Portaria 22129-2021 - Destinação - Fauna - Silvestre

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Salvador, Bahia-Sexta-feira

22 de Janeiro de 2021
Ano · CV· No 23.074

PORTARIA Nº 22.129 DE 21 DE JANEIRO DE 2021. Revisa a Portaria Nº 12.493 de


19 de setembro de 2016 que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos gerais
sobre a destinação de animais silvestres provenientes de resgate, apreensão ou
entrega voluntária, cadastro de áreas para soltura de animais silvestres e cadastro de
Termos de Guarda de Animais Silvestres.

A Diretora do INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS - INEMA,


no uso de suas atribuições conferidas pela Lei Estadual nº 10.431/2006, com
alterações trazidas pela Lei nº 12.377/2011, regulamentada pelo Decreto nº
14.024/2012 e, consoantes incisos I, IV, e X do art. 106 da Lei nº 12.212/2011,

CONSIDERANDO a importância dos procedimentos de manejo da fauna silvestre no


âmbito da Proteção da Biodiversidade;

CONSIDERANDO a necessidade da regulamentação estadual para destinação de


animais silvestres provenientes de resgate, apreensão ou entrega voluntária;

CONSIDERANDO a necessidade de criar um Cadastro Estadual de Áreas de Soltura


de Animais Silvestres;

CONSIDERANDO a Lei Federal n° 5.197/67 que dispõe sobre a proteção à fauna


silvestre;

CONSIDERANDO o capítulo III da Lei Complementar nº 140 de 8 de dezembro de


2011, que dispõe sobre a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios;

CONSIDERANDO o capítulo V da Lei de Crimes Ambientais n° 9.605 de 12 de


fevereiro de 1998 que dispõe sobre Crimes contra a Fauna;

CONSIDERANDO o capítulo I do Decreto Federal n° 6.514 de 22 de julho de 2008 que


dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o
processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras
providências;

CONSIDERANDO o capítulo IV da Política Estadual de Meio Ambiente N° 10.431 de


2006, alterada pela Lei 12.377 de 2011, que dispõe sobre a Fauna;

CONSIDERANDO o capítulo III da Resolução CONAMA Nº 457, de 25 de junho de


2013 que dispõe sobre o depósito e a guarda provisórios de animais silvestres
apreendidos ou resgatados pelos órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional
do Meio Ambiente.

RESOLVE:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º - O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA é responsável


pelas etapas relativas ao recebimento, triagem e destinação dos animais da fauna
silvestre nativa, por meio da gestão dos Centros de Triagem de Animais Silvestres -
CETAS, do Cadastro Estadual de Áreas de Soltura de Animais Silvestres - ASAS e do
Cadastro dosTermosde Guarda de Animais Silvestres - TGAS.

Parágrafo único. As atividades de destinação da fauna silvestre de que trata a


presente Portaria inclui ações de competência supletiva dos entes federativos
conforme Lei Complementar nº 140/2011, podendo ser realizadas em cooperação com
outras instituições afins.

Art. 2º - Para os fins desta Portaria, considera-se:

I - Aclimatação: exposição a condições induzidas experimentalmente em campo ou


laboratório, referente a mudanças adaptativas (normalmente produzidas em câmaras
climáticas) em resposta a uma única variável climática.

II - Aclimatização: técnica de aclimatação dos espécimes às condições diversas


daquelas do ambiente anterior, em especial para as variantes físicas, como
temperatura e umidade, não necessitando readaptações a atributos comportamentais
inerentes a espécie;

III - Adaptação: capacidade que possuem os seres vivos de adquirir meios que os
habilitem a viver em um novo ambiente ou a um ambiente específico;

IV - Apreensão: tomar posse dos animais nos casos de infração às normas e


exigências ambientais ou danos diretos à fauna, mediante lavratura do respectivo
auto;

V - Áreas de soltura de animais silvestres (ASAS): propriedades rurais propícias à


soltura de animais silvestres, selecionadas a partir da manifestação voluntária de
proprietários interessados e das características ambientais adequadas para
sobrevivência dos espécimes reintroduzidos;

VI - Bens: o que é propriedade de alguém e todas as coisas sobre as quais recaem os


direitos das pessoas;

