JGR - Sete Novelas A Procura de Um Tradutor - A Aventura de Corpo de Baile Na França
JGR - Sete Novelas A Procura de Um Tradutor - A Aventura de Corpo de Baile Na França
JGR - Sete Novelas A Procura de Um Tradutor - A Aventura de Corpo de Baile Na França
Resumo: A preparação das notas da correspondência trocada entre João Guimarães Rosa e seu
tradutor francês, Jean-Jacques Villard, está nos levando a ampliar a compreensão da tradução e
da recepção da obra do escritor nos anos 1960 na França. Um dos aspectos desse processo que
sempre nos intrigara, e que as cartas trocadas entre o escritor e seu tradutor não eram capazes
de esclarecer, dizia respeito ao modo como se estabelecera o contato entre eles. A investigação
que empreendemos a partir do nome de Michel Chodkiewicz, editor da Seuil responsável pela
publicação das obras de Guimarães Rosa junto a essa editora, levou-nos não só a responder a
essa questão, como a entender o papel fundamental que o compromisso pessoal de um editor
para com uma obra representara para a publicação de Corpo de baile na França dos anos 1960.
Palavras-chave: Guimarães Rosa; Recepção; Tradução; Correspondência; Editor
Abstract: The preparation of the notes to the correspondence exchanged between João
Guimarães Rosa and his French translator Jean Jacques Villard has taken us to enlarge our
understanding of the reception and translation of the writer’s work in France during the sixties.
One of the points of that process which has always aroused in us a certain perplexity, and that the
letters between the writer and his translator were not able to clarify, was about how they got in
touch with each other. The inquiry we undertook from the name of Michel Chodkievicz, Seuil’s
publisher, responsible for the printing of João Guimarães Rosa’s works, has taken us not only
to answer that question, but also to understand the fundamental role that a publisher’s personal
commitment to a work played in the publishing of Corpo de Baile in France in that time.
Keywords: Guimarães Rosa; Reception; Translation; Correspondence; Publisher
publicação de Corpo de baile na França dos anos 1960. O homem que conseguira cativar assim Guimarães
E a apontar o papel decisivo que nela desempenharam Rosa declara, por sua vez, estar em uma espécie de
dois atores: uma editora, a Seuil, e um editor, Michel comunhão de espírito com o escritor, a ponto de se
Chodkiewicz. sentir amputado, diz ele, “de uma parte de mim mesmo,
talvez da melhor”, ao acabar uma tradução do autor. As
1 Cena principal: autor e tradutor estórias de Guimarães Rosa haviam-lhe permitido, a ele,
que mal conhecia o Brasil, de se integrar a esse país, que
49 cartas compõem a correspondência entre Guima- considerava um pouco seu:
rães Rosa e Jean-Jacques Villard, que teve início em 1961 e
só terminou com a morte do escritor em 19671. Guimarães Peut-être nos esprits sont-ils pour ainsi dire en
communion et que c’est cela qui me permet de vous
Rosa, desde a primeira carta que escreve a Villard, em 27
bien comprendre et d’aimer ce que vous aimez. Mon
de julho de 1961, manifesta a sua admiração pelo trabalho grand regret est de si peu connaître le Brésil, n’ayant fait
desse tradutor, cujo “esplêndido talento”, afirma ele, qu’une brève escale à Rio en 1921, mais maintenant j’ai
possibilitara a publicação, em 1961, de seu primeiro livro l’impression d’avoir vécu des années sur les rives du
lançado em uma língua estrangeira, Buriti. O volume, que S. Francisco, de l’Abaeté, dans la région de l’Urucuia,
continha três novelas de Corpo de baile – “Dão-lalalão”, que j’ai suivi des boiades, bu le vin de buriti, et je ne
“O recado do morro” e “A festa de Manuelzão” – estava puis vous exprimer ma reconnaissance pour m’avoir
procuré ce sentiment. (JJV a JGR, 29/10/1962)
agora, alegra-se o escritor, “entregue ao mundo grande”.
Nessa mesma carta, Guimarães Rosa destaca Talvez nossos espíritos estejam, por assim dizer, em
passagens que lhe parecem obtidas “de modo milagroso, comunhão, e que seja isso que me permita entendê-
ou por artes de alguma feitiçaria”, como a estória do Boi lo perfeitamente e amar o que você ama. O que mais
Bonito da “Festa de Manuelzão”: lamento é conhecer tão pouco o Brasil, só tendo
feito uma breve escala no Rio em 1921, mas agora
Tudo é preservado: ritmos, rimas, assonâncias, tenho a impressão de ter vivido anos às margens do
variações de velocidade, o tom regional e o gosto São Francisco, do Abaeté, na região do Urucuia, que
arcaico! (Aliás, com a mesma admirada emoção vi acompanhei boiadas, bebi o vinho de buriti, e não
posso exprimir-lhe meu reconhecimento por ter-me
como traduziu todas as partes em verso, as quadras.)
proporcionado esse sentimento.
