Tese Paula Maria Moura Almeida
Tese Paula Maria Moura Almeida
Tese Paula Maria Moura Almeida
Na rede do mapeamento:
uma análise da resposta espectral da florestas de mangue e
do mapa como actante no espaço científico
Rio de Janeiro
2015
Paula Maria Moura de Almeida
Orientador
Orientador: Prof. Dr. Mário Luiz Gomes Soares
Coorientadora: Prof
Prof.ª Dra. Carla Bernadete Madureira Cruz
Rio de Janeiro
2015
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC-A
Autorizo para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese, desde que citada a
fonte.
______________________________ _______________________
Assinatura Data
Paula Maria Moura de Almeida
Orientador: ____________________________________________
Prof. Dr. Mário Luiz Gomes Soares
Faculdade de Oceanografia - UERJ
Coorientadora: _____________________________________________
Prof.ª Dra. Carla Bernadete Madureira Cru
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Banca Examinadora:
_______________________________________________
Prof.ª Dra. Elza Neffa Vieira de Castro
Faculdade de Educação - UERJ
________________________________________________
Prof.ª Dra. Fátima Teresa Braga Branquinho
Faculdade de Oceanografia - UERJ
________________________________________________
Prof. Dr. Manoel do Couto Fernandes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
_________________________________________________
Prof. Dr. Raúl Sánchez Vicens
Universidade Federal Fluminense
Rio de Janeiro
2015
DEDICATÓRIA
Ao meu tripé:
Para minha vó, pelo seu doar.
Para "mamis", pela sua garra.
Para Jojobinha, por seu coração.
AGRADECIMENTOS
Ao orientador, Mário Luiz Gomes Soares, por ser mais que um orientador, ser
companheiro, amigo. Muito obrigada por me indicar o caminho do Sensoriamento Remoto e
ser um “pai acadêmico” para todos nós. E como bom pai, dar asas aos seus pupilos,
respeitando as escolhas para outros caminhos, mas sempre deixando o retorno certo. Obrigada
por construir a família NEMA. Como você mesmo disse talvez a academia seja o pretexto
para o encontro da equipe. Obrigada pela paciência com o texto, com os erros, pela confiança
no trabalho... Muito obrigada por esses 12 anos de jornada.
À coorientada e amiga Carla Madureira, por aceitar ir na minha banca de monografia
(onde tudo começou) e depois dar um voto de confiança na menina que não sabia quase nada
de Geoprocesamento e aceitar a orientação do mestrado (mesmo com todas as dificuldades).
Obrigada pela paciência na explicação das etapas técnicas, por se esforçar para entender tudo
de mangue. Mas, principalmente, obrigada pela delicadeza ao dizer que estou errada (da
maneira mais doce do mundo!) e por aceitar as crises existenciais pela seção dois da tese.
Vamos fazer muitos estudos “cabeça” dentro da Geografia.
À professora Elza Neffa, pelas aulas, textos e primeiro contato com a discussão da
transdisiplinaridade. Por me apresentar Morin, Capra e tantos outros autores. Por me
alfabetizar transdisciplinarmente e, principalmente, por retirar “o véu” que eu usava para ver o
mundo. Graças à você, nunca mais verei como antigamente.
À professora Fátima Branquinho, por quem me encantei desde a primeira aula. Por
apresentar a Teoria Ator-Rede, e respeitar o caminhar de cada um. Por ser exemplo que nada
na academia, nada, é estático, que podemos mudar de direção. Por reunir “as meninas”, grupo
que cresceu e que necessitamos para alimentar nossos espíritos inquietos.
À Viviane Fernandez, minha irmãzinha acadêmica e madrinha de casamento, pelo
companheirismo de vida e de academia. Ela mais que ninguém entende o porquê dessa tese
ser do jeito que é. Por puxar minha orelha, conversar, controlar meu vício tecnológico. Por
além de fazer todos os trabalhos do doutorado comigo, me passar serenidade e sempre ter
paciência com meus erros, com meu jeito acelerado e afobado. Obrigada por sempre me ouvir
nas ligações noturnas e de final de semana. Obrigada, principalmente, pela discussão e
dedicação para elaboração e re(re)(re) estruturação do Capítulo III. Espero que nosso caminho
acadêmico esteja apenas no início, e que possamos realizar muitas coisas juntas, iluminadas
pela Teoria Ator-Rede e pelo Geoprocessamento (afinal, você é praticamente especialista). E,
como nada melhor para você que um registro acadêmico: que a distância e seu ostracismo
acadêmico não façam a gente se afastar, hein?!
Aos amigos Filipe Chaves e Gustavo Estrada, pela longa jornada no NEMA, por
estarem ao meu lado mais que esses 4 anos de tese. Ao Filipe, obrigada por “me empurrar”
para frente, incentivar o mestrado e esse caminho que escolhi. Ao Gustavo, pelas discussões
sobre a estrutura das parcelas de estrutura e tipos fisiográficos, além, (claro!) pelo
compartilhamento de suas planilhas organizadas de estrutura e biomassa. Esse trabalho não
teria sido feito, sem o seu trabalho.
À amiga Mayne Assunção, por me incentivar a escrever sobre nossas inquietações.
Obrigada por me mostrar que fazer ciência é abandonar a tese e compartilhar com o outro.
Pelas conversas de como é “não estar lá nem cá”. Obrigada, principalmente, por me ensinar a
ser mais paciente. Nos últimos meses, obrigada pela ajuda na elaboração dos cálculos (e
mapas) envolvidos nas Considerações Finais da Tese. Nossa jornada esta apenas começando
baianinha!
Aos amigos Luana Rosário e Vinicius Seabra, por serem os primeiros a me acolherem
no laboratório ESPAÇO e, por me ensinar boa parte do que eu sei de ArcGIS e eCognition.
Meu muito obrigada pela paciência quando eu não sabia absolutamente nada de nenhum
desses softwares. Sempre que uso um desses programas lembro de vocês.
À toda equipe do NEMA/UERJ (de agora e do passado), Marciel, Daniel, Carol,
Brunna, Rita, Maíra, Luciana, Márcia, Ana Margarida, Júlio e todos os demais. Ao Marciel,
um obrigada especial pelas conversas de estatística, pelos cafezinhos e papos que levantam o
astral. E, pelas várias idas a Escravos para desestressar. Ao Daniel, companheiro de turma,
pelo desespero compartilhado, nossos papos curtos e desesperados ao final da elaboração
desse texto, com certeza ajudaram bastante.
À toda equipe do ESPAÇO/UFRJ, Júlia, Marcelo, Alexandre, Rafael, Elizabeth,
Mônica, Eliza, João, Rômulo, Vitor, Felipe, Maíra, Aninha, Roberta e todos os demais por
me acolherem durante o mestrado e agora, no meu retorno. Obrigada pela paciência nos
últimos meses de elaboração desse produto. E um agradecimento especial aos meus monitores
esses semestre, Marcelo e Felipe, por “segurarem a barra”. Sem vocês eu teria surtado ainda
mais. Felipe, meu “grilo falante”, você não existe! Obrigada pela força!!
Às colegas de doutorado, Rose, Joana e Michelle, pelo compartilhamento de agonias e
esperanças. Pela luta conjuntar de uma ciência mais transdisciplinar!
À todas as agências de fomento que me auxiliaram na trajetória acadêmica. À CAPES,
Faperj e CNPq, com certeza sem esse auxílio, eu teria seguido outros caminhos.
À Andrea Mendes minha “chefe” na Universidade Castelo Branco e a Alva,
companheira de curso, pelo apoio nos últimos 3 anos, pelas conversas e por nunca me verem
como “não-geógrafa”. A Andrea pelos papos durante o último ano e por sempre entender que
eu estava com a corda no pescoço.
À toda a equipe da Castelo Branco, de História e Geografia, Almir, Artur, Renato,
Isabel Luiz, Everaldo e Fábio, por compartilharem os sofrimentos de uma doutoranda
desesperada e por sempre me incentivarem. À Luciana Lamblet, pela companhia no último
semestre em nossa “bate-caverna” e pela indicação do livro que me fez pensar grande parte da
seção dois.
Ao Professor Christophe Proisy, que durante minha estadia na França, me mostrou que
outra maneira de olhar as imagens de satélite. Obrigada pela paciência, mesmo com as
dificuldades do idioma, por me mostrar uma outra maneira de se fazer ciência.
Aos meus poucos orientandos (oficiais ou não) que tive durante a tese, Marcel, Maíra,
Rafael, Mayne, Júlia, Roberta, com certeza nossas conversas geraram alguma centelha que
está presente aqui.
Aos meus alunos, da Castelo Branco e da UFRJ, pelas trocas e discussões
(principalmente com as turmas de Cartografia e Geoprocessamento). Obrigada pelo olhar e
ouvidos sempre atentos e, por me deixar compartilhar um pouco sobre a rede do mapeamento
com vocês.
Às professoras da Oceanografia, Cláudia e Cássia, pela torcida e incentivo.
À todos os amigos que de alguma maneira me apoiaram ou ajudaram na minha jornada
acadêmica, não só pelos 4 anos da tese. Mesmo porque esse projeto é fruto de uma jornada
muito mais longa.
À todos os amigos do Pedro II, mas em especial a Marcella, Juliana, Vivian e
Rebecca, pelo apoio constante via watsapp. Pelas mensagens diárias que me acalentavam
quando estava exausta de trabalhar.
À todos os amigos que fiz além mar, em especial a Amandine (Coucou) e a Mirela. À
Amandine, pour l'amitié cultivée pendant mon séjour à Montpellier. Pour cette compatibilité
instantanée. Pour être une professeur des Français patiente. Pour être ma meilleur amie
française (rs). Enfin, menci pour ton soutien inconditionnel. À Mirela, por deixar eu
ultrapassar essa sua muralha. Por ser carinhosa e cuidadosa (sim, você é!). Por torcer e
compartilhar os “aperreios” que é fazer doutorado. Vocês duas são um dos principais
presentes que essa tese me deu!
Às Luluzes, Bia, Lívia B., Lívia Santiago, Rachel, Ju, Nat, Sabrina, Carol, Thalita,
Thaís, Isa, Grazi, Flávia e Fera, pelo apoio de sempre e por nossa fraternidade. Obrigada por
entenderem minha reclusão nos últimos meses e não cobrarem (tanto) a presença nos
encontros, mesmo que a saudade aperte.
Às amizades construídas durante a graduação e que permanecem até hoje,
principalmente a Lele, Flávia e Yana, por durante a graduação me ensinarem a questionar a
prática cientifica (mesmo sem saber que fazíamos isso!). Por sempre pensar como poderíamos
ir além da Oceanografia mais técnica.
À toda a minha família, pelo carinho constante.
Ao Zé, por me ensinar a dedicação acadêmica que tenho hoje. Por ensinar que não
importa o tamanho do problema, é estudar e encarar de sempre. Com certeza não seria quem
sou hoje sem seus ensinamentos.
À família “Sant’Anna Cortez”, por apoiarem nos últimos anos, mesmo sem entender
porque eu “vivo estudando e trabalhando”. Principalmente a Tania e Dona Iara, desculpe por
sumir no último ano e obrigada pela compreensão.
Ao meu pai, pelo carinho que educou e me criou. Por todo o carinho, por todas as
palavras sábias o incentivo aos estudos.
À toda família Almeida e Liporage, por serem meu chão, minha origem e um grande
orgulho. Obrigada pelos momentos de alegria familiar, simples e sempre divertidos. Em
especial, a tia Edna, Anderson, a tia Valéria e tia Paula. A tia Edna e Anderson pelas
vibrações constantes a distância. Por se a prova que amor de alma não precisa de presença
constante. A Tia Valéria por ter, com certeza, influenciado na minha história estudantil. Sem
o Pedro II, eu poderia até ter chegado aqui, mas com muito mais dificuldade. Obrigada pelo
incentivo e pela ajuda láááá no começo de minha trajetória. À tia Paula (e tio Marquinhos),
pelo amor de tia-prima-irmã-dinda, pela confiança que eu “tinha futuro”. Por sempre babar
pelas conquistas, mesmo que de longe.
Ao núcleo familiar “Os “Liporages” do Chapadão”, simplesmente por existirem. Ao
tio Sylvio, Meiri, Sylmar, Dona Jô e Igor, por não entenderem nada que eu falo da tese, mas
apoiar sempre. Por comprovar que família não é sangue, que é um bando de gente louca que
se escolhe por amor. Pelas noites na Pavuna de conversa jogada fora, comilança e
brincadeiras. Por ser minha parte leve.
À minha família linda. À Mamys, Vó, Jojobinha, Lys, Maurélio (Mauro) e Marcelo.
Impossível falar de vocês sem chorar. À minha vó por cada “acorda Paula” lanche/marmita,
para a escola, faculdade, campos...Pelas roupas de campo lavadas, mesmo falando “como essa
roupa fede?!” Por cuidar de mim sempre. Pelas suas orações constantes. Por mostrar que
sabedoria não é “ter estudo”. À minha mãe por ser exemplo de guerreira. Que não importa o
tamanho da queda, a gente supera. Por me ensinar a ser obstinada, mas principalmente, que
nosso destino somos nós que fazemos e não o os outros falam que seremos. Que “cada um só
tem o caminho e os desafios que escolhe para si”. E que nós podemos conquistar tudo com
trabalho e perseverança. Às minha irmãs Lys e Jojoba. À Lys por acreditar que sou sua irmã
teen, por compartilhar seu frescor. Nossos papos sobre livros, séries e músicas me relaxavam
e carregavam minhas energias para essa longa jornada. Obrigada por nos permitir ver você
crescer. À Jojobinha, por me escolher como irmã. Por entender nossas diferenças e vibrar
sempre com minhas conquistas. Por entender a ausência constante nos últimos meses. Agora
vou colar em você! Pelos dias divertidos de “Bazar da Farm”. Com certeza nosso amor vem
de outras vidas. Ao Maurélio e Marcelo por alegrarem a casa e me divertir quando eu vou
para a Pavuna para relaxar. Ao Maurélio pelos churras divertidos e ao Marcelo pela música de
qualidade garantida. A tese não saíria sem os finais de semana descontração da Pavuna. Todos
vocês recarregam minhas energias!
Ao meu amor, Pedro. Por ser esse companheirásso que você é! Por cuidar de mim,
cozinhando, me acordando. Por tomar conta da casa. Por me apoiar mesmo achando que sou
workaholic. Pela grande ajuda na parte das análises estatísticas. Pela enorme ajuda na parte
final de formatação. Pela paciência nos momentos de surto emocional. Só você sabe o quanto
trabalhei, surtei e me esforcei, o quanto a tese me absorveu nos últimos meses. Obrigada por
sempre ser o ombro amigo nos momentos que precisava de colo e “sumir” nos momentos que
queria ficar com meus pensamentos. Obrigada por deixar que eu levasse os livros de Milton
Santos e Latour para nossa lua de mel. Porque até nesse momento eu tinha que estudar. Não
sei se ia conseguir acabar sã (ou meio sã) essa tese se não fosse por você. Te amo!
À Deus, por essa trajetória árdua mais feliz, cercada de pessoas de luz e cheias de
amor. Por nunca fechar uma porta, sem me apontar outra para abrir.
Andar com fé eu vou que a fé não costuma faiá.
Gilberto Gil
RESUMO
ALMEIDA, Paula Maria Moura de. Na rede do mapeamento: uma análise da resposta
espectral da floresta de mangue e do mapa como actante no espaço científico. 2015. 263 f.
Tese (Doutorado em Meio Ambiente) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2015.
ALMEIDA, Paula Maria Moura de. Inside the maps' net: an analysis of the spectral response
of the mangrove forest and of the map as actant in the scientific space. 2015. 263 f. Tese
(Doutorado em Meio Ambiente) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2015.
INTRODUÇÃO GERAL................................................................................ 22
1 A TÉCNICA DE MAPEAMENTO ATRAVÉS DE SENSORES
ÓTICOS – A ANÁLISE DE MANGUE A PARTIR DE DUAS DE SUAS
FERRAMENTAS ........................................................................................... 39
2 USO DA CLASSIFICAÇÃO BASEADA EM OBJETOS NO
MAPEAMENTO DOS TIPOS FISIOGRÁFICOS DE UMA
FLORESTA DE MANGUE .......................................................................... 40
2.1 Introdução......................................................................................................... 40
2.1.1 Cartografia, Mapeamento e Dados óticos orbitais............................................. 40
Sistema Baseado em Conhecimento (SBC) e a Classificação Orientada à
2.1.2
Objetos ............................................................................................................. 42
2.2 Objetivo............................................................................................................. 44
2.3 Materiais e Métodos.........................................................................................
2.3.1 Escolha e Aquisição de Imagens........................................................................ 45
2.3.2 Trabalhos de Campo.......................................................................................... 47
2.3.3 Ortorretificação (Correção Geométrica) ........................................................... 49
2.3.4 Definição e caracterização das classes............................................................... 50
2.3.5 Segmentação e Classificação............................................................................. 53
2.4 Resultados e discussões.................................................................................... 61
2.4.1 Modelagem do Conhecimento e Classificação.................................................. 61
2.4.2 Mapeamento...................................................................................................... 74
2.4.3 Validação do mapeamento................................................................................ 79
2.4.3.1 Validação da automatização do processo........................................................... 79
2.5 Considerações finais......................................................................................... 85
3 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE ÍNDICES DE VEGETAÇÂO E
PARÂMETROS ESTRUTURAIS DE FLORESTA DE MANGUE E
SEU POTENCIAL PARA O MAPEAMENTO DESSAS
FLORESTAS.................................................................................................... 87
3.1 Introdução......................................................................................................... 87
3.1.1 Interação de áreas florestadas e radiação solar.................................................. 89
3.1.2 Índices de Vegetação......................................................................................... 92
3.1.3 A influência do solo na análise espectral de áreas florestadas.......................... 93
3.1.4 Resposta espectral da vegetação de mangue...................................................... 93
3.1.5 Objetivo.............................................................................................................. 96
3.2 Materiais e Métodos......................................................................................... 96
3.2.1 Escolha e geração dos índices de vegetação...................................................... 97
3.2.1.1 Correções Atmosférica e Geométrica................................................................ 102
3.2.1.2 Geração de Índices de Vegetação...................................................................... 104
3.2.2 Levantamento dos dados de estrutura vegetal.................................................... 105
3.2.3 Análises estatísticas............................................................................................ 108
3.2.3.1 Teste de Kruskal-Wallis..................................................................................... 108
3.2.3.2 Regressão linear simples (Método dos Mínimos Quadrados)........................... 109
3.3 Resultados......................................................................................................... 112
3.3.1 Parte 1 - Índices de Vegetação........................................................................... 112
3.3.2 Parte 2 – Índices de Vegetação X Parâmetros Estruturais................................. 117
3.3.2.1 Complexo de Guaratiba..................................................................................... 118
3.3.2.2 Baía de Sepetiba................................................................................................. 118
3.3.2.3 Rio Piracão......................................................................................................... 120
3.4 Discussão........................................................................................................... 123
3.5 Considerações finais......................................................................................... 127
4 A técnica de mapeamento através de sensores óticos como
transformadores do espaço científico............................................................. 128
5 OS MAPAS SÃO O QUE? AS ONTOLOGIAS DO MAPA
TEMÁTICO..................................................................................................... 131
5 Introdução......................................................................................................... 131
5.1 Os mapas são...a sua história.......................................................................... 135
5.2 Os mapas são...as ciências contidas neles....................................................... 142
5.3 A fonte das incertezas para essa análise............................................................. 144
5.3.1 Os mapas são...os procedimentos para sua elaboração................................ 150
5.4 O advento do sensoriamento remoto (sr) e seu papel como fonte e análise do
mundo................................................................................................................. 158
5.4.1 Os mapas são...as conexões nos laboratórios.................................................
168
5.5 Os mapas são...científicos e políticos...são a gestão do espaço..................... 176
5.6 Então, o mapa é a rede sociotécnica............................................................... 181
5.7 REFLEXÕES FINAIS..................................................................................... 185
6 Um último exercício - Afinal qual o melhor mapa? ..................................... 186
REFERÊNCIAS............................................................................................... 192
APÊNDICE A - Box plots referentes às análises de variância (teste de
Kruskal Wallis) realizadas com os dados dos índices...... 201
APÊNDICE B - Análises de regressão entre os índices selecionados e os
parâmetros estruturais ..................................................... 227
Prólogo
Um breve memorial, uma breve apresentação.
Antes de apresentar efetivamente o que é esse trabalho e defender a tese proposta aqui,
vejo a importância de destacar como cheguei a esse ponto de questionamento e reflexão, do
porquê da tese ser o que vocês lerão.
O hoje de qualquer pessoa (no caso desse texto, de uma cientista) é reflexo de
interações e trocas que ocorreram outrora, durante toda sua trajetória de aprendizado e
absorção de conhecimento. Em outras palavras, é o resultado de sua vivência.
No caso de uma pesquisa acadêmica (principalmente monografias, dissertações e
teses), ela é, até certo ponto, o resultado não só do conjunto de experimentos, mas também do
caminho feito pelo seu produtor até o momento de sua redação. Sendo também, fruto das
transformações do modo de olhar o fenômeno observado.
A pesquisa com o Sensoriamento Remoto me foi apresentada na época de definição do
tema da monografia de graduação em Geografia e o desejo de "ter um olhar para fora" me fez
aceitar a proposta.
Na Monografia, a adoção das ciências geográficas (relacionadas ao
Geoprocessamento) foi meramente de apropriação de técnicas. Talvez por isso, por uma
superficialidade técnica que nem percebia ter naquele momento, sofri severas críticas da
avaliadora especialista em Sensoriamento Remoto (minha atual coorientadora). Essas críticas
que me foram feitas, fizeram-me questionar o que eu havia feito de errado, afinal, segui todo o
protocolo ensinado. Apertei os botões corretos e segui os processos exatos. O que estava
faltando? O que ela (a avaliadora) achava que eu não tinha/sabia?
Ao me deparar com essa lacuna e com a angústia de não saber como e com o que
deveria completá-la, decidi estudar mais. Afastei-me de minha ciência de formação para
estudar, mergulhar e compreender a segunda ciência que adotei: a Geografia. Optei por fazer
mestrado em Geografia, momento que tive a oportunidade de me inserir em um novo
laboratório, que também fazia ciência.
Assim como a Biologia, a Geografia também é definida como ciência, mas cada qual
possui seus atores, fixos e fluxos.
Com o mestrado, pude preencher as lacunas e aprender muito do arcabouço teórico-
metodológico que me faltava na monografia. Eu acredito (com um pouco de presunção) que
deixei de ser uma executora de processos e "apertadora" de botões, para realmente ser
cientista de sensoriamento remoto.
Nesse momento, dois pontos fundamentais fizeram com que eu questionasse a ordem
das coisas, a maneira como tudo era visto, percebido e estruturado. O primeiro ponto era
relacionado ao produto do meu trabalho (e como ele é feito!), enquanto o outro era
relacionado a como o meu trabalho é/era visto.
A primeira questão, relacionada ao produto final do mapa, surgia de uma agonia
interior ao gerar um mapeamento de uma área. Explicando de maneira simples: Toda vez que
eu chegava ao final de um processo no qual eu definia uma classe a um recorte da área, eu
estava dizendo, através do mapa, que aquele espaço era ocupado por manguezal (ou água, ou
outra classe). Que aquela área havia modificado (crescido ou reduzido), ou havia se mantido
inalterada. Após essa etapa final, eu me perguntava.... É isso? Acabou? O que eu determinei
aqui (por processos matemáticos e subjetividade) será a partir de agora considerado como
verdade.... Sem reflexão... Sem crítica... Sem avaliação?! Se eu disse que cresceu, essa será a
realidade! Tal pensamento me deixava chocada, estática, porque via o quão poderoso é
mapear. O usuário final, em sua grande maioria, não considerava todo o histórico e o processo
de elaboração daquele mapa. O mapa é visto como um reflexo colorido da realidade. Essa
ideia foi fundamental para a estruturação dessa tese, sendo resgatada na segunda parte dessa
obra.
O segundo ponto é que, embora o mapa seja associado à confiabilidade de ser um
refletor da realidade1, muitos cientistas veem no "especialista em sensoriamento remoto" um
mero desenhista, que delimita contornos e "brinca de colorir no mapa". Não percebendo o
grande trabalho e a responsabilidade que está presente no processo de leitura e representação
do "mundo real", na simbolização e na elaboração final do material cartográfico. Muitos ainda
não veem essa ciência realmente como ciência, ou no máximo, consideram-na uma sub-
ciência ou pseudo-ciência. Tal falta de crédito a esse cientista também é associada ao mapa.
Mesmo que de forma não intenção.
1
Tal crítica a essa consideração do mapa como refletor da realidade será amplamente discutida na tese não sendo
abordada aqui para limitar a extensão deste prólogo.
Essas angústias surgiram com a minha formação, parte oceanográfica, parte
geográfica, e foram o resultado de minha transformação interna para encaixar tudo
(ordenadamente e pacificamente) dentro de mim... Era a metamorfose para me transformar em
interdisciplinar. Foi com essa angústia que ingressei em um programa interdisciplinar de
doutorado.
A paixão pelos estudos envolvendo as geotecnologias continua, mas a certeza de estar
caminhando para um "olhar" mais abrangente e completo foi se desfazendo a cada disciplina
cursada no doutorado.