VII - Centro de Triagem de Animais Silvestre: empreendimento de pessoa jurídica de


direito público ou privado, com finalidade de receber, identificar, marcar, triar, avaliar,
recuperar, reabilitar e destinar fauna silvestre provenientes da ação da fiscalização,
resgates ou entrega voluntária de particulares, sendo vedada a comercialização;

VIII - Entrega voluntária: entrega por livre e espontânea vontade de um animal, por um
particular ou instituição;
IX - Espécie: conjunto de indivíduos semelhantes, com potencial reprodutivo entre si,
capazes de originar descendentes férteis, incluindo aqueles que se reproduzem por
partenogênese;

X - Espécime: indivíduo;

XI - Fauna doméstica: toda espécie que, por meio de processos históricos tradicionais
e sistematizados de manejo ou melhoramento zootécnico, apresenta características
biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem, apresentando
fenótipo variável, diferente da espécie silvestre que o originou;

XII - Fauna silvestre exótica: conjunto de espécies cuja distribuição geográfica original
não inclui o território brasileiro e suas águas jurisdicionais, ainda que introduzidas, pelo
homem ou espontaneamente, em ambiente natural, inclusive as espécies
asselvajadas e excetuadas as migratórias;

XIII - Fauna silvestre nativa: toda espécie nativa, migratória e qualquer outra não
exótica, que tenha todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do
território brasileiro ou águas jurisdicionais brasileiras;

XIV - Infração ambiental: Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou


omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação
do meio ambiente;

XV - Reabilitação: ação planejada que visa à preparação e treinamento de animais


que serão reintegrados ao ambiente natural ou cativeiro;

XVI - Readaptação: adaptação dos espécimes às condições diversas daquelas do


ambiente anterior, incluindo as condições físicas, como temperatura e umidade,
necessariamente sendo promovidas adaptações a atributos comportamentais
inerentes à espécie, como recondicionamento a voo ou busca por alimentos;

XVII - Resgate: contenção e recolhimento, por autoridades competentes, de animais


silvestres em vida livre em situação de risco ou que estejam em conflito com a
população humana;

XVIII - Soltura: ato de restituir o espécime ao seu ambiente natural de distribuição


geográfica e ambiental;

XIX - Termo de Guarda de Animal Silvestre (TGAS): termo de caráter provisório pelo
qual o interessado, que não detinha o espécime, devidamente cadastrado no órgão
ambiental competente, assume voluntariamente o dever de guarda do animal
resgatado, entregue espontaneamente ou apreendido, enquanto não houver
destinação nos termos da lei.

CAPÍTULO II
DA DESTINAÇÃO DOS ANIMAIS SILVESTRES
Art. 3º - Os animais poderão ser recebidos nas Unidades Regionais (UR), Postos
Avançados (PA), Unidades de Conservação (UC), sede do INEMA em Salvador, ou
nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) por meio de entrega
voluntária, apreensão durante as atividades de fiscalização, atendimento a denúncias
e resgate nas situações de risco aos animais ou à população.

Art. 4º - Os animais provenientes de entrega voluntária, apreensão e resgate poderão


ter as seguintes destinações:

I - Soltura;

II - Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS);

III - Depósito de Animal Silvestre;

IV - Guarda de Animal Silvestre.

§ 1º O inciso III só se aplica para os casos de animais apreendidos.

§ 2º Os animais que vierem a óbito, deverão ter suas carcaças encaminhadas para
instituições de pesquisa ou para empresas responsáveis pela coleta de resíduos
sólidos.

Art. 5º - Serão destinados à soltura imediata, os animais silvestres nativos que


apresentem indícios comportamentais de que foram recém-capturados e não
apresentem problemas que possam impedir sua sobrevivência ou adaptação em vida
livre.

Parágrafo único. Para situações em que os animais não pertençam ao local onde
foram encontrados ou não haja área adequada para soltura imediata, estes deverão
ser encaminhados preferencialmente, para as áreas cadastradas para soltura pelos
órgãos ambientais competentes.

Art. 6º - Os animais que não forem considerados aptos para soltura, deverão ser
encaminhados para Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS).

