Texto I - História Da Multiplicação e Divisão
Texto I - História Da Multiplicação e Divisão
Texto I - História Da Multiplicação e Divisão
Introdução
Pré-História
Considera-se como pré-história todo o período anterior a escrita. Neste período o homem tinha
uma vida nómada, vivia em pequenos grupos, caçava, pescava e morava em cavernas. Não havia
civilização como hoje nós a conhecemos.
Este período foi marcado por um baixíssimo nível intelectual, científico e matemático. Os aspectos
sociais, políticos e económicos acima citados, tiveram influência directa nesta pouca produção
intelectual das sociedades. Mesmo assim, podemos citar algumas descobertas científicas e
matemáticas.
Neste período houve a elaboração de um processo rudimentar de contagem: ranhuras em ossos,
marcas em galhos, desenhos em cavernas e pedras. Também podemos citar aqui o processo que
muitos utilizavam para relacionar quantidades, ou seja, para cada unidade obtida, era colocada
uma pequena pedra em um saquinho. Alguns povos, como os Sioux (tribo indígena americana)
confeccionaram calendários pictográficos, desenhados em cavernas.
Destaca-se também a confecção de instrumentos e artefactos de guerra (primeiro em pedra, depois
em bronze e ferro). Foi somente após a revolução agrícola que as descobertas científicas e
matemáticas tiveram um maior impulso. Esta revolução abriu o caminho não só para a criação das
grandes civilizações, mas também para tudo aquilo que cerca esta construção.
Egipto Antigo
A civilização Egípcia se desenvolveu ao longo de uma extensa faixa de terra fértil que margeava
o rio Nilo. Este rio prestou-se muito ao estabelecimento de grupos humanos. Suas margens férteis
revelaram-se propícias à agricultura e, ainda, suas águas caudalosas facilitavam a abertura de
canais de irrigação e a construção de diques. O estudo do Egipto antigo está determinado entre
4.000 a.C. à 30 a.C. Houveram vários períodos dentro da história egípcia antiga, mas todos eles
tiveram basicamente o mesmo aspecto social político e económico, bem como matemático e
científico. Somente com a invasão pelos romanos no século I a.C. é que ocorre um rompimento
com sua cultura milenar.
Um dos ramos da ciência que teve um avanço significativo foi a medicina. Os médicos (sacerdotes)
egípcios possuíam um grande conhecimento na medicina, como bem comprovam as múmias de
vários faraós descobertas nos dois últimos séculos, bem como o acesso a vários papiros.
Na matemática, também tivemos grandes avanços. A matemática egípcia sempre foi
essencialmente prática. Quando o rio Nilo estava no período das cheias, começavam os problemas
para as pessoas. Para resolver este problema foram desenvolvidos vários ramos da matemática.
Foram construídas obras hidráulicas, reservatórios de água e canais de irrigação no rio Nilo.
Procedeu-se a drenagem dos pântanos e regiões alagadas.
Começou-se também com uma geometria elementar e uma trigonometria básica (esticadores de
corda) para facilitar a demarcação de terras. Com isto procedeu-se a um princípio de cálculo de
áreas, raízes quadradas e fracções. Também sabemos que os egípcios conheciam as relações
métricas em um triângulo rectângulo. O teorema de Pitágoras, na realidade, já era conhecido por
povos bem mais antigos que os gregos.
No século XVIII d.C. foram descobertos vários papiros em escavações no Egipto. Do ponto de
vista matemático, os mais importantes são os papiros de Moscou e os Papiros de Rhind. Estes
papiros trazem uma série de problemas e colecções matemáticas em linguagem hieróglifa. Só foi
possível a decifração desta linguagem, por Champolion, quando em 1799 uma expedição do
exército Francês, sob o comando de Napoleão Bonaparte, descobriu perto de Rosetta, Alexandria,
uma pedra com escrita em três línguas: grego, demótico e hieróglifo. Somente com esta pedra foi
possível decifrar a linguagem hieróglifa e traduzir estes papiros com grandes preciosidades
matemáticas egípcias.
