Dissertacao Hugo Raphael Gomes SIlva

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 89

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Faculdade de Geologia

Hugo Raphael Gomes Silva

Avaliação sismoestratigráfica de uma área no Bloco SS-AR3-SANTOS, pós-


sal da Bacia de Santos

Rio de Janeiro
2019
Hugo Raphael Gomes Silva

Avaliação sismoestratigráfica de uma área no Bloco SS-AR3-SANTOS, pós-sal da Bacia


de Santos

Dissertação apresentada, como requisito parcial para


obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-
Graduação em Análise de Bacias e Faixas Móveis,
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área
de concentração: Análise de Bacias

Orientador: Prof. Dr. Hernani Fernandes Aquini Chaves

Rio de Janeiro
2019
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/C

S586 Silva, Hugo Raphael Gomes.


Avaliação sismoestratigráfica de uma área no Bloco SS-AR3-
SANTOS, pós-sal da Bacia de Santos / Hugo Raphael Gomes Silva. –
2019.
87 f. : il.

Orientador: Hernani Fernandes Aquini Chaves.


Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Geologia.

1. Petrologia – Santos, Bacia de (SP) – Teses. 2. Prospecção sísmica


– Santos, Bacia de (SP) – Teses. 3. Petróleo – Extração – Teses. 4.
Turbiditos – Teses. 5. Pós-Sal – Teses. I. Chaves, Hernani Fernandes
Aquini. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de
Geologia. III. Título.

CDU 552(815.6)
Bibliotecária responsável: Fernanda Lobo / CRB-7:5265

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
dissertação, desde que citada a fonte.

______________________________________ ______________________
Assinatura Data
Hugo Raphael Gomes Silva

Avaliação sismoestratigráfica de uma área no Bloco SS-AR3-SANTOS, pós-sal da Bacia


de Santos

Dissertação apresentada, como requisito parcial para


obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-
Graduação em Análise de Bacias e Faixas Móveis,
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área
de concentração: Análise de Bacia.

Aprovado em: 15 de fevereiro de 2019.

Banca Examinadora:

_________________________________________________________
Prof.Dr. Hernani Fernandes Aquini Chaves (Orientador)
Faculdade de Geologia - UERJ

_________________________________________________________
Prof. Dr. Rogério Schiffer de Souza
Petróleo Brasileiro S.A. - Petrobrás

_________________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Bergamaschi
Faculdade de Geologia - UERJ

Rio de Janeiro
2019
DEDICATÓRIA

Ao meu pai Duílio.


AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente à Deus.


Agradecimento muito especial à minha noiva Andreia e às nossas buldogues pela
companhia nas madrugadas em claro e finais de semana e por me fazerem superar os
momentos mais difíceis.
Agradeço muito às minhas mães Lúcia e Glória por todo apoio e cobranças para me
tornarem uma melhor pessoa sempre, e à toda família Dias.
Agradeço à minha irmã e minhas sobrinhas por me fazerem ser uma pessoa mais
dedicada e alegre.
À UERJ pelos recursos disponibilizados
Ao meu orientador Dr. Hernani Chaves pelo conhecimento compartilhado.
Ao Dr. Rogério Schiffer que a cada dia me faz crescer como profissional.
Aos meus amigos feitos durante esse percurso, em especial Victor Hugo e Luciana,
por me auxiliarem tanto no uso dos softwares.
À CAPES por todo financiamento e apoio.
Aos meus grandes amigos Gustavo e André.
RESUMO

SILVA, Hugo Raphael Gomes. Avaliação sismoestratigráfica de uma área no Bloco SS-
AR3-SANTOS, pós-sal da Bacia de Santos. 2019. 87f. Dissertação (Mestrado em Análise
de Bacias e Faixas Móveis) – Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.

A Bacia de Santos é considerada a principal bacia potencial do Brasil, com diversos


campos provados, principalmente nos carbonatos do pré-sal. Com seus campos mais
importantes localizados em águas ultraprofundas, o presente trabalho volta sua abordagem
para os campos proximais da sequência pós-sal, com o intuito de identificar possíveis
prospectos. O projeto apresentado utilizou de dados disponíveis pela Agência Nacional de
Petróleo (ANP), estando entre estes linhas sísmicas 2D, cubo sísmico 3D e dados de poços
perfurados na área. O trabalho foi desenvolvido concentrando-se nos sedimentos da sequência
drifte, na porção central da bacia. A metodologia de pesquisa definida para a realização
iniciou-se em um estudo de interpretação, utilizando técnicas de amarração de poços à sísmica
e conversão sísmica-profundidade. Através destes, foi possível identificar os horizontes
presentes. Se baseando em sismofácies e na técnica conhecida como geobody, identificou-se
areias turbidíticas, interpretadas como reservatórios do sistema petrolífero do lead. Em
seguida, os poços cedidos permitiram cálculos petrofísicos que foram gerados a partir do poço
1-BRSA-498-SPS, gerando os valores porosidade total, saturação de água, de óleo e Net-to-
Gross das areias do Membro Ilha-Bela. Na conclusão do trabalho, foi estimado a volumetria
de óleo presente, com valores de 14616,4 MM STB para óleo in place e para volume de óleo
recuperável um valor de 3650,5 MM STB. Para geração desses resultados, foram inseridos os
parâmetros de rocha calculados, de fluido e valores de área e espessura do reservatório, no
método de simulação Monte Carlo.

Palavras-chave: Bacia de Santos. Turbiditos. Pós-Sal. Sismoestratigrafia. Exploração.


Upstream.
ABSTRACT

SILVA, Hugo Raphael Gomes. Sismostratigraphic avaliation of an area of SS-AR3-


SANTOS, post-salt of Santos Basin. 2019. 87f. Dissertação (Mestrado em Análise de Bacias
e Faixas Móveis) – Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2019.

The Santos Basin is considered the main potencial basin of of Brazil with several
proved oil fields, mainly the pre-salt. With mostly of main fields locates at ultradeep waters,
the present work turns it´s approach to the proximals fields inserts in the post-salt sequencies
to identify potential. The project used data available from Agência Nacional de Petróleo
(ANP), being between those, 2D sismic lines, 3D sismic cube and well data drilling in the
área. The development of this work focused in the drif sequence, at the central portion of the
basin. The research metodology began with a sismic wich use well-tie and domain coversion
deep-velocity. Through these, was posible to identify the sismic horizons and using
sismofacies and geobody technique, sand turbites were interpretated as reservoir of the oil
system of the presente lead. Then, using the wells, petrophysical calculations were make from
the well 1-BRSA-498-SPS, generating values of total porosity, water and oil saturation and
Net-to-Gross of the Ilha Bela Member sands. In the conclusion of this work, was estimated
the presente oil volumetric, with values of 14616,4 MM STB to oil in place and to volume of
recoverable oil a value of 3650,5 MM STB. To achieve this results, were insert calculated
parameters of the rock, fluid and thick and área of the reservoir, in the Monte Carlo
simulation.

Keywords: Santos Basin. Turbidites. Post-Salt. Sismoestratigraphy. Exploration. Upstream.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização da área.................................................................................. 14


Figura 2 – Localização do bloco SS-AR3-SANTOS................................................ 15
Figura 3 – Bacia de Santos e suas feições................................................................. 17
Figura 4 – Evolução geotectônica margem passiva................................................... 18
Figura 5 – Carta estratigráfica da Bacia de Santos.................................................... 20
Figura 6 – Carta estratigráfica da Bacia de Santos.................................................... 26
Figura 7 – Logs das curvas utilizadas para o estudo.................................................. 34
Figura 8 – Logs das curvas utilizadas para o estudo.................................................. 35
Figura 9 – Terminaçōes estratais............................................................................... 37
Figura 10 – Gráfico do Checkshot.............................................................................. 39
Figura 11 – Calibração do perfil sônico...................................................................... 40
Figura 12 – Amarração poço-sísmica......................................................................... 41
Figura 13 – Input das velocidades intervalares........................................................... 42
Figura 14 – Diagrama tipo Van Krevelen.................................................................... 44
Figura 15 – Log com as curvas petrofísicas obtidas.................................................... 49
Figura 16 – Curva de distribuição cumulativa............................................................. 51
Figura 17 – Localização da linha sísmica SANTOS_1A.248-0048............................ 52
Figura 18 – Fase drifte e transicional da Bacia de Santos........................................... 53
Figura 19 – Horizontes da área identificados e delimitados........................................ 54
Figura 20 – Horizonte Aptiano.................................................................................... 55
Figura 21 – Horizonte Albiano Inferior...................................................................... 56
Figura 22 – Terminaçōes estratais da Formação Guarujá........................................... 56
Figura 23 – Horizonte Albiano Superior..................................................................... 57
Figura 24 – Terminaçōes estratais Fm. Itanhaém........................................................ 58
Figura 25 – Horizonte Turoniano................................................................................ 59
Figura 26 – Terminaçōes estratais dos sedimentos turonianos.................................... 59
Figura 27 – Horizonte Maastrichtiano......................................................................... 60
Figura 28 – Terminaçōes estratais e estruturas da Formação Juréia............................ 61
Figura 29 – Terminaçōes estratais e estruturas da Formação Juréia em detalhe......... 61
Figura 30 – Horizonte Oligoceno................................................................................ 62
Figura 31 – Terminaçōes estratais da Fm. Ponta Aguda............................................. 63
Figura 32 – Horizonte Mioceno................................................................................... 63
Figura 33 – Estruturas da Fm.Ponta Aguda................................................................. 64
Figura 34 – Estruturas da Fm.Ponta Aguda................................................................. 64
Figura 35 – Horizonte Fundo do mar........................................................................... 65
Figura 36 – Linha 2D com falhas identificadas........................................................... 66
Figura 37 – Localização dos corpos turbidíticos na área de interesse......................... 67
Figura 38 – Corpos turbidíticos identificados no cubo sísmico................................... 68
Figura 39 – Poço 1-BRSA-498-SPS com perfil gama plotado.................................... 69
Figura 40 – Poço 1-BRSA-498-SPS em detalhe......................................................... 70
Figura 41 – Time slice da seção Turoniana com poço localizado................................ 71
Figura 42 – Corpos Turbidíticos Geobodies............................................................... 71
Figura 43 – Corpos turbidícos Geobodies em perfil.................................................... 72
Figura 44 – Área do reservatório................................................................................. 72
Figura 45 – Curvas com resultados petrofísicos.......................................................... 73
Figura 46 – Layout com resultados petrofísicos.......................................................... 75
Figura 47 – Cálculo de avaliação de risco................................................................... 77
Figura 48 – Curva de distribuição de volume de óleo in place................................... 78
Figura 49 – Curva de distribuição para volume de óleo recuperável.......................... 79
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Perfis de poço disponibilizados.............................................................. 33


Tabela 2 – Tabela de densidades de rocha................................................................ 48
Tabela 3 – Quadro com o intervalo de interesse....................................................... 74
Tabela 4 – Quadro com valores obtidos pela equação de Archie............................. 74
Tabela 5 – Quadro demonstrando Net, Gross e Net-to-Gross.................................. 74
Tabela 6 – Valores utilizados nos parâmetros de reservatório e fluido dos
turbiditos................................................................................................. 76
Tabela 7 – Resultados volumétricos obtidos............................................................ 78
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13
2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA............................................................................... 14
3 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL........................................................ 16
3.1 Evolução tectono-sedimentar.............................................................................. 19
3.2 Arcabouço estrutural........................................................................................... 21
3.3 Estratigrafia.......................................................................................................... 22
4 SISTEMAS PETROLÍFEROS........................................................................... 27
4.1 Geração................................................................................................................. 27
4.2 Reservatórios........................................................................................................ 28
4.2.1 Carbonáticos........................................................................................................... 29
4.2.2 Siliciclásticos.......................................................................................................... 30
4.3 Trapas e Selos....................................................................................................... 30
4.4 Migração e Acumulação...................................................................................... 31
4.5 Sincronismo........................................................................................................... 31
5 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 32
5.1 Dados disponibilizados......................................................................................... 33
5.2 Análise dos dados sísmicos.................................................................................. 35
5.2.1 Sismoestratigrafia.................................................................................................. 35
5.2.2 Atributos sísmicos.................................................................................................. 37
5.3 Análise de dados de poços.................................................................................... 38
5.3.1 Controle de Qualidade das Curvas......................................................................... 38
5.3.2 Amarração Poço-sísmica........................................................................................ 38
5.3.3 Geoquímica orgânica.............................................................................................. 42
5.3.3.1 Carbono Orgânico Total......................................................................................... 43
5.3.3.2 Pirólise Rock-Eval.................................................................................................. 43
5.3.4 Petrofísica)............................................................................................................. 45
5.3.4.1 Raios gama (GR).................................................................................................... 45
5.3.4.2 Sônico (DT) )......................................................................................................... 45
5.3.4.3 Densidade)............................................................................................................. 46
5.3.4.4 Resistividade (ILD)................................................................................................ 46
5.3.4.5 Cálculo de volume de argila (Vsh)......................................................................... 47
5.3.4.6 Cálculo de porosidade total (Øt) e efetiva (Øe) .................................................... 47
5.3.4.7 Cálculo de resistividade (Rw) e saturação da água (Sw) ...................................... 48
5.4 Análise volumétrica.............................................................................................. 50
6 RESULTADOS OBTIDOS.................................................................................. 52
6.1 Interpretação sismoestratigráfica....................................................................... 52
6.2 Interpretação sismoestrutural............................................................................. 65
6.3 Caracterização do reservatório........................................................................... 67
6.3.1 Reservatório do Membro Ilha Bela........................................................................ 68
6.4 Avaliação de ocorrência de hidrocarbonetos..................................................... 75
CONCLUSÃO...................................................................................................... 80
REFERÊNCIAS................................................................................................... 81
12

INTRODUÇÃO

Na década de 1960, iniciou o chamado esforço exploratório na Bacia de


Santos, através de aquisição de dados sísmicos, tendo o seu primeiro poço perfurado
na década de 1970. Com a intensificação dessas campanhas, foram descobertos
campos de gás de Merluza, e em seguida, diversos campos na área conhecida como
“pós-sal” (Tubarão, Coral, Caravela, Oliva e etc.).

