ROMARIA A APARECIDA Roteiro Simplificado para Visitação À Basílica

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ROMARIA A APARECIDA ROTEIRO

SIMPLIFICADO PARA VISITAÇÃO À BASÍLICA

“A Basílica Nacional de Aparecida não é apenas um edifício entre


tantos outros, mas por sua forma e simbologia é um espaço que une
o Céu e a Terra. A Basílica é um espaço universal (católico) que
abrange o homem todo, do nascer ao morrer, e todos os homens de
todos os lugares e de todos os tempos. Por sua função e identidade, é
um edifício sacro, isto é, não cuida das banalidades e dos interesses
do cotidiano, do profano, mas existe para a gratuidade e a essência
da vida, para a escuta e louvor de seu único Senhor e Deus”.

PASTRO, Cláudio. Santuário de Aparecida. Aparecida:


Ed. Santuário, 2017.
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Sumário A imagem de Nossa Senhora Aparecida

Não se sabe ao certo qual a origem da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Trata-se
Visão geral ...................................................................................... 3
de uma pequena estatueta de terracota, provavelmente feita por artesãos
Encontrando-se no espaço ............................................................4 portugueses ou sob influência portuguesa, no século XVII. Trata-se de uma imagem
As fachadas e os corredores externos......................................... 6 de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal. Traz, como elementos
Arcos, painéis e vitrais ...................................................................6 distintos, um pequeno diadema na testa, sinal de sua realeza; as mãos postas em
oração, pois está sempre intercedendo por nós; e uma faixa na cintura, usada pelas
Porta Santa ......................................................................................8
grávidas antigamente. A ação do tempo, durante o qual ficou submersa no rio, e
Capela das Velas ..............................................................................8 depois sob a ação da fumaça das velas acesas em sua devoção, deu-lhe uma
O trono de Nossa Senhora ............................................................10 tonalidade escura – que muitos entendem como um sinal de que a Virgem quer se
Rampa de acesso: a imagem é encontrada .................................11 fazer semelhante a seus filhos, povo simples brasileiro, majoritariamente de tez não
Rampa de saída: os milagres .........................................................11 branca. A coroa e o manto triangular azul, tradicionalmente postos na imagem, são
sinais da sua realeza. A primeira foi dada pela Princesa Isabel, em 1884, e o segundo
As naves do eixo Norte-Sul ............................................................14 por Pio X, em 1904.
As naves do eixo Leste-Oeste ........................................................15
A Cruz e o Altar ................................................................................16 Em outubro de 1717, após uma série de tentativas sem sucesso, três pescadores
Colunas do Baldaquino ...................................................................16 lançaram suas redes mais uma vez nas águas do Rio paraíba do Sul, recuperando o
corpo da imagem quebrada. Em novo lance das redes, recuperaram a cabeça. A pesca
Cúpula central .................................................................................17 terminou por ser abundante. A notícia da pesca milagrosa se espalhou pela região. A
Capela do Batismo ..........................................................................20 imagem foi levada inicialmente para a casa de um pescador, onde passou a receber
Capela da Ressurreição ..................................................................20 as primeiras demonstrações de fé e devoção dos moradores locais.
Capela do Santíssimo Sacramento ................................................22
Com o tempo, a fama dos milagres atribuídos à imagem foi se crescendo. Reza a
Capela de São José ...........................................................................22
tradição que as autoridades eclesiásticas inicialmente tentaram levar a imagem para
Sala das Promessas .........................................................................22 uma igreja, mas ela miraculosamente voltava para a casa dos pescadores sempre
A imagem de Nossa Senhora Aparecida .......................................23 que removida. Assim, em 1745 foi construída a Capela de Nossa Senhora Aparecida
no local onde foi encontrada. Em 1904, a Capela de Aparecida foi substituída por uma
igreja maior, e em 1955, foi inaugurada a atual Basílica de Nossa Senhora Aparecida,
principal santuário mariano do Brasil e um dos maiores do mundo.

