Avaliação Da Desvalorização Da Moeda Angolana - Custódio Congo
Avaliação Da Desvalorização Da Moeda Angolana - Custódio Congo
Avaliação Da Desvalorização Da Moeda Angolana - Custódio Congo
MONOGRAFIA
MONOGRAFIA
Economia e Gestão
Contabilidade e Finanças
EPÍGRAFE
«A escolha da sua profissão será a decisão económica mais importante que cada qual
irá tomar»
iii
DEDICATÓRIA
Esta obra é dedicada primeiramente à Dona Hortência da Costa, minha mãe a quem eu
muito amo, pela forte influência que teve sobre a minha educação, ao João da Costa, meu
segundo pai, pelo crédito a mim investido, à minha linda e amada esposa, com quem eu tenho
partilhado a minha vida na alegria e na tristeza, à minha filha, que tem servido de motivação
para continuar a caminhar, dedico também este trabalho ao meu grupo académico
denominado, os Phd`s que de forma directa auxiliaram na realização do presente projecto.
iv
AGRADECIMENTOS
À minha família, designadamente, mãe, esposa, irmãos, filha e amigos por contribuírem
directa ou indirectamente, para realização deste projecto.
Em específico, agradeço ao meu Irmão João da Costa, meu segundo pai, pelo suporte
técnico e financeiro a favor da minha formação.
Não devo deixar de agradecer também o meu orientador, Doutor Samora Machel
Januário e Silva, por ter disponibilizado tempo, paciência e o seu vasto conhecimento para
realização do presente trabalho.
v
DECLARAÇÃO DE AUTOR
Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com os regulamentos da
Universidade Jean Piaget de Angola (Unipiaget) e em particular do regulamento de
elaboração de trabalho de fim de curso. O trabalho é original excepto onde indicado por
referência especial no texto.
Mais informo que a norma seguida para elaboração do trabalho escrito é a Norma APA.
Assinatura:
__________________________________________________________________
Data ___/___/____
vi
RESUMO
vii
ABSTRACT
In order to understand the motives that lead a country to devalue its currency in the face of
foreign currency, and also to understand the operationalities of this devaluation, we
schematize the present work for three chapters, in the first chapter, A thorough study of the
main literary contributions was made in order to show in history the different behaviors of
exchange devaluation in different economies, where we found that the impact of currency
devaluation in the countries of Emerging economy differs from its impact on developing
countries. The second chapter deals exclusively with the methodological procedures at the
scientific level. In the last chapter, we first made an assessment of the impact of currency
devaluation in NOSSA Seguros, company based on comparative analysis of the financial
results for the years 2017 and 2018, where it was found that the devaluation has caused
mostly chances effects. To the financial statements, resulting in a decrease in premium
income, an increase in claims cost and operating costs. Subsequently, an analysis of Angola`s
balance of payments in 2017 and 2018 was carried out to meet one of the specific objectives
and to respond to the hypothesis raised, which allowed us to observe the impact of the
devaluation on the balance, thus confirming that the devaluation actually reduces imports and
is part of one the export stimulus measure.
viii
ÍNDICE
Objectivos específicos.......................................................................................................... 15
Importância do estudo .......................................................................................................... 15
Delimitação do estudo .......................................................................................................... 16
Definição de conceitos ......................................................................................................... 16
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA ....................................... 18
1.1. Políticas macroeconómica ......................................................................................... 18
ix
2.3.1. Variável Independente ........................................................................................... 33
CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53
RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 56
x
INDÍCE DE TABELAS
Tabela 1: O governo pode remediar as deficiências do mercado ........................................... 18
Tabela 2: Evolução dos principais indicadores 2017 - 2018.................................................. 36
Tabela 3: Prémios Brutos ..................................................................................................... 39
Tabela 4: Custo com sinistros............................................................................................... 40
Tabela 5: Despesas por tipologia .......................................................................................... 40
Tabela 6: Provisões técnicas do seguro directo ..................................................................... 42
Tabela 7: Avaliação da flutuação cambial ............................................................................ 44
Tabela 8: Apresentação analítica da balança de pagamento 2016-2018................................. 45
Tabela 9: Composição das exportações 2017-2018............................................................... 48
Tabela 10: Importações por categoria de produtos ................................................................ 50
xi
INDÍCE DE GRÁFICOS
xii
INDÍCE DE FIGURAS
xiii
INTRODUÇÃO
Já há alguns anos que a economia vem relatar histórico de alguns países que por
motivos diversos começam a deparar-se com défices recorrentes na balança de pagamento,
por longos períodos sucessivos. Esta situação de défices sucessivos conduzem a economia a
um crescimento contínuo das suas dívidas externas, situação que não é sustentável por muito
tempo.
