Ato 26/2023 TJRS

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Av. Borges de Medeiros, 1565 - Bairro Praia de Belas - CEP 90110-150 - Porto Alegre - RS - www.tjrs.jus.br
13º andar

ATO Nº 026/2023-P
Regulamenta o processamento e a gestão de precatórios no Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, nos termos do que estabelece a
Constituição Federal e a Resolução nº 303, de 18 de dezembro de 2019,
do Conselho Nacional de Justiça.

A PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ,


no uso de suas atribuições legais e regimentais, tendo em vista a necessidade de atender ao que consta no
expediente SEI nº 8.2021.5570/000047-3,

CONSIDERANDO o propósito de adaptar o processamento dos precatórios aos termos das Emendas
Constitucionais nº 94, de 15 de dezembro de 2016, nº 99, de 14 de dezembro de 2017, e nº 109, de 15 de
março de 2021, que alteraram o art. 100 da Constituição Federal (CF) e acrescentaram os arts. 101 a 105 ao
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT);

CONSIDERANDO as adaptações necessárias ao processamento dos precatórios às alterações


advindas da declaração de inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62, de 9 de dezembro
de 2009, no âmbito das Ações Direta de Inconstitucionalidade nº 4.357 e nº 4.425, bem como da modulação
dos efeitos da referida decisão;

CONSIDERANDO o propósito de adaptar o processamento e a gestão de precatórios aos ditames da


Resolução nº 303, de 18 de dezembro de 2019, do Conselho Nacional de Justiça, e alterações posteriores;

CONSIDERANDO os princípios da eficiência e transparência na gestão e no pagamento dos


precatórios,

RESOLVE:

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Estabelecer, por meio do presente Ato, os procedimentos que deverão ser seguidos para a
gestão e o processamento das requisições judiciais de pagamento (precatórios).

§ 1º O pagamento de débito judicial superior àquele definido em lei como de pequeno valor será
realizado mediante expedição de precatório.

§ 2º É vedada a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como o


fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao
que dispõe o § 3º do art. 100 da Constituição Federal.

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§ 3º O presente Ato não se aplica às requisições de pequeno valor (RPV), as quais deverão observar
os termos do art. 100, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal.

Art. 2º Compete ao Presidente do Tribunal de Justiça aferir a regularidade formal das requisições de
pagamento, assegurar a obediência à ordem cronológica de pagamento dos créditos, nos termos preconizados
na Constituição Federal, nas decisões e resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e neste Ato.

§ 1º O Presidente do Tribunal de Justiça poderá ser auxiliado por um Juiz de Direito convocado para
coordenar a Central de Conciliação e Pagamento de Precatórios, competindo a este a prática dos atos
necessários à regular tramitação e pagamento dos precatórios.

§ 2º Caberá exclusivamente ao Presidente do Tribunal de Justiça a decisão relativa ao sequestro, à


retenção de valores e à ordem de inclusão no Cadastro de Entidades Devedoras Inadimplentes (CEDIN).

§ 3º Compete à Central de Conciliação e Pagamento de Precatórios a gestão do pagamento dos


precatórios, nos termos da Constituição Federal, das decisões e resoluções do CNJ e deste Ato.

CAPÍTULO II

DO OFÍCIO REQUISITÓRIO

Art. 3º O juiz designado ou titular da Central de Expedição de Precatórios indicará, no precatório


eletrônico, os dados especificados no art. 6º da Resolução nº 303, de 18 de dezembro de 2019, do CNJ.

Art. 4º Considera-se como momento de apresentação a data do recebimento do precatório eletrônico


pelo Serviço de Processamento de Precatórios no Sistema eproc2g.

§ 1º Para efeito do disposto no § 5º do art. 100 da Constituição Federal, considera-se momento de


requisição do precatório, para aqueles apresentados ao Tribunal de Justiça entre 3 de abril do ano anterior e 2
de abril do ano de elaboração da proposta orçamentária, a data de 2 de abril.

§ 2º Devidamente apresentado o ofício precatório no Sistema eproc2g, serão feitas as comunicações


ao juízo de origem e ao ente devedor até o dia 31 de maio de cada ano, na forma do art. 15, § 1º, da
Resolução nº 303/2019 do CNJ.

CAPÍTULO III

DA ORDEM CRONOLÓGICA

Art. 5º De acordo com o momento de sua apresentação, o precatório tomará lugar na ordem
cronológica de pagamentos, instituída por exercício e por entidade devedora.

§ 1º A parcela superpreferencial precederá todos os demais créditos até o limite do teto constitucional
aplicável à entidade devedora, admitido o fracionamento do valor da execução para essa finalidade.

§ 2º Os créditos de natureza alimentar precedem os comuns em relação ao mesmo ano de inscrição


orçamentária.

§ 3º Entre os precatórios inscritos em orçamento do mesmo ano e de mesma natureza a precedência


se dará pelo critério cronológico de data, hora, minuto e segundo da apresentação.

§ 4º Quando não for possível estabelecer ordem de precedência na forma do § 3º deste artigo, o

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precatório de menor valor precederá o de maior valor e, persistindo o empate, preferirá o precatório cujo
credor tiver maior idade.

CAPÍTULO IV

DO APORTE DE RECURSOS PELAS ENTIDADES DEVEDORAS EM REGIME GERAL DE

PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS

Art. 6º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precatórios
apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
valores atualizados monetariamente.

§ 1º Disponibilizado o valor requisitado atualizado, o Tribunal de Justiça providenciará os


pagamentos, observada a ordem cronológica.

§ 2º Não sendo disponibilizados os recursos necessários ao regular pagamento integral da dívida


requisitada, o Presidente do Tribunal de Justiça, após atualização e certificação da inadimplência nos
precatórios, cientificará o credor e o devedor quanto às medidas previstas no art. 100, §§ 5º e 6º, da
Constituição Federal.