Outra ciência que teve um avanço muito grande neste período foi a astronomia. Os sacerdotes
egípcios faziam cálculos astronómicos para determinar quando iriam ocorrer as cheias do Nilo.
Baseados nestes cálculos, eles construíram um calendário com 12 meses de 30 dias.
A construção das grandes pirâmides faz supor que o conhecimento matemático dos egípcios era
muito mais avançado que o conhecido nos papiros. Talvez o facto de a escrita ser muito difícil
tenha sido um dos motivos que impediu este registo. Talvez, ainda, estes registos tenham sido
feitos em papiros que não chegaram aos nossos dias.
Podemos afirmar, com absoluta certeza, que a matemática egípcia foi um dos pilares da matemática
grega, a qual foi a base para a nossa matemática moderna. Isto em Geometria, Trigonometria ou
mesmo na Astronomia.
Mesopotâmia
A Mesopotâmia, que em grego significa “terra entre rios”, situava-se no oriente médio, no
chamado crescente fértil, entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje está situado o Iraque e a Síria,
principalmente. Os povos que formavam a Mesopotâmia foram os Sumérios, Acádios, Amoritas,
Caldeus e Hititas, os quais lutavam pela posse das terras aráveis.
Por estar situado nesta região geográfica, a Mesopotâmia estava mais sujeita às invasões e
conquistas de vários povos, ao contrário do que ocorreu no Egipto. As duas civilizações, Egípcia
e Mesopotâmica, desenvolveram-se no mesmo período. Mas, este desenvolvimento deu-se em
separado, não havendo um intercâmbio de informações.
As mesmas dificuldades que acarretaram o desenvolvimento das ciências no Egipto foram a mola
propulsora deste desenvolvimento nesta região. Porém ao contrário do que ocorria com as águas
do rio Nilo, os períodos de cheia dos rios Tigre e Eufrates eram bastante irregulares, obrigando a
realização de numerosas obras de irrigação e drenagem, com períodos de observação e
desenvolvimento com uma maior dificuldade.
A ciência e, por consequência, a matemática mesopotâmica, teve um grande desenvolvimento por
parte dos sacerdotes que detinham o saber nesta civilização. Assim como a matemática Egípcia,
esta civilização teve uma matemática e/ou ciência extremamente prática. As matemáticas orientais
surgiram como uma ciência prática, com o objectivo de facilitar o cálculo do calendário, a
administração das colheitas, organização de obras públicas e a cobrança de impostos, bem como
seus registros.
As águas dos rios Tigre e Eufrates proporcionavam facilidades para o transporte de mercadorias,
o que ajudou a desenvolver um processo de navegação.
Foram desenvolvidos nestes rios grandes projectos de irrigação das terras cultiváveis e a
construção de grandes diques de contenção, abrindo assim o caminho para o desenvolvimento de
uma engenharia primitiva.
Procedeu-se ao desenvolvimento de uma astronomia rudimentar para o cálculo do período de
cheias e vazantes dos rios, mesmo que estes períodos não fossem regulares como os do rio Nilo
no Egipto.
Os Babilónicos (assim também eram chamados os povos mesopotâmicos) tinham uma maior
habilidade e facilidade para efectuar cálculos, talvez em virtude de sua linguagem ser mais
acessível que a egípcia. Eles tinham técnicas para equações quadráticas e biquadráticas, além de
possuírem fórmulas para áreas de figuras rectilíneas simples e fórmulas para o cálculo do volume
de sólidos simples. Sua geometria tinha suporte algébrico. Também conheciam as relações entre
os lados de um triângulo rectângulo e trigonometria básica, conforme descrito na tábua “Plimpton
322”.
Ao contrário dos Egípcios, que tinham um sistema posicional de base 10, os babilónicos possuíam
um sistema posicional sexagesimal bem desenvolvido, o qual trazia enormes facilidades para os
cálculos, visto que os divisores naturais de 60 são 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 20, 30, 60, facilitando
o cálculo com fracções.
Por tudo isto que foi descrito, a matemática Babilónica tinha um nível mais elevado que a
matemática Egípcia.