Percebi que o antigo "abrangente e completo" se restringia a uma fração do mundo. O
doutorado, carregado de suas disciplinas, leituras, discussões e novos pares, tiraram-me os
antolhos, os cabrestos...libertaram-me da “bitola”. Mesmo que eu ainda ande pelos mesmos
pastos e tente construir linhas férreas... Percebi que nem a geografia, nem a oceanografia, nem
a reunião das duas alcançam a totalidade, apesar de buscá-las. Frente a essa percepção, será
que algo escapa a essa lógica?
A tese defendida aqui ainda tem a sua proposta inicial, mas agora essa proposta foi
reduzida a uma seção. A tese finalizada apresenta essa angústia de mapear que está presente
em mim e que não é considerada (ou pelo menos não é aparente) nos demais trabalhos que
associam estudos ecológicos e técnicas de mapeamento. Ela apresenta novas articulações dos
mapas, considerando como as práticas científicas influenciam diretamente o mundo e são, ao
mesmo tempo, influenciadas por ele. Ou seja, me propus a refletir como tudo está conectado
e, além disso, como cada etapa e escolha de um processo científico é carregada de valor. Que
mapear é muito além de pintar de colorir, assim como estudar manguezal é muito mais que
atolar o pé na lama e medir árvores.
Então, das angústias vividas veio a vontade do desabafo. E o desabafo se transformou
na tese que defende um novo olhar sobre a realidade e novas considerações sobre o trabalho
do mapeamento de manguezais não só nas ciências, mas na sociedade.
Vamos aproveitar a oportunidade de mapear para trazer consciência a esse ato?
Vamos fazer mapeamento em ação?
22
INTRODUÇÃO GERAL
2
O lugar do Geoprocessamento dentro das articulações científicas do mundo moderno ainda não foi definido
com clareza. Alguns o defendem como ciência (como a própria autora), outros como técnica. Acreditando que,
assim como no trabalho de Castiglione (2003), “que a análise dos resultados dessa [tese] leve os leitores a
23
concluir que, em realidade, o geoprocessamento é uma ciência, ou tecnologia, ou ainda talvez uma
tecnociência, em plena construção, sobre a qual ainda pairam questões epistemológicas não adequadamente
equacionadas”, a presente autora usará o último termo e ainda relacionará o Geoprocessamento à ciência
Geográfica.
24
A partir do exposto, constata-se que são raros os estudos que utilizam técnicas de
mapeamento para a diferenciação do interior das florestas de mangue e também estudos
que associem características das imagens aos parâmetros estruturais florestais presentes
nos manguezais.
Esses dois objetivos estão presentes desde o início dessa pesquisa, que tinha como título
inicial: ANÁLISE ESPECTRAL DE FLORESTAS DE MANGUE – UMA
CONTRIBUIÇÃO METODOLÓGICA PARA AS ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO E
RECUPERAÇÃO. Ambos são extremamente importantes para se aperfeiçoar as técnicas de
mapeamento e usar mais eficientemente as imagens de satélite nos estudos de ecossistemas
costeiros. Isso não há dúvida.
A questão é que, nessa abordagem seguiríamos o status quo da maioria dos estudos que
envolvem as análises espaciais, onde "em geral, a capacitação em novas tecnologias se faz de
forma instrumental, ou seja, com ênfase no domínio dos processos operativos de construção
de soluções" (CASTIGLIONE, 2003). Mas essas técnicas seriam mesmo limitadas a
processos operativos? O que escapa a essa capacitação instrumental?
Segundo Santos (1996), “o objeto técnico define ao mesmo tempo os atores e um
espaço”, ou seja, a adoção de técnicas define o resultado que se terá ao final, as pessoas que
serão relacionadas aos estudos e a maneira com que outras pessoas entenderão os estudos.
Nesse sentido, a elaboração de técnicas para o mapeamento vai além do próprio objetivo do
mapeamento e do mapa gerado, ela determina quem mapeia e como se entende o mapa
quando este é utilizado. .
Castiglione (2003) relata que:
O geoprocessamento, bem como diversas outras tecnociências emergentes, enraíza
grande parte dos entraves ao do desenvolvimento na hipertrofia da subdivisão da
ciência moderna em disciplinas diversas. Essa subdivisão da ciência, que não cessa
de crescer desde os princípios da era moderna (século XVIII), acabou por produzir
especializações que, a rigor, desarticulam os estudos que necessitam , como no caso
do geoprocessamento, uma visão holística [...] (CASTIGLIONE, 2003).
3
Segundo Law (1996) "Esta teoria é o produto de um grupo de sociólogos associados, e em vários casos,
localizados no Centro de Sociologia da Inovação da Escola Nacional Superior de Minas de Paris. Os autores
associados com esta abordagem incluem Akrich (1989 a, b, 1992), Bowker (1988, 1992), Callon (1980, 1986,
25
Tal qual Santos (1996) desenvolveu para o espaço geográfico, a presente tese defende
o mapeamento do ecossistema manguezal como um híbrido: construído e constituído por
diversas relações com outros objetos e sujeitos, permeado simultaneamente por práticas
sociais, econômicas, científicas e políticas. Ele é, ao mesmo tempo, natureza e cultura. Tanto
o mapeamento, quanto os mapas são, eles mesmos, uma rede em constante transformação.
O presente estudo, no início do doutorado, se propunha somente à análise de diferentes
métodos para o mapeamento dos tipos fisiográficos dos manguezais. Após o enfrentamento de
autocríticas e profundas reflexões, embasadas nesse novo modo de olhar e ver o mundo,
acredita-se que um estudo que se propõe a estudar os métodos de mapeamento de mangue,
também deve identificar e descrever a ação dos atores da rede que o protagoniza.
Afinal, assim como afirmado por Milton Santos (1996): "o que falta é uma disciplina
que se inspire na técnica, mas que não analise só o conjunto de técnicas [ferramentas],
mas o fenômeno da técnica, como ator e transformador do espaço [ou da rede])". Para
isso, não devemos analisar só os objetos, mas também as relações (LATOUR, 2012).
Essa parecia (e de certa forma ainda parece) ser uma tarefa árdua e assustadora! É
importante destacar logo na introdução que não se tem a presunção de se esgotar o assunto.
* 1987, 1991; Latour, 1981; Law and Rip, 1986), Cambrosio et al. (1990), Hennion (1985, 1989, 1990;
Meadel, 1986, 1989), Latour (1985, * 1986, 1987, * 19881, b, 1990, * 1991a, b, 1992a, b), Law (1986a, * b,
1987, 1991a, b, 1992a, b; Bijker, 1992; Callon, (1988, * 1992), Medeal (ver Hennion and Meadel), Rip (1986),
and Star (1990b, 1991; * Griesener, 1989). Os itens marcados com um asterisco podem ser particularmente
úteis para aqueles não familiares com a abordagem (LAW, 1996).
26
Longe disso! Na verdade, sabe-se que essa abordagem é deveras complexa e carece de
permanente aprofundamento, mais discussões e mais reflexões. Por isso, essa tese é um
exercício inicial, uma tentativa de se olhar por essa ótica. O objetivo aqui é realizar um estudo
indutor, provocador de uma nova abordagem, mesmo que para isso tenhamos que sair de
nossa “zona de conforto” e nos expor, é seguir o conselho de Latour (2012), de "conte-me em
descrever o estado das coisas que tenho diante dos olhos." É apresentar e defender uma
abordagem para convidar o maior número de pessoas possível para refletir e discutir conosco.
A força motriz da presente tese é contribuir para as práticas de manejo e
conservação das florestas de mangue, com o objetivo de analisar a rede do mapeamento
de manguezais. É analisar as técnicas relacionadas ao mapeamento de manguezais, não
só no âmbito do "conjunto de ferramentas", mas também perceber a técnica como
modificadora do espaço (científico) e dotada de valores.
Portanto, a contribuição vai além da geração (e do aprimoramento da geração) de fatos
científicos a serem utilizados para uma melhor gestão do ecossistema. A contribuição
pretende possibilitar que fatos científicos e estratégias de gestão sejam tratados de forma
simétrica, não hierarquizada. Reunir ao mesmo nível fatos e estratégias significa alcançar uma
abordagem transdisciplinar. A teoria ator-rede concorda integralmente com a segunda
proposição do manifesto transdisciplinar, assim definida:
O reconhecimento da existência de diferentes níveis de [construção de conhecimento
sobre a] realidade, governados por diferentes tipos de lógica, é inerente a atitude
transdisciplinar. Qualquer tentativa de redução da realidade para um único nível,
governado por uma única forma lógica é incompatível com a transdisciplinaridade
(BASARAB NICOLESCU, 1996).
A prática científica não é isolada das outras práticas sociais, e não é liberta de
influências políticas, econômicas, pessoais e subjetivas4. Uma das evidências disso é o porquê
da escolha dessas duas técnicas (GEOBIA e Índices de Vegetação), cuja justificativa se baseia
tanto em alicerces científicos, como econômico-políticos e pessoais.
No âmbito acadêmico, Green et al. (1998) analisaram a relação entre métodos de
processamento de imagens rotineiramente aplicados ao estudo de manguezais e a acurácia de
classificação desses métodos. Eles dividiram os métodos de classificação em 5 (cinco) grupos
(Figura 1): Interpretação Visual; Imagens de NDVI 5 ; Classificação Não-Supervisionada;
Classificação Supervisionada e; Análise de componentes Principais e Razão entre Bandas. A
análise de Green et al. (1998) foi feita considerando todo o complexo florestal, ou seja, para a
separação entre mangue e não mangue. Dentre esses métodos, optou-se pela adoção dos
índices de vegetação e classificação supervisionada para a análise da diferenciação do interior
da floresta e mangue. Não foram esses dois métodos que apresentaram o melhor resultado de
acurácia em Green et al. (1998), mas tiveram bons resultados com 57% e 72%,
respectivamente.
A escolha dessas técnicas veio, primeiramente, do aumento de estudos com GEOBIA
nos últimos anos. Na época de publicação de Green et al. (1998) não era essa a realidade.O
GEOBIA ainda não era tão disseminado e, provavelmente por isso,ele não foi diretamente
considerado no artigo, mesmo podendo ser incorporado ao grupo das “classificações
supervisionadas”.
A adoção dos índices de vegetação vem tanto do resultado encontrado em Green et al.
(1998) como de um anseio pessoal de estudar mais profundamente as relações dos índices de
vegetação com parâmetros estruturais das florestas. A maioria dos estudos utilizam os índices
de vegetação como ferramentas para o mapeamento, mas poucos os utilizam como ferramenta
de análise.
4
Tal concepção será detalhadamente apresentada na seção II desse estudo.
5
Sigla para Normalized Difference Vegetation Index, o índice de vegetação mais utilizado no estudo de
vegetação.
28
B. Quais métodos de
classif icação são
apropriados para o
tipo de dado?
I. Interpretação II. Imagens III. Classif icação IV. Classif icação V. Relação entre
Outros
Visual NDVI Não-supervisionada Supervisionada bandas /PCA
Dados de
C.Classificação
campo
D. Análise da
exatidão
E. Qual a
exatidão obtida
para cada
método?
I. Interpretação II. Imagens III. Classif icação IV. Classif icação V. Relação entre
Visual NDVI Não-supervisionada Supervisionada bandas /PCA
cientifica sabe como é o mundo" (KUHN, 1975). Nesse contexto temos um novo paradigma,
onde se repensa a ciência feita e se questiona o paradigma científico vigente, iniciando tal
processo pelo questionamento dos nossos próprios objetos de estudo, de modo a fazer ciência
com consciência Morin (1984).
Este estudo se justifica, primeiramente, pela contribuição metodológica do mesmo,
nos estudos à cerca dos manguezais (Seção I). Depois, pela abordagem transdisciplinar de não
considerar somente a técnica de mapeamento de manguezais, mas o papel de suas técnicas e
dos objetos gerados por elas no espaço de se fazer ciência.
31
Objetivo Geral
O objetivo Geral dessa tese é analisar a potencialidade de dois métodos para a identificação
das diferentes fisionomias presentes na floresta de mangue e descrever a rede sociotécnica do
mapeamento de manguezais, reconhecendo-o e analisando-o como resultado de um conjunto
de ferramentas e como modificador do espaço científico.
Objetivo Específico
1 ÁREA DE ESTUDO
Sepetiba (SOARES, 1997). A Baixada de Sepetiba possui uma área de 1700 Km2 e Guaratiba
aproximadamente 40 Km2. Topograficamente, possui uma elevação entre zero e três metros
acima do nível do mar (FERREIRA; OLIVEIRA, 1985).
A área que compreende a baía de Sepetiba, a Restinga da Marambaia e a planície de
úmido sem estação seca, característico das encostas adjacentes. Isto se dá pela diferença
topográfica entre as áreas planas da baixada e as áreas de encosta (SOARES, 1997).
Estrada et al. (2008), após analisarem dados da estação meteorológica de Guaratiba
afirmaram que a média anual de precipitação foi de 1.067 mm (entre 1984 e 2004), com
média mensal de 137,8 mm na estação chuvosa (da primavera ao outono) e de 43,9 mm na
estação seca (inverno). Ainda segundo os autores, na área ocorre uma alta variabilidade
interanual da precipitação, indicada pelo alto desvio padrão dos dados. Almeida (2010)
também encontrou o mesmo modelo, afirmando que, embora anualmente a área apresente
uma época seca, esta não é fixa e ocorre em diferentes meses ao longo dos anos analisados
(1985 à 2008).
A média anual de temperatura é de 23,5ºC, com amplitude de 5,7 ºC, o que evidência
um padrão de estações bem marcadas (ESTRADA et al. op. cit.).
Outra característica importante em relação à precipitação e à temperatura é o balanço
hídrico regional. Almeida (2010), a partir de uma série histórica de 1984 à 2006 identificou
que na região de Guaratiba há predominância de déficit hídrico. Ou seja, na maior parte do
período analisado há falta de água no solo, que se reflete na falta de água para o ambiente, e
também para os manguezais.
Como característico de fundo de baía, são vários os rios que deságuam no corpo
hídrico. Os principais rios que deságuam na baía são o Itaguaí, o Canal de São Francisco, Rio
Cação, Rio da Guarda, Canal do Itá e Canal do Guandu (SOARES, 1997). Alguns cursos
d’água podem ser assoreados, o que leva à formação de baixios e, posteriormente, de ilhas e
canais de maré meandrantes, estreitos e profundos (rios Portinho e Piracão) (RONCARATI;
BARROCAS, 1978 apud PORTUGAL, 2002). Segundo Soares (1997), os rios funcionam
como canais de maré, com fluxo de água doce bastante reduzido e circulação regida
basicamente pelas marés, tal fato associado à baixa declividade do terreno, propicia a
colonização de manguezais em áreas bem afastadas do mar.
Os manguezais estudados (Figura 3) se encontram parte na Restinga da Marambaia,
uma área sob jurisdição militar e parte na Microbacia do Piraquê (com sua maior parte
inserida na Reserva Biológica Estadual de Guaratiba), que recebe esse nome por ser esse o rio
com maior significância no conjunto. Nessa microbacia estão inseridos os rios Portinho,
Piracão, Piraquê, Cabuçu e Gatão.
34
Legenda: litoral do Rio de Janeiro, Brasil, às margens da baía de Sepetiba. Delimitada de branco a Reserva Biológica Estadual de Guaratiba.
Fonte: Almeida, (2010).
35
Para a floresta nas imediações do Rio Piraquê, Corrêa (1996), Soares (1997) Chaves
(2001) e Portugal (2002) apontam que a espécie dominante na franja é A. schaueriana (altura
entre 5,87 e 6,72 metros) seguida por uma zona com A. schaueriana e R. mangle com altura
média entre 3,36 e 5,84 metros. Na zona posterior, R. mangle domina, mas há presença de A.
schaueriana e L. racemosa, com altura média variando entre 4,99 e 6,93. Depois desta,há
outra zona dominada por R. mangle (altura média de 2,64 metros). A faixa de transição
floresta-apicum é caracterizada pela presença de floresta anã de R. mangle, com altura média
de 0,65 metros.
Chaves (2001) e Portugal (2002) ainda descreveram a estrutura vegetal das florestas da
Restinga da Marambaia, às margens da baía de Sepetiba. Nas descrições de ambos os autores,
R. mangle domina a floresta de franja (altura média de 7,58 metros), a faixa posterior é mista,
apresentando A. schaueriana e L. racemosa com altura média de 6,57 metros. A outra faixa é
composta por A. schaueriana e R. mangle dividida em duas partes: uma com elevada presença
de grandes indivíduos mortos de A. schaueriana e altura média de 1,75 metros e a segunda
com indivíduos predominantemente vivos e com altura média de 7,22 metros. A faixa
seguinte, com altura média de 5,32 metros, tem domínio de R. mangle mas é composta
também por A. schaueriana. Estas espécies se alternam também na próxima faixa que é
seguida por uma floresta dominada por A. schaueriana com altura média de 3,41 metros. Em
seguida existe uma floresta composta exclusivamente de R. mangle (1,47 metros de altura
média). A penúltima faixa apresenta alta contribuição de A. schaueriana mortas e altura
média de 2,09 metros. Na transição floresta-apicum há ocorrência exclusiva de R. mangle.
38
Legenda: Acima das árvores a altura média (aproximada) das transversais e em porcentagem a dominância
(aproximada) de cada espécie na parcela. As par
parcelas caracterizam-se
se da seguinte maneira: A e F (franja); B, C,
D, G, H e I (Bacia) e E e J(Transição). Na floresta à margem da baía de Sepetiba a espécie Laguncularia
racemosa não foi ilustrada, porque embora esteja presente, sua ocorrência é muito baixa
baixa.
39
2.1 Introdução
6
Conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseado nos estudos de observações diretas
ou análise de documentação, com vistas à elaboração e preparação de cartas em projetos e outras formas de
expressão, assim como a sua utilização (ASSOCIAÇÃO CARTOGRÁFICA INTERNACIONAL, 1964).
41
parâmetros que pode ser considerada em uma classificação é enorme, além disso, o gráfico
para cada parâmetro é construído pelo próprio usuário, o que permite uma maior liberdade na
construção dos critérios. Mesmo que essa gama de possibilidades seja um dos grandes
diferenciais desse método é, ele também uma dificuldade. As possibilidades são tantas que
dificulta a seleção do que se deve usar. Por isso, um maior esforço do conhecimento do que se
é disponível pelo software e aplicabilidade deve ser feito, uma vez que o conhecimento prévio
do que se pode usar é pouco.
O princípio da classificação baseada em objetos está na extração de objetos (através de
segmentações) e na elaboração de uma rede semântica.
Para os manguezais, assim como para os outros ecossistemas, os principais métodos
utilizados para sua classificação são os automáticos ou semiautomáticos. A classificação
orientada a objeto só começou a ser utilizada no mapeamento dos manguezais nos anos 2000
(KUENZER et al., 2011).
Nos estudos desse ecossistema, a técnica de classificação baseada em objetos, assim
como as demais técnicas de mapeamento, é utilizada principalmente para trabalhos
objetivando o mapeamento na cobertura do solo ao longo do tempo (DUPUY et al, 2012;
BORNMAN; ADAMS, 2010; CONCHEDDA et al., 2008; FROMARD et al., 2004; JONES
et al., 2004; JUPITER et al, 2007; ROGERS et al., 2006), levantamento da área ocupada pelo
ecossistema e mapeamento de pressões no ecossistema (MOHAMED et al., 2007). Em outras
palavras pode-se dizer que esses trabalhos consideram somente os limites dessas florestas
com os sistemas adjacentes, isso com o objetivo de inventariar ou analisar essas florestas
multitemporalmente (Change detection).
Ainda são poucos os trabalhos que apresentam uma escala maior de análise e legenda,
que considerem as diferenças internas das florestas. Além disso, quando tal abordagem é
realizada, ela prioriza divisões em relação à densidade de copas (JENSEN et al., 2009) e à
dominância ou discriminação de espécies (GREEN, 1998; DUTRIEX et al., 1990).
Durante a elaboração desse trabalho, somente um trabalho (KAMAL et al, 2014) foi
apresentado tentando dar uma abordagem ecológica à divisão interna do mapeamento dos
manguezais. Sendo necessário mais estudos que analisem a aplicabilidade e resultados dessa
abordagem.
44
2.2 Objetivo
As etapas para execução do mapeamento podem ser divididas em: escolha e aquisição
da imagem; trabalho de campo, preparação da imagem para a análise; classificação, edição e
geração de mapas. Todas as etapas, em ordem de execução, estão expostas no fluxograma
apresentado na figura 6 e serão detalhadas posteriormente. Várias etapas foram elaboradas no
âmbito desse estudo, que podem ser também consideradas resultados dessa pesquisa.
Uma das etapas primordiais para a execução com sucesso do mapeamento de tipos
fisiográficos de manguezais é a escolha da imagem cuja resolução espacial seja compatível
com áreas e extensões dos objetos mapeados.
Para o objetivo proposto faz
faz-se
se necessário o uso de imagens com alta resolução
espacial, isto porque os tipos fisiográficos em algumas regiões estão dispostos em faixas
muito estreitas que dificultam, ou até impedem
impedem,, que sensores de média e baixa resolução
espacial as identifiquem. Frente às limitantes financeiras da época, foram utilizadas imagens
46
provenientes do satélite IKONOS que tem alta resolução espacial (1m na banda pancromática
e 4m nas coloridas).
A imagem IKONOS, com características descritas na Quadro 1, apresenta 4 bandas
espectrais, além da pancromática. Imagens multiespectrais são recomendadas em trabalhos de
classificação, uma vez que o maior número de bandas possibilita a consideração de mais
descritores,
res, tendo a possibilidade de se gerar mais modelos na classificação, o que auxilia a
maior diferenciação das fisionomias.
Neste cenário, foram adquiridas imagens (Erro! Fonte de referência não encontrada. e
Quadro 2) cujas datas de aquisição coincidem com dados de estrutura vegetal obtidos eem
campo pelo NEMA.
Cabe ressaltar que as imagens adquiridas já haviam passado pelos processos de
correção atmosférica e normalização radiométrica.
47
Cena 1 Cena 2
Legenda: Área de estudo delimitada em vermelho, mostrando as cenas com suas diferenças
radiométricas.
Figura 8 - Fotos de dois pontos de medição de coordenadas, com GNSS L1, para
ortorretificação
O processo utilizado na aquisição dos pontos de controle foi o denominado Stop and
Go que, de uma maneira simples, consiste na utilização de um par de DGPS, enquanto uma
coleta dados de um ponto conhecido ou base (Figura 10), o outro é posicionado nos vários
pontos que se deseja medir.
O ponto de coordenadas conhecidas ocupado como base no âmbito desse trabalho foi a
estação altimétrica do IBGE 3066T, escolhida por ser o único marco encontrado próxima da
área estudada.
Uma imagem de satélite possui certos erros geométricos gerados durante sua
aquisição, logo, para se realizar qualquer trabalho utilizando imagens digitais provenientes de
satélites faz-se necessária a correção geométrica da imagem (NOVO, 2010).
A ortorretificação tem como finalidade corrigir geometricamente a imagem,
considerando tanto a planimetria do terreno como sua altimetria. Esta etapa foi realizada no
software Geomatica®, com utilização do Modelo Digital de Elevação (MDE) gerado a partir
de imagens do sensor Aster/Terra.
Os arquivos ortorretificados foram confrontados com alguns pontos obtidos em campo
e então validados conforme o Padrão de Exatidão Cartográfica (PEC) (BRASIL, 1984). O
50
PEC está inserido nas Normas Técnicas da Cartografia Nacional (Decreto nº 89.817, de 20 de
junho de 1984), e consiste na divisão de uma carta, em classes, com base na exatidão da
mesma. Este ainda é o documento nacional oficial utilizado para validação de correções
geométricas. Os limiares adotados aqui foram os da Classe C, aceitos para os mapeamentos
temáticos.
Antes da modelagem para a classificação da imagem, foram definidas cada uma das
classes constituintes da legenda final de mapeamento, sendo essas: Água, Apicum, Floresta de
Franja, Floresta de Bacia, Floresta de Transição e Colonização, detalhadamente descritas na
Tabela III.
A escolha dessas classes foi baseada em Estrada (2009), que descreveu e diferenciou
estatisticamente esses tipos fisiográficos de mangue presentes na área de estudo. Além desse
trabalho, foi primordial o conhecimento da área e das classes a serem mapeadas.
Todas as classes estão descritas na tabela do Quadro 3.
51
Fisionomias pertencentes ao
ecossistema manguezal, que pela
alta concentração de salinidade Textura lisa; tamanho variável;
Apicum não apresenta vegetação ou tonalidade amarelada ou
apresenta vegetação rasteira marrom.
adaptada a essas condições.
Legenda: Classes identificadas por interpretação da imagem IKONOS e dados e trabalhos de campo realizados pelo NEMA/UERJ (2014).
53
Por isso, vários testes foram gerados com os seguintes parâmetros: 1000, 500,
250, 100, 50. Duas segmentações foram geradas, uma considerando todas as bandas
espectrais e outra considerando somente a banda do infravermelho próximo. As imagens
foram então analisadas visualmente e, ao final dos testes, optou-se pela adoção dos
parâmetros 500 e 100, sendo o parâmetro 500 utilizado para separar a área verde da não-
verde (áreas florestadas e não florestadas) e o parâmetro 100 para delimitar os tipos
fisiográficos dos manguezais.
55
8
Os parâmetros aqui definidos, são chamados no Guia do Usuário do eCognition como "Features". No
eCognition um parâmetro representa informações como as de medidas, dados importados ou valores,
eles se relaciona, a objetos específicos ou aos aplicados globalmente.
56
Legenda: Esquema com algumas amostras de tipos fisiográficos definidas (setas vermelhas) e os cálculos
de suas respostas nos histogramas, ao lado.