A economia de Angola não está à margem destes fenómenos e tem enfrentado grandes
debilidades nos últimos anos.
Com as teorias da desvalorização da moeda poderemos perceber o seu real efeito sobre
o crescimento económico e em particular avaliar o seu impacto nas empresas nacionais, com o
seu histórico estudar episódios claramente identificáveis sobre as variáveis macroeconómicas
mais relevantes, com o objectivo de identificar as principais operacionalidades.
14
IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
OBJECTIVOS DO ESTUDO
Objectivo geral
Objectivos específicos
(1) Expressar as razões que tornam a moeda nacional numa das mais vulneráveis á
desvalorização;
(2) Identificar os desafios da política de desvalorização cambial no país;
(3) Explicar o impacto da desvalorização da moeda á balança de pagamento.
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
Em função destes factos, achamos ser importante o estudo do presente tema, quer seja
num âmbito teórico, bem como num âmbito prático, pois, com o estudo deste tema, teremos a
facilidade em perceber as funcionalidades de uma desvalorização, suas vantagens bem como
as suas desvantagens e percebermos o seu impacto nas empresas nacionais.
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
O estudo do presente tema é assegurado pela área das ciências sociais, economia,
concretamente a sua parte mais ampla, a macroeconomia. Sendo assim, o presente tema, no
que se refere a sua delimitação do estudo em um horizonte temporal e espacial, focamo-nos
na avaliação da desvalorização da moeda e o seu impacto nas empresas nacionais, tendo como
caso concreto a empresa NOSSA Seguros. Podendo assim, colectar dados referentes aos anos
de 2017-2018.
DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
Para melhor detalhar o estudo, resolvemos conceituar alguns termos que de algum
modo encontram-se relacionados com o tema:
Inflação
16
Reservas internacionais
Produto Interno Bruto é o nome que damos ao valor de mercado de todos os bens e
serviços finais produzidos num país durante um determinado ano. É o valor a que se
chega quando se aplica a medida monetária aos diversos bens e serviços – desde abacates
ao zarcão – que um país produz com os seus recursos de terra, trabalho e capital.
17
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
Já há muitos anos que o Estado para além de agente económico, assume o papel de
regulador da economia ou seja, detecta falhas no mercado e intervém de modo a corrigi-las.
Para isto o estado necessita de um conjunto de mecanismos de interferência para responder
problemas como, o desemprego, a inflação elevada, o lento crescimento económico, entre
outros problemas.
18
Para Keynes cit. por Nordhaus e Samuelson (2005, p. 25), «o importante, para o
governo, não é fazer coisas que os indivíduos já estejam a fazer e realizá-las um pouco
melhor, ou um pouco pior; mas fazer coisas que presentemente não sejam efectuadas.».
Na literatura, nos relatórios e discursos dos bancos centrais responsáveis pela direcção
da política cambial, não existe um consenso sobre a definição apropriada desta política.
Normalmente não é habitual o uso do termo política cambial na literatura, no decorrer das
nossas investigações deparamo-nos mais com o termo política monetária, visto que alguns
economistas ainda consideram a gestão da taxa de câmbio como uma responsabilidade da
política monetária e colocam fora de questão a existência de uma política que trate
exclusivamente da gestão das taxas de câmbio e operações cambiais. Apesar da pouca atenção
dada a questão do conceito, podemos ainda localizar três definições na literatura.
