´, que as novas informações se intrometeram levando-nos a distorcer ou esquecer as
anteriores;
• Teoria da degradação do traço- acredita que o fragmento original da informação
vai, por si só, desaparecendo gradativamente, a menos que façamos algo para o
manter intacto.
Assim, apesar de lamentarmos o esquecimento, é importante perceber que este é uma
condição necessária à memória, sem o qual não podemos continuar a recordar.

Aprendizagem
É uma mudança relativamente estável do nosso comportamento ou capacidades, adquirida
como resultado da observação prática, estudo ou experiência, e que se traduz num aumento
de competências e saberes.
A aprendizagem... não se reduz a conhecimentos factuais; nem sempre é correta; não é
necessariamente intencional e deliberada; não é diretamente observável.
Fatores que influenciam a aprendizagem: estrutura e maturação biológica; processos mentais:
percepção e memória; meio sociocultural; inteligência.
Aprendizagem não associativa:
Habituação: aprendemos a ignorar certos estímulos por serem familiares/ irrelevantes;
Sensitização: aprendemos propriedades de um estímulo potencialmente negativo ou
prejudicial, precavendo nos para tal.
Podemos distinguir aprendizagem comportamental (condicionamento clássico e
condicionamento operante) de aprendizagem cognitiva (insight, latente e observação
imitação).
Condicionamento clássico: alguns dos pressupostos do condicionamento clássico resultam
da aplicação prática das experiências laboratoriais de Ivan Pavlov com cães:
O alimento é o estímulo incondicionado (EI) já que desencadeia uma resposta incondicionada
(RI), a salivação do cão. Por outro lado, o som da campainha, antes do condicionamento,
designa-se estímulo neutro (EN) e, após o condicionamento, estímulo condicionado (EC). À
salivação em função do som da campainha, chamamos resposta condicionada (RC). Conclui-
se que o EC provoca a RC, exclusivamente após um processo de aprendizagem.
Conceitos fundamentais no condicionamento clássico: EI; EN; RI; condicionamento; EC;
RC; generalização (o sujeito reage da mesma forma a estímulos semelhantes); discriminação
(o sujeito aprende a distinguir os símbolos); extinção (terminada a associação entre estímulos,
termina a resposta condicionada).
Condicionamento operante: responsável pela lei do efeito, Thorndike defendia que os
comportamentos que produzem um resultado satisfatório tendem a ser mantidos (reforçados),
enquanto aqueles que geram um resultado incómodo ou nulo, são enfraquecidos ou
eliminados. Para realizar a sua pesquisa, construiu uma caixa-problema: uma caixa de
madeira equipada com uma porta que podia ser aberta a partir de um mecanismo situado no
seu interior.
Quando um animal corresponde a um estímulo, o resultado pode ser satisfatório (sair da
jaula), e então a ligação entre a ação e o acontecimento reforça-se. Se o resultado for
insatisfatório (continuar preso na jaula), a ligação entre a ação e o acontecimento enfraquece.
As respostas benéficas permanecem gravadas, e as que não trazem qualquer benefício são
rejeitadas.
Assumindo que as consequências de um comportamento são mais importantes do que
qualquer estímulo que o preceda, Skinner aprofundou os princípios do comportamento
operante, e mostrou a diferença entre reforço positivo e reforço negativo.
Reforço positivo: Aumenta a probabilidade de repetição da resposta devido a uma
experiência agradável (estudei e tirei boa nota).
Reforço negativo: Aumenta a probabilidade de repetição da resposta devido a uma
experiência desagradável (tomei aspirina passou a dor de dentes).
Ao contrário do reforço, que pretende aumentar a frequência de um comportamento, a
punição visa reduzir a sua ocorrência. Num caso e no outro, o positivo e o negativo não têm
nada a ver com bom ou mau, prazeroso ou doloroso, querem apenas dizer adicionar e
eliminar.
No condicionamento clássico associamos estímulos sem intervenção da vontade do sujeito;
sujeito passivo; comportamentos involuntários; aprendizagem faz por associação de
estímulos. No condicionamento operante, o estímulo ou a sua eliminação traz consequências
positivas para o sujeito; sujeito ativo; comportamentos aprendidos voluntariamente; faz por
reforço.