CAPÍTULO V

DO APORTE DE RECURSOS PELOS ENTES DEVEDORES EM REGIME ESPECIAL DE

PAGAMENTO DE PRECATÓRIOS

Art. 7º Os entes públicos que, em 25 de março de 2015, estavam em mora na quitação de precatórios
vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, farão os pagamentos conforme as regras do
regime especial instituído nos arts. 101 a 105 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e
normas do Título V da Resolução 303/2019 do CNJ.

Parágrafo único. A dívida sujeita ao regime especial corresponde à soma de todos os precatórios que
foram ou vierem a ser requisitados até 2 de abril do penúltimo ano de vigência do regime especial.

Art. 8º A lista de ordem cronológica, cuja elaboração compete ao Tribunal de Justiça, conterá todos
os precatórios devidos pela administração direta e pelas entidades da administração indireta do ente devedor,
abrangendo as requisições originárias da jurisdição estadual, trabalhista, federal e militar.

Art. 9º Na vigência do regime especial, pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos
depositados nas contas especiais serão utilizados para realização de pagamentos de acordo com a ordem
cronológica.

Parágrafo único. O pagamento da parcela superpreferencial da qual são beneficiários os credores


idosos, doentes graves e com deficiência, nos termos do § 2º do art. 100 da Constituição Federal, será
realizado com os recursos destinados à ordem cronológica.

CAPÍTULO VI

DA PARCELA SUPERPREFERENCIAL

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Art. 10. Os débitos de natureza alimentícia, cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária,
sejam idosos, portadores de doença grave ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão
pagos com preferência sobre todos os demais, até o limite do teto constitucional aplicável à entidade
devedora, admitido o fracionamento do valor da execução para essa finalidade.

§ 1º Não tendo sido deferida pelo juízo de origem, a superpreferência poderá ser requerida perante a
Central de Conciliação e Pagamento de Precatórios.

§ 2º Para os credores que tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais ou que completem o requisito
etário no curso do precatório, o deferimento do pagamento da parcela superpreferencial de crédito alimentar
ocorrerá de forma automática, independentemente de requerimento.

§ 3º Nas hipóteses de doença grave e deficiência, o deferimento da superpreferência dependerá de


requerimento expresso do credor do crédito alimentar, com juntada dos documentos necessários à
comprovação da sua condição.

§ 4º O pedido de superpreferência em relação aos precatórios expedidos pela Justiça do Trabalho e


pela Justiça Federal deverá ser protocolado no âmbito dos respectivos tribunais.

Art. 11. Serão considerados portadores de doenças graves os credores acometidos das moléstias,
indicadas no inciso XIV do art. 6º da Lei Federal nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada
pela Lei Federal nº 11.052, de 29 de dezembro de 2004:
I - tuberculose ativa;
II - alienação mental;
III - neoplasia maligna;
IV - cegueira;
V - esclerose múltipla;
VI - hanseníase;
VII - paralisia irreversível e incapacitante;
VIII - cardiopatia grave;
IX - doença de parkinson;
X - espondiloartrose anquilosante;
XI - nefropatia grave;
XII - estados avançados da doença de paget (osteíte deformante);
XIII - contaminação por radiação;
XIV - síndrome da imunodeficiência adquirida;
XV - hepatopatia grave;
XVI - moléstias profissionais.

Parágrafo único. Poderá também ser beneficiado pela superpreferência constitucional o credor que
comprovar ser portador de doença considerada grave a partir de conclusão de medicina especializada, mesmo
que a doença tenha sido contraída após o início do processo.

Art. 12. O pedido de superpreferência por doença grave e deficiência, quando requerido perante o
Tribunal de Justiça, poderá ser formulado pelo credor, mediante requerimento padrão disponível no site do
Tribunal, ou por intermédio de advogado habilitado.

Parágrafo único. O requerimento formulado deverá ser instruído com a comprovação da condição de
deficiente, na forma da Lei Federal nº 13.146, de 6 de julho de 2015, ou de portador de doença grave por
meio de laudo ou atestado médico atual ou outro documento hábil.

Art. 13. O deferimento do pagamento superpreferencial não importa em ordem de pagamento


imediata, mas prioritária, limitada aos recursos disponíveis para pagamento na ordem cronológica de
apresentação.

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§ 1º As superpreferências serão pagas com observância do conjunto de precatórios pendentes de
requisição ou pagamento, independentemente do ano de expedição e de requisição, observada a ordem
cronológica dos precatórios prioritários.

§ 2º O pagamento superpreferencial terá como parâmetro a lista única de cada ente devedor, vedada a
discriminação por Tribunal de origem.

§ 3º Em caso de insuficiência de recursos para atendimento à totalidade dos beneficiários da parcela


superpreferencial, serão pagos os portadores de doenças graves, os idosos e as pessoas com deficiência, nesta
ordem; concorrendo mais de um beneficiário por classe de prioridade, será primeiramente pago aquele cujo
precatório for mais antigo.

§ 4º Os precatórios liquidados parcialmente, relativos a créditos de portadores de doença grave,


idosos ou pessoas com deficiência, manterão a posição original na ordem cronológica de pagamento.

Art. 14. O reconhecimento da superpreferência somente poderá ocorrer por um motivo, por
cumprimento de sentença.

Parágrafo único. Após o pagamento da superpreferência, remanescendo valor do crédito alimentar,


este será pago na ordem cronológica de apresentação.

Art. 15. A superpreferência prevista no art. 100, § 2º, da Constituição Federal, constitui direito
personalíssimo do titular do crédito originário ou por sucessão hereditária.

§ 1º O pagamento da parcela superpreferencial aos sucessores hereditários dependerá da prévia


comprovação dos quinhões cabíveis.