Moreno (2005, s.p) considera como política cambial, «as transacções do banco
central no mercado de câmbio que são esterilizados».
Esta definição é muito restrita, pois trata apenas das transacções do banco central que
são esterilizados, ou seja, foca-se simplesmente na influência que o banco tem sobre as taxas
de câmbio.
19
Segundo Archer (2005, s.p), a política cambial é «Qualquer transacção que altera a
posição líquida em moeda estrangeira do sector público».
Diferente da anterior definição, esta demonstra que os bancos centrais focam-se não
apenas nas suas influências sobre as taxas de câmbio, mas também no seu principal objectivo,
a gestão das reservas internacionais. Isto é, considera-se a política cambial como toda e
qualquer transacção que altera o volume das reservas internacionais.
Para Adam e Henderson cit. por Abouchedid (2018, p. 27), as políticas cambiais são
«operações de compra/venda de moeda estrangeira fora do mercado de câmbio, realizadas
pelo banco central junto a entidades públicas ou privadas».
Ao longo destes anos de estudo, algumas questões adaptaram-se ao debate acerca dos
regimes cambias implementados pelas diversas economias, Emergentes e em
desenvolvimento. Quando selecciona-se um regime, é no crédito de que este venha contribuir
efectivamente para o equilíbrio económico, estimule o investimento estrangeiro e o comércio,
dê autonomia para a gestão governamental das políticas monetárias e ficais, além disso
proteger a economia local de turbulências proveniente de finanças internacionais. Apesar do
desejado no momento da escolha do regime. Todavia torna-se ainda difícil encontrar um
regime capaz de tudo isso.
20
Com excepção ao exemplo dos países da Zona do Euro, existe o exemplo dos países
que passaram recentemente por alguma crise cambial e sofreram alguma mudança nos seus
regimes de câmbio, como é o caso do Brasil, da Tailândia, ou da Rússia entre outros.
Há ainda dois casos extremos, como o de grandes economias, EUA e Japão, com o
regime de flutuação independente, e de economias muito pequenas e frágeis, que sob o
mesmo regime apresentam algum programa monitorizado por uma instituição
internacional (FMI), como o caso de peru, e a Albânia.
21
Figura 1: Alternativas de regimes cambiais
Regimes cambias
Flutuante
Fixo
(Inflation
Targeting)
Puro Ajustavel
Administrativo Puro
Padrão-ouro
Padrão moeda- Soft pegs
ouro
Hard pegs
Âncoras cambias
Banda de futução
Full Crawing pegs
dolarizazation Moving target zone
Currency board
Observando a figura 1, pode-se resumir os regimes em dois grupos, que são: Regimes
de câmbio fixo (puro e ajustável) e regimes de câmbio flutuante (livre e administrativo):
Um dos principais problemas que a taxa de câmbio fixa introduz na economia é a rigidez
no ajustamento dos preços relativos em caso de choques de oferta. Se, por um lado, um
regime de câmbio fixo permite que a taxa de câmbio não sofra excessiva volatilidade,
característica delegada aos regimes de taxas de câmbio flutuantes, por outro, obriga a
mudança dos preços domésticos, quando ocorrem choques de oferta. Em presença destes
choques, as variações da taxa de câmbio nominal sinalizam em direção aos setores para
os quais devem se reorientar os recursos na economia. Ao se fixar a taxa de câmbio,
impede-se que ela exerça este papel sinalizador.
No regime de câmbio fixo, as taxas são estáveis e porém ajustáveis, seguras e com um
mínimo ajustamento, assim, casuais desequilíbrios da balança de pagamento são ajustados
pelas oscilações das reservas internacionais, o que insere um certo limite á sua administração,
basicamente pelo próprio volume de reservas e pelo acesso ao crédito externo.
22
Canuto e Holland (2002, p. 7) também sustentam que:
As âncoras nominais, uma das formas assumidas pelos regimes de câmbio fixo, são parte
fundamental de qualquer processo de estabilização de preços em economia de inflação
alta e crónica, pois garante a credibilidade da moeda nacional. Este ganho de
credibilidade do governo é fruto da disciplina monetária e fiscal que tem de ser obedecida
para manutenção da paridade cambial.
