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Aderência entre varões de aço e betão com baixa

dosagem de ligante e incorporação de agregados


reciclados

Tiago Amândio Santos Pereira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores:

Doutora Ana Sofia Miranda da Silva Louro

Professor Doutor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio

Júri

Presidente: Professor Doutor Mário Manuel Paisana dos Santos Lopes

Orientador: Professor Doutor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio

Vogal: Doutor Manuel José de Andrade Loureiro Pipa

Vogal: Professor Doutor Hugo Sérgio Sousa Costa

Julho 2019
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À minha prima Diana

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Declaração
Declaro que o presente documento é um trabalho original da minha autoria e que cumpre todos os
requisitos do Código de Conduta e Boas Práticas da Universidade de Lisboa.

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Declaration
I declare that this document is an original work of my own authorship and that it fulfills all the
requirements of the Code of Conduct and Good Practices of the Universidade de Lisboa.

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Agradecimentos
Desde o primeiro dia do meu percurso no Instituto Superior Técnico, foram muitos os professores,
família e os amigos que contribuíram para o meu crescimento, não só em âmbito académico e
profissional, mas também enquanto pessoa. A todos, o meu humilde agradecimento.

À Doutora Ana Sofia Miranda da Silva Louro, orientadora científica desta dissertação, expresso a minha
maior gratidão pela partilha do seu conhecimento, pelo tempo disponibilizado, pelo rigor, apoio e
exigência no decorrer desta dissertação. O seu contributo foi crucial em todas as fases da dissertação,
a todos os níveis.

Ao Professor Doutor Eduardo Nuno Brito Santos Júlio, co-orientador científico desta dissertação, que
sempre admirei enquanto Professor, expresso o meu profundo agradecimento pela oportunidade de
realizar esta dissertação, pela partilha de conhecimento científico e pela amabilidade demonstrada.

Ao Professor Doutor Hugo Sérgio Sousa Costa, pela partilha de todo o conhecimento científico
relativamente à formulação das misturas de betão, pela disponibilidade e amabilidade com que me
recebeu em Coimbra e pela preocupação na qualidade dos betões produzidos.

Ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil, agradeço a oportunidade e disponibilidade dos meios e


dos materiais para realização dos provetes de betão, dos ensaios de caracterização dos mesmos e dos
ensaios de caracterização da aderência.

À Doutora Helena Cruz agradeço a disponibilidade, que me proporcionou, para fazer uso de todos os
recursos presentes no Núcleo de Comportamento de Estruturas.

A toda a equipa da sala de ensaios do Núcleo de Comportamento de Estruturas, nomeadamente ao


Paulo Marques, ao Paulo Santos, ao Joaquim Pereira, ao Carlos Campos, ao José Louro e ao Manuel
Alves tenho a agradecer o enorme apoio, entusiasmo e dedicação no decorrer de toda a campanha
experimental.

Ao Núcleo de Betões, Pedras e Cerâmicos, nomeadamente aos técnicos João Balsinha, Vítor Fialho,
Gil Rosa, Hugo Soares, Pedro Amaral e António Ferreira, pela experiência e disponibilidade na
realização de todas as amassaduras de betão e ensaios de caracterização das mesmas.

Ao Instituto Superior Engenharia de Coimbra pelo fornecimento de todos os materiais necessários à


realização dos betões desenvolvidos na campanha experimental.

Ao técnico de laboratório do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, António Amaral, pela ajuda
e disponibilidade nos trabalhos realizados em Coimbra.

À empresa Florêncio Augusto Chagas, SA., pela cortesia nos fornecimentos de todos varões de aço
nervurados utilizados na campanha experimental.

À empresa Teixeira Trigo, Lda., nomeadamente ao Engenheiro José Teixeira Trigo, ao Engenheiro
João Leite Garcia, ao Engenheiro João Carvalho, ao António Caeiro, ao Paulo Baeta, ao Daniel
Carvalho, à Arquiteta Luísa Trigo, à Cristina Fernandes e à Engenheira Cristiana Feliciano, reservo um

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eterno agradecimento pela possibilidade de me permitirem conciliar a profissão de engenheiro civil
projetista com a realização da dissertação.

À empresa A1V2 – Engenharia Civil e Arquitetura, Lda., nomeadamente à Engenheira Inês Grilo, à
Engenheira Ana Costa, ao Ivo Mota e à Engenheira Virgínia Gabriel, pelo apoio, conselhos e incentivos
na superação dos obstáculos iniciais da dissertação.