Em 2006, a grande virada se iniciou com os anúncios das grandes reservas


conhecidas como “pré-sal”, principalmente Tupi, posteriormente denominado
Campo de Lula, e outras descobertas importantes como Libra, Carcará, Carioca,
Júpiter e Sapinhoá.

Esses eventos alçaram a Bacia de Santos ao status de bacia mais importante


do Brasil em termos de exploração e produção de óleo e gás. A partir disso, esta
passou a ser tema de inúmeros estudos com o intuito de aprimorar o seu total
entendimento.

O tema proposto neste trabalho foca na porção pós-sal e exerce grande


importância na qualidade dos projetos atuais e futuros nesta bacia. Para a eficácia da
exploração de hidrocarbonetos, o conhecimento da bacia é fundamental, uma vez
que, através desse conhecimento pode-se refazer a história da sua evolução
geológica, identificando assim, possíveis plays e alvos exploratórios.
13

1 OBJETIVOS

O presente trabalho que foca seus esforços na porção acima da camada de


sal, intervalo conhecido como seção pós-sal, a partir da Formação Ariri (evaporitos)
se estendendo até a Formação Santos/Juréia (cunhas silicicláticas), tem como
objetivo a identificação de possíveis prospectos na área estudada. Além de executar
uma avaliação de suas respectivas reservas, será realizado análises
sismoestratigráficas e sismoestrutural das linhas 2D e cubo 3D, para identificação
dos elementos que possam constituir um sistema petrolífero, análises petrofísicas
nos poços disponibilzados, para entendimento das propriedades físicas das rochas e
dos fluídos presentes e para análise dos hidrocarbonetos, análises geoquímicas
disponibilizadas pela ANP.

Foram disponibilizados pela ANP para o estudo da área um total de 14


(quatorze) linhas 2D (pós-stack), um cubo sísmico 3D (pós-stack) e uma pasta
contendo dados de 4 poços já perfurados, tais como perfil composto e dados
geoquímicos. Das catorze linhas disponibilizadas, somente 4 serão usadas por serem
mais regionais e apresentarem uma melhor qualidade de processamento.
14

2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

A Bacia de Santos está localizada no sudeste do Brasil, se estendendo pelos


estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Apresenta-se
totalmente submersa cobrindo uma área de 352.260 km2, sendo 150.760 km2 entre
as cotas de 400 a 1.000 metros e 180.750 km2 entre as cotas de 1.000 e 3.000
metros, acomodando-se sobre o Platô de São Paulo.

Está geograficamente limitada pela Zona de Fratura de Florianópolis ao sul,


pelo Alto de Cabo Frio ao norte e pela Serra do Mar ao oeste, sendo essa, uma
feição fisiográfica que a confina ao domínio oceânico (MILANI et al., 2000;
MOREIRA et al., 2007).

A área selecionada para o trabalho está localizada aproximadamente 185 km


de distância da cidade de Santos, no litoral paulista, na porção central da bacia e está
inserida no polígono do sal, próximo aos seus limites em direção ao continente
(figura 1)

Figura 1 - Localização da área

Legenda : Bacia de Santos e seus blocos


Fonte: ANP/BDEP, fev. 2010
15

O trabalho está focado em uma área de aproximadamente 100 km2, sendo


definida pelos limites do cubo sísmico disponibilizado pela ANP. As quatro linhas
utilizadas foram selecionadas pela sua característica regional, permitindo uma
melhor compreensão da geologia.

O bloco SS-AR3-SANTOS, localizado dentro da porção central da Bacia de


Santos (figura 2) teve áreas, localizadas fora do polígono do sal, ofertadas no 140
leilão, realizado pela ANP em setembro de 2017, porém nenhuma área foi
arrematada.

Figura 2 - Localização do bloco SS-AR3-SANTOS

Legenda: Localização dos blocos SS-AR3-SANTOS, SS-AR4-SANTOS E SS-


AP4-SANTOS
Fonte: ANP, 2017.
16

3 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

Segundo Almeida (1967), a evolução da Plataforma Brasileira pode ser


dividida em quatro grandes etapas ou estágios. A primeira etapa, denominada ciclo
Brasiliano, consiste em um evento orogênico onde uma assembleia de terrenos
acrescidos aos cratóns do Amazonas e do São Francisco formaram o supercontinente
Gondwana, durante o Neo-Proterozoico (ALMEIDA,1976; HEILBRON,2000). A
segunda etapa, se deu do período Cambriano ao Ordoviciano, chamado de estágio de
transição (ALMEIDA, 1969) e é marcado por uma diminuição dos processos de
dobramentos, passando à predominância de falhamentos como agente gerador de
fossas intermontanas, antefossas e bacias marginais (ZALÁN, 2004). Entre o período
Siluriano ao Jurássico, se passou a três etapa, denominada Estágio de Estabilização
(ALMEIDA,1969). Essa etapa apresentou um período de quietude tectônica e
mudanças no padrão de sedimentação por sobre a plataforma continental. É
caracterizada pela formação de grandes bacias de sinéclises que sofreram
transgressões e regressões marinhas extensas, que cessam entre o período Triássico e
Jurássico quando ocorre uma extrema calma tectônica e a plataforma sofre uma
ascensão, desfavorecendo assim, novas sedimentações. A quarta e última etapa
começou no período Neo-Jurássico se estendendo até o recente. A evolução dessa
última parte se deu segundo o modelo de Mackenzie (MACKENZIE, 1978), se
iniciando com rifteamento continental (200Ma) e finalizando como uma margem
passiva (90Ma) (PONTE e ASMUS, 1976).

O modelo geodinâmico tradicional de rifteamento Brasil-África considera a


evolução de riftes independentes localizados nas regiões equatorial e leste do
Gondwana e essas fendas teriam evoluído até se encontrarem em um ponto que seria
o último elo dos continentes (ASMUS e PORTO,1972). No Eocretáceo, o processo
continuou, porém, limitado a área entre as bacias de Santos e Sergipe/Alagoas no
Brasil e na África às bacias do Gabão e Cuenza, devido a barreiras estruturais
presentes ao norte e ao sul, representadas pelo lineamento de Florianópolis e de
Maceió pelo lado brasileiro (ASMUS e GUAZELLI,1981) e pela Dorsal de Walvis e
altos na região entre Nigéria e Camarões, no lado africano. No Neo-Cretáceo, o
estiramento crustal continua até o momento do break-up, iniciando a fase de Deriva
17

Continental que abrange diversos eventos magmáticos básicos marítimos, alcalinos e


graníticos, acompanhado por soerguimentos e erosão, deposição de sequências
continentais e transgressões marinhas (ZALÁN, 2004), continuando até o presente
momento.

Figura 3 - Bacia de Santos e suas feições

Legenda: Bacia de Santos e suas feições geológicas e geográficas


Fonte: MOHRIAK, 2003
18

Figura 4 - Evolução geotectônica margem passiva

Legenda: Modelo geodinâmico esquemático de quebra continental e formação da


margem continental divergente abrangendo as fases propostas por
Wilson
Fonte: CAINELLI e MOHRIAK, 1999
19

3.1 Evolução tectono-sedimentar

A Bacia de Santos é uma das bacias produzidas no processo de rifteamento


Brasil-África, tendo sua evolução ligada à três fases desse evento, iniciando-se em
135 Ma (PEREIRA e FEIJÓ, 1994; MIO et al., 2005; MOREIRA et al., 2007;
CHANG et al.,2008; CALDAS e ZALÁN, 2009) com a fase Rifte, evoluindo para
Transicional e posteriormente, para a fase de Deriva Continental ou Drifte (Figura
4).

A fase rifte compreende a deposição de sedimentos continentais do Grupo


Guaratiba, dispostos em hemi-grábens, limitados por falhas de direção NE-SW, com
espessuras que podem ultrapassar 3 km (GAMBOA et al., 2008). A fase pós-rifte
engloba a porção superior do Grupo Guaratiba, caracterizada pela relativa calmaria
tectônica, dominada pela flexura termal da crosta. Os evaporitos da Formação Ariri
inseridos neste contexto teriam se depositado durante a separação definitiva do
bloco de crosta continental, que continha a América do Sul e a África. Neste
momento, as altas taxas de subsidência termal, associadas a um gradual e relativo
contínuo influxo de água marinha para dentro de um golfo isolado do mar aberto
pelo Alto de Florianópolis, propiciou o preenchimento de uma estreita faixa de 1800
km de comprimento, mais larga ao sul, devido ao intenso estiramento da crosta
continental que formou o Platô de São Paulo nesta região (GAMBOA et al., 2008).
20

Figura 5 - Carta estratigráfica da Bacia de Santos

Fonte: MOREIRA et al.,2007

A fase drifte se inicia com os carbonatos albianos da Formação Guarujá, que


registram o estabelecimento definitivo das condições marinhas, evoluindo para o
afogamento contínuo até o soerguimento da Serra do Mar, responsável por um
grande influxo de sedimentos siliciclásticos representados pelas formações Santos,
21

Juréia e Itajaí-Açu (GAMBOA et al., 2008). A progradação gerada pela entrada de


grande quantidade de sedimentos foi a principal responsável pela deformação da
sequência evaporítica e deslocamento do sal em direção ao depocentro da bacia,
concomitante com o desenvolvimento de uma importante falha de crescimento
antitética de direção NE- SW, denominada Falha de Cabo Frio (GAMBOA et al.,
2008). A sequência predominantemente carbonática, depositada do Albiano ao
Cenomaniano, é associada ao Grupo Camburi, enquanto os sedimentos
siliciclásticos do Cretáceo Superior estão inseridos no Grupo Frade, e os sedimentos
predominantemente siliciclásticos do Cenozoico, correspondem ao Grupo
Itamambuca.

3.2 Arcabouço estrutural

Em relação ao seu arcabouço estrutural, a Bacia de Santos apresenta falhas


normais com as mais abundantes e importantes, apresentando direção geral NE-SW,
formadas por reativações de feições do embasamento. Estas foram estudadas através
de métodos potenciais e interpretações de perfis sísmicos (CHANG et al.,1992;
MOHRIAK, 2004). Encontram-se escalonadas, como falhas sintéticas mergulhando
em direção ao oceano e falhas antitéticas, com mergulho em direção ao continente,
juntamente com a ocorrência de grábens e horstes.

A bacia pode ser dividida em duas porções, uma mais interna, rasa, próxima
à zona litorânea; e uma externa, profunda, onde o embasamento encontra-se a pelo
menos 8000m de profundidade (LEYDEN et al., 1971; ALVES, 2002; PONTES &
ASMUS, 1976; ALVES, 2002). Estas encontram-se separadas por uma linha de
charneira, denominada Charneira de Santos ou Charneira Cretácea (ALVES, 2002),
que se encontra paralela à linha de costa e às direções estruturais das rochas pré-
cambrianas expostas no continente emerso.

Outra importante feição estrutural é o Platô de São Paulo, uma feição


facilmente percebida com uma área de 114.000km2 (ZEMBRUSCKI et al, 1972). A
sua natureza acrescional por vulcanismo foi sugerida pela interpretação
levantamentos sísmicos (BACCAR, 1970; LEYDEN & NUNES, 1972)
22

Na bacia também são encontradas feições estruturais relacionadas à


halocinese ou tectônica do sal. Esse fenômeno é responsável pela grande
deformação na bacia pós-aptiana. Pode ser caracterizada pela geração de almofadas,
diápiros e muralhas de sal (DEMERCIAN, 1996; MOHRIAK, 2004). Em porções
distais, essas formações geram mini- bacias e grábens de evacuação de sal (ZALÁN,
2001).

A localização do depocentro sugere uma contínua subsidência controlada


pela Linha de Charneira de Santos, a oeste, e a criação de espaço de acomodação
pela mobilização do sal para leste, que resultou em um zoneamento formado por
uma província evaporítica dominada por tectônica distensiva, e outra fortemente
deformada, onde predominam estruturas compressivas (MEISLING et al., 2001;
MODICA & BRUSH, 2004; MOHRIAK et al.,2004; GAMBOA et al.,2008)

Zonas de transferência com direções NW e NNW, presentes na bacia,


formaram- se no período de rifteamento, sendo que algumas delas foram reativadas
durante a formação de fraturas oceânicas (MACEDO, 1989; MEISLING et al.,
2001; MOHRIAK, 2004). As zonas de transferência de Ilha Grande, Merluza e
Tubarão (DEMERCIAN & SZATMARI, 1999) tiveram importância no controle da
tectônica do sal e na divisão da bacia em províncias.

3.3 Estratigrafia

Em 2007, Moreira (MOREIRA et al.,2007) revisou os trabalhos de Pereira e


Feijó (1994), atualizando o arcabouço crono-estratigráfico da bacia dando ênfase na
individualidade em sequências deposicionais e subdividiram seu preenchimento
sedimentar em sequências deposicionais, limitadas por discordâncias de caráter
regional. São identificadas 3 supersequências: Rifte, Pós-Rifte ou Transicional e
Deriva Continental ou Drifte, descritas a seguir.

A Supersequência Rifte, onde começa o registro sedimentar da bacia, assim


como sua vizinha ao norte Bacia de Campos, iniciou-se no Hauteriviano (135Ma)
(Rio da Serra e Aratu) e se estendeu até o início do Aptiano(125Ma)(Jiquiá), sendo
23

subdividida em 3 sequências deposicionais: K20-K34 (Formação Camboriú),


K36(Formação Piçarras) e K38 (Formação Itapema).

Sequência K20-K34 ou Formação Camboriú é composta por derrames


basálticos eocretáceos sotopostos aos preenchimentos sedimentares de praticamente
toda Bacia de Santos (PEREIRA e FEIJÓ, 1994; MOREIRA et al., 2007). Se
apresenta como um basalto verde-escuro e cinza-escuro, constituído principalmente
por plagioclásio e piroxênio, com limite inferior discordante com as rochas do
embasamento pré-Cambriano e limite superior discordante da Sequência K36.