Observou-se que a maior parte dos países vigoram o regime de câmbio flutuante nas
suas economias. Mas é de salientar que a adopção do regime flutuante não significa que o
governo, representado pelo banco central, deixará de actuar no mercado de câmbio,
comprando e vendendo moedas estrangeiras sempre que for necessário, motivo pelo qual o
regime de câmbio flutuante subdivide-se em puro e administrativo. Flutuações na taxa de
câmbio resultariam em incertezas sobre a situação cambial e sobre o valor futuro da moeda
nacional, o que estimularia os agentes económicos a definirem alguma direcção inflacionária
na formação de seus preços; por outro lado, dadas as elasticidades de oferta e demanda das
exportações e importações de uma economia qualquer, movimentos de desvalorização da
moeda nacional elevariam os preços das importações, entre eles, insumos industriais e outros
equipamentos, o que seriam, em alguma medida, repassados para os preços internos. Por outro
lado, sob alguma direcção inflacionária, a correcção do câmbio rumo à taxa de câmbio real
estável realimentaria o processo inflacionário.
Foi necessário relatar um pouco sobre a política cambial, pois a compreensão sobre
ela, facilitará a compreensão sobre o actual tema em estudo. A desvalorização é um fenómeno
que está intrinsecamente ligado aos termos política cambial, taxa de câmbio, e reservas
internacionais. A desvalorização ocorre tecnicamente quando uma determinada moeda reduz
o seu valor face a uma outra moeda estrangeira e quando existe um desequilíbrio nas
23
operações cambiais, isto é, flutuação negativa na oferta de divisas, ou quando se trata de um
processo administrativo.
Uma moeda desvalorizada não terá apenas impacto sobre os produtos importados, pois
ela também impacta negativamente os produtos internos, por via das importações de insumos
necessários para a sua constituição.
Roque (2015, p. 29) afirma que a «moeda desvalorizada não apenas não traz pujança
a um país, como ainda é sinal de debilidade económica e de empobrecimento».
Discorre ainda Roque (2015, p. 29), que «ninguém fica rico utilizando uma moeda que
compra cada vez menos».
A ideia do autor acima referido apoia a teoria segundo o qual se a moeda representa
uma boa parte de toda e qualquer transacção económica, então a situação da moeda é um dos
principais factores determinantes da situação de toda economia. Ou seja se a moeda não é
estável, a economia também torna-se instável.
Diferente desta linhagem, surge então um outro grupo de autores com outra linha de
pensamento. Assim sendo, Araújo cit. por Padinha (2014, p. 9) concluiu que «existe uma
relação positiva e significativa entre o crescimento económico e taxas de câmbio
competitivas (desvalorizadas) nos países em desenvolvimento».
É necessário que o governo, representado pelo banco central, pratique uma taxa de
câmbio competitiva, ou seja, que o governo permita a desvalorização da moeda local de modo
a tornar os seus produtos mais competitivos a nível internacional.
24
Tendo em conta o elevado índice de dependência externa que os países em
desenvolvimento têm para a produção dos seus produtos, faz com que a desvalorização
provoca mais efeitos negativos nas sua exportações em relação as exportações de produtos
dos países emergentes.
O segundo grupo de autores, não refutam as teorias dos anteriores autores, mas
salientam que o êxito da desvalorização depende muito do estado económico da nação, ou
seja, os resultados da política de desvalorização adoptadas por uma nação com a economia
emergente, diferem muito dos resultados de um país com a economia em desenvolvimento.
Ou seja dependentemente do estado da nação (emergente, ou em desenvolvimento) os efeitos
da política de desvalorização, podem ser simplesmente negativos como descreve Roque ou
serem bem sucedidas como descreve os outros autores.