Aprendizagem por insight: Para Kohler a aprendizagem resultava também do insight, ou
compreensão súbita, sendo esta um elemento-chave, como demonstrou em experiências com
chimpanzés. Presos em jaulas, os chimpanzés conseguiam ver bananas e alguns utensílios,
que deviam ser percebidos como elementos do mesmo problema. Só assim conseguiriam usar
os utensílios para alcançar as bananas. Através da reestruturação percetual, os chimpanzés
começaram a ligá-los entre si (por via do insight, resultante de várias tentativas que fornecem
a assimilação das relações entre os elementos) e resolviam o problema.
Aprendizagem latente: as experiências de Edward Tolman, com ratos de laboratório,
desafiavam a exclusividade da aprendizagem comportamental e mostravam a relevância dos
processos mentais, que estão na base de muitas mudanças de comportamento.
Experiência: Grupo 1- os ratos circulavam pelo labirinto enão recebiam recompensa à saída,
cometendo erros e demorando mais a sair do labirinto; Grupo 2- os ratos circulavam pelo
labirinto e recebiam recompensa à saída, cometendo poucos erros e correndo para o fim do
labirinto; Grupo 3- os ratos circulavam pelo labirinto e não recebiam recompensa à saída,
durante parte da experiência. A partir de um certo momento recebiam uma recompensa e,
então, deixaram de cometer erros e corriam para a saída.
Tolman acreditava que os ratos que não recebiam recompensa tinham criado mentalmente o
mapa do labirinto, mas só manifestavam esta aprendizagem latente quando o reforço era
introduzido na experiência.
Aprendizagem por observação e imitação: Bandura defendia a possibilidade de haver
mudança comportamental sem existência de reforço direto, através do reforço vicariante (o
modelo observado tem um dado comportamento reforçado). O reforço vicariante reúne estas
4 condições para ser eficaz:
• Atenção ao modelo;
• Retenção do que se viu ou ouviu;
• Reprodução/ imitação sem erro;
• Motivação para que o comportamento seja integrado no conjunto de respostas do
sujeito, por exemplo, a expectativa de uma recompensa.
A modelação é um processo de aquisição de novos comportamentos a partir da observação
do comportamento de um modelo, que passa a ser imitado. O indivíduo tem um papel ativo
na aquisição e integração desses comportamentos, nem sempre imitando os comportamentos
observados.
A aprendizagem é um processo pessoal, que depende da forma como o indivíduo interage
com o meio que o rodeia, e também da forma como cada indivíduo assimila e reconstrói a
informação que recebe.
Ou seja, a aprendizagem depende: das experiências de vida de cada um; da sua
personalidade; dos seus sentimentos; das suas emoções; e experiências pessoais.

Emoção
Os processos emocionais são uma das respostas do indivíduo aos estímulos do meio. São
importantes na nossa relação com os outros.
Emoção: padrão de reação, complexo e transitório, a um evento ou assunto pessoalmente
significativo;
Sentimento: experiência mental e privada dos afetos e emoções;
Afeto: sensação subjetiva imediata em relação a uma pessoa, objeto ou situação e que orienta
o comportamento.
As emoções são causa ou consequência dos sentimentos?
Existe uma relação de reciprocidade entre emoção e sentimento. Uma emoção positiva pode
estar na base do sentimento de amizade, tal como este pode produzir reações emotivas
específicas. Emoções e sentimentos correspondem, respetivamente, ao início e fim de um
processo contínuo.
Os sentimentos são privados e não observáveis; relacionam-se com a consciência; geram
emoções.
As emoções são públicas e observáveis; não requerem consciência; geram sentimentos. São
maioritariamente involuntárias, com uma vertente comunicacional e não verbal muito
presente. Elas preparam-nos para a ação e ajudam-nos a regular o nosso comportamento
social.
As emoções são compostas por 3 componentes desencadeadas por um estímulo:
• Neurofisiológica (ativação do sistema nervoso e endócrino) - alterações fisiológicas;
• Cognitiva (interpretação e significado atribuído aos estímulos sensoriais) - análise do
objeto que causa a emoção;
• Comportamental (dimensão observável) - resposta dada face a uma situação emotiva.
Componente neurofisiológica e cognitiva: todo o nosso corpo é envolvido nas respostas
emocionais, sendo que a amígdala e o córtex orbitofrontal assumem um papel significativo.
Estamos preparados com um importante mecanismo de resposta do tipo ataque-ou-fuga, no
âmbito do qual estas duas estruturas desempenham funções fundamentais.
Joseph Ledoux destaca-se neste domínio, pelas investigações realizadas. Na resposta do tipo
ataque-ou-fuga põe-se em marcha um atalho neural, que permite interpretar e agir mais
rapidamente (embora com menos precisão) a um estímulo, do que era normal esperar.