A Sequência K36, chamada de Formação Piçarras, está limitada


inferiormente pela discordância com o topo basáltico da sequência K20-K34 e
superiormente pela discordância com a sequência K38. São sedimentos depositados
no Andar Barremiano, compostos de leques aluviais de conglomerados e arenitos
polimíticos constituídos de fragmentos de basaltos, quartzo, feldspatos, nas porções
proximais e nas porções lacustres, por arenitos, siltitos e folhelhos de composição
talco-estevensítica. (MOREIRA et al.,2007)

A sequência K38 corresponde à Formação Itapema, que são sedimentos


depositados desde o Neobarremiano ao Eoaptiano, tem seu limite inferior marcado
pela discordância intrabarremiana de 126,4Ma e o limite superior pela discordância
com a base do Andar Alagoas. É caracterizada pelas intercalações de calcirruditos,
constituídos por fragmentos de conchas frequentementes dolomitizadas e/ou
silicificadas, e folhelhos escuros, que ocorrem nas porções distais e são ricos em
matéria orgânica. Leques aluviais de conglomerados e arenitos marcam a porção
proximal da sequência.

A Supersequência Pós-Rifte ou Transicional, que se inicia no Eoaptiano se


estendendo até o final desse mesmo período, foi dividida por Moreira em 3
sequências: K44 (porção inferior da Formação Barra Velha), K46-48 (porção
superior da Formação Barra Velha) e K50 (Formação Ariri).

A sequência K44 corresponde à porção inferior Formação Barra Velha


pertencente ao Grupo Guaratiba. Apresenta limite inferior dado pela discordância
conhecida como pré-Alagoas e limite superior com uma discordância de 117Ma.,
correspondente a um refletor sísmico de forte impedância acústica positiva
(MOREIRA et al., 2007). Seus sedimentos são marcados por um ambiente
24

transicional entre continental e marinho, com deposição de calcários microbiais e


folhelhos nas porções distais, depositados durante o Eoaptiano no período
equivalente ao andar Alagoas.

Equivalente a porção superior da Formação Barra Velha, a sequência K46-48


apresenta sedimentos depositados durante o Neoaptiano, andar Alagoas superior,
com limite superior dado pela base dos evaporitos, marcando a passagem da
sequência sedimentar clástica/carbonática para evaporítica. Seus sedimentos são
caracterizados pela ocorrência de calcários estromatolíticos e laminitos microbiais,
localmente dolomitizados. Não ocorre mudança de ambiente deposicional nessa
sequência em relação a anterior.

Depositada no Neoaptiano a sequência K50, correspondente a Formação


Ariri, congrega a suíte evaporítica Neo-Alagoas que recobre discordantemente os
clásticos da Formação Guaratiba e é recoberto concordantemente pelos clásticos da
Formação Florianópolis e carbonatos da Formação Guarujá. Essa formação é
composta por espessos pacotes de halita associados a anidritas, folhelhos e margas
(PEREIRA e FEIJÓ,1994). Entretanto, também foi constatado a presença de sais
mais solúveis nos evaporitos, tais como, taquidrita, carnalita e, localmente, silvinita
(MOREIRA et al., 2007).

Ao final Aptiano e início do Albiano, o ambiente deposicional passou a ser


francamente marinho, instalando-se, assim, a Supersequência Drifte. Essa fase inicia
com deposição da sequência K60, composta pela Formação Florianópolis que é
formada por conglomerados, arenitos e folhelhos associados a sistemas de leques
aluviais e deltaicos e pela Formação Guarujá, caracterizada pela presença de uma
plataforma carbonática representada por grainstones e packstones
oolíticos/oncolíticos depositados em sistemas de barras progradantes (fácies alta
energia); e por calcilutitos, margas e folhelhos ricos em matéria orgânica,
depositados em ambientes lagunares e marinho profundo (fácies baixa energia)
(MOREIRA et al., 2007). Já a sequência K70 e K82-86 inferior, apresentam
folhelhos radioativos, margas, calcilutitos e os arenitos de depósitos de fluxos
gravitacionais (Membro Tombo) constituem a Formação Itanhaém (MOREIRA et
al., 2007). Sendo os folhelhos radioativos com potencial para geração de HC
associados a eventos anóxicos de caráter mundial, ocean anoxic event.
25

Entre o Cenomaniano ao limite Cretáceo/Paleógeno ocorreu a deposição da


Formação Santos que são sedimentos conglomeráticos avermelhados de leques
aluviais, que interdigitam-se lateralmente aos sedimentos das formações Juréia e
Itajaí-Açu. A Formação Juréia é constituída por arenitos e pelitos avermelhados
associados a sistemas fluviais e deltaicos, enquanto a Formação Itajaí-Açu é
caracterizada por folhelhos, argilitos cinza-escuros e arenitos de fluxos
gravitacionais (Membro Ilhabela), depositados em ambiente de plataforma distal,
talude e bacia (MOREIRA et al., 2007).

As formações supracitadas compõem a porção superior da sequência K82-


86, além das sequências K88, K90, K100, K110, K120 e K130, que refletem
tendência geral regressiva e padrão estratal progradacional. Intercalado-se nestes
depósitos, ocorre o evento magmático Santoniano-Campaniano, resultando em
rochas intrusivas e extrusivas (MOREIRA et al., 2007).

Do período Paleoceno ao final do Eoceno foram depositados os sedimentos


das formações Ponta Aguda, formada por arenitos avermelhados de leques aluviais,
sistemas fluviais e costeiros, e Marambaia, composta por folhelhos, siltitos e margas
marinhas, além de diamictitos, depositados em plataforma distal, talude e bacia.
Estas se interdigitam aos arenitos oriundos de fluxos gravitacionais turbidíticos do
Membro Maresias. Neste período, são individualizadas as sequências E10, E20,
E30-E40, E50 e E60, relacionadas a um importante rebaixamento relativo do nível
do mar e desenvolvimento de expressivos canyons. Durante a sequência E30-E40
ocorre significativo evento magmático de caráter intrusivo e extrusivo, que afetou
principalmente a área do Alto de Cabo Frio (OUTEIRO,2006; MOREIRA et al.,
2007). Entre Oligoceno e o Plioceno a deposição dos sedimentos das formações
Ponta Aguda e Marambaia continua. Em posições próximas à quebra da plataforma,
ocorrem calcarenitos e calcirruditos algálicos que constituem a Formação Iguape.
Neste período, são individualizadas as sequências E70, E80, N10-N30, N40 e N50-
N60. Apenas no Pleistoceno, durante a sequência N50-N60, há a deposição na
plataforma de arenitos cinza-esbranquiçados e coquinas de moluscos, briozoários e
foraminíferos, que compõem a Formação Sepetiba. As sequências mencionadas
possuem caráter progradante, após grande elevação do nível do mar que propiciou
um expressivo recuo da borda da plataforma em relação à sequência E60
(MOREIRA et al., 2007)
26

Figura 6 - Carta estratigráfica da Bacia de Santos

Legenda: Carta estratigráfica da bacia de Santos identificando ambientes e períodos


Fonte: MOREIRA et al., 2007
27

4 SISTEMAS PETROLÍFEROS

Segundo o trabalho de Chang et al. (2008), foi possível identificar dois


sistemas petrolíferos através da análise do potencial do sistema petrolífero da bacia,
são estes: Guaratiba-Guarujá e Itajaí-Açu-Ilhabela. Sendo a Formação Guaratiba a
principal geradora da bacia. Porém, pela revisão desenvolvida por Moreira et al.
(2007), a formação Guaratiba foi elevada à qualidade de grupo, sendo esta
subdividida em cinco formações (Guaratiba, Barra Velha, Itapema, Piçarras e Ariri),
com três pertencentes à fase rifte (Piçarras, Barra Velha e Itapema). Dessa forma, os
sistemas petrolíferos identificados são: Piçarras-Barra Velha/Itapema (!); Piçarras-
Guarujá(!) e Itajaí-açu-Ilhabela(?).

A principal geradora da bacia é a Formação Piçarras, depositada em


ambiente lacustre com carbonatos intercalados durante o andar Barremiano. O óleo
gerado migrou e acumulou-se em carbonatos (Formações Itapema e Barra Velha) e
em calcários oolíticos eoalbianos (Formação Guarujá).

O sistema petrolífero Itajaí-Açu-Ilhabela é inferido. Caracterizado pela


geração a partir dos folhelhos marinhos anóxicos da Formação Itajaí-Açu com
acumulação nos arenitos turbidíticos neoturonianos a eosantonianos do Membro
Ilhabela.

4.1 Rocha Geradora

Na bacia são identificadas duas porções geradoras: a porção superior do


Grupo Guaratiba (Formação Piçarras) e a porção inferior da Formação Itajaí-Açu.

Segundo Chang, 2008, o conhecimento sobre essas rochas geradoras limita-


se às análises geoquímicas realizadas em amostras de óleo provindas de
acumulações comerciais e sub-comerciais, pois poucos poços atingiram tão
profundo.
28

A rocha geradora da Formação Piçarras foi depositada em ambiente lacustre


salino, durante o Barremiano, no Andar Aratu, quando o sistema de lagos passou a
receber influência de águas salinas, tornando-se salinizado em função do incremento
de aridez no final do Cretáceo Inferior. Essa formação, por correlação com a
Formação Lagoa Feia da vizinha Bacia de Campos, apresenta folhelhos negros
laminados, intercalados com carbonatos, espessura variando entre 100 e 300 metros,
com uma concentração de Carbono Orgânico Total (COT) entre 2 e 6% e um Índice
de Hidrogênio (IH) superior a 900 mg de HC/g COT, podendo ser qualificado como
um querogênio do Tipo I.

A rocha geradora da Formação Itajaí-Açu depositou-se em ambiente marinho


anóxico, no intervalo Cenomaniano/Meso-Turoniano, período relacionado ao
segundo evento anóxico do Cretáceo (OAE-2). Apresenta valores de COT em torno
de 1% podendo chegar a 6% e valores médios de S1 e S2 de 0,41 mg/HC/g de rocha
e 2,19 mg/HC/g de rocha, respectivamente, o que indica baixo nível de maturação
do material orgânico. Em uma descrição apresentada por Arai (1988), a matéria
orgânica é composta por algas marinhas, pólens, esporos e fragmentos de vegetais
terrestres (querogênio Tipo II).

4.2 Reservatórios

Nessa bacia, as rochas-reservatórios podem se apresentar em ambientes de


águas mais rasas, tais como os carbonatos da Formação Barra Velha e Itapema (pré-
sal) e da Formação Guarujá (pós-sal), até os arenitos turbidíticos eocênicos da
Formação Marambaia. Na seção rifte e pós-rifte, os principais reservatórios são
representados pelos carbonatos das Formações Barra Velha e Itapema, onde foram
descobertos gigantescos volumes nos campos de Lula e Sapinhoá. Já na seção pós-
rifte são os carbonatos oolíticos da Formação Guarujá, os mais importantes, com
descobertas volumosas nos campos de Tubarão, Estrela do Mar, Coral, Caravela e
Cavalo-Marinho. Já os arenitos turbidíticos de idade Neo-Turoniana a Eo-
Santoniana do Membro Ilhabela da Formação Itajaí-Açu, constituem importantes
29

alvo exploratório, com acumulações sub- comerciais, tais como os campos de


Merluza e Lagosta.

4.2.1 Carbonáticos

Na Bacia de Santos existem duas formações que se apresentam como


reservatórios carbonáticos: a Formação Barra Velha e a Formação Guarujá. A
formação Barra Velha é composta por rochas carbonáticas formadas por
calcirruditos constituídos de fragmentos de conchas de pelecípodes frequentemente
dolomitizados ou silificados, e/ou microbialitos de idade Neobarremiano-Eoaptiano.

A Formação Guarujá é composta por calcarenitos, essencialmente


grainstones, desenvolvidos em uma extensa plataforma carbonática durante o
Albiano Inferior-Médio. As zonas porosas dessa rocha, encontram-se nos topos da
formação, em profundidades acima de 4.500 metros, sendo compostas por
grainstones oolíticos e oolíticos-oncolíticos, depositados em ambiente de alta
energia.

Carvalho et al. (1990) identificaram reservatórios carbonáticos que se


apresentam subdivididos em níveis estratigráficos com porosidades entre 12 a 14 %
e permeabilidades chegando à 1.400mD. Essas subdivisões foram denominadas B1,
B2 E B3 para as porções superior, média e inferior, respectivamente, sendo
identificadas por marcos elétricos. São observados ciclos de shoaling-upward
oolíticos nas zonas de produção, além de diferentes composições químicas dos óleos
em cada uma das zonas-reservatórios, indicando uma grande eficiência no
isolamento ao fluxo entre estas.
30

4.2.2 Siliciclásticos

Os reservatórios turbidíticos do Membro Ilha Bela são considerados os mais


importantes desse tipo de reservatório, ocorrem intercalados com os pelitos de água
profunda da Formação Itajaí-Açu, com uma espessura porosa superior a 100m,
podendo conter até 10 zonas porosas, estimadas através de valores de porosidade
calculada superiores a 12%.

Progressivamente, a porosidade vai se reduzindo de acordo com o aumento


da profundidade de soterramento, com valores entre 10 e 15% em profundidades
entre 4500 e 5000 metros. Com estudo de testemunhos foi identificada como
principal litofácies-reservatório, arenitos maciços de granulometria fina a grossa e
seleção pobre a moderada (CHANG et al.,2008) e um arcabouço predominado por
quartzo, feldspatos e litoclastos vulcânicos.

Também dentro desse tipo de reservatório, são encontrados na bacia os


arenitos do Cretáceo Superior e Eoceno da Formação Santos/Juréia, que apesar de
apresentarem uma tendência a redução de porosidade conforme a profundidade
cresce, podem ser encontrados intervalos porosidade podendo chegar à 15% em
profundidades superiores a 4000m.

4.3 Trapas e Selos

Os selos para os inúmeros reservatórios da Bacia de Santos são constituídos


por pelitos e calcilutitos intercalados aos próprios reservatórios. No caso da
Formação Guarujá, as rochas selantes são os calcilutitos intercalados ao calcarenitos
porosos que foram ciclos de coarsening-upward e os calcilutitos e pelitos da
Formação Itanhaém (CHANG et al., 2008). Para os reservatórios siliciclásticos as
rochas selantes são os pelitos intercalados aos arenitos das formações Itajaí-Açu,
Santos, Juréia e Marambaia.