O meu Amigo trabalhou a carne e a sombra das coisas,
os cernes e as espumas – tudo com a mesma agudez
amorosa. Um trabalho de amor, a gente vê. Agora, E trata ele próprio de se apresentar ao escritor
estaremos juntos, enfrentando esses destinos. (JGR a no transcorrer de sua correspondência. Filho de mãe
JJV, 27/07/1961) brasileira, vivera na casa dos avôs em Paris “em uma
atmosfera puramente brasileira, que me permitiu aprender
Do mesmo modo aplaude, no ano seguinte, Les nuits a língua e conhecer os costumes” (JJV a JGR, 07/09/1961).
du sertao, cujas dificuldades haviam sido “todas vencidas Estudara em dois dos melhores colégios de Paris, o Lycée
com maestria” por Villard que fizera uma tradução “boa, Carnot e, depois, o Lycée Henri IV, e dominava várias
cuidada, competente, conseguida, fiel e viva – a melhor línguas estrangeiras – alemão, inglês, português, holandês
possível” (JGR a JJV, 17/10/1962). E não esconde seu e espanhol, além de grego e latim.
contentamento por ter encontrado tal intérprete: Lutou nas duas guerras mundiais, e a experiência das
trincheiras da Primeira Guerra o marcou profundamente.
Sei como é importante, às vezes decisivo, a gente ter Ao longo das cartas, relata a Guimarães Rosa alguns
a sorte de encontrar um tradutor excepcional, capaz episódios entre curiosos e macabros, como a estória do
de traduzir “com alma” nossos livros. Sei que tive velho soldado que queria guardar como lembrança o
essa extraordinária sorte. Sei, também, que os demais
braço de “unhas bem feitas” de um soldado alemão que
livros, inclusive o “GRANDE SERTÃO: VEREDAS”
não poderiam estar em melhores mãos. (JGR a JJV, encontrara no meio de cadáveres em putrefação; ou o
17/10/1962) caso do tenente que teve um acesso de loucura ao ver
todos os seus homens morrerem na explosão de um abrigo
sabotado pelos alemães e que insistia em ali permanecer,
1 O Fundo João Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros da
Universidade de São Paulo conserva 47 cartas dessa correspondência. As ignorando os gases venenosos, pois queria jantar com eles
duas outras pertencem à família do tradutor. Nas citações, usaremos as (cf. JJV a JGR, 24/06/1963).
abreviaturas JGR e JJV respectivamente para o autor e o tradutor. Optamos
por traduzir diretamente as passagens das cartas de Jean-Jacques Villard Aliás, a veia narrativa de Jean-Jacques Villard revela-
citadas no corpo do texto, deixando-as no original, seguidas de tradução, se muitas vezes em suas cartas ao escritor, nas quais
quando aparecem em parágrafo separado. Seguimos esse procedimento
também para com outros correspondentes de Guimarães Rosa citados
descobrimos estórias dos camponeses normandos, com
neste artigo. sua tacanhez ora cômica ora bruta, contadas em um estilo
que não deixa de evocar, como nota o próprio Guimarães como se deu o encontro entre Guimarães Rosa e Jean-
Rosa, as novelas de Maupassant (cf., por exemplo, JJV a Jacques Villard. Esse enigma só nos foi desvendado
JGR, 05/10/1963 e JGR a JJV, 14/10/1963). O tradutor graças a outro conjunto de cartas, a que fomos levados
relata, também, anedotas envolvendo seu irmão mais pelo nome de Michel Chodkiewicz.
novo. Este último, que se mudara para o Brasil, tivera que, Apesar da correspondência entre Guimarães Rosa e
um dia, para fazer-se respeitar pelos homens sob o seu Villard não explicitar quem seria Chodkiewicz, pode-se
comando em uma fazenda, bancar o grande macumbeiro, facilmente deduzir que se trata do editor da Seuil
recitando estranhas palavras em uma suposta língua de responsável pela publicação das obras do escritor na
magia, que não passava, afinal, conta-nos Villard, dos França. Assim, é a ele que Guimarães Rosa se com-
primeiros versos em latim da Eneida de Virgílio, que ele promete a escrever quando quer confirmar o nome de
sabia de cor (cf. JGR a JJV, 01/05/1963). Villard como tradutor de Primeiras estórias (cf. JGR a
Esse gosto pelas narrativas deve sem dúvida ter JJV, 14/10/1963). É a ele, também, que cabe a decisão
contribuído para o seu sucesso como tradutor, atividade sobre a assinatura de um contrato que garantisse à Seuil
que iniciou casualmente e que acabou se tornando uma os direitos sobre Sagarana (cf. JGR a JJV, 14/10/1963).