O córtex orbitofrontal tem uma grande importância no planeamento e coordenação de
comportamentos destinados a atingir objetivos, e no processamento de estímulos emocionais.
Lesões pré-frontais interferem na tomada de decisões sensatas e na elaboração de
pensamentos claros.
Componente comportamental: esta componente é muito importante, pois as expressões
emocionais são comunicações não verbais poderosas. Os estudos de Paul Eikman realçam o
carácter inato de um conjunto de emoções básicas e a existência de expressões faciais
biologicamente programadas e comuns a todos.
Emoções básicas: medo, ira, nojo, espanto, tristeza e alegria.
Existem ainda inúmeras emoções secundárias:
• Emoções primárias- emoções partilhadas por indivíduos de todas as culturas, ligadas
aos processos neurais e fisiológicos específicos.
• Emoções secundárias- associadas às relações sociais e nas quais os aspetos
socioculturais aprendidos são muito significativos.
A programação inata interage com as regras de exibição definidas culturalmente, sendo que a
maioria das pessoas aprende a controlar a intensidade das emoções e também a selecionar os
contextos mais adequados para a sua expressão. As emoções primárias são, em parte,
influenciadas pela cultura, assim como as emoções secundárias são, em parte, biologicamente
programadas.
As emoções no quotidiano: exercem um papel vital também nas nossas relações
interpessoais, tanto no sentido de aproximação como de afastamento. É necessário existir um
equilíbrio ao nível dos processos emocionais já que emoções demasiado intensas podem
causar danos no nosso raciocínio (a dor emocional causada pela perda de alguém muito
próximo). Por outro lado, a ausência de emoções pode ser igualmente prejudicial, e dar
origem a um pensamento deficiente (casos de Elliot e Gage).
Emoção e razão: a emoção e a razão estão envolvidas, por exemplo, no processo de decisão.
A cada experiência significativa fica associado um estado somático de prazer ou desprazer
que serve de base para as decisões que temos de tomar, eliminando mais rapidamente certas
opções e salientando certas hipóteses em detrimento de outras.
A tomada de decisão é suportada por duas vias complementares: a representação das
consequências de uma opção, disponibilizada pelo raciocínio, que avalia a situação, faz
comparações, e levanta as opções possíveis. A perceção da situação provoca a ativação de
experiências emocionais já vividas em situações semelhantes. Quando surge um mau
resultado associado a uma dada opção de resposta, sente-se uma sensação corporal
desagradável. Como essa sensação é corporal, atribui-se ao fenómeno o termo de «estado
somático». Existe, assim, uma ligação entre o tipo de situação e o estado somático (corpo)
que atua como um sinal de alarme ou de incentivo, podendo levar à rejeição ou adoção de
uma decisão.
Os casos de Elliot e Gage, que se referem a perturbações no córtex cerebral, constituem
exemplos paradigmáticos do vínculo entre razão e emoção. Consequência de um acidente,
ambos manifestaram alterações comportamentais e de personalidade.
Marcadores somáticos são mecanismos automatizados de decisão, que informam o córtex
cerebral sobre as decisões a tomar. Permitem-nos decidir eficientemente num curto intervalo
de tempo, atuando como um sinal de alarme que nos protege de prejuízos futuros,
permitindo-nos escolher uma alternativa entre várias. Os marcadores somáticos aumentam a
precisão e eficiência no processo de decisão.
E é exatamente isto que António Damásio defende. As emoções e sentimentos não são um
obstáculo ao funcionamento da razão, já que estão envolvidos no processo de decisão. Se
apenas a razão participasse nos processos de decisão, seria muito complicado tomar uma
decisão, pois a análise rigorosa de cada uma das hipóteses levaria tanto tempo que a opção
escolhida deixaria de ser oportuna, ou então, perder-nos-íamos nos cálculos das vantagens e
desvantagens. A emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da
razão não pode funcionar eficazmente.
Inteligência emocional: capacidade de reconhecermos os nossos sentimentos e os dos
outros, de nos motivarmos e gerirmos bem as emoções em nós e nas nossas relações. Os
aspetos emocionais são essenciais para o desenvolvimento da inteligência. O conceito de
inteligência emocional inclui: a capacidade de motivação e persistência perante frustrações;
controlar impulsos e adiar recompensas; impedir que o desânimo seja superior; sentir
empatia; ter esperança.

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