Secao15 2010 2

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Seção 15: Sistema de Equações Diferenciais Lineares

Homogêneas com Coeficientes Constantes

Muitos problemas de fı́sica envolvem diversas equações diferenciais. Na seção 14, por exem-
plo, vimos que o sistema massa-mola do exemplo 2 tem o seu movimento descrito pelas equações
diferenciais
(
x001 = −3x1 + 2x2
(1)
x002 = 2x1 − 3x2

Este problema é um exemplo de Sistema de equações diferenciais. Observe que cada equação
é linear em relação as suas incógnitas x1 e x2 , sendo assim um sistema de equações lineares.
Além disso, as duas equações são homogêneas, pois cada parcela envolve alguma incógnita,
e os coeficientes são constantes. Trata-se, portanto, de um sistema de equações diferenciais
ordinárias lineares homogêneas com coeficientes constantes. O objetivo desta seção é introduzir
uma técnica para resolver este tipo de sistema.

Inicialmente observamos que o sistema dado em (1) pode ser facilmente resolvido isolando x2
na primeira EDO e subsituindo-o na segunda equação. Infelizmente, este processo não é tão
simples em certos problemas.

Por exemplo, podemos sentir dificuldade em resolver o sistema


( 0
x = y0 − x + y
y 0 = −x0 + 3x + y
visto que não podemos isolar x ou y em qualquer uma das duas equações de forma tão simples.
Antes de resolve-lo, vejamos alguns conceitos.

Polinômio de Operadores
Definição: Vamos denotar por D o operador diferencial que associa a cada função a sua
derivada, isto é,
Dz = z 0 .
Como consequência imediata,
DDz = Dz 0 = z 00 .
Isto sugere definir D2 por
D2 z = DDz = z 00 .
Podemos generalizar, defindo Dn para qualquer inteiro não negativo por

Dn z = z (n) derivada de z de ordem n.

Assim como definimos “potências” de D, podemos também definir polinômios de D. Mais


precisamente, definimos o polinômio P (D) = an Dn + · · · + a1 D + a0 , onde a0 , a1 , . . . , an são
números reais, por

(an Dn + · · · + a1 D + a0 )z = an z (n) + · · · + a1 z (1) + a0 z.


Exemplos:
1) (D − 1)z = z 0 − z
2) (D2 + 2D + 3)z = z 00 + 2z 0 + 3
3) (4D3 − 2D)z = 4z 000 − 2z 0 .

Observação: Em certo sentido, podemos trabalhar com polinômios em D como se fossem


polinômios convencionais. Por exemplo, se P (D) e Q(D) são polinômios em D, então podemos
definir P (D) + Q(D), P (D) − Q(D) e αP (D) da mesma forma que definimos a soma, diferença
e o produto por um escalar para polinômios em x.

Exemplo: Sejam P (D) = D2 − 3D + 4, Q(D) = 2D − 3 e α = −2.


Então
P (D) + Q(D) = (D2 − 3D + 4) + (2D − 3) = D2 − D + 1,
P (D) − Q(D) = (D2 − 3D + 4) − (2D − 3) = D2 − 5D + 7,
αP (D) = −2(D2 − 3D + 4) = −2D2 + 6D − 8.

Observação 2: Se P (D) e Q(D) são polinômios em D, então a composta P (D)(Q(D)) é um


polinômio que pode ser calculado fazendo-se o produto entre P (D) e Q(D) como se fossem
polinômios comuns.

Exemplos:
1) P1 (D) = D + 2 e P2 (D) = −D + 4 ⇒ P1 (D)(P2 (D)) = (D + 2)(−D + 4) = −D2 + 2D + 8.
2) P1 (D) = D e P2 (D) = 2D − 4 ⇒ P1 (D)(P2 (D)) = (D)(2D − 4) = 2D2 − 4D.
1) P1 (D) = D2 − 2 e P2 (D) = D + 1 ⇒ P1 (D)(P2 (D)) = (D2 − 2)(D + 1) = D3 + D2 − 2D − 2.

A partir de agora, a composta entre polinômios será tratada como um produto e adotaremos a
notação P (D)Q(D) ao invés de P (D)(Q(D)).

Observação 3: O produto entre polinômios é comutativo, ou seja,


P (D)Q(D) = Q(D)P (D).