Em 1978, num provável surto psicótico, um homem jogou a estátua no chão,


quebrando-a em pedaços. Restaurada, ela vem sendo guardada num nicho protegido,
para evitar novos vandalismos.
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Introdução
Capela do Santíssimo Sacramento
Peregrinar é uma experiência milenar na história da humanidade. É também um
Uma das duas capelas laterais da Basílica, abre-se com um grande portal de ferro símbolo muito adequado para expressar a condição humana: o ser humano é
trabalhado, com uma videira, sinal do vinho consagrado, que é bicada por pássaros, existencialmente um peregrino, um homo viator, um “caminhante que faz caminho
que – como em todas as obras da Basílica - aludem aos romeiros que ali vêm se nutrir ao andar'De se dirige a uma terra de promissão.
para a vida espiritual. No portal está escrito, em latim: “Panis angelorum cibus
viatorum” (Pão dos anjos, alimento dos viajantes (peregrinos). Muito antes do cristianismo já se encontra o costume de se dirigir a lugares
A cúpula é dourada, para indicar a presença do Divino nesse lugar, e o piso traz considerados sagrados a fim de se ter uma experiência do divino. Por isso, o
representações da água e dos peixes. Feixes de trigo complementam os elementos correlato do ato de peregrinar é o santuário, o “Jugar sagrado”, culminação e meta
decorativos do espaço. No fundo, no Sacrário, vai escrito “A palavra de Deus se fez da peregrinação. De fato, tanto do ponto de vista teológico como pastoral,
carne e habitou entre nós”. A parece do sacrário apresenta um mosaico com os peregrinação e santuário são duas faces de uma mesma moeda;
evangelistas e o Cordeiro pascal, oferecido por São João Paulo II. “Santuários e peregrinações constituem um binômio que, de um lado, é objeto de
distinção (o primeiro é um lugar, o segundo é um gesto), mas que, por outro lado,
devem ser vistos como que em um único discurso, já que se trata de símbolos
Capela de São José
correlatos.

A segunda capela lateral, também se abre com um grande portal de ferro


À expressão “romaria”, muito usada em português, deriva das peregrinações a
trabalhado, onde está escrito: “Dominus domum Joseph concredidit” (O Senhor
Roma, que se tornaram comuns durante a Idade Média, “época de ouro das
confiou a casa a José). Na parede do fundo, um grande painel de azulejos, em branco
peregrinações Inicialmente motivadas pela veneração da memória dos apóstolos
e azul, mostra o sonho de José, no qual o Anjo Gabriel lhe diz para não temer tomar
Pedro e Paulo, e dos inúmeros mártires venerados nas catacumbas e nas basílicas
Maria como esposa (Mt 1, 20-25). A cúpula também é dourada e a decoração é
romanas, a aquisição de indulgências constituiu mais uma motivação para os
formada por lírios (a justiça que brota da fé) e pássaros.
“romeiros” a partir de 1300, graças aos anos Jubilares convocados pelos diferentes
Papas, começando por Bonifácio VIII (1235 - 1303)
Sala das Promessas
Aqui se usará, contudo, os termos peregrino e peregrinação, mais amplos e
No subsolo, merece destaque a Sala das Promessas, onde se depositam fotos, universais para se referir a esse fenômeno humano e religioso que pode ser
imagens, objetos variados como ex-votos, presentes dados pelos fieis como compreendido e vivido como “espaço de êxodo”, tal como foi proposto pela
agradecimento por um pedido atendido, um milagre realizado. A profusão de organização do X Congresso Mariológico de Aparecida, dedicado à reflexão sobre
objetos, alguns até considerados de gosto duvidoso, como réplicas de partes do “Maria na Liturgia e na piedade popular”. Cada romaria é, em primeiro lugar,
corpo. Cada um desses objetos, contudo, testemunha uma história de dor, expressão da existência humana (capítulo 1) e imagem plástica do povo de Deus
sofrimento, acolhida e cura. Representam a alma sofrida de um povo sofrido e a peregrino (capítulo 2). Partindo dessa compreensão, chegar-se-á ao significado das
resposta cheia de ternura dada por Deus, sob a intercessão daquela que é a “Mãe de romarias como espaço de êxodo (capítulo 3).
Deus e Mãe dos homens”.
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A romaria como expressão da existência humana”
Peregrinar é um dos movimentos de tipo religioso mais frequentes em todas as religiões. Peregrinar é fazer
um caminho humano e espiritual para uma meta que se considera como um objetivo importante à sé
alcançar. Como já se disse, normalmente essa meta é o santuário onde se encontra o sagrado, o
transcendente.