§ 2º A comprovação dos quinhões deverá ocorrer na forma prevista no inciso II do § 2º do art. 53


deste Ato.

§ 3º Sendo o crédito do precatório o único bem da sucessão, os sucessores que preencham os


requisitos previstos no art. 100, § 2º, da Constituição Federal poderão requerer o pagamento da
superpreferência mediante a apresentação dos documentos elencados no art. 53, § 3º, deste Ato.

§ 4º Além da demonstração dos quinhões na forma dos §§ 2º e 3º deste artigo, deverá ser comprovado
o recolhimento ou a isenção do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD), por meio de
certidão expedida pela Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul (SEFAZ-RS).

Art. 16. A superpreferência deferida em favor do credor originário não se estende ao cessionário de
crédito, ainda que este seja portador de doença grave, idoso ou pessoa com deficiência.

Art. 17. A superpreferência prevista no art. 100, § 2º, da Constituição Federal, corresponderá ao triplo
do valor estipulado por lei da entidade devedora sujeita ao regime geral para as requisições de pequeno valor,
não podendo ser inferior ao maior benefício pago pela previdência social.

§ 1º Para os entes devedores sujeitos ao regime especial de pagamento de precatórios a


superpreferência corresponderá ao quíntuplo do valor estabelecido em lei para as requisições de pequeno
valor, não podendo ser inferior ao maior benefício pago pela previdência social.

§ 2º Inexistindo lei, ou em caso de não observância do disposto no § 4º do art. 100 da Constituição


Federal, considerar-se-á como obrigação de pequeno valor:
I - 60 (sessenta) salários-mínimos, se devedora a Fazenda Federal (art. 17, § 1º, da Lei Federal nº
10.259, de 12 de julho de 2001);
II - 40 (quarenta) salários-mínimos, se devedora a Fazenda Estadual ou Distrital; e
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III - 30 (trinta) salários-mínimos, se devedora a Fazenda Municipal.

§ 3º O valor da requisição de pequeno valor observará a legislação vigente à época do trânsito em


julgado do processo de conhecimento.

CAPÍTULO VII

DO PAGAMENTO

Art. 18. Para a formação da listagem única de precatórios para pagamento segundo a ordem
cronológica de apresentação, o Serviço de Processamento de Precatórios solicitará a relação dos precatórios e
das superpreferências deferidas no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) e do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), por meio de arquivo digital.

Art. 19. Extraída a listagem única dos precatórios em ordem cronológica de apresentação, observadas
as parcelas superpreferenciais deferidas, a Seção de Contadoria do Serviço de Processamento de Precatórios
lançará o cálculo atualizado do crédito, bem como indicará os descontos fiscais, previdenciários ou à saúde a
serem retidos.

§ 1º Atualizado o cálculo, o procurador constituído pela parte credora e cadastrado no Sistema


eproc2g será intimado para apresentar os dados bancários no prazo de 5 (cinco) dias úteis.

§ 2º Não havendo a apresentação dos dados bancários, o crédito será disponibilizado ao juízo de
origem, mediante guia de depósito judicial.

§ 3º Disponibilizado o valor ao juízo de origem, o pedido de alvará para levantamento deverá ser
endereçado àquela esfera.

§ 4º Nos casos de cessão, destaque de honorários contratuais ou outra hipótese de existência de mais
de um beneficiário, a disponibilização de valores será realizada individualmente.

Art. 20. Expedido o alvará ou disponibilizado o pagamento ao juízo de origem, o Serviço de


Processamento de Precatórios, diretamente ou por intermédio da instituição financeira contratada,
providenciará o recolhimento e a elaboração das declarações das retenções realizadas, observadas as
disposições legais aplicáveis.

§ 1º Depois de realizado o pagamento, o Serviço de Processamento de Precatórios remeterá ao ente


devedor relatório contendo os dados discriminados dos beneficiários, dos valores pagos, das retenções
operadas e dos valores líquidos disponibilizados.

§ 2º Quitado integralmente o precatório dar-se-á sua extinção.

CAPÍTULO VIII

DOS ACORDOS DIRETOS

Art. 21. Havendo opção do ente devedor sujeito ao regime especial pelo acordo direto, os
pagamentos serão realizados com observância aos seguintes requisitos:
I - previsão em ato próprio do ente federativo devedor;
I I - oportunização prévia de participação da rodada de conciliação a todos os credores do ente
devedor, desde que preenchidos os requisitos mínimos de habilitação;
I I I - o deságio máximo será de 40% (quarenta por cento) do valor atualizado do precatório em
conformidade com os critérios constitucionais e legais de correção monetária e juros;

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IV - o crédito deverá ser transacionado por seu titular, desde que inexistente recurso ou impugnação
judicial;
V - a qualquer tempo antes do pagamento o credor habilitado pode desistir do acordo direto;
VI - o acordo tenha sido homologado pelo Tribunal de Justiça e o pagamento seja realizado com os
recursos disponibilizados na segunda conta especial, com observância da ordem cronológica entre os
precatórios;
VII - pagos todos os credores habilitados, o Tribunal de Justiça publicará novo edital.

Parágrafo único. Os empréstimos de que trata o inciso III do § 2º do art. 101 do ADCT poderão ser
destinados, por meio de ato do ente federativo, exclusivamente ao pagamento de precatórios por acordo
direto com os credores.

Art. 22. O acordo direto será realizado perante o Tribunal que requisitou o precatório, observado o
fluxo estabelecido em seu âmbito.

§ 1º O edital de convocação será dirigido a todos os beneficiários do ente devedor, no qual deverá
constar o prazo de validade da habilitação.

§ 2º Habilitados os beneficiários, os pagamentos serão realizados com recursos disponíveis na


segunda conta, observando-se a ordem cronológica original dos precatórios habilitados para realização do
acordo e seu pagamento.