profissão: Mas apenas a leitura das cartas que Chodkiewicz trocou
com outras pessoas que participaram da aventura literária
Ma grande occupation est de traduire. Cela avait e tradutória que foi o lançamento de Guimarães Rosa
commencé comme un “hobby” en 1956, c’est presque na França dos anos 1960 nos permitiu entender o papel
devenu une profession aujourd’hui. En 8 ans j’ai
decisivo que desempenhou nessa empreitada. E, também,
traduit 23 livres, sans compter diverses brochures, de
l’anglais, de l’allemand, du hollandais, du portugais,
o modo como Jean-Jacques Villard veio a integrá-la.
j’ai lu et fait la critique de centaines de romans de ces
langues, plus certains en espagnol. Ça me passionne,
2 Bastidores
mais jamais je n’ai éprouvé une joie si grande qu’à
traduire vos oeuvres qui me permettent de vivre sous
2.1 Uma decisão editorial
un autre climat, dans un pays que je me prends à aimer
comme si c’était le mien... et au fond il l’est un peu. No final dos anos 1950, mais precisamente em
(JJV a JGR, 12/11/1963)
1958, um dos editores da Seuil, Michel Chodkiewicz,
Minha grande ocupação é traduzir. Tudo começou está empenhado em identificar autores brasileiros
como um “hobby” em 1956 e hoje quase se tornou contemporâneos que possam ser publicados na França. A
uma profissão. Em oito anos, traduzi 23 livros, sem iniciativa vinha somar-se a um grande movimento que, na
contar diversas brochuras, do inglês, do alemão, do Europa e nos Estados Unidos do pós-guerra, voltava-se
holandês, do português, li e fiz a crítica de centenas de para a América Latina, buscando conhecer sua cultura,
romances dessas línguas, além de alguns em espanhol.
principalmente no que se referia à música e à literatura.
Acho isso apaixonante, mas nunca experimentei tão
grande alegria como ao traduzir suas obras, que me
Esse interesse pode ser percebido em filigrana na
permitem viver em outro clima, em um país que me correspondência entre Guimarães Rosa e J.-J. Villard
pego a amar como se fosse o meu... e, no fundo, ele por meio dos personagens que a povoam. O caso da
não deixa de ser um pouco. Knopf Incorporation é significativo desse movimento no
universo norte-americano. A editora, responsável pela
Esse “casamento feliz” entre autor e tradutor, para publicação dos livros de Guimarães Rosa na América do
retomar a expressão de Guimarães Rosa (JGR a JJV, Norte, é citada nas cartas no momento do lançamento de
09/05/1963), acabou por ampliar, aos nossos olhos, a Grande sertão: veredas nos Estados Unidos e no Canadá
zona de sombra que existe nessas cartas. Ao contrário da (cf. JGR a JJV, 24/04/1963). Na pessoa de seus diretores,
correspondência do escritor com seus outros intérpretes, Alfred e Blanche Knopf, a editora sempre buscou novos
as cartas com Jean-Jacques Villard não se iniciaram antes talentos na Ásia e na Europa. Mas foi apenas com o
que ele traduzisse seu primeiro livro do autor, mas apenas advento da Segunda guerra mundial e com a “Política
depois. Desse modo, se sabemos, por exemplo, que foi da boa vizinhança” instaurada pelo governo Roosevelt,
Harriet de Onís, tradutora americana de Grande sertão: que eles se voltam para a América Latina e passam a
veredas e Sagarana, quem apresentou seu nome para a publicar, entre outros, Jorge Amado e Gilberto Freyre.
editora Knopf, e que foi Curt Meyer-Clason, tradutor No universo francês, o nome de Roger Caillois (cf. JGR
alemão de Grande sertão: veredas e Primeiras estórias, a Guilherme de Figueiredo, 23/12/1964) nos remete à
quem lutou pela publicação dessas obras na Alemanha, emblemática coleção “La Croix du Sud” por ele criada
pois ambos, antes de traduzi-lo, tinham conhecido e se em 1951. Especializada na literatura latino-americana,
apaixonado por sua literatura, nada sabemos do modo inaugura-se com Ficções de Jorge Luis Borges e publica
entre outros, nos anos subsequentes, Julio Cortázar, Alejo O intuito de Chodkiewicz, como ele próprio expli-
Carpentier, Augusto Roa Bastos, Rosário Castellanos e os cará após ter comprado os direitos para a publicação de
brasileiros Gilberto Freyre, Jorge Amado, Vianna Moog Corpo de baile na França, era encontrar entre as obras
e Graciliano Ramos. brasileiras contemporâneas, “livros que fossem ao mesmo
Dentro desse grande movimento de abertura à lite- tempo representativos do Brasil e suficientemente livres
ratura estrangeira, as Éditions du Seuil desempenharam dos particularismos locais para serem classificados entre
papel singular. Dirigida por Paul Flamand e Jean Bardet, as obras de classe internacional” (MC a Everaldo Dayrell
a então jovem editora caracterizava-se por lançar autores de Lima, 17/09/1959)2.