Também na tradição judaico-cristã, do Antigo ao Novo Testamento, o ato de peregrinar costumou ser
considerado como “um símbolo da existência humana, que se manifesta e concretiza num conjunto de
ações, como a partida e o regresso, a entrada e a saída, a subida e a descida, a marcha e o descanso” (O
homem vive numa constante peregrinação, desde seu nascimento até a sua morte, sendo a vida eterna sua
meta final e escatológica. Esse símbolo esconde e revela, portanto, a condição peregrina do ser humano.

Esta passa pela vida: em busca de novas metas, tende ao infinito, sobe as montanhas sagradas, em cujo
topo a terra toca idealmente o céu, percorre o tempo, com marcos de datas assinaladas e santas. Considera
o nascimento a entrada no mundo e a morte a saída para penetrar as entranhas da terra e ascender às
regiões divinas. Pela peregrinação, se fundamenta o encontro e a participação do homem na realidade
divina.

Encontrando-se no espaço

Ao começar a visita, é preciso se orientar no espaço. As basílicas no estilo românico, como a de Aparecida,
costumam ser construídas com uma planta em cruz grega, com quatro “naves” (os braços da cruz) em torno
de um altar central. Além disso, Aparecida é considerada o segundo maior templo católico do mundo,
menor apenas que a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

As naves são nomeadas segundo os pontos cardeais. O que tradicionalmente entenderíamos como o eixo
principal da cruz vai no sentido norte/sul (assim como a Via Dutra, que fica a leste do templo). Na face norte
encontra-se a Porta Santa, a principal entrada do templo, e na face sul, o “Trono” da Virgem, onde a imagem
está exposta. Nas faces leste e oeste temos grandes portas laterais.

Nos vértices da face norte, encontra-se a Torre Brasília, à direita da porta, e a Capela das velas, à esquerda.
A entrada do corredor para visitação da imagem encontra-se na face sul, também à esquerda da Porta
Santa. Atrás da Basílica, ao sul, temos uma grande praça semicircular, semelhante à Praça de São Pedro no
Vaticano. Nas suas pontas, encontramos duas belas capelas. A do Batismo, onde se localiza a pia batismal, e
a da Ressurreição, onde estão sepultados os arcebispos de Aparecida.

Pode-se visitar a Basílica a partir de qualquer um de seus lados, basta se orientar para saber o que está
sendo visto em cada momento.
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Capela do Batismo

Localizada fora do corpo da Basílica, próxima à entrada do trono de Nossa Senhora.


Sua porta, em bronze, traz externamente a Árvore da Vida e internamente a
inscrição presente no Batistério de Latrão (Roma): “Aqui, nasce para o céu um povo
de nobre estirpe. O Espírito é quem dá vida nessas águas fecundas. Aqui, a Mãe Igreja
gera com fértil virgindade aqueles que coloca no mundo pela ação do Espírito. Esta é
a fonte da vida que banha todo o universo. Brota da ferida do coração e faz o cristão.
Esperai no Reino, vós que nascestes nesta fonte”.

A fonte batismal, no centro, toda em mármore branco, adquire cores diferentes


conforme a luz do dia penetra pelos vitrais. Em três faces estão representados: (1) os
anjos que recebem as mulheres no túmulo vazio”; (2) a Samaritana no poço com
Jesus; (3) a ressurreição de Lázaro. No quarto lado, onde jorra a fonte, o Batismo de
Cristo e a frase “Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei” (Sl 2, 7).

A Capela foi doada por uma família de imigrantes católicos chineses, em gratidão
pela terra que os acolheu, e seu primeiro batizado foi um chinês adulto.

Capela da Ressurreição

Do lado oposto à Capela do Batismo, nessa capela estão enterrados os primeiros


bispos de Aparecida. Em sua entrada, aparece a primeira estrofe do Hino latino “In
Paradisum”: “Que os anjos te conduzam ao Paraíso / e, na tua chegada, os mártires te
recebam / e te conduzam à cidade santa de Jerusalém / Que o coro dos anjos te
receba / e, com Lázaro, outrora pobre / possas ter o descanso eterno”.