Fonte: Definiens Develope,2015....
Legenda: Projeto ilustrando o mapeamento inicial no nível 1. A esquerda a imagem e a direita o resultado
do mapeamento, sem edição manual.
Fonte: Definiens Developer..
Total das
colunas n+1 n+2 n+k n
n+j
Fonte: Adaptado de Congalton e Green, 2009.
∑𝒌𝒊 𝟏 𝐧𝐢𝐢
Exatidão Total =
𝐧
onde, Xii são os valores encontrados na diagonal da matriz e n o número total de
amostras.
Como se pode perceber, o índice de Exatidão Total considera somente os valores
contidos na diagonal da matriz de confusão. Logo, ele se relaciona somente aos acertos
do mapeamento, não considerando também os erros. Por isso, outro índice muito
utilizado para se averiguar a eficácia do mapeamento é o índice Kappa.
A diferença principal entre os dois índices é que a acurácia global assume os
dados de campo como totalmente verdadeiros, sendo considerados "verdade absoluta",
já o índice Kappa assume que tanto o produto gerado (nesse caso o mapeamento), como
o documento (ou dados) de referência, possuem o mesmo grau de veracidade (BRITES,
1996) .
60
9
Os objetos podem ser associados as classes pelo usuário, os quais são exibidos na janela de hierarquia de
classes. Assim, as classes podem ser agrupadas em uma estrutura hierárquica, permitindo que "classes
filhas" herdem atributos das "classes pais". (User Guide do Definiens Developer).
62
classes. São tentativas, análises e modificações que ocorrem até o final do processo de
modelagem.
No âmbito dessa pesquisa, primeiramente foram definidas as classes para os
objetos do nível de segmentação L500, como especificado na Figura 16. Esse nível foi
usado para diferenciar corpos hídricos, regiões sem vegetação (Apicuns, Outros e
Urbano) e com vegetação (Mangue, Não mangue e Pasto verde). Esse primeiro nível de
classificação objetivava a definição das áreas de mangue, para posterior reclassificação.
E, tal separação em grupos como "not_verde" e "verde", se baseia na grade de diferença
espectral desses objetos. A diferença espectral das classes adotadas será discutida no
tópico à seguir.
Depois dessa classificação, uma nova segmentação (com fator de escala 100) foi
aplicada somente nas áreas identificadas na etapa anterior como pertencentes à classe
mangue, para melhor diferenciá-la (Figura 17). Além disso, para o refinamento da
modelagem das florestas de franja, a classe mapeada como Água, foi subdividida em
Baia e Rio.
as classes utilizadas no
nível L100.
Quadro 5 - Modelos aplicados nos mapeamentos das classes do nível hierárquico L100.
Nível Classe Classe 2 Operador Parâmetro Função Intervalo
Além do Apicum, outra classe que teve grande cuidado na modelagem foi a
floresta de mangue, isto porque é esse o foco do presente trabalho. Do aspecto espectral
foram utilizados os parâmetros: Brilho, Desvio Padrão no Azul e NIR.
Entretanto, essa modelagem apresentou grandes confusões entre as florestas de
mangue e demais áreas florestadas (agrupadas aqui na classe Not_mangue).
Para minimizar a confusão gerada pelas respostas espectrais semelhantes, e
diminuir o esforço de edição manual posterior, foi adicionado um descritor de distância,
entre o mangue e a água. Assim, objetos distantes mais do que 1000 metros não
poderiam pertencer a classe mangue.
É importante destacar que o foco principal dessa etapa foi a exatidão da
modelagem e a classificação das classes pertencentes à legenda final. Logo, as demais
classes do mapeamento foram usadas para essa distinção, não tendo grande rigor em sua
delimitação específica. Classes do último nível hierárquico, não pertencentes a legenda
final (como pasto e áreas urbanas) foram utilizadas somente para a separação espectral
69
das classes de interesse; desta forma, a precisão quanto as suas modelagens, não foram
avaliadas.
Após a diferenciação satisfatória das classes pertencentes à segmentação L500,
seguiu-se com a modelagem no nível mais detalhado de segmentação (L100). Nessa
etapa, foram modeladas as classes Bacia, Franja, Transição e colonização.
A classe Bacia foi definida como a classe "not", aquela onde se agrupam os
objetos não compreendidos nas demais classes do mesmo nível hierárquico
(normalmente a classe de maior expressão espacial). Tal escolha foi feita por esta ser a
porção da floresta com maior diversidade em relação ao comportamento espectral, logo
a mais difícil de ser mapeada. Não há nenhuma referência na literatura sobre a
obrigatoriedade da adoção da classe "not" em uma árvore hierárquica, nem de como esta
deve ser escolhida, por isso, cabe uma explicação breve do porquê dessa escolha.
Como dito anteriormente, as indicação de uma classe "not"é necessária, para que
nenhum objeto daquele nível hierárquico fique sem classificação. Assim, caso um
objeto não esteja definido nas demais classes do mesmo nível hierárquico, em virtude
dos gráficos elaborados, ele será classificado como a "Classe not". Normalmente, a
classe mais abrangente espacialmente ou a que tem maior diversidade espectral é a
escolhida para ser a classe "not", isso porque as outras classes serão mais fáceis de
serem definidas. Logo, no presente trabalho foram modeladas dessa forma as classes
Franja, Colonização e Transição.
Nas figuras 23, 24 e 25 são apresentadas as respostas espectrais das classes de
Franja, Bacia e Transição em relação ao NDVI, Média em NIR, Média no vermelho,
Máxima Diff. A partir destes, observa-se grande confusão entre as respostas das
amostras de Bacia com as demais classes, se sobrepondo, ora com as florestas de franja,
ora com as florestas de bacia.
Isso reflete na dificuldade para se modelar esses tipos fisiográficos. Baseado
nessa semelhança de respostas espectrais, foram adotados outros parâmetros além dos
espectrais, sendo utilizados um parâmetro de distância.
70
A classe de Franja foi dividida em Franja de Baía e Franja de rio, esta divisão foi
testada porque a análise visual das imagens e os dados de estrutura vegetal indicaram
que as florestas de Franja às margens da baía de Sepetiba se estendem mais
interioranamente que as florestas de franja às margens dos rios. Por esse motivo, a
divisão foi testada e após análise visual, adotada. Os parâmetros para divisão de cada
uma dessas classes foram basicamente os mesmos, ambas utilizaram Max. Diff., NDVI e
Desvio Padrão NIR, sendo todos com limiares semelhantes. Além desses, cada classe
tinha ainda parâmetros de distância em relação ao corpo hídrico associado, à no máximo
200m no caso das florestas de Franja à margem da baía e 75 metros para as florestas às
margens dos rios.
A distância empregada no parâmetro classificatório das florestas às margens da
baía está muito superior a outra classe de floresta de franja. Isso se dá, primeiramente
pela ação da lavagem de marés, que faz com que esse tipo fisiográfico se distribua por
uma maior extensão nessa porção da área. Mas o número muito superior se relaciona
também com uma característica típica da região. As florestas apresentam grandes canais
que funcionam como canais de marés, estendendo a lavagem realizada pelas águas além
dos limites que seriam impostos sem esses canais. A maior extensão das lavagens, se
72
2.4.2 - Mapeamento
Legenda: Região de Guaratiba, Rio de Janeiro – Brasil, com detalhes do mapeamento realizado sobreposto à imagem de satélite.
77
Tal característica se dá, em virtude dos vários canais que cortam as florestas e são
responsáveis pelo fornecimento de água em sua parte interior. A percepção (através de
diferenças espectrais) desta distribuição apresentada por esta técnica reflete o bom
desempenho do mapeamento.
A figura 31 e o Quadro 6 representam graficamente e numericamente as áreas
calculadas para cada tipo fisiográfico mapeado. Além disso, encontram-se calculadas as taxas
de contribuição de cada classe mapeada, tanto considerando somente as florestas de mangue
como para todo o manguezal (florestas de mangue e apicuns).
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
Apicum Franja Bacia Transição Colonização
Contribuição Contribuição
CLASSE Km2
Florestal (%) Florestal (%)
Apicum 9,3408 - 33,1811
Franja 3,0446 16,1856 10,8151
Bacia 10,5967 56,3349 37,6424
Transição 3,9317 20,9017 13,9663
Colonização 1,2373 6,5777 4,3951
TOTAL (Floresta de
mangue) 18,8102
TOTAL (manguezal) 28,1510
Não Editado
Sem classe Apicum Colonização Transição Bacia Franja Água TOTAL
Sem classe 0,285041 0,220303 0,112866 2,522616 0,058917 0,005302 3,205045
Apicum 0,064418 7,1369 0,470802 0,013513 0,51247 0,001104 0,020763 8,21997
Colonização 0 0,019028 0,800895 0,091445 0,074032 0 0 0,9854
Editado
da área total da imagem, demonstrando que mais da metade do mapeamento foi extraído
automaticamente.
Quando se analisa a distribuição percentual de cada classe e seus respectivos acertos
(Quadro 8), percebe-se que os melhores resultados foram nas classes Água (93,74%) e
Apicum (86,82%). Os objetos verdes, não verdes e água tem respostas espectrais muito
distintas, o que facilita suas respectivas modelagem e separação. Sendo assim, é condizente
que estas apresentem alto grau de acerto na automatização.
Ao considerar somente as classes que refletem áreas florestadas de manguezal,
verifica-se que o maior percentual de acerto foi na classe "Colonização", na ordem de 81%. A
maior confusão nessa classe foi com a floresta de Transição, cerca de 9% dos objetos
pertencentes a Colonização, foram automaticamente classificados como sendo de Transição.
A modelagem das florestas de transição teve 29% de acerto, o mais baixo e único
valor inferior à 70%. Os maiores conflitos envolvendo essa classe foram com a região de
colonização (29%, aproximadamente) e as florestas de bacia (37 % dessas florestas foram
equivocadamente classificadas, antes da edição manual, como floresta de bacia.).
A modelagem das florestas de bacia apresentou o segundo melhor resultado, como
78% de acerto do método automático, sendo o restante, distribuído principalmente entre as
florestas de colonização e Franja. Na verdade, esse acerto se relaciona muito mais à
modelagem das demais classe e à capacidade de separa-las da classe Bacia, visto que essa
classe foi a classe de exclusão (classe "not").
Com o terceiro melhor desempenho, a classe Franja obteve 76% de acerto, sendo a
maioria do erro (20%,aproximadamente) associado à floresta de bacia.
Dados de Referência
Total de
Acurácia
Apicum Transição Bacia Franja Água Totalidade erro
Usuário
incluído
Dados Classificados
Dados de Referência
Apicum Transição Bacia Franja Água
Apicum 79,1383 11,11 3,87296 0,03053 0
Dados Classificados
hipóteses foram levantadas para explicar os erros e serão discutidas a seguir. Mas é
importante relembrar neste momento que nenhum mapa reflete com total fidelidade o real, ele
é uma ferramenta de análise da superfície e de um fenômeno espacial, logo a tentativa
máxima de aproximação do real.
No caso dos manguezais é ainda mais complexa a sua representação, pois se
constituem em um ambiente em que há influência da vegetação, do solo e da água, todos
influenciando a resposta espectral registrada nas imagens de satélite e fotografias aéreas.
Além disso, a resposta espectral de um recorte florestal será influenciada pela densidade
apresentada, estrutura de suas árvores, fisiologia e idade das espécies presentes ali. Ou seja,
são inúmeros os parâmetros que influenciam a refletância registrada em um pixel de uma
imagem de satélite que representa esse ecossistema, dificultando muito seu mapeamento. Por
isso, mapear os contornos do manguezal, e diferenciá-los de corpos hídricos e planícies
hipersalinas é mais fácil que diferenciar o interior de suas florestas.
Como dito anteriormente, a maioria dos trabalhos separam principalmente os
contornos do manguezal, considerando-o em sua totalidade, destes, somente alguns
(ALATORRE et al, 2011; LEE et al, 2009; CONCHEADDA et al, 2008; GIRI et al, 2007)
apresentam resultados de exatidão do mapeamento realizado. Destes, os melhores resultados
foram o de Lee et al. (2009) que apresentaram acurácia global entre 98% e 97% em trabalho
que analisava dois métodos para mapeamento de manguezais. Os demais trabalho apresentam
bons resultados, mas todos em torno de 85% (ALATORRE et al, 2011 com 84% de acurácia
total; CONCHEADDA et al, 2008 com 85.7% e; GIRI et al, 2007 com 85%). Se o presente
trabalho tivesse se restringido a essa abordagem, mapeando somente área de mangue e não-
mangue, a acurácia seria de 95%, um excelente resultado frente aos demais existentes.
Quando se analisa o mapeamento das diferenças internas de uma floresta, além de
existirem poucos trabalhos, cada um aplica uma abordagem distinta com sua legenda
específica, e nenhuma semelhante a utilizada aqui.
Green et al (1998) mapearam espécies de mangue em regiões próximas as Bahamas,
os autores apresentaram acurácia total entre 70% e 85%, dependendo da técnica utilizada.
Com uma abordagem diferente, Blasco et al (2001) diferenciou as florestas de
mangue, considerando diferentes densidades, mas não apresentou matriz de confusão para o
seu mapeamento.
Com a legenda final de mapeamento semelhante ao de Green et al (1998), Wang et al
(2004) também diferenciou a floresta considerando os bosques com espécies diferentes. Os
autores apresentaram como melhor resultado de acurácia total 75,5%.
86
Como exposto, não foram encontrados trabalhos na literatura que tentam separar as
florestas de mangue utilizando a classificação de tipos fisiográficos. A maioria dos trabalhos,
quando não mapeiam somente os manguezais, o dividem utilizando a diferenciação de
espécies, densidade ou qualidade da floresta. Sendo assim, o presente trabalho já se destaca
pela abordagem em sua legenda.
Ao considerarem os trabalhos que diferenciam as florestas de mangue, percebe-se que
a acurácia obtida aqui está em conformidade com as demais já apresentadas, em alguns casos
até superior.
Para que se alcançasse o resultado apresentado, a adoção da classificação Orientada à
Objetos foi de extrema importância, tendo se mostrado eficiente para esse tipo de
mapeamento. Isso porque a técnica permitiu que parâmetros, além dos espectrais, fossem
adotados.
87
Pelo exposto até aqui, o objetivo proposto por esse estudo foi obtido com sucesso. Não
só uma metodologia utilizando a classificação baseada em objetos para o mapeamento de
tipos fisiográficos foi desenvolvida como, a partir dos resultados, foi demonstrada a eficácia
do método adotado para o estudo detalhado e em alta resolução de florestas de mangue, o que
possibilitou a discriminação de forma confiável, de suas diferentes fisionomias.
Antes desse estudo, estimativas em relação aos tipos fisiográficos (como taxa de
estoque de carbono, sequestro de carbono, dentre outros) eram realizadas somente a partir do
levantamento de dados em parcelas de caracterização da estrutura vegetal (realizadas há anos
pelo NEMA/UERJ). A partir do desenvolvimento dessa técnica de mapeamento o recorte
espacial de análise passou de transversais de estrutura vegetal para todo o complexo florestal,
ou seja, este mapeamento vem a contribuir para os estudos já realizados, o que possibilita o
cálculo da área de cada fisionomia e uma correlação entre a área de cada tipo fisiográfico e
seu papel no estoque e sequestro de carbono.
Entretanto, avanços devem ser feitos no método, para que as classes com respostas
espectrais parecidas e difíceis de serem modeladas (principalmente entre os tipos fisiográficos
Franja e Bacia) sejam mais estudadas e a modelagem mais refinada, o que pode levar a
redução ainda maior do esforço da edição manual e aumento na eficiência do método.
Além disso, um mesmo tipo fisiográfico, ao longo de toda a área estudada, apresenta
diferenças em relação à composição e dominância de espécies. Frente a isso, recomenda-se
um investimento futuro de tempo e esforços para que além dos tipos fisiográficos, sejam
definidas as diferentes manchas em relação à dominância de espécies.
Cabe ressaltar mais uma vez que esse método foi elaborado não para substituir os
trabalhos de campo, mas para complementá-los, ampliando o recorte espacial analisado. O
mapeamento e a metodologia elaborados aqui possibilitam extrapolar os dados adquiridos
para todas as áreas de manguezais, mas não poderiam ser desenvolvidos e nem avaliados
quanto à precisão, sem os dados adquiridos in situ. As etapas do trabalho (levantamento
estrutural e mapeamento por sensoriamento remoto) se mostraram complementares e não
excludentes.
88
3.1 Introdução
Como os índices são razões entre bandas, a variação observada nas curvas vai
refletir nos valores calculados. Assim, tais valores integram diferentes características da
vegetação, devendo ser analisados com cautela. De qualquer forma o uso desses índices tem
se mostrado de grande valia para a realização de análises rápidas e comparativas no espaço e
no tempo.
Para entender os fatores que são registrados ou (de certa maneira) estão representados
na imagem de satélite é necessário primeiro fazer um exercício de abstração, pontuar tudo que
está envolvido no processo de captação da imagem e tudo que está sendo “visto” pelo sensor
91
(Figura 33). Além da imagem refletir o que "é visto", também deve-se considerar o " como é
visto", pois fatores relativos às resoluções do sensor e às inclinações do sol e do satélite, entre
outros, influenciam no detalhe e no contexto dos objetos10.
Diversas características influenciam como um observador qualquer vê uma figura,
assim como influenciam como um sensor registra uma imagem, e quais os erros podem estar
incorporados nela. Desta forma, no processo de captação, podem ocorrer erros sistemáticos e
não sistemáticos.
Os sistemáticos são usualmente previstos e tendem a ocorrer em todas as imagens
obtidas por um sistema particular. Esses podem usualmente ser corrigidos pelo
conhecimento dos parâmetros orbitais da plataforma e das características do scanner,
e aplicado em todas as imagens adquiridas pelo sistema (JONES; VAUGHAN,
2010).
10
Se a imagem for observada com o observador sentado numa mesa confortável, andando, no metrô ou no ônibus
em movimento com certeza será vista de maneira diferente. Tremida, borrada, ou "deslocada do real". Assim
como as características de uma plataforma de aquisição de um dado sensor. Além disso, se for observada
diretamente, com uma película transparente, papel filme transparente ou papel manteiga de diferentes
espessuras terá uma visualização melhor ou pior, assim como as condições atmosféricas na hora de aquisição
da imagem. Como último exercício mental relacionado ao observador, se ele olhar a figura a olho nu terá uma
visão diferente se ele for daltônico ou não. Terá ainda leituras diferentes se, sem óculos, ele tiver uma visão
normal, for míope ou tiver astigmatismo.
92
Além dos problemas que podem existir referentes ao sistema de aquisição e das
características atmosféricas, soma-se ainda o que é visto pelo sensor. A discretização do
espaço, que passa a ser representado numa imagem por uma matriz numérica, dificulta a
observação individualizada da maioria dos objetos na superfície. O que ocorre, é que a
assinatura espectral registrada normalmente está referida a uma mistura de componentes da
superfície.
Com esse panorama, para áreas florestadas não é somente a vegetação (sua
composição química, estrutura vegetal e densidade) que influencia na medida espectral
realizada pelo sensor, mas também a angulação do sol e as características do solo ou do que se
encontra adjacente e abaixo das copas.
A figura 3 esquematiza o imageamento de uma área florestada. Como representado, no
instante de aquisição a arquitetura formada pelo posicionamento da fonte de iluminação e do
sensor interferem no resultado. Isso faz com que parte da copa da árvore seja iluminada e
parte sombreada gerando diferenças espectrais. Todas essas feições espectralmente distintas
(copa iluminada, copa sombreada, solo sombreado, solo iluminado) são vistas e representadas
por um único pixel (dependendo da resolução espacial). O grande desafio passa a ser
encontrar um padrão através dessa mistura espectral, de forma a possibilitar a sua
identificação e classificação.
93
Índice de Vegetação de diferença normalizada (NDVI) (como RAMSEY et al., 1996; GREEN
et al., 1997; BLASCO et al., 1998; KOVACS et al, 2004; MAHMOUND et al., 2007; GIRI et
al., 2007; SETO et al., 2007; MUTTITANON; TRIPATHI, 2005; KAMTHONKIAT et al.,
2011 e SATYANARAYAMA et al., 2011) e poucos estudos, como Batadlan et al. (2009) e
Ismail et al. (2010) utilizam outros índices de vegetação, como SAVI, RVI, PVI e
modificações do SAVI.
Mesmo com número considerável de estudos utilizando índices de vegetação para
mapeamento de manguezais, poucos investigam como os índices se relacionam com a floresta
de mangue de forma mais complexa, como correlacionando com parâmetros estruturais e
características ecológicas. Além disso, com exceção de Ramsey & Jensen (1996) poucos são
os estudos que abordam tanto os aspectos espectrais como os ecológicos (como a descrição de
parâmetros espectrais e a distribuição fitossociológica) numa interpretação transdisciplinar.
Legenda: “banda 1” faixa do azul (entre 0.45-0 .52 µm), “banda 2” faixa do
verde (entre 0.52-0 .60 µm), “banda 3” faixa do vermelho (entre
0.63-0 .69 µm), "banda 4" infravermelho (0,7- 2,5 µm).
97
3.1.5 Objetivo
Definição do
especificações da aquisição da
objetivo
imagem imagem
Revisão Bibliográfica
organização dos dados
Trabalho de Campo e
Escolha dos
Imagens SPOT Campo para
pontos de
(4 imagens de 2 anos) coleta dos PCs
controle (PCs)
Imagens de
Imagens de verão
inverno
Imagem IKONOS
Ortoretificação
análise 2
no Imagens corrigidas
Pontos de Controle ERDAS® Geometricamente
MDE/SRTM
99
Determinação
Gera ção dos Índices de Vegetação dos índices de
Imagens corrigidas
Geometricamente vegetção
ERD AS IMAGINE ®
Geração dos Índices de
Vegetação
Escolhas das
Dados de estrutura
equações para cálculo
NEMA/UERJ
de Biomassa
Relação com dados estruturais
EXCEL ® E STATISTICA ®
Altura, densidade Biomassas Índices de Vegetação
e DAP Médio (Total, Viva, Copa. (NDVI, SAVI, SR e RVI)
Follhas)
Para a geração dos mapas com os valores da assinatura espectral e geração das
imagens índice de vegetação foram utilizadas imagens do satélite SPOT-5, sensor
HRVIR, cujas características estão descritas no Quadro 11.
Ao todo foram 4 imagens SPOT 5/HRVIR. Duas adquiridas no ano de 2010 -
uma no verão (Figura 38) e outra no inverno (Figura 39) - e duas em 2011 (nos mesmos
períodos do ano anterior – Figuras 40 e 41). A escolha desse período tem como objetivo
analisar o ciclo da vegetação durante a estação mais seca e mais úmida nos anos
analisados.
100
Legenda: Mapa com a imagem do verão de 2010 (6/2/2010) utilizada para geração dos índices de
vegetação. Composição colorida RGB 321.
101
Legenda: Mapa com a imagem do inverno de 2010 (7/6/2010) utilizada para geração dos índices de
vegetação. Composição colorida RGB 321.
Legenda: Mapa com a imagem do verão de 2011(2/12/2010) utilizada para geração dos índices de
vegetação. Composição colorida RGB 321.
102
Legenda: Mapa com a imagem do inverno de 2011(06/08/2011) utilizada para geração dos índices de
vegetação. Composição colorida RGB 321.
aplicação para corrigir a influencia atmosférica (BERK, 1998). Esse tipo de código de
transferência radiativa calcula a radiância que o sensor captaria para parâmetros
atmosféricos específicos, angulação solar, reflectância solar .
Utilizando o modelo MODTRAN, o sistema adotado foi ATCOR 2D
(Atmosphericand Topographic Correction for Satellite Imagery), alternativa que não
considera as variações no relevo. Considerando-se que a versão 3D ainda não apresenta
soluções sólidas e que o ecossistema manguezal se localiza em regiões planas e sem
variação de altitude, essa decisão foi considerada a mais indicada.
Como bem detalhado em Pimenta et al. (2013) o ATCOR 2 simula "os
principais efeitos nas respostas espectrais dos alvos resultantes da absorção de gases e
dispersão por moléculas e aerossóis em função da visibilidade horizontal, eliminando a
dispersão da luz e representando, portanto, importante etapa para avaliação das feições
da superfície terrestre".
O processo de correção considera 3 etapas, cujos parâmetros necessários são
obtidos de forma diferenciada. A primeira etapa é responsável pela conversão dos
números digitais (níveis de cinza) em valores de radiância, sendo necessários os dados
de calibração do sensor. Na segunda etapa, converte-se os valores de radiância para
reflectância aparente (ou no topo da atmosfera), sendo necessários dados sobre
localização da fonte de iluminação e do sensor, obtidos nos metadados da imagem. A
terceira etapa, é responsável pela correção atmosférica propriamente dita, ou conversão
para valores de reflectância de superfície, sendo necessário estimar alguns parâmetros,
como visibilidade e modelos teóricos de composição da atmosfera.
Pimenta et al. (2013) testaram para imagens Rapid Eye, a correção atmosférica
baseada em vários parâmetros de visibilidade. No estudo eles comprovam que a
visibilidade estimada pelo módulo SPECTRA do ERDAS Imagine é adequada para a
realização da correção atmosférica. Sendo assim, utilizou-se a visibilidade estimada
para cada imagem.