contemporâneos desconhecidos do público, fossem eles Com esse objetivo, aconselhara-se junto à José
franceses ou estrangeiros. Sua política editorial consistia Olympio Editora, que lhe indica Grande sertão: veredas
em trabalhar pela divulgação dos escritores que julgavam e o endereço de Guimarães Rosa, já que os direitos de
importantes, cuidando da publicação, se possível, de toda publicação deveriam ser negociados diretamente com os
a sua obra. Um exemplo dessa política foi a aposta no autores (cf. Livraria José Olympio às Éditions du Seuil,
poeta americano T. S. Eliot, que cedeu os direitos de 21/02/1958). Guimarães Rosa já cedera o romance à outra
publicação de toda a sua obra na França para a Seuil. editora e sugere que Chodkiewicz examine Corpo de
Em contrapartida, a casa cuidou para que seu nome se baile, que muitos críticos consideravam, afirma o escritor,
consolidasse entre os leitores franceses, assim como fez tão bom ou mesmo melhor que Grande sertão: veredas
para o escritor austríaco Robert Musil e seu O homem sem (cf. JGR a MC, 10/11/1958). O editor, que não dominava
qualidades e para o italiano Giuseppe di Lampedusa e seu o português, pede a seus leitores nessa língua que avaliem
O Leopardo, entre muitos outros. não apenas Corpo de baile mas também Grande sertão:
A relação das Éditions du Seuil com seus autores foi veredas e Sagarana.
sintetizada pelo próprio Paul Flamand em um dos boletins Os relatórios são unânimes. “Estou cada vez mais
da editora. “A escolha de um manuscrito”, diz ele, “não convencido”, diz o avaliador de Sagarana, “que Guimarães
é primordialmente um ato de comércio, ou um lance de Rosa pertence a essa raça de homens capazes de construir
dados; é antes de tudo um engajamento pessoal, a aceitação uma visão cósmica do universo a partir da vida cotidiana
de uma aventura comum” (citado por LACOUTURE, por eles observada”. A capacidade de reunir particular
2010, p. 93). A escolha de um autor implica uma fideli- e universal é destacada também com relação a Grande
dade do editor com relação a ele, o compromisso de sertão: veredas. Guimarães Rosa, diz o leitor do romance,
acompanhá-lo junto à crítica e ao público: “está na sua terra, perto do mito. Essencialmente ligado
a um Brasil cósmico. Não pensemos, por isso, em uma
Ayant trouvé en son éditeur son premier lecteur, son literatura nacionalista, politizável. Guimarães Rosa faz
premier censeur et son premier dévot, le romancier uma espécie de Legenda Áurea do Brasil (...)”. Segundo
saura que désormais il n’est plus seul face à la critique,
o relator de Corpo de baile, essa obra seria, por sua vez,
face au public, et qu’il y a auprès de lui quelqu’un qui
l’a choisi et dont la fidélité ne cesse pas. (citado por uma espécie de Bíblia do Sertão, cujo encanto residiria na
LACOUTURE, 2010, p. 95) perfeita adequação de estilo e matéria; é essa adequação,
diz ele, “que universaliza sua literatura, contudo tão
Tendo encontrado em seu editor seu primeiro leitor, brasileira” (MC a JGR, 01/06/1959 – Anexo).
seu primeiro censor e seu primeiro devoto, o roman-
Guimarães Rosa, afirma ainda o parecer sobre
cista saberá que, a partir de então, não está mais
sozinho face à crítica, face ao público, e que existe
Grande sertão: veredas, não é apenas “um escritor
junto dele alguém que o escolheu e cuja fidelidade exótico, folclórico”. Trata-se de “um escritor universal
não cessa. e seus livros passarão (...) para o patrimônio cultural da
humanidade”. Essa qualidade seria garantia de sucesso
A Seuil possuía um Comitê de Leitura, formado por comercial e Guimarães Rosa, lançado na Europa, seria
seus principais editores. Era esse Comitê que discutia um candidato certo ao prêmio Nobel:
sobre as obras a serem publicadas. Michel Chodkiewicz
fazia parte dele, ao lado de, entre outros, Claude Durand, Du point de vue commercial “l’opération” Guimarães
Jean Cayrol, Paul-André Lesort. Jean Cayrol publicará Rosa n’est pas une aventure, parce que la qualité est
os textos de Roland Barthes e Philippe Sollers. Claude toujours une garantie, malgré les efforts de certains
éditeurs pour le démentir. A Guimarães Rosa ne lui
Durand traduzirá, com sua mulher, Carmen, Cem anos
de solidão, lançado pela Seuil em 1968. E Michel
Chodkiewicz será, como veremos, a personagem decisiva 2 A correspondência de Michel Chodkiewicz e das Éditions du Seuil que
citamos neste artigo pertence ao Fundo das Éditions du Seuil, conservado
para a publicação e divulgação da obra de Guimarães pelo IMEC – Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine. Utilizaremos
Rosa na França dos anos 1960. a abreviatura MC para nos referirmos a Michel Chodkiewicz nas citações.