Ao meu Amigo e o Engenheiro André Silva, por ter disponibilizado uma lente fotográfica e a sua mão
de obra na betonagem dos provetes desta dissertação.

Ao meu Amigo e o Engenheiro João Raposo, pela mão de obra na descofragem, limpeza e montagem
dos provetes utilizados.

Ao meu Primo Ricardo e ao meu Primo Mário, pelo disponibilidade e empenho na revisão dos
documentos da dissertação.

Ao meu Tio Leonel, expresso um profundo respeito e agradecimento, pois os seus 69 anos não foram
impedimento de viajar comigo até Coimbra, para me ajudar a peneirar manualmente os resíduos de
construção e demolição, e de carregar e transportar, juntamente com o meu Pai, mais de 1 tonelada
de materiais constituintes dos betões, de Coimbra até Lisboa, perante os intensos típicos dias de verão.

Aos meus Avós, Laurinda e Augusto, expresso não só a minha gratidão por possibilitarem o transporte
dos materiais constituintes dos betões, mas também, em comunhão com os meus Avós, Angelina e
Joaquim, o meu respeito por serem exemplos de força, perseverança e sabedoria.

À minha Mana, por ser, dia após dia, um exemplo a nível pessoal e profissional, reservo um profundo
carinho, respeito e agradecimento pela paciente e incansável ajuda que disponibilizou na realização
desta dissertação e por ser e ter sido sempre um primeiro amparo a qualquer problema.

À minha Mãe e ao meu Pai, reservo um profundo e eterno carinho, gratidão e respeito por me ensinarem
e me exigirem, a mim e à minha irmã, que nos respeitássemos, pois só assim saberíamos respeitar os
outros; por me ensinarem o que significa ser um homem, por serem exemplos de perseverança e
resiliência e por permitir que tudo isto e todas as outras vivências fossem possíveis. Com uma nota
especial a um dos provérbios da minha Mãe, que me acompanha constantemente: “o que tem de ser
tem muita força”.

A toda a minha Família e Amigos, agradeço com eterno respeito e orgulho ter-vos comigo lado a lado
sempre e sempre.

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Resumo
As emissões de CO2 resultantes da produção de cimento Portland, assim como os resíduos de
construção e demolição (RCD) resultantes da construção/reabilitação do edificado, têm levado a
comunidade científica internacional a procurar encontrar soluções alternativas que promovam a
sustentabilidade ambiental e económica do setor da construção. Ao nível do material estrutural, duas
das possíveis soluções consistem na adoção de betão com baixa dosagem de ligante (LBC – low binder
concrete, na denominação anglo-saxónica) e no betão com baixa dosagem de cimento e com
incorporação de agregados reciclados (LCRAC – low cement reclycled aggregates concrete).

A presente dissertação pretende contribuir para o estudo da viabilidade da utilização estrutural dos LBC
e LCRAC, em particular no que respeita à ligação varão-betão. Neste âmbito, o programa experimental
inclui a realização de ensaios de arrancamento (pull-out tests) em regime monotónico que visam o
estudo da influência da modificação das composições dos LBC e dos LCRAC na aderência varão de
aço-betão, nomeadamente a influência da compacidade do betão {0,82; 0,84; 0,86}, da distribuição
granulométrica (curva de Alfred e de Faury) e da incorporação dos agregados reciclados em volume
{30%; 55%; 80%}.

As principais conclusões são: (1) a compacidade dos LBC e LBRAC tem um impacto positivo na
aderência, tanto para estados limites de utilização, como para estados limites últimos, e (2) a dimensão
dos agregados naturais deve ser inferior ao afastamento entre as nervuras transversais dos varões, ao
passo que a dimensão dos agregados reciclados deve ser superior a esse valor, podendo, caso
contrário, prejudicar a aderência varão-betão.

Por último, tendo por base a expressão do Model Code 2010 e estudos anteriores, apresenta-se uma
nova lei da relação da tensão de aderência-deslizamento, que contempla todas as variáveis estudadas.

Palavras-chave: sustentabilidade; betões com baixa dosagem de ligante/cimento; betão de elevada


compacidade; betões com agregados reciclados de RCD; aderência-deslizamento varão-betão.

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xii
Abstract
The CO2 emissions from the production of cement and the large-scale production of construction and
demolition waste (CDW) have led the scientific community to seek alternative solutions in order to
achieve the environmental and economic sustainability of the construction sector. At the structural level,
two of the possible proposed solutions are low binder concrete (LBC) and low cement and recycled
aggregate concrete (LCRAC).