Em relação ao modelo de tipo de aerosol, optou-se pela utilização do modelo
Rural, isso porque o modelo marinho deve ser usado em áreas com predominância de
corpos hídricos e o urbano em áreas altamente antropizadas. No manual do ATCOR
indica-se o uso do modelo aerossol, que deve ser usado em recortes mistos, em caso de
dúvida.
Em relação ao modelo de aerossol, foi utilizado o modelo Tropical para as
imagens de verão. Nas imagens de inverno, primeiramente foi testado o modelo de
104
L = 0,5
Rio Piraquê
BS1
BS2
BS3
Rio Piracão
Baía de Sepetiba
fim foram efetuadas todas estas comparações com todos os dados agrupando-se as duas
estações como uma única área de estudo.
No. Da
Ln(Biomassa)=a+b*ln(DAP)
variável a b R2 EPE EPE % Equação
Lg COPA 1 Folhas+ P.Reprodutivas + Ramos ln(DAP) 4,06 1,86285 0,908 0,444 7
(Soares, 1997) COPA 2 Folhas+ P.Reprodutivas + Ramos + Galhos ln(DAP) 3,8178 2,5014 0,93 0,463 8
COPA 3 Folhas+ P.Reprodutivas + Ramos + Galhos + Galhos Princip. ln(DAP) 3,81513 2,31935 0,916 0,526 9
FOLHAS Folhas ln(DAP) 2,26265 2,01186 0,888 0,535 10
BIOMASSA MORTOS Biomassa de Troncos e Galhos Principais ln(DAP) 4,9308 2,2951 0,989 0,181 11
No. Da
Ln(Biomassa)=a+b*ln(AB²*ALT)
variável a b R2 EPE Equação
Lg BIOMASSA TOTAL (1) TOTAL ln(AB²*ALT) 14,2536 0,4985 0,987 0,194 12
(Soares, 1997) BIOMASSA TOTAL(2) TOTAL ln (DAP) 5,23943 2,27918 0,986 0,204 13
No. Da
Ln(Biomassa)=a+b*ln(DAP)
variável a b R2 EPE EPE % Equação
Rh COPA 1 Folhas+ P.Reprodutivas + Ramos ln(DAP) 4,27923 2,0726 0,956 0,312 14
(soares, 1997) COPA 2 Folhas+ P.Reprodutivas + Ramos + Galhos ln(DAP) 3,86385 2,41893 0,975 0,273 15
BIOMASSA MORTOS Biomassa do Troncos e Rizophoros lenhosos e não lenhosos ln(DAP) 4,9851 2,5142 0,984 0,227 16
FOLHAS (2) TOTAL ln(DAP) 2,9399 2,0486 0,944 0,352 17
BIOMASSA TOTAL (2) TOTAL ln(DAP) 5,29845 2,481 0,989 0,182 18
No. Da
Ln(Biomassa)=a+b*ln(AB²*ALT)
variável a b R2 EPE EPE % Equação
FOLHAS (1) Folhas ln(AB²*ALT) 10,8778 0,43451 0,946 0,347 19
BIOMASSA TOTAL (1) TOTAL ln(AB²*ALT) 14,9105 0,5261 0,991 0,171 20
Legenda: Av=Avicenia schauerianna; Lg=Laguncularia racemosa; Rh=Rhizophora mangle e DAP=Diâmetro do peito.
111
Figura 43- Critérios utilizados para a adoção das fórmulas para cálculos de Biomassa.
112
3.3 Resultados
semelhança ocorre porque os três índices trabalham com a razão entre duas bandas, sem
a adição de qualquer fator de ajuste.
Ao considerar as duas regiões, os valores de medianas variaram para o NDVI
entre 0,553 e 0,846; de 0,827à 1,277 para o SAVI; de 0,083 a 0,288 para o RVI e; de
3,483 a 12,024 para os cálculos de Razão Simples. As duas regiões não possuem
diferenças estatisticamente significativas, para os 4 (quatro) índices analisados. Isso
porque, a mesma magnitude de valores está presente nas duas regiões.
Uma característica importante é que em cada uma das áreas (baía de Sepetiba e
Piracão) os índices de vegetação (na direção franja-apicum) se comportaram de forma
oposta (decrescente em uma área e crescente na outra).
Considerando o aspecto temporal (por ano e por estação), verificou-se que, de
maneira geral, os valores de NDVI, RS e SAVI foram superiores no primeiro ano de
monitoramento (2010) e, que considerando as estações do ano, esses três índices
tiveram maiores valores no inverno que no verão. O RVI foi o único com valores
diferentes, sendo os maiores de seus valores nos verões e no segundo ano de
monitoramento.
Ainda considerando toda a região, percebeu-se que as parcelas mais próximas à
fonte de água e às planícies hipersalinas foram aquelas com comportamentos
estatisticamente diferentes em algum momento (para todos os índices). As parcelas B,
D, G e I se apresentaram com comportamentos semelhantes às suas vizinhas (ou a uma
das duas), por isso não são muito distintas. Tal comportamento espectral pode ser
explicado pelo caráter transicional dessas parcelas, por isso elas foram excluídas da
segunda parte da análise dos resultados (ítem 3.3.2), que compara os índices com os
parâmetros estruturais.
O NDVI, o RVI e o RS tiveram resultados estatísticos idênticos, o que aponta
que as variações dos índices são as mesmas para esses índices. Uma especificidade do
RS são os valores de desvio padrão. De maneira geral, algumas parcelas apresentaram
maiores desvios padrões no cálculo de RS, isso em função do maior range entre os
valores que no NDVI.
Como o índice de vegetação normalizado (NDVI) é o mais amplamente utilizado
e encontrado em quase todos os estudos que usam índices de vegetação, este será o
usado nas análises entre os índices e os parâmetros estruturais, em detrimento aos outros
dois índices (RS e RVI). Sendo assim, para as análises seguintes os valores de RVI e
114
Com base nessa associação, os valores referentes às coletas de 2010 foram associados
a duas imagens diferentes (inverno de 2010 e verão de 2011). Por esse motivo não podem ser
consideradas concomitantemente em uma mesma análise. Sendo assim, as análises de
correlação foram feitas por estação do ano, para todo o complexo de Guaratiba e
separadamente por região.
118
Cabe resgatar aqui, algumas características referentes aos parâmetros estruturais, que
são importantes para a análise dos índices espectrais, presentes no Quadro 12. O mais
importante é que, de maneira geral, as florestas com maior altura média se encontram
próximas ao corpo hídrico (florestas de franja) e há decréscimo nessa média em direção ao
Apicum (passando pela floresta de bacia e transição).
As análises para as duas regiões (os dois verões e os dois invernos), (apresentadas no
Apêndice B) não ressaltou relação significativa nos verões, com significância (p<0,05) nos
invernos para:
SAVI com Biomassa (Total, Copa1, Copa 2), como se pode ver no apêndice B,
figura B12;
NDVI com Biomassa Total e Viva (Apêndice B, Figura B11).
Entretanto, quando cada estação do ano foi analisa em conjunto, nenhum coeficiente
de determinação foi superior a 0,23.
Quando cada período foi analisado separadamente, verificou-se significância no
inverno de 2010 com SAVI em relação à Biomassa Total, Biomassa Viva, Copa 2 e Folhas
(Apêndice B, Figura B3) e, no verão de 2011 para Copa3 (Apêndice B, Figura B5). E, em
relação ao NDVI no inverno de 2010 em relação a Biomassa Total e Folhas (Apêndice B,
Figura B4) e Biomassa de Folhas para o verão 2011 (Apêndice B, Figura B6). Os melhores
coeficientes de determinação foram encontrados nas análises com os dados de inverno de
2010, nas relações de NDVI com Biomassa Total (R2 = 0, 41) e Biomassa de folhas (R2=0,45)
(Apêndice B, Figura B4).
De maneira geral, verificou-se mais relações significativas quando cada área foi
analisada separadamente.
Para os dois verões juntos o SAVI mostrou relação significativa com Biomassa Total,
Biomassa Viva, Copa 1 e Copa 3 (Apêndice B, Figura B14) e, o NDVI, com os mesmos
parâmetros (Apêndice B, Figura B15). Nos dois índices percebeu-se que há uma inversão na
119
relação, quanto maior o parâmetro, menor o valor do índice calculado. Quando cada verão foi
analisado em separado, observou-se comportamentos distintos com melhora no coeficiente de
relação.
No verão de 2010 (Apêndice B, Figuras B18 e B19), as regressões a partir da análise
do NDVI e SAVI apresentaram comportamento semelhante. Para os dois índices, Biomassa
da Copa 2, Altura Média, DAP Médio e Densidade tiveram regressão com p>0,05, sendo os
únicos não significativos. Dentre as análises que apresentaram p<0,05, os melhores ajustes
foram, em ordem decrescente para Biomassa da Copa 3 (R2=0,62), Biomassa de Folhas
(R2=0,59), Biomassa da Copa 1 (R2=0,55) e Biomassa Viva (R2=0,50), para os dois índices.
Isso demonstra que o NDVI, índice mais utilizado nas pesquisas, seria uma boa ferramenta
para estimativas envolvendo Biomassa Total da Copa (modelo de Biomassa da Copa 3).
No verão de 2011 (Apêndices B, Figuras B22 e B23), houve menos regressões
significativas entre índices de vegetação e parâmetros estruturais. Para os três índices não
houve significância para as relações envolvendo Biomassa Total, Biomassa da Copa 2 e
Biomassa de Folhas, para NDVI e SAVI. A Densidade também não apresentou correlação
significativa com os índices. Para NDVI e SAVI, a maior significância foi em relação à
Biomassa da Copa 3 (p=0,009), análise que apresentou melhor R2, de 0,65.
Verifica-se até aqui que, considerando os verões, a maior relação encontrada foi entre
os índices e os cálculos de Biomassa da Copa 3.
Sobre as relações entre os comportamentos dos índices e os valores dos parâmetros
estruturais considerando os dois invernos (Apêndice B, Figuras B16 e B17), somente as
relações entre NDVI e Densidade e DAP foram significativos, sendo inversamente
proporcional para DAP e diretamente proporcional para densidade, mesmo que com R2 baixo.
No inverno de 2010, o único índice que apresentou relação significativa foi NDVI para
Biomassa de Copa 1 e Copa 3, sendo a última com maior R2, de 0,54 (Apêndice B, Figura
B21).
No inverno de 2011 (Apêndices B, Figuras B24 e B25), os resultados das regressões
foram semelhantes para os dois índices analisados. Houve significância na relação entre os
índices e: Densidade, DAP Médio e Altura Média. Dentre essas regressões, as que
apresentaram maiores valores de R2 foram Altura Média X SAVI (R2=0,61) e Altura Média
X NDVI (R2=0,61).
120
vegetação calculado. Além dos cálculos relacionados à biomassa, se observou essa mesma
relação (direta) com os valores de DAP médio e atura. Para as medições de densidade os dois
parâmetros analisados se mostraram inversamente proporcionais.
Ainda considerando os dois invernos, observou-se que o NDVI e o SAVI
apresentaram relações significativas com todos os parâmetros estruturais analisados aqui,
entretanto, nenhum coeficiente de determinação ultrapassou 0,5. (mantém essa discussão, só
com os 2 índices).
No inverno de 2010 (Apêndices B, Figuras B32 e B33), todas as relações com
parâmetros estruturais e os índices NDVI e SAVI foram significativos novamente, tendo
encontrado coeficiente de determinação de 0,67 em relação à densidade e, 0,64 e 0,56 para
Biomassa da Copa 2 e Biomassa Total, respectivamente. Desses, como dito anteriormente, os
cálculos de biomassa se apresentaram diretamente proporcionais aos dois índices, enquanto a
densidade foi inversamente proporcional.
O inverno de 2011 (Apêndices B, Figuras B36 e B37), diferente das análises
envolvendo essa estação do ano em 2010, não apresentou nenhuma regressão significativa
envolvendo NDVI ou SAVI.
122
Altura Média 8,2 (5,6) 8,35 3,00 15,30 12,50 5,10 11,30 10,50 2,40 10,40 4,60 4,00 9,00 4,50 3,40 9,60 5,00 2,80
DAP Médio 14,30 12,86 3,00 16,50 18,55 3,80 14,50 14,80 2,70 12,30 4,90 3,90 10,70 4,80 4,00 11,90 6,30 3,00
Densidade 2250,00 1743,00 28571,40 1602,90 933,00 22063,50 2311,10 1600,00 28714,30 2583,30 12125,00 16166,70 3555,60 9625,00 14125,00 31,55,6 9444,40 15535,70
% Rh 4,70 33,68 91,70 4,60 8,19 93,30 3,50 41,60 93,00 47,60 23,20 1,30 40,70 34,30 0,00 42,90 27,00 0,90
% Lg 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 6,60 14,00 3,50 4,50 12,40 1,30 6,40 17,30
% Av 87,10 50,80 5,30 79,40 15,71 0,50 91,10 46,40 4,10 51,20 59,80 71,30 51,70 38,40 78,40 47,50 56,30 71,90
SAVI 1,01 1,20 1,18 1,12 1,04 1,27 1,08 1,26 1,22 1,25 1,12 1,04 1,22 1,17 0,99 1,04 1,21 0,99
NDVI 0,68 0,80 0,79 0,75 0,70 0,85 0,72 0,84 0,82 0,83 0,75 0,69 0,82 0,78 0,66 0,70 0,81 0,66
Baía de Sepetiba rio Piracão
Período e Parâmetros T1 T2 T3 T1 T2 T3
A1 C1 E1 A2 C2 E2 A3 C3 E3 A1 C1 E1 A2 C2 E2 A3 C3 E3
Biomasssa Total 228,28 219,59 205,67 221,70 224,25 234,25 230,51 197,27 171,99 259,10 94,71 62,87 209,67 75,86 66,52 270,52 137,10 38,13
Biomassa Viva 215,56 189,04 99,46 198,97 168,11 110,37 224,08 176,37 79,67 257,60 88,53 44,75 205,38 63,52 63,87 254,66 129,75 34,45
Biomassa da Copa (1) 30,95 26,70 19,88 28,01 23,56 4,06 32,07 22,90 2,64 36,22 17,71 8,32 36,67 14,37 13,07 44,18 26,97 7,47
Biomassa da Copa (2) 15,23 17,98 19,63 14,08 21,63 4,42 15,27 24,64 2,47 25,51 12,31 6,21 27,43 11,74 8,02 33,34 19,64 4,90
Biomassa da Copa (3) 65,03 44,92 19,85 59,91 46,99 4,43 67,27 42,41 2,56 60,45 25,44 13,19 55,58 17,76 20,25 67,41 38,36 10,94
Inverno 2010
Biomassa de Folhas 9,35 7,50 10,44 8,68 6,69 11,30 10,15 6,82 9,26 10,18 5,38 2,76 8,88 3,63 3,97 10,48 7,23 2,22
Altura Média 8,50 8,32 2,90 13,40 11,34 5,10 9,90 10,80 2,40 10,30 4,60 3,90 9,00 4,60 3,10 10,40 5,30 2,60
DAP Médio 15,20 12,63 3,10 16,80 17,41 4,10 15,00 14,80 2,90 12,40 5,10 3,90 10,70 5,00 4,30 12,20 6,40 3,40
Densidade 1783,30 1771,00 28730,20 1558,80 822,00 15396,80 2244,40 1511,10 28142,90 2583,30 11625,00 15333,30 3333,30 7875,00 12500,00 3066,70 9111,10 14285,70
% Rh 5,30 32,30 87,20 4,80 19,73 90,50 3,60 42,10 89,20 48,10 23,90 1,80 40,90 36,10 0,00 42,80 27,60 1,70
% Lg 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 5,80 15,00 3,60 5,00 13,70 0,00 6,40 18,90
% Av 86,10 51,07 0,10 79,70 41,48 0,80 83,00 6,20 5,00 50,60 58,60 48,00 52,20 38,60 771,00 47,70 56,10 61,40
SAVI 0,62 0,83 0,81 0,74 0,77 0,87 0,77 0,84 0,85 1,05 1,07 0,84 1,06 1,07 0,85 1,09 1,08 0,58
NDVI 0,62 0,83 0,81 0,74 0,77 0,87 0,77 0,84 0,85 0,70 0,71 0,56 0,71 0,71 0,57 0,73 0,72 0,39
Baía de Sepetiba rio Piracão
Período e Parâmetros T1 T2 T3 T1 T2 T3
A1 C1 E1 A2 C2 E2 A3 C3 E3 A1 C1 E1 A2 C2 E2 A3 C3 E3
Biomasssa Total 228,279 219,589 205,66912 221,697 224,25 234,248 230,51 197,269 171,992 259,103 94,7118 62,87424 209,669 75,8612 66,51655 270,519 137,095 38,1305
Biomassa Viva 215,559 189,044 99,458477 198,975 168,109 110,373 224,084 176,367 79,6671 257,601 88,5272 44,7489 205,377 63,5182 63,8658 254,656 129,753 34,4459
Biomassa da Copa (1) 30,9465 26,703 19,882898 28,0101 23,5578 4,05861 32,0708 22,8986 2,64476 36,2203 17,7052 8,320861 36,6731 14,3675 13,07209 44,1814 26,9664 7,46999
Biomassa da Copa (2) 15,2265 17,9774 19,629445 14,0848 21,6286 4,41736 15,2653 24,6381 2,46554 25,5085 12,3127 6,205398 27,4274 11,7395 8,018322 33,3398 19,6421 4,90442
Biomassa da Copa (3) 65,0313 44,9159 19,84997 59,9065 46,9911 4,43124 67,266 42,4093 2,56432 60,4456 25,4366 13,19227 55,5796 17,759 20,24907 67,4127 38,3603 10,9443
Biomassa de Folhas 9,34728 7,49647 10,439955 8,68078 6,68747 11,2981 10,1483 6,8194 9,25717 10,1828 5,37756 2,76198 8,88432 3,62851 3,972869 10,4808 7,22906 2,22156
Verão 2011
Altura Média 8,5 8,32 2,9 13,4 11,34 5,1 9,9 10,8 2,4 10,3 4,6 3,9 9 4,6 3,1 10,4 5,3 2,6
DAP Médio 15,2 (5,8) 12,63 3,1 16,8 17,41 4,1 15 14,8 2,9 12,4 5,1 3,9 10,7 5 4,3 12,2 6,4 3,4
Densidade 1783,3 1771 28730,2 1558,8 822 15396,8 2244,4 1511,1 28142,9 2583,3 11625 15333,3 3333,3 7875 12500 3066,7 9111,1 14285,7
% Rh 5,3 32,3 87,2 4,8 19,73 90,5 3,6 42,1 89,2 48,1 23,9 1,8 40,9 36,1 0 42,8 27,6 1,7
% Lg 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5,8 15 3,6 5 13,7 0 6,4 18,9
% Av 86,1 51,07 0,1 79,7 41,48 0,8 83 6,2 5 50,6 58,6 48 52,2 38,6 771 47,7 56,1 61,4
SAVI 0,88472 1,16427 1,12155 0,84553 1,00249 1,19478 0,82245 1,05923 1,08413 1,04762 1,06888 0,837456 1,05703 1,06536 0,851211 1,08791 1,08351 0,57642
NDVI 0,5914 0,77778 0,749077 0,56522 0,67 0,79791 0,54974 0,70776 0,72414 0,7 0,71429 0,560284 0,70612 0,71179 0,569444 0,72687 0,72385 0,38597
Baía de Sepetiba rio Piracão
Período e Parâmetros T1 T2 T3 T1 T2 T3
A1 C1 E1 A2 C2 E2 A3 C3 E3 A1 C1 E1 A2 C2 E2 A3 C3 E3
Biomasssa Total 194,925 181,381 106,86248 137,392 126,78 124,471 82,8003 168,811 90,9983 247,013 95,8624 58,12994 207,504 72,5992 55,18625 273,391 120,289 29,138
Biomassa Viva 77,758 108,579 137,9738 114,67 70,6401 130,697 76,3749 147,908 129,422 136,72 92,1177 24,75117 183,32 60,2101 18,07067 250,722 54,9057 5,41682
Biomassa da Copa (1) 10,9925 14,939 24,645548 15,5554 19,9082 4,16567 9,55916 17,7921 3,11052 19,041 18,209 3,928421 32,9535 13,778 4,405644 43,6033 13,6889 1,70106
Biomassa da Copa (2) 6,11219 11,832 21,549513 8,33993 23,5971 5,25582 4,41566 22,7011 5,69561 18,3315 12,6674 3,952721 25,8543 11,5622 3,41184 33,1133 13,0675 1,70106
Biomassa da Copa (3) 21,4732 21,5673 24,286895 33,3958 26,0546 5,08267 20,768 32,5724 4,14084 20,2525 26,3373 6,479502 48,2212 16,5768 5,716375 66,3119 14,5359 1,70106
Inverno 2011
Biomassa de Folhas 3,2632 3,9359 5,8895343 4,86113 14,4992 6,04521 3,21018 5,21197 4,75305 5,01577 5,48805 1,305097 7,55073 3,37972 1,041042 10,1964 2,69951 0,29286
Altura Média 6,5 5,38 2,9 10,4 10,34 4,6 9,7 9,7 2,5 10,1 4,8 3,2 9,4 4,6 2,7 10,4 5 2,2
DAP Médio 10,7 (5,4) 8,96 3,2 14,2 15,58 4 16,6 14 3 9,8 5,4 3,6 10,8 5 3,2 12,4 5,4 2
Densidade 1583,3 1986 27619 1352,9 378 23174,6 1177,8 1555,6 28000 2583,3 9875 10555,6 2977,8 7375 11200 3066,7 8777,8 10446,4
% Rh 5,7 31,96 83,4 5,4 18,3 88,2 3,4 43 88,5 49,5 25,6 4,5 41,3 36,9 0,1 41,9 28,8 3,1
% Lg 0 0 0 0 0 0 0 0 0,1 0 6,4 16,5 3,6 4,4 14,9 0 6,6 18,8
% Av 27,5 19,71 8,8 45,3 4,9 1,9 25,8 24,7 6,6 4,2 60,4 15,5 37,8 32,6 16 44,9 5,1 0
SAVI 0,9661 1,09265 1,20826 0,62816 0,72 1,26433 0,94362 1,10423 1,15479 1,19084 1,15144 0,852399 1,25503 1,15603 1,03654 1,06128 1,15212 0,77333
NDVI 0,64626 0,73077 0,806897 0,42029 0,48214 0,84444 0,63095 0,73856 0,77143 0,79592 0,76963 0,57037 0,83857 0,77251 0,693333 0,7095 0,77 0,51786
123
3.4 - Discussão
Giri et al. (2007) encontraram valores de NDVI entre 0,2 e 0,7. Os menores valores
dos índices foram associados às florestas cujas copas são mais abertas e por isso a medição
feita pelo sensor com uma porção menor da vegetação e maior do substrato. Isso porque,
percebe-se através do presente estudo que, a altura não tem muita correlação, mas a densidade
sim. A mistura espectral com o solo interfere bastante. Esse comportamento de diminuição
dos valores de NDVI foi verificado quando analisamos os resultados temporalmente. Em
algumas parcelas, principalmente as dominadas por Avicennia schaueriana, os valores do
NDVI de 2010 foram maiores que em 2011, provavelmente, porque foi verificado
mortalidade de alguns indivíduos dessas parcelas em virtude da praga. Tal mortalidade foi
verificada na própria imagem de satélite.
Em relação ao NDVI, os maiores valores foram verificados nas parcelas C, E, F e H.
Essas parcelas, como já descrito, correspondem às faixas de bacia e transição da região da
baía de Sepetiba e, da franja e bacia da região do rio Piracão, respectivamente. Na região do
Piracão, as parcelas F e H apresentaram maior contribuição de Rhizophora mangle que a
parcela de franja, que é dominada por Avicenia schauerianna. As florestas da baía de
Sepetiba, os maiores valores de índice também se encontram nas parcelas da transversal com
maior contribuição de Rhizophora mangle.
Essa distribuição inversa entre os resultados, relacionados com a diversidade de cada
parcela, aponta que o padrão invertido entre franja/bacia/transição para Piracão e Baía de
Sepetiba se dá principalmente pela contribuição de Rizophora mangle. Evidenciando que mais
que a característica estrutural, a dominância influencia consideravelmente na resposta
espectral de uma floresta. Tal fato não foi observado antes, muito provavelmente porque
ecossistemas de terra firma dificilmente apresentam esse arranjo de florestas monoespecíficas
e padrões estruturais como observado para os manguezais.
Assim, percebeu-se que para o período analisado, as florestas com maior contribuição
de Rhizophora mangle apresentaram (em Guaratiba) maiores valores de NDVI e SAVI
quando comparadas a parcelas com dominância de Avicennia schaueriana.
Como dito no início desse capítulo, a literatura sobre assinatura espectral de espécies
de mangue ainda é escassa e a existente é controversa. Herz (1991) estudou as florestas de
mangue através de radiômetros portáteis e imagens do Landsat/MSS, seus resultados apontam
que Avicennia possui maior reflectância (em toda a curva) que Rhizophora e Laguncularia
quando se analisa a floresta (substrato de solo ladoso ou areia). Mas ao analisar as folhas,
Herz (1991) encontra reflectância maior de Laguncularia, seguida por Avicennia e
Rhizophora. O comportamento foliar é contrário ao publicado por Wang & Sousa (2009) e
125
Rebelo-Mochell e Ponzoni (2007) que afirmaram que Avicennia germinans teria maior
reflectância, que Laguncularia racemosa, e Rhizophora mangle. A partir dos estudos de Herz
(1991), Wang & Souza (2009) e Rebelo-Mochell e Ponzoni (2007) se esperaria valores de
NDVI maiores para Avicennia schauerina, mas os resultados levantados aqui apontam
Rhizophora mangle com a de maior reflectância e, consequentemente, maiores valores de
índice de vegetação.
