2018 - SERVI & BASTOS - Estabilização de Solo Arenoso Com Adição de Cinza de Casca de Arroz e Cal

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Universidade Federal do Rio Grande - FURG

17ª Mostra da Produção Universitária - MPU


Rio Grande/RS, Brasil, 01 a 03 de outubro de 2018
ISSN: 2317-4420

ESTABILIZAÇÃO DE SOLO ARENOSO COM ADIÇÃO DE CINZA DE CASCA DE


ARROZ E CAL

SERVI, Saymon Porto


BASTOS, Cezar Augusto Burkert Bastos
[email protected]
Escola de Engenharia - Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Palavras-chave: estabilização de solos; areia-cinza-cal; cinza de casca de arroz; solo-


cinza-cal

1 INTRODUÇÃO
O solo natural é um material que apresenta grande abundância e um baixo
custo, mas este é, ao mesmo tempo, um dos fatores que apresentam maior
complexidade em projetos de engenharia.
Devido suas vantagens, o solo natural é amplamente utilizado em obras de
pavimentação como base e sub-base, porém nem sempre o solo local consegue suprir
às necessidades do projeto, fazendo necessária a busca de um método alternativo a
fim de alcançar os resultados esperados. Uma solução vastamente utilizada para tal
fim é a estabilização do solo local a partir de adição de cal, entretanto, os solos
arenosos apresentam uma baixa atividade pozolânica a partir dessa adição devido a
menor quantidade de sílica disponível às reações.
Dentro dessa realidade, busca-se um material que disponha da sílica
necessária para as reações com a cal. Uma opção que atende esses requisitos é cinza
proveniente da queima da casca de arroz (POUEY, 2016).
O arroz é o segundo cereal mais cultivado do mundo, somente atrás do milho
(SOSBAI, 2016). Na etapa de beneficiamento do grão de arroz são gerados diversos
resíduos, dentre eles a casca do arroz. A partir disso, surge um problema quanto ao
descarte desse material. Uma solução economicamente rentável é a geração de
energia a partir da queima da casca do arroz. Um novo resíduo é gerado: a cinza
decorrente desta queima.
Nesse contexto, o projeto visa estudar a viabilidade técnica da utilização de
cinza de casca de arroz junto com cal para estabilização de solos arenosos.

2 METODOLOGIA
Para o estudo foi utilizada areia, cal hidratada tipo II da marca DB e cinza de
casca de arroz incinerada em caldeira industrial sem controle de temperatura.
Em um primeiro momento foram realizados ensaios de determinação do teor
de umidade, de densidade dos grãos (ensaio de picnômetro) e análise granulométrica
(sedimentação, peneiramento grosso e peneiramento fino) da areia e da cinza
residual, de modo a conhecer as características físicas dos materiais.

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Após deu-se início à mistura Areia-Cinza-Cal (ACC) onde foi adotado o traço
definido por Dias (1997) de 72% areia, 21% cinza e 7% cal. Com a definição do traço,
foi realizado o ensaio de compactação com a energia do Proctor normal e, por fim, foi
realizada à moldagem dos corpos de prova para o ensaio de resistência à compressão
simples (Figura 1), rompidos nas idades de cura de 7, 14 e 28 dias.
Como uma referência à influência da cal na resistência à compressão, foram
moldados três corpos de prova de uma mistura areia-cinza (AC), sendo o traço
definido a partir do traço ACC, sendo esse de 77% areia e 23% cinza.
Para moldagem dos corpos de prova para a mistura AC foi adotada a mesma
umidade da mistura ACC, pois o ensaio de compactação da mistura AC determinou
uma umidade ótima próxima a umidade ótima da mistura ACC. Posterior a moldagem,
foi realizado o ensaio de resistência à compressão simples em 3 corpos de prova de
mistura AC.

Figura 1 – Corpo de prova de ACC para ensaio de resistência a compressão simples

3 RESULTADOS e DISCUSSÃO
A partir dos ensaios de determinação do teor de umidade, de peso específico
dos grãos, da análise granulométrica obteve-se os dados apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização da Areia e da Cinza Residual


w γs DPASSANTE DPASSANTE
Material
(%) (g/cm³) 90% (mm) 50% (mm)

Areia 0,20 2,64 0,280 0,210


Cinza Residual 4,00 2,23 0,420 0,090

A partir do ensaio de compactação com energia do Proctor normal para a


mistura ACC, determinou-se o valor do peso especifico seco máximo e da umidade
ótima, sendo esses: γd máx = 1,335 g/cm³ e w ótima = 26,5%

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Os resultados dos ensaios de resistência à compressão simples para a mistura


ACC e AC estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Resistência à Compressão Simples (RCS) – misturas ACC e AC


Mistura Idade (dias) Data ensaio RCS (kPa)
7 22/08/2018 51,00
Areia-Cinza-Cal
14 29/08/2018 71,17
ACC
28 12/09/2018 128,00
Areia-Cinza
- 23/07/2018 16,20
AC

Percebe-se um aumento na resistência à compressão da mistura AC em relação


a mistura ACC, chegando à um aumento aproximado de 3 vezes. Os ensaios nas
maiores idades indicarão o efeito das reações pozolânicas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se, através do presente estudo, que a estabilização de solos arenosos
a partir da adição de cinza de casca de arroz e cal mostra-se viável devido ganho de
resistência apresentado nos ensaios e ao baixo custo de obtenção dos materiais em
relação aos materiais mais nobres adquiridos para pavimentação.
Acredita-se que possa ainda haver uma melhora nos resultados a partir do
tratamento térmico (melhor queima) e físico (moagem) da cinza, como relatados por
Behak (2007) e Pouey (2016).

5 REFERÊNCIAS
BEHAK, L. Estabilização de um Solo Sedimentar Arenoso do Uruguai com Cinza
de Casca de Arroz e Cal. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto Alegre/RS.
DIAS, C. R. R. Estudo da Utilização da Cinza de Carvão Mineral na Construção
Civil. Relatório Técnico. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande
do Sul (FAPERGS), Rio Grande/RS, 1997, 135p.
POUEY, M. T. F. Beneficiamento da cinza de casca de arroz residual com vistas
à produção de cimento composto e/ou pozolânico. Tese (Doutorado). Porto
Alegre/RS, 2006. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Engenharia,
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil.
SOSBAI. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do
Brasil/28. Porto Alegre/RS, 2016. 188 p.

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