This dissertation intends to analyze the viability of the structural use of LBC and LCRAC by studying the
bond behavior of each of the concrete’s to reinforcing bars. To that end, the experimental program
includes the performance of monotonic pull-out tests, testing the influence of LCB and LCRAC mixtures
on bond behavior, and, in addition, the influence of packing density {0,82; 0,84; 0,86}, the aggregates’
optimization distribution (Alfred and Faury curve) and the incorporation of recycled aggregates {30%;
55%; 80%}.

From these experimental procedures, the following main conclusions were made: (1) LBC and LCRAC’s
packing densities have a positive effect on bond behavior at serviceability and ultimate limit states, and
(2) whereas natural aggregates’ size should be smaller than the rebar’s ribs spacing, the size of recycled
aggregates must be larger than such seeing as, otherwise, recycled aggregates may be harmful to the
bond mechanism between concrete and rebars.

Furthermore, this study asserts, based on four unique studies and in the Model Code 2010, a new and
innovative proposal for the bond-slip relationship law that contemplates every variable under discussion.

Key-words: sustainability; low binder/cement; packing density; recycled aggregate of CDW; bond
behavior rebar-concrete; bond-slip relationship

xiii
xiv
Índice geral
1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
Enquadramento......................................................................................................................... 1
Âmbito e objetivos ..................................................................................................................... 2
Metodologia e organização ....................................................................................................... 2
2. Estado da arte dos betões com baixa dosagem de ligante e com incorporação de agregados
reciclados................................................................................................................................................. 5
Considerações iniciais .............................................................................................................. 5
Betão com baixa dosagem de ligante ....................................................................................... 5
2.2.1. Compacidade ..................................................................................................................... 5
2.2.1.1. Adições ....................................................................................................................... 5
2.2.1.2. Arranjo das partículas ................................................................................................. 6
2.2.1.3. Relação água-cimento................................................................................................ 6
2.2.1.4. Superplastificante ....................................................................................................... 7
2.2.2. Propriedades do betão ...................................................................................................... 7
2.2.2.1. Trabalhabilidade ......................................................................................................... 7
2.2.2.2. Resistência à compressão ......................................................................................... 8
2.2.2.3. Resistência à tração e módulo de elasticidade .......................................................... 8
Betão com incorporação de agregados reciclados ................................................................... 9
2.3.1. Tratamento e classificação dos agregados reciclados ...................................................... 9
2.3.1.1. Massa volúmica e baridade ...................................................................................... 10
2.3.1.2. Absorção de água .................................................................................................... 11
2.3.1.3. Resistência mecânica ............................................................................................... 11
2.3.2. Propriedades mecânicas do betão .................................................................................. 11
2.3.2.1. Trabalhabilidade ....................................................................................................... 12
2.3.2.2. Resistência à compressão ....................................................................................... 12
2.3.2.1. Resistência à tração ................................................................................................. 13
2.3.2.2. Módulo de elasticidade ............................................................................................. 14
3. Estado da arte da aderência entre os varões de aço e o betão .................................................... 17
Considerações iniciais ............................................................................................................ 17
Conceito .................................................................................................................................. 17
Condicionantes da aderência ................................................................................................. 20
3.3.1. Velocidade de aplicação da ação .................................................................................... 20
3.3.2. Diâmetro do varão de aço ............................................................................................... 20
3.3.3. Características do perfil nervurado do varão de aço ....................................................... 21
3.3.4. Compacidade do betão .................................................................................................... 23
3.3.5. Agregados reciclados ...................................................................................................... 23
4. Campanha experimental ................................................................................................................ 25
Introdução ............................................................................................................................... 25
Objetivos ................................................................................................................................. 25
Metodologia das composições dos betões ............................................................................. 25
4.3.1. Seleção e caracterização dos constituintes .................................................................... 25
4.3.1.1. Ligantes .................................................................................................................... 25
4.3.1.2. Agregados ................................................................................................................ 26
4.3.2. Compacidade ................................................................................................................... 28
4.3.3. Quantificação dos ligantes ............................................................................................... 28
4.3.4. Quantificação dos agregados .......................................................................................... 29
4.3.5. Composições ................................................................................................................... 31
Caracterização dos betões ..................................................................................................... 32
4.4.1. Provetes de betão ............................................................................................................ 32
4.4.1.1. Fase exploratória ...................................................................................................... 32
4.4.1.2. Fase principal ........................................................................................................... 32
4.4.2. Ensaios ao betão no estado fresco ................................................................................. 33
4.4.2.1. Massa volúmica ........................................................................................................ 33
4.4.3. Ensaios ao betão no estado endurecido ......................................................................... 33
4.4.3.1. Resistência à compressão ....................................................................................... 33
4.4.3.2. Resistência à tração por compressão diametral ...................................................... 34
Caracterização dos varões de aço ......................................................................................... 34
4.5.1. Generalidades.................................................................................................................. 34
4.5.2. Ensaios de medição das nervuras .................................................................................. 35
4.5.3. Ensaios de resistência à tração ....................................................................................... 35
Caracterização da aderência .................................................................................................. 36
4.6.1. Preparação, montagem e execução dos provetes de POT ............................................ 36
4.6.1. Sistema do ensaio de arrancamento ............................................................................... 37
4.6.2. Ensaios de arrancamento ................................................................................................ 39
5. Apresentação, análise e discussão dos resultados experimentais ............................................... 41
Introdução ............................................................................................................................... 41
Caracterização dos betões ..................................................................................................... 41
5.2.1. Fase exploratória ............................................................................................................. 41
5.2.2. Aplicabilidade ................................................................................................................... 42
5.2.3. Massa volúmica ............................................................................................................... 42
5.2.4. Resistência à compressão ............................................................................................... 43
5.2.5. Resistência à tração ........................................................................................................ 45
Caracterização dos varões de aço ......................................................................................... 45
5.3.1. Medições das nervuras .................................................................................................... 45
5.3.2. Resistência à tração ........................................................................................................ 48
Caracterização da aderência varão-LBC ................................................................................ 48
5.4.1. Resultados dos ensaios de arrancamento ...................................................................... 48
5.4.2. Influência da distribuição granulométrica ........................................................................ 51