No piso, uma coroa de louros estilizada, coroa da vitória para aqueles que
“combateram o bom combate, acabaram a corrida e guardaram a fé” (cf. 2Tm 4,7).
Nas paredes, trabalhadas a laser sobre mármore, o Bom Pastor, que conduz os fiéis
nessa e na outra vida, já representado nas paredes das catacumbas romanas, e sete
cenas da Via sacra: (1) “Eis o homem”; (2) mulheres choram ao ver Jesus passar; (3)
Verônica enxuga o rosto de Jesus; (4) o Cireneu ajuda Jesus;; (5) a Crucifixão; (7) a
Pietá.
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As fachadas e os corredores externos

Os mosaicos das fachadas ainda não estão todos prontos. Os já inaugurados na face
norte (foto acima) mostram cenas do Livro do Êxodo e os já inaugurados na face sul
(foto abaixo) mostram cenas da vida de Jesus e da Sagrada Família.

Em volta da Basílica, grandes corredores apresentam, no piso, padrões idealizados


por Cláudio Pastro sempre sugerindo água em movimento. A água representa a ação
do Espírito que sopra e dá vida a esse lugar, remetem ao batismo e fazem ainda
referência ao Rio Paraíba, onde a imagem foi encontrada (daí os tons
frequentemente terrosos, mesma cor das águas do rio).

Esses corredores levam às três portas maiores, a principal das quais é a Porta Santa,
na nave norte, e às duas portas menores do templo. Além disso rampas laterais, na
face sul, dão acesso ao Trono da Virgem, e ao subsolo, onde ficam os serviços de
acolhida aos romeiros, como sanitários, loja e confessionários. No canto noroeste,
encontra-se a Torre Brasília, onde ficam o museu e as instalações administrativas e,
e a Capela das Velas, onde os romeiros depositam suas velas.

Arcos, painéis e vitrais

Em todas as naves da Basílica, encontram-se uma faixa de arcos laterais, sobre as


quais se veem grandes painéis em azulejo e acima deles os vitrais.

Os arcos são elementos importantes na concepção da Basílica. Além da função


estrutural, são usados, na arquitetura religiosa, para dar leveza ao espaço, criando
um ambiente mais acolhedor, além de representarem tanto uma ligação entre o céu
e a terra quanto um lugar de passagem de uma condição terrena para outra celeste.
Os vitrais coloridos filtram a luz e ajudam a criar o clima de recolhimento adequado
a um recinto sagrado.

Os painéis em azulejo que representam cenas da vida de Jesus. Localizados acima


dos arcos Basílica, cada painel tem 5 metros de altura por 7 de largura. Neste eixo,
estão representando a infância e a vida pública de Jesus.
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Porta Santa afrodescendente, com um pandeiro, representando a música e a alegria que trouxe
ao povo brasileiro. O inverno é representado pelos ipês sem folhas e flores.
A Porta Santa, em bronze, é obra de Cláudio Pastro. Nos santuários que possuem
portas santas, estas só costumam ser abertas durante jubileus. No caso da Basílica Entre as naves Norte e Leste, a coluna da primavera, estação das flores,
de Aparecida, a Porta foi feita para as comemorações do Jubileu da Misericórdia, representada pelo ipê florido, retratando o embrião, e o bioma da mata atlântica e o
instituído pelo Papa Francisco, em 2015. Por isso, seu tema central é a misericórdia anjo branco, que traz nas mãos uma régua de medição.
de Deus. A obra ilustra a riqueza de detalhes de todas as demais obras da Basílica.
Por fim, na coluna entre as naves Leste e Sul, correspondente ao verão, aparece o
No lado externo (foto maior) , vemos a Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem maria. bebê, a mata das araucárias e o anjo caboclo, com um berrante, usado pelos
As asas do anjo, só indicadas por grandes traços dourados, que ocupam toda a porta, vaqueiros brasileiros. Os ipês estão verdes, cheios de folhas.
representando a proteção misericordiosa de Deus, que abarca a todo o seu povo. Nas
mãos de Maria, sua resposta ao anjo: FIAT (Faça-se). O Alfa e o Ômega no alto da Cúpula central
porta referem-se a Cristo, reverenciado na Vigília Pascal como Alfa e Ômega, pois ele
é a verdadeira porta pela qual passamos para chegar ao paraíso. No alto do baldaquino, a cúpula central complementa o baldaquino. Seus números
impressionam e ilustram as dimensões da Basílica. A contar do piso, tem 52,6 metros
No lado interno, temos, acima, o Sol e a Lua. O Sol é uma imagem do Divino. O de altura, equivalente a um prédio de 17 andares, e um diâmetro de 34,4 metros.
Senhor é o princípio de tudo. É sempre Deus que toma a iniciativa. A Lua é o reflexo
de Deus em nós. Quando desesperamos, sem saída, O buscamos, desejamos voltar Na construção, realizada entre 1965 e 1970 (lembrando que a construção já havia
para Ele, nosso princípio e fim. Ao mesmo tempo, Sol e Lua representam a passagem sido iniciada na década de 1950), foram usados 9.769 m3 de concreto. O peso total é
do tempo e a presença diária de Deus nesse lugar. De um lado, o abraço do Pai ao de 123 toneladas, sendo 91,2 toneladas de tubos e 32 toneladas de acessórios, vigas e
Filho Pródigo, do outro o Bom pastor e quatro ovelhas (os quatro cantos do Universo, madeiramento. A arte, também de autoria de Cláudio Pastro, como todo o restante
pois a misericórdia a tudo alcança). No centro, dois salmos: o 122 (“Alegrei-me do interior da Basílica, tem 1.800 m2 de área revestida por um mosaico formado por
quando me disseram: vamos para a casa do Senhor. Nossos pés se detêm às suas 5 milhões de pastilhas de diferentes cores e formatos, produzido por artesãos
portas, Jerusalém...”) e o 99 (“Sabei que o Senhor é Deus, Ele nos fez, a Ele especializados em Veneza.
pertencemos, somos o seu povo, ovelhas do seu rebanho...”).
A cúpula traz a Árvore da Vida, que fica no centro do Paraíso. Nela, vem se refugiar
Capela das Velas as aves brasileiras, que representam cada romeiro que ali vêm. São 42 aves,
presentes a 12 espécies diferentes. Vistas do piso da basílica, parecem pequenos,
Nesse local os fiéis depositam velas, associadas a pedidos e agradecimentos, numa mas são relativamente grandes quando olhadas de perto (ver página 19).
tradição similar à da Sala das Promessas. Um grande Crucifixo vazado, característico
do Santuário, coroa o espaço (ver página 19). No meio, um sol e a pomba representam a luz que vêm do Espírito de Deus, que dá
vida a toda a criação. A cor dourada ao fundo transmite a sensação de luz e calor,
que também vem do Espírito.
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A Cruz e o Altar