Art. 7º - Espécies ameaçadas de extinção, independente do seu estado físico e


clínico, serão encaminhadas para o CETAS, que deverá atender aos Planos de Ação
para Conservação ou orientações de grupos especializados.

Parágrafo único. Para espécies ameaçadas, deve-se consultar previamente, a


existência de comitês ou grupos de trabalho para a recuperação ou conservação das
espécies.

Art. 8º - Os animais silvestres exóticos apreendidos, em condições de maus tratos,


deverão ser encaminhados para CETAS.
Art. 9º - Nos casos em que os animais apreendidos não possam ser removidos do
local da infração, os mesmos poderão ser mantidos provisoriamente pelo autuado ou
por terceiros por indicação do INEMA, mediante registro como fiel depositário no Auto
de Infração de Campo.

Art. 10º - O INEMA poderá destinar animais apreendidos ou recebidos


espontaneamente, oriundos de Centros de Triagem de Animais Silvestres - CETAS, ou
de Centros de Reabilitação de Animais Silvestres - CRAS, para guarda provisória por
pessoa física ou jurídica devidamente cadastrada no órgão, mediante Termo de
Guarda de Animal Silvestre (TGAS) pelo qual o interessado, que não detinha o
espécime, assume voluntariamente o dever de guarda do animal, enquanto não
houver destinação nos termos da lei.

Parágrafo único. Animais que não possam retornar a natureza, seja por aspectos
físicos ou comportamentais, conforme avaliação da equipe do CETAS, e que não
possam mais ficar sob a guarda provisória, podem ter como destinação final,
criadouros científicos, criadouros conservacionistas, mantenedouros de fauna silvestre
ou jardins zoológicos, devidamente licenciados e autorizados, conforme previsto na
Instrução Normativa IBAMA Nº 07, de 30 de abril de 2015.

Art. 11º - Os bens utilizados para cometer infração serão destruídos ou apreendidos e
encaminhados para armazenamento e ficarão sob a guarda ou controle do INEMA até
a adoção das providências.

§1º Os bens apreendidos poderão ser entregues, preferencialmente, a entidades ou


órgãos públicos, ou excepcionalmente, confiados a fiel depositário.

§2º Para a execução do disposto no § 1º deste artigo, poderão ser celebrados


acordos, convênios, ajustes ou outros instrumentos apropriados com entidades e
órgãos públicos, a fim de se dispor de pátios e locais adequados para armazenamento
de bens apreendidos sob a guarda do INEMA.

Art. 12º - O transporte de animais silvestres deverá atender procedimentos, no intuito


de garantir a integridade física tanto dos animais, como dos condutores e demais
responsáveis pelo transporte.

CAPÍTULO III
DO TERMO DE GUARDA DE ANIMAIS SILVESTRES

Art. 13º - O Termo de Guarda de Animal Silvestre (TGAS) tem caráter provisório, para
os animais silvestres oriundos de Centros de Triagem de Animais Silvestres - CETAS,
ou de Centros de Reabilitação de Animais Silvestres - CRAS, quando houver
justificada impossibilidade das destinações previstas na legislação vigente.

§ 1º A Diretoria de Sustentabilidade e Conservação será o setor competente para


análise e emissão do TGAS.
Art. 14º - O TGAS só poderá ser formalizado em caso de animais do grupo de répteis,
aves, e mamíferos da fauna brasileira, e para a manutenção em cativeiro somente no
território do estado da Bahia.

§ 1º Serão passíveis de TGAS somente as espécies constantes no AnexoI,ou outra


que vier a substituí-la, bem como aquelas espécies que não se enquadrem nas
restrições do parágrafo 2º;

§ 2º Não serão objeto de concessão do TGAS os indivíduos de espécies:

I - Exóticas em relação ao território do estado da Bahia com potencial de invasão de


ecossistemas;

II - Que constem das listas oficiais da fauna brasileira ameaçada de extinção, nacional,
estadual, ou no Anexo I da Convenção Internacional para o Comércio de Espécies da
Fauna e Flora Ameaçadas de Extinção - CITES, salvo na hipótese de assentimento
prévio do órgão ambiental estadual competente, os quais deverão estar disponíveis
para programas de conservação de espécies, sem que haja a necessidade de
revogação do TGAS;

III - Cujo tamanho, comportamento, exigências específicas de manutenção e manejo


sejam incompatíveis com o espaço e recursos financeiros disponibilizados pelo
interessado.