Um país com dificuldades em crescer porque não consegue vender no mercado interno
nem no externo, com desemprego e défice externo, reduz os preços de produção. Esta
redução faz com que a produção aumente, o desemprego diminua, logo o rendimento
disponível aumenta e consequentemente a despesa aumenta. (Padinha, 2014, p. 10)
Outras abordagens reforçam que caso um país queira observar um crescimento mais
acelerado na sua economia, a desvalorização da moeda seria uma medida necessária. Mas ao
contrário desta teoria ainda existe grupos de autores que olham para a política de
desvalorização numa perspectiva muito negativa, sendo assim, destacam-se os elementos que
segundo os autores são resultante da política da desvalorização.
25
A desvalorização da moeda impacta os preços do sector das indústrias por dois canais,
segundo Pereira e Carvalho (2000, p. 10), «por um lado, no contexto de uma economia aberta,
ela se materializa em uma pressão sobre os custos industriais».
A desvalorização não impacta apenas os preços dos produtos importados, é necessário realçar
também que enquanto alguns bens produzidos internamente dependerem de alguns factores de
produção internacionais no que concerne a importação de matérias-primas, equipamentos básicos e
administrativos e até mesmo importação de serviços, este produtos também estarão sujeitos a um
ligeiro aumento dos preços.
Por outro lado a desvalorização vai impactar os preços indústrias tendo em conta a
diferença entre custo de produção e o seu preço de venda, e o preço de venda praticado pelas
demais empresas a nível internacional.
Os produtores da nação cuja sua moeda está desvalorizada passaram a vender os seus
produtos em maior quantidade para o exterior, causando assim, uma diminuição da oferta
interna.
Sendo a balança de pagamento o registo de todos os factos que ocorrem com o resto
do mundo, as relações que se estabelece entre as economias, envolvem a importação e a
exportação de mercadoria de diversas tipologias, o envio ou o recebimento de remessas, de
lucros e dividendos de mercadorias, e a saída e entradas de investimento de capitais
destinados a aplicações de bolsas, entre outros.
27
Figura 2: Estrutura da balança de pagamento
Importação
Balança
comercial
Exportação
Transporte
Seguros
Balança de
Balança de
transacções Viagens
serviços
correntes
Rendas de
investimento
Outros
Balança de Publicas
transferencias
Privadas
Investimento
directo
Investimento de
carteira
Balança de
pagamento
Balança de conta credito a longo
capital e prazo
financeira
capital a curto
prazo autónomo
tranferência de
capital
28
1.6. A DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA E O EQUILIBRIO DA
BALANÇA DE PAGAMENTO
Quando ocorre um déficit na balança, significa que o país está perdendo as suas
reservas internacionais. Situações do genêro obrigam o país a tomar decisões de ajuste para
evitar interropções nas transações de capitais vindas do exterior. Uma destas decisões varias
vezes tomadas pelas nações, muitas por imposição do FMI como é caso de Angola, é a
desvalorização da moeda local.
Polak (1948, s.p) demonstrou que «a desvalorização não pode ser um remédio efectivo
para corrigir uma situação de super-investimento».
29
Se parte fundamental destes lucros for poupada, o nível de investimento deixará de ser
excessivo por um certo período de tempo, isto é, poderá se registar um desaparecimento do
deficit na balança de pagamento, seguido de uma redução correspondente ao consumo. Não
obstante, se os salários são bem sucedidos no restabelecimento do seu antigo linear de renda
real, os investimentos tornar-se-ão excessivos novamente, dando assim origem a um novo
“deficit” da balança. A verdade é que diversas tentativas de eliminar o deficit por meio da
desvalorização reduzem simplesmente o valor externo da moeda nacional, sem resolver o
essencial, problema básico de pagamento.
Johnson (1987, p. 26), também sustenta que «A desvalorização monetária pode ser de
grande importância como componente de um pacote de medidas com vista a reduzir o deficit
externo da balança de pagamento. Para atingir esse objectivo, o pacote tem de fazer baixar a
taxa de câmbio real».
30
efeitos sobre a evolução das exportações devem ser separados dos efeitos da desvalorização.
