Sop e Abordagens Terapeuticas

Research, Society and Development, v. 12, n.
8, e8012842935, 2023
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v12i8.42935
Síndrome do ovário policístico e suas possíveis abordagens terapêuticas: Uma revisão

de literatura
Polycystic ovary syndrome and its possible therapeutic approaches: A literature review
Síndrome de ovario poloquístico y sus posibles abordajes terapêuticos: Una revisión literaria
Recebido: 04/08/2023 | Revisado: 13/08/2023 | Aceitado: 14/08/2023 | Publicado: 18/08/2023
Giulia Dakhil Moyzes Zanin

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1545-5342
Faculdade de Medicina de Itajubá, Brasil
E-mail: [email protected]
Eloise Capucho Forster
Márcio José Rosa Requeijo
Resumo
A síndrome dos ovários policísticos é uma doença caracterizada por múltiplos cistos nos ovários que geram alterações
heterogêneas em diversos aspectos da vida da paciente. Sendo exemplos destes, as alterações nos níveis hormonais,
ciclos menstruais irregulares e manifestações de ganho de peso, acne, dificuldades reprodutivas e hirsutismo. Com
isso, seu diagnóstico e tratamento se tornam multi facetados, uma vez visto a complexidade da síndrome. O presente
estudo tem o objetivo de abordar as implicações psicossociais na vida da paciente e analisar as opções de manejo
terapêutico disponíveis atualmente descritas. Trata-se de uma revisão de literatura, do tipo Integrativas, baseada em
produções científicas das bases de dados: National Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual de Saúde
(BVS), Google Scholar e Scientific Electronic Library Online (SciELO) e terminologias cadastradas nos Descritores
em Ciências da Saúde (DeCs), publicados do anos de 2013 a 2023. Através dos significativos impactos causados na
vida das pacientes portadoras de SOP, concluiu-se que as opções de manejo terapêutico no mercado são heterogêneas,
assim como toda a síndrome dos ovários policísticos.
Palavras chave: Síndrome do ovário policístico; Terapêutica; Impacto psicossocial.
Abstract
Polycystic ovary syndrome (PCOS) is a disease characterized by multiple cysts in the ovaries that generate
heterogeneous alterations in various aspects of the patient's life. Examples of these alterations include hormonal
imbalances, irregular menstrual cycles, and manifestations of weight gain, acne, reproductive difficulties, and
hirsutism. As a result, the diagnosis and treatment of PCOS become multifaceted, given the complexity of the
syndrome. This present study aims to address the psychosocial implications in the patient's life and analyze the
currently available therapeutic management options described. It is a literature review of the integrative type, based on
scientific productions from databases such as the National Library of Medicine (PubMed), Virtual Health Library
(BVS), Google Scholar, and Scientific Electronic Library Online (SciELO), as well as terminologies registered in the
Health Sciences Descriptors (DeCS). The publications included in the review span from 2013 to 2023. Through the
significant impacts caused in the lives of patients with PCOS, it was concluded that the therapeutic management
options in the market are heterogeneous, just like the entire polycystic ovary syndrome.
Keywords: Polycystic ovary syndrome; Therapeutics; Psychosocial impact.
Resumen
El síndrome de ovario poliquístico es una enfermedad caracterizada por múltiples quistes en los ovarios que generan
cambios heterogéneos en varios aspectos de la vida de la paciente. Ejemplos de estos son cambios en los niveles
hormonales, ciclos menstruales irregulares y manifestaciones de aumento de peso, acné, dificultades reproductivas e
hirsutismo. Con esto, su diagnóstico y tratamiento se vuelven multifacéticos, una vez vista la complejidad del
síndrome. El presente estudio tiene como objetivo abordar las implicaciones psicosociales en la vida del paciente y
analizar las opciones de manejo terapéutico actualmente descritas disponibles. Se trata de una revisión integrativa de
la literatura, basada en producciones científicas de las bases de datos: Biblioteca Nacional de Medicina (PubMed),
Biblioteca Virtual en Salud (BVS), Google Scholar y Scientific Electronic Library Online (SciELO) y terminologías
1
Research, Society and Development, v. 12, n. 8, e8012842935, 2023
registradas en los Descriptores en Ciencias de la Salud ( DeCs), publicado de 2013 a 2023. A través de los impactos
significativos causados en la vida de las pacientes con SOP, se concluyó que las opciones de manejo terapéutico en el
mercado son heterogéneas, al igual que todo el síndrome de ovario poliquístico.
Palabras clave: Síndrome del ovario poliquístico; Terapéutica; Impacto psicosocial.
1. Introdução
A síndrome dos ovários micropolicísticos (SOP) é uma das condições hormonais que mais afeta as mulheres, durante
o ciclo reprodutivo. A doença é caracterizada por múltiplos cistos localizados nos ovários, alterações nos níveis hormonais,
ciclos menstruais irregulares e manifestações de ganho de peso, acne, dificuldades reprodutivas e hirsutismo. (FEBRASGO,
2018).
A complexidade do diagnóstico e tratamento da SOP deve-se principalmente ao seu caráter multifatorial, incluindo
fatores genéticos, ambientais e hormonais. Outras causas implicadas incluem inflamação crônica, resistência insulínica,
disfunção endotelial e níveis elevados de hormônios sexuais, que desempenham um papel na patogênese da doença. (Louwers
et al, 2020).
Esta situação tem o devido peso pelo seu impacto direto na saúde da mulher. Além das manifestações clínicas