manque qu’un minimum de lancement en Europe, Guimarães Rosa, que o classificava entre os maiores
pour être un très sûr candidat au Nobel, par exemple, escritores do Brasil. Todos os brasileiros com quem
le reste des conditions, qualité supérieure aux dix falei desde então concordam em considerá-lo como
derniers Nobels inclus, ne lui manquent pas. (Grande atualmente o único muito grande. Mas creio que
sertão: veredas, relatório de leitura, s/d) é muito difícil traduzi-lo; ele usa frequentemente
palavras novas (li um estudo muito interessante sobre
Do ponto de vista comercial a “operação” Guimarães suas regras de fabricação dos vocábulos) e seria preciso
Rosa não é uma aventura, porque a qualidade é encontrar um tradutor que fosse capaz de transpor isso
sempre uma garantia, apesar dos esforços de certos em francês...
editores para desmentir isso. A Guimarães Rosa falta
unicamente um mínimo de lançamento na Europa, para
ser um candidato absolutamente certo ao Nobel, por Mas o editor, impressionado com os relatórios de
exemplo, o resto das condições, inclusive qualidade leitura que recebera, convence o Comitê de Leitura da
superior aos últimos dez nobéis, não lhe faltam. Seuil a publicá-lo. Estava decidido a superar todos os
obstáculos e a trabalhar pela literatura de Guimarães Rosa
No final de janeiro de 1959, de posse desses relatórios na França. Assim, menos de um mês depois ele volta a
todos “unanimemente favoráveis” e considerando o escrever ao autor:
livro “como uma das maiores, senão mesmo como a
maior das obras brasileiras contemporâneas” (MC a Vous savez, maintenant, que nous sommes fermement
JGR, 26/01/1959), “obra de qualidade excepcional, e de décidés à publier Corpo de baile. Comprenez qu’il ne
enorme originalidade” (MC a Roger Bastide, 16/01/1959), s’agit pas, pour nous, d’une décision banale, mais que
nous avons le désir de nous engager à fond sur votre
Chodkiewicz escreve a Guimarães Rosa, dizendo-lhe
nom et sur votre oeuvre. Nous sommes prêts à faire
que os únicos obstáculos à decisão favorável por parte da pour vos livres, en France, ce que nous avons déjà fait,
Seuil estariam ligados à tradução e ao tamanho da obra: avec succès, pour ceux de Robert Musil et de Eliot.
Nous savons que nous nous trouvons en face d’une
Les seuls obstacles qui puissent s’opposer à une très grande oeuvre – de celles qu’un éditeur n’a pas
décision positive sont, d’une part, la très grande souvent la chance de rencontrer au cours de sa carrière
difficulté de traduire ce texte, dont le riche vocabulaire – et nous sommes résolus à tenter tout ce qu’il sera
et la syntaxe très personnelle posent, à chaque instant, possible de tenter pour l’imposer en France, et la faire
des problèmes compliqués et, d’autre part, la longueur bénéficier de l’audience qu’elle mérite. (MC a JGR,
de l’œuvre qui risque de limiter le public. (MC a JGR, 17/02/1959)
26/01/1959)
O senhor sabe, agora, que estamos firmemente
Os únicos obstáculos que podem se opor a uma decisão decididos a publicar Corpo de baile. Entenda que
positiva são, de um lado, a enorme dificuldade de não se trata, para nós, de uma decisão banal, mas que
traduzir esse texto, cujo rico vocabulário e a sintaxe desejamos nos engajar a fundo em seu nome e sua obra.
extremamente pessoal colocam, a todo instante, Estamos prontos a fazer pelos seus livros, na França,
problemas complicados, e, de outro, o comprimento o que já fizemos, com sucesso, pelos de Robert Musil
da obra, que pode limitar o público. e Eliot. Sabemos que nos encontramos diante de uma
grande obra – dessas que um editor nem sempre tem a
Fora Roger Bastide, a quem Chodkiewicz consultara oportunidade de encontrar em sua carreira – e estamos
para saber sua opinião sobre Corpo de baile e seu autor, resolvidos a tentar tudo o que for possível tentar para
que levantara o problema da tradução: impô-la na França, e fazê-la beneficiar da audiência
que merece.