§ 3º Não havendo recursos suficientes para realização de acordo direto com todos os beneficiários
habilitados, a respectiva lista deverá permanecer vigente durante o seu prazo de validade previsto no edital,
utilizando-se os novos recursos que forem aportados à segunda conta no período.

§ 4º Pagos todos os credores habilitados ou vencido o prazo de validade da habilitação, será


publicado novo edital com observância das regras deste artigo.

§ 5º As manifestações de interesse em conciliar serão analisadas em conformidade com a ordem


cronológica de apresentação original dos precatórios dos beneficiários habilitados na rodada de conciliação.

§ 6º Havendo credores habilitados na conciliação para os quais não tenha sido oferecida proposta de
conciliação ou cuja manifestação de interesse não tenha sido julgada inapta, a homologação de acordo em
precatório posterior dependerá do provisionamento de valores suficientes para garantir a observância à ordem
cronológica de apresentação original dos precatórios transacionados.

§ 7º Em se tratando de listagens unificadas, é vedada a publicação concomitante de editais.

CAPÍTULO IX

DA COMPENSAÇÃO EM PRECATÓRIOS

Art. 23. A compensação de débito fazendário com crédito oriundo de processo judicial, que não se
sujeita à observância da ordem cronológica e independe do regime de pagamento do ente devedor, é
realizada no âmbito do órgão fazendário, condicionada à existência de lei autorizadora do ente federado e
limitada ao valor líquido disponível, observadas as normas do art. 46 e do art. 46-A e seus parágrafos, ambos
da Resolução nº 303/2019 do CNJ.

Art. 24. Compete ao ente federado submetido ao regime especial regulamentar, por meio de ato
próprio, a compensação do precatório com dívida ativa.

Parágrafo único. Inexistindo regulamentação da entidade devedora, o credor poderá apresentar


requerimento ao órgão fazendário respectivo solicitando a compensação total ou parcial do precatório com

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créditos inscritos em dívida ativa até 25 de março de 2015, instruindo o pedido com certidão do valor
disponível atualizado do precatório a compensar.

Art. 25. A compensação acarreta a baixa do valor compensado, podendo resultar no arquivamento do
precatório, se realizada pela integralidade do crédito.

§ 1º Utilizado todo o valor líquido disponível na compensação, e remanescendo valores relativos às


retenções legais na fonte, penhora, cessão, honorários contratuais ou contribuições para o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS), quando disponibilizados recursos pela entidade devedora, o Serviço de
Processamento de Precatórios providenciará, observada a ordem cronológica, os recolhimentos legais e os
pagamentos devidos, promovendo a baixa na requisição pelo seu adimplemento integral.

§ 2º Ressalva-se a regra prevista no § 1º deste artigo, exclusivamente em relação às retenções legais,


quando a legislação de regência do ente devedor dispuser que o adimplemento destas ocorrerá com os
recursos do caixa único.

§ 3º O ente federativo devedor posicionado no regime especial poderá utilizar os meios alternativos
de quitação de precatórios previstos no art. 100, § 11, da Constituição Federal, conforme lei local
regulamentadora.

§ 4º Será amortizado no saldo devedor sujeito ao regime especial o valor dos precatórios objeto de
compensação e de utilização de crédito na forma prevista no art. 100, § 11, da Constituição Federal.

CAPÍTULO X

DA INCIDÊNCIA E RETENÇÃO DE TRIBUTOS

Art. 26. É obrigação do Serviço de Processamento de Precatórios a apuração e a retenção dos


descontos legais incidentes, na forma da legislação aplicável.

§ 1º Faculta-se ao Tribunal de Justiça a contratação dos serviços de retenção e recolhimento dos


descontos legais, na forma da legislação aplicável, na instituição financeira responsável pelo efetivo
pagamento dos precatórios, na forma prevista no art. 35 da Resolução nº 303/2019 do CNJ.

§ 2º Na hipótese de contratação da instituição financeira, o Serviço de Processamento de Precatórios


deverá fornecer os parâmetros para a realização das retenções legais no alvará ou na guia de depósito
judicial.

Art. 27. Somente poderá ser realizado pagamento sem qualquer retenção legal nas hipóteses em que
indicadas no formulário da requisição de pagamento a situação de isenção ou não incidência ou constatada a
partir dos cálculos da Seção de Contadoria do Serviço de Processamento de Precatórios.

Art. 28. Não incide imposto de renda sobre os juros de mora:


I - devidos pelo atraso no pagamento de remuneração por exercício de emprego, cargo ou função;
II - cuja verba principal seja isenta ou fora do campo de incidência daquele imposto.

Art. 29. Na cessão de crédito e na compensação, a retenção de tributos observará o disposto na


legislação em vigor na data do pagamento.

§ 1º As contribuições previdenciárias, o imposto de renda e o recolhimento do FGTS não sofrem


alterações em razão da cessão de crédito, penhora ou destaque de honorários contratuais.

§ 2º Em caso de cessão, o imposto de renda:


I - se incidente sobre a parcela cedida, será de responsabilidade do cedente, nos termos da legislação

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que lhe for aplicável;
II - se incidente sobre o valor recebido pelo cedente, quando da celebração da cessão, deve ser
recolhido pelo próprio contribuinte, na forma da legislação tributária.

Art. 30. O beneficiário do precatório deverá comprovar, por meio de certidão do órgão competente
ou outro meio idôneo, a isenção ou regime de tributação especial a que se sujeite antes da realização do
pagamento pelo Serviço de Processamento de Precatórios.

Parágrafo único. Eventual discussão acerca dos critérios legais dos descontos que exorbitem desta
esfera administrativa deverá ser objeto de impugnação perante o juízo de origem ou em ação própria.