causadas pela própria doença, as pacientes com SOP também apresentam grandes dificuldades na fertilidade, como
complicações durante a gravidez e até infertilidade. Além de problemas psicológicos, como ansiedade, depressão, distúrbio de
imagem e autoestima reduzida. Com a idade, as pacientes ficam suscetíveis a vários distúrbios metabólicos que podem levar a
doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e obesidade. (Ferreira et al, 2020).
Dessa forma, a SOP necessita de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo diferentes áreas dentro da medicina,
como endocrinologia e ginecologia, e também diferentes áreas da saúde, como nutricionistas e psicólogas. (Moreira et al,
2013). O diagnóstico precoce da SOP sempre vai ser desafiador devido a sua clínica variada, mas mostra-se necessário para
minimizar as possíveis complicações a longo prazo, tanto quanto possível. O objetivo deste estudo procura apresentar o que é
de mais atual em termos de conhecimento sobre a terapêutica desta patologia que afeta diretamente a saúde da mulher.
2. Metodologia
O presente estudo consiste em uma revisão exploratória integrativa de literatura. A revisão integrativa foi realizada em
seis etapas, sendo elas: 1) identificar o tema e escolher a pergunta norteadora da pesquisa; 2) definir critérios para inclusão e
exclusão de estudos e realizar a busca na literatura; 3) escolher os dados obtidos dos estudos após a coleta de informações; 4)
realizar avaliação crítica e classificação dos estudos escolhidos; 5) analisar os estudos incluídos na revisão integrativa; 6)
realizar interpretação dos resultados. (De Souza et al, 2020).
De início, para definição da questão central da pesquisa utilizou-se a estratégia PICO (Acrômio para Patient,
Intervention, Comparation e Outcome). Através disso, instituiu-se a questão central que orientou o estudo: “Quais são as
possíveis abordagens terapêuticas disponíveis para tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos?”. Nela, observa-se o P:
“Fisiopatologia da síndrome dos ovários policísticos e fatores de risco”; I: “Quadro clínico e diagnóstico”; C: “Influência e
impacto social da SOP na vida da mulher”; O: “Opções de manejo terapêutico”.
Em seguida, foi conduzida uma busca por artigos que apresentassem uma conexão relevante com o tema abordado,
utilizando os termos cadastrados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), uma terminologia desenvolvida pela
Biblioteca Virtual em Saúde com base no Medical Subject Headings da U.S. National Library of Medicine. Essa abordagem
permitiu o uso de uma terminologia comum em português, inglês e espanhol. Os descritores utilizados foram: síndrome dos
ovários policísticos, patogênese, etiologia e opções terapêuticas. A fim de cruzar as palavras chaves foram utilizados
operadores booleanos “and”, “or” e “not”.
2
A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de pesquisas eletrônicas nas seguintes fontes de dados: National
Library of Medicine (PubMed), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Google Scholar e Scientific Electronic Library Online
(SciELO).
A pesquisa foi realizada durante os meses de maio e junho do ano de 2023. Foram estabelecidos critérios de inclusão
que se restringiram a artigos redigidos em inglês e português, publicados no período de 2017 a 2023, e que abordassem o tema
da pesquisa, fornecendo insights sobre os mecanismos, epidemiologia, fatores de risco e outras áreas relacionadas à SOP e seus
manejos terapêuticos. Além disso, foi considerada a disponibilidade eletrônica dos artigos em seu formato completo. Como
critério para exclusão, foi retirado da pesquisa aqueles artigos que não possuíam enfoque em SOP e seus diferentes manejos
terapêuticos.
Foram pré-selecionados 58 artigos, os quais foram observados e analisados após a leitura do título e do resumo das
publicações. Acompanhando o processo de seleção e cumprindo com os fatores de inclusão e exclusão, 40 artigos foram
selecionados e 18 excluídos por não corresponderem à abordagem proposta. Com isso, foi realizada a leitura completa das
publicações, analisando as questões pré-definidas e desses, 10 artigos não se adequaram por se afastar dos critérios de inclusão.
Dessa forma, 30 artigos foram escolhidos para construção da revisão, conforme demonstrado na Figura 1. Enfim, foi feito um
agrupado das bibliografias selecionadas com objetivo de acumular as informações mais importantes para coleta dos dados.
Figura 1 – Organização e seleção das publicações para esta revisão.
Fonte: Autores (2023).
3. Resultados e Discussão
Em síntese, observa-se no Quadro 1 a exposição de alguns trabalhos usados nesta revisão que apresentaram resultados
relevantes, de acordo com a data de publicação e que exibem significativa relevância em relação ao tema abordado.
3
Quadro 1 – Visão geral dos principais estudos incluídos nesta revisão de literatura.
Título do Artigo Ano de Principais Achados
publicação
Abordagem terapêutica da Síndrome dos 2022 A SOP é uma condição endócrina hereditária caracterizada por desequilíbriodos
Ovários Policísticos: uma revisão narrativa hormônios, menstruação irregulares, grandes níveis de andrógenos, cistos nos
ovários e sintomas que aglobam hirsutismo, ganho de peso, infertilidade e acne.
O foco do tratamento deve ser redução dos sintomas que mais incomoda a
paciente, além de utilizar uma abordagem multidisciplinar para melhora dos
hábitos alimentares e regularização doperfil lipídico.
Recent advances in the understanding and 2022 Devido ao fato de ser uma síndrome sistêmica, apresenta interações complexas