Neste contexto, observa-se que a abertura de mercados ao exterior é crucial, caso país queira
expandir as receitas de exportações a favor do desenvolvimento das suas vantagens
comparativas. A redução das barreiras proteccionistas é um dos principais objectivos de todos
os países que participam do Gatt ou que são membros do FMI e do Banco Mundial.
Ao redor das teorias sobre a desvalorização da moeda local, estas abordagens avaliam
o quanto o fenómeno pode ser usado como variável determinante para o equilíbrio e o
crescimento económico.
31
CAPÍTULO 2 – OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO
2.2. HIPÓTESES
Segundo Freixo (2012, p. 192), «as hipóteses constituem um elemento útil para
justificar o estudo e garantir-lhe uma orientação».
32
Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 45), hipótese “é uma antecipação do resultado,
esperando como se pode conseguir ou obter resultados quanto a afirmação da investigação
que lhe é formulado”.
2.3. VARIÁVEIS
De acordo com Freixo (2012, p. 202), variável pode ser entendida como «qualquer
característica da realidade que pode tomar dois ou mais valores mutuamente exclusivos».
Freixo (2012, p. 204) define variável independente como «variável que numa
experiência é especificamente manipulada pelo experimentador de modo a que os seus efeitos
possam ser observados na variável dependente».
Freixo (2012, p. 204) define variável dependente como «a variável cujos valores são
em princípios o resultado da variação de uma ou mais variáveis independentes e respectivas
condições, ou seja, resposta que reflecte os efeitos da variável independente manipulada».
33
Ao longo das pesquisas constatou-se que, os elementos que constituem as variáveis
dependentes são: Exportações, importações e reservas internacionais.
Nesta senda o nosso processo sistemático de colheita de dados contou com varias
fontes de pesquisas, tais como: consultas bibliográficas em livros físicos e virtuais obtidos por
intermédio de sites de internet, relatórios dos bancos, central e comerciais, jornais, físicos,
áudio e audiovisuais. Por tanto no presente trabalho recorreu-se também a entrevistas para
identificar o real impacto da desvalorização nas empresas nacionais.
34
CAPÍTULO 3 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DOS
RESULTADOS
35
A política de desvalorização da moeda é um elemento afecto ao conjunto de reformas
estruturais e, é importante, por sermos uma nação cujo sistema de economia é aberta ao
exterior e ainda muito dependente de factores externos.
De acordo com os itens mencionados na tabela 2,verificou-se que para o ano de 2017,
período que ainda vigorava o regime de câmbio fixo, a taxa de câmbio em média era
transaccionada a 165.9 Kwanzas por Dólar, já no ano subsequente, com adopção do Regime
de câmbio flutuante a taxa de câmbio média passou a ser transaccionada a 252,8 Kwanzas por
dólar o que representou uma desvalorização média em termos percentuais de 52,3 % em
relação ao ano anterior.
1 RILn
Rácio das reservas internacionais = ( RLIn−1 − 1) 100
36
Se olharmos para a situação económica a mais três anos antes da desvalorização de
2018, vamos perceber que houve uma queda de 14,26% na passagem do ano de 2015 para
2016 e registou-se também uma queda de 34.69%2. De facto, percebe-se que neste intervalo
de tempo apesar de registar-se uma queda contínua nas reservas internacionais líquidas, houve
uma desaceleração da queda propriamente nos anos de 2015, 2016 e 2018, períodos em que a
moeda nacional estava a ser transaccionada em um regime de câmbio flutuante o que levou
moeda nacional a uma situação de desvalorização cambial. Ao passo que no ano de 2017
registou-se a aceleração na queda das reservas internacionais líquidas, causado pela alteração
do regime de câmbio flutuante para o regime de câmbio fixo.
O produto interno bruto (PIB) cifrou-se em 98.811,9 milhões de dólar para o ano de
2018 o que representa uma redução de 19,1% se comparado ao ano de 2017 que registou um
valor de 122.123,8. Esta redução foi causada pela desvalorização da moeda nacional, pois se
comparado o PIB em referência a moeda nacional percebe-se que o seu valor cifrou-se em KZ
20.262,3 mil milhões para 2017 e KZ 24.976,2 mil milhões para o ano subsequente o que
representa para o ano de 2018 um aumento de 23,26%, se comparados.