CAPÍTULO XI

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Art. 31. Cumprido o art. 22, § 4º, da Lei Federal nº 8.906, de 4 de julho de 1994, a informação quanto
ao valor dos honorários contratuais integrará o precatório, realizando-se o pagamento da verba citada
mediante dedução da quantia a ser paga ao beneficiário principal da requisição.

§ 1º Cabe ao Juízo da execução decidir sobre o requerimento de reserva de honorários contratuais


quando o seu valor não constar do precatório.

§ 2º Os honorários contratuais destacados serão pagos quando da liberação do crédito ao titular da


requisição, inclusive proporcionalmente nas hipóteses de quitação parcial e parcela superpreferencial do
precatório.

Art. 32. Quando se tratar de precatório com compensação de débito, o destaque de honorários
contratuais se limitará ao valor líquido da requisição, considerado como tal o valor bruto desta, descontados
a contribuição previdenciária, se houver, o imposto de renda a ser retido na fonte e o valor a compensar.

Parágrafo único. A compensação de débito sobre os honorários sucumbenciais somente poderá


ocorrer quando o devedor da Fazenda Pública for o próprio advogado beneficiário.

CAPÍTULO XII

DA CESSÃO DE CRÉDITOS EM PRECATÓRIOS

Art. 33. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros,
independentemente da concordância do devedor.

Art. 34. Havendo cessão de crédito, a mudança de beneficiário na requisição somente ocorrerá se o
cessionário juntar a escritura pública de cessão ao processo de origem antes do envio do precatório
eletrônico.

Art. 35. Havendo cessão total ou parcial de crédito após a apresentação do ofício requisitório, a
habilitação do cessionário deverá ser postulada perante o setor de precatórios do Tribunal de Justiça.

§ 1º Os pedidos de habilitação, sob pena de indeferimento, deverão ser instruídos com os seguintes
documentos:
I - escritura pública de cessão, indicando o número do precatório, o percentual cedido e sua base de
incidência (principal ou honorários);
II - procuração quando o ato for celebrado por meio de procurador;
III - instrumento de mandato do procurador da cessionária;

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IV - certidão expedida pelo juízo de origem com a especificação das restrições (penhoras, arrestos,
sequestros, reserva de honorários) e todas as cessões, bem como os percentuais destas, porventura existentes
ou da inexistência destes;
V - declaração da destinação dada ao crédito, caso tenha sido utilizado (compensação, subrogação,
garantias), com a indicação do processo judicial ou administrativo respectivo;
VI - comprovação do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro
Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ) da Secretaria da Receita Federal.

§ 2º Após o deferimento pela Central de Conciliação e Pagamento de Precatórios, o registro será


lançado no precatório, bem como será intimado o ente devedor e oficiado o juízo da execução.

§ 3º Os efeitos da cessão ficam condicionados ao registro a que alude o § 2º deste artigo e à


comunicação, por meio de petição protocolizada ao ente federativo devedor.

§ 4º A habilitação das cessões perante o Tribunal de Justiça, respeitadas as cessões já deferidas na


origem, dar-se-á, obedecida a ordem cronológica das escrituras públicas juntadas ao precatório, até o limite
do crédito, remetendo-se as partes, no que exceder, à via jurisdicional.

§ 5º Quando o exame da habilitação ultrapassar a seara administrativa, as partes serão encaminhadas


à esfera jurisdicional, mediante decisão nos autos do precatório.

Art. 36. A cessão de crédito não altera a natureza do crédito, podendo o cessionário gozar da
preferência de que trata o § 1º do art. 100 da Constituição Federal, quando a origem do débito assim permitir,
mantida a posição na ordem cronológica originária, em qualquer caso.

CAPÍTULO XIII

DOS CRITÉRIOS DE ATUALIZAÇÃO

Art. 37. Os critérios de atualização dos precatórios na esfera administrativa são estabelecidos com
base nos parâmetros previstos neste Capítulo e na Resolução nº 303/2019 do CNJ.

Art. 38. Até novembro de 2021, os precatórios tributários serão atualizados segundo os mesmos
parâmetros pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários, nos termos da decisão de
declaração de inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62, de 9 de dezembro de 2009, e
modulação de efeitos, nos autos das Ações Direta de Inconstitucionalidade (ADIs) nº 4.357 e nº 4.425,
proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Art. 39. A partir de dezembro de 2021, e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e
de compensação da mora, os precatórios, independentemente de sua natureza, serão corrigidos pelo índice da
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC), acumulado mensalmente.

§ 1º A atualização dos precatórios não tributários deve observar o período a que alude o § 5º do art.
100 da Constituição Federal, em cujo lapso temporal o valor se sujeitará exclusivamente à correção
monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E).

§ 2º Não havendo o adimplemento no prazo a que alude o § 5º do art. 100 da Constituição Federal, a
atualização dos precatórios tributários e não tributários será pela taxa SELIC.

§ 3º Na atualização da conta do precatório não tributário, os juros de mora devem incidir somente até
o mês de novembro de 2021, observado o disposto no § 1º deste artigo.

§ 4º A partir de dezembro de 2021, a compensação da mora dar-se-á pela aplicação da taxa SELIC,
que incidirá sobre o valor consolidado, correspondente ao crédito principal atualizado monetariamente e aos

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juros de mora, conforme previsto no art. 22, § 1º, da Resolução nº 303/2019 do CNJ.