Embora não se possa com o presente estudo garantir como é a assinatura espectral das
espécies de mangue, pode-se afirmar que Avicennia schauerianna apresentou valores menores
de NDVI que Rhizophora mangle, considerando observações sistemáticas em campo e o
imageamento SPOT em 4 datas distintas.
Considerando as parcelas com maior contribuição de Rhizophora E e F - e
consequentemente com maiores valores de NDVI -, de maneira geral os maiores valores de
NDVI foram superiores na floresta de transição da baía de Sepetiba, provavelmente porque na
parcela de Transição há maior dominância de Rhizophora mangle.
Já nas parcelas A e J, com maior contribuição de Avicennia schaueriana, a parcela de
franja (A) apresentou NDVI médio maior que a parcela de transição. Talvez porque as
parcelas de franja da baía de Sepetiba sejam praticamente monoespecíficas, enquanto no
Picarão haja contribuição de Laguncularia racemosa.
As regressões, quando são consideradas as duas regiões concomitantemente,
apontaram baixa correlação entre parâmetros estruturais e índices de vegetação, isso se
explica, mais uma vez, pela contribuição inversa de Rhizophora mangle ao longo das estações
monitoradas.
Para a região da Baía de Sepetiba, as análises de verão foram mais robustas que as de
inverno. Porém os índices de vegetação se mostraram altamente relacionados aos parâmetros
estruturais em pelo menos um dos momentos analisados. As relações mais significativas e
com R2 mais altos foram para Densidade e Biomassas da Copa, sendo a Biomassa Total a
com menor correlação.
D´Lorio et al. 2007 descreveram que florestas de mangue de Rhizophora mangle da
Flórida, com copas mais desenvolvidas e densas, apresentam maior reflectância que bosques
anões. Infelizmente, não há dentre as parcelas monitoradas nesta tese, regiões de floresta
desenvolvida e anã de Rhizophora (monoespecíficas) para realizar essa comparação. Mas
verificou-se que em Guaratiba, as florestas dominadas de Avicennia não seguiram esse mesmo
comportamento.
126
APRESENTAÇÃO
Na seção I foram apresentadas duas técnicas para o estudo das florestas de mangue de
Guaratiba. Ambas podem gerar mapas em que as florestas de mangue são diferenciáveis a
partir de parâmetros estruturais ou de classificações ecológicas que se baseiam em
diferenciações da floresta. Os métodos adotados consideram duas lógicas distintas, uma que
parte do agrupamento de pixels semelhantes, com apoio da segmentação, para posteriormente
classificá-los; e outra que transforma a imagem em um grid de índices de vegetação, para
relacioná-los a parâmetros estruturais.
A seção I possui capítulos elaborados nos moldes de artigos acadêmicos. Em cada um
desses capítulos o artigo foi (propositalmente) elaborado para que cada mapa e técnica
discutida fossem avaliados e testados para que pudessem ser considerados representações da
realidade, ou fatos. Porque fato? Porque considerados e não simplesmente ser? Porque o papel
da ciência hoje ainda é produzir fatos11.
Latour (2000) aponta como são feitas as articulações e como são feitas as ciências
dentro do Laboratório, segundo ele a ciência está em movimento, e para entendermos um fato
temos que analisar de fora o período de construção de um “fato”. Assim o autor descreve a
temática do livro Ciência em Ação:
Esse é o movimento global daquilo que estudaremos reiteradamente ao longo deste
livro, penetrando a ciência a partir de fora, acompanhando discussões e cientistas até
o fim, para finalmente irmos saindo aos poucos da ciência em construção
(LATOUR, 2000)
11
Latour (Ciência em ação), aponta que os cientistas produzem resultados e destes, afirmações. As afirmações
podem se tornar fato à medida que é “descoberto” por um cientista é citado por outros pesquisadores, de modo
que tal informação é propagada até se tornar verdade.
130
também está em construção12. Por isso, observar todos os elementos que são o mapa, assim
como identificar o que está envolvido nas práticas de mapear é realizar mapeamento em
ação13.
No caso dos dois primeiros capítulos dessa tese, as plantas ocupam seu território, eu
mapeio as plantas, mas não são somente esses entes os responsáveis pelos mapas, são
todas as práticas científicas envolvidas no processo de mapeamento, assim como todas as
práticas envolvidas até se chegar ao processo de mapeamento. Todos os programas, todos os
computadores, satélites, todos os modelos matemáticos, qualquer elemento cuja a existência
vincula-se à produção da análise espacial e do material cartográfico.
Os mapas aparentemente representam os ambientes naturais e por isso são, eles
mesmos, considerados objetos naturais. Mas não são, na medida em que eles não foram
elaborados por esses ambientes e nem necessitam unicamente das características dos
ecossistemas para fazer o mapa. É necessário muito mais. Eles necessitam de “porta-vozes”
(LATOUR, 2004) e, por isso, eles podem ser considerados “não-somente-naturais”. Se quem
os mapeou fui eu, então seria certo afirmar que quem os definiu fui eu e os cientistas
envolvidos na coleta de dados? Novamente, não. Não apenas.
Essa seção será desenvolvida de modo a mostrar que os mapas são as ciências
contidas neles; os procedimentos para sua elaboração; sua história; as conexões nos
laboratórios em que eles se inserem e; por fim, são parte da gestão do espaço, envolvem
relações sociais, relações de poder e relações políticas. Por isso, o mapa é mais que um
conjunto de ferramentas ele modifica (movimentando) o espaço científico, ao mesmo tempo
que resulta das movimentações que ocorrem nesse espaço.
12
Esta consideração é válida para qualquer forma de construção de conhecimento sobre a realidade.
13
Latour (2000) defende que a ciência pode ser considerada a partir de duas metades, como um Jano bifronte, de
um lado tem-se a ciência pronta, apresentadas em seus trabalhos,replicadas, como fatos. Do outro lado, há a
ciência em construção. E, assim, para se entender a ciência não devemos nos ater aos fatos, mas a construção
desses, analisando o "fazer" ciência.
131
5.1 Introdução
Assim como outras práticas sociais e outras técnicas, a elaboração de mapas também
evoluíram ao longo da história da humanidade, absorvendo e se reinventando frente a algumas
inovações tecnológicas e práticas disciplinares. É indiscutível que o nascimento da produção
do conhecimento sobre a elaboração dos mapas tenha surgido com a ciência cartográfica e,
por isso, qualquer mapa carrega os preceitos dessa ciência. Mas atualmente, além desses
conceitos, o mapa incorporou características e necessidades de outras práticas científicas.
Sendo um elemento interdisciplinar que muitas vezes não é compreendido, nem em todos os
aspectos disciplinares, nem em relação a outros elementos inerentes a sua existência.
Considerando os produtos cartográficos elaborados na academia, como os produzidos
nos capítulos I e II, alguns aspectos conceituais não ficam expostos, assim como algumas das
conexões envolvidas em sua confecção. Isso porque, muitas vezes debate-se apenas a sua
questão disciplinar. Como se o mapa fosse feito a luz de cada uma dessas disciplinas, e
somente na esfera acadêmica, como produto científico que é. O mapa não é só científico e
muitas vezes ele é produzido de forma não científica e longe da academia. Para Latour (1994
e 2004), a constituição moderna, de onde emergem a ciência contemporânea, separa as
percepções da realidade em dois pólos: fato e valor. Sobre a constituição moderna, Latour
(1994), propõe:
A hipótese deste ensaio – trata-se de uma hipótese e também de um ensaio – é que a
palavra “moderno” designa dois conjuntos de práticas totalmente diferentes que,
para permanecer eficazes, devem permanecer distintas, mas que recentemente
deixaram de sê-lo. O primeiro conjunto de práticas cria, por “tradução”, misturas
entre gêneros de seres complementares novos, híbridos de natureza e cultura. O
segundo cria, por “purificação”, duas zonas ontológicas inteiramente distintas, a dos
humanos, de um lado, e a dos não-humanos, de outro. Sem o primeiro conjunto, as
práticas de purificação seriam vazias ou supérfluas. Sem o segundo, o trabalho de
tradução seria freado, limitado ou mesmo interditado. O primeiro conjunto
corresponde àquilo que chamei de redes, o segundo ao que chamei de crítica. O
primeiro, por exemplo, conectaria em uma cadeia contínua a química da alta
atmosfera, as estratégias científicas e industriais, as preocupações dos chefes de
Estado, as angústias dos ecologistas; o segundo estabeleceria uma partição entre o
mundo natural que sempre esteve aqui, uma sociedade com interesses e questões
previsíveis e estáveis, e um discurso independente tanto da referência quanto da
sociedade (LATOUR, 1994, p.16)
o período das grandes navegações. São os mapas dessa época que se diferenciam dos feitos
até o momento, tanto pelo estabelecimento da orientação do mapa para Norte (assim como
proposto por Ptolomeu, mas só se estabelecendo como senso comum no século XVI), como
pela maior preocupação com as linhas de terra e mares, ou até pela adoção (permanentemente)
das gratículas de orientação como elementos essenciais dos mapas (BROTTON, 2013).
Pelo menos para o pensamento ocidental, o grande avanço da cartografia teria se
dado centrado na Europa, estando relacionado ao Renascimento (Séculos XV e
XVI), época que começaram a surgir relações capitalistas. Com a intensificação do
comércio entre Ocidente e Oriente, o que exigiu o desenvolvimento da navegação,
houve grande ímpeto na confecção dos mapas, bem como a criação de meios para a
respectiva orientação (...) (MARTINELLI, 2013).
Nessa perspectiva, o mapa representa “os interesses” e crenças de quem mapeia, sendo
o mapeamento como um reflexo de luta política e de poder. Um exemplo são os mapas
elaborados até o século XV que tinham a orientação da parte superior, relacionado a leste (de
“oriens” em latim). Essa orientação. Outros exemplos são os mapa mundi, apresentados na
China e Austrália que, diferente do amplamente divulgado aqui, não tem a Europa no centro
do mapa (Figura 46) no caso da China e, é orientado para Sul (figura 47), no caso da
Austrália.
Fonte: http://actualidad.rt.com/
138
Fonte: http://actualidad.rt.com/
Entretanto, não foi só pelos avanços técnicos que o período do Renascimento marca a
história cartográfica. Se o pensamento for voltado não para a elaboração de técnicas, mas para
epistemologia cartográfica, esse período teve grande importância na disseminação da ciência
e também para o valor atribuído ao material cartográfico. Nesse aspecto não foi o mapa o ator
principal, mas uma outra descoberta: as novas prensas para impressão de material.
Ainda se baseando nos relatos de Brotton (2013) a adoção da prensa móvel em vários
países da Europa foi uma das grandes invenções (ou reinvenções) tecnológicas da época do
Renascimento. “(...) Há poucas dúvidas de que a nova invenção (ou reinvenção) transformou
o conhecimento e seu método de comunicação”.(BROTTON, 2013).
Com esse advento, alguns materiais de comunicação (sejam livros, sejam mapas)
passaram, através de sua multiplicação do status de raros, para populares. Com necessidade
imposta pela obrigação de usar as prensas, as mesmas obras se transformaram em objetos
passíveis de serem prensados, multiplicados e vendidos. Passaram a ser produtos vendáveis e
ótimos para a obtenção de lucro.
Com certeza, esse momento foi crucial para o processo de popularização dos mapas.
Eles não eram mais feitos a mão, de maneira cara e demorada. Não eram mais somente
disponíveis a reis, imperadores ou ao clérigo que possuíam recursos suficientes para subsidiar
sua elaboração. Agora eles eram multiplicáveis e, mesmo que ainda de acesso restrito à
nobreza ou aos intelectuais, com certeza sua disseminação era maior.
Mas, se por um lado a evolução tecnológica com as prensas alavancou a popularização
dos mapas, por outro ela também alterou a percepção sobre esse objeto. Para alguns, o mapa
continuava a ser visto como objeto científico, mas para outros ele passou a ser visto como
produto. O mapa era passível de ser representado em larga escala, e por ser desejado por
muitos, podia ser vendido. Na verdade, ele deveria ser vendido para que a prensa fosse
economicamente viável. Com essa percepção de comercialização do mapa, seu aspecto
científico e os estudos correlatos a essa crença continuavam a ser desenvolvidos, muitos
mapas foram somente replicados ou elaborados com o principal objetivo de venda e lucro.
Esse aspecto fica claro na narrativa de Brotton do mapa como dinheiro (BROTTON, 2013).
Além da visão comercial para o mapa, trazida pelas prensas, nesse momento, outro aspecto
importante é que o conhecimento espacial acabou sendo difundido, abrindo caminhos até
então não trilhados.
Há uma relação entre a evolução/história da ciência cartográfica com movimentos de
transformação da ciência e da sociedade, além de influências culturais e religiosas. Mas tendo
como base a cartografia atual, dita da sociedade moderna, e focando principalmente na
cartografia dita ocidental14 , pode-se dizer que seus avanços se deram pela necessidade de
representar vastos territórios, as fronteiras de cada estado e os terrenos conquistados. Era
como se o conceito de território se materializasse através do mapa. O mapa refletia o poder de
uma nação frente a sua expansão.
Os desenhos ou estruturas apresentavam desde então uma forma original de
interpretação acerca de seus territórios ou domínios em mares, sempre servindo para
satisfazer necessidades que foram surgindo nas condições do trabalho humano, para
demarcar vias de comunicações, definir lugares de ação e outros (SLICHTCHEV,
1979). Entretanto, a finalidade mais marcante em toda a história dos mapas, desde
seu início, teria sido a de estarem sempre voltados à prática, principalmente a
serviço da dominação, do poder. Sempre registraram o que mais interessava a uma
minoria, fato este que acabou estimulando o incessante aperfeiçoamento deles
(MARTINELLI, 2013).
14
Cabe aqui uma ressalva e um pedido de desculpas às civilizações orientais. O enfoque dado a cartografia
ocidental se deve somente ao desconhecimento da autora, principalmente pela dificuldade de acesso a
informações acerca da história oriental da cartografia.
141
Ele é uma arma poderosa para qualquer análise e manipulação de fenômenos presentes
na superfície do planeta. Atualmente sua presença está na maioria das casas, seja por
celulares, tablets, ou “Google Maps”, seja pelo material didático de uma criança, ou por um
site de aluguel de casas. Nos meios acadêmicos, está presente em um grande número de
estudos científicos, sendo elaborados por grupos de pesquisa que tradicionalmente não foram
introduzidos nesse ramo da ciência.
A falta de conhecimento básico de elementos cartográfico, pode gerar mapas de
qualidade ruim. Parte do problema é falsa ideia de facilidade de manipulação e qualidade de
informação que os softwares de informação espacial proporcionam. Mas, "a utilização errada
de conceitos ou até a falta deles, irão forçosamente surgir erros que certamente
comprometerão todo o projeto que seja apoiado cartograficamente” (Menezes e Fernandes,
2013).
Esses erros inerentes a certos materiais cartográficos podem vir da falta de valor dado,
ou mesmo desconhecimento, dos elementos cartográficos essenciais à elaboração de um
mapa. Isso porque, pode ocorrer desconhecimento das ciências intrínsecas ao mapa, ou do
conteúdo de tais ciências.
142
Portanto, ao analisar e estudar o espaço, e seus vários fenômenos, o mapa é, por si só,
interdisciplinar. Mas será que todos os elaboradores de mapa veem com o mesmo grau de
importância todas as áreas dessa atividade? Ou será que enquanto alguns acreditam que
mapear é fazer ciência, outros acham que é somente colorir?
Como a ciência cartográfica só foi constituída no século XVII, pode-se afirmar que a
arte de cartografar é mais antiga do que a cartografia em si. A percepção da sociedade sobre
os mapas como produtos cartográficos e da ciência são considerações recentes (BROTTON,
2013). Antes os mapas eram confeccionados sem serem categorizados em separado dos outros
produtos gráficos como escrita e pintura. É por isso que mapas e globos são encontrados em
pinturas ou como elementos arquitetônicos antigos.
Ao longo da história da sociedade, a percepção sobre a cartografia se modificou e com
certeza irá se modificar ao longo dos anos vindouros. Um dos exemplos dessa evolução é que
a aceitação da cartografia como ciência passou a ser largamente debatida. Ao longo da
história essa atividade foi vista como ciência, ferramenta religiosa e técnica, se
metamorfoseando, recebendo críticas e se rearranjando. Inicialmente era associada às
atividades cosmográficas e posteriormente às geográficas, para depois se constituir por si só
como ciência. Nesse sentido, pode-se dizer que a cartografia foi tão debatida como o
geoprocessamento é hoje. Autores como Castiglione (2003) acreditam que o
geoprocessamento 15 traz à tona, dentro da geografia, uma questão paradigmática, e que
vivemos hoje uma ruptura já descrita entre antigo e novo, em que uma perspectiva nova é
15
Isso, considerando o geoprocessamento relacionado a Informática, que surgou há mais de 30 anos.
143
altamente criticada por aqueles que estão presos a velhos pensamentos16. Sobre isso, Morin
(1984) diz que mudanças de paradigma estão ligadas, muitas vezes, a mudanças tecnológicas.
No caso do mapeamento de florestas, verificamos que os mapas incorporam tanto
conceitos cartográficos e geográficos como os relacionados aos aspectos biológicos. Logo,
além de interdisciplinar, ele é transdisciplinar sendo todas as ciências envolvidas em sua
elaboração. Tal olhar vem da consideração de que “a transdisciplinaridade é complementar à
abordagem disciplinar, ela faz surgir através da interação de disciplinas novos dados que se
articulam, e ela nos oferece uma nova visão da natureza e realidade. A transdiciplinaridade
não é o domínio de todas as disciplinas, mas a abertura de todas as disciplinas que atravessa e
ultrapassa” (Nicolescu, 1999).
Nessa perspectiva, o mapeamento de ecossistemas, não é a junção das ciências, é a
reunião e confronto da cartografia, geografia e biologia. Isso para uma articulação e
construção de uma nova visão sobre o objeto. O mapa de ambientes florestais é cartográfico-
geográfico-ecológico.
Objeto cartográfico porque, como veremos, para sua elaboração deve-se (ou se
deveria) ter ciência dos processos e transformações cartográficas inerentes a qualquer tipo de
produto cartográfico. Isso porque, são as representações cartográficas que definem como a
representação será e como leremos o objeto. Pois as medições e representações em geral é que
traduzirão o espaço, sendo consideradas na tomada de decisão. Por isso, cuidados devem ser
tomados para que tais representações sejam coerentes com o que se deseja levantar.
O mapa é geográfico porque busca uma representação no espaço. A representação ali
é a de um recorte espacial, e o fenômeno de interesse deve ser analisado com base em tal
recorte e com percepção do espaço geográfico. Ou seja, está em seu âmago a componente
geográfica, pois busca a representação do espaço e de fenômenos espaciais, cujo contexto,
extensão, taxonomia e dinâmica devem ser analisados antes das escolhas dos parâmetros
cartográficos para a sua representação.
Além dos conhecimentos cartográficos e geográficos, quando consideramos o
mapeamento de manguezais ou de outros sistemas florestais, constatamos que o mapa também
possui um aspecto ecológico. Isto porque, pouco adianta deter o embasamento cartográfico e
as percepções em relação a como deve ser realizada a leitura do espaço geográfico, se falta ao
16
Tal discussão é um assunto tão complexo que detalhá-lo aqui fugiria no tema central desse texto. Mas tal visão
deverá ser trabalhada por pesquisadores caso queiramos o fortalecimento das ciências relacionadas à
representação e análise da Geoinformação.
144
17
O que chamo de ecólogo incorpora, na verdade, outros cientistas que se decidam ao estudo do ecossistema,
como por exemplo oceanografia, etc.
145
essa constatação, tive uma agonia que me acompanhou até o ponto de enxergar as conexões e
a teoria que o explicasse. Esse aperto foi a primeira fonte de incerteza de que a maneira que o
mapa era visto pelos pesquisadores a quem mostrei o mapa, não era para mim a maneira que
ele devia ser visto.
Outro momento que demonstra a incerteza de como vemos e analisamos o mundo,
ocorreu durante o Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), realizado na cidade
de João Pessoa em abril de 2015 18 . Durante a apresentação da “Plataforma Google”, a
palestrante falava na nova tecnologia para mapeamento do desmatamento da Amazônia,
descrevendo o quão veloz e eficaz são os novos softwares para mapeamento - Em tempo
Real!! - da perda de áreas florestadas. Em certo momento foi projetado na parede um slide
com a frase: “Quando uma árvore cai, ela não só faz barulho, ela aciona um computador que
registra sua queda”. Tal afirmação me trouxe à tona o questionamento do que era mais
importante para a palestrante e a empresa que ela representava. Se era a queda da árvore, o
computador, o software que registra sua queda ou, o mapa que é gerado. E se é a velocidade
do registro ou a sua certeza. O que era mais importante?
Provavelmente, para muitos, o mapa gerado era o mais importante porque pode ser
usado pelos órgãos ambientais para o monitoramento e prevenção do desmatamento. Sendo
vendável e lucrativo. Portanto, importante para a Google e para os órgãos.
O software, como meio para se realizar o mapeamento, pode ser considerado tão
importante quanto o mapa. Afinal, o mapeamento é feito quase em tempo real e, “a queda da
árvore não existe se ela não for mapeada”.
Através dos seus discursos, aparentemente, para as pessoas do evento científico, os
softwares e seus mapas são os mais importantes, afinal, “a árvore já caiu”. O porquê da queda
é assunto para outro evento acadêmico, assim como discussão de como remediar a queda. O
importante, é que a queda agora é passível de ser mapeada com rapidez!
No evento ninguém questiona se há dados in situ e quais as referências para os
modelos para estimativa de biomassa das florestas, por exemplo. Isso porque enquanto no
SBSR as perguntas são em relação à técnica de mapeamento, em outro congresso as perguntas
serão sobre o estoque de carbono, o desenho amostral das parcelas de estrutura vegetal e o
modelo alométrico para estimativa da biomassa vegetal e do estoque de carbono. Como se
fossem mundos diferentes. Um para o estudo dos mapas, outro para o estudo das florestas.
18
Em meio às leituras de teoria Ator-Rede, os acontecimentos corriqueiros eram mais evidentes para mim como
reflexo da dimensão moderna.
146
Entre os dois mundos pode haver uma ponte, mas ela provavelmente se assemelha a
uma passarela de pedestre, onde passa uma pessoa por vez e em uma direção. Isso é
verificado por que há abordagens multidisciplinares nos dois laboratórios. Mas será que
realmente fazemos um trabalho transdisciplinar, ou simplesmente trocamos poucas
informações sem abalar os pilares da instituição moderna? As práticas científicas ouvem e
consideram (igualmente) todas as vozes? E quando se realiza um mapeamento, ele representa
a realidade de qual grupo? Ele representa realmente alguma realidade?
Assim como descrito para o carbono por Fernandez (2014) em sua tese, no caso do
mapa podemos dizer que frente ao nítido papel (e ontologia) multidisciplinar do mapeamento,
e também do Geoprocessamento, a discussão sobre mapeamentos de manguezais e uso das
geotecnologias para análise dessas florestas poderia seguir dois caminhos19.
Um caminho para a tese seria o de reforçar as bases científicas do Geoprocessamento,
reafirmá-lo como ciência e dizer que seus conhecimentos são o mais importante para qualquer
análise espacial e sua devida representação. Que hierarquicamente sua importância se
equipara, talvez, somente às bases cartográficas. Nessa saída condenaríamos os ecólogos
puros e a ideia que as bases ecológicas e o conhecimento vertical sobre os elementos naturais
são o mais importante para sua correta análise espacial.
Uma outra saída seria optar por defender a heresia que se é tentar mapear ecossistemas
sem o profundo conhecimento desse ambiente. "Que se a pessoa se propõe a mapear esse
ambiente", não importa o quanto eles sabem de outra área "como assim ele não sabe de
mangue20"? Que o geoprocessamento é só um conjunto de técnicas, não é necessário pensar,
só copiar passo a passo o que está em determinado artigo! Afinal, "Geotecnologia é meio,
Biologia é fim".
A adoção de um dos dois caminhos reforçaria a separação em natureza e cultura, fato e
valor, apontadas por Latour (1994) e tão praticadas a partir da ótica moderna.
No primeiro caminho a falta de conhecimento, ou até mesmo a falta de consideração e
valorização por parte dos ecólogos sobre Geoprocessamento e mapeamento seria o problema.
E talvez por isso, laboratórios com pessoas que creem (até sem saber que creem) e seguem
esse caminho fazem amostragens, classificações ecológicas da floresta, arranjo das áreas a
serem analisadas pensando somente no aspecto ecológico e não considerando o aspecto de
19
Na verdade, ambos os caminhos foram adotados pela autora durante a jornada acadêmica. Até que se chegasse
ao “caminho do meio”.
20
Muitas dessas afirmativas já foram pensadas por mim, em diversos momentos da construção da vida
acadêmica. Em fases mais inseridas no laboratório de Geoprocessamento, pensava o quanto era importante, e
os ecólogos (que querem mapas!) deveriam saber disso. Em outros momentos, indo mais a campo e estudando
a floresta, pensava, como eles não sabem da Floresta?
147
análise espacial ou mesmo em sua aplicação política. Afinal, eles que devem pensar em como
considerar os aspectos ecológicos. Mas não se quer aqui, inflamar essa crítica.