management of polycystic ovary syndrome entre ovário, tecido adiposo, cérebro e músculos. A SOP está associada a
alterações inflamatórias e metabólicas, causadas diretamente pela resistência
insulínica e grande nível de androgênios. Dessa forma, é de enorme importância
o tratamento individualizado, utilizando, inclusive, o letrozol como tratamento da
infertilidade, junto com uma abordagem multidisciplinar.
Síndrome de ovários policísticos (SOP), 2022 O manejo terapêutico da SOP é focado noindivíduo, de forma que consiga ter
fisiopatologia e tratamento, uma revisão. alívio dos sintomas apresentados, assim como indução da ovulação e controle
hormonal, responsável pelos aspectos metabólicos,endócrinos e clínicos. Ainda
não há tratamento de cura definitiva disponível, ediferentes pacientes com SOP
podem possuir sintomas variados.
Síndrome do ovário policístico eVitamina D 2022 A suplementação de vitamina D possui benefícios potenciais no manejo da SOP,
principalmente sobre os marcadores insulinêmicos, dependendo da sua posologia
e duração dessa terapia.
Abordagem da dislipidemia nasíndrome dos 2021 A diminuição do LDL deve ser o objetivo principal na correção da disfunção
ovários policísticos dislipidemia, e as abordagens terapêuticasenvolvem desde a mudança do estilo de
vida, associado à implementação de hábitos alimentares adequados a tratamento
medicamentoso caso não se atinja as metas predefinidas.
O uso dos contraceptivos hormonais 2021 Os contraceptivos hormonais oraiscombinados são extensivamente utilizadospara
combinados como parte da abordagem o tratamento da SOP, com o objetivo de controlar sintomas hormonais e corrigira
terapêutica da síndrome dos ovários irregularidade menstrual.Progestagênios isolados, apesar de sua eficácia no
policísticos controle do ciclo menstrual, não atuam na melhora do hiperandrogenismo.
Polycystic Ovary Syndrome in Insulin- 2021 O exercício físico está diretamente ligado a resultados positivos quanto a
Resistant Adolescents with Obesity: The Role indicadores metabólicos, composição física e na função reprodutiva.
of Nutrition Therapy and Food Supplements
as a Strategy to Protect Fertility
Kisspeptin receptor agonist has therapeutic 2020 Estudo que verificou a ação potencial de tratamento para distúrbios de
potential for female reproductive disorder reprodução feminina que possui o agonista MVT-602,porém o uso do agonista do
receptor de Kisspeptina não possui efeitos comprovados, sendo necessário mais
testes para avaliar seu resultado.
Obesity, polycystic ovary syndrome, and 2020 Os agonistas do GLP-1 aparecem como uma possibilidade de tratamento para
infertility: a new avenue for GLP-1 receptor perda de peso em pacientes obesas com SOP, utilizando de uma abordagem
agonists. multidisciplinar.
Aspectos nutricionais e manejo alimentar em 2019 A importância da qualidade da dieta para uma boa regulação do metabolismo e
mulheres com síndrome dos ovários dos hormônios afetados pela síndrome.
policísticos
Can Amlodipine Improve the Pre-ovulatory 2019 Foi identificado um aumento do espessamento endometrial e achados de
Follicle Blood Flow in Women with folículos maduros no exame de imagem com o uso de anlodipino em pacientes
Polycystic Ovarian Syndrome? com SOP, além de agir na maturação folicular e intensificar o fluxo sanguíneo
ovariano durante o período de ovulação.
The effects of oral isotretinoin in women with 2019 Usada em casos de contraindicações aos anticoncepcionais orais, a Isotretinoína
acne and polycystic ovary syndrome. segue como uma possibilidade de escolha no tratamento da acne ligada à SOP.
Treatment with d-chiro-inositol and alpha 2019 O Mio-Inositol consegue atuar no ciclo menstrual ao diminuir a resistência
lipoic acid in the management of polycystic insulínica, agindo como precursor doinositol. A sensibilidade à insulina e em
ovary syndrome disfunções menstruais causadas pela SOP foram combatidas com a eficácia da
junção de Mio-Inositol com Ácido Alfa-Lipóico. Porém, ainda é necessário
maiores estudos com grandes populações para determinar sua utilidade.
Clomiphene citrate "stair step" protocol vs. 2018 O Citrato de Clomifeno juntamente a cabergolina usado em mulheres com
traditional protocol in patients with polycystic dificuldade na fertilidade resultou em umagrande taxa da ovulação. Apesar disso,
ovary syndrome "PCOS" também houve um aumento da taxa de gravidez múltipla e gravidez com aborto
espontâneo.
Effect of 12-month treatment with metformin 2018 O tratamento de 12 meses com metformina e/ou contraceptivos orais combinados
and/or oral contraceptives on health related mostrou melhorias na qualidade de vida relacionada à saúde em mulheres com
quality of life in polycystic ovary syndrom síndrome dos ovários policísticos.
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Systematic review and meta-analysis of 2018 Como o medicamento Letrozol aparenta ter menos efeitos adversos do que o
letrozole and clomiphene citrate in polycystic Citrato de Clomifeno, há chances desse ser escolhido como primeira linha na
ovary syndrome abordagem terapeutica, já que causou um aumento na inducação da ovulação.
Unilateral or bilateral laparoscopic ovarian 2018 A intervenção cirurgica Perfuração OvariaLaparoscópica, que pode ser tanto
drilling in polycystic ovarysyndrome: a meta- unilateral, quanto bilateral, demonstra quenão há alterações consideráveis na
analysis of randomized trials. gravidez, taxa de ovulação, aborto espontâneo ou nascidos vivos, sendo essa
considerada o último recurso para a abordagem terapêutica do quadro de
infertilidade causado pela SOP.
Fonte: Autores (2023).
3.1 Fisiopatologia da SOP e fatores de risco