Art.15º - O animal objeto do TGAS deverá ser marcado individualmente, nos termos
da legislação vigente, devendo ser realizada pelo órgão ambiental antes da entrega do
animal, e constando explicitamente no termo emitido.

Art. 16º - Caberá a coordenação do Centro de Triagem de Animais Silvestres-CETAS,


ou do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres-CRAS, avaliar, segundo critérios
técnicos, a indicação de guarda do espécime, fundamentada em laudo técnico.

§ 1º A guarda prioritária poderá ser indicada, desde que fundamentada em laudo


técnico emitido por profissional legalmente habilitado, para os animais silvestres
portadores das seguintes necessidades especiais:

I - Portador de membro amputado ou mutilado, lesão ou deformação permanente


originada de má formação congênita, por acidente ou procedimento cirúrgico de
necessidade vital para o espécime;

II - Portador de características naturais, ou adquiridas, que requeiram cuidados


especiais para alimentação e dessedentação.

§ 2º - O laudo técnico elaborado pela equipe técnica do CETAS ou CRAS deverá ser
apensado ao processo de requerimento de guarda e uma cópia entregue ao guardião
juntamente com o animal objeto do TGAS.
Art. 17º - Fica instituído o cadastro informatizado, de caráter estadual, com o objetivo
de reunir informações, e possibilitar o gerenciamento e integração das concessões de
TGAS.

§ 1º Para a concessão do TGAS, o interessado deverá acessar o requerimento on-


line (Anexo II) disponível no sítio eletrônico do INEMA, e preencher os dados
solicitados.

§ 2º O presente cadastro está sujeito à análise e homologação pelo INEMA.

§ 3º Após a homologação do cadastro, e havendo disponibilidade do animal, o


interessado será notificado a apresentar a seguinte documentação:

a) Cópia impressa e assinada do Formulário de Cadastramento do TGAS;

b) Cópia do RG e CPF;

c) Certidão de antecedentes criminais;

d) Comprovante de residência referente aos últimos 60 dias;

e)Declaração de que não possui débitos ambientais;

f) Declaração de capacidade de manutenção do animal exclusivamente às expensas


do interessado.

§4º Fica a cargo do INEMA a realização de vistorias nos locais indicados pelos
requerentes habilitados para assinatura do TGAS, devendo ser elaborado relatório
conclusivo pelo deferimento ou indeferimento do pedido.

§ 5º - Identificadas adequações a serem realizadas no local indicado pelo requerente,


o INEMA indicará a este as exigências cabíveis, por meio de notificação com prazo
para cumprimento.

Art. 18º - O TGAS é de caráter pessoal e intransferível, não podendo ser concedido
nos seguintes casos:

I - mais de um Termo no mesmo endereço;

II - mais de um Termo para o mesmo CPF;

III - para mais de 05 (cinco) animais;

IV - para aqueles que já estão registrados em alguma categoria de criadouro de


animais silvestres, nos termos da legislação;

V - para Criadores Amadores de Passeriformes Nativos registrados no SISPASS.


§1º Os interessados em obter a guarda provisória de mais de 05 (cinco) animais
deverão se regularizar como mantenedouros de animais silvestres, nos termos da
legislação vigente.

§2º Os espécimes confiados sob o TGAS, em hipótese alguma, deverão ser


misturados ou acondicionados com outros espécimes de animais silvestres ou
domésticos;

§3º O guardião não pode utilizar o espécime sob sua guarda em atividades que
possam acarretar danos a sua saúde, nem submetê-los a exposição em locais
públicos e mídia sem autorização prévia e expressa do órgão ambiental competente;

§4º O guardião deverá informar imediatamente ao INEMA, eventuais casos de roubo,


fuga ou óbito que venham a ocorrer com o(s) espécime(s) sob sua guarda;

§5º A carcaça do animal deverá ser acondicionada de forma adequada e submetida


imediatamente a necrópsia por Médico Veterinário devidamente habilitado com
registro no CRMV.