Ao nos virarmos para a segunda via podemos cair na armadilha de acharmos que as
técnicas de aquisição de dados e as interpretações das imagens nos mostram o principal. Que,
mesmo que haja um enfoque multidisciplinar, há uma importância maior do caráter
geográfico.
Cada um desses caminhos é hierárquico e competitivo, como uma competição de cabo
de guerra entre dois grupos, onde o prêmio (pendurado no meio do cabo) é um mapa, que hora
fica mais para a direita, por imprimir mais as questões geográficas ora, por refletir com mais
esmero os aspectos biológicos, tomba para a esquerda.
Essa dicotomia é considerada por alguns, consequência da modernidade. Latour
(1994) expõe que a dita modernidade (que institucionalizou diversas ciências estudadas
atualmente) fragmentou nossa percepção do mundo. Que nosso mundo é separado em polos,
seus nomes podem ser natureza e cultura, ou tantos outros que destacam as dicotomias
verificadas ao "tirarmos os óculos da modernidade e colocarmos o da teoria Ator-Rede"21.
Segundo a ótica não-moderna a separação em polos realizada pelos modernos fez com
que se proliferassem os objetos híbridos de natureza e cultura (LATOUR, 1994). Eles
emergem porque os polos separados não dão conta de estudar a realidade, e alguns objetos se
encontram entre os polos. Eles não podem ser estudados fragmentados (embora sejam), uma
vez que interagem, modificam e são modificados por atores. Eles muitas vezes não são
considerados por estudos feitos pela ótica moderna. É da modernidade que emerge a crise
civilizatória que nos encontramos.
Outros autores também apontam essa crise. Capra, por exemplo, (1998) caracteriza
uma crise de ideias. Em suas palavras,
(...) Nenhum deles [intelectuais do mundo moderno], entretanto, identificou o
verdadeiro problema subjacente à nossa crise das ideias: o fato de a maioria dos
intelectuais que constituem o mundo acadêmico subscrever percepções estreitas da
realidade, as quais são inadequadas para enfrentar os principais problemas de nosso
tempo. Esses problemas, como veremos em detalhes, são sistêmicos, o que significa
que estão intimamente interligados e são interdependentes. Não podem ser
entendidos no âmbito da metodologia fragmentada que é característica de nossas
disciplinas acadêmicas e de nossos organismos governamentais. Tal abordagem não
resolverá nenhuma de nossas dificuldades, limitar-se-á a transferi-las de um lugar
para outro na complexa rede de relações sociais e ecológicas”.
Ponto de mutação (CAPRA, 1998, p.23).
21
A metáfora dos óculos como objeto relacionado a adoção da teoria (e por isso da ótica) não moderna, foi
presentada pela Professora Fátima Branquinho e magistralmente adotada por Fernandez (2014). E como é uma
artíficio simples e inteligente de diferenciar as duas percepções (moderna e não-moderna), a mesma metáfora
será adotada nessa obra.
148
Retornando às duas saídas óbvias (na ótica moderna) descritas para se estudar o mapa,
percebemos que elas seriam adotadas por aqueles que veem pela lógica moderna e por isso,
separam objeto e sujeito; razão e emoção; natureza e sociedade; humanos e não humanos;
científicos e políticos; fato e valor. Tais dicotomias estão tão engendradas no mundo, que a
fragmentação é intensificada ao longo dos anos, e se apresentam das mais diferentes formas
para aquele que usa os óculos da modernidade. Nessa perspectiva o mundo moderno se revela
como um fractal 22 , onde dicotomias são observadas a cada escala de análise. Logo, há a
dicotomia ciência X sociedade, mas há também dicotomias dentro do próprio polo ciência,
como Ecologia x Geografia, ou ainda dentro de um polo ainda menor, entre Geografia,
Geotecnologias e Cartografia.
Então, como sair disso? Por que essa discussão não poderia nos levar a buscar o que
está entre a disputa, o que é comum aos dois polos aparentes? Segundo Bruno Latour (1994),
poderia nos levar a isso sim! Olhar o mapa como um híbrido, ousar descrever o mapa como
Geográfico-Cartográfico-Ecológico é uma oportunidade para percebermos que a existência
das dicotomias é apenas aparente, que jamais fomos modernos. Seguindo neste caminho,
devemos sair das certezas produzidas pelos meios acadêmicos, para tentar observar algo
diferente. Devemos tratar os conflitos no interior da sociedade humana, que a Ciência se
propõe a resolver, como reflexos de um conflito epistemológico, ou seja, um conflito sobre a
forma como construímos conhecimento sobre a realidade.
No trecho transcrito abaixo, Latour (2004) nos remete ao alerta de que a exclusão de
aspectos para possibilitar a análise sob a ótica da ciência moderna pode ser encarada como um
problema ético:
A cada vez que aparece um debate sobre os valores, aparece sempre uma extensão
do número de participantes da discussão. Pela expressão: “Mas há ao mesmo tempo
aí um problema ético!”, nós exprimimos nossa indignação ao afirmar que os
poderosos omitiram ao levar uma consideração certas associações de humanos e não
humanos; nós os acusamos de nos terem colocado diante do fato consumado, tendo
tomado decisões muito rapidamente, em um grupo muito pequeno, com
pouquíssimas pessoas; indignamo-nos por terem omitido, esquecido, proibido,
renegado, denegado certas vozes que, se tivessem sido consultadas, teriam
modificado consideravelmente a definição dos fatos de que se falam, ou que teriam
dado à discussão um giro diferente (LATOUR, 2004).
Frente a isso, como prosseguir? Optamos por não escolher nenhum dos lados nesse
cabo de guerra, mas o que faremos com o mapa? O que está sendo considerado? Será que
certas vozes não foram ouvidas e, por isso, há aqui um problema ético? E se tentarmos ouvir
22
Figura que é formada por uma forma geométrica onde, cada parte da figura é composta pela mesma figura
geométrica, e assim sucessivamente. Como um infinito de repetições geométricas.
149
O mundo é um só. Ele é visto através de um dado prisma, por uma dada disciplina,
mas, para o conjunto de que une as diversas disciplinas, os materiais constitutivos
são os mesmos. É isso, aliás, o que une as diversas disciplinas e o que para cada
qual, deve garantir, como uma forma de controle, o critério da realidade total. Uma
disciplina é uma parcela autônoma, mas não independente, do saber geral. É assim
que transcendem as realidades truncadas, as verdades parciais, mesmo sem a
ambição de filosofar ou teorizar.
Ou seja, mesmo que não queiramos filosofar ou teorizar tudo. Temos que enfatizar que
as conexões e articulações feitas pelo mapa e apresentadas nessa tese, não dão conta de
perceber todas as amarrações existentes. Deve-se para isso observar muito mais!
O mapa, além das articulações cartográficas-geográficas-ecológicas, também apresenta
outras vertentes. São econômicos, uma vez que um dos objetivos de se mapear manguezais é
o “acesso à produtividade” e assim eles são utilizados para a valoração do ecossistema
(Fernandez et al., 2014); são históricos, ao verificar que Guaratiba (área de estudo dessa tese)
só existe, provavelmente, porque teve um processo de ocupação diferenciado (detalhado em
Almeida, 2010); são medicinais uma vez que trabalhos como Bhimba et al. (2010);
Premanathan et al. (1999) estudam substâncias presentes em espécies de mangue para
combate de doenças e, um dia, uma mapa pode definir as áreas de ocorrência de determinadas
espécies. O mapa também possui um caráter político, já que a partir dele são tomadas decisões
e definidas várias medidas. O mapa ao fim, é tudo que representa e tudo que envolve sua
elaboração e sua utilização. Ele é antes, durante e depois. São tantas as conexões que uma tese
não dá conta de descrevê-las, um olhar não dá conta de perceber. Mas todas as conexões estão
aí, passíveis de serem descritas e cartografadas.
Para que qualquer mapa seja elaborado são necessárias algumas transformações que
são denominadas transformações cartográficas. Essas transformações são definidas como o
conjunto de processos que possibilitam a elaboração de mapas. Ou seja, que viabilizam a
representação cartográfica de dados e fenômenos espaciais.
Com o advento das geotecnologias 23 , principalmente a adoção dos Sistemas de
Informações Geográficas (SIG), algumas das transformações são realizadas automaticamente
e se encontram “embutidas” nos dados utilizados em diversas análises. Até dados gráficos,
23
São as tecnologias envolvidas no Geoprocessamento.
151
como os elementos presentes nos capítulos 1 e 2 dessa tese, foram produzidos a partir dessas
transformações, mesmo que as vezes elas sejam de total desconhecimento do analista.
É importante esse destaque para a disponibilização de qualquer dado/fenômeno
encontrado na superfície do planeta de maneira gráfica (por imagem, linha, ponto ou
polígono), algum tipo de transformação foi realizado. Isso porque um mapa mostra uma
incompleta e seletiva visão da realidade. “Mentir com mapas não é só fácil, mas essencial”
(Monmonier, 1991, p.7).
Os tipos de transformações para a elaboração de material cartográfico podem ser
divididos, segundo Menezes e Fernandes (2013), em três categorias: geométricas, projetivas
e cognitivas.
As transformações geométricas são aquelas responsáveis por relacionar em
coordenadas (no mapa) os fenômenos observados, estudados e analisados na superfície
terrestre. Elas dizem respeito basicamente à escala e ao sistema de coordenadas. A escala
refere-se ao tamanho utilizado para a representação do mundo real, sendo definida como “a
relação entre a dimensão representada do objeto e sua dimensão real” (MENEZES;
FERNANDES, 2013). Mesmo sendo um artifício diretamente relacionado à proporção e
principalmente atribuído à área de mapeamento, sua importância na geração de diversos
mapas, como os temáticos, está não só na área a ser representada, mas no detalhamento dessa
representação. Isto porque a escala, juntamente com as transformações cognitivas, determina
como, e em que grau de generalização um certo fenômeno será mapeado. Essa relação entre
escala e generalização, será explorada, nesse texto, quando mencionarmos as transformações
cognitivas.
Além das transformações escalares, a transformação relacionada ao sistema de
coordenadas também compõe o grupo de transformações geométricas. É através de um
sistema de coordenadas (geográficas) que um objeto presente da superfície do planeta pode ter
a especificação que o torna único: sua posição. E, é só a partir do sistema de coordenadas, que
há uma transposição coerente entre o ordenamento no real e sua relação no mapa.
O sistema de coordenadas está arrolado ao sistema geodésico, isso porque, assim como
relatado por Menezes e Fernandes (2013) em cada sistema de referência um mesmo objeto
possui coordenadas diferentes. No caso dos produtos cartográficos, existem basicamente os
sistemas de coordenadas planos (normalmente em metros) e os sistemas de coordenadas
geográficos (em graus, minutos e segundos). A adoção equivocada de dados provenientes de
sistemas geodésicos distintos num mesmo projeto pode ocasionar problemas sérios na
interpretação e análise do espaço.
152
24
Para a cartografia, uma escala maior, possui menor generalização e maior detalhamento, por isso representa
uma menor área. Uma menor escala, em oposição, possui maior generalização, menor detalhamento. Nessa
definição, um mapeamento feito na escala de 1:20.000 tem maior escala que outro realizado em 1:50.000.
154
depende da qualidade de sua generalização e que aspectos há nela. Outro exemplo do papel
da generalização/simbolização é o mapa do metro, ele não se preocupa com a forma ou
distâncias. Ele simplesmente traduz de forma simples o conteúdo necessário para o usuário
final. Isso porque, o melhor mapa não é o que contém tudo, mas o necessário à compreensão
do fenômeno. Mesmo que para isso se afaste da realidade.
A geoinformação pode ser observada e por isso representada (dependendo da escala
adotada) como fenômeno pontual, linear ou de área. Cada um desses fenômenos depende de
um tipo de generalização.
Assim como apresentado por Monmonier (1991), os fenômenos lineares podem sofrer
5 tipos de generalização: seleção, simplificação, deslocamento, suavização e realce; os
fenômenos pontuais podem sofrer: seleção, deslocamento, associação, abreviação, agregação
e conversão para área e; as feições de área: seleção, simplificação, deslocamento, suavização,
realce, agregação, dissolução, segmentação, conversão para pontos e conversão para linhas
(Erro! Fonte de referência não encontrada.50).
Cada tipo de generalização alterará o dado original de uma maneira que ele já não é
mais uma representação exata da realidade, mas atende aos objetivos do mapa que foi
155
25
De acordo com as normas da legislação cartográfica (decreto-lei n.º 243/67), a cartografia sistemática tem, por
fim a representação do espaço territorial brasileiro por meio de cartas, elaboradas seletiva e progressivamente,
consoante prioridades conjunturais, segundo os padrões cartográficos terrestre, náutico e aeronáutico.
156
apud MARTINELLI 2003). Sendo a cognição relacionada à pessoa que faz o mapa, seu
resultado é condicionante às características dela. Ou seja, seu arcabouço de cultura, formação,
etc. Um mapa, como um quadro não é só a representação do que é visto, mas também de
quem faz a representação. As relações espaciais podem estar na superfície estudada, mas só
pode ser registrada através da interpretação de alguém, que por sua vez, possui uma série de
características (culturais, sociais, filosóficas e ideológicas), as quais de alguma maneira são
expressas ou influenciam o mapa elaborado. Por isso o usuário do mapa, sempre deve ficar
atento, assim como exposto por Monmonier (1991):
Mostrando como mentir com os mapas, eu quero fazer os leitores ficarem atentos
que, como discursos e pinturas, são coleções de informações feitas por alguém e
também estão sujeitas a distorções decorrentes de ignorância, ganância, cegueira
ideológica, ou malícia (MONMONIER, 1991, p. 2)
5.4.1 O advento do sensoriamento remoto (sr) e seu papel como fonte e análise do mundo
outras obras ou outros mapas. Esses por muitas vezes eram utilizados como única fonte de
dados para a elaboração de um mapa.
É importante destacar que por muito tempo, a elaboração de mapas era restrita a
cientistas específicos que estudavam e realizavam somente esse ofício. Além disso, o mapa
era um objeto custoso e seleto. Vários são os relatores de imperadores e reis que contratavam
seleto grupo para realização de mapas do seu império ou reinado.
Ao longo da história o mapa deixa de ser um símbolo de poder, um troféu, e passa a
ser uma fonte de conhecimento. Na época das navegações, como já descrito, o mapa se
transforma em ferramenta fundamental para o transporte marítimo, mas ainda é direcionado
ao grupo específico. Após a criação das prensas, assim como relatado por Brotton (2014),
houve grande popularização dos mapas, mas nada comparado ao vivido nos últimos 30 anos
com a evolução das geotecnologias.
As geotecnologias podem ser definidas como “o conjunto de tecnologias para coleta,
processamento, análise e oferta de informações com referência geográfica” (ROSA, 2005)26.
Elas englobam as fotografias aéreas, receptores de GNSS 27 , imagens aéreas, Sistemas de
Informação Geográfica (SIG), programas para processamento de imagens digitais, Laser
Scanner, entre outros.
No âmbito do mapeamento temático, uma das técnicas mais utilizadas de aquisição de
dados da superfície terrestre é, sem dúvida, o Sensoriamento Remoto, que é definido como a
técnica que permite obter dados de algum objeto ou superfície, sem contato direto com o
mesmo. Tal aquisição ocorre por meio de plataformas terrestres, aéreas (aviões e balões) ou
orbitais (satélites) (FLORENZANO, 2007).
A evolução dos sensores foi muito grande nos últimos anos. Tanto que, atualmente,
podemos obter dados de relevo, temperatura, altura de copa de árvores, salinidade dentre
outros. Logo, é inquestionável sua contribuição como fonte de dados. Isso porque proporciona
dados de grandes áreas quase simultaneamente e, às vezes, de lugares de difícil acesso.
Segundo Florenzano (2007), a história do sensoriamento remoto nos remete à história
da fotografia, a qual tem o exemplar mais antigo, datado de 1926. O responsável foi o
inventor francês Joseph Nicephore Niepe, que largou o exército para se dedicar à evolução
26
É importante destacar que no âmbito desse estudo, Geotecnologias e Geoprocessamento não serão usados
como sinônimos. Enquanto Geotecnologia é “o conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e
oferta de informações com referência geográfica” (ROSA, 2005), considera-se Geoprocessamento como a
ciência que envolve a aquisição, armazenamento e manipulação da Geoinformação. Essa postura é evidenciada
porque a autora acredita que adoção de Geotecnologias como fenômeno de Geoprocessamento enfraquece os
embates políticos-científicos que existem “dentro da Geografia” para reconhecimento do Geoprocessamento
como disciplina a ser estuda.
27
Sigla para Sistema Global de Navegação por Satélite.
160
dessa técnica. Só após cerca de 30 anos dessa descoberta, a primeira fotografia aérea foi
retirada, a bordo de um balão. Depois do ocorrido, estudos foram feitos para a evolução dessa
técnica e disseminação dessa aplicação.
Mas paralelamente, balões já eram usados em 1860 para mapeamentos de tropas
inimigas na Guerra civil americana. Na ocasião, fotografias aéreas não eram utilizadas e sim
desenhos feitos por soldados representando a localização das tropas. Mas o que são os olhos,
senão os primeiros sensores remotos que temos contato?
Voltando à relação entre Geotecnologias (principalmente o Sensoriamento Remoto) e
a Cartografia Temática, seus avanços e disseminação alavancaram as práticas cartográficas e
disseminaram a prática de elaboração de mapas até para aqueles pouco aptos a fazê-lo.
No mundo de hoje, com a globalização da tecnologia, tendo destaque na informática
e nas telecomunicações, a cartografia conta com inúmeras contribuições consistentes
para efeito do desenvolvimento. É patente a ampla difusão de mapas e de
possibilidades para sua elaboração por parte do grande público, mesmo não havendo
um adequado preparo (MARTINELLI, 2003, p.11).
Aqui, usa-se como referencial teórico o exposto por Jensen (2009) e também
defendido por Lang e Blaschke (2009) ao posicionar o SR em relação às demais ciências. A
aplicação do SR, como dito anteriormente, aumentou significativamente nos últimos anos,
entretanto, muitos pesquisadores o entendem apenas como uma ferramenta, um método de
estudo para sua ciência. Jensen (2009) acredita que sensoriamento remoto é uma ciência.
Porém fala também que o SR pode ser considerado uma ferramenta, como a matemática é
para alguns.
O uso sofisticado de sensores para medir a quantidade de energia eletromagnética
que emana de um corpo ou objeto ou área geográfica, a distância e depois a extração
de informação importante dos dados usando algoritmos baseados em matemática e
estatística é uma atividade científica” (FUSSEL et al. 1986 apud JENSEN 2009).
diversas características inerentes aos objetos. Assim como exposto no capítulo II, sobre o
comportamento espectral da vegetação.
Fonte: Adaptado
do de Menezes & Fernandes, 201
2013.
O Sensoriamento Remoto pode ser visto por alguns como mais uma forma de coleta e
tratamento dos dados para a concepção do mapa e por esse aspecto ele está inserido na parte
“Tratamento” do sistema apresentado. Contudo, o grau de interferência dessa técnica na
leitura dos fenômenos sobre a superfície da terra é tanta que ele deve ter seu próprio destaque
do processo de comunicação cartográfica.
Sendo assim, propomos aqui uma releitura ao sistema de comunicação cartográfica
(Figura 55),
), partiríamos do Mundo real, que com a consideração do Sensoriamento Remoto
não é mais a “Fonte dos dados”, mas o locus dos fenômenos estudados e passíveis de serem
analisados num caráter espacial.
Os satélites presentes no mundo real registram nas imagens os fenômenos28. São eles a
primeira representação da realidade presente no sistema cartográfico, mesmo que realizada
por objetos (os satélites!29). Tal representação da realidade pode ser de diferentes maneira
maneiras
sem virtude das características do satélite que registra os fenômen
fenômenos,
os, seus sensores e suas
imagens.
28
Em uma imagem, esse registro é um instante. Para a percepção de fenômenos, muitas vezes é necessário o uso
de múltiplas datas.
29
Quase-sujeitos
sujeitos como será apresentado no ítem 4.6 do pres
presente capítulo.
165
Assim como definido por NOVO (2010), são os sensores que convertem a energia
proveniente dos objetos em imagens (no caso dos sensores imageadores), permitindo que a
interação física (de radiância, emitânica ou retroespalhamento), seja associada à assinatura
espectral. As características básicas dos sensores e suas imagens são: a resolução espacial,
espectral, radiométrica e temporal.
A resolução espacial está ligada ao tamanho do pixel de uma imagem, sendo “a menor
feição passível de detecção do instrumento em questão” (NOVO, 2001). Ela é a capacidade de
distinção espacial do fenômeno na superfície terrestre, portanto, interfere na maneira do seu
usuário “enxergar” o fenômeno.
É o número de bandas que um sensor mede e, a abrangência dessas bandas o
considerado na resolução espectral. Ela é “a amplitude dos intervalos de comprimento de
onda nos quais a radiação eletromagnética é registrada” (FONSECA; FERNANDES, 2004).
A resolução espectral é fundamental para que a imagem registre mais do que os olhos
humanos são capazes de ver. Isso porque os sensores medem a resposta dos objetos além da
faixa do espectro eletromagnético chamada de “faixa do visível”, registrando em imagem
características às quais sem essas imagens seríamos cegos. A resolução radiométrica descreve
a habilidade do sensor em “distinguir variações no nível de energia refletida” (NOVO, 2010),
sendo normalmente indicada em função dos Níveis de Cinza da imagem. Uma resolução
166
radiométrica de oito bits significa que o a imagem tem um leque de variação de 265 níveis de
cinza (28=256) (FONSECA & FERNANDES, 2004).
Atualmente, existem vários satélites imageadores na órbita terrestre, cada qual com
sensores de diferentes resoluções espaciais, espectrais e radiométricas. Além disso, por a
imagem ser menor do que a superfície que ela imageia e, por representar em um só número (o
do pixel) todos os objetos presentes naquela área, ela já realiza na sua elaboração duas das
transformações descritas para a elaboração dos mapas: a transformação geométrica (escalar) e
a de generalização. Sendo assim, pode-se dizer que as imagens, oriundas de diferentes
sensores, são diferentes representações da realidade e influenciarão a elaboração do mapa
final, pois cada imagem possibilita um tipo de leitura da realidade.
Ao voltar para o sistema cartográfico, que é baseado na imagem de satélite como fonte
de dados, tem-se o tratamento do dado para que seja transformado em informação geográfica.
Esse processo engloba tanto os processos relacionados ao tratamento e manipulação da
imagem, como as etapas para representação dessas informações em um sistema
bidimensional.
Em relação ao tratamento e manipulação da imagem, assim como se têm vários tipos
de imagens de satélite considerando seus vários tipos de resolução, também existem vários
processos de tratamento e classificação das imagens.
Para se realizar um mapeamento baseado em uma imagem de satélite, primeiro a
imagem deve sofrer correções em relação aos erros inerentes à sua aquisição, tanto
geométricos como radiométricos (NOVO, 2010). Após a correção é realizada a classificação
da imagem, que é definida como “o processo de atribuir a um pixel em função de suas
propriedades numéricas” (Novo, op. Cit.). O processo de classificação adotado pode ser o
visual, o não-supervisionado e o supervisionado. Todos, seja na própria etapa de classificação,
seja para a avaliação da classificação, necessitam do conhecimento do usuário pela área
fenômeno e resposta espectral. É como se a classificação da imagem resultasse da
interpretação do usuário daquele imageamento.
Isso porque embora a imagem e seus pixels representem os objetos distribuídos na
realidade eles serão interpretados por um usuário e a leitura que será feita, dependerá dos
objetivos, preconceito e ideologias que o usuário tiver, assim como descrito para o mapa. Do
mesmo modo como Brotton (2013) afirma que “aideia de mundo pode ser comum a todas as
sociedades, mas diferentes sociedades têm ideias muito distintas do mundo e de como ele
deve ser representado”. Para qualquer fenômeno, diferentes pessoas têm ideias e valores
diferentes sobre os fenômenos representados.
167
O que se tem nesse processo todo, unindo tudo o descrito até aqui, é a criação de um
objeto monossêmico (o mapa) a partir de outro polissêmico (a imagem), podendo então ser
dito que são confeccionadas representações a partir de outras representações da realidade. Se
a partir desse pensamento reavaliarmos os capítulos I e II, verificamos que há muito mais
nuances e influências do que as expostas. O mapa se apresenta então, recheado de valores.
A imagem é um objeto polissêmico, onde o pixel possui vários significados (biológico,
político, sociais) e sua transformação em objeto monossêmico, onde cada localidade é
associada a somente uma feição registrada na legenda, depende dessa etapa de tratamento dos
dados.
Além do conhecimento sobre os fenômenos e as etapas de correção e classificação da
imagem, o conhecimento cartográfico relacionado a suas transformações ainda é
imprescindível. Sem elas, um produto cartográfico além de possuir severos erros de
representação, pode não ser entendido (ou ser erroneamente interpretado) pelo usuário do
mapa, o que causaria sua inutilidade. Então, dentro do sistema de comunicação cartográfico
estão também as transformações cartográficas.
Uma questão importante é que com a disseminação das geotecnologias e com a
popularização do trabalho com sensoriamento remoto, algumas das etapas descritas são
eventualmente negligenciadas ou realizadas sem o mínimo de cuidado e considerações
necessárias. Sobre isso Castiglione (2003) relata que:
A nova complexidade do espaço chamou mais a atenção da sociedade para as
representações deste e, neste aspecto, a resposta do geoprocessamento, inclusive por
conta de uma primeira impressão lúdica que ele traz aos neófitos, possibilitou um
grande movimento de popularização das representações do espaço. Esse é sem
dúvida um fato novo, que se insere na ambiência e no espírito pós-moderno, que
aduz um apelo comercial que de forma alguma existia na cartografia convencional.