Exemplo: Seja P (D) = D − 2 e Q(D) = D + 4. Então,


P (D)Q(D) = (D − 2)(D + 4) = D2 + 2D − 8 = (D + 4)(D − 2) = Q(D)P (D).
O próximo teorema mostra que o modo como definimos soma, diferença e produto entre ope-
radores será útil.

Teorema 1: Sejam P (D) e Q(D) polinômios em D, α ∈ R e z uma função infinitamente dife-


renciável. Então,
i) (P (D) + Q(D))z = P (D)z + Q(D)z
ii) (αP (D))z = αP (D)z
iii) P (D)(Q(D)z) = P (D)Q(D)z

Este Teorema pode ser facilmente verificado na prática, como veremos no próximo exemplo.

2
Exemplo: Sejam P (D) = D2 − 1, Q(D) = D + 1, α = 2 e z uma função infinitamente
diferenciável. Então,

(P (D) + Q(D))z = (D2 − 1 + D + 1)z = (D2 − D)z


= z 00 − z 0
= (z 00 −z) + (z 0 +z)
= (D2 − 1)z + (D + 1)z = P (D)z + Q(D)z.

Isto mostra a validade de i) do teorema para este exemplo. Seguindo os mesmos passos, podemos
também verificar ii) e iii).

Conclusão: Estes resultados mostram que podemos operar (somar, subtrair e multiplicar) com
polinômios em D da mesma forma que trabalhamos com polinômios comuns, expressos, em
geral, na variável t ou x.

Resolução de Sistemas de Equações Diferenciais


Vejamos agora como resolver sistemas de equações diferenciais ordinárias lineares de coeficientes
constantes usando operadores.

Exemplo 1: Resolva (
x0 = y 0 − x + y
(2)
y 0 = −x0 + 3x + y

Solução:
(1) Primeiro, devemos primeiro passar todos os termos para o lado esquerdo da equação, agru-
pando x com x0 e y com y 0 :
( 0
(x + x) − (y 0 + y) = 0
(x0 − 3x) + (y 0 − y) = 0

(2) Note que, usando o operador diferencial D, temos

x0 + x = (D + 1)x , y 0 + y = (D + 1)y , x0 − 3x = (D − 3)x e y 0 − y = (D − 1)y.

Assim, o sistema acima pode ser reescrito como


(
(D + 1)x − (D + 1)y = 0
(3)
(D − 3)x + (D − 1)y = 0

Para resolver este sistema de equações com incógnitas x e y e “coeficientes” (D + 1), . . . , (D − 1),
vamos empregar as técnicas tradicionais para resolver sistemas.

Observação: Embora D + 1, D − 3 e D − 1 sejam notações simbólicas para operadores, podemos


operá-los como se fossem coeficientes constantes. Isto é uma consequência do Teorema 2, que
nos permite somar, subtrair e mutltiplicar operadores tal qual fazemos com variáveis e números
reais. NO ENTANTO, NÃO DEVEMOS DIVIDIR OPERADORES.

3
Vamos triangularizar o sistema (3) para achar as suas soluções:

1 - Multiplicando a 1a equação por D − 3 (primeiro coeficiente da 2a equação), temos

(D − 3)(D + 1)x − (D − 3)(D + 1)y = 0.

2 - Multiplicando a 2a equação por D + 1 (primeiro coeficiente da 1a equação), temos

(D + 1)(D − 3)x + (D + 1)(D − 1)y = 0.

3 - Fazendo a diferença entre a 2a e a 1a equação, obtemos

(D + 1)(D − 3)x − (D − 3)(D + 1)x + (D + 1)(D − 1)y + (D − 3)(D + 1)y = 0.

Note que os termos com x desaparecem, visto que (D + 1)(D − 3) = (D − 3)(D + 1) (comuta-
tividade) e, portanto, (D + 1)(D − 3) − (D − 3)(D + 1) = 0.

Assim, ficamos com


(D + 1)(D − 1)y + (D − 3)(D + 1)y = 0,
ou, equivalentemente,
(D2 − 1)y + (D2 − 2D − 3)y = 0,
isto é,
(2D2 − 2D − 4)y = 0.
Assim, juntando esta equação com a 1a equação de (3), temos o sistema triangular:
(
(D + 1)x − (D + 1)y = 0
(4)
(2D2 − 2D − 4)y = 0

(3) Começaremos estudando a última linha do sistema, já que envolve apenas uma variável.
Veja que ela representa
2y 00 − 2y − 4 = 0.
Esta é uma EDOLH com coeficientes constantes. As soluções podem ser obtidas por meio da
equação caracterı́stica 2α2 − 2α − 4 = 0, cujas raı́zes são α1 = 2 e α2 = −1. Logo

y(t) = C1 e2t + C2 e−t .