i - Em caso de óbito do animal, o guardião deverá apresentar ao INEMA, no prazo


máximo de 30 (trinta) dias da ocorrência do fato:

a) Laudo Necroscópico emitido por médico veterinário, com respectivo número de


registro no CRMV;

b) o marcador individual que se encontrava no animal;

c) informação sobre a adequada destinação dada à carcaça.

ii - Em caso de roubo ou fuga, além da comunicação imediata, o guardião deverá


adotar medidas necessárias para a lavratura de Boletim de Ocorrência pelo órgão de
segurança pública competente, bem como encaminhar, no prazo máximo de 05 (cinco)
dias contados a partir da data de ocorrência do fato, cópia da documentação
pertinente ao INEMA.

§ 6º Nos casos de inclusão ou exclusão de espécimes no TGAS deverá ser emitido


um novo Termo de Guarda, devendo constar antes da assinatura deste uma referência
específica à substituição do termo anterior.

§ 7º A alteração de dados cadastrais poderá ser efetuada mediante anuência prévia


do INEMA, desde que seja averbada ao TGAS.

Art. 19º - O TGAS será concedido nos autos do processo administrativo, observando-
se os requisitos e limites desta Portaria.
Parágrafo Único. A ampliação do número de animais poderá ser concedida pelo órgão
ambiental, mediante justificativa técnica, respeitado o limite previsto no item III do art.
18°.
Art. 20º - Não será concedido TGAS à pessoa com condenação transitada em julgado,
penal ou administrativa, decorrente de crime ou infração ambiental, nos últimos 5
(cinco) anos.

Art. 21º - As ações de vistoria ou de fiscalização pelos órgãos competentes


integrantes do Sisnama, nos locais de guarda dos espécimes constantes dos TGAS,
poderão ocorrer a qualquer tempo, sem notificação prévia, objetivando-se constatar a
observância à legislação vigente.

§ 1º O tutor ou terceiro que impedir ou de qualquer modo dificultar a ação de


fiscalização de que trata o caput do dispositivo incorrera na pena prevista no Anexo VI
do Decreto 14.024/2012, sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis.

§ 2º O tutor deverá apresentar semestralmente ao INEMA, relatório sobre as


condições do(s) animal(ais) assinado por médico veterinário com número de registro
no CRMV, contendo informações sobre:

a) Código da(s) marcação(ões) utilizada(s);

b) Atestado de Sanidade Animal;

c) Alimentação fornecida; e

d) Fotos dos recintos e dos animais, individualmente.

§ 3º O controle e o acompanhamento das ações relativas aos Termos de Guarda


ficarão a cargo do órgão ambiental competente, que anexará e anotará nos autos do
processo administrativo as ocorrências relacionadas com a guarda do(s) espécime(s)
listado(s) na Cláusula Primeira do TGAS.

§ 4º A qualquer momento o órgão ambiental competente poderá coletar material


biológico dos espécimes para fins de controle e monitoramento.

Art. 22º - As exigências referentes aos compromissos do tutor deverão constar na


íntegra do TGAS, ficando proibida a reprodução dos animais.

Parágrafo único. Caso ocorra reprodução, o INEMA deverá ser comunicado


imediatamente, para providências cabíveis, não detendo o guardião quaisquer direitos
em relação ao(s) filhote(s) gerado(s) conforme indicados no Anexo III.

Art. 23º - É terminantemente proibida a soltura, pelo detentor do TGAS, de quaisquer


espécimes constantes no termo.

Art. 24º - O tutor será responsabilizado civil e penalmente, inclusive com a perda da
guarda do espécime, quando constatadas as seguintes irregularidades:

I - realização de comércio ilegal ou prática dos demais ilícitos;


II - manter os espécimes sob guarda com marcação violada ou adulterada;

III - adulterar o TGAS;

IV - praticar qualquer das condutas previstas no art. 254do Decreto Estadual Nº


14.024/2012.

§ 1º A inobservância deste artigo implicará na aplicação das penalidades previstas na


legislação estadual,Lei nº 10.431/06 e o Decreto nº 14.024/12, além, no que couber,
da legislação federal, Lei nº 9.605/ 98 e Decreto nº 6.514/ 08.