2 Xn
A fórmula ∆𝑥% = (Xn−1 − 1) 100 esteve na base da determinação das variações percentuais dos indicadores
económicos.
37
3.2. O IMPACTO DA DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA NA
EMPRESA NOSSA SEGUROS
Ao longo da sua existência, a empresa tem marcado a sua trajectória por crescimento e
pleno sucesso. Expandindo o seu negócio por todo território nacional, oferecendo aos seus 40
mil clientes uma rede de 20 agências instaladas em 12 províncias e 37 correctores activos,
alem de contar com a rede de agências do Banco BAI.
38
3.2.2.1. Impacto em Prémios Brutos
3
O prémio de seguro é caracterizado pelo valor de receitas arrecadadas com a concessão de seguros. Os
prémios brutos são calculados com base o somatório de todas as receitas arrecadadas com a concessão de
seguros sem a redução dos prémios de resseguros cedidos à seguradora pela resseguradora.
39
Tabela 4: Custo com sinistros
Para a NOSSA Seguros o período de 2018 foi marcado por um custo com sinistros de
alta dimensão no ramo de Outros Danos e Coisa, especificamente de multirriscos indústria. O
alto nível de desvalorização do Kwanza elevou os custos com sinistros, Causando um
aumento acentuado no Custo com Sinistros dos ramos de Doenças e Outros Danos em Coisas,
elementos estes que representaram 70% do total dos custos com os sinistros.
40
Para além do impacto nos custos com os sinistros, a desvalorização do Kwanza
também impactou negativamente as outras despesas designadamente, os Custos Com o
Pessoal e o Fornecimento De Serviços Externos.
Segundo a empresa, este aumento do Custo com o Pessoal deveu-se ao ajuste salarial,
ao forte investimento em formação, e a diferença de câmbio desfavorável à empresa no acto
da remuneração dos seus colaboradores não-residentes, esta diferença de câmbio desfavorável
é resultante da desvalorização do Kwanza. Por outro lado o aumento das despesas com
Fornecimento De Serviços Externos deveu-se principalmente ao facto de uma das partes
relevantes das despesas estar relacionada com o crescimento do negócio, para a
implementação dos seus planos estratégicos a nível do lançamento de novos produtos, canais
de distribuição, custos com licenças de informáticas e com a desvalorização do Kwanza.
14000000
12000000
10000000
8000000
2017
6000000
2018
4000000
2000000
0
Receita com Premio Bruto Despesas globais
O periodo de 2018 foi um ano difícil para a NOSSA Seguros. Como ilustrado no
gráfico 1, verificamos que como se não bastasse a diminuição das suas receitas em 2018, a
desvalorização da moeda, ainda no mesmo periodo, aumentou as sua despesas, Reduzindo a
possibilidade da empresa obter grandes lucros com a sua actividade.
41
3.2.2.3. Impacto nos Investimentos
4
A desvalorização do Kwanza tornou consequentemente valorizado o dólar, o que traduziu-se em lucros para
as provisões constituídas pela empresa em obrigações de tesouro indexadas ao dólar.
42
Aproveitando-se da desvalorização do Kwanza a NOSSA Seguros aumentou a
exposição do seu capital em obrigações do tesouro indexados ao dólar e ao eurobonds,
reduzindo a exposição do seu capital em bilhetes de tesouros.
Ao redor de toda esta análise percebe-se que a desvalorização da moeda teve grande
impacto sobre a empresa tanto de forma directa quanto de forma indirecta. De forma directa
esteve ligado as dificuldades que a empresa teve em honrar os seus compromissos com os
terceiros. Desde a cobertura de sinistros, principalmente quando tem que se importar o bem
necessário para reparação de um bem danificado e segurado, até a concessão de prémios de
resseguros para resseguradoras internacionais visto que é necessário divisa para o seu
cumprimento.