A Síndrome dos Ovários Policísticos é vista mais predominantemente em mulheres de idade fértil. A disfunção
causada por essa síndrome é uma junção de fatores desordenados, que envolvem fatores ambientais, genéticos, resistência
insulínica, alterações do eixo hipotálamo-hipófise e a criação de esteróides (De Andrade et al, 2022).
O hiperandrogenismo é o maior responsável pelas manifestações bioquímicas e clínicas mais frequentemente
encontradas nessa doença. Há uma alta circulação dos hormônios androstenediona e testosterona pelos sistemas corporais, que
advém do ovário, ou em menor quantidade da adrenal, tudo devido a um mau funcionamento do mecanismo esteroidogênico
das células tecais do ovário, o qual leva a uma vasta produção de andrógenos (Alves et al, 2022).
Outro mecanismo patológico visto na SOP é a desregularização neuroendócrina, na qual é visto que os níveis de
hormônio folículo estimulante (FSH) estão reduzidos em relação aos níveis do hormônio luteinizante (LH). O crescimento na
frequência dos pulsos de hormônio liberador da gonadotrofina hipotalâmica (GnRH) é o grande responsável por tais alterações.
Os estrogênios que possuem funções diretamente na degradação do GnRH, o que resulta na redução de sua atividade,
ampliando sua biodisponibilidade e continuando a liberar o LH em desfavor ao FSH (Escobar-Morreale, 2018).
As células tecais do ovário também são diretamente afetadas pela hiperinsulinemia, vista na maioria das pacientes
portadoras da SOP. Dessa forma, essas células acabam sintetizando mais testosterona, e de modo consequente, causando
queixas clínicas de alterações metabólicas, aumento do risco cardiovascular e hiperandrogenismo devido à resistência
insulínica presente na maioria das mulheres com SOP (Barber & Franks, 2021).
3.2 Quadro clínico e diagnóstico

