Ato 26/2023 TJRS
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Av. Borges de Medeiros, 1565 - Bairro Praia de Belas - CEP 90110-150 - Porto Alegre - RS - www.tjrs.jus.br
13º andar
ATO Nº 026/2023-P
Regulamenta o processamento e a gestão de precatórios no Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, nos termos do que estabelece a
Constituição Federal e a Resolução nº 303, de 18 de dezembro de 2019,
do Conselho Nacional de Justiça.
CONSIDERANDO o propósito de adaptar o processamento dos precatórios aos termos das Emendas
Constitucionais nº 94, de 15 de dezembro de 2016, nº 99, de 14 de dezembro de 2017, e nº 109, de 15 de
março de 2021, que alteraram o art. 100 da Constituição Federal (CF) e acrescentaram os arts. 101 a 105 ao
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT);
RESOLVE:
CAPÍTULO I
Art. 1º Estabelecer, por meio do presente Ato, os procedimentos que deverão ser seguidos para a
gestão e o processamento das requisições judiciais de pagamento (precatórios).
§ 1º O pagamento de débito judicial superior àquele definido em lei como de pequeno valor será
realizado mediante expedição de precatório.
Art. 2º Compete ao Presidente do Tribunal de Justiça aferir a regularidade formal das requisições de
pagamento, assegurar a obediência à ordem cronológica de pagamento dos créditos, nos termos preconizados
na Constituição Federal, nas decisões e resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e neste Ato.
§ 1º O Presidente do Tribunal de Justiça poderá ser auxiliado por um Juiz de Direito convocado para
coordenar a Central de Conciliação e Pagamento de Precatórios, competindo a este a prática dos atos
necessários à regular tramitação e pagamento dos precatórios.
CAPÍTULO II
DO OFÍCIO REQUISITÓRIO
CAPÍTULO III
DA ORDEM CRONOLÓGICA
Art. 5º De acordo com o momento de sua apresentação, o precatório tomará lugar na ordem
cronológica de pagamentos, instituída por exercício e por entidade devedora.
§ 1º A parcela superpreferencial precederá todos os demais créditos até o limite do teto constitucional
aplicável à entidade devedora, admitido o fracionamento do valor da execução para essa finalidade.
§ 4º Quando não for possível estabelecer ordem de precedência na forma do § 3º deste artigo, o
CAPÍTULO IV
PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS
Art. 6º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios
apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
valores atualizados monetariamente.
CAPÍTULO V
PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS
Art. 7º Os entes públicos que, em 25 de março de 2015, estavam em mora na quitação de precatórios
vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, farão os pagamentos conforme as regras do
regime especial instituído nos arts. 101 a 105 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e
normas do Título V da Resolução 303/2019 do CNJ.
Parágrafo único. A dívida sujeita ao regime especial corresponde à soma de todos os precatórios que
foram ou vierem a ser requisitados até 2 de abril do penúltimo ano de vigência do regime especial.
Art. 8º A lista de ordem cronológica, cuja elaboração compete ao Tribunal de Justiça, conterá todos
os precatórios devidos pela administração direta e pelas entidades da administração indireta do ente devedor,
abrangendo as requisições originárias da jurisdição estadual, trabalhista, federal e militar.
Art. 9º Na vigência do regime especial, pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos
depositados nas contas especiais serão utilizados para realização de pagamentos de acordo com a ordem
cronológica.
CAPÍTULO VI
DA PARCELA SUPERPREFERENCIAL
§ 1º Não tendo sido deferida pelo juízo de origem, a superpreferência poderá ser requerida perante a
Central de Conciliação e Pagamento de Precatórios.
§ 2º Para os credores que tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais ou que completem o requisito
etário no curso do precatório, o deferimento do pagamento da parcela superpreferencial de crédito alimentar
ocorrerá de forma automática, independentemente de requerimento.
Art. 11. Serão considerados portadores de doenças graves os credores acometidos das moléstias,
indicadas no inciso XIV do art. 6º da Lei Federal nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada
pela Lei Federal nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004:
I - tuberculose ativa;
II - alienação mental;
III - neoplasia maligna;
IV - cegueira;
V - esclerose múltipla;
VI - hanseníase;
VII - paralisia irreversível e incapacitante;
VIII - cardiopatia grave;
IX - doença de parkinson;
X - espondiloartrose anquilosante;
XI - nefropatia grave;
XII - estados avançados da doença de paget (osteíte deformante);
XIII - contaminação por radiação;
XIV - síndrome da imunodeficiência adquirida;
XV - hepatopatia grave;
XVI - moléstias profissionais.