Je n’ai pas lu Corpo de Baile qui a paru après mon
départ du Brésil. Mais j’ai lu le premier livre de As Éditions du Seuil não queriam ser para Guimarães
João Guimarães Rosa, qui le classait parmi les plus
Rosa, como afirma Chodkiewicz na mesma carta, “um
grands écrivains du Brésil. Tous les Brésiliens que j’ai
vus depuis sont d’accord pour le considérer comme
editor entre outros”, mas “o seu editor”. O “engajamento
actuellement le seul très grand. Mais je crois qu’il pessoal” para com a obra de Guimarães Rosa estava
est très difficile de le traduire; il utilise souvent les firmado. O projeto da editora era publicar toda a sua obra,
procédés de Joyce, c’est-à-dire, qu’il crée des mots tanto as já escritas como as por escrever, e não foram
nouveaux (j’ai lu une très intéressante étude sur ses poucas as vezes que o editor lamentou que Grande sertão:
règles de fabrication des vocables) et il faudrait trouver veredas já tivesse sido cedido à outra casa.
un traducteur qui serait capable de transposer cela en Assim, na França, a publicação de Guimarães Rosa
français... (Roger Bastide a MC, 20/01/1959) derivou de uma decisão editorial firme, de um projeto
Não li Corpo de baile que foi publicado após a minha que pretendia lançar não um livro, mas toda a obra de
partida do Brasil. Mas li o primeiro livro de João um autor que, tanto segundo as informações dos leitores
da editora, quanto de diversos escritores – vimos o e de poesia que sopra através das páginas de Guimarães
depoimento de Roger Bastide – era um dos maiores Rosa” (MC a Olga Obry, 30/12/1959).
prosadores contemporâneos. O escritor encontrara, na Chodkiewicz, porém, não esmorece. Ao recorrer ao
França, um editor à altura de sua obra. Foi este editor adido cultural da Embaixada do Brasil em Paris, diz-lhe
que, como prometido, se engajou a fundo para encontrar que esperava encontrar mais facilmente “um tradutor
quem pudesse realizar, de Corpo de baile, “uma tradução temerário o suficiente para tentar a aventura”, mas que
digna desse nome” (MC a Everaldo Dayrell de Lima, a dificuldade de encontrar a pessoa adequada para tal
17/09/1959). empresa só o encoraja ainda mais a fazer o impossível
para consegui-la. “Estamos mais firmemente resolvidos
2.2 Mas existiria “um tradutor temerário que nunca”, diz ele, “a fazer todo o possível para conseguir
o suficiente para tentar a aventura”? editar, em um prazo razoável, uma tradução digna desse
nome” (MC a Everaldo Dayrell de Lima, 17/09/1959).
Além de Roger Bastide, outros escritores já haviam Em meio a essas tentativas, ele recebe uma carta de
afirmado a Chodkiewicz a excelência de Guimarães Rosa, Jean-Jacques Villard, que se apresenta como “tradutor de
alertando-o, ao mesmo tempo, sobre a dificuldade de inglês, alemão, holandês, espanhol e português ou, mais
transpô-lo para outra língua. Em carta a um dos leitores exatamente, de brasileiro”, já tendo traduzido O tempo
da Seuil, três meses após o início de sua busca por um e o vento de Érico Veríssimo (JJV a MC, 25/11/1959).
tradutor, Chodkiewicz comenta a situação difícil em que Talvez o fato de Villard ter precisado que esse livro
se encontra: “apresentava dificuldades certeiras de tradução, muitas
palavras de origem espanhola ou guarani, assim como
Je ne vous cache pas que je suis, pour l’instant, sinon expressões folclóricas que não figuravam em nenhum
découragé du moins très embarrassé. Cette semaine dicionário” tenha interessado a Chodkiewicz que marca
encore, j’ai vu plusieurs écrivains brésiliens de passage uma entrevista com ele para conversarem a respeito da
à Paris, qui ont tous applaudi au choix que nous avons
tradução de uma obra que apresentava, explica-lhe o
fait, mais se sont montrés très pessimistes quant aux
possibilités d’adaptation. (MC a Antonio Bandeira, editor, “dificuldades ainda maiores do que as que o senhor
29/05/1959) possa ter encontrado traduzindo Érico Veríssimo” (MC a
JJV, 01/12/1959).