Pelo facto da Mesopotâmia estar situada no centro do mundo conhecido da época, o que propiciava
grandes invasões e muito contacto com outros povos, ela teve um papel muito grande no
desenvolvimento da matemática de um povo que teve um papel muito importante na história: o
povo Grego. Graças a este contacto com o povo Grego, muito desta matemática chegou até os
nossos dias.
Grécia Clássica
Consideramos o período compreendido entre 2.000 a.C. até 35 a.C. como sendo o período clássico
ou período de ouro do povo Grego. Período este que se encerra com o domínio da Grécia pelos
Romanos.
A civilização Grega foi formada por muitos povos que se originaram da Europa central e da Ásia.
Antes, porém, de comentar sobre estes povos convém fazer um breve comentário sobre um povo
que teve uma influência muito grande sobre a construção da Grécia e de sua cultura: os Cretenses.
Os Cretenses, habitantes da ilha de Creta, desde 3.000 a.C., com expressão maior entre 2.000 a.C.
à 1.500 a.C., notabilizaram-se pelo comércio marítimo, artesanato, arte e a influência sobre os
Gregos. Tiveram um comércio muito grande com o Egipto, Fenícia e a Síria. As transacções
comerciais eram registradas em papiros com uma escrita acessível aos mercadores. Este contacto
com os demais povos possibilitou um intercâmbio muito grande com as demais culturas e
propiciou avanços matemáticos e científicos ampliando os conhecimentos tecnológicos do
período, haja vista as ruínas de banheiros e sistemas de esgotos descobertos em escavações.
O povo da ilha de Creta tinha uma sociedade original e desenvolvida, dando lugar de destaque à
mulher, ao contrário das demais civilizações do período. Registros indicam que não havia
escravidão.
Quando a ilha de Creta, mais precisamente a cidade de Cnossos, foi ocupada pelos Aqueus, esta
civilização foi subjugada. Apesar de conquistadores, os Aqueus absorveram a cultura Cretense.
A civilização grega, propriamente dita, foi formada nos séculos XX a.C. a XII a.C. por invasões
de Aqueus, Jónios, Eólios e Dórios.
A base da revolução matemática exercida pela civilização Grega partiu de uma ideia muito
simples. Enquanto Egípcios e Babilónicos perguntavam: “como?” os filósofos gregos passaram a
indagar: “por quê?” Assim, a matemática que até este momento era, essencialmente, prática,
passou a ter seu desenvolvimento voltado para conceituação, teoremas e axiomas.
A matemática, através da história, não pode ser separada da astronomia. Foram as necessidades
relacionadas com a irrigação, agricultura e com a navegação que concederam à astronomia o
primeiro lugar nas ciências, determinando o rumo da matemática.
Dois factores estimularam e facilitaram o grande desenvolvimento da ciência e da Matemática
pelos filósofos gregos: a substituição da escrita grosseira do antigo oriente por um alfabeto fácil
de aprender e a introdução da moeda cunhada, o que estimulou ainda mais o comércio.
A Matemática moderna teve origem no racionalismo jónico, e teve como principal estimulador
Thales de Mileto, considerado o pai da Matemática moderna. Este racionalismo objectivou o
estudo de quatro pontos fundamentais: compreensão do lugar do homem no universo conforme
um esquema racional, encontrar a ordem no caos, ordenar as ideias em sequências lógicas e
obtenção de princípios fundamentais. Estes pontos partiram da observação que os povos orientais
tinham deixado de fazer todo o processo de racionalização de sua matemática, contentando-se, tão-
somente, com sua aplicação.
Neste período começam a surgir as primeiras divisões nas ciências. Na Grécia surgem dois grupos
distintos de filósofos: os Sofistas e os Pitagóricos, os quais passam a analisar as ciências de dois
modos diferentes.
Os Sofistas abordavam os problemas de natureza matemática como uma investigação filosófica do
mundo natural e moral, desenvolvendo uma matemática mais voltada à compreensão do que à
utilidade. É o começo da abstracção matemática, em detrimento da Matemática essencialmente
prática.