Parágrafo único. Poderá também ser beneficiado pela superpreferência constitucional o credor que
comprovar ser portador de doença considerada grave a partir de conclusão de medicina especializada, mesmo
que a doença tenha sido contraída após o início do processo.
Art. 12. O pedido de superpreferência por doença grave e deficiência, quando requerido perante o
Tribunal de Justiça, poderá ser formulado pelo credor, mediante requerimento padrão disponível no site do
Tribunal, ou por intermédio de advogado habilitado.
Parágrafo único. O requerimento formulado deverá ser instruído com a comprovação da condição de
deficiente, na forma da Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015, ou de portador de doença grave por
meio de laudo ou atestado médico atual ou outro documento hábil.
§ 2º O pagamento superpreferencial terá como parâmetro a lista única de cada ente devedor, vedada a
discriminação por Tribunal de origem.
Art. 14. O reconhecimento da superpreferência somente poderá ocorrer por um motivo, por
cumprimento de sentença.
Art. 15. A superpreferência prevista no art. 100, § 2º, da Constituição Federal, constitui direito
personalíssimo do titular do crédito originário ou por sucessão hereditária.
§ 4º Além da demonstração dos quinhões na forma dos §§ 2º e 3º deste artigo, deverá ser comprovado
o recolhimento ou a isenção do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD), por meio de
certidão expedida pela Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul (SEFAZ-RS).
Art. 16. A superpreferência deferida em favor do credor originário não se estende ao cessionário de
crédito, ainda que este seja portador de doença grave, idoso ou pessoa com deficiência.
Art. 17. A superpreferência prevista no art. 100, § 2º, da Constituição Federal, corresponderá ao triplo
do valor estipulado por lei da entidade devedora sujeita ao regime geral para as requisições de pequeno valor,
não podendo ser inferior ao maior benefício pago pela previdência social.
CAPÍTULO VII
DO PAGAMENTO
Art. 18. Para a formação da listagem única de precatórios para pagamento segundo a ordem
cronológica de apresentação, o Serviço de Processamento de Precatórios solicitará a relação dos precatórios e
das superpreferências deferidas no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) e do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), por meio de arquivo digital.
Art. 19. Extraída a listagem única dos precatórios em ordem cronológica de apresentação, observadas
as parcelas superpreferenciais deferidas, a Seção de Contadoria do Serviço de Processamento de Precatórios
lançará o cálculo atualizado do crédito, bem como indicará os descontos fiscais, previdenciários ou à saúde a
serem retidos.
§ 2º Não havendo a apresentação dos dados bancários, o crédito será disponibilizado ao juízo de
origem, mediante guia de depósito judicial.
§ 3º Disponibilizado o valor ao juízo de origem, o pedido de alvará para levantamento deverá ser
endereçado àquela esfera.
§ 4º Nos casos de cessão, destaque de honorários contratuais ou outra hipótese de existência de mais
de um beneficiário, a disponibilização de valores será realizada individualmente.
CAPÍTULO VIII
Art. 21. Havendo opção do ente devedor sujeito ao regime especial pelo acordo direto, os
pagamentos serão realizados com observância aos seguintes requisitos:
I - previsão em ato próprio do ente federativo devedor;
I I - oportunização prévia de participação da rodada de conciliação a todos os credores do ente
devedor, desde que preenchidos os requisitos mínimos de habilitação;
I I I - o deságio máximo será de 40% (quarenta por cento) do valor atualizado do precatório em
conformidade com os critérios constitucionais e legais de correção monetária e juros;
Parágrafo único. Os empréstimos de que trata o inciso III do § 2º do art. 101 do ADCT poderão ser
destinados, por meio de ato do ente federativo, exclusivamente ao pagamento de precatórios por acordo
direto com os credores.
Art. 22. O acordo direto será realizado perante o Tribunal que requisitou o precatório, observado o
fluxo estabelecido em seu âmbito.