43
3.3. O IMPACTO DA DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA NAS CONTAS
DA BALANÇA DE PAGAMENTO
A desvalorização da moeda é uma técnica aplicada pelo banco central para fortalecer
as reservas bancárias. Por outro lado, face a desvalorização, elaborou-se a tabela que ilustra os
principais itens impactados pela desvalorização e valorização cambial.
Nesta senda, a nossa missão neste capítulo passará a ser a de prova se realmente a
desvalorização provoca os efeitos acima referidos. Sendo assim, passamos a verificar a
apresentação estatística ou contabilística de todas as transacções feitas entre residentes e não
residentes em Angola em dois períodos distintos, ano de 2017 e 2018 ou seja antes e depois
da desvalorização, para verificar o real impacto desta política na balança nacional.
44
Tabela 8: Apresentação analítica da balança de pagamento 2016-2018
45
3.3.1. Conta corrente
46
3.3.1.1. Conta de bens
Exportações
O segundo evento foi caracterizado pelo impacto da desvalorização nas contas de bens
e serviços. Apesar da desvalorização da moeda não impactar as receitas de exportações
petrolíferas 5, verificou-se um ligeiro impacto relativamente as receitas de exportações não
5
A desvalorização não impactou as receitas de exportações petrolíferas, pois o petróleo é uma commoditie e
como tal, Angola não tem influência sobre o seu preço nos mercados em que são transaccionados.
47
petrolíferas, especificamente as receitas da categoria de outras exportações que representou
aumento de 3,69% em relação ao período anterior, como ilustrado na tabela a seguir:
Como ilustra o gráfico a seguir, conseguimos ainda verificar que as bebidas nacionais
passaram a fazer parte do grupo dos produtos exportados de Angola. As bebidas produzidas a
nível nacional, um ano depois da sua comercialização no mercado exterior, arrecadou uma
receita 21,0 milhões de dólar. O que representa uma melhoria visto que foi a primeira
aparição nas contas da balança como produto exportado.
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Gráfico 4: Evolução nas exportações de outros produtos não-petrolifero
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Café Cimento Granito Mármore Madeira Pescado Marinha Sal Bebidas
e Aviação
2017 2018
É bem verdade que a exportação destes produtos não representou uma grande
influência no resultado das exportações globais, mas o certo é que estes elementos
conseguiram atingir um linear nunca antes verificado em todo histórico da balança de
pagamento angolana, o que demonstra uma pequena tendência de exportação de outros
produtos não derivados do petróleo. O que nos leva a acordar com as teorias estudadas e em
comparação afirmar que realmente a política de desvalorização surtiu algum efeito positivo
nas exportações
Importações
Para as importações, apesar de não houver redução generalizada nesta conta, como
ilustra a tabela 4, ainda verificou-se uma redução na aquisição dos bens mais necessitados
pelas famílias em Angola.
49
Tabela 10: Importações por categoria de produtos
50
Gráfico 5: Importação de serviços
No que toca as receitas, verificou-se uma queda em cerca de 53,9% visto que no
último trimestre de 2017 as receitas estimavam-se em 374,5 milhões de dólar e em 2018 as
receitas passaram para 172,5 milhões de dólar, queda causada pela redução observada das
receitas de viagens.
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CONCLUSÃO
Desta forma, tendo em conta tudo que foi avaliado e discutido neste trabalho,
concluímos que a maior parte das vezes a desvalorização da moeda nacional impacta as
empresas negativamente, espelhando assim, saldos negativos nas demonstrações financeiras
da empresa. Mas que existe caso específicos em que ela impacta positivamente as
demonstrações financeiras da empresa, designadamente, quando a empresa investe em títulos
de obrigações de tesouros indexados a moedas estrangeiras ou quando trata-se de uma
empresa transformadora partindo do pressuposto de que a desvalorização da moeda incentiva
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o consumo do produto interno tanto no interior quanto no exterior o que leva a impactar
positivamente a economia.
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RECOMENDAÇÕES
Para que se possa tornar a balança de pagamento cada vez mais superavitária
recomendamos ao estado que crie políticas que estimule o turismo e invista em propagandas
dos diferentes pontos turísticos do país.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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