Não escondo que estou, por enquanto, senão Em janeiro de 1960, Chodkiewicz comunica ao adido
desanimado, pelo menos, bem embaraçado. Ainda esta
cultural da Embaixada brasileira em Paris ter encontrado
semana, vi vários escritores brasileiros de passagem
por Paris, que aplaudiram sem exceção a escolha que o tradutor capaz “de responder às exigências que a
fizéramos, mas se mostraram muito pessimistas quanto adaptação de uma obra assim complexa impõe”. A versão
às possibilidades de adaptação. que Jean-Jacques Villard fizera de algumas páginas de
Corpo de baile haviam agradado ao editor:
O editor escreve também a Guimarães Rosa, relatando
Les pages que M. Villard a traduites, à titre d’essai, sont
o fracasso de suas primeiras experiências: “Todas as
excellentes et je crois pouvoir espérer la publication
pessoas que pressenti, e que fizeram uma breve tentativa au début de l’année prochaine d’un premier tome de
(cercando-se dos conselhos de brasileiros competentes) Corpo de baile. (MC a Everaldo Dayrell de Lima,
finalmente recuaram diante das dificuldades de seu livro” 07/01/1960)
(MC a JGR, 01/06/1959).
As páginas que o senhor Villard traduziu, a título
Os que haviam recuado diante da complexidade
de teste, são excelentes e acredito poder esperar
da tarefa alegam seja sua incapacidade “de manipular a publicação, para o início do ano que vem, de um
a língua francesa com a habilidade com que Guimarães primeiro tomo de Corpo de baile.
Rosa manipula a nossa” (ALVIM, 1961), seja seu
desconhecimento do regionalismo brasileiro e das muitas A busca durara quase um ano. Ao contrário do que
expressões locais (Pierre Denis a MC, 08/10/1959). aconteceu na Alemanha, em que foi o tradutor, Curt
Por outro lado, a Seuil recusa outros profissionais Meyer-Clason, que pelejou para encontrar um editor
seja por considerar sua tradução “muito pesada” que aceitasse publicar as obras de Guimarães Rosa, na
e “com verdadeiros erros de francês” (MC a JGR, França foi pela vontade de um editor que se encontrou
01/06/1959); seja por seu “tom demasiadamente literal, um tradutor para elas. Se na Alemanha “o casamento
demasiadamente escolar”, como consta da avaliação de feliz entre autor e tradutor”, para retomar ainda uma vez a
um teste de tradução de 18 de agosto de1959; seja porque expressão de Guimarães Rosa, foi precedido de um longo
apesar do tom “fiel e correto”, a tradução “não fazia o namoro, na França tratou-se de um casamento arranjado
leitor sentir suficientemente o grande vento de liberdade que só depois se tornou paixão.
O desejo de Guimarães Rosa, expresso em carta intermédio dela, uma relação com o autor. Barthes afirma
a Michel Chodkiewicz, de “poder ser lido, conhecido que é pela mediação das instâncias textuais criadas pela
e amado, na França, pelo maior número possível de própria escrita literária (BARTHES, 2004) que o autor
pessoas” (JGR a MC, 08/10/1963) realizara-se graças se relaciona com seu leitor – seja ele somente um leitor,
à determinação de um editor, apoiado por um projeto ou um relator de uma editora, ou o próprio editor, ou um
editorial peculiar. tradutor, ou um crítico. Captados pela obra, eles encarnam
o leitor ideal ali construído e são, assim, em certa medida
Conclusão criados por ela. Daí a natureza pessoal, para retomar a
bela fórmula de Paul Flamand, do compromisso que
A exploração das cartas de João Guimarães Rosa assumem frente a ela e ao autor.
com seu tradutor francês, particularmente a confecção das Dessa maneira, se Corpo de baile só pôde ser
notas, em que buscamos definir o papel que as pessoas lançado na França em razão de condições histórico-
e instituições ali citadas desempenharam no processo sociais propícias, não é menos verdade que foi o próprio
de publicação de seus livros, nos convidam a pensar a livro que, como desejava Guimarães Rosa, “intrigan-
tradução e a recepção de uma obra do ponto de vista do o leitor e mexendo com seu subconsciente” (JGR
sociológico. a Edoardo Bizzarri, 18/11/63 – ROSA, 1981, p. 45),
De fato, Johan Heibron e Gisèle Sapiro definem a aliciou as pessoas capazes de lê-lo, avaliá-lo, editá-lo e
sociologia da tradução e da recepção como a ciência que traduzi-lo.
vai pensar “o conjunto das relações pertinentes no seio das
quais as traduções são produzidas e circulam” (HEIBRON
e SAPIRO, 2002, p. 4), recusando tanto a hermenêutica, Referências
que busca o sentido do texto independentemente das ALVIM, Gilda Cesário. Guimarães Rosa em francês. Jornal do
condições sociais que a propiciaram, quanto o deter- Brasil, Rio de Janeiro, 22 ago. 1961. Bilhete de Paris. Fundo
minismo econômico, que assimila o livro a uma Guimarães Rosa, Instituto de Estudos Brasileiros, Universidade
mercadoria como outra qualquer. de São Paulo. Recorte de jornal.