Os Pitagóricos, sociedade secreta criada por Pitágoras de Samos, enfatizavam o estudo dos
elementos imutáveis da natureza e da sociedade. O chefe desta sociedade foi Arquitas de Tarento.
Os Pitagóricos estudavam o quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música). Sua
filosofia pode ser resumida na expressão “tudo é número”, com a qual diziam que tudo na natureza
pode ser expresso por meio dos números. Pitágoras dizia que: “tudo na natureza está arranjado
conforme as formas e os números”. Aos Pitagóricos (Pitágoras, principalmente) podemos creditar
duas descobertas importantes: o conceito de número irracional por meio de segmentos de rectas
incomensuráveis e a axiomatização das relações entre os lados de um triângulo rectangular
(teorema de Pitágoras), que já era conhecido por babilónicos e egípcios.
Paralelos a isto, os matemáticos gregos do período clássico começam a trabalhar com o princípio
da indução lógica (apagoge), que é o início da axiomática, a qual foi desenvolvida por Hipócrates.
Os três problemas que deram início ao estudo da axiomática foram: trissecção de um ângulo,
duplicação do volume do cubo (problema délico) e quadratura do círculo.
Com as campanhas de Alexandre, o grande, houve um avanço rápido da civilização grega em
direcção ao oriente. Assim, a matemática grega sofreu as influências dos problemas de
administração e da astronomia desenvolvidas no oriente. Este contacto entre as duas matemáticas
foi extremamente importante e produtivo, principalmente no período de 350 a 200 a.C. Neste
contexto, Alexandria torna-se o centro cultural e económico do mundo helenístico.
Durante todo o período grego, vários filósofos e matemáticos deram sua contribuição ao
desenvolvimento da Matemática. Neste período surgem os cientistas, homens que dedicavam sua
vida à procura do conhecimento e que por isso recebiam um salário. Será citado, agora, um breve
comentário sobre a contribuição dos matemáticos considerados os mais importantes e influentes
deste período.
Nicómaco de Gerasa
Publicou “Introdução à aritmética”, que é a exposição mais completa da aritmética
pitagórica. Muito do que sabemos sobre Pitágoras provém desta publicação.
Diofanto
Publicou “Arithmética”, a qual recebeu uma forte influência oriental. Este trabalho trata da
solução e análise de equações indeterminadas.
Com o domínio da Grécia e do oriente pelos romanos, estas regiões tornaram-se colónias
governadas por administradores romanos. A estrutura económica do império romano permanecia
baseada na agricultura. Com o declínio do mercado de escravos a economia entrou em decadência
e existiam poucos homens a fomentar uma ciência, mesmo medíocre.
Podemos, então, determinar uma relação entre a crise da Matemática e a crise do sistema social,
pois a queda de Atenas significou o fim do império da democracia esclavagista. Esta crise social
influenciou a crise nas ciências que culminou com o fecho da escola de Atenas, marcando com
isto o fim da Matemática grega clássica.
Podemos ainda observar que as descobertas matemáticas estão relacionadas com os avanços
obtidos pela sociedade, tanto intelectuais como comerciais. Se no princípio a Matemática era
essencialmente prática, visto que as sociedades eram rudimentares, com o desenvolvimento destas
sociedades a Matemática também evoluiu, passando de uma simples ferramenta que auxiliava aos
problemas práticos para uma ciência que serviu como chave para analisar o mundo e a natureza
em que vivemos.
Todas as descobertas matemáticas realizadas pelos povos pré-históricos, egípcios e babilónicos
serviram como subsídio para a matemática desenvolvida pelos gregos. Esta matemática grega foi,
e continua sendo, a base de nossa matemática. Todo o desenvolvimento tecnológico obtido em
nossos dias tem como ponto de partida a matemática grega.
Assim, sem a axiomática desenvolvida pelos gregos, não haveria o desenvolvimento da
Matemática abstracta e dos conceitos, postulados, definições e axiomas tão necessários à nossa
Matemática.