Para obter x, devemos substituir y na 1a equação de (4):

(D + 1)x − (D + 1)(C1 e2t + C2 e−t ) = 0,

ou seja,
x0 + x − (C1 e2t + C2 e−t )0 − (C1 e2t + C2 e−t ) = 0.
Logo,
x0 + x − 2C1 e2t + X
C2XeX X −t
X − C1 e2t − C2XeX
−t
X = 0.

Assim,
x0 + x = 3C1 e2t ,
que é uma EDOL Não-Homogênea de 1a ordem. Um fator integrante associado a esta EDO é
R
1 dt
µ=e = et .

4
Multiplicando a EDO por µ, concluı́mos que
et x0 + et x = 3C1 e2t et = 3C1 e3t .
Logo,
(et x)0 = 3C1 e3t
e, portanto, Z
et x = 3C1 e3t dt = C1 e3t + K.

Assim,
x(t) = C1 e2t + Ke−t .
Resumindo,
x(t) = C1 e2t + Ke−t e y(t) = C1 e2t + C2 e−t .

ATENÇÃO: Observe que a resposta possui 3 constantes livres: C1 , C2 e K. No entanto, existe


um teorema que prediz quantas constantes livres deve ter a resposta final. Para aplicar este
resultado, devemos achar a matriz dos coeficientes em D do sistema original, isto é, ANTES de
ter sido feito a triangularização. No nosso exemplo, devemos analizar os coeficientes do sistema
(3), representados pela matriz " #
D + 1 −(D + 1)
.
D−3 D−1
Como o determinante desta matriz, 2D2 − 2D − 4, é um polinômio de grau 2, existe um teorema
que garante que a solução final deverá ter apenas 2 constantes livres. Como a nossa resposta
tem 3 constantes, significa que deve haver uma relação entre ela. Esta “constante adicional”
surgiu durante a triangularização. Trata-se de uma falha do método. Para achar a relação entre
C1 , C2 e K, vejamos quando x e y satisfazem as equações do sistema:

• Quando x(t) = C1 e2t + Ke−t e y(t) = C1 e2t + C2 e−t satisfazem a 1a equação do sistema (2)?
?
(C1 e2t + K e−t )0 = (C1 e2t + C2 e−t )0 − (C1 e2t + K e−t ) + (C1 e2t + C2 e−t )
» X −t ? » © X −t ©
2C
» »1»
e2t − KX
eX = 2C
» e2t − X
»1» C2X
»
»
»e»
−t
X−©
X C1©e2t − KX C1©e2t + X
eX+© C2X
»
»
»e»
−t
X.
X
0 = 0.
Logo x e y satisfazem a 1a equação para qualquer C1 , C2 e K.

• Quando x(t) = C1 e2t + K e−t e y(t) = C1 e2t + C2 e−t satisfazem a 2a equação do sistema (2)?
?
(C1 e2t + C2 e−t )0 = −(C1 e2t + K e−t )0 + 3(C1 e2t + K e−t ) + (C1 e2t + C2 e−t )
?
(2 C1 e2t − C2 e−t ) = −(2 C1 e2t − K e−t ) + 3(C1 e2t + K e−t ) + (C1 e2t + C2 e−t )
XXX2t ? XX XX X H
2 C1 eX − C2 e−t = −2 CX1 X2t
eX + K e−t + 3 C 2t
1 eX + 3 K e
−t 2t
+ C1HeH + C2 e−t
?
−2 C2 e−t = 4 K e−t
C2
− = K.
2
Logo x e y satisfazem a 2a equação se e só se − C22 = K. Portanto, a solução final é

C2 −t
x(t) = C1 e2t − 2 e e y(t) = C1 e2t + C2 e−t .

