cap13-ESTRELAS VARIAVEIS
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Capítulo 13
ESTRELAS VARIÁVEIS
Nós dedicaremos esse capítulo ao estudo das estrelas variáveis, estrelas tais que sua
luminosidade varia com o tempo por meio de uma relação bem definida, e que se situam
no diagrama Hertzprung-Russel numa região peculiar chamada “instability strip” ou faixa
de instabilidade. Os tópicos abordados serão os seguintes:
Bibliografia
ESTRELAS VARIÁVEIS
Existem estrelas cujas luminosidades variam com o tempo. Para algumas a
variação é errática, para outras, é mais regular. Apenas uma minoria das estrelas são
classificadas como variáveis. Mas esta minoria é de grande importância para a
Astronomia.
A variabilidade pode ocorrer, por exemplo, devido ao fato da estrela pertencer a
um sistema binário e ser ocultada por sua companheira quando as duas estrelas se
alinham ao longo da linha de visada do observador. Estas são chamadas de variáveis
geométricas ou variáveis eclipsantes. Em outros casos a variabilidade não tem nada que
ver com ocultação. É ao contrário, uma propriedade intrínseca dos objetos. A estas
chamamos de variáveis intrínsecas. A variabilidade é usualmente observada no óptico ou
região do infravermelho.
Este assunto já foi estudado por vocês anteriormente. Aqui vamos simplesmente
apresentar um bom quebra-cabeça astronômico.
O sistema de Algol (ou beta Persei) é um sistema binário eclipsante com um
período de aproximadamente 3 dias. A componente A é uma estrela da seqüência
principal, de tipo B8, com 3,7 massas solares. A componente B do sistema binário é uma
subgigante de tipo espectral G5, com 0,8 massas solares.
O que está errado com este sistema? A estrela de menor massa deveria evoluir
mais lentamente do que a estrela de massa maior!! Como pode este sistema ter
comportamento exatamente contrário? A solução está ligada à órbita de curto período da
binária.
A Estória de Algol
Era uma vez duas estrelas que viviam muito próximas uma da outra, A de 1,2
massas solares e B de 3 massas solares. Existia um ponto entre elas onde a força
gravitacional de A era igual a de B. Este ponto é o “ponto de Lagrange” (vamos chamá-lo
de L1).
Quando a estrela B começou a ascender o ramo das gigantes vermelhas, o seu
envelope atingiu L1, começando então uma transferência de massa da estrela B para a
estrela A. Este tipo de sistema é chamado de binária com transferência de massa. Em
alguns casos a estrela B pode transferir tanta massa para a estrela A que esta se torna a
mais massiva das duas. Este é o caso de Algol.
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Observatórios Virtuais – Fundamentos de Astronomia – Cap. 13 (C. Oliveira & V. Jatenco-Pereira)
Agora pensemos em um outro caso, por exemplo, suponha que a estrela B seja
uma anã branca de hélio e a estrela A esteja na seqüência principal. Quando a estrela A
começa sua evolução ao ramo das gigantes vermelhas ela ejeta massa para a superfície
da anã branca. A medida que a massa se acumula na superfície quente da anã branca, a
radiação fica confinada, o que faz com que a temperatura T da estrela aumente e chegue
a T ~ 107 K. Começa então a fusão do hidrogênio
em hélio e há um “flare”, com a luminosidade do
sistema aumentando muito de uma só vez. Se o
aumento em L é de aproximadamente 10 vezes
chamamos o sistema de uma Nova anã. Se o
aumento é de cerca de 10000 vezes chamamos o
sistema de uma Nova clássica. Por causa da fusão
que ocorre na superfície da anã branca, há ejeção
de material com uma velocidade de ~ 2000 km/s.
Algumas vezes a ejeção de matéria começa de
novo, depois de algum tempo, levando à formação
de uma “Nova recorrente”. Todos os anos há cerca
de 10 a 20 novas brilhantes na nossa Galáxia.
Figura 3 – Curvas de luz para (a) variável RR Lyrae, (b) Cefeida; (c) superposição de imagens mostrando variação
no brilho de variável Cefeida (Chaisson & McMillan, Astronomy, fig. 14.4, p. 396).