§ 2º Em caso de infringência aos deveres estabelecidos neste artigo, ainda que em


relação a apenas um dos espécimes em guarda, todos os animais silvestres que
estiverem sob a guarda do infrator serão cautelarmente apreendidos, sem prejuízo da
aplicação das sanções legais cabíveis.

Art. 25º - O prazo de vigência do Termo será anual, sendo renovado


automaticamente, salvo manifestação expressa de uma das partes.

CAPÍTULO IV
DO CANCELAMENTO DO TGAS

Art. 26º - O cancelamento do TGAS será efetivado nos seguintes casos:

I - morte do responsável;

II - impedimento;

III - desistência;

IV - extinção (nos casos de pessoa jurídica);

V - constatação de infração ambiental relacionada a guarda do animal e aos crimes


contra fauna elencadas no Decreto 6514/2008;

VI - descumprimento das condicionantes do TGAS;

VII - a manutenção dos animais em condições que os sujeitem a ambiente insalubre,


danos físicos, maus-tratos ou a situações de elevado estresse;

VIII - necessidade do espécime para projetos de conservação.

§ 1º Nos casos previstos nos itens I a IV do caput o órgão ambiental deverá ser
comunicado no prazo máximo de 30 (trinta) dias do ocorrido.

§ 2º O órgão ambiental competente, nos casos previstos nos itens I a IV do caput, terá
o prazo de 120 (cento e vinte) dias para proceder à realocação dos espécimes.
§ 3º Superado o prazo de que trata o §2o, o tutor do animal fará sua entrega ao órgão
ambiental.

§ 4º Nos casos previstos nos itens V a VII, além do recolhimento imediato do animal
pelo órgão ambiental, o responsável pela guarda do animal estará sujeito às sanções
previstas na legislação.

Art. 27º - O transporte do(s) espécime(s) constante(s) de TGAS dependerá de


emissão de autorização do órgão ambiental competente, sem prejuízo das demais
documentações exigidas pelos demais órgãos.

§ 1º A solicitação deverá ser requerida junto ao órgão ambiental competente com, no


mínimo, 60 dias de antecedência à data prevista para o transporte do(s) espécime(s).

§ 2º Excepcionalmente será permitido o transporte do espécime, sem autorização de


transporte, para atendimento médico veterinário, mediante apresentação ao INEMA,
no prazo de 10 (dez) dias, de justificativa assinada por profissional habilitado.

§ 3º Não será concedida autorização de transporte para fora dos limites do estado.

CAPÍTULO IV
DO CADASTRAMENTO DAS ÁREAS DE SOLTURA

Art. 28º - O INEMA deverá criar um cadastro para áreas de soltura de animais
silvestres nativos (ASAS), mediante interesse dos proprietários das áreas que
apresentem características adequadas para estes fins conforme Art. 30.

Art. 29º - O interessado em cadastrar sua propriedade como ASAS deverá solicitar o
cadastro no sítio eletrônico do INEMA, na sede do INEMA, Unidade Regional ou Posto
Avançado de abrangência, mediante preenchimento de formulário, conforme modelo
(Anexo IV).

§1º O cadastro da propriedade como ASAS fica condicionado à inscrição no Cadastro


Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR), com exceção para áreas urbanas,
reservatórios e outras áreas cujo CEFIR não é obrigatório. Nestes casos será
solicitada apresentação de um dos documentos de propriedade ou posse listados na
Portaria INEMA nº 11.292/2016, que comprove o tipo de vínculo da área com o
interessado.

§2º As áreas serão avaliadas quanto à viabilidade por técnicos do INEMA por meio de
vistoria técnica.

§3º Outras vistorias poderão ser realizadas nas áreas, antes do cadastramento, caso o
INEMA julgue necessário.

§4º O interessado em cadastrar sua propriedade como ASAS não poderá ter sido
considerado culpado, em processo administrativo ou judicial transitado em julgado,
cuja punição ainda esteja cumprindo, nos termos do inciso X do Artigo 3° do Decreto
nº 6.514, de 22 de julho de 2008 ou no inciso XI do Artigo 72 da Lei 9.605/1998.