Art. 40. Os precatórios não tributários requisitados anteriormente a dezembro de 2021 serão
atualizados a partir de sua data-base em conformidade com os seguintes critérios:
I - até 9 de dezembro de 2009 (véspera da publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009): pelos
índices de correção monetária e a taxa de juros moratórios expressamente fixados no título executivo
judicial, em respeito à coisa julgada.
II - de 10 de dezembro de 2009 (publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009) a 25 de março de
2015 (data da decisão de modulação de efeitos nas ADIs nº 4.357 e nº 4.425): pelos índices de correção
monetária pela Taxa Referencial (TR) e juros moratórios da poupança, nos termos do art. 100, § 12, da
Constituição Federal.
III - após 25 de março de 2015 (data do julgamento da modulação de efeitos nas ADIs nº 4.357 e nº
4.425) a 30 de novembro de 2021 (Emenda Constitucional nº 113, de 8 de dezembro de 2021): pelos índices
de correção monetária com base no IPCA-E, com base na decisão de modulação do Supremo Tribunal
Federal (ADIs nº 4.357 e nº 4.425), e juros moratórios da poupança, nos termos do art. 100, § 12, da
Constituição Federal.

§ 1º A utilização da TR no período previsto no inciso II do caput deste artigo é admitida somente para
os precatórios pagos ou expedidos até 25 de março de 2015.

§ 2º Quanto aos precatórios não tributários cujo título executivo judicial seja omisso ou determine a
aplicação de juros legais, deverão observar os seguintes critérios de correção monetária e juros:
I - precatórios não remuneratórios:
a) até 10 de janeiro de 2003: correção monetária pelo IGP-M e juros de 0,5% (cinco décimos por
cento) ao mês, com base no art. 1.062 do Código Civil de 1916;
b) de 11 de janeiro de 2003 (data da publicação do novo Código Civil) até 29 de junho de 2009
(véspera da publicação da Lei Federal nº 11.960, de 29 de junho de 2009): correção monetária pelo IGP-M e
juros no patamar de 1% (um por cento) ao mês, com fundamento no art. 406 do Código Civil de 2002;
c) de 30 de junho de 2009 (data da publicação da Lei Federal º 11.960/2009) até 9 de dezembro de
2009 (véspera da publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009): atualização monetária pelo IGP-M, nos
termos do Recurso Extraordinário (RE) nº 870.947, com repercussão geral (Tema 810), e da ADI nº 5.348, e
juros moratórios da poupança, com fulcro no art. 5º da Lei Federal nº 11.960/2009;
d) nas desapropriações por necessidade ou utilidade pública e interesse social incidirão juros de mora
no percentual de 6% (seis por cento) ao ano, a partir de 27 de agosto de 2001, data de publicação da Medida
Provisória nº 2183-56, de 24 de agosto de 2001, até 9 de dezembro de 2009 (véspera da publicação da
Emenda Constitucional nº 62/2009);
e) a partir de 10 de dezembro de 2009: deverão ser observados os índices previstos nos incisos II e III
do caput deste artigo.

II - precatórios remuneratórios:
a) até 29 de junho de 2009 (véspera da publicação da Lei Federal nº 11.960/2009): atualização
monetária pelo IGP-M e os juros moratórios de 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês;
b) de 30 de junho de 2009 (data da publicação da Lei Federal º 11.960/2009) até 9 de dezembro de
2009 (véspera da publicação da Emenda Constitucional nº 62/2009): atualização monetária pelo IGP-M, nos
termos do RE nº 870.947, com repercussão geral (Tema 810), e da ADI nº 5.348, e juros moratórios da
poupança, com fulcro no art. 5º da Lei Federal nº 11.960/2009;
c) a partir de 10 de dezembro de 2009: deverão ser observados os índices previstos nos incisos II e III
do caput deste artigo.

§ 3º Fica assegurada a atualização dos precatórios expedidos no âmbito da administração pública


federal (inclusive do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em caso de competência originária da
Justiça Estadual) com base nos arts. 27 das Leis Federais nº 12.919, de 24 de dezembro de 2013, e nº 13.080,
de 2 de janeiro de 2015, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária, nos termos da decisão de
modulação de efeitos proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI nº 4.357.

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§ 4º Não incidem, por força do que estabelece a Súmula Vinculante nº 17 do Supremo Tribunal
Federal, juros de mora no período de “graça”, ou seja, de 2 de abril até o final do exercício seguinte, tanto
para os precatórios pagos em tal prazo, quanto para aqueles pagos com atraso, hipótese em que, a partir do
vencimento, voltarão a fluir juros de mora.

Art. 41. Os juros compensatórios em ação de desapropriação não incidem após a expedição do
precatório.

§ 1º Os juros compensatórios incidirão até a data da promulgação da Emenda Constitucional nº


62/2009, caso o precatório tenha sido antes desse momento expedido e sua incidência decorra de decisão
transitada em julgado.

§ 2º Em ações expropriatórias, a incidência de juros moratórios sobre os compensatórios não constitui


anatocismo vedado em lei.

CAPÍTULO XIV

DA REVISÃO DOS CÁLCULOS, RETIFICAÇÕES E CANCELAMENTOS

Art. 42. O pedido de revisão de cálculos fundamentado no art. 1º-E da Lei Federal nº 9.494, de 10 de
setembro de 1997, será apresentado ao Presidente do Tribunal de Justiça quando o questionamento se referir
a critérios de atualização monetária e juros aplicados após a apresentação do ofício precatório.

§ 1º O procedimento de que trata o caput deste artigo pode abranger a apreciação das inexatidões
materiais presentes nas contas do precatório, incluídos os cálculos produzidos pelo juízo da execução, não
alcançando, sob qualquer aspecto, a análise dos critérios de cálculo.

§ 2º Tratando-se de questionamento relativo a critério de cálculo judicial, assim considerado aquele


constante das escolhas do julgador, competirá a revisão da conta ao juízo da execução.

§ 3º Não se admitirá pedido de revisão de cálculos que importe em inclusão de novos exequentes ou
alteração do objeto da execução.