Isso significa pensar um livro em seu contexto espaço- BARTHES, Roland. A morte do autor. In. O rumor da língua.
temporal de produção e recepção e, também, os atores, Tradução de Mário Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
sejam eles instituições ou indivíduos, que participaram de BASTIDE, Roger. Carta a Michel Chodkiewicz, 20/01/1959.
sua realização: autor, agentes literários, editores, editoras, Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine
tradutor, críticos, leitores. E neste artigo, tentamos (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
justamente mostrar o papel fundamental de um editor, CHODKIEWICZ, Michel. Carta a Antonio Bandeira,
Michel Chodkiewicz, de uma editora, a Seuil, e de um 29/05/1959. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
tradutor, Jean-Jacques Villard, na publicação de Corpo
de baile na França. CHODKIEWICZ, Michel. Carta a Everaldo Dayrell de Lima,
Contudo, não devemos esquecer que a ação desses 17/09/1959. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
agentes e a força com que se dedicaram às suas tarefas
teve como estopim um objeto bem particular e concreto: CHODKIEWICZ, Michel. Carta a Jean-Jacques Villard,
01/12/1959. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
os livros de Guimarães Rosa. Foi o impacto provocado
Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
por Sagarana, Corpo de baile e Grande sertão: veredas
CHODKIEWICZ, Michel. Carta a João Guimarães Rosa,
nos leitores da Seuil, impacto atestado em seus relatórios
01/06/1959. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
de leitura, que deslanchou todo o processo de produção de Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
Corpo de baile e o projeto de publicar o restante da obra
CHODKIEWICZ, Michel. Carta a João Guimarães Rosa,
ainda disponível do escritor. A busca do tradutor também 17/02/1959. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
se baseou nessa impressão deixada pelo original. Era Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
preciso encontrar quem pudesse entregar ao leitor francês
CHODKIEWICZ, Michel. Carta a João Guimarães Rosa,
um texto legível que, porém, não apagasse a comoção que 26/01/1959. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
a escrita de Guimarães Rosa acarretava. Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
Paulo Rónai diz que “ninguém aceita como tarefa CHODKIEWICZ, Michel. Carta a Olga Obry, 30/12/1959.
comum a versão de um Grande sertão: veredas” (RÓNAI, Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine
1971) e que só o entusiasmo pelos textos de Guimarães (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
Rosa pode explicar que alguém não recue diante de CHODKIEWICZ, Michel. Carta a Roger Bastide, 16/01/1959.
tal desafio. Em outras palavras, apenas o encontro do Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine
tradutor com uma obra permite que ele estabeleça, por (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
DENIS, Pierre. Carta a Michel Chodkiewicz. 08/10/1959. ROSA, João Guimarães. Carta a Michel Chodkiewicz,
Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine 10/11/1958. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
(IMEC), Abbaye d’Ardenne. Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
HEIBRON, Johan, SAPIRO, Gisèle. La traduction littéraire, un ROSA, João Guimarães. Correspondência com seu tradutor
objet sociologique. Actes de la recherche en sciences sociales, francês, Jean-Jacques Villard. Série Correspondência com
v. 144, p. 3-5, set. 2002. Disponível em: <http://www.persee. Tradutores. Fundo Guimarães Rosa do Instituto de Estudos
fr/web/revues/home/prescript/article/arss_0335-5322_2002_ Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo, [1961-1967].
num_144_1_2803>. Acesso em 25/10/2013. ROSA, João Guimarães. Correspondência com seu tradutor
LACOUTURE, Jean. Paul Flamand, éditeur. Paris: Éditions italiano, Edoardo Bizzarri. São Paulo: Queiroz; Instituto
des Arènes, 2010. Cultural Ítalo-Brasileiro, 1981.
Livraria José Olympio às Éditions du Seuil, 21/02/1958 Fundo VILLARD, Jean-Jacques. Carta a João Guimarães Rosa,
Seuil do Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine (IMEC), 27/07/1961. Arquivo da família de Jean-Jacques Villard.
Abbaye d’Ardenne. VILLARD, Jean-Jacques. Carta a Michel Chodkiewicz,
RÓNAI, Paulo. Guimarães Rosa e seus tradutores. O Estado 25/11/1959. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition
de São Paulo, São Paulo, 10 out. 1971. Suplemento Literário, Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne.
n. 741, p. 1.
ROSA, João Guimarães. Carta a Michel Chodkiewicz, Recebido: 30 de outubro de 2013
08/10/1963. Fundo Seuil do Institut Mémoires de l’Édition Aprovado: 22 de novembro de 2013
Contemporaine (IMEC), Abbaye d’Ardenne. Contato: [email protected]