§5º Para cadastrar áreas públicas como ASAS, devem ser seguidos os mesmos
procedimentos.

Art. 30º - As áreas de soltura de animais silvestres (ASAS) devem apresentar as


seguintes características para serem cadastradas:

I. Existência de remanescentes vegetacionais significativos;

II. Existência de nascentes e corpos d’água, entre outras;

III. Estar cadastrada no CEFIR,quando couber.

Art. 31º - A vistoria técnica necessária para avaliação das áreas a serem cadastradas,
além das características acima mencionadas, deve observar:

I. As espécies de animais e plantas que ocorrem no local, podendo ser


consultados também dados secundários;

II. Caracterização fitofisionômica da vegetação e de seu estado de conservação;

III. Conectividade com remanescentes de vegetação nativa;

IV. O tamanho da propriedade;

V. Caracterização das áreas de uso e ocupação do solo da propriedade e no


entorno;

VI. Indicação das espécies ou grupos para as quais a área é adequada;

VII. Proximidade de Unidades de Conservação.

Parágrafo único. As informações devem ser preenchidas em Relatório de Campo


para Caracterização da Área de Soltura.

Art. 32º - As áreas aprovadas, após vistoria técnica, serão cadastradas, mediante
assinatura do Termo de Compromisso (Anexo V) e emissão de Certificado.

Parágrafo único. O certificado é válido por dois anos, contados da data de sua
emissão e renovado conforme avaliação dos resultados dos relatórios de
monitoramento e acompanhamento (ASAS II / ASAS III).

Art. 33º - O certificado, termo de compromisso e os termos de soltura emitidos pelo


órgão ambiental competente deverão estar disponíveis na propriedade cadastrada.
Art. 34º - As áreas de soltura de animais silvestres (ASAS) podem ser cadastradas em
três tipos de categorias:

I. ASAS I - Área para soltura imediata: destinada a espécimes da fauna que não
necessitem de aclimatização e readaptação, recém-capturados, com previsão de
imediata destinação para soltura após a apreensão ou resgate;

II. ASAS II - Área para soltura com aclimatização: destinada a espécimes da fauna que
não necessitem de readaptação, mas que devem passar período de aclimatização.
Esta área necessitará de recintos com estruturas menos complexas, somente para a
manutenção dos espécimes em contato com o ambiente local;

III. ASAS III - Área para soltura com necessidade de readaptação: destinada a
espécimes da fauna que além de aclimatização, necessitam de recintos para
readaptação. Esta área necessitará de recintos adequados à readaptação, que
também podem funcionar para aclimatização.

§1º O proprietário no momento da solicitação de cadastro da área para soltura de


animais silvestres deverá indicar no formulário, em que categoria pretende se
cadastrar, sendo responsável pela instalação e manutenção das estruturas de
recintos, se for o caso.

§2º As áreas cadastradas como ASAS II e III, também poderão ser utilizadas para
soltura imediata.

§3º Para cadastramento das áreas nas categorias ASAS II e ASAS III, o proprietário
deverá apresentar ao INEMA:

a) Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do técnico responsável pelo


manejo do(s) animal(is);

b) Proposta de plano de trabalho;

c) Plantas do recinto para aclimatização ou de readaptação, conforme o caso;

d) Proposta de marcação individual.

§4º - Os animais silvestres encaminhados para reabilitação poderão permanecer na


ASAS II e III por um período máximo de 12 (doze) meses, prorrogáveis por igual
período, mediante justificativa técnica do responsável e validação do INEMA.

Art. 35º - O proprietário da área é responsável pela manutenção, segurança e bem


estar dos animais silvestres destinados à área de soltura cadastrada.

Art. 36º - No caso de furto/roubo ou captura de animais silvestres na propriedade,


para apuração dos fatos, o proprietário deverá comunicar imediatamente ao órgão
ambiental competente e realizar Boletim de Ocorrência.
Art. 37º - As áreas de soltura cadastradas poderão receber animais silvestres oriundos
dos Centros de Triagem de Animais Silvestres municipais e federais para soltura
imediata ou reabilitação, mediante assinatura de Acordo de Cooperação Técnica entre
o órgão competente e o INEMA.