Art. 43. Em qualquer das situações tratadas no art. 42 deste Ato, constituem-se requisitos
cumulativos para a apresentação e processamento do pedido de revisão ou impugnação do cálculo:
I - o requerente apontar e especificar claramente quais são as incorreções existentes no cálculo,
discriminando o montante que entende correto e devido;
II - a demonstração de que o defeito no cálculo se refere à incorreção material ou a fato superveniente
ao título executivo, segundo o Código de Processo Civil; e
III - a demonstração de que não ocorreu a preclusão relativamente aos critérios de cálculo aplicados
na elaboração da conta de liquidação na fase de conhecimento, liquidação, execução ou cumprimento de
sentença.

§ 1º Ao procedimento de revisão de cálculo, aplica-se o contraditório e a ampla defesa, autorizado o


pagamento de parcela incontroversa.

§ 2º Havendo pedido de revisão de parte do crédito, o precatório será atualizado pelo seu valor
integral conforme a metodologia de que se valeu o impugnante, devendo a parcela não controvertida ser paga
segundo a cronologia.

§ 3º Decidida a revisão de cálculo, incidirão, a cargo do ente devedor, correção monetária e juros de
mora sobre os valores não liberados e reconhecidos como devidos.

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§ 4º A concordância do credor com o valor apontado pelo ente devedor em seu pedido de revisão do
cálculo importará em renúncia ao valor excedente e retificação da requisição.

Art. 44. Erro ou inexatidão material abrange a incorreção detectada na elaboração da conta decorrente
da inobservância de critério de cálculo adotado na decisão exequenda, assim também considerada aquela
exarada na fase de cumprimento de sentença ou execução.

Art. 45. Decidido definitivamente o pedido de revisão do cálculo, a diferença apurada a maior será
objeto de nova requisição ao Tribunal de Justiça.

Parágrafo único. Decorrendo a diferença, contudo, do reconhecimento de erro material ou inexatidão


aritmética, admite-se o pagamento complementar nos autos do precatório original.

Art. 46. O precatório em que se promover a redução de seu valor original será retificado sem
cancelamento, mantendo-o na ordem cronológica em que se encontrava.

§ 1º Decorrendo a redução de decisão proferida pelo juízo da execução, este a informará ao


Presidente do Tribunal de Justiça.

§ 2º Tratando-se de precatório sujeito ao regime especial de pagamentos, a retificação de valor deverá


ser informada ao Presidente do Tribunal de Justiça.

Art. 47. No Tribunal de Justiça, a requisição não poderá sofrer alteração que implique aumento da
despesa prevista no orçamento ou que modifique a natureza do crédito.

§ 1º Não será considerado aumento de despesa a mera retificação material ou atualização do cálculo.

§ 2º Havendo dúvida quanto à natureza do crédito, será expedido ofício à origem a fim de que
confirme ou solicite retificação em relação a esta.

§ 3º A retificação da natureza ocorrerá mediante determinação do juízo requisitante e não implicará


cancelamento do precatório.

Art. 48. Efetuado o pagamento ao credor, será de 5 (cinco) dias, a contar da intimação, o prazo para
que este aponte eventual incorreção, observando-se o contido no art. 42 deste Ato, restando preclusas as
questões não suscitadas em tal prazo.

§ 1º A inconformidade somente será conhecida quando forem apontadas de forma específica as


incorreções existentes e os valores que entende corretos.

§ 2º Não será conhecida a impugnação quando o cálculo houver sido lançado em conformidade com
os critérios estabelecidos neste Ato.

CAPÍTULO XV

DAS INTIMAÇÕES E DO ACESSO AOS AUTOS ELETRÔNICOS

Art. 49. As intimações serão realizadas diretamente no sistema eletrônico.

Parágrafo único. Em se tratando de expedientes administrativos tramitando no Sistema Eletrônico


de Informações (SEI), as intimações serão realizadas por e-mail previamente cadastrado.

Art. 50. O acesso integral aos precatórios respeitará o grau de sigilo de acordo com critérios de
publicidade dos processos eletrônicos.

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Parágrafo único. Receberão grau 1 de sigilo os documentos relativos aos pedidos de
superpreferência fundamentados em doença grave ou deficiência e os que contenham os dados bancários do
beneficiário.

CAPÍTULO XVI

DO SEQUESTRO E DA RETENÇÃO DE VALORES

Art. 51. O sequestro é medida administrativa de caráter excepcional e base constitucional, reservado
às situações delineadas no § 6º do art. 100 da Constituição Federal e no art. 104 do ADCT.

§ 1º Compete exclusivamente ao Presidente do Tribunal de Justiça processar e decidir sobre o


sequestro, observado o procedimento previsto no art. 20 da Resolução nº 303/2019 do CNJ.

§ 2º Em se tratando de entidade devedora sujeita ao regime geral de pagamento de precatórios, o


sequestro será processado mediante requerimento do credor prejudicado em caso de burla à ordem
cronológica de apresentação ou de não alocação orçamentária do valor requisitado.

§ 3º No caso de ente devedor sujeito ao regime especial de pagamentos, o procedimento de sequestro


de valores será instaurado a partir da inadimplência das parcelas mensais devidas, devidamente certificada
pelo Serviço de Processamento de Precatórios, observado, no que couber, o disposto no art. 68 da Resolução
nº 303/2019 do CNJ.

§ 4º Determinado o sequestro, a medida será executada pelo juiz convocado para a Central de
Conciliação e Pagamento de Precatórios, por meio da ferramenta eletrônica SISBAJUD.

§ 5º A não alocação orçamentária do valor requisitado prevista no § 2º deste artigo, observará,


quando for o caso, o disposto no art. 107-A do ADCT.

Art. 52. Da decisão que determinar o sequestro ou retenção de valores caberá o recurso de agravo
regimental.

§ 1º A execução da decisão de sequestro não se suspende pela eventual interposição de recurso, nem
se limita às dotações orçamentárias originalmente destinadas ao pagamento de débitos judiciais.