5
Exemplo 2: Resolva (
x00 = −11x + 6y
(5)
y 00 = 6x − 6y
Solução:
(1) Passando todos os termos para o lado esquerdo, temos
( 00
x + 11x − 6y = 0
−6x + y 00 + 6y = 0

(2) Reescrevendo o sistema na notação de operador, obtemos


(
(D2 + 11)x − 6y = 0
(6)
−6x + (D2 + 6)y = 0

Para triangularizar o sistema, vamos multiplicar a primeira linha por 6, multiplicar a segunda
linha por (D2 + 11) e soma-las como indicado

6(D2 + 11)x − 6 · 6y = 0
(D2 + 11)(−6)x + (D2 + 11)(D2 + 6)y = 0

0x + (D4 + 17D2 + 30)y = 0

Juntando esta equação com a 2a linha do sistema (6), obtemos


(
−6x + (D2 + 6)y = 0
(7)
0x + (D4 + 17D2 + 30)y = 0

Note que organizamos as 2 equações de modo que o sistema ficasse na forma triangular superior.
Além disso, preferimos ficar com a 2a linha do sistema (6) ao invés da 1a . Esta escolha é mais
interessante, já que a primeira equação não envolve derivadas em x, facilitando o seu cálculo
posteriormente.

(3) Para resolver este sistema começaremos estudando a sua segunda linha que equivale à

y (4) + 17y 00 + 30y = 0.

Esta é uma EDOLH de coeficientes constantes cuja equação caracterı́stica é

α4 + 17α2 + 30 = 0.

Esta equação é uma biquadrada. Podemos resolve-la definindo β = α2 , obtendo

β 2 + 17β + 30 = 0.

As raı́zes desta equação são β1 = −2 e β2 = −15. Assim, como α = ± β, obtemos
√ √ √ √
α1 = i 2 , α2 = −i 2 , α3 = i 15 e α4 = −i 15.

Portanto,
√ √ √ √
y(t) = C1 cos(t 2) + C2 sen (t 2) + C3 cos(t 15) + C4 sen (t 15).

6
Para achar x(t), basta substituir y(t) na primeira equação do sistema (7), obtendo
√ √ √ √
−6x + (C1 cos(t 2) + C2 sen (t 2) + C3 cos(t 15) + C4 sen (t 15))00
√ √ √ √
+ 6(C1 cos(t 2) + C2 sen (t 2) + C3 cos(t 15) + C4 sen (t 15)) = 0.
Então, √ √ √ √
6x = 4 C1 cos(t 2) + 4 C2 sen (t 2) − 9 C3 cos(t 15) − 9 C4 sen (t 15),
ou seja,
2 √ 2 √ 3 √ 3 √
x = C1 cos(t 2) + C2 sen (t 2) − C3 cos(t 15) − C4 sen (t 15).
3 3 2 2

Resumindo,
2 √ 2 √ 3 √ 3 √
x(t) = C1 cos(t 2) + C2 sen (t 2) − C3 cos(t 15) − C4 sen (t 15)
3 3 2 2
e √ √ √ √
y(t) = C1 cos(t 2) + C2 sen (t 2) + C3 cos(t 15) + C4 sen (t 15).

ATENÇÃO: Agora devemos verificar quando x e y são soluções (qual a relação entre as cons-
tantes). Note que temos 4 constantes livres: C1 , C2 , C3 e C4 . Lembremos que o número de
constantes livres pode ser achado montando a matriz dos coeficientes do sistema (6):
" 2 #
D + 11 −6
−6 D2 + 6
e calculando o grau do determinante desta matriz. Como o determinante é D4 + 17D2 + 30, o
grau deste polinômio é 4 e, portanto, o número de constantes livres deve ser 4. Assim, como
obtivemos exatamente 4 constantes, todas elas devem ser livres. Portanto, não há relação entre
elas e não precisamos substitutir x e y em (5), como fizemos no exemplo anterior.

Logo, a resposta final é

√ √ √ √
x(t) = 23 C1 cos(t 2) + 23 C2 sen (t 2) − 32 C3 cos(t 15) − 32 C4 sen (t 15)
e
√ √ √ √
y(t) = C1 cos(t 2) + C2 sen (t 2) + C3 cos(t 15) + C4 sen (t 15).