§ 1º O edital de convocação será dirigido a todos os beneficiários do ente devedor, no qual deverá
constar o prazo de validade da habilitação.
§ 3º Não havendo recursos suficientes para realização de acordo direto com todos os beneficiários
habilitados, a respectiva lista deverá permanecer vigente durante o seu prazo de validade previsto no edital,
utilizando-se os novos recursos que forem aportados à segunda conta no período.
§ 6º Havendo credores habilitados na conciliação para os quais não tenha sido oferecida proposta de
conciliação ou cuja manifestação de interesse não tenha sido julgada inapta, a homologação de acordo em
precatório posterior dependerá do provisionamento de valores suficientes para garantir a observância à ordem
cronológica de apresentação original dos precatórios transacionados.
CAPÍTULO IX
DA COMPENSAÇÃO EM PRECATÓRIOS
Art. 23. A compensação de débito fazendário com crédito oriundo de processo judicial, que não se
sujeita à observância da ordem cronológica e independe do regime de pagamento do ente devedor, é
realizada no âmbito do órgão fazendário, condicionada à existência de lei autorizadora do ente federado e
limitada ao valor líquido disponível, observadas as normas do art. 46 e do art. 46-A e seus parágrafos, ambos
da Resolução nº 303/2019 do CNJ.
Art. 24. Compete ao ente federado submetido ao regime especial regulamentar, por meio de ato
próprio, a compensação do precatório com dívida ativa.
Art. 25. A compensação acarreta a baixa do valor compensado, podendo resultar no arquivamento do
precatório, se realizada pela integralidade do crédito.
§ 3º O ente federativo devedor posicionado no regime especial poderá utilizar os meios alternativos
de quitação de precatórios previstos no art. 100, § 11, da Constituição Federal, conforme lei local
regulamentadora.
§ 4º Será amortizado no saldo devedor sujeito ao regime especial o valor dos precatórios objeto de
compensação e de utilização de crédito na forma prevista no art. 100, § 11, da Constituição Federal.
CAPÍTULO X
Art. 27. Somente poderá ser realizado pagamento sem qualquer retenção legal nas hipóteses em que
indicadas no formulário da requisição de pagamento a situação de isenção ou não incidência ou constatada a
partir dos cálculos da Seção de Contadoria do Serviço de Processamento de Precatórios.
Art. 30. O beneficiário do precatório deverá comprovar, por meio de certidão do órgão competente
ou outro meio idôneo, a isenção ou regime de tributação especial a que se sujeite antes da realização do
pagamento pelo Serviço de Processamento de Precatórios.
Parágrafo único. Eventual discussão acerca dos critérios legais dos descontos que exorbitem desta
esfera administrativa deverá ser objeto de impugnação perante o juízo de origem ou em ação própria.
CAPÍTULO XI
Art. 31. Cumprido o art. 22, § 4º, da Lei Federal nº 8.906, de 4 de julho de 1994, a informação quanto
ao valor dos honorários contratuais integrará o precatório, realizando-se o pagamento da verba citada
mediante dedução da quantia a ser paga ao beneficiário principal da requisição.
Art. 32. Quando se tratar de precatório com compensação de débito, o destaque de honorários
contratuais se limitará ao valor líquido da requisição, considerado como tal o valor bruto desta, descontados
a contribuição previdenciária, se houver, o imposto de renda a ser retido na fonte e o valor a compensar.
CAPÍTULO XII
Art. 33. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros,
independentemente da concordância do devedor.
Art. 34. Havendo cessão de crédito, a mudança de beneficiário na requisição somente ocorrerá se o
cessionário juntar a escritura pública de cessão ao processo de origem antes do envio do precatório
eletrônico.
Art. 35. Havendo cessão total ou parcial de crédito após a apresentação do ofício requisitório, a
habilitação do cessionário deverá ser postulada perante o setor de precatórios do Tribunal de Justiça.
§ 1º Os pedidos de habilitação, sob pena de indeferimento, deverão ser instruídos com os seguintes
documentos:
I - escritura pública de cessão, indicando o número do precatório, o percentual cedido e sua base de
incidência (principal ou honorários);
II - procuração quando o ato for celebrado por meio de procurador;
III - instrumento de mandato do procurador da cessionária;
Art. 36. A cessão de crédito não altera a natureza do crédito, podendo o cessionário gozar da
preferência de que trata o § 1º do art. 100 da Constituição Federal, quando a origem do débito assim permitir,
mantida a posição na ordem cronológica originária, em qualquer caso.