As principais acumulações de hidrocarbonetos na Bacia de Santos são em trapas de


caráter estrutural e misto. O aporte sedimentar e o imenso volume de evaporitos
31

depositados durante do Aptiano controlaram a geração de trapas relacionadas à


halocinese, com muitas armadilhas associadas a domos ou diápiros de sal. O
acunhamento de corpos arenosos contra a parede dos domos ou diápiros de sal (pinch
out) representa uma das trapas mais comuns associadas à halocinese. Trapas
associadas a altos estruturais da seção rifte constituem excelentes concentradores de
hidrocarbonetos, como é o caso das recentes descobertas na seção pré-sal da Bacia de
Santos.

4.4 Migração e Acumulação

O fluxo de hidrocarbonetos gerados na seção rifte foi muito influenciado


pela dinâmica da sequência evaporítica. A geometria da base do sal direcionou o
fluxo criando várias redes de drenagem e vias preferenciais até áreas onde
existissem janelas ou menos espessura na sequência evaporítica, possibilitando que
os hidrocarbonetos migrassem para cima. O fluxo, após passar pelas barreiras
evaporíticas, se concentrou nas falhas distensionais lístricas associadas aos domos e
diápiros de sal, ou em falhas de transferência, até as armadilhas.

Os hidrocarbonetos gerados na Formação Itajaí-Açu migraram pelas falhas


lístricas ou de transferência geradas pela halocinese.

4.5 Sincronismo

Com o pico da geração e expulsão de hidrocarbonetos da seção rifte entre 90


a 70 Ma, estendendo-se até o Eoceno, o trapeamento em todos os reservatórios,
tanto os carbonatos das Formação Guarujá e Barra Velha, quanto os arenitos do
Membro Ilhabela e Formação Marambaia, foi viável. As rochas geradoras da porção
basal da Formação Itajaí-Açu entraram na janela de geração a partir do
Maastrichitiano. Para esses óleos, as acumulações ficam restritas a reservatórios de
idades mais novas, ou seja, do Turoniano ao Recente.
32

5 DADOS E MÉTODOS

A metodologia aplicada se iniciou com uma pesquisa bibliográfica da área a


ser estudada, com o intuito de se obter informações sobre sua geologia regional,
contexto geotectônico, arcabouço estrutural e principais sistemas petrolíferos.

Em seguida, os dados cedidos pela ANP foram carregados no software


Petrel®, disponibilizado pela companhia Schlumberger ao laboratório de
interpretação sismoestratigráfica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
assim como o software Techlog®, sendo utilizado nesses dados o datum WGS84 e o
sistema de coordenadas UTM, zona 23S. Posteriormente, as linhas carregadas foram
ajustadas e niveladas utilizando mis-tie e shift. O cubo 3D necessitou de uma
alteração no intervalo de aquisição, uma vez que o mesmo é menor do que as linhas
2D, não abrangendo as camadas até o fundo do mar. Utilizando o software Techlog®
converteu-se as curvas mais longas e representativas de DLIS para LAS, para assim,
serem reconhecidas no Petrel®. Os perfis utilizados foram Perfil Gama (GR), Perfil
Sônico (DT) e Perfil de Densidade (RHOB).

Então, utilizando-se desses dados foi realizada a chamada amarração poço-


sísmica. Através da geração de um sismograma sintético, a partir dos perfis de
densidade e sônico, conseguiu-se fazer uma correlação dos marcadores geológicos
do poço com os refletores na sísmica, identificando os horizontes de contato. Nas
áreas vizinhas, os horizontes principais foram identificados por analogia, utilizando
revisões bibliográficas de trabalhos feitos na região, como referência.

O poço amarrado ao cubo sísmico 3D foi o poço 1-BRSA-498-SPS e,


consequentemente, identificação dos refletores sísmicos que correspondem aos
principais marcadores geológicos do poço. A interpretação do cubo 3D foi feita
parcialmente, uma vez que o mesmo não se estende até o fundo do mar. Em seguida,
os horizontes foram estendidos nas linhas 2D, onde estas interceptavam o cubo, já
nas regiões não atravessadas pelos poços e nem pelo cubo, a identificação dos
horizontes mapeados foi feita baseada em analogias da literatura, principalmente ao
trabalho realizado por Moreira et al. (2007), no qual, os autores propõem
discordâncias que limitam sequências deposicionais, descrevendo cada pacote
33

sedimentar litologicamente e estratigraficamente. Outros trabalhos de interpretação


sísmica na área da Bacia de Santos também foram consultados, tais como Chang et
al. (2008).

5.1 Dados disponibilizados

Os dados utilizados para a realização deste trabalho foram disponibilizados


pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e podem
ser encontrados no Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP). Foram
utilizados dados sísmicos 2D e 3D, além de dados de poços.

Os dados sísmicos 3D possuem uma área de aproximadamente 100km2 e


fazem parte do levantamento R0264_BMS_3_PSDM.3D. As linhas 2D utilizadas
são regionais e totalizaram quatro que pertencem ao levantamento
0134_SANTOS_1A.

Dos quatro poços foram disponibilizados, somente o poço 1-BRSA-498-SPS


foi utilizado por somente este atravessar o reservatório estudado. Os dados presentes
neste estão demonstrados na tabela a seguir:

Tabela 1 - Perfis de poço disponibilizados

Resistividade Resistividade
Poço GR Calliper DT RHOB NPHI
Rasa profunda
1-BRSA-498-
x x x x x x x
SPS
Legenda: Gr = Raios Gama; DT= Sônico; RHOB = Densidade; NPHI = Neutrão
Fonte: O autor, 2018.
34

Figura 7 - Logs das curvas utilizadas para o estudo

Legenda: Destacado em amarelo está o intervalo de interesse.


Fonte: O autor, 2018.
35

Figura 8 - Localização do poço no cubo sísmico

Fonte: O autor, 2018.

5.2 Análise dos dados sísmicos

A interpretação de dados sísmicos 2D e 3D é de suma importância, pois é a informação


que permite o reconhecimento da geologia da área de forma mais abrangente. Foram
interpretados horizontes sísmicos que são definidos como superfícies que separam diferentes
unidades ou sequências regionais.

5.2.1 Sismoestratigrafia

A sismoestratigrafia é o estudo das fácies deposicionais e da estratigrafia da área


utilizando dados sísmicos (MITCHUM et al., 1977). Este método foi elaborado devido ao
melhoramento da resolução dos dados sísmicos, o que permitiu a observação detalhada de
feições deposicionais e estratigráficas (SEVERIANO, 2001).
36

A metodologia consiste em se identificar e interpretar as terminações dos refletores e


suas sismofácies (figura 9). As terminações estratais ou refletores, são definidas pela relação
geométrica entre os estratos e a superfície contra a qual eles terminam. São melhores
observados em escalas de dados sísmicos ou afloramentos de grande porte. Os principais tipos
de terminações usados nesse trabalho são: truncamento, toplap, offlap, onlap e downlap.
Salvo o primeiro termo, os demais foram desenvolvidos para definir a arquitetura das
reflexões sísmicas (MITCHUM e VAIL, 1977). Abaixo estão disponíveis as definições de
cada termo supracitado:

a) truncamento erosivo: terminação dos estratos contra uma superfície


erosional sobreposta, é produto de erosão;
b) toplap: terminação de estratos inclinados (clinoformas) contra uma
superfície de menor ângulo sobreposta. É resultado de um perfeito
“by-pass”;
c) offlap: variação progressiva na direção do mar das terminações
mergulho acima de unidades sedimentares. Cada unidade
sucessivamente mais jovem deixa exposta porções da unidade mais
antiga na qual termina. Produto da queda do nível base e um
diagnóstico para regressões forçadas;
d) onlap: terminação de estratos de baixo ângulo contra uma superfície
estratigráfica mais inclinada;
e) downlap: terminação de estratos inclinados contra uma superfície de
menor ângulo.
37

Figura 9 - Terminaçōes estratais

Fonte: MITCHUM, 1977 e VAIL et al., 1987.

5.2.2 Atributos sísmicos

Para o estudo das linhas sísmicas 2D e cubo sísmico 3D, foram utilizadas
técnicas para melhoria da visualização, são conhecidas como “atributos sísmicos”,
que podem ser definidos como quaisquer informações computadas a partir do dado
sísmico com a finalidade de destacar ou ressaltar características geológicas deste, ou
que não são diretamente identificadas no dado convencional (SHERIFF, 2002). A
que apresentou o melhor resultado é conhecida como Técnica de Volume de
Amplitude ou TecVa. Essa técnica resulta da combinação de outros atributos
sísmicos que são RMS Amplitude, Remove Bias e Phase Shift, nessa ordem. Esta
técnica gera um atributo volumétrico que destaca os altos contrastes de impedância,
resultantes das diferenças de compactação.
38

5.3 Análise de dados de poços

Análises realizadas utilizando informações adquiridas por poços são de suma


importância, pois através destas se obtém informações relacionadas ao reservatório e
à geologia local. Desta forma, pode-se realizar estudos referentes a avaliação de
prospectos e caracterização de reservatórios. Os dados se apresentam como perfis
geofísicos, amostras de calha, testes de formação e etc. No presente trabalho, as
informações utilizadas foram obtidas pelo poço 1-BRSA-498-SPS.

5.3.1 Controle de Qualidade das Curvas

A fim de se obter uma maior confiança nos dados, foi realizada um controle
de qualidade das curvas utilizadas. Caso necessário, faz-se um processo de
eliminação de spikes (picos considerados anômalos), junção de curvas de diferentes
corridas (merge) e análises de perfis de Caliper. Para a execução desta etapa foi
utilizado o software Techlog®. Somente foi necessário a análise dos perfis de
Caliper para se avaliar a integridade das paredes do poço.

Foram selecionadas para uso, as curvas que além de apresentarem melhor


qualidade, também apresentassem maior extensão e que fossem fundamentais na
interpretação petrofísica e amarração dos poços.

5.3.2 Amarração poço-sísmica

A amarração de poços à sísmica é um método que visa corrigir a disparidade


existente entre os poços e a sísmica, uma vez que estes se encontram em grandezas
diferentes. Os poços apresentam medidas em profundidade (metros), enquanto os
39

dados sísmicos se encontram em tempo (milissegundos). O método consiste na


criação de uma relação tempo x profundidade através da geração de um sismograma
sintético fruto do produto entre os os perfis sônico e o de densidade dos poços.
Porém, antes da geração do sismograma, é feita uma análise o perfil sônico, retirando
os spikes existentes e em seguida, o calibra usando o Checkshot (figura 10), que são
velocidades intervalares calculadas a partir do fundo do poço (figura11).

Figura 10 - Gráfico do Checkshot

Fonte: O autor, 2018.


40

Figura 11 - Calibração do perfil sônico

Fonte: O autor, 2018.

Uma vez gerado o sismograma sintético, parte-se para a etapa onde este será associado
ao dado sísmico real baseando-se na correlação dos refletores.
41

Figura 12 - Amarração poço-sísmica

Legenda: Amarração do sismograma sintético à sísmica


Fonte: O autor, 2018.

5.3.2.2 Conversão tempo-profundidade

Com os poços amarrados, parte-se para próxima etapa que consiste em


possibilitar que a sísmica possa ser analisada em profundidade para que assim, seja
possível quantificar e qualificar leads e prospectos. Essa etapa se baseia em um
modelo de velocidades, onde, um conjunto dados discretos advindo dos poços, é
interpolado à sísmica, gerando assim uma relação entre estes domínios.

Aqui, foi utilizado o método de layer-cake utilizando velocidades


intervalares medias. Nesse método, é calculada a profundidade de cada camada com
42

base nas propriedades físicas de cada intervalo e suas respectivas velocidades


medias.

Os intervalos foram definidos através das superfícies mapeadas no cubo


sísmico, e pelo fato deste não se estender até o fundo do mar, foram inseridas no
cálculo somente as superfícies Topo do Sal, Base do Sal, Topo da Fm.Juréia, topo
da Fm. Itanhaém. Topo da Fm. Itajaí-Açu (figura 13).

Figura 13 - Input das velocidades intervalares

Fonte: O autor, 2018.

As velocidades inseridas foram obtidas utilizando os perfis sônicos de cada


poço, já calibrados pelo checkshot. Devido a ocorrência de erros que estavam
causando distorções no modelo, as velocidades utilizadas foram somente: topo da
Fm. Juréia, topo da Fm. Itanhaém, topo da Fm. Itajaí-Açu, topo e base do sal. Salvo
as duas últimas, todas estas dentro da zona de interesse do presente trabalho.

5.3.3 Geoquímica orgânica

Análises geoquímicas realizadas no poço 1-BRSA-498-SPS foram


disponibilizadas pela ANP, para identificação do potencial de geração de petróleo
nos sedimentos presentes. Essas análises têm como intuito identificar, além das
possíveis rochas geradoras, o estágio de evolução térmica e os tipos de
hidrocarbonetos presentes. Para tal, as técnicas utilizadas foram estudo de Carbono
Orgânico Total (COT) e Pirólise Rock-Eval, descritas a seguir.
43

5.3.3.1 Carbono Orgânico Total

Essa técnica se baseia na determinação da quantidade total de matéria


orgânica presente em um sedimento, ou seja, considerando a matéria orgânica
insolúvel, chamada querogênio e a matéria orgânica solúvel conhecida como
betume. Segundo Peters & Cassa (1994), teores de COT a partir de 1% já podem ser
consideradas como potenciais geradoras de petróleo.