Observação: O sistema deste exemplo pode ser resolvido de um modo mais simples dispensando
a técnica de operadores. Basta isolar y na primeira equação
x00 + 11x
y= (8)
6
e substituı́-lo na segunda EDO, obtendo
µ 00 ¶ µ 00 ¶
x + 11x 00 x + 11x
= 6x − 6 .
6 6
Portanto, x(4) + 17x00 + 30x = 0. A partir deste ponto, o procedimento é igual ao feito ante-
riormente, isto é, achamos a raı́zes da equação caracterı́tica, determinamos a solução geral de
x e subsituı́mos x em (8) para achar y. A importância da técnica de operadores ocorrem em
sistemas em que não é possı́vel isolar x ou y tão facilmente.

7
Exemplo 3: Resolva (
x00 − x0 = 2y 0 − 2y
(9)
x0 + x = 2y 0 − y
Solução:
(1) Passando todos os termos para o lado esquerdo, temos
( 00
x − x0 − 2y 0 + 2y = 0
x0 + x − 2y 0 + y = 0

(2) Reescrevendo o sistema na notação de operador, obtemos


(
(D2 − D)x − (2D − 2)y = 0
(10)
(D + 1)x − (2D − 1)y = 0

Para triangularizar o sistema, vamos multiplicar a primeira linha por (D + 1), multiplicar a
segunda linha por (D2 − D) e subrair a segunda linha da primeira, como indicado

(D + 1)(D2 − D)x − (D + 1)(2D − 2)y = 0


− (D2 − D)(D + 1)x + (D2 − D)(2D − 1)y = 0

0x + (2D3 − 5D2 + D + 2)y = 0

Juntando esta equação com a 2a linha do sistema (10) obtemos


(
(D + 1)x − (2D − 1)y = 0
(11)
0x + (2D3 − 5D2 + D + 2)y = 0

Note que organizamos as 2 equações de modo que o sistema ficasse na forma triangular superior.
Além disso, preferimos ficar com a 2a linha do sistema (10) ao invés da 1a , visto a segunda é
mais simples (envolve apenas derivadas de ordem 1) do que a primeira.

(3) Para resolver este sistema começaremos estudando a sua segunda linha que equivale à

2y 000 − 5y 00 + y 0 + 2y = 0.

Esta é uma EDOLH de coeficientes constantes cuja equação caracterı́stica é

2α3 − 5α2 + α + 2 = 0.

Para achar as suas raı́zes, devemos tentar os divisores do termo independente. Como o termo
independente é 2, os candidatos a raı́zes são ±1, ±2.

Substituindo 1 no lado esquerdo, vemos que ele uma solução da equação. Assim α1 = 1 é
uma raiz e, portanto, α − 1 divide o polinômio 2α3 − 5α2 + α + 2. Usando o método convencional
para divisão de polinômios, obtemos

2α3 − 5α2 + α + 2
= 2α2 − 3α − 2.
α−1
Logo,
2α3 − 5α2 + α + 2 = (α − 1)(2α2 − 3α − 2).

8
Assim, para achar as outras raı́zes, basta achar as raı́zes de
(2α2 − 3α − 2).
As raı́zes deste polinômio do segundo grau são 2 e −1/2. Portanto,
α1 = 1 , α2 = 2 e α3 = −1/2.
Logo,
y(t) = C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 .
Para achar x(t), basta substituir y(t) na primeira equação do sistema (11), obtendo
x0 + x − 2(C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 )0 + (C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 ) = 0.
Então,
x0 + x = C1 et + 3 C2 e2t − 2 C3 e−t/2 ,
que é uma EDOL
R Não-Homogênea de 1a ordem. Multiplicando esta EDO pelo seu fator inte-
grante µ = e 1dt = et , resulta
et x0 + et x = C1 e2t + 3 C2 e3t − 2 C3 et/2 ,
ou seja,
(et x)0 = C1 e2t + 3 C2 e3t − 2 C3 et/2 .
Logo, Z
t C1 e2t
ex= C1 e2t + 3 C2 e3t − 2 C3 et/2 dt = + C2 e3t − 4 C3 et/2 + K.
2
Dividindo por et ,
C1 et
x= + C2 e2t − 4 C3 e−t/2 + K e−t .
2
Resumindo,
C 1 et
x(t) = + C2 e2t − 4 C3 e−t/2 + K e−t e y(t) = C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 .
2

ATENÇÃO: Agora devemos verificar quando x e y são soluções (qual a relação entre as con-
stantes). Note que temos 4 constantes livres: C1 , C2 , C3 e K. Lembremos que o número de
constantes livres pode ser achado montando a matriz dos coeficientes do sistema (10):
" 2 #
D − D −(2D − 2)
D+1 −(2D − 1)
e calculando o grau do determinante desta matriz. Como o determinante é −2D3 + 5D2 − D − 2,
o grau deste polinômio é 3 e, portanto, o número de constantes livres deve ser 3. Logo temos
constantes demais.