xvi
5.4.3. Influência de compacidade .............................................................................................. 52
5.4.4. Análise conjunta com os resultados de Freitas (2016) ................................................... 53
5.4.4.1. Influência da distribuição granulométrica ................................................................. 54
5.4.4.2. Influência da compacidade ....................................................................................... 56
5.4.5. Códigos vigentes e propostas existentes de previsão das tensões de aderência .......... 57
5.4.6. Nova definição da lei de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento ......... 60
5.4.6.1. Tensão máxima de aderência .................................................................................. 60
5.4.6.2. Rigidez do ramo ascendente – deslocamentos e tensão média de aderência........ 64
5.4.6.3. Ramo descendente e tensões de aderência de atrito .............................................. 65
5.4.6.4. Relação final tensão de aderência-deslizamento .................................................... 66
Caracterização da aderência varão-LCRAC .......................................................................... 67
5.5.1. Resultados dos ensaios de arrancamento ...................................................................... 67
5.5.2. Influência dos RA ............................................................................................................. 69
5.5.3. Códigos vigentes e previsão das tensões de aderência ................................................. 71
5.5.4. Nova definição da lei de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento –
Influência dos RA ........................................................................................................................... 73
6. Conclusões e perspetiva de estudos futuros ................................................................................. 75
Principais conclusões.............................................................................................................. 75
Perspetivas futuras ................................................................................................................. 77
Bibliografia ............................................................................................................................................. 79
Anexos ...................................................................................................................................................... I
Anexo A: Resultados dos ensaios das medições das nervuras transversais ...................................... I
Anexo B: Resultados experimentais dos ensaios de arrancamento dos LBC .................................... II
Anexo C: Resultados experimentais dos ensaios de arrancamento dos LCRAC .............................. IX
Anexo D: Cronologia fotográfica da campanha experimental ..........................................................XIV
Anexo E: Composição das misturas e resultados experimentais dos ensaios de arrancamento de
Freitas (2016) ....................................................................................................................................XVI
Anexo F: Dedução dos coeficientes ηfR, ησ e ηRA<c e da calibração a Φ25 .....................................XVII

Anexo G: Desvios à exatidão dos resultados experimentais em relação à proposta 5.15 calibrada
para varões de Φ12 ....................................................................................................................... XVIII

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Índice de Figuras
Figura 2.1 - Classificação dos RA através da relação entre a WA e a ODD, adaptado de Silva (2015).
..................................................................................................................................................... 10
Figura 2.2 - Resistência à compressão aos 28 dias de betões em função