5.3.3.2 Pirólise Rock-Eval

Na técnica de Pirólise Rock-Eval é realizada uma simulação em laboratório do


processo de maturação de hidrocarbonetos, onde são aplicadas temperaturas
experimentais elevadas que permitem a ocorrência de reações termoquímicas em um
curto intervalo de tempo. A partir daí, são registrados três picos (S1, S2 e S3), que são
relacionados às fases de maturação. O pico S1 corresponde aos hidrocarbonetos
presentes que se encontram livres na rocha e que podem ser extraídos pelo uso de
solventes, o pico S2 aos hidrocarbonetos liberados durante o craqueamento térmico do
querogênio, esse é o potencial gerador da rocha, ou seja, a quantidade de HC que a
rocha poderia ter gerado, caso fosse submetida às condições ideais e o pico S3
representa o CO2 liberado ao longo do processo. Além desses picos, também é
registrada a chamada Tmáx., que representa a temperatura máxima na qual ocorre o
máximo de geração de hidrocarbonetos. É registrada durante o pico S2.
O processo consiste em submeter uma amostra de 100mg à temperaturas com
taxa de elevação de 25 0C/min até a temperatura máxima de 600 0C. Um detector de
ionização de chama capta os componentes orgânicos gerados e os representa nos picos
S1 e S2 e um detector infravermelho registra o pico S3.
De posse desses dados, pode-se calcular os índices de produtividade (IP), que
indica a quantidade relativa de hidrocarbonetos livres presentes na amostra (razão
S1/S2+S2), através da razão S2/COT, o índice de hidrogênio (IH) que indica a
proporção entre hidrocarbonetos liberados e o conteúdo de carbono orgânico total, e
por fim a razão S3/COT indica a proporção entre CO2 e o conteúdo de carbono
44

orgânico total, determinando o índice de oxigênio (IO). Esses índices permitem avaliar
a quantidade de petróleo que o querogênio pode gerar, quando submetido a
temperatura adequada, além de estimar a evolução térmica ou grau de maturação da
rocha.
Os índices obtidos de hidrogênio (IH) e oxigênio (IO) correspondem,
aproximadamente, às razões H/C e O/C da análise elementar do querogênio
(EPISTALIÉ et al.,1977) e representam a interação entre a natureza da matéria
orgânica e seu grau de preservação, respectivamente. Utilizando desses índices, pode-
se estimar e classificar o tipo de matéria orgânica presente, plotando estes no diagrama
proposto por Van Krevelen, onde a matéria é classificada como tipo I, II, III e IV
(TISSOT & WELTE, 1984).

Figura 14 - Diagrama tipo Van Krevelen

Legenda: Classificação e evolução térmica dos querogênios exibidos no diagrama tipo “Van Krevelen”
Fonte: ESPITALIÉ et al., 1977
45

5.3.4 Petrofísica

A petrofísica é a área que visa estudar as propriedades físicas da rocha, sua interação
com os fluídos, gasosas ou líquidas. Se demonstra de suma importância, pois através desta são
obtidas importantes informações para a avaliação de oportunidades exploratórias e
desenvolvimento de campos produtores. O objetivo é apontar e quantificar zonas de
acumulação de hidrocarbonetos, se baseando nas propriedades da rocha interpretada como
reservatório. Para realização dos estudos, foram utilizados perfis geofísicos adquiridos
durante a perfuração de poços por ferramentas LWD e Wireline.

5.3.4.1 Raios gama (GR)

Este perfil se baseia na detecção de elementos radioativos presentes no arcabouço


principal da rocha, tais como Tório, Potássio e Urânio. Estes elementos estão comumente
associados a materiais finos argilosos ou argilo-minerais e matéria orgânica. No perfil,
quando esses materiais são identificados, são registrados valores elevados e, em contrapartida,
quando materiais não apresentam materiais radioativos, são registrados valores baixos. Dessa
maneira, pode-se indicar relações entre a presença de materiais finos nas camadas estudadas.
Sua unidade é o grau API.

5.3.4.2 Sônico (DT)

O perfil sônico é registrado pela ferramenta sônica que mede o tempo de intervalo que
uma onda acústica necessita para percorrer a distância de um pé através de uma litologia.
Valores elevados registrados pela ferramenta indicam uma maior porosidade, uma vez que
ondas acústicas se propagam mais rápido em meios sólidos do que em vazios (poros). Esse
perfil é de grande importância, pois é utilizado para cálculos de velocidades intervalares,
calibração de poços para amarração sísmica e fornecimento de informações litológicas e
porosidade. Sua unidade é uSec/ft.
46

5.3.4.3 Densidade

O perfil de densidade (RHOB) é obtido através da emissão de um feixe


monoenergético de uma fonte conhecida, Co-60 ou Cs-137, que se choca sucessivamente com
os elétrons da formação, sendo dispersados ou absorvidos, fazendo assim, com que a
intensidade do feixe inicial diminua. Essa diminuição de intensidade, que está relacionada a
densidade eletrônica do meio, é medida pelos detectores. Então, quanto mais densa for a rocha
menor a será intensidade medida no detector e vice-versa. Para conversão em porosidade
utiliza-se a fórmula abaixo:

ØD = ƿma – ƿb (1)
ƿma - ƿf

ƿma = Densidade da Matriz


ƿf = Densidade de fluido nos poros
ƿb = Densidade total da formação

Esse perfil permite a obtenção da densidade das litologias, o cálculo da porosidade e


indicações de zonas gás, óleo e água presentes nos reservatórios. Sua unidade utilizada é
gm/cc.

5.3.4.4 Resistividade (ILD)

Esse perfil é gerado pelo registro da resistividade elétrica medida nas rochas quando
estas são induzidas por uma corrente elétrica. A ferramenta de resistividade é equipada com
um transmissor elétrico que irá emitir a carga e com sensores que irão registrar essa
resistividade. Esses dados permitem análises de fluidos presentes, podendo indicar a presença
de água (salina ou doce) e fluidos de hidrocarbonetos. Sua unidade é ohm.m.
47

5.3.4.5 Cálculo de volume de argila (Vsh)

Utilizando os perfis de Raio Gama, é possível distinguir os folhelhos e/ou argilas dos
demais tipos litológicos. Uma das principais vantagens desse tipo de perfil é ser possível
realizá-lo em poços revestidos, sendo extremamente útil em trabalhos de completação e
restauração de poços.
Tendo em vista esta informação, este perfil pode ser utilizado como um indicador do
volume destes nas rochas (VSHGR). É possível se calcular através de outros métodos, porém,
este, hoje, é o mais comum.
Aqui, o cálculo foi feito utilizando perfil gama, onde o volume é calculado a partir da
determinação de um valor médio máximo que seja representativo no intervalo, que indica a
presença do material, desconsiderando spikes anômalos, e um valor mínimo médio, também
representativo no intervalo desejado, que indica ausência de material. Com esses dados
utiliza-se a fórmula a seguir:

VSHALE = GR – GRmin (2)


GRmax – Grmin

VSHALE = valor calculado de volume de folhelho


GR = valor de GR lido na curva
GRmin = valor mínimo médio representando o reservatório limpo ou matriz
GRmax = valor máximo médio representando os folhelhos da formação

5.3.4.6 Cálculo de porosidade total (Øt) e efetiva (Øe)

O espaço vazio presente nas rochas, normalmente, preenchido por fluidos, é conhecido
como porosidade, os dois tipos de porosidade abordados no trabalho são as porosidades total e
efetiva. A porosidade total é aquela que leva em consideração todos os poros presentes na
rocha, não importando se estão conectados ou não. Já a porosidade efetiva, abrange os poros
conectados entre si (interconectados), permitindo dessa maneira, uma movimentação dos
fluidos dentro da rocha. O trabalho apresentado por Rider (2011) defende que litologias
diferentes possuem uma variação determinada nos valores de densidade. A seguir, encontra-se
os valores para as rochas mais comuns.
48

Tabela 2 –Tabela de densidades de rocha

Fonte: RIDER,2011

Existem vários métodos para obtenção das porosidades, tais como perfis sônico (DT) e
neutrão (NPHI), porém nesse estudo optou-se pelo método que utiliza as informações
presentes no perfil densidade (RHOB), disponibilizado pela ANP.
Para a realização dos cálculos nos intervalos de interesse foram utilizados valores de
2.71 g/cm3 (calcários) para a densidade da matriz e 1 g/cm3 (água) e 0,9 g/cm3 (óleo leve)
para a densidade do fluido.

5.3.4.7 Cálculo de resistividade (Rw) e saturação da água (Sw)

Os perfis de resistividade são perfis que medem a resistividade da formação, que nada
mais é do que sua resistência à passagem do fluxo de uma corrente elétrica. A obtenção dos
valores de resistividade da formação é um dos métodos para a identificação dos fluidos
presentes no reservatório e também no cálculo da saturação de água (NERY, 1990).
Os hidrocarbonetos, por não serem condutores, provocam o aumento na resistividade
medida da rocha, ao contrário do que acontece quando os poros de rochas que são
preenchidos por água salobra, que se apresentam como ótima condutora, fazendo assim que a
leitura obtida de resistividade seja baixa. Sendo assim, estes perfis são muito importantes na
identificação das zonas de hidrocarbonetos e também permitem o cálculo de resistividade da
água de formação (Rw).
Para a obtenção de valores da saturação de água na formação, antes é necessária a
realização do cálculo de resistividade da água presente na camada. É possível a determinação
através de dois métodos: direto e Resistividade da água aparente (Rwa). No método direto, as
informações são plotadas em um gráfico Temperatura x Resistividade x Salinidade. O método
49

Rwa é calculado através da fórmula de Archie, descrita a seguir, considera o arenito limpo
com saturação de 100% de água, como descrito a seguir. Assumindo que é comum os
expoentes de saturação e cimentação receberem o valor estipulado de 2 e o fator de
tortuosidade de 1.

a x Rw = Rt x Swn x Øm (3)

a = Fator de Tortuosidade
n = Expoente de Saturação
m = Expoente de Cimentação
Rt = Resistividade da Formação
2
Rwa = Rt x Ø (4)

Figura 15 - Log com as curvas petrofísicas obtidas

Fonte: São demonstrados nessa figura o Volume de folhelho(Vsh), Porosidade total (PHIT) e efetiva (PHIE),
permeabilidade PERM_COAT), saturação de água (SW_AR) e resistividade de água aparente (RWA).
Fonte: O autor, 2018.
50

5.4 Análise volumétrica

Com o objetivo de se estimar o volume presente no prospecto estudado, foi realizada


uma análise volumétrica. Para essa análise, foi utilizado o método probabilístico, uma vez que
esse método apresenta um grau de incerteza menor quando comparado ao método
determinístico. No método probabilístico, os volumes são representados através de uma
distribuição normal que consiste em um intervalo de expectativa dos hidrocarbonetos a serem
encontrados.
Os métodos probabilísticos apresentam algumas vantagens em relação ao método
determinístico, tais como, o fato da aplicação da estatística apresentar melhora nas
estimativas; o grau de incerteza das estimativas poder ser mensurado; dados se apresentam
mais reais, incluindo as incertezas associadas à parâmetros importantes que podem ser
informados aos tomadores de decisões (ROSE, 2007).
O método escolhido foi realizado pela simulação de Monte Carlo, onde esse método
probabilístico trata de problemas determinísticos por meio de amostras aleatórias
(OLIVEIRA, BARROS e DOS REIS, 2007). Esta simulação se baseia na ideia de que,
existindo uma equação descritiva que estabeleça o comportamento do sistema em que se
busca uma solução, os possíveis caminhos que esse sistema pode percorrer são simulados
várias vezes, com cada simulação sendo igualmente provável, utilizando dados aleatórios de
variáveis de entrada. Para cada rodada, apenas um valor é recolhido e utilizado como amostra
aleatória dos possíveis valores que o resultado pode assumir, para a criação de um grande
conjunto de resultados independentes. A partir da repetição deste processo um elevado
número de vezes, é obtida a distribuição dos valores do resultado, assim como a média e
outros parâmetros que sugerem o comportamento probabilístico do resultado (JONES, 2009).
A simulação foi realizada utilizando o software GeoX®, onde foi necessário a entrada
de dados, tais como parâmetros volumétricos de rocha e parâmetros de reservatório/fluido. A
seguir descrições das distribuições utilizadas:
a) Distribuição Normal – conhecida como distribuição gaussiana, é a
distribuição mais usada na prática (KOCH & LINK, 1970). Essa
distribuição é totalmente descrita pelos parâmetros de média (µ) e
desvio padrão (σ). Quanto maior o desvio padrão, maior o grau de
achatamento da curva;
51

Figura 16 - Curva de distribuição cumulativa

Fonte: JONES, 2016

b) Stretched Beta – é uma distribuição beta redimensionada que possui


um valor mínimo e máximo que pode ser definido, ou seja, pode-se
expandir o intervalo do beta usual (0 a 1) para ajustar o intervalo que
faz sentido para o parâmetro que está sendo modelado;
c) Constante – somente um valor é utilizado, somente um evento é
possível;
d) Uniforme – a probabilidade de se gerar qualquer ponto em um
intervalo contido no espaço amostral é proporcional ao tamanho do
intervalo, visto que na distribuição uniforme a ƒ(x) é igual para
qualquer valor de x no intervalo considerado. Essa distribuição é
usada para se ter o número de chances possíveis de um determinado
evento ocorrer dentro de um limite de duas variáveis lógicas, sendo
um número finito de resultados com chances iguais de ocorrerem.

Os resultados apresentados pelo software como produto das distribuições utilizadas,


foram volumes de óleo in place e volumes recuperáveis estimados na área estudada e as
incertezas associadas.
52

6 RESULTADOS OBTIDOS

6.1 Interpretação sismoestratigráfica

Utilizando as linhas 2D e o cubo sísmico, além dos poços perfurados, disponibilizados


pela ANP para o presente trabalho, foi realizada uma interpretação sismoestratigráfica com o
intuito de identificar os principais horizontes sísmicos. Estes puderam ser interpretados, com
base nos refletores de polaridade negativa ou positiva e de caráter regional. As interpretações
aqui apresentadas, por uma questão de qualidade gráfica, foram todas apresentadas utilizando
a linha sísmica SANTOS_1A.0248-0048 (figura 17). Neste trabalho, foi possível identificar
três fases de evolução tectônica na área: Rifte, Transicional e Drifte. Porém, como dito
anteriormente, esse trabalho somente irá contemplar as fases tectônicas Transicional e Drifte
(figura 18).

Figura 17 - Localização da linha sísmica SANTOS_1A.248-0048

Fonte: O autor, 2018.


53

Figura 18 - Fase drifte e transicional da Bacia de Santos

Legenda: Fase drifte (amarelo) e fase transicional (linha azul) da Bacia de Santos mostrando diápiros e uma
relativa calmaria tectônica
Fonte: O autor, 2018.