§ 2º Não sendo assegurado o tempestivo e regular pagamento por outra via, o valor sequestrado para
a quitação do precatório não poderá ser devolvido ao ente devedor.

CAPÍTULO XVII

DAS DEMAIS INTERCORRÊNCIAS

Art. 53. No caso de penhora, arresto, sequestro, cessão de crédito posterior à apresentação do ofício
requisitório, em que houver dúvida quanto aos percentuais a serem pagos, bem como sucessão causa mortis,
os valores requisitados poderão ser convertidos em depósito judicial à ordem do juízo de origem para
decisão.

§ 1º Havendo indicativos de que tenha ocorrido cessão, penhora, arresto, sequestro ou qualquer outra
espécie de restrição administrativa ou judicial, expedição de RPV ou duplicidade de precatórios, poderá ser
determinada a suspensão do precatório a fim de que o credor esclareça, documentalmente, tal questão,
hipótese em que deverá fazê-lo no prazo de 5 (cinco) dias.

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§ 2º O falecimento do credor, nas hipóteses em que for cabível o pagamento aos sucessores
hereditários, não importará em remessa do crédito à origem desde que haja a opção pela apresentação dos
seguintes documentos:
I - comprovante de recolhimento ou de isenção do ITCD;
II - cópia do formal de partilha ou da escritura pública de partilha, ou certidão do juízo de origem, que
indiquem, em relação ao crédito, os percentuais de cada herdeiro;
III - cópia do CPF de cada herdeiro.

§ 3º Sendo o crédito do precatório o único bem da sucessão, os sucessores poderão requerer o


pagamento mediante apresentação dos seguintes documentos, sob pena de responsabilização pessoal destes
quanto à eventual pagamento indevido:
I - declaração de que o precatório é o único bem da sucessão, firmada por todos os sucessores e pelo
advogado;
II - juntada da certidão de óbito do credor originário; e
III - comprovação da isenção ou recolhimento do ITCD referente ao crédito do precatório.

§ 4º A fim de viabilizar o pagamento do ITCD, de modo a atender ao requisito estabelecido no inciso


I do § 2º deste artigo, poderá ser deferida a liberação, desde que comprovado documentalmente o seu valor,
do montante correspondente ao imposto apurado.

Art. 54. A penhora somente incidirá sobre o valor disponível do precatório, considerado este como o
valor líquido ainda não disponibilizado ao beneficiário, após incidência de imposto de renda, contribuição
social, contribuição para o FGTS, honorários advocatícios contratuais, cessão registrada, compensação
parcial e penhora anterior, se houver.

§ 1º Quando do pagamento, os valores penhorados serão colocados à disposição do juízo da execução


para repasse ao juízo interessado na penhora.

§ 2º Ocorrendo a penhora antes da apresentação do ofício precatório, o juiz da execução deverá


destacar os valores correspondentes para posterior disponibilização ao juízo solicitante por ocasião do
pagamento.

§ 3º No caso de a penhora ocorrer após a apresentação do precatório ao Tribunal de Justiça, o juízo da


execução comunicará a averbação da penhora do crédito para que sejam adotadas as providências relativas
ao respectivo registro no precatório.

§ 4º Averbada a penhora, adotar-se-ão o procedimento e as regras relativas à cessão de crédito.

§ 5º Em caso de concurso de penhoras incidentes sobre créditos de precatórios, caberá ao juízo da


execução estabelecer a ordem de preferências, independentemente de ter sido apresentada a requisição de
pagamento ao Tribunal de Justiça.

§ 6º Sem que haja interrupção no pagamento do precatório e mediante comunicação da Fazenda


Pública ao Tribunal de Justiça, o valor correspondente aos eventuais débitos inscritos em dívida ativa contra
o credor do requisitório e seus substituídos deverá ser depositado à conta do juízo responsável pela ação de
cobrança ajuizada, que decidirá pelo seu destino definitivo.

§ 7º Ocorrendo a disponibilização dos valores à conta do juízo penhorante ou responsável pela ação
de cobrança ajuizada, caberá a esse a decisão pelo seu destino definitivo.

Art. 55. Qualquer fato anterior ao depósito que impeça o pagamento será imediatamente comunicado
pelo juízo de origem ao Presidente do Tribunal de Justiça, que determinará a suspensão do pagamento até
segunda ordem.

Art. 56. A tramitação do precatório poderá ser suspensa a fim de que seja solvida, no juízo da
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execução, questão impeditiva do pagamento.

Parágrafo único. Será de 5 (cinco) dias, em tal hipótese, o prazo para a comprovação, por parte do
suscitante, de que a causa impeditiva ou modificativa foi suscitada perante o juízo da execução.

Art. 57. Nas hipóteses em que o ente devedor efetuar o pagamento diretamente ao credor, somente
será considerado, para fins de arquivamento do precatório, o documento firmado por todos os credores
atestando a integral quitação ou o documento oriundo do juízo de origem, sendo a apresentação de tais
documentos responsabilidade do devedor.

CAPÍTULO XVIII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 58. O presente Ato se aplica aos processos administrativos em curso, colhendo-os na fase em
que se encontram.

Art. 59. Este Ato entra em vigor no primeiro dia útil seguinte à data de sua disponibilização no Diário
da Justiça Eletrônico.

Art. 60. Revogam-se as disposições em contrário, em especial o Ato nº 023/2017-P, de 10 de julho de


2017, e suas alterações.

Secretaria da Presidência, 15 de maio de 2023.

DESEMBARGADORA IRIS HELENA MEDEIROS NOGUEIRA,


PRESIDENTE.

Documento assinado eletronicamente por Iris Helena Medeiros Nogueira, Presidente, em 15/05/2023,
às 16:14, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


https://www.tjrs.jus.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 informando o código verificador 5256491 e o
código CRC 7B79284A.

8.2021.5570/000047-3 5256491v9

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