CAPÍTULO XIII
Art. 37. Os critérios de atualização dos precatórios na esfera administrativa são estabelecidos com
base nos parâmetros previstos neste Capítulo e na Resolução nº 303/2019 do CNJ.
Art. 38. Até novembro de 2021, os precatórios tributários serão atualizados segundo os mesmos
parâmetros pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários, nos termos da decisão de
declaração de inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62, de 9 de dezembro de 2009, e
modulação de efeitos, nos autos das Ações Direta de Inconstitucionalidade (ADIs) nº 4.357 e nº 4.425,
proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
Art. 39. A partir de dezembro de 2021, e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e
de compensação da mora, os precatórios, independentemente de sua natureza, serão corrigidos pelo índice da
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), acumulado mensalmente.
§ 1º A atualização dos precatórios não tributários deve observar o período a que alude o § 5º do art.
100 da Constituição Federal, em cujo lapso temporal o valor se sujeitará exclusivamente à correção
monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).
§ 2º Não havendo o adimplemento no prazo a que alude o § 5º do art. 100 da Constituição Federal, a
atualização dos precatórios tributários e não tributários será pela taxa SELIC.
§ 3º Na atualização da conta do precatório não tributário, os juros de mora devem incidir somente até
o mês de novembro de 2021, observado o disposto no § 1º deste artigo.
§ 4º A partir de dezembro de 2021, a compensação da mora dar-se-á pela aplicação da taxa SELIC,
que incidirá sobre o valor consolidado, correspondente ao crédito principal atualizado monetariamente e aos
Art. 40. Os precatórios não tributários requisitados anteriormente a dezembro de 2021 serão
atualizados a partir de sua data-base em conformidade com os seguintes critérios:
I - até 9 de dezembro de 2009 (véspera da publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009): pelos
índices de correção monetária e a taxa de juros moratórios expressamente fixados no título executivo
judicial, em respeito à coisa julgada.
II - de 10 de dezembro de 2009 (publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009) a 25 de março de
2015 (data da decisão de modulação de efeitos nas ADIs nº 4.357 e nº 4.425): pelos índices de correção
monetária pela Taxa Referencial (TR) e juros moratórios da poupança, nos termos do art. 100, § 12, da
Constituição Federal.
III - após 25 de março de 2015 (data do julgamento da modulação de efeitos nas ADIs nº 4.357 e nº
4.425) a 30 de novembro de 2021 (Emenda Constitucional nº 113, de 8 de dezembro de 2021): pelos índices
de correção monetária com base no IPCA-E, com base na decisão de modulação do Supremo Tribunal
Federal (ADIs nº 4.357 e nº 4.425), e juros moratórios da poupança, nos termos do art. 100, § 12, da
Constituição Federal.
§ 1º A utilização da TR no período previsto no inciso II do caput deste artigo é admitida somente para
os precatórios pagos ou expedidos até 25 de março de 2015.
§ 2º Quanto aos precatórios não tributários cujo título executivo judicial seja omisso ou determine a
aplicação de juros legais, deverão observar os seguintes critérios de correção monetária e juros:
I - precatórios não remuneratórios:
a) até 10 de janeiro de 2003: correção monetária pelo IGP-M e juros de 0,5% (cinco décimos por
cento) ao mês, com base no art. 1.062 do Código Civil de 1916;
b) de 11 de janeiro de 2003 (data da publicação do novo Código Civil) até 29 de junho de 2009
(véspera da publicação da Lei Federal nº 11.960, de 29 de junho de 2009): correção monetária pelo IGP-M e
juros no patamar de 1% (um por cento) ao mês, com fundamento no art. 406 do Código Civil de 2002;
c) de 30 de junho de 2009 (data da publicação da Lei Federal º 11.960/2009) até 9 de dezembro de
2009 (véspera da publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009): atualização monetária pelo IGP-M, nos
termos do Recurso Extraordinário (RE) nº 870.947, com repercussão geral (Tema 810), e da ADI nº 5.348, e
juros moratórios da poupança, com fulcro no art. 5º da Lei Federal nº 11.960/2009;
d) nas desapropriações por necessidade ou utilidade pública e interesse social incidirão juros de mora
no percentual de 6% (seis por cento) ao ano, a partir de 27 de agosto de 2001, data de publicação da Medida
Provisória nº 2183-56, de 24 de agosto de 2001, até 9 de dezembro de 2009 (véspera da publicação da
Emenda Constitucional nº 62/2009);
e) a partir de 10 de dezembro de 2009: deverão ser observados os índices previstos nos incisos II e III
do caput deste artigo.