Da Matemática da antiguidade, fundamental a nós hoje, podemos citar: processos de contagem,
numeração, trigonometria, astronomia, geometria plana e volumes de corpos sólidos, sistema
sexagesimal, equações quadráticas e biquadráticas, relações métricas nos triângulos rectângulos,
secções cónicas e o método de exaustão, que foi o germe do cálculo integral.
1. Multiplicação e Divisão
Vamos decompor o rectângulo em outros dois. Isto significa usar a propriedade distributiva da
multiplicação relativamente à adição:
Para encontrar o total de quadradinhos (ou a área) do rectângulo, um caminho natural é encontrar
o total de cada parte e, depois, somar esses resultados parciais.
Assim sendo, devemos efectuar 3 ×25 para a parte menor, 10×25 para a parte maior, e somar os
resultados:
A Divisão Egípcia
A divisão Egípcia é um pouco diferente da multiplicação, também é utilizada uma tabela com duas
colunas, na primeira coluna colocamos duplicações a partir do um, e na segunda coluna
duplicações a partir do divisor, e não tem necessidade de passar do valor do dividendo, por
exemplo:
1 7 308÷7
2 14 Primeira coluna: duplicação a partir do 1.
4 28 Segunda coluna: duplicação a partir do divisor 7 até o 224, pois o próximo número
8 56 seria 448, que é maior que 308, e não seria necessário.
16 112 Resultado: a soma dos correspondentes da segunda coluna, que somam 308, são: 28,56
32 224 e 224, sobre a primeira coluna, assim:
308 ÷ 7 = 4 + 8 + 32 = 44
E se a divisão não for exacta?
Nesse caso, efectue a divisão normalmente conforme visto acima, depois com o resto, faça o
mesmo procedimento, vamos fazer 364 ÷ 9 como exemplo:
1 9 364 ÷ 9
2 18Primeira coluna: duplicação a partir do 1.
Segunda coluna: duplicação a partir do divisor 9 até o 288, pois o próximo número
4 36 seria 448, que não é necessário, pois ultrapassa o 364.
8 72 Perceba que não há como conseguir com as combinações da segunda coluna, o número
364, o mais próximo que se obtém é 360, com 288 e 72, e faltam 4, que é o resto O
16 144 resultado da divisão é só somar os correspondentes, assim:
32 288 364 ÷ 9 = 8 + 32 = 40, Resto: 4
Para continuar a divisão é só fazer o mesmo procedimento utilizando o resto, multiplicado por dez,
como dividendo, ou seja, o quarenta, e não há necessidade de fazer outra tabela, olhando na mesma
tabela, a combinação que se aproxima do 40, é o 36 e seu correspondente na primeira coluna, é o
quatro, assim:
1 9 40 ÷ 9 = 4, Resto: 4
2 18
4 36 Veja que o resto novamente é quatro, então se fizermos novamente, o resto será sempre
8 72 quatro, assim cairemos numa dízima periódica, 364÷9 = 40,444...
16 144
32 288
1.3. Multiplicação chinesa
Há evidencias na História da Matemática de que na China havia sido inventado um método de
multiplicação, por volta de 1500 a. C. Este método consistia no seguinte: Vamos multiplicar 35 por
72. Faz-se uma tabela em que se dispõem os factores em operação, sendo um em cima e outro por
baixo da tabela, assim:
3 5
7 2
Em seguida, multiplica-se cada algarismo do factor de baixo por cada algarismo do de cima e
colocam-se os resultados de baixo para cima na tabela, como se segue:
3 5
2 1 1º) 2×5 = 10
3 5 2º) 2×3 = 6
6 3º) 7×5 = 35
1 0 4º) 7×3 = 21
7 2
3 5
2 1
3 5
6
1 0
2 5 2 0 Portanto: 35×72 = 2520
7 2
Analise este método: tente justificá-lo. Compare-o com o método que aprendeste na Escola
primaria e tire as tuas conclusões.
Na outra mão, abaixamos tantos dedos quantas unidades o 8 passa de 5; portanto abaixamos 3
dedos.
Somamos o número de dedos abaixados, exprimindo a soma em dezenas. No nosso caso temos 1
+ 3 = 4 dezenas, isto é, 40 unidades.