§1º O órgão ambiental competente é responsável pela retirada e destinação final dos
animais silvestres após o período de reabilitação, destinando para soltura e os que
não se reabilitaram para criadouros científicos, criadouros conservacionistas,
mantenedouros de fauna silvestre ou jardins zoológicos, devidamente licenciados e
autorizados, conforme previsto na Instrução Normativa IBAMA Nº 07, de 30 de abril de
2015.

§ 2º A retirada e destinação final dos animais silvestres após o período de reabilitação,


seja para soltura ou outras destinações, deverão ser informadas previamente ao
INEMA para ciência e acompanhamento.

Art. 38º - As áreas de soltura cadastradas poderão ser desativadas a qualquer tempo,
mediante justificativa do órgão ambiental competente ou do proprietário.
Parágrafo único - Caso a área desativada seja do tipo ASAS II ou ASAS III, e ainda
houver animais nos recintos, os mesmos deverão ser encaminhados para soltura,
CETAS ou outra ASAS II ou III a depender da avaliação técnica do órgão ambiental.

Art. 39º - O proprietário da área deverá encaminhar ao INEMA relatórios de


acompanhamento dos animais durante o período de aclimatização e readaptação
(Anexo VI) a cada três meses.

Parágrafo único. O não envio dos relatórios no prazo determinado acarretará na


suspensão de recebimento de novos animais até sua regularização, podendo o
cadastro da ASAS ser cancelado caso a situação não se regularize no período de até
um ano.

Art. 40º - As atividades de soltura de animais silvestres nas Unidades de Conservação


deverão observar o disposto na Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000.

Parágrafo único. Os respectivos órgãos gestores deverão ser consultados a fim de


emitir posicionamento quanto à realização das solturas.

CAPÍTULO IV
DOS PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS NAS ASAS

Art. 41º - Para a realização de solturas de animais silvestre nas áreas cadastradas,
devem ser atendidos os seguintes procedimentos:

I - Promover a identificação correta de cada animal destinado à soltura por espécie ou


subespécie, quando houver, que possibilite o monitoramento;

II - Avaliar a origem e o histórico do animal a ser solto, além de questões relacionadas


à estrutura social e territorialidade da espécie;
III - Assegurar que a localidade da área de soltura seja de ocorrência natural da
espécie/subespécie e, preferencialmente, não seja borda de ocorrência;

IV - Avaliar o grau de antropização e condições fisiológicas específicas de cada


espécime;

V - Avaliar a época do ano mais apropriada para soltura das espécies, considerando
disponibilidade de alimento (floração, frutificação, insetos), horário do dia, migração da
espécie, entre outros;

VI - Evitar socialização com humanos dos espécimes destinados à soltura;

VII - Avaliar tamanho, qualidade e, se necessário, população da localidade, incluindo a


capacidade de suporte;

VIII - Seguir protocolo sanitário, quarentena e exames sob orientação do órgão


ambiental;

IX - Avaliar pressões sobre a espécie e espécimes no local, a exemplo de caça,


predadores, ação antrópica, entre outros;

X - Avaliar a necessidade de fatores de suplementação, como alimentação por meio


de comedouros artificiais e instalação de caixas/ ninhos artificiais;

XI - Incentivar a restauração e ampliação de habitat no local, considerando possíveis


normas específicas existentes;

XII - Incentivar o envolvimento da vizinhança na sensibilização e proteção da fauna;

XIII - Tomar medidas biométricas como peso e comprimento, entre outros;

XIV - Para os animais que passaram pelo processo de readaptação ou aclimatização


os indivíduos deverão ser marcados, conforme as características da espécie.

Art. 42º - O monitoramento dos animais silvestres soltos nas ASAS deverá ser
realizado pelo INEMA, podendo ocorrer sob a forma de parceria com outras
instituições afins.

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 43º - Os Anexos I, II, III, IV, V e VI desta Portaria encontram-se disponíveis na
página eletrônica do INEMA (www.Inema.ba.gov.br).

Art. 44º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

MÁRCIA CRISTINA TELLES DE ARAÚJO LIMA


Diretora Geral

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