As manifestações clínicas da SOP são: obesidade andróide, alopecia androgênica, hirsutismo, amenorréia associada a
obesidade, oligomenorreia, abortamento habitual ou recorrente, acantose nigricante, acne, pubarca precoce (Barroso et al,
2021).
A pubarca precoce pode ser o primeiro sinal indicativo da SOP na paciente, demonstrando uma certa predisposição ao
desenvolvimento da doença (FEBRASGO, 2018).
No caso da SOP, o exame físico pode facilitar no diagnóstico. Deve-se, portanto, ficar atento aos sinais de
hiperandrogenismo, tais como alopecia, hirsutismo e acne. O padrão do hirsutismo pode ser comparado pelo índice de
Ferriman-Gallwey-Lorenzo para a discussão da existência de um distúrbio quanto a lanugem feminina, que pode variar,
dependendo da etnia da paciente em questão (Brasil, 2019).
Quanto ao quadro de resistência à insulina, podemos observar a acantose migrante, principalmente em região de
obras, na pele. Acontece devido a ação da insulina diretamente no tecido cutâneo, porém, aparece apenas em 20% das
pacientes com a condição (Ávila et al., 2014).
Geralmente, o quadro da SOP surge na adolescência, e devido a elevação de insulina, somado a elevação de
androgênicos, com o hiperandrogenismo ovariano, a paciente em questão manifesta a puberdade precoce. (Louwers et al,
2020)
5
O diagnóstico de síndrome dos ovários micropolicísticos, assim como seus sinais e sintomas, são de difícil
estabelecimento (FEBRASGO, 2018). Tendo em vista a prevalência da doença e seus impactos emocionais na vida das
pacientes, o diagnóstico definitivo de SOP é de extrema relevância do ponto de vista social e, até mesmo, na elaboração de
novas estratégias para facilitar a triagem da síndrome.
O diagnóstico da síndrome supracitada é realizado comumente através do consenso de Teede et al, publicado em
2018, no qual é positivo se há presença de dois dos três critérios diagnósticos. Sendo estes: hiperandrogenismo clínico e/ou
laboratorial, oligomenorreia e morfologia ultrassonográfica de policistose ovariana. A maneira mais comumente aplicada para
tal observação, compreende com a avaliação ultrassonográfica pélvica bidimensional, de preferência, transvaginal. O padrão
folicular especificado no consenso diagnóstico, consiste na presença de 20 ou mais folículas com diâmetro médio de 2 a 9 mm
e/ou volume ovariano maior ou igual a 10cm³.
Em adolescentes os critérios são mais restritos, sendo a morfologia ovariana descartada. O hiperandrogenismo,
nestes casos, implica necessariamente em hirsutismo e hiperandrogenemia e, mesmo após o diagnóstico sendo comprovado,
há necessidade de revisão do caso após oito anos da menarca (Lisboa et al, 2021).
3.3 Influência e impacto social da SOP na vida da mulher