O altar é o centro, a peça mais importante da Basílica. Ali se dá o mistério pascal


celebrado em cada missa. É o centro do cosmo, o umbigo do mundo, lugar da relação
misteriosa entre Deus e a humanidade. É feito numa pedra de granito maciça,
indicando a solidez, a rocha sobre a qual está construída a Igreja. Em torno ao altar,
os padrões em ziguezague indicam as águas, lembrando tanto o Espírito quanto o rio
onde a imagem apareceu. Do altar a água sai para os quatro pontos cardeais, dando
vida e fertilizando a terra (Ez 47, 3-6),

A enorme cruz, em metal, pendente sobre o altar, ficou conhecida como o Crucifixo
do Vazio. A figura vazada de Cristo, lembra a Sua presença invisível entre nós, que se
manifesta mesmo no espaço vazio (página 18, fundo com vitral azul).

Colunas do Baldaquino

O baldaquino é uma estrutura arquitetônica colocada sobre o altar em algumas


igrejas. Em Aparecida, a própria cúpula central se confunde com o baldaquino. Suas
quatro colunas delimitam também suas naves.

Cada coluna representa um grande bioma brasileiro, uma estação do ano


(representada pelo ciclo anual do ipê) e uma fase da vida humana. Acima de cada
coluna, um anjo representativo do povo brasileiro. Com isso, Cláudio Pastro desejou
mostrar que, tanto no cosmo inteiro quanto no Brasil em particular, o mistério de
Cristo redime o que acontece no espaço (os biomas), no tempo (estações do ano) e na
vida humana (as diferentes fases da vida e etnias). Animais e plantas típicos de cada
bioma são também representados (ver página 19)

Entre as naves Sul e Oeste, a coluna exibe o nascimento do amor entre homem e
mulher, o tempo do outono, com os ipês já perdendo suas folhas, e a floresta
amazônica. O anjo retratado é um índio.