II - precatórios remuneratórios:
a) até 29 de junho de 2009 (véspera da publicação da Lei Federal nº 11.960/2009): atualização
monetária pelo IGP-M e os juros moratórios de 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês;
b) de 30 de junho de 2009 (data da publicação da Lei Federal º 11.960/2009) até 9 de dezembro de
2009 (véspera da publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009): atualização monetária pelo IGP-M, nos
termos do RE nº 870.947, com repercussão geral (Tema 810), e da ADI nº 5.348, e juros moratórios da
poupança, com fulcro no art. 5º da Lei Federal nº 11.960/2009;
c) a partir de 10 de dezembro de 2009: deverão ser observados os índices previstos nos incisos II e III
do caput deste artigo.
Art. 41. Os juros compensatórios em ação de desapropriação não incidem após a expedição do
precatório.
CAPÍTULO XIV
Art. 42. O pedido de revisão de cálculos fundamentado no art. 1º-E da Lei Federal nº 9.494, de 10 de
setembro de 1997, será apresentado ao Presidente do Tribunal de Justiça quando o questionamento se referir
a critérios de atualização monetária e juros aplicados após a apresentação do ofício precatório.
§ 1º O procedimento de que trata o caput deste artigo pode abranger a apreciação das inexatidões
materiais presentes nas contas do precatório, incluídos os cálculos produzidos pelo juízo da execução, não
alcançando, sob qualquer aspecto, a análise dos critérios de cálculo.
§ 3º Não se admitirá pedido de revisão de cálculos que importe em inclusão de novos exequentes ou
alteração do objeto da execução.
Art. 43. Em qualquer das situações tratadas no art. 42 deste Ato, constituem-se requisitos
cumulativos para a apresentação e processamento do pedido de revisão ou impugnação do cálculo:
I - o requerente apontar e especificar claramente quais são as incorreções existentes no cálculo,
discriminando o montante que entende correto e devido;
II - a demonstração de que o defeito no cálculo se refere à incorreção material ou a fato superveniente
ao título executivo, segundo o Código de Processo Civil; e
III - a demonstração de que não ocorreu a preclusão relativamente aos critérios de cálculo aplicados
na elaboração da conta de liquidação na fase de conhecimento, liquidação, execução ou cumprimento de
sentença.
§ 2º Havendo pedido de revisão de parte do crédito, o precatório será atualizado pelo seu valor
integral conforme a metodologia de que se valeu o impugnante, devendo a parcela não controvertida ser paga
segundo a cronologia.
§ 3º Decidida a revisão de cálculo, incidirão, a cargo do ente devedor, correção monetária e juros de
mora sobre os valores não liberados e reconhecidos como devidos.
Art. 44. Erro ou inexatidão material abrange a incorreção detectada na elaboração da conta decorrente
da inobservância de critério de cálculo adotado na decisão exequenda, assim também considerada aquela
exarada na fase de cumprimento de sentença ou execução.
Art. 45. Decidido definitivamente o pedido de revisão do cálculo, a diferença apurada a maior será
objeto de nova requisição ao Tribunal de Justiça.
Art. 46. O precatório em que se promover a redução de seu valor original será retificado sem
cancelamento, mantendo-o na ordem cronológica em que se encontrava.
Art. 47. No Tribunal de Justiça, a requisição não poderá sofrer alteração que implique aumento da
despesa prevista no orçamento ou que modifique a natureza do crédito.
§ 1º Não será considerado aumento de despesa a mera retificação material ou atualização do cálculo.
§ 2º Havendo dúvida quanto à natureza do crédito, será expedido ofício à origem a fim de que
confirme ou solicite retificação em relação a esta.