A síndrome dos ovários policísticos promove alterações significativas em toda a qualidade de vida da portadora da
síndrome, sendo uma patologia complexa e multifatorial. Como visto anteriormente, as principais manifestações apresentadas
abordam questões metabólicas, cutâneas e ovulatórias causando impacto significativo na qualidade de vida desta paciente
(Teede et al, 2018).
Sintomas como a irregularidade menstrual e a infertilidade comprometem diretamente a satisfação pessoal das
pacientes portadoras da síndrome supracitada e são, comumente, trazidos aos consultórios ginecológicos. Outras queixas como
dermatite seborreica, acne, alopecia, acantose migrans e hirsutismo impactam negativamente grande parte das pacientes
acometidas, afetando fortemente suas relações sociais e autoestima. Inclusive, a intensidade dos sintomas é diretamente
proporcional ao impacto dos mesmos na vida da paciente diagnosticada (Ferreira et al, 2018).
Observa-se que as pacientes com diagnóstico de SOP têm maiores taxas de ansiedade, depressão, alterações na
identidade corporal, disfunção psicossocial e baixa autoestima quando comparadas a pacientes não relacionados à síndrome. O
hirsutismo e a obesidade são os principais sintomas, relatados pelas pacientes, associados a impactos negativos em suas vidas
(Pena et al, 2022).
Nota-se que a heterogeneidade da SOP causa manifestações heterogêneas em cada paciente, com comprometimentos
distintos em cada paciente. Mesmo assim, é notável e referida a diminuição da qualidade de vida das mesmas. É apresentado
na literatura a inadequação à condição feminina da paciente portadora de SOP, principalmente quando relacionado à
infertilidade e/ou dificuldade para engravidar. Inclusive, existem estudos que trazem as tentativas frustradas para engravidar
como o pior momento da vida daqueles pacientes que estão passando por este processo (Moreira et al, 2013).
3.4 Opções de manejo terapêutico