A seguir, entre as naves Oeste e Norte, a coluna do inverno traz a fecundação,


representada pelo óvulo fecundado, e mostra a caatinga, além do anjo
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O trono de Nossa Senhora As naves do eixo Leste-Oeste

O retábulo (estrutura também chamada altar-mor, que normalmente se eleva atrás O sol nasce no Leste e se põe no Oeste. Cristo é o verdadeiro sol de nossa vida. Assim,
do altar, que é a mesa da celebração eucarística, nas igrejas) da Basílica (ver imagens a nave Leste está associada à sua ressurreição, a nave Oeste a sua paixão e morte e a
na página 12) é uma grande estrutura em porcelana, com 45 metros de altura, onde o nave Norte está associado ao apogeu do sol ao meio-dia e à vida pública de Jesus.
branco representa o sopro de Deus que vem ao mundo, e os três arcanjos (Rafael, Essa organização do espaço reporta-se ao Concílio de Niceia (325), onde se definiu
Miguel e Gabriel) fazem ainda referência à Escada de Jacó, por onde os anjos sobem e que “a posição das igrejas fosse de tal modo que o maior número de fiéis orasse para
descem, levando os pedidos dos fiéis e trazendo as graças do Pai (Gn 28,11-19). o altar voltados para o sol (...), símbolo de Cristo que é sol da justiça e a luz do
mundo”.
É chamado também de “trono de Nossa Senhora”, pois na parte inferior, num nicho
dourado se encontra a imagem da Virgem (ver mais detalhes no final do roteiro). Os painéis da vida de Jesus, na nave Oeste, estão dedicados à instituição da
Peixes ilustram a placa dourada, representando aqueles em meio aos quais ela foi Eucaristia, à paixão e à morte do Senhor. São oito painéis em tom lilás: (1) maria
achada, enquanto um sol e uma lua (sinais da passagem do tempo e da permanência unge os pés de Jesus; (2) a procissão de Ramos e a entrada em Jerusalém; (3) o Lava-
da Virgem) e referência à passagem do Apocalipse: pés; (4) a instituição da Eucaristia; (5) o jardim das Oliveiras; (6) a condenação de
Jesus; (7) Jesus e o Cireneu carregam a cruz; (8) a morte na cruz (página 13).
“Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob
os seus pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas; estava grávida e gritava, O painel frontal, acima da porta nesta nave, é dedicado à evangelização do Brasil,
entre as dores do parto, atormentada para dar à luz” (Ap 12, 1-2) trazendo leigos, sacerdotes, bispos e intelectuais que colaboraram para a
evangelização nesses 50 anos de história. Ao centro, Maria, Mãe de Deus e da Igreja
Ainda do Apocalipse, envolve a imagem a frase: “O Espírito e a Esposa dizem: Amém, (página 13). Um Cristo adulto permanece em seu ventre, pois ela representa a
vem Senhor Jesus” (Ap 22, 17), referência ao anúncio da volta gloriosa de Cristo. própria Igreja, permanentemente grávida de Cristo e a espera de sua manifestação
definitiva nos últimos dias (cf. Ap 12).
Nas laterais do nicho, um painel em azulejo azul apresenta as “mulheres do Antigo
Testamento que prefiguram Maria”, que se complementam com as “santas mulheres Na nave leste, os oito painéis referem-se à Ressurreição, em azul turquesa e verde,
da história da Igreja”, que ladeiam o Cristo Pantocrator no lado oposto da Basílica. As simbolizando a esperança: (1) as mulheres encontram os anjos no túmulo vazio; (2)
palmeiras, acima do painel, indicam que ali é um “oásis”, um local onde a alma do Jesus sopra o seu espírito sobre os discípulos; (3) aparição de Jesus junto ao lago
peregrino pode encontrar repouso. Também fazem referência a “pindorama” (terra Tiberíades; (4) discípulos de Emaús; (5) Ascensão; (6) Pentecostes; (7) a pregação de
das palmeiras, palavra indígena para o território brasileiro). Pedro e João e o milagre da cura do paralítico; (8) o Bom Pastor (página 13).