Multiplicação:
O método de riscar ou de apagar tem as suas origens na Índia e funciona da seguinte maneira.
Vamos multiplicar, por exemplo 57 por 34:
Dispõe-se os factores assim:
57
34
Multiplicar 3×5 = 15. Riscar o 3 na posição inicial e colocar na posição seguinte:
1 5 5 7
3 4
3
Multiplicar 4×5 = 20: (0 vão 2, riscar o 5 e escrever o 0; 2+5 = 7, riscar o 5 e escrever o 7). Riscar
o 4 na posição inicial e colocar na posição seguinte:
7 0
1 5 5 7
3 4 4
3
Multiplicar 3×7 = 21: (1 vão 2, riscar o 0 e escrever o 1; 2+7 = 9, riscar o 7 e escrever o 9). Riscar
o 3.
9 1
7 0
1 5 5 7
3 4 4
3
Multiplicar 4×7 = 28: (8 vão 2, riscar o 7 e escrever o 8; 2+1 = 3, riscar o 1 e escrever o 3). Riscar
o 4. Os algarismos que ficaram por cima e que não foram riscados, dispostos nessa ordem, são o
resultado:
3
9 1
7 0 8
1 5 5 7
3 4 4
3
Portanto: 57×34 = 1938
Para o método de apagar, procede-se de igual maneira. Só que, no lugar de se riscar, apaga-se o
algarismo, no fim ficamos apenas com o resultado.
Divisão:
Vamos dividir, por exemplo, 25207 por 73.
Dispor o dividendo e o divisor como se segue:
73 25207
Dividir 252 ÷ 73 = 3 → 3×73 = 219 → 252 – 219 = 33 riscando 252 e 219 e escrever 33:
3 3
73 2 5 2 0 7 3
2 1 9
Dividir 330 ÷ 73 = 4 → 4×73 = 292 → 330 – 292 = 38 riscando 330 e 292 e escrever 38:
3
3 3 3 3 8
73 2 5 2 0 7 34 Depois 73 2 5 2 0 7 34
2 1 9 2 2 1 9 2
2 9 2 9
Dividir 387 ÷ 73 = 5 → 5×73 = 365 → 387 – 365 = 22 riscando 387 e 365 e escrever 22:
Como 22 não chega para dividir por 73 (22 <73), a divisão termina.
3 3 2
3 3 8 3 3 8 2
73 2 5 2 0 7 345 73 2 5 2 0 7 345
2 1 9 2 5 Depois 2 1 9 2 5
2 9 6 2 9 6
3 3
Traçamos diagonais dos quadradinhos rectângulos, como mostra a figura, obtendo esta
grade.
Para compreender o funcionamento dessa técnica, procure compará-la com o nosso modo de
multiplicar.
4. Se o homem tivesse duas mãos de sete dedos cada, em vez de duas de cinco dedos, como seria a
multiplicação pelos “dedos”? Justifique algebricamente o método proposto.
a) E se tivesse duas mãos de apenas dois dedos cada? Justifique algebricamente o método proposto.
5. Se o homem tivesse três mãos de sete dedos cada, em vez de duas de cinco dedos, como seria a
multiplicação pelos “dedos”?
6. Diga onde, quando e por quem foi descoberto o método africano de multiplicação.
a) Entre este método e o método de multiplicação que se aprende na escola primária, qual é o mais
fácil e prático? Porquê?
b) Sobre esta questão apresentada em a), o que poderiam responder os alunos naquela altura?
22. Para cada método de multiplicação, indique que tipo de informação deve estar na memória da pessoa
que o utiliza, quais os conhecimentos necessários e quais os instrumentos de trabalho?
23. Para cada método de divisão, indique que tipo de informação deve estar na memória da pessoa que o
utiliza, quais os conhecimentos necessários e quais os instrumentos de trabalho?
24. Compare o método de multiplicação em gelosia com o método que aprendeu na escola primária.
25. Explique como chegou a Moçambique, desde a sua origem, o método de multiplicação que aprendeu
na escola primária.