Para o tratamento da Síndrome do Ovário Policístico, como medidas gerais, é necessário uma mudança no
comportamento e no estilo de vida, que envolve especialmente os hábitos quanto a prática de atividade física, sendo
recomendada a realização de pelo menos 3 vezes na semana, no mínimo de 45 minutos, encorajar a perda de peso com dieta
equilibrada somada aos exercícios físicos, indicar psicoterapia para encontrar formas de lidar com estresse e descobrir técnicas
de relaxamento (Santos et al, 2019).
6
3.4.1 Tratamento direcionado ao fenótipo da paciente

As condutas para as mulheres que possuem um caso de hiperandrogenismo clínico isolado podem alternar entre a não
realização de nenhum tratamento, caso o hirsutismo seja leve e não seja um incômodo para a paciente; também há um
acompanhamento com as medidas gerais, assim como uma análise do desenvolvimento do hirsutismo; uso de medicamento
anti androgênicos e/ou anticonceptivos hormonais; e por último, medidas dermatológicas para acne (Jin & Xie, 2017).
Já se o foco for pacientes com hiperandrogenismo bioquímico, a conduta para as pacientes desse caso irá incluir o uso
de contraceptivos hormonais orais que possuam progestogênios destituídos de ação androgênica; pode também associar
dexametasona à essa combinação, de forma a sobrevaler os androgênios de fonte adrenal; e também medidas cosméticas de
acordo com os sintomas que incomodam essa paciente (Nascimento et al, 2021).
Para as pacientes que desejam engravidar, o esquema terapêutico será utilizar inibidores da aromatase (letrozol - 2,5 a
5 mg/dia) ou citrato de clomifeno (50 a 150 mg/dia), do terceiro ao sétimo dia ou do quinto ao nono dia do ciclo, ambos por
cinco dias. Caso haja falha medicamentosa, é associado a gonadotrofinas, alternando-se os dias, nos 10 primeiros dias do ciclo
escolhido (Akinoso-Imran & Adetunji, 2018).
Quanto as pacientes obesas, o principal objetivo é a perda de peso, com foco na diminuição do tecido adiposo. Serão
parte do tratamento, portanto, a realização de exercícios físicos regularmente e a dieta hipocalórica. Caso haja
hiperandrogenismo, pode fazer uso da espironolactona, principalmente se houver alteração de pressão. Em casos de falha
terapêutica, entra como opção o liraglutida (3 mg ao dia), ou até mesmo a indicação de cirurgia bariátrica (Barber & Franks,
2021).
Já mulheres que apresentam hiperinsulinismo, a conduta deve ser seguir uma dieta com teor hipocalórico. A
metformina é uma grande aliada nesse caso, inibido a produção hepática de glicose, impedindo a secreção de insulina de
aumentar, o que amplia o efeito da insulina na captação da glicose no adipócito e músculo esquelético, e diminui a absorção
intestinal da glicose (Alves et al, 2022).
Com a administração da metformina, há o restabelecimento dos ciclos ovulatórios em certas pacientes, inibição da
enzima 17-hidroxilase, perda de peso, aumento da SHBG, diminuição dos androgênios, redução da insulina em jejum (Altinok
et, 2018).
3.4.2 Tratamento com hiperandrogenismo cutâneo

Os contraceptivos hormonais são extremamente eficazes, já que reduzem a produção androgênica de origem ovariana.
A prioridade é para os contraceptivos os quais dispõem de atividade antiandrogênica, tais quais como drosperinona,
clormadinona, ciproterona, para que se obtenha um efeito cosmético mais rápido. Esses medicamentos também aumentam a
SHBG, reduzem a fração livre de androgênios, além de inibirem tanto a 5-alfa-redutase quanto realizam o bloqueio
hipotálamo-hipofisário (Nascimento et al, 2021).
Outros anticoncepcionais que possuem pequena ação androgênica, como levonorgestrel, podem ter benefícios
semelhantes, porém necessitam de um prazo maior para começar a demonstrar resultados, o que causa com que pacientes
abandonem o tratamento (Jin & Xie, 2017).
Os contraceptivos combinados orais são indicados como a primeira linha de tratamento para a SOP, ainda sendo
necessário prestar atenção nas doses, evitando prescrever acima de 30 mg, devido ao risco de tromboembolismo. Então, após
seis meses, em casos de hiperandrogenismo persistente ou mais acentuado, pode-se associar medicamentos antiandrogênicos,
tais quais a espironolactona, ciproterona ou a finasterida (Nascimento et al, 2021).
A espironolactona possui uma dose recomendada diária de 50 a 200 mg, podendo diminuir caso esteja associada a
outra droga, como os contraceptivos. Esse medicamento é um antagonista da aldosterona, que compete com receptores de
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androgênios (Jin & Xie, 2017).

A finasterida atua desativando a 5-alfa-redutase e sua dose diária é de 2,5 a 5 mg. Como ponto positivo, não possui
tantos efeitos colaterais, podendo ser associada a outros medicamentos e sendo uma boa opção para ajudar no
hiperandrogenismo (FEBRASGO, 2018).
A ciproterona age diretamente nos receptores de androgênio, sendo assim uma boa opção de tratamento. Sua dose
diária é de 25 a 100 mg, principalmente na primeira fase do ciclo, por um total de dez dias. Como efeito colateral, é visto a
irregularidade menstrual em quem realiza o tratamento com essa droga. Portanto, a associação com contraceptivos orais
hormonais é indicada, de forma a estabilizar o endométrio (FEBRASGO, 2018).
Os principais efeitos colaterais causados pelos medicamentos antiandrogênicos são vistos no ciclo menstrual, na libido e
sistema gastrointestinal, com o aumento de transaminases, náuseas, vômitos e diarreia (Nascimento et al, 2021).
Caso seja de desejo da paciente o tratamento dermatológico, ele deve ser orientado para ocorrer após seis meses do
início do tratamento sistêmico, de forma que consiga evitar o aparecimento de novos pelos, e, assim, aumentar a efetividade de
ambos os tratamentos (De Moura et al, 2011).
3.4.3 Tratamento da irregularidade menstrual