Não há nada de essencialmente pernicioso na difusão que o geoprocessamento vem
experimentando. Há apenas a preocupação de que esta demanda comercial acabe
por, em algum momento, interferir no processo de seu desenvolvimento científico,
ao privilegiar abordagens mais simplistas e comercializáveis (CASTIGLIONE,
2003, p. 43).
Quando se inicia uma empreitada onde a necessidade clara é o que se quer mapear,
todo o resto são incertezas. Isso porque o que se tem na cabeça é somente a legenda final do
mapeamento, são os fenômenos que se quer representar.
Assim, começa-se uma jornada com uma ideia que para sua concretização várias
escolhas devem ser feitas, cada uma delas interferindo no mapa ao qual será relacionado a
legenda idealizada. É como no início tivéssemos uma sacola de compras vazias, e ao longo do
trajeto colocássemos elementos necessários para a elaboração do mapa. Que imagem será
usada? Que tipo de correções serão feitas? Como elas serão realizadas? Qual processo de
168
classificação será adotado? Qual a escala do mapeamento? Cada uma das respostas, assim
como cada um dos conjuntos de combinações resultará em um mapa diferente.
As respostas a cada uma das perguntas, os itens “colocados nas sacolas” nem sempre
se dão com base na eficiência científica, às vezes não se tem, por exemplo a melhor imagem,
mas a mais barata, ou a conseguida através de um convênio. Não se escolhe a classificação
que se quer fazer, mas aquela que se sabe fazer, ou aquela permitida pelo software que se tem
no laboratório de pesquisa. São inúmeras as conexões presentes num ato de mapear e, se não
se pode ter controle de todas, é imprescindível pelo menos seu reconhecimento.
No caso do Capítulo I, por exemplo, a imagem IKONOS foi a adotada, por ser a
imagem de alta resolução mais barata que existia na época de sua execução (mais detalhado
no capítulo IV). Do mesmo modo, que o uso das imagens SPOT (do capítulo II) surgiu em
virtude de uma parceria do NEMA com a Planet Action, uma ONG francesa vinculada a
empresa responsável pelos satélites SPOT. Ou seja, o que foi colocado na sacola de compras
nesses dois capítulos, transcende as descrições técnicas e metodológicas.
Além disso, no processo cartográfico apresentado, os fenômenos são representados a
partir de uma classificação que tem como premissa as percepções das pessoas que elaboram o
mapa. Tal conhecimento pode ser “mais cartográfico” ou “mais ecológico”, no caso do
mapeamento de manguezais e a influência de cada um desses polos, também resulta em
diferentes mapas.
Nesse sentido, o mapa é cada uma das etapas, produtos e processos presentes em sua
elaboração. Além de serem também as conexões realizadas para que cada um dos produtos
fosse adquirido ou que interferiram na escolha de um dos processos.
influenciar a ordem social. A segunda abordagem, definida por Latour (2012) e adotada no
âmbito dessa tese, considera o “social” não um domínio especial de observação, uma esfera
específica, “Mas apenas como um movimento peculiar de reassociação e reagregação”
(LATOUR, op. cit., p. 25). Em suas próprias palavras:
Segundo essa visão, o direito, por exemplo, não deve ser visto como algo explicável
pela “estrutura social” além da lógica interna; ao contrário, sua lógica interna é que
pode explicar alguns traços daquilo que faz uma associação durar mais e estender-se
por um espaço maior. [...] A ciência não precisa dar lugar ao “quadro social”,
moldado por “forças sociais” tanto quanto por sua própria objetividade, pois os
objetos dela deslocam, eles próprios, qualquer contexto graças aos elementos
estranhos que os laboratórios de pesquisa associam de maneira imprevisível
(LATOUR, 2012, 25).
Sendo assim, o social não é uma esfera a ser considerada, por exemplo ao dizer que
um certo projeto de pesquisa de doutorado é social porque “o produto gerado auxiliará
projetos de conservação e restauração de florestas de mangue em todo o Brasil, com grande
importância para o planejamento e execução de políticas públicas, podendo vir a incrementar,
por exemplo, o mapeamento de uso e cobertura do solo dos Zoneamentos Ecológicos
Econômicos”, como presente nesta tese. O social nesse texto é muito mais um movimento de
associações.
Os mapeamentos elaborados nos capítulos I e II só puderam ser feitos pelas
associações entre dois laboratórios: O Núcleo de Estudos em Manguezais (NEMA-UERJ) e o
Laboratório Espaço de Sensoriamento Remoto e Estudos Ambientais (Lab. ESPAÇO –
UFRJ). Eles emergiram de dentro dos laboratórios e, para entendermos as conexões
envolvidas na territorialidade dos manguezais, é necessário olharmos dentro e fora de seu
locus de produção. Para isso, seguiremos a primeira regra metodológica sugerida por Latour
(2000) para seguir cientistas rumo afora que consiste em “Não tentarmos analisar os produtos
finais, em vez disso, seguiremos os passos de cientistas e engenheiros nos momentos e nos
lugares nos quais planejam esses produtos finais.” Vamos visitar os laboratórios envolvidos
no mapeamento dos manguezais de Guaratiba, focando nos pontos mais evidentes para a
construção da rede do mapeamento de manguezais. Sendo o objetivo o de relacionar as
conexões dentro e entre laboratórios.
Os dois laboratórios foram criados com intervalo de um ano, sendo o ESPAÇO
estruturado em 1996 e o NEMA do ano posterior. O primeiro, através da Professora Carla
Madureira (na época, professora visitante do Departamento de Geografia da UFRJ) e o
NEMA pelo professor Mário Soares (também então professor visitante, mas da oceanografia
da UERJ).
170
A monografia foi realizada através de uma parceria com o INPE, desta vez com o
professor Milton Kampbel, o curioso aqui era que os métodos utilizados foram os mesmos da
dissertação da Ana Margarida (PORTUGAL 2002). Mesmo os dois trabalhos tendo pouco
mais de 5 anos de diferença. Ou seja, nossos métodos e motivos para medir plantas tinham
evoluído, crescido, assim como as áreas monitoradas tinham se expandido, mas as técnicas de
mapeamento eram as mesmas e, realizadas ainda da mesma maneira, somente através de
parcerias.
A partir de relações sociais totalmente alheias à universidade tive conhecimento da
Professora Carla Madureira da UFRJ e a convidei, com aval do Mário, para compor minha
172
30
Foi esse estudo que deu origem ao capítulo III dessa tese.
173
de 2002, posterior ao projeto de monitoramento, o número de trabalho foi o dobro dos dois
anos anteriores (SBSR, 1996; 1998 e 2001).
Entre 2002 e 2003, dois ou três projetos ocorriam concomitantemente. Sendo eles o
“Mapeamento da Cobertura e Uso da Terra para o entorno do PARNA de Jurubatiba”; o
“Subprojeto Sensoriamento Remoto, Cartografia e Bancos de Dados Geográficos para o
Projeto Caracterização do Meio Socioeconômico e Previsão de Impactos na Área de
Influência da Atividade de Exploração de Petróleo na Bacia de Campos” e a “Integração de
dados físicos, bióticos e socioeconômicos no Levantamento e Diagnóstico Ambiental da Área
de Influência da CNAAA”. Tal crescimento, fez com que o ESPAÇO passasse de uma equipe
de cerca de 5 pessoas, para um grupo de pesquisa com mais de 10 integrantes.
Em 2005, outro grande projeto foi elaborado pelo laboratório ESPAÇO, sua execução
não só foi responsável pelo crescimento de infraestrutura do grupo de pesquisa, mas foi nesse
momento que se inseriu uma nova metodologia (a utilizada no capítulo I dessa tese!) ao grupo
e fez com que o grupo se tornasse um exemplo um laboratório de ponta e seguisse novos
caminhos. O “Mapeamento da Cobertura Vegetal da Mata Atlântica” (PROBIO) foi uma
parceria do grupo ESPAÇO como o Ministério do Meio Ambiente (MMA) ele durou um ano
e objetivava o mapeamento dos remanescentes da Mata Atlântica em âmbito nacional. Fazer
esse mapeamento em um ano era uma meta ousada e necessitava de um método de
mapeamento eficaz.
A primeira ideia [em usar o eCognition] foi em 2004, eu e Raul [Sanchez, atual
professor da UFF] numa proposta para o Ministério do Meio Ambiente para o
mapeamento da Mata Atlântica. Isso foi em 2004. Acho que começamos em 2005.
Nessa época era a versão 4. A ideia foi porque a proposta era muito grande, o Bioma
inteiro, num tempo muito curto. Então precisávamos inovar em termos
metodológicos. (...) como não tínhamos a mínima ideia de como usar o GEOBIA, a
Carol Pinho do INPE acabou sendo nossa consultora. Naquele primeiro projeto
usamos o eCognition de uma forma muito simples, mas já era bastante inovador para
o momento. E possibilitou que a gente conseguisse em um ano, completar o
mapeamento que correspondia a uma área de 1100.000 Km2 em uma escala de
1:250.000 (CRUZ, 2015 -comunicação pessoal).
31
Quando entrei no ESPAÇO, ainda mais influenciada pela parte ecossistêmica, esquecia que o mapeamento é
(ou deveria ser) a junção das duas visões e “me pegavam” sempre, tentando “ver o caranguejo” através das
imagens de satélite.
176
humanos, falam por si mesmos, mas sempre por outra coisa” (LATOUR, 1994). O objetivo
aqui é elencar os humanos e não-humanos 32 presentes na constituição relacionada ao
mapeamento de manguezais e, por isso também, a historicidade sobre o NEMA e o ESPAÇO
é pertinente.
A partir da abertura das “caixas pretas” dos dois laboratórios, percebemos como as
ciências de ecológicas e cartográficas; ou melhor a ciência de “estudar e mapear plantas33” é
feita nos dois laboratórios a partir das mesmas bases e conexões. Que essas práticas possuem
não-humanos (plantas e imagens de satélite; computadores, métodos de medição e
classificação) e humanos (professores, estudantes, avaliadores de projetos), isso como
qualquer produto científico. Assim podemos ver claramente que o que Latour (2011) descreve
para um estudo com endorfina, se aplica também para o mapa:
Observando o gráfico desenhado no papel que vai saindo devagar do fisiógrafo,
entendemos que estamos na junção de dois mundos: um de papel, do qual acabamos
de sair, e um do instrumento, no qual acabamos de entrar. Na interface é produzido
um híbrido: uma imagem bruta que será usada depois num artigo, mas que agora
está emergindo de um instrumento (LATOUR, 2011)
Já verificamos que o mapa são as ciências contidas nele, os elementos para sua
elaboração assim como os laboratórios e os pesquisadores envolvidos em sua feitura. Mas os
mapas são tanto o que os concretiza como o interesse que está por trás de sua elaboração e a
interação após a sua concretização. Eles são tanto o antes, como o durante e o depois de sua
elaboração.
O mapeamento, tanto na sociedade contemporânea como nas civilizações mais antigas
(como da Grécia Antiga, Navegações e Renascimento), seja qual fosse a área abrangida, a
32
Humanos e não-humanos são terminologias usadas por Latour (1994) para descrever os integrantes da rede
sociotecnica, sejam pessoas ou objetos.
33
Se o objetivo desse estudo é acabar com as dicotomias, vamos olhar para essa prática de uma maneira menos
fragmentada.
177
sobre Moluscas, do Tratado de Madri), seja para a construção de um Estado-Nação (no caso
da República Francesa).
Exemplos do papel científico-político do mapa também são facilmente encontrados no
mundo contemporâneo, tanto em empregos globais como em nacionais ou regionais.
Uma das aplicações mundiais da elaboração de material cartográfico para um fim
político se relaciona às políticas mundiais relacionadas às Mudanças Climáticas, sendo esta
amplamente debatida em Fernandez (2014).
Em âmbito mundial, os Inventários Nacionais à cerca das emissões de gases do efeito
estufa são as fontes de informação para as reuniões e tomadas de decisões da Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (United Nations Framework
Conventionon Climate Change – UNFCCC) (Fernandez, 2014).
Os Inventários Nacionais, denominados Comunicações Nacionais, representam o
diagnóstico mundial das emissões e remoções antrópicas de gases causadores de efeito
estufa (GEEs), incluindo o monitoramento necessário para verificação do
cumprimento das metas estabelecidas do Protocolo de Kyoto. Devem ser transmitidos
à Conferência das Partes, por meio de Secretariado, utilizando metodologias
comparáveis, desenvolvidas e aprovadas pela Conferência das Partes (FERNANDEZ,
2014, p, 216).
O Código Florestal Brasileiro foi estabelecido pela lei Federal 12.651 de 25 de maio
de 2012 e “ dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Dentre as várias diferenças do
“antigo código” está a apresentação do CAR, apresentado no capítulo VI da lei:
CAPÍTULO VI
DO CADASTRO AMBIENTAL RURAL
Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público
eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a
finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais,
compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e
econômico e combate ao desmatamento.
§ 1o A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente,
no órgão ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá
do proprietário ou possuidor rural: (Redação dada pela Lei nº 12.727, de 2012).
I - identificação do proprietário ou possuidor rural;
II - comprovação da propriedade ou posse;
III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo,
contendo a indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de
amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de
vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito,
das áreas consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal.
§ 2o O cadastramento não será considerado título para fins de
reconhecimento do direito de propriedade ou posse, tampouco elimina a necessidade
de cumprimento do disposto no art. 2o da Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001.
§ 3o A inscrição no CAR será obrigatória para todas as propriedades e posses
rurais, devendo ser requerida no prazo de 1 (um) ano contado da sua implantação,
prorrogável, uma única vez, por igual período por ato do Chefe do Poder Executivo.
Art. 30. Nos casos em que a Reserva Legal já tenha sido averbada na
matrícula do imóvel e em que essa averbação identifique o perímetro e a localização
da reserva, o proprietário não será obrigado a fornecer ao órgão ambiental as
informações relativas à Reserva Legal previstas no inciso III do § 1o do art. 29.
Parágrafo único. Para que o proprietário se desobrigue nos termos do caput,
deverá apresentar ao órgão ambiental competente a certidão de registro de imóveis
onde conste a averbação da Reserva Legal ou termo de compromisso já firmado nos
casos de posse
O CAR foi criado para a organização do espaço territorial do Brasil e de seus imóveis
rurais, assim como definição das áreas de Reservas Legais e Áreas de Preservação
Permanente, como disposto em Brasil (2012). Para sua realização existe uma página
eletrônica específica, o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural
(http://www.car.gov.br/), onde se pode fazer o download do programa específico que faz o
Cadastro.
Além da inserção de documentos legais referentes ao Imóvel, outra etapa para o
cadastro é a delimitação do imóvel em imagem de satélite disponível do programa, além da
delimitação de possíveis áreas de APP e a área da reserva legal. Ou seja, um instrumento
nacional para o cadastro dos imóveis rurais e seu mapeamento online.
180
Todos os exemplos apontados até aqui são os mais diferentes possíveis, tanto no
aspecto temporal como em relação aos objetivos e aplicação, mas todos retratam o papel
científico-político que o mapa possui ao longo da história, mesmo antes da modernidade, mas
com certeza muito mais complexa após.
Atualmente, o mapeamento de manguezais é feito principalmente com o uso das
geotecnologias (principalmente o Sensoriamento Remoto). Como descrito por Kuezen et al.
(2011), o sensoriamento remoto em manguezais fornece informações para:
Inventário do habitat;
Detecção de mudanças e monitoramento;
Suporte para a avaliação de ecossistemas;
Acesso à produtividade;
Estimativa da capacidade de regeneração;
Planejamento de trabalho de campo;
Acesso à qualidade de água;
Fornecer informações para o manejo e respostas a desastres.
Alguns, se não todos, os objetivos descritos por Kuenzen et al. (2011) ratificam as
relações políticas que os mapas possuem. O “inventário do habitat” pode ser a base de estudos
de valoração ambiental e; junto com a detecção de mudanças podem ser a base da
quantificação de sequestro de carbono de uma região. Como dito em relação às medidas do
IPCC, os mapas aqui também servem de base para gestão do território e decisões e
articulações políticas da sociedade deixando de ser uma mera representação de um ambiente e
passando a ser ferramenta concreta de tomadas de decisões. A relação entre mapeamento e
relações políticas talvez fique mais evidente ao detalhar os objetivos fins dos dois
mapeamentos apresentados na outra seção dessa tese.
Como já mencionado, os mapeamentos da tese foram elaborados no âmbito das
pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo de Estudos em Manguezais (NEMA-UERJ). A primeira
demanda, a diferenciação das florestas de mangue em tipos fisiográficos, surgiu no
NEMA/UERJ no projeto de análise do papel do ecossistema manguezal com sequestrador de
carbono atmosférico. Esse tipo de estudo se relaciona a outra complexa rede sociotécnica
descrita por Fernandez (2014) e alimenta as práticas relacionadas aos estudos de mudanças
181
climáticas e mudanças de uso da terra (focando na análise da emissão dos gases do efeito
estufa).
Esse tipo de estudo relaciona-se também aos estudos de desmatamento da Amazônia e
àquela apresentação da representante da Google no SBSR de 2015. Com sua frase
apresentada no slide, não sabíamos o que era mais importante para o desenvolvimento da
técnica: a árvore caída, o barulho feito, o computador acionado ou o mapa produzido. Ao
constatarmos o papel político que os mapeamentos de floresta têm, pode-se especular o que é
mais importante para a sociedade moderna e concluir o mesmo que Latour (2011) para um
estudo pedológico na floresta Amazônica:
“Se uma imagem vale mais do que mil palavras, um mapa, como veremos, vale mais
que uma floresta inteira” (Latour, 2001, p. 39). Isso porque uma floresta só pode ser
“valorada” a partir de práticas científicas de mapeamento, seu carbono estocado e sequestrado
só pode ser estimado a partir de um cálculo de área, realizado a partir do mapeamento. Uma
Unidade de Conservação, de Preservação Permanente ou Reserva legal só é legítima, a partir
de seu cadastro. Sendo assim, na sociedade moderna, uma floresta pode existir no mundo real,
pode estar de pé, mas o que a faz fato dentro da sociedade é sua identificação quanto a
polígono pertencente em um mapa. O mapa, vale mais do que a floresta que representa.
A consideração do mapa mais importante que a própria floresta e sua maior
importância (por seu “científico”) nas práticas sociais hierarquiza os saberes e valoriza esse
tipo de representação da realidade. Na ótica não-moderna, após percebemos que os mapas são
sua história; as ciências contidas neles; os procedimentos para sua elaboração; as
conexões nos laboratórios e; por fim, são parte da gestão do espaço de modo a interagir
(após sua finalização) com outros agentes verificamos que tal hierarquização não existe. O
mapa está no mundo comum, onde ciência, procedimento, laboratórios, medidas em
campo, árvores interagem de maneira que todos devem ser considerados para a
democratização do fazer. Seja da ciência, seja de qualquer prática.
Um mapa pode ser um objeto de arte e decoração. Ele pode ser muito mais dinâmico e
interativo, utilizado por milhões de pessoas para atravessar as grandes cidades todos os dias,
como nos aplicativos de navegação e trânsito dos celulares. Podem também substituir textos e
182
serem as maiores ferramentas políticas em trabalhos relacionados ao meio ambiente. Seja qual
for o mapa ou seu objetivo principal, ele age na sociedade e a ele pode ser atribuído um
sistema de ações. Nas palavras de Milton Santos:
Uma casa vazia ou um terreno baldio, um lago, uma floresta, uma montanha, não
participam do processo dialético senão porque lhes são atribuídos determinados
valores, isto é, quando são transformados em espaço. O simples fato de existirem
como formas, isto é, como paisagem, não basta. A forma já utilizada é coisa
diferente, pois seu conteúdo é social. Ela se torna espaço, porque forma-conteúdo
(SANTOS, 1996).
34
Porque os atores são heterogêneos.
183
As duas opções estão corretas, a questão é que a primeira é a que está mais
incorporada nos “pensadores modernos”, enquanto a segunda evidencia o papel de quase-
sujeito das imagens de satélite e do mapa e de quase-objetos do “operador” e dos usuários
finais. No fundo, não há diferença. Na rede sociotécnica do mapa tanto sujeitos como objetos
agem, influenciam e são influenciados.
Quando, por exemplo, um mapa de manguezal é elaborado no NEMA-UERJ e,
percebe-se que esta pode ser uma linha de pesquisa do laboratório, então o mapa está agindo
nas articulações do laboratório. Se para ele ser elaborado, articulações financeiras entre
laboratório e agências de fomento devem ser pensadas e estruturadas, mas uma vez ele está
agindo.
“O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório,
de sistemas de objetos e sistemas e ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro
no qual a história se dá” (SANTOS, 1996). Portanto, o mapeamento de manguezais, assim
como qualquer mapa, é natural-social, cientifico-político, sujeito-objeto. Mais uma vez
dizemos que ele é, as ciências e suas práticas, seus laboratórios (NEMA e ESPAÇO como
um) e conexões (agências de fomentos, bolsas de estágio, programas de pós-graduação, etc),
sua ideia inicia, tudo que envolve sua execução (imagens, computadores, processamento de
imagens, medidas nas florestas, método de mapeamento, experiência do operador) e sua
reprodução e aproveitamento.
No caso do mapeamento de manguezais, o mapa vai além da comunicação cartográfica
apresentada no início desse capítulo. Ele se desdobra em várias articulações, como proposto
na figura 56. O mapa é a rede.
184
Legenda: Nela, para a realização do mapeamento temos sujeitos e objetos com a mesma importância. O “Mundo Real”, locus do fenômeno, é analisado tanto por humanos (cientistas com suas culturas) ou através dos satélites (não-humanos) e suas imagens. A
concepção do mapa é feia (atualmente) tanto por cartógrafos, como ecólogos e geógrafos, e para tal, elementos e conceitos de cada uma dessas ciências interferem no processo. Nesse aspecto, não só a parte de dentro do laboratório é considerada, mas o
movimento social necessário para essa prática, como a relação com agências de fomento (CNPq, FAPERJ e CAPES) e as próprias instituições de ensino (UFRJ e UERJ). Todo esse processo não se apresenta de maneira linear, mas como uma rede interconectada.
Fonte: Almeida (2015).
185
6 REFLEXÕES FINAIS
Ao final do extenso exercício que esse estudo propôs pode-se dizer que técnicas de
mapeamento permitem, para algumas escalas determinar as distintas fitofisionomias (tipos
fisiográficos) presentes nas florestas de mangue. Constata-se ainda, que esses esforços
científicos não são isolados, que a "arte" de mapear possui vários atores e objetos que
influenciam sua elaboração e que esse aspecto também deve ser considerado sob uma
perspectiva transdisciplinar.
Ao seguir os passos do paradigma científico atual construímos a seção I da tese, que
mostrou através de seus dois capítulos, contribuições significativas para a análise mais
detalhada das florestas de mangue.
Ao considerar somente esse aspecto relacionado ao "conjunto de ferramentas" da
tecnociência do geoprocessamento, a primeira parte da tese objetivava analisar duas técnicas
para o mapeamento de manguezais, com o intuito de diferenciar suas estruturas florestais.
Nesse contexto, a Classificação Baseada em Objetos Geográficos foi analisada no capítulo I e
a análise dessa floresta através de índices de vegetação no capítulo II.
A Classificação Baseada em Objetos Geográficos se mostrou eficaz para a
diferenciação do interior da floresta de mangue através do mapeamento dos tipos fisiográficos
de manguezais. Através do estudo de caso, foi demonstrada a eficácia do método adotado para
o estudo detalhado e em alta resolução de florestas de mangue, o que possibilitou a
discriminação confiável, de suas diferentes fitofisionomias. Para estudos de outros tipos
florestais, a contribuição desse estudo são os aspectos metodológicos, é demostrar que para
um mapeamento que objetive a diferenciação (interna) da floresta, se faz necessário um
levantamento de campo que represente a diversidade (ecológica) da floresta.. Somente a
aliança de técnicas inovadoras com estudos in situ a partir de métodos já consolidados, pode
fornecer resultados eficazes.
Conclui-se que com o sucesso no desempenho desse método para o mapeamento com
a legenda proposta (mais ecológica), fica evidente que o mesmo pode ser adotado para a
diferenciação das florestas de mangue.
186
Para responder tal pergunta, uma das abordagens seria a comparação direta dos
resultados gerados pelos dois métodos. Para isso, poderia-se usar por exemplo, a biomassa
como parâmetro de comparação, ou ainda, através do carbono estocado nessas florestas, já
que esses são parâmetros calculados muitas vezes nos estudos florestais.
187
Se a base for o mapa gerado no capítulo I (figura 30), poderíamos usar os dados
apresentados em Estrada et al. (2015) sobre o estoque médio de carbono na biomassa aérea,
de cada tipo fisiográfico. Assim, estimaríamos que o estoque de carbono em Guaratiba é de
aproximadamente 175.773 tC, sendo 390617,2 toneladas a biomassa aérea..
Se for considerado os resultados do capítulo II, os índices de vegetação poderiam ser
transformados em biomassa através das equações geradas nas regressões. A partir dessa
análise seriam elaborados mapas como da figura 57. Sob essa abordagem, considerando
imagens individuais, como a do NDVI do Inverno de 2011 que apresentou resultados
satisfatórios, chegaríamos a estimativa de estoque de 51.552 toneladas de biomassa aérea
total, que representa 23.198,4 tC.