Nas rampas de acesso e de saída para visitação da imagem, vemos pássaros No painel frontal Leste, os “fundamentos da fé”: os patriarcas, os profetas e os
brasileiros e a Ladainha de Nossa Senhora. Na rampa de subida, um grande painel apóstolos. No centro, o Cordeiro pascal e o cavalo branco do Amado: “E vi o céu
em azulejos multicoloridos representa o encontro da imagem por pescadores no rio aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e
Paraíba. Na rampa de descida, outro grande painel mostra os milagres de Nossa Verdadeiro; e julga e peleja com justiça” (Ap 19, 11). O Cordeiro está sobre um trono,
Senhora. que também é cruz, com os dizeres: “Redimiste para Deus, por teu sangue, homens
de toda tribo, povo e nação” (cf. Ap 5, 9).
As naves do eixo Norte-Sul 14 11
Rampa de acesso: a imagem é encontrada
O principal eixo da Basílica é o Norte-Sul, que liga a Porta Santa ao Trono de Nossa
Senhora. Na nave Sul, a mais próxima do nicho de Nossa Senhora, estão dez painéis A imagem veio na rede de alguns pescadores pobres, em meio aos peixes, quebrada,
que representam a infância de Jesus. Nesta nave, predominam nos painéis as cores com a cabeça separada do corpo. Ficou na casa dos pescadores, afastada da cidade
azul e branco, associadas à Imaculada Conceição. de Guaratinguetá (representada ao fundo, no painel).

Os painéis retratam: (1) Anunciação a Maria; (2) visita a Isabel; (3) nascimento de João As autoridades eclesiásticas, ao verem que o local se tornou um ponto de
Batista; (4) nascimento de Jesus; (5) anúncio aos pastores; (6) apresentação de Jesus peregrinação para o povo da região, transferem a imagem para uma igreja na cidade.
no templo, encontro com Ana e Simeão; (7) visita dos Reis Magos; (8) fuga para o Contudo, a imagem transferida durante o dia, sempre retorna à noite para junto dos
Egito; (9) perda de Jesus no templo; (10) a Sagrada Família (ver exemplo na página 12). pescadores.

Nas paredes laterais da nave Norte, encontram-se oito painéis com cenas da vida Por fim, resolve-se fazer uma capela para a imagem no local onde ela foi encontrada
pública de Jesus: (1) o batismo; (2) as tentações no deserto, (3) as bodas de Canaã, (4) e essa é a origem da cidade de Aparecida. O local, hoje em dia, é o Porto de Itaguaçu
Jesus na sinagoga, (5) o chamado dos primeiros discípulos, (6) o encontro com a (Pedra Grande em tupi-guarani).
samaritana, (7) a ressurreição da filha de Naim, (8) a Transfiguração. A cor
predominante é o azul, mas a presença de tons roxos já prefigura a Paixão (também
Rampa de saída: os milagres
na página 12).

Na rampa de saída, outro grande painel com fundo branco e desenhos azuis faz
Acima da Porta Santa, num sol dourado, se vê Cristo Pantocrator (do grego
menção aos milagres acontecidos por intercessão de Nossa Senhora.
"pantokratór", que significa "todo-poderoso" ou "governante de tudo"), luz do
mundo, tendo nas mãos o livro Sagrado onde se lê: “Eu Sou”. O Pantocrator está na
No centro, a imagem maior representa o cavaleiro que teria tentado entrar montado
face oposta ao Trono da Virgem, de modo que a troca de olhares entre Cristo e sua
na antiga igreja, com intuito profanatório. A pata do cavalo ficou presa numa pedra e
Mãe dominam todo o interior da Basílica.
ele não pode entrar. Essa pedra, com a “pegada” do anima, encontra-se hoje no
museu da Torre Brasília.
Ladeiam o Pantocrator, as “santas mulheres da história da Igreja”. De um lado, as
dos primeiros séculos, começando por Maria Madalena e chegando até Joana D’ Arc.
Abaixo, no painel, o caso do escravo Zacarias, que rezou para Nossa Senhora, na
Do outro lado, as de períodos mais recentes, começando por Teresa d’Ávila e
antiga igreja, e teve as correntes que o prendiam milagrosamente removidas (as
chegando até Irmã Doroty Stang, missionária norte-americana, assassinada na
correntes também se encontram no museu). Do lado oposto, o milagre da cura de
Amazônia, na época da elaboração desse painel. A inclusão dessa última tem vários
uma cega.
sentidos: indica o momento histórico no qual as obras foram feitas, mas também
mostra como a sucessão de santas percorre o tempo e o espaço, chegando até nós.
Na parte superior, os ex-votos da Sala das Promessas e o episódio do milagre das
Essas santas mulheres complementam as “mulheres do Antigo Testamento que
velas, que se apagaram com uma ventania e acenderam novamente, de forma
prefiguram Maria”, que ladeiam a imagem de Nossa Senhora na face oposta da
milagrosa, quando a imagem ainda era visitada na casa dos pescadores pobres.
Basílica.
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