A fase Transicional é marcada pela deposição do sal da Formação Ariri durante o


Aptiano. Na área estudada, o sal apresenta morfologia de pequenos domos e mini-bacias. Isso
se deve pelo fato do sal nessa região, estar se deslocando para as partes mais profundas devido
a existência de uma inclinação em direção à bacia, fazendo com que o mesmo possua
pequenas espessuras. O sal é composto em sua maioria por halita e anidrita, podendo conter
outros mais solúveis, porém, não foram identificados aqui. A halocinese influenciou
diretamente a deposição dos sedimentos sobrepostos, causando dobras, que formam altos
estruturais com falhas no topo, e depressões que formam pequenas bacias.
A fase drifte se inicia com a deposição, sobreposta à Formação Ariri, dos calcários
marinhos e margas das Formações Guarujá e Itanhaém respectivamente, e em seguida, os
folhelhos da Formação Itajaí-Açu, juntamente com os turbiditos do Membro Ilha Bela. Por
fim, os arenitos da Formação Juréia, marcando a regressão marinha presente na área. Sobre os
sedimentos da Formação Juréia estão acomodados arenitos finos e folhelhos da Formação
Marambaia, que marcam a fase de transgressão marinha da bacia.
Os horizontes foram separados por topos cronoestratigráficos da fase transicional e drifte,
associadas à importantes discordâncias regionais. São eles: Base do Sal, Topo do Sal, Topo
do Albiano Inferior, Topo do Albiano Superior, Topo do Turoniano, Topo do Maastrichtiano,
Topo do Oligoceno, Topo do Mioceno Inferior e fundo do mar (Figura 19).
54

Figura 19 - Horizontes da área identificados e delimitados

Topo do Topo do Albiano Topo do Topo do Mioceno


Aptiano
Topo do Albiano superior
Topo do Maastrichiano
Topo do inferior
Fundo do
superior Turoniano Oligoceno mar

Legenda: Todos os horizontes identificados foram limitados e serão discutidos individualmente


Fonte: O autor, 2018.

Base do Sal apresenta um refletor contínuo de alta amplitude positiva, bem


horizontalizado, sendo pouco influenciado pela tectônica, com leves saliências onde ocorrem
domos, que aparentar estar associados à forma da camada inferior. Não foi identificado o
efeito pull-up, resultado da exibição do dado em tempo e da variação lateral de velocidade
entre o domo de sal e os sedimentos depositados lateralmente.
Topo do Sal separa a Formação Ariri, representada por evaporitos, especialmente
halita e anidrita, dos carbonatos Albianos da Formação Guarujá. O horizonte é marcado por
um refletor contínuo de alta amplitude, devido a maior velocidade de onda no sal do que na
camada sobrejacente, e nele podem ser observados domos de sal, formando áreas de mini-
bacias entre eles. Apresenta estrutura por vezes caótica, por vezes transparente e algumas
partes uma leve laminação, que pode indicar uma variação entre halitas e anidritas.
55

Figura 20 - Horizonte Aptiano

Legenda – Horizonte Topo do Aptiano representado por deposição evaporítica durante a fase transicional
Fonte: O autor, 2018.

O Topo do Albiano Inferior é identificado por um refletor de amplitude positiva e


contínuo, seguindo uma concordância com o horizonte anterior. Este representa o final da
Formação Guarujá. Esta formação de idade eo-albiana tem como principal característica ser
fruto da implantação de uma plataforma carbonática, onde foram depositados calcarenitos
oolíticos em clima quente e seco com águas salinas restritas. Apresenta algumas partes com
transparência de refletores, mas no geral uma laminação concordante, estando deformadas nas
proximidades dos domos de sal e altos estruturais nas porções que se encontram em cima
desses mesmos domos. Nas partes mais próximas ao continente, observa-se erosões,
formando um truncamento erosivo. Em alguns pontos, os carbonatos podem estar assentados
diretamente sobre os sedimentos da seção pré-rifte, que se mostra uma condição favorável
para migração de petróleo, formando assim um sistema petrolífero Piçarras-Guarujá.
56

Figura 21 - Horizonte Albiano Inferior

Legenda: Sedimentos carbonáticos de idade albiana inferior, apresentando zonas com transparência
Fonte: Autor

Figura 22 - Terminaçōes estratais da Formação Guarujá

Legenda: Setas em vermelho e azul marcam terminações de superfície erosional e downlaps, respectivamente.
Fonte: O autor, 2018.
57

O Topo do Albiano Superior é identificado por um refletor contínuo, positivo e por


vezes, negativo. Representa os folhelhos, calcilutitos e margas, sendo estes sedimentos de
origem marinha representados pela Formação Itanhaém, que se estende até as regiões mais
profundas. Podem ocorrer, intercalados a esses folhelhos, turbiditos do membro Tombo,
porém estes não foram identificados aqui. Os sedimentos apresentam sismofácies plano-
paralelas, subparalelas e podem, localmente, estar transparentes. No encontro com os altos
estruturais carbonáticos da formação inferior apresentam deformações. Estes mesmos altos
estão estruturando estes sedimentos acima, formando sinformais e antiformais.

Figura 23 - Horizonte Albiano Superior

Legenda: Horizonte Albiano Superior representado pela Fm. Itanhaém composta por folhelhos e margas.
Fonte: O autor, 2018.
58

Figura 24 - Terminaçōes estratais Fm. Itanhaém

Legenda: Contato entre os sedimentos do Albiano superior e do Aptiano


Fonte: O autor, 2018.

O Topo do Turoniano é marcado por uma discordância que separa os folhelhos da Fm.
Itajaí-Açu das areias progradantes da Fm. Juréia. O refletor que representa essa discordância é
um refletor positivo não muito forte, mas que pode ser bem observado pela presença da
mudança de padrão de refletores acima do mesmo. As sismofácies aqui presentes são plano-
paralelas, podendo apresentar transparência. Também são encontradas sismofácies caóticas,
por vezes com downlaps, que estão associadas aos turbiditos do Membro Ilha Bela. São
encontrados antiformais e sinformais associadas a tectônica salífera abaixo. No presente
trabalho, a Formação Itajaí-Açu é apontada como a rocha geradora e o Membro Ilha Bela
como a rocha reservatório.
59

Figura 25 - Horizonte Turoniano

Legenda: Horizonte Turoniano representado por folhelhos da Fm. Itajaí-Açu e corpos turbidíticos do
Mb. Ilha Bela
Fonte: O autor, 2018.

Figura 26 - Terminaçōes estratais dos sedimentos turonianos

Legenda: Pode-se observar na imagem estruturas em downlaps (marcadas pelas setas vermelhas) e estruturas
caóticas próximas à anticlinal (marcada pelo círculo vermelho)
Fonte: O autor, 2018.

O Topo do Maastrichtiano, que fecha o período Cretáceo, apresenta truncamentos


erosivos contra o refletor sísmico do topo do Cretáceo são comuns e a identificação destes
60

auxiliou na interpretação. A formação representada é a chamada Fm. Juréia, que são grandes
volumes de areias progradantes. Estudos indicam que esse grande aumento no volume de
sedimentos esteja ligado ao soerguimento da Serra do Mar, servindo como uma enorme fonte.
Nas áreas próximas ao sal, a sedimentação, devido ao grande peso, causou deformações no
sal, formando mini-bacias e diápiros.

Figura 27 - Horizonte Maastrichtiano

Legenda: Horizonte de idade maastrichtiana, representado por grandes cunhas de areia progradante.
Fonte:O autor, 2018.
61

Figura 28 - Terminaçōes estratais e estruturas da Formação Juréia

Legenda: São identificadas terminaçōes de superfícies erosivas (setas vermelhas), a seta azul demonstra a
direção das progradaçōes e a seta preta exibe a espessura de uma mini-bacia formada por diápiro
salino.
Fonte: O autor, 2018.

Figura 29 - Terminaçōes estratais e estruturas da Formação Juréia em detalhe

Truncamentos
erosivos
Direção de
progradação
Legenda: Em detalhe da figura anterior, pode-se observadas terminações de superfícies erosivas e possíveis
calhas (setas vermelhas).
Fonte: O autor, 2018.

O Topo do Oligoceno é representado por um refletor de polaridade positiva, contínuo,


bem horizontalizado. Esse intervalo é fruto de uma fase pós soerguimento da Serra do Mar,
onde a bacia continuou apresentando progradações arenosas, porém em menor escala quando
62

comparadas às apresentadas anteriormente na Fm. Juréia. Observa-se sismofácies com


downlaps em direção à bacia e superfícies erosivas (figura 31). Os sedimentos aqui
encontrados são as areias da Fm. Ponta Aguda e mais profundamente, os folhelhos da Fm.
Marambaia.

Figura 30 - Horizonte Oligoceno

Legenda: Sedimentos depositados durante o Oligoceno são representados pela Fm. Ponta Agua composta por
areias progradantes.
Fonte: O autor, 2018.
63

Figura 31 - Terminaçōes estratais da Fm. Ponta Aguda

Truncamentos
erosivos
Downlap
s
Legenda: Foram identificados truncamentos erosivos (setas vermelhas) e downlaps (setas azuis).
Fonte: O autor, 2018.

O Topo do Mioceno Inferior é representado pela continuação da formação Ponta


Aguda e também é marcado por um refletor positivo contínuo, paralelo ao anterior descrito.
Suas sismofácies são plano-paralelas, com laminações bem visíveis, em praticamente toda
extensão estudada. Esse período marca uma mudança da progradação do período anterior para
uma fase agradacional.

Figura 32 - Horizonte Mioceno

Legenda: As areias anteriormente descritas continuam a se depositar durante o Mioeno.


Fonte: O autor, 2018.
64

Figura 33 - Estruturas da Fm.Ponta Aguda

Legenda: Esse intervalo deposicional também é representado pela Fm. Ponta Aguda, porém, nesta ocorre
mudança no padrão deposicional, passando para agradação.
Fonte: O autor, 2018.

Figura 34 - Estruturas da Fm.Ponta Aguda

Legenda: Estruturas indicadas anteriormente em detalhe. Intervalo com padrão plano-paralelo, indicando uma
agradação.
Fonte: O autor, 2018.

O Fundo do mar é o refletor de mais fácil identificação, fazendo contato superior


somente com a água do mar. Esse refletor positivo marca o final de um registro uma fase
transgressiva, representada por sismofácies com onlaps em direção ao continente.
65

Figura 35 - Horizonte Fundo do mar

Fonte: O autor, 2018.

6.2 Interpretação sismoestrutural

Foi realizada uma interpretação sismoestrutural baseadas nas linhas 2D, uma vez que a
área 3D se apresentava pequena e não contemplava toda extensão vertical da região estudada.
As falhas interpretadas foram em sua maioria geradas por tectônica salina,
encontrando-se localizadas entre o topo do sal e o topo do eoceno, no intervalo denominado
drifte. Porém, também podem ser observadas falhas iniciadas na fase rifte se estendendo até o
Albiano.
As falhas da fase rifte podem ter sido reativadas, fazendo com que se prolongassem
até acima dos evaporitos. Estas se apresentam como falhas normais, com direção NE-SW e
mergulhos para SE, bem verticalizadas. Essas falhas podem servir como caminho migratório
de hidrocarbonetos do pré-sal para reservatórios do pós-sal, tais como turbiditos do Turoniano
ou carbonatos do Albiano.
66

As falhas associadas a halocinese estão em sua maioria localizadas no topo de domos


salinos, podendo formar pequenos grabéns. Essas estruturas aparentam ter gerados calhas e
zonas de acomodação para as formações do Turoniano nas zonas mais profundas e nos domos
mais extensos verticalmente, para as formações depositadas a partir do final do Cretáceo.
Nessas áreas mais rasas, as falhas quase alcançam o fundo oceânico.
Outras falhas do Eoceno foram interpretadas, se encontrando bem verticalizadas e
também, como a anteriormente descrita, quase atingindo o fundo do mar. Nessas não foram
observadas qualquer formação de estruturas.

Figura 36 - Linha 2D com falhas identificadas.

Legenda: Destaque para as falhas marcadas em verde e amarela que ligam os sedimentos pré-sal aos sedimentos
do Turoniano, podendo formar um canal migratório de hidrocarbonetos.
Fonte: O autor, 2018.
67

6.3 Caracterização do reservatório

Nesse trabalho foi identificado um reservatório pertencente ao sistema petrolífero


Fm.Itajaí-Açu/Mb. Ilha Bela, descrito como turbiditos envolvidos e selados por folhelhos.
Para a sua definição, utilizou-se dados de poços, perfis compostos e feições sísmicas
características, além da extração de geobodies, que permitiram uma visualização 3D do corpo
estudado. Esse reservatório encontra-se no topo de uma anticlinal desenvolvida a partir da
movimentação salífera.

Figura 37 - Localização dos corpos turbidíticos na área de interesse

Legenda: Os turbiditos de interesse se encontram localizados acima de um domo salino formado pela
tectônica salífera.
Fonte: O autor, 2018.
68

6.3.1 Reservatório do Membro Ilha Bela

Para as descrições do reservatório do Membro Ilha Bela aqui apresentadas, foram


utilizadas as descrições de amostra de calha, realizadas pela Petrobrás, presentes no perfil
composto do poço 1-BRSA-498-SPS. No perfil composto, o intervalo está descrito como
areias turbidíticas de granulometria média, areias hialinas, subarrendondadas, seleção média e
desagregada, com presença de sedimentos finos e grossos e com material friável.
Os corpos se apresentam orientados em sentido strike, sendo identificado apenas no
bloco 3D, uma vez que as linhas 2D sentido strike não cortam o corpo estudado. As
sismofácies observadas são caóticas em praticamente toda sua extensão. A extração de
geobodies possibilitou a compreensão da distribuição do corpo e sua geometria.

Figura 38 - Corpos turbidíticos identificados no cubo sísmico

Legenda: Imagem demonstra a localização dos corpos turbidíticos no cubo sísmico. A linha verde
demonstra a localização do poço 1-BRSA-498-SPS.
Fonte: O autor, 2018.
69

Figura 39 - Poço 1-BRSA-498-SPS com perfil gama plotado

Legenda: A imagem mostra o poço 1-BRSA-498-SPS com as curvas de raio gama cortando no cubo
sísmico a área de interesse. Variação no perfil gama mostra a presença de corpos arenosos
inseridos em uma formação de folhelho.
Fonte: O autor, 2018.
70

Figura 40 - Poço 1-BRSA-498-SPS em detalhe com perfil gama plotado

Legenda: Em detalhe a imagem anterior, com um aumento no intervalo do poço com o perfil gama.
Nesta, pode-se observar, amarelho a presença dos corpos arenosos, interpretados como
turbiditos. As curvas verdes foram interpretadas como folhelhos da formação Itajaí-açu.
Fonte: O autor, 2018.
71

Figura 41 - Time slice da seção Turoniana com poço localizado

Legenda: Em amarelo são representados os corpos turbidíticos e em vermelho o poço


utilizado no presente trabalho.
Fonte: O autor, 2018.