Os resultados gerados aqui podem ainda ser comparados com mapeamentos nacionais,
ou outros que não consideram a diferenciação de tipos fisiográficos de florestas. A figura 58,
apresenta o mapa elaborado no capítulo 1 (somente para comparação com os demais), e os
contornos da mesma floresta para o Ministério de Ciência e Tecnologia (no âmbito do
Inventário Nacional de Mudança de Uso da Terra). Como vimos durante a tese, é claro que
cada mapa possui suas especificidades frente à escala de mapeamento que influencia na
generalização. Mas faremos o exercício de calcular o estoque de carbono na biomassa aérea,
para Guaratiba, em cada mapeamento (considerando o valor de estoque médio de 60,7 tC/ha,
valor médio estocado na floresta de bacia segundo Fernandes et al. 2015) da figura. Nesse
caso, diferente dos valores calculados para os capítulos I e II, teríamos 129.753 tC no
mapeamento do inventário (cuja área mapeada foi de 2126,12 ha, distinta do mapeamento
realizado no presente estudo, que foi de 1881 ha).
Tais estimativas compõem uma forma que poderia apontar qual o melhor mapeamento
realizado, mas o que se pretende também ressaltar nesta tese é que comparações categóricas
dessa natureza não devem ser feitas. Na seção 2 desta tese são apresentadas razões para isso.
Na seção II foi apresentado que cada análise espacial é feita para um propósito e partir
de um tipo de coleta de informações do real, um tipo de imagem de satélite (ou várias), uma
maneira de interpretação dos fenômenos, um método de classificação e a partir de um analista
que possui seus próprios pré-conceitos e motivações. Responder qual é o melhor mapa não
pode se basear apenas nas pesquisas voltadas só nas técnicas, mas considerar igualmente
todos os fatores anteriormente descritos na seção II.
Isso porque são inúmeros os parâmetros que compõem a realidade, o que complica a
extração de modelos genéricos que possam responder pela realidade como um todo,
independente de estudos de caso. No entanto, as principais questões que impedem
comparações categóricas são as mesmas que definem os parâmetros que estão relacionados às
mensurações. São eles, a escala (detalhamento espacial), a legenda (detalhamento temático
quanto ao foco), a projeção cartográfica (que vai ser responsável pela forma e dimensões da
representação projetada), o limite da área (as vezes, não coincidente), data de representação.
Esses são alguns dos principais elementos definidores de um mapa. Ou seja, apesar de se ter
diferentes formas de se alcançar um produto, a representação do mesmo vai interferir
drasticamente na sua quantificação, sendo responsável, na maioria das vezes, pelas diferenças
enormes encontradas.
189
Legenda: Acima - no âmbito do inventário de uso da terra; Abaixo - mapeamento de tipos fisiográficos.
reunir naquele momento. Os mapas não são fatos, são conjuntos de valores que fazem com
que cada mapa seja único. Uma reunião de pontos negativos e positivos que os usuários
deveriam ser capazes de interpretar. Pelo menos aqueles usuários que pretendem fazer do
mapa um dos instrumentos essenciais de seu trabalho, como aqueles que trabalham com
análises ambientais à partir de técnicas de Sensoriamento Remoto.
O capítulo III teve o papel de mostrar a complexidade que o mapa possui, tanto através
de sua conceituação como a partir da historicidade da atividade de mapeamento. A reunião
desses elementos, mesmo que já conhecidos por uma parte da comunidade científica foi
importante para aqueles que a desconheciam. Qualquer representação do real carrega consigo
uma história e um embasamento conceitual desconhecido por muitos que a usam. Não há
outra maneira de entender um objeto por inteiro se não entender como ele foi construído e
transformado. Por isso, do tratado da transdisciplinaridade, Basarab Nicolescu (1999) diz que:
Basarab (1999) evidencia que a análise transdisciplinar de um objeto tem que levar em
conta sua dimensão conceitual e temporal. Por isso, uma contribuição e inovação desse estudo
é a reunião do aspecto histórico e conceitual num trabalho que almejava analisar métodos de
análise espacial para o estudo de uma floresta costeira.
Se Milton Santos diz que "o que falta é uma disciplina que se inspire na técnica,
mas que não analise só o conjunto de técnicas mas o fenômeno da técnica, como ator e
transformador do espaço" (SANTOS, 1996), Castiglione afirma que para o
geoprocessamento, "o olhar epistemológico parece um exercício que deve ser
cotidianamente cultivado" (CASTIGLIONE, 2003).
Ao final do Capítulo III há a construção da rede sociotécnica relacionada ao
mapeamento de manguezais. Para isso, foram reunidos os agentes envolvidos nos
mapeamentos gerados na seção I, apontando em que contexto é que se faz o mapa. Além de
apontar onde são feitos os mapas, como são feitos e o que influenciam.
Uma das maiores contribuições dessa tese é reunir as duas análises em um único
documento, afinal porque estudos "técnicos" e "intelectuais" não podem, na verdade, compor
um único tipo de estudo? Aqui não se quis (somente) apresentar contribuições técnicas, nem
191
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Figura 1 - Box plots referentes ao índice NDVI - dados gerais. Letras congruentes acima das
caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados analisados
202
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
203
Figura 2 - Box plots referentes ao índice NDVI - regiões da Baía de Sepetiba e Rio Piracão.
204
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
205
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados analisados
207
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
209
Figura 5 - Box plots referentes ao índice RS - regiões da Baía de Sepetiba e Rio Piracão.
210
211
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados analisados
212
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
214
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
216
Figura 8 - Box plots referentes ao índice Rvi - regiões da Baía de Sepetiba e Rio Piracão
217
218
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
219
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
221
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
223
Figura 11 - Box plots referentes ao índice SAVI - regiões da Baía de Sepetiba e Rio Piracão
224
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
225
Nota: Letras congruentes acima das caixas dos quartis indicam semelhanças significativas entre os dados
analisados
227
SAVI X BIOMASSA DA COPA (3) - verão 2010 SAVI X BIOMASSA DE FOLHAS - verão 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 y = -0,0007x
0,0007x + 1,1601 0,6 y = 0,002x + 1,1197
R² = 0,0287 R² = 0,003
0,4 p = 0,502 0,4 p = 0,830
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
SAVI X ALTURA MÉDIA - verão 2010 SAVI X DAP MÉDIO- verão 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
1,0
0,8
Índice
0,2
0,0
0,0 5000,0 10000,0 15000,0 20000,0 25000,0 30000,0 35000,0
Densidade troncos/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - verão 2010 NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - verão 2010
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5
Índice
0,5
Índice
0,4 y = -0,001x
0,001x + 0,7822 0,4 y = 0,0009x + 0,7432
0,3 R² = 0,0334 R² = 0,0148
p = 0,468 0,3 p = 0,631
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (3) - verão 2010 NDVI X BIOMASSA DE FOLHAS - verão 2010
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 y = -0,0005x
0,0005x + 0,7751 0,4 y = 0,0014x + 0,7481
R² = 0,028 R² = 0,0032
0,3 0,3
p = 0,507 p = 0,824
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
NDVI X ALTURA MÉDIA - verão 2010 NDVI X DAP MÉDIO- verão 2010
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
SAVI X ALTURA MÉDIA - inverno 2010 SAVI X DAP MÉDIO - inverno 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
0,8
Índice
0,2
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade troncos/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno 2010 NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno 2010
1 1
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
Índice
Índice
0,5 0,5
0,4 y = 0,0013x + 0,6888 0,4 y = 0,0036x + 0,6607
0,3 R² = 0,0161 0,3 R² = 0,0659
0,2 p = 0,616 0,2 p = 0,304
0,1 0,1
0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
Índice
0,5 0,5
0,4 y = 0,0103x + 0,6444 0,4
R² = 0,0911 y = 0,0055x + 0,6666
0,3 0,3
p = 0,224 R² = 0,0593
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
NDVI X DENSIDADE - inverno 2010
1
0,9
0,8
0,7
0,6
Índice
0,5
0,4
y = 2E-07x + 0,7156
0,3 R² = 0,0002
0,2 p = 0,961
0,1
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade (troncos/ha)
Índice: NDVI; Inverno 2010. Em bege: relações significativas
231
Índice
0,6 y = 0,001x + 0,8235 0,6
R² = 0,2137 y = 0,0005x + 0,9231
0,4 R² = 0,0504
p = 0,053 0,4
p = 0,370
0,2
0,2
0
0
0 50 100 150 200 250 300
0 50 100 150 200 250 300
Biomassa total (ton/ha)
Biomassa viva (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - verão 2011 SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - verão 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6 y = 0,0064x + 0,891
y = 0,0018x + 0,9513
R² = 0,1271
0,4 R² = 0,02 0,4 p = 0,920
p = 0,576
0,2 0,2
0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
SAVI X ALTURA MÉDIA - verão 2011 SAVI X DAP MÉDIO-- verão 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0 0
0 5 10 15 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
0,8
Índice
0,6
y = 1E-06x + 0,9786
0,4 R² = 0,007
p = 0,741
0,2
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Verão 2011. Em bege: relações significativas
232
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - verão 2011 NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - verão 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 0,4 y = 0,0043x + 0,5957
y = 0,0012x + 0,6359
0,3 0,3 R² = 0,1271
R² = 0,0199
p = 0,146
0,2 p = 0,577 0,2
0,1 0,1
0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
0,4 0,4
y = 0,0018x + 0,6502 y = -0,0007x
- + 0,669
0,3 0,3
R² = 0,0038 R² = 0,0012
0,2 p = 0,809 0,2 P = 0,892
0,1 0,1
0 0
0 5 10 15 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
NDVI X DENSIDADE - verão 2011
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
Índice
Índice
0,6 0,6 y = 0,0013x + 0,9075
y = 0,0008x + 0,939
R² = 0,1811
R² = 0,076
0,4 0,4 p = 0,078
p = 0,268
0,2 0,2
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno 2011 SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 y = 0,0039x + 0,9807 y = 0,0054x + 0,969
0,6
R² = 0,0509 R² = 0,0711
0,4 p = 0,368 0,4 p = 0,285
0,2 0,2
0 0
0 10 20 30 40 50 0 5 10 15 20 25 30 35
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (3) - inverno 2011 SAVI X BIOMASSA DE FOLHAS - inverno 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6
y = 0,0007x + 1,0246
y = -0,0007x
0,0007x + 1,043
0,4 R² = 0,0035
0,4 R² = 0,0002
p = 0,816
p = 0,960
0,2 0,2
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 0 5 10 15 20
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
SAVI X ALTURA MÉDIA - inverno 2011 SAVI X DAP MÉDIO - inverno 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6
y = -0,0118x
0,0118x + 1,1144
0,4 R² = 0,0401 0,4 y = -0,0131x
0,0131x + 1,1474
p = 426 R² = 0,1176
0,2 0,2 P = 0,163
0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
NDVI X BIOMASSA TOTAL - inverno 2011 NDVI X BIOMASSA VIVA - inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 y = 0,0005x + 0,6279 0,4
R² = 0,0762 y = 0,0009x + 0,6071
0,3 0,3 R² = 0,1806
p = 0,268
0,2 0,2 p = 0,079
0,1 0,1
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno 2011 NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 y = 0,0026x + 0,6558 0,4 y = 0,0036x + 0,648
0,3 R² = 0,0508 0,3 R² = 0,0712
p = 0,368 p = 0,285
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 10 20 30 40 50 0 5 10 15 20 25 30 35
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (3) - inverno 2011 NDVI X BIOMASSA DE FOLHAS - inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
NDVI X ALTURA MÉDIA - inverno 2011 NDVI X DAP MÉDIO- inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 0,4
y = -0,0078x + 0,7449 0,3
0,3 y = -0,0087x + 0,7668
R² = 0,04
0,2 0,2 R² = 0,1175
p = 0,426
P = 0,163
0,1 0,1
0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
NDVI X DENSIDADE - inverno 2010
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
Índice
Índice
0,4 y = 0,0003x + 0,6679 0,4 y = 0,0002x + 0,6798
R² = 0,0405 R² = 0,0244
0,3 0,3
p = 0,240 p = 0,363
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - verão NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - verão
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5
Índice
0,5
Índice
0,4 y = 0,0004x + 0,7 0,4 y = 0,0026x + 0,6682
0,3 R² = 0,0028 R² = 0,0542
0,3 p = 0,172
p = 0,761
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
0,5
Índice
Índice
0,1 0,1
0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
NDVI X DENSIDADE - verão
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
Índice
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - verão SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - verão
1,4 1,4
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 y = 0,0007x + 1,0476 0,6 y = 0,0039x + 0,9997
R² = 0,0027 R² = 0,054
0,4 0,4 p = 0,172
p = 0,763
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
1,0
0,8
Índice
y = 2E-06x + 1,0458
0,6 R² = 0,0123
p = 0,519
0,4
0,2
0,0
0,0 5000,0 10000,0 15000,0 20000,0 25000,0 30000,0 35000,0
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Verões 2010/2011. Em bege: relações significativas
237
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno
1 1
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
Índice
Índice
0,5 0,5
0,4 y = 0,002x + 0,669 0,4 y = 0,0037x + 0,6527
0,3 R² = 0,0372 0,3 R² = 0,0741
p = 0,259 p = 0,108
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 10 20 30 40 50 0 10 20 30 40
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
0,5 0,5
0,4 y = 0,0007x + 0,6868 0,4
0,3 R² = 0,0125 0,3 y = 0,0112x + 0,6366
0,2 p = 0,515 0,2 R² = 0,0939
0,1 p = 0,069
0,1
0 0
0 20 40 60 80 0 5 10 15 20
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
0,5 0,5
0,4 0,4
y = 0,0025x + 0,6892 y = -0,0008x
0,0008x + 0,7126
0,3 0,3
R² = 0,0047 R² = 0,001
0,2 p = 0,690 0,2 p = 0,855
0,1 0,1
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
0,5
0,4 y = 3E-06x + 0,68
0,3 R² = 0,046
0,2 p = 0,209
0,1
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade (troncos/ha)
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0 0
0 20 40 60 80 0 5 10 15 20
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
0,8
Índice
1,2
0,8
Índice
0,6 y = 3E-06x
06x + 1,081
R² = 0,0306
0,4 p = 0,307
0,2
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade troncos/ha)
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6
y = 0,0004x + 0,9962 y = 0,0005x + 0,9842
0,4 R² = 0,0253 0,4
R² = 0,047
p = 0,182 p = 0,067
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
Índice
0,0 0,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
Índice
0,6 0,6
y = 0,0017x + 1,0457
y = -0,003x + 1,0843
0,4 R² = 0,0011
0,4 R² = 0,0072
p = 0,782
p = 0,478
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
SAVI X DENSIDADE
1,4
1,2
1,0
0,8
Índice
0,6
0,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI. Em bege: relações significativas
240
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 y = -0,0148x
0,0148x + 1,2096 0,6
R² = 0,1933
0,4 0,4 y = -0,0125x + 1,2272
P = 0,067
R² = 0,3079
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
1,0
0,8
Índice
0,2
0,0
0,0 5000,0 10000,0 15000,0 20000,0 25000,0 30000,0 35000,0
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Verões 2010/2011. Em bege: relações significativas
241
y = -0,0098x + 0,8078
0,4 R² = 0,1917
0,3 P = 0,069
0,2
0,1
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m)
NDVI X DENSIDADE - verão
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
Índice
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 y = 0,0014x + 0,8615 y = 0,0015x + 0,9063
0,6
R² = 0,1407 R² = 0,1431
0,4 p = 0,125 0,4 p = 0,121
0,2 0,2
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0 0
0 20 40 60 80 0 5 10 15 20
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6
y = -0,0168x + 1,23
0,4 R² = 0,0956 0,4 y = -0,0127x + 1,2247
p = 0211 R² = 0,1275
0,2 0,2
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
0,8
Índice
0,2
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Invernos 2010/2011. Em bege: relações significativas
243
Índice
0,5 0,5 y = 0,0006x + 0,6456
0,4 y = 0,0007x + 0,6031 0,4 R² = 0,061
0,3 R² = 0,0886 0,3 p = 0,323
0,2 p = 0,230 0,2
0,1 0,1
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno
1 1
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
Índice
Índice
0,5 0,5
0,4 0,4 y = -0,0002x
0,0002x + 0,7351
y = -0,0017x
- + 0,7616
0,3 0,3 R² = 0,0002
R² = 0,017
0,2 0,2 p = 0,961
p = 0,605
0,1 0,1
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (3) - inverno NDVI X BIOMASSA DE FOLHAS - inverno
1 1
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
Índice
Índice
0,5 0,5
0,4 0,4 y = 0,0015x + 0,7216
0,3 y = -0,0012x
0,0012x + 0,7694 0,3 R² = 0,0012
0,2 R² = 0,0403
0,2 p = 0,889
0,1 p = 0,424
0,1
0 0
0 20 40 60 80 0 5 10 15 20
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
0,5
y = -0,0158x + 0,8509
0,4 R² = 0,1902
0,3 p = 0,070
0,2
0,1
0
0 5 10 15
Altura média (m)
SAVI X ALTURA MÉDIA - verão 2010 SAVI X DAP MÉDIO-- verão 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,0 0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
1,0
0,8
Índice
0,2
0,0
0,0 5000,0 10000,0 15000,0 20000,0 25000,0 30000,0 35000,0
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Verão 2010. Em bege: relações significativas
245
0,5
Índice
SAVI X BIOMASSA TOTAL - inverno 2010 SAVI X BIOMASSA VIVA - inverno 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 y = -0,0005x + 1,3008 y = -0,0007x + 1,3077
0,6
R² = 0,0102 R² = 0,1435
0,4 p = 0,795 0,4 p = 0,314
0,2 0,2
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno 2010 SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0 0
0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (3) - inverno 2010 SAVI X BIOMASSA DE FOLHAS - inverno 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0 0
0 20 40 60 80 0 2 4 6 8 10 12
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
SAVI X ALTURA MÉDIA - inverno 2010 SAVI X DAP MÉDIO - inverno 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
0,8
Índice
0,2
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Inverno 2010. Em bege: relações significativas
247
NDVI X BIOMASSA TOTAL - inverno 2010 NDVI X BIOMASSA VIVA - inverno 2010
1 1
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
Índice
Índice
0,5 0,5
y = -0,0009x + 0,9414
0,4 y = -0,0016x + 1,1387 0,4 R² = 0,4221
0,3 R² = 0,1819 0,3 p = 0,058
p = 0,252
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
0,6 0,6
Índice
Índice
0,5 0,5
y = -0,0083x + 0,857
0,4 R² = 0,176 0,4 y = -0,0071x
0,0071x + 0,8708
p = 0,260 0,3 R² = 0,3311
0,3
0,2 p = 0,104
0,2
0,1 0,1
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15 20
Altura média (m) DAP médio (cm)
0,5
y = 3E-06x + 0,7632
0,4 R² = 0,2095
0,3 p = 0,22
0,2
0,1
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade (troncos/ha)
1,2
0,8
Índice
0,6 y = -0,0227x
0,0227x + 1,2029
R² = 0,3897
0,4 p = 0,072
0,2
0
0 5 10 15
Altura média (m)
1,2
0,8
Índice
0,2
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Verão 2011. Em bege: relações significativas
249
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno 2011 SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6
y = -0,0018x + 1,0307
0,4 y = -0,0084x
0,0084x + 1,1218 0,4 R² = 0,0044
R² = 0,0762 p = 0,864
0,2 p = 0,472 0,2
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA TOTAL - inverno 2011 NDVI X BIOMASSA VIVA - inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 0,4
y = -0,0003x
0,0003x + 0,7118 y = 0,003x + 0,3448
0,3 0,3 R² = 0,3606
R² = 0,0057
0,2 p = 0,847 0,2 p = 0,087
0,1 0,1
0 0
0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno 2011 NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 0,4
y = -0,0056x + 0,7496 y = -0,0012x + 0,6889
0,3 0,3
R² = 0,076 R² = 0,0043
0,2 p = 0,472 0,2 p = 0 ,866
0,1 0,1
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (3) - inverno 2011 NDVI X BIOMASSA DE FOLHAS - inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
Índice
0,6 y = 0,0006x + 1,0328 y = 0,0006x + 1,0355
R² = 0,27 0,6
R² = 0,2716
0,4 p = 0,151 p = 0,150
0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - verão 2010 SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - verão 2010
1,4
1,4
1,2
1,2
1,0
1,0
0,8
0,8
Índice
Índice
0,6 y = 0,0035x + 1,0253 y = 0,0051x + 1,0285
R² = 0,1609 0,6
R² = 0,2578
0,4 p = 0,284
0,4 p = 0,162
0,2 0,2
0,0
0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
Biomassa da copa (ton/ha)
Biomassa da copa (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (3) - verão 2010 SAVI X BIOMASSA DE FOLHAS - verão 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa de folhas (ton/ha)
SAVI X ALTURA MÉDIA - verão 2010 SAVI X DAP MÉDIO- verão 2010
1,4 1,4
1,2 1,2
1,0 1,0
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0,0 0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
1,0
0,8
Índice
0,6
y = -0,0162x + 1,1947
0,4 R² = 0,1927
p = 0,112
0,2
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Verão 2010. Em bege: relações significativas
257
0,5
Índice
0,4 y = 0,0004x + 0,6903
0,4 y = 0,0004x + 0,6921
R² = 0,2722
0,3 R² = 0,2737
p = 0,149 0,3 p = 0,148
0,2
0,2
0,1
0,1
0,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0
Biomassa total (ton/ha)
Biomassa viva (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (1) - verão 2010 NDVI X BIOMASSA DA COPA (2) - verão 2010
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5
Índice
0,5
Índice
0,4 y = 0,0024x + 0,6853 y = 0,0034x + 0,6875
0,4
R² = 0,1625 R² = 0,26
0,3 p = 0,281 0,3 p = 0,160
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
0,5
Índice
NDVI X ALTURA MÉDIA - verão 2010 NDVI X DAP MÉDIO- verão 2010
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5
Índice
0,5
Índice
0,4
y = -0,0108x + 0,7983
0,3 R² = 0,1925
0,2 p = 0,111
0,1
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Densidade (troncos/ha)
Índice: NDVI; Verão 2010. Em bege: relações significativas
258
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6
y = 0,0012x + 0,7977 y = 0,0012x + 0,8114
R² = 0,3942 R² = 0,3782
0,4 p = 0,070 0,4 p = 0,077
0,2 0,2
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 0,6
y = 0,036x + 0,7488 y = 0,0284x + 0,7639
R² = 0,399 R² = 0,3538
0,4 0,4 p = 0,091
p = 0,068
0,2 0,2
0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 14
Altura média (m) DAP médio (cm)
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 0,4
y = 0,0008x + 0,5336 y = 0,0008x + 0,5428
0,3 R² = 0,3937 0,3 R² = 0,3778
p = 0,070 p = 0,078
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4 0,4
y = 0,024x + 0,5011 y = 0,0189x + 0,5111
R² = 0,3985 0,3 R² = 0,3533
0,3
p = 0,068 p = 0,091
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 14
Altura média (m) DAP médio (cm)
Índice
0,6 y = 0,001x + 0,9391 y = 0,001x + 0,9739
R² = 0,329 0,6
R² = 0,2939
0,4 p = 0,106 p = 0,132
0,4
0,2 0,2
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (1) - inverno 2011 SAVI X BIOMASSA DA COPA (2) - inverno 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,6 y = 0,0066x + 0,9581 y = 0,0093x + 0,9421
R² = 0,3328 0,6
R² = 0,3765
0,4 p = 0,104 p = 0,079
0,4
0,2 0,2
0 0
0 10 20 30 40 50 0 5 10 15 20 25 30 35
Biomassa da copa (ton/ha) Biomassa da copa (ton/ha)
SAVI X BIOMASSA DA COPA (3) - inverno 2011 SAVI X BIOMASSA DE FOLHAS - inverno 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
SAVI X ALTURA MÉDIA - inverno 2011 SAVI X DAP MÉDIO - inverno 2011
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
Índice
Índice
0,2 0,2
0 0
0 2 4 6 8 10 12 0 2 4 6 8 10 12 14
Altura média (m) DAP médio (cm)
1,2
0,8
Índice
0,6
y = -3E-05x + 1,269
0,4
R² = 0,3599
0,2 p = 0,088
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
Densidade troncos/ha)
Índice: SAVI; Inverno 2011. Em bege: relações significativas
263
Índice
0,4 y = 0,0007x + 0,6282 y = 0,0007x + 0,6514
0,4
R² = 0,3289 R² = 0,2937
0,3 p = 0,106 0,3 p = 0,132
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Biomassa total (ton/ha) Biomassa viva (ton/ha)
0,5
Índice
0,4 y = 0,0044x + 0,6409
0,4 y = 0,0062x + 0,6302
R² = 0,3324
0,3 R² = 0,3762
p = 0,104 0,3 p = 0,079
0,2
0,2
0,1
0,1
0
0
0 10 20 30 40 50
0 5 10 15 20 25 30 35
Biomassa da copa (ton/ha)
Biomassa da copa (ton/ha)
NDVI X BIOMASSA DA COPA (3) - inverno 2011 NDVI X BIOMASSA DE FOLHAS - inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
NDVI X ALTURA MÉDIA - inverno 2011 NDVI X DAP MÉDIO- inverno 2011
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
Índice
Índice
0,4
0,3 y = -2E-05x + 0,8479
R² = 0,3596
0,2 p = 0,088
0,1
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
Densidade (troncos/ha)
Índice: NDVI; Inverno 2011. Em bege: relações significativas