Art. 48. Efetuado o pagamento ao credor, será de 5 (cinco) dias, a contar da intimação, o prazo para
que este aponte eventual incorreção, observando-se o contido no art. 42 deste Ato, restando preclusas as
questões não suscitadas em tal prazo.
§ 2º Não será conhecida a impugnação quando o cálculo houver sido lançado em conformidade com
os critérios estabelecidos neste Ato.
CAPÍTULO XV
Art. 50. O acesso integral aos precatórios respeitará o grau de sigilo de acordo com critérios de
publicidade dos processos eletrônicos.
CAPÍTULO XVI
Art. 51. O sequestro é medida administrativa de caráter excepcional e base constitucional, reservado
às situações delineadas no § 6º do art. 100 da Constituição Federal e no art. 104 do ADCT.
§ 4º Determinado o sequestro, a medida será executada pelo juiz convocado para a Central de
Conciliação e Pagamento de Precatórios, por meio da ferramenta eletrônica SISBAJUD.
Art. 52. Da decisão que determinar o sequestro ou retenção de valores caberá o recurso de agravo
regimental.
§ 1º A execução da decisão de sequestro não se suspende pela eventual interposição de recurso, nem
se limita às dotações orçamentárias originalmente destinadas ao pagamento de débitos judiciais.
§ 2º Não sendo assegurado o tempestivo e regular pagamento por outra via, o valor sequestrado para
a quitação do precatório não poderá ser devolvido ao ente devedor.
CAPÍTULO XVII
Art. 53. No caso de penhora, arresto, sequestro, cessão de crédito posterior à apresentação do ofício
requisitório, em que houver dúvida quanto aos percentuais a serem pagos, bem como sucessão causa mortis,
os valores requisitados poderão ser convertidos em depósito judicial à ordem do juízo de origem para
decisão.
§ 1º Havendo indicativos de que tenha ocorrido cessão, penhora, arresto, sequestro ou qualquer outra
espécie de restrição administrativa ou judicial, expedição de RPV ou duplicidade de precatórios, poderá ser
determinada a suspensão do precatório a fim de que o credor esclareça, documentalmente, tal questão,
hipótese em que deverá fazê-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 54. A penhora somente incidirá sobre o valor disponível do precatório, considerado este como o
valor líquido ainda não disponibilizado ao beneficiário, após incidência de imposto de renda, contribuição
social, contribuição para o FGTS, honorários advocatícios contratuais, cessão registrada, compensação
parcial e penhora anterior, se houver.
§ 7º Ocorrendo a disponibilização dos valores à conta do juízo penhorante ou responsável pela ação
de cobrança ajuizada, caberá a esse a decisão pelo seu destino definitivo.
Art. 55. Qualquer fato anterior ao depósito que impeça o pagamento será imediatamente comunicado
pelo juízo de origem ao Presidente do Tribunal de Justiça, que determinará a suspensão do pagamento até
segunda ordem.
Art. 56. A tramitação do precatório poderá ser suspensa a fim de que seja solvida, no juízo da
Ato 026/2023-P (5256491) SEI 8.2021.5570/000047-3 / pg. 15
execução, questão impeditiva do pagamento.
Parágrafo único. Será de 5 (cinco) dias, em tal hipótese, o prazo para a comprovação, por parte do
suscitante, de que a causa impeditiva ou modificativa foi suscitada perante o juízo da execução.
Art. 57. Nas hipóteses em que o ente devedor efetuar o pagamento diretamente ao credor, somente
será considerado, para fins de arquivamento do precatório, o documento firmado por todos os credores
atestando a integral quitação ou o documento oriundo do juízo de origem, sendo a apresentação de tais
documentos responsabilidade do devedor.
CAPÍTULO XVIII
Art. 58. O presente Ato se aplica aos processos administrativos em curso, colhendo-os na fase em
que se encontram.
Art. 59. Este Ato entra em vigor no primeiro dia útil seguinte à data de sua disponibilização no Diário
da Justiça Eletrônico.
Documento assinado eletronicamente por Iris Helena Medeiros Nogueira, Presidente, em 15/05/2023,
às 16:14, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
8.2021.5570/000047-3 5256491v9