Figura 42 - Corpos Turbidíticos Geobodies

Fonte: O autor, 2018.


72

Figura 43 - Corpos turbidícos Geobodies em perfil

Legenda: Corpos turbidíticos se encontram no sentido strike espalhados lateralmente. Estão cortados pelo poço
demonstrado pela linha verde.
Fonte: O autor, 2018.

Figura 44 - Área do reservatório

Legenda: Pode-se observar a área do reservatorio sendo cortada por falhas que podem servir de rotas para
migraçōes secundárias de hidrocarbonetos.
Fonte: O autor, 2018.
73

Através da técnica de TecVa foram identificadas falhas profundas que poderiam servir
de rotas de migração de hidrocarbonetos presentes nas formações abaixo dos evaporitos.
Estudos petrofísicos foram realizados no intervalo de interesse para a realização de
cálculos petrofísicos. O poço utilizado foi o 1-BRSA-498-SPS, sendo esse o único inserido na
porção estudada. Buscou-se extrair os valores de porosidade total, saturação de água,
saturação de óleo e net-pay (Figura 45).

Figura 45 - Curvas com resultados petrofísicos

Legenda: PHIT = Porosidade Total, SW_AR = Saturação de Á́ gua de Formação e PAY_NET = zonas
de net pay.
Fonte: O autor, 2018.

Através dos perfis de densidade foram obtidos os valores de porosidade e com o uso
da equação de Archie e perfis de resistividade profunda os valores de saturação de água.
74

Tabela 3 –Quadro com o intervalo de interesse

Poço Intervalo de interesse


Base Topo
1-BRSA-498-SPS 4625m 4680m
Fonte: O autor, 2018.

Tabela 4 – Quadro com valores obtidos pela equação de Archie

Poço Zona Variável Mínimo Média Máximo


1-BRSA-498-
Turbiditos PHIT 8% 15% 26%
SPS
1-BRSA-498-
Turbiditos SW_AR 1% 3% 7%
SPS
1-BRSA-498-
Turbiditos S_OL 93% 97% 99%
SPS
Legenda: PHIT = Permeabilidade; SW_AR = Saturação de água da formação; S_OL = Saturação de
óleo.
Fonte: O autor, 2018.

Os valores de net-pay foram definidos considerando as regiões onde a porosidade nas


areias se apresentou acima de 6%, saturação de água de formação (Sw) até 60% e Vsh até
30%(tabela 5).

Tabela 5 –Quadro demonstrando Net, Gross e Net-to-Gross

Poço Zona Unidade Gross Net Net-to-Gross


1-BRSA-498-
Turbiditos m 55 2,5 4,6%
SPS
Fonte: O autor, 2018.

Os resultados apresentados indicam uma porosidade alta em alguns pontos e em outros


com valores consideravelmente baixos, tendo um valor médio geral de 15%, estando com
valores médios próximos aos campos turbidíticos mais próximos, Merluza (16%) e Lagosta
(19%), porém, estes são produtores apenas de gás. Os valores baixos encontrados ao longo da
formação, estão provavelmente associados ao alto volume de sedimentos argilosos e/ou
siltosos presentes nos corpos arenosos, como demonstrado na comparação das curvas Vsh e
porosidade na figura 46.
75

Figura 46 - Layout com resultados petrofísicos

Legenda: Layout demonstrando resultados obtidos, atentar para os altos valores de Vsh, representando
uma alta presença de folhelhos na formação turbidítica.
Fonte: O autor, 2018.

Os valores Net-to-Gross calculados se apresentam baixos, com as camadas de net-pay


espaçadas entre si e finas, com a maior chegando apenas a 1 metro de espessura.

6.4 Avaliação de ocorrência de hidrocarbonetos

Utilizando os dados disponibilizados pela ANP e os obtidos ao longo do presente


trabalho, foram realizados cálculos volumétricos através do software GeoX®, com o intuito de
se definir o volume de óleo (in place e recuperáveis) no horizonte estudado.
Os dados sísmicos 3D cedidos abrangiam uma área de aproximadamente 100km2 com
medida vertical em tempo. Foi gerado um modelo de velocidade baseado nas velocidades
encontradas nos horizontes presentes, o que possibilitou a conversão tempo-profundidade dos
dados sísmicos, assim como as superfícies traçadas.
76

Não foi encontrado contato óleo-água, assim como indícios de gás, sendo considerado
somente a presença de óleo na formação. O volume de rocha (Gross rock volume) da
formação turbidítica estudada foi calculada pelo software Petrel®, sendo estimado em
aproximadamente 1.232 x 106 m3.
Apesar do estudo ter se baseado quase em sua totalidade no poço 1-BRSA-498-SPS,
foram considerados dados dos outros poços entre os dados cedidos pela ANP, tais como o
teste de formação que contempla informações referentes ao reservatório. Este, que foi
realizado no poço 4-BRSA-708-SPS, indicou a presença de óleo leve com um API de 43°,
permeabilidade efetiva ao óleo em 6 mD e produtividade em 1 m3/d/(kgf/cm2), ambas
consideradas baixas.

6.4.1 Segmento dos turbiditos do Membro Ilha Bela

Para a análise volumétrica do segmento turbidítico, foi necessário a entrada de dados


no software e definir as distribuições para cada parâmetro para que este gere os resultados
desejados (Tabela 6). Os valores de razão gás/óleo, Bo, Bg e fator recuperação foram obtidos
na literatura, uma vez que estes não foram disponibilizados. Os demais valores foram obtidos
ao longo do trabalho.
Tabela 6 - Valores utilizados nos parâmetros de reservatório e fluido dos turbiditos

Parâmetro Mínimo Moda Máxima Distribuição


Área (m2) 8.000 8.500 8.700 Streched Beta
Espessura(m) 40 60 70 Streched Beta
Porosidade (%) 8 15 26 Streched Beta
Net-to-gross (%) 1 5 10 Streched Beta
Saturação de.óleo (%) 93 97 99 Streched Beta
Trapa 1 - - Constante
Bo 1.17 - - Constante
Razão gás/óleo 350 - - Constante
Fator recuperação 0.25 - 0.3 Uniforme
Fonte: O autor, 2018.

Após a inserção dos dados acima, o próximo passo foi inserir os dados referentes aos
elementos do reservatório, processos e dados de risco do play que está sendo investigado. Os
elementos são rocha geradora, rocha reservatório, selo e trapa e os processos são geração,
migração e preservação.
77

Esses dados são usados de forma decimal que representa a porcentagem da


probabilidade de ocorrência de cada elemento. Devido ao fato do poço utilizado apresentar
óleo foi dado o valor 1 para trapa e selo e fonte e migração. Para presença de reservatório e
qualidade do reservatório foi dado valor de 0.7, considerando o net-to-gross apresentar
valores extremamente baixos.
O maior risco considerado no reservatório foi ao altos valores no log petrofísico de
VShale, indicando materiais argilosos e/ou siltosos presente nas areias turbidíticas, causando
assim, o preenchimento dos poros por esses materiais provocando a diminuição na porosidade
e permeabilidade no reservatório como um todo, impossibilitando uma acumulação
econômica de hidrocarbonetos. Por esse motivo, o elemento ”qualidade do reservatório”
recebeu um valor mais baixo (70%).
A probabilidade de sucesso ou Unconditional Probability é o cálculo das
probabilidades do volume de óleo ao final. Dessa maneira, um valor baixo indica uma
diminuição nos volumes de HC presentes, sendo o valor obtido de 49%.

Figura 47 - Cálculo de avaliação de risco

Fonte: O autor, 2018.

Os volumes de óleo in place e recuperável se apresentam de acordo com suas


probabilidades de ocorrência, sendo divididos em P90, P50 e P10. A estimativa otimista é
representada pelo P10, a melhor estimativa pelo P50 e a pessimista por P90, isso se deve ao
fato de que uma visão otimista dos volumes do campo incorre num volume maior de óleo
existente (ou recuperável), porém, quanto maior o volume, maior será a incerteza do volume
total ser recuperado.
78

Tabela 7 – Resultados volumétricos obtidos

Recurso P90 P50 P10


Acumulação de óleo (MM
6178,0 13719,5 24243,0
STB) In place
Acumulação de óleo (MM
1486,0 3380,5 6149,9
STB) Recuperável
Legenda MM STB = million stock tank barrels
Fonte: O autor, 2018.

As curvas de distribuição a seguir exibidas nas figuras 48 e 49 demonstram os


resultados obtidos do volume de óleo in place e recuperável que foram expressos também na
tabela anterior (tabela 7).

Figura 48 - Curva de distribuição de volume de óleo in place

Legenda: Curvas de distribuição demonstrando sucesso e risco de acumulação


Fonte: O autor, 2018.
79

Figura 49 - Curva de distribuição para volume de óleo recuperável

Legenda: Curvas de distribuição demonstrando sucesso e risco de acumulação


Fonte: O autor, 2018.
80

CONCLUSÃO

O presente estudo, que teve como objetivo a avaliação de uma área proximal inserida
na porção pós-sal da Bacia de Santos, localizada em sua região central, conquistou como
produto a identificação de um possível lead. Este estudo utilizou-se de uma metodologia para
a interpretação sísmica que abrangeu a aplicação de atributos com o intuito de melhorar a
visualização das linhas 2D e cubo sísmico disponibilizados, amarração poço-sísmica,
conversão tempo-profundidade. Para estudos petrofísicos foram utilizados poços e perfis
geofísicos que permitiram cálculos petrofísicos essenciais. Por fim, foram realizados cálculos
para estimar o volume de hidrocarbonetos.
A interpretação sísmica se deu a partir da utilização de quatro linhas 2D regionais
(duas dip’s e duas strike’s) e um cubo sísmico de aproximadamente 100 km2. Nestas foram
identificadas, através de técnicas de sismoestratigrafia, duas fases da bacia: fase Transicional
(Formação Ariri) e fase Drifte, que abrange as formações Guarujá, Itanhaém, Itajai-Açu Juréia
e Ponta Aguda. O uso de atributos sísmicos e principalmente a técnica TecVa, que é formada
pela combinação de determinados atributos sísmico, permitiram a visualização, identificação
e interpretação das unidades citadas anteriormente.
O estudo se concentrou na formação Itajai-Açu por esta apresentar um play juntamente
com os turbiditos do Membro Ilha Bela. Sendo a Formação Itajai-Açu a rocha reservatório e
selante e o Membro Ilha Bela a rocha reservatório.
A rocha reservatório interpretada, como pertencente ao Membro Ilha Bela, foi
classificada como arenitos argilosos, com sismofácies caóticas, localizada nos altos estruturais
gerados pela tectônica salina. Apresenta porosidade com valores entre 8% e 26%, saturação
de óleo entre 93% e 99% e Net-to-Gross chegando a apenas 5%.
Os estudos volumétricos obtiveram uma estimativa volumétrica de óleo in place de
14616,4 MM STB e volume de óleo recuperável de 3650,5 MM STB com uma probabilidade
de ocorrência de 49%. Dados resultantes do teste de formação feito pela companhia operadora
na área indicaram um óleo leve com 43° API, chegando a 47° API.
Concluiu-se que o sistema petrolífero existe e é válido, pois existe a ocorrência de
hidrocarbonetos, porém, devido ao elevado valor de sedimentos argilosos e/ou siltosos
inserido na rocha reservatório, não houve grande acumulação de óleo. Sendo assim,
recomenda-se que se considere a área estudada como um lead e se continue a explorar regiões
próximas que se assemelhem ao play apresentado.
81

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F.F.M. Diferenciação tectônica da Plataforma Brasileira. In:


Congresso Brasileiro de Geologia, 23, Salvador, 1969. Anais..., Salvador. p. 29-
46.

ASMUS, H.E.; PORTO, R. Classificação das bacias sedimentares segundo a


tectônica de placas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 26.,
1972, Belém, Anais... Belém: Sociedade Brasileira de Geologia, 1972, v.2, p. 67-
90.

ASMUS, H.E.;GUAZELLI, W. Descrição sumária das estruturas da margem


continental brasileira e das áreas oceânicas e continentais adjacentes: hipótese
sobre o tectonismo causador e implicações para os prognósticos do potencial de
recursos minerais. Projeto REMAC: estruturas e tectonismo da margem
continental brasileira, e suas implicações nos processos sedimentares e na
avaliação do potencial de recursos minerais. Rio de Janeiro: Petrobras, 1981.
p.187-269 (Série Projeto REMAC, 9).

BALK, R. Structure of Grande Saline salt dome, Van Zandt County, Texas.
AAPGBulletin,. 1949, 33: 1791-1829.

BIZZI, L. A.; SCHOBBENHAUS, C.; VIDOTTI, R.M.; GONÇALVES, J.H.


Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil Textos,Mapas & SIG.
Brasília: Serviço Geológico do Brasil - CPRM, 2003. 642p.

CARVALHO M.D. 1989. Microfácies, modelo deposicional e evolução da


plataforma carbonática do Eo/Mesoalbiano da Bacia de Santos. Dissertação de
Mestrado, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro,110p.

CARVALHO M.D.; PRAÇA U.M.; JUNIOR J.J.M.; SPADINI A.R. 1990.


Reservatórios carbonáticos profundos do eo/mesoalbiano da Bacia de Santos.
Revista de Geociências da Petrobrás, 4: 429-450.

CALDAS, M.F; ZALÁN, P.V. 2009. Reconstituição cinemática e tectono-


sedimentação associada a domos salinos nas águas profundas da bacia de
santos, brasil. Boletim de Geociências da Petrobras, v. 17, n. 2, p. 227-248,
82

CHANG, H. K.; ASSINE, M. L.; CORRÊA, F. S.; TINEN, J. S.; VIDAL, A. C.