Vamos verificar quando x e y são soluções do sistema (9):


t
• Quando x(t) = C12e + C2 e2t − 4 C3 e−t/2 + K e−t e y(t) = C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 satisfazem
a 1a equação do sistema (9)?

µ ¶00 µ ¶0
C1 et C1 et
+ C2 e2t − 4 C3 e−t/2 + K e−t − + C2 e2t − 4 C3 e−t/2 + K e−t =
2 2

2(C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 )0 − 2(C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 )

9
Isto equivale à
XXX2t
»3» »» XXX2t
»3» »»
2 C2 eX − »
3C e−t/2 + 2 K et/2 = 2 C 2 eX − »
3C e−t/2 ,
ou seja,
K = 0.
Com esta relação, temos agora apenas 3 constantes livres: C1 , C2 e C3 . Como no comentário
anterior foi predito a existência de 3 constantes livres, não precisamos verificar quando x e y
satisfazem a segunda equação de (9). Se o fizermos, chegaremos a relação 0 = 0, não adicionando
qualquer informação nova.

Portanto, as soluções são

C1 et
x(t) = 2 + C2 e2t − 4 C3 e−t/2 e y(t) = C1 et + C2 e2t + C3 e−t/2 .

Observação. O método dos operadores se aplica também a sistemas não homogêneos, como
mostra o exemplo a seguir.

Exemplo 4. Resolver o sistema


(
x0 + y 00 = e3t
x0 + y 0 + x − y = 4e3t
Reescrevendo com os operadores, temos
(
Dx + D2 y = e3t
(12)
(D + 1)x + (D − 1)y = 4e3t
Multiplicando a primeira equação por D + 1 e a segunda por, D temos
(
D(D + 1)x + D2 (D + 1)y = 4e3t
D(D + 1)x + D(D − 1)y = 12e3t

Note que, por exemplo, (D + 1)(e3t ) = (e3t )0 + e3t = 3e3t + e3t = 4e3t .
¡ ¢
Subtraindo a segunda equação da primeira, obtemos a EDO D2 (D+1)−D(D−1) y = −8e3t ,
isto é,
(D3 + D)y = −8e3t . (13)
A equação caracterı́stica é λ(λ2 + 1) = 0, cujas raı́zes são λ1 = 0, λ2 = i e λ3 = −i. Com elas
construı́mos três soluções linearmente independentes para a equação homogênea

1, cos t, sen t.

Procuramos uma solução particular para a equação não homogênea (13) da forma yp (t) = Ae3t .
Substituindo na equação, depois de feitas as contas, encontramos
4 3t
yp (t) = − e .
15
Portanto,
4 3t
y(t) = C1 cos t + C2 sen t + C3 − e . (14)
15
10
Substituindo na primeira equação, obtemos
12 3t
x0 = e3t − y 00 = e3t + C1 cos t + C2 sen t + e .
5
Integrando, temos
17 3t
x(t) = −C2 cos t + C1 sen t + e + C4 . (15)
15
Para saber o número de constantes arbitrárias na solução do sistema, calculamos o determinante
à !
D D2
det = −D3 − D.
D+1 D−1

Como obtivemos um operador diferencial de ordem 3, sabemos que a solução geral do sistema vai
envolver 3 constantes arbitrárias. Mas na solução dada por (14) e (15), aparecem 4 constantes.
Logo, as quatro constantes não são livres, deve haver algum vı́nculo entre elas. Para descobrir
esse vı́nculo, substituimos (14) e (15) no sistema. Ao substituir na primeira equação, não
obtemos nada de novo, mas substituindo na segunda equação, obtemos

C3 = C4 .

Portanto, a soluç ão do sistema é


17 3t
x(t) = −C2 cos t + C1 sen t + e + C3
15
4 3t
y(t) = C1 cos t + C2 sen t + C3 − e .
15

11

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