Como primeira linha de tratamento, é feito o uso isoladamente de progestagênios. Também podem ser utilizados em
pacientes com alto níveis pressóricos, e que possuem contraindicação a associação estroprogestativa (Jin & Xie, 2017).
3.4.4 Tratamento cirúrgico da SOP

O tratamento cirúrgico deve ser considerado caso tenha tido falha em todas as medidas clínicas. Porém, tem que
sempre considerar o dano que será causado diretamente na reserva ovariana da mulher. Em casos de infertilidade, deve ser o
último caso a ser considerado, pois há chances de agravar o risco de aderências pélvicas, além de reduzir o número de folículos
(Abu Hashim et al, 2018).
No caso de obesidade, refratária às medidas clínicas, dietéticas e psicológicas e que encaixe nos critérios da cirurgia
bariátrica, deve ser considerada as vantagens da realização do procedimento na vida da paciente. Há dois tipos que podem ser
realizados: a) Gastroplastia em Y de Roux; b) Gastrectomia Parcial (Sleeve). Ambos além de melhorarem a qualidade de vida
da paciente, aumentam a taxa de gestação espontânea e melhoram a resposta ao tratamento de infertilidade (Barber & Franks,
2021).
4. Conclusão
A síndrome dos ovários micropolicísticos (SOP), é uma doença multifatorial e de grande complexidade, que atinge
em sua maioria, mulheres em idade fértil, caracterizada por múltiplos cistos localizados nos ovários. Tais cistos causam
múltiplas alterações no organismo dessa mulher, como por exemplo:alterações nos níveis hormonais, ciclos menstruais
irregulares e manifestações de ganho de peso, acne, dificuldades reprodutivas e hirsutismo.
A complexidade do diagnóstico e tratamento da SOP deve-se principalmente ao seu caráter multifatorial, incluindo
fatores genéticos, ambientais e hormonais. Fatos que contribuem fortemente, muitas vezes, para com a diminuição da
qualidade de vida das pacientes com SOP, uma vez que suas complicações incluem dificuldades ao engravidar, complicações
durante a gravidez e até infertilidade.
Como visto no presente estudo, o diagnóstico da SOP é complexo, se baseado nas múltiplas facetas da que a síndrome
possui. Foi visto nesta revisão a importância da assistência conjunta entre ginecologistas, endocrinologistas e psicólogos. A fim
de promover uma melhor qualidade de vida e a diminuição das complicações na vida destas pacientes.
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A mudança do estilo de vida, somado ao uso de medicamentos orais bem recomendados e com o acompanhamento
multidisciplinar, demonstraram possuir a maior eficácia quando comparados a procedimentos invasivos, tal qual a Perfuração
Ovariana Laparoscópica, que se apresenta como o último recurso para o tratamento dessa síndrome. Contudo, é evidente a
necessidade de mais estudos com foco na evolução das abordagens terapêuticas para a SOP.
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Research, Society and Development, v. 12, n.

Síndrome do ovário policístico e suas possíveis abordagens terapêuticas: Uma revisão

Recebido: 04/08/2023 | Revisado: 13/08/2023 | Aceitado: 14/08/2023 | Publicado: 18/08/2023

Giulia Dakhil Moyzes Zanin

Figura 1 – Organização e seleção das publicações para esta revisão.

Fonte: Autores (2023).

Fonte: Autores (2023).

3.1 Fisiopatologia da SOP e fatores de risco

3.2 Quadro clínico e diagnóstico

3.3 Influência e impacto social da SOP na vida da mulher

3.4 Opções de manejo terapêutico

3.4.1 Tratamento direcionado ao fenótipo da paciente

3.4.2 Tratamento com hiperandrogenismo cutâneo

androgênios (Jin & Xie, 2017).

3.4.3 Tratamento da irregularidade menstrual

3.4.4 Tratamento cirúrgico da SOP

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