& KOIKE, L. 2008. Sistemas Petrolíferos e Modelos de Acumulação de
Hidrocarbonetos na Bacia de Santos. Rev. Bras. Geociências, v. 38, n. 2, p. 29-
46.

CHANG, H.K.; KOWSMANN, R.O. 1987. Interpretação genética das


sequências estratigráficas das bacias da margem continental brasileira. Rev.
Bras. Geociências, 17:74-80.

CHANG, H.K.; KOWSMANN, R.O.; FIGUEIREDO, A.M.F.; BENDER, A.A.


Tectonics and stratigraphy of the East Brazil Rift system: an overview.
Tectonophysics, n.213, p.97-138, 1992.

COBBOLD, P.R.; ROSSELLO, E.; VENDEVILLE,B. Some experimentes


interacting sedimentation and deformation above salt horizons. Bulletin de la
Societe Géologique de France, Rennes, n.3, p. 453-460, 1989.

COBBOLD, P.R.; SZATMARI, P. Radial gravitational gliding on passive


margins. Tectonophysics, Amsterdam v. 188, p. 249-289, 1991.

DEMERCIAN, L. S. (1996). A halocinese na evolução do sul da Bacia de


Santos do Aptiano ao Cretáceo Superior. Dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil, 210p.

DEMERCIAN, L.S.; SZATMARI, P. Thin-skinned gravitacional Transfer Zone


in the Southern Part of Santos Basin. In: International Congress of the Brazilian
Geophysical Society, 6, Rio de Janeiro. Expanded Abstracts...Rio de Janeiro:
SBGf, 1999, CD-ROM.

DUVAL, B.; CRAMEZ, C.; JACKSON, M.P.A. Raft tectonics in the Kwanza
Basin, Angola. Marine and Petroleum Geologu, Guildford, v.9, p. 389-404. 1992.

ESPITALIÉ, J.; LAPORTE, J. L.; MADEC, M.; MARQUIS, F.; LEPLAT, P. &
PAULET, J. Méthod rapide de cgaractérization des roches mères, de leur
poyentiel pétrolier et de leur degré d’évolution. Rev. Inst. Français Pétrol., n. 32,
p. 23-43. 1977.

FRIEDMAN, G.M. Significance of Red Sea in problem of evaporites and


basinal limestones. American Association of Petroleum Geologists Bulletin,
Tulsa, Okla., v.56, p.1072-1086. 1972.
83

GAMBOA, L. A. P.; MACHADO, M. A. P; SILVEIRA, D. P.; FREITAS, J. T.


R. & SILVA, S. R. P. 2008. Evaporitos estratificados no Atlântico Sul. In:
MOHRIAK, W., SZATMARI, P. E ANJOS, S. M. C. (eds). Sal- Geologia e
Tectônica: exemplos de bacias brasileiras. Petrobras, p. 340-359.

GAMBOA, L.A.; RABINOWITZ,P.D. The Rio Grande fracture zone in the


western South Atlantic and its tectonic implication. Earth and Planetary Science
Letters, Amsterdam, v. 52, n.2, p. 410-418, Feb. 1981.

GIBBS, A.D. 1983. Balanced cross-section construction from seismic sections


in áreas of extensional tectonics. J. Struct. Geol., 5(2): 153-160.

HASUI, Y. 2008. Estágio de transição. In: C.D.R. CARNEIRO, Y. HASUI, A.


BARTERELLI (Coords.), Geologia do Brasil. Oficina de Textos..

HEILBRON, M.; MOHRIAK W.; VALERIANO C.M.; MILANI E.; ALMEIDA


J.C.H.; TUPINAMBÁ M. 2000. From collision to extension: the roots of the
south-eastern continental margin of Brazil. In: TALWANI & MOHRIAK (eds)
Atlantic Rifts and Continental Margins. American Geophysical Union,
Geophysical Monograph Series, 115: p.1-34.

JACKSON, M.P.A.; TALBOT, C.J. External shapes, strain rates, and dynamics
of salt structures. Geological Society of America Bulletin, Boulder, v.97, n.3, p.
305-323, 1986.

JONES, C. M., Aplicação do conceito de área exaurida à região de águas rasas


da bacia petrolífera de Campos, utilizando ferramentas de modelagem do
processo exploratório. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, 2009.

JONES, C. M., Distributions. Presentation of Specialization Course in


Seismostratigraphy Interpretation UERJ. Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, 2016.

KENDALL, A.C. 1984. Evaporites. In: WALKER, R.G. (ed.), Facies Models.
Second Edition. Geoscience Canada Reprint Series 1, Cap. 17, p. 259-296.

KOCH, G.S.; LINK, R.F. Statistical analysis of geological data. New York,
Dover Publications Inc. Vol. I. 375 p.; Vol. II. 438p. 1970.

LEYDEN, R.; et al. South Atlantic diapiric structures. Amreican Association of


Petroleum Geologists Bulletin. Tulsa, Okla., v. 60, p. 196-212. 1976.
84

LOBO, A. P.; FERRADAES, J.O. Reconhecimento preliminar do talude e sopé


continentais da Bacia de Campos. Rio de Janeiro: Petrobras. Depex. Dirsul.
Secasu. 1983. 27 f. Relatório interno.

MACEDO, J.M. Evolução Tectônica da Bacia de Santos e áreas continentais


adjacentes. Revista Geociências da Petrobrás. Rio de Janeiro, v.3, n.3, p.159-173,
1989.

MCKENZIE, D. 1978. Some Remarks on the Development of Sedimentary


Basins. Earth and Planetary Science Letters, 40: p.25-32.

MEISLING, K.E.; COBBOLD, P.R.; MOUNT, V.S. Segmentation of an


obliquely rifted margin, Campos and Santos Basins, southeastern Brazil.
American Association of Petroleum Geologists Bulletin, Tulsa, Okla., v. 85, n.
11, p.1903-1924, Nov. 2001.

MEISLING, K.E.; COBBOLD; P.R, MOUNT; V.S. Segmentation of na


obliquely rifted margin, Campos and Santos basins, southeastern Brazil. AAPG
Bulletin, v. 85, n. 11, p.1903- 1024, 2001.

MILANI, E.J., THOMAZ FILHO, A. 2000. Sedimentary basins of South


America. In: CORDANI, U.G., MILANI, E.J., THOMAZ FILHO, A., CAMPOS,
D.A. (eds.). Tectonic evolution of South America, 31 International Geological
Congress, 31, Rio de Janeiro, p. 389-449.

MILANI, E.J.; THOMAZ FILHO, A. 2000. Sedimentary basins of South


America. In: U.G. CORDANI, E.J.; MILANI, A. THOMAZ FILHO, D.A.
Campos (eds). Tectonic Evolution os South America. 31stInternacional
Geological Congress, Rio de Janeiro, p. 389-449.

MITCHUM JR., R.M.; VAIL, P.R.; THOMPSON III, S.S. Seismic Stratigraphic
and Global Changes of Sea-Level, part 2: The Depositional Sequence as a
Basic Unit For Stratigraphic Analysis. In: PAYTON, E.E. Ed. Seismic
Stratigraphy Application to Hydrocarbon Exploration, Tulsa, American
Association Petroleum Geologists Memoir 26.p.53-62, 1977(a)

MODICA, C.J. & BRUSH, E.R. Postrift sequence stratigraphy, paleogeography,


and fill history of the deep-water Santos Basin, offshore southeast Brazil.
AAPG Bulletin, v. 88, n. 7, p.923-946, 2004.
85

MOHRIAK, W & SZATMARI, P & ANJOS, S.M.C. Sal: Geologia e Tectônica.


Editora Beca, São Paulo, 2008.

MOHRIAK, W.U. Recursos energéticos associados à ativação tectônica


Mesozóico- Cenozóico da América do Sul. In: MANTESSO-NETO, V.;
BARTORELLI, A.; CARNEIRO, C.D.R.; BRITO-NEVES, B.B. (eds), Geologia
do Continente Sul-Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de
Almeida. São Paulo, editora Beca, 2004, p. 293-318.

MOHRIAK, W.U. Salt tectonics structural styles: contrats and similarities


between the South Atlantic and the Gulf of Mexico. In: TRAVIS, C.J.;
HARRISON, H.; HUDEC, M.R.; VENDEVILLE, B.C.; PEEL, F.J.; PERKINS
B.E. (Ed.). Salt, Sediment and Hydrocarbons, Austin, Tex.: Society of Economic
Paleontologists and Mineralogists. Gulf Coast Section, 1995.

MOREIRA, J. L. P.; MADEIRA, C. V.; GIL, J. A. & MACHADO, M. A. P.


2007. Bacia de Santos. Boletim de Geociências da Petrobras, v. 15, n. 2, p. 531-
549.

NERY, G. G., Perfilagem Geofísica em Poço Aberto. Salvador, BA, 231p, 1990.

ODÉ, H. Review of mechanical properties of of salt relating to salt-dome


genesis, In: BRAUNSTEIN, J.; OBRIEN, G.D. (Ed.) Diapirism and diapirs: a
symposium. Tulsa, Okla.: (American Association of Petroleum Gelogist. Memoir,
8)

OLIVEIRA, P. H. D., BARROS, N. R., DOS REIS, S. G. Aplicabilidade do


método de simulação de Monte Carlo na previsão dos custos de produção de
companhias industriais: o caso Companhia Vale do Rio Doce. Anais, 7o
Congresso USP Controladoria e Contabilidade, 26 e 27 de julho, 2007, São Paulo,
SP. 2007.

OLIVEIRA, P. H. D., BARROS, N. R., DOS REIS, S. G. Aplicabilidade do


método de simulação de Monte Carlo na previsão dos custos de produção de
companhias industriais: o caso Companhia Vale do Rio Doce. Anais, 7o
Congresso USP Controladoria e Contabilidade, 26 e 27 de julho, 2007, São Paulo,
SP. 2007.

OUREIRO, S. G. 2006. Magmatismo e sedimentação em uma área na


plataforma Continental de Cabo Frio, Rio de Janeiro, Brasil, no intervalo
86

Cretáceo Superior-Terciário. Boletim de Geociências da Petrobras, v. 14, n. 1, p.


161-170.

PEREIRA, M. J. & FEIJÓ, F. J. 1994. Bacia de Santos. Boletim de Geociências


da Petrobras, v. 8, n. 1, p. 219-234.

PETERS, K. E. & CASSA, M. R. 1994. Applied Source Rock Geochemistry. In:


MAGOON, L. B, AND DOW, W. G., The Petroleum System – from source do
trap: AAPG Memoir, n. 60, p. 93-120.

PONTE, F.C. & ASMUS, H.E. – 1976. Brazilian marginal basins: current state
of knowledge. Academia Brasileira de Ciencias, Anais no 48 (suplemento) p(515-
239), 1986.

RIDER, M. The Geological Interpretation of Well Logs. 3a Edição. Rider-


French Consulting Ltd, Sutherland, Scotland, 280p. 2011.

ROSE, P. R., Measuring what we think we have found: Advantages of


probabilistic over deterministic methods for estimating oil and gas reserves and
resources in exploration and production. AAPG Bulletin, v. 91, n. 1, p. 21-29,
jan. 2007.

SCHREIBER, B.C. Arid shorelines and evaporites. In H.G. Reading, ed.,


Sedimentary environments and facies (2nd ed.), Blackwell Scientific Publishers.
pp. 189-228, second edition., 625p., 1986.

SCHREIBER, B.C. Environments of subaqueous gypsum deposition. In:


DEAN,W.E.; SCHREIBER, B.C.(Ed.). Marine Evaporites, Tulsa. Okla.: Society
of Economc Paleotologists and Mineralogists, 1978. 188 p.p. 43-73. (Society of
Economic Paleontologists and Mineralogists Lecture Notes for Short Course, 4)

SCHREIBER, B.C. Introduction – Classification of Marine Evaporites. In:


DEAN, W.E.; SCHREIBER, B.C. (Ed.). Marine Evaporites, Tulsa. Okla.: Society
of Economc Paleotologists and Mineralogists, 1978. 188 p.p. 1-5. (Society of
Economic Paleontologists and Mineralogists Lecture Notes for Short Course, 4)

SHERIFF, R. E., Encyclopedic dictionary of applied geophysics: SEG.


Geophysical References Series, v. 13, 2002.

TISSOT, B. P. & WELTE, D. H. 1984. Petroleum Formation and Occurrence.


2nd Edition. New York, 699p.
87

VAIL, P.R. Seismic stratigraphy interpretation using sequence stratigraphy.


Part 1: seismic stratigraphy interpretation procedure. In: BALLY, W.A. (ed.)
Atlas of Seismic Stratigraphy, v. 1, AAPG Studies in Geology n.27 p.1-10. 1987.

VENDEVILLE, B.C.; COBBOLD, P.R. Glissements gravitaires


synsédimentaires et failles normales listriques: modèles expérimentaux. Paris:
Compte Rendues, 1987. P. 1313-1319. (Academie Sciences Série II, 305).

VENDEVILLE, B.C.; COBBOLD, P.R. How normal faulting and


sedimentation interact to produce listric fault profiles and stratigraphic wedges.
Journal of Structural Geology. Amsterdam, v. 10, n.7, p. 649-659, 1988.

WARREN, J.K. 2006. Evaporites: Sediments, Resources and Hydrocarbons.


New York. Springer, 1, 1035p.

WORRAL, D.M.; SNELSON, S. Evolution of the northern Gulf of Mexico,


with emphasis on Cenozoic growth faulting and the role of sal. In: BALLY,
A.W.; PALMER, A.R. (Ed.) The geology of North America: an overview.
Boulder, Colo. : Geological Society of America, 1989. P. 97-138. ( Geological
Society of America. The Geology of North America, A).

ZALÁN, P. V. (2001). Tectonic styles in Sedimentary Basins: Short Course


Notebook, 7th International Congress of the Brazilian Geophysical Society,
Salvador, Brazil, October, 2001, 28 p

ZALÁN, P.V. Evolução Fanerozóica das bacias sedimentares brasileiras,


Brasil.In: ALMEIDA, F.F.M. Geologia do Continente Sul-Americano, São
Paulo: Beca, 2004. p. 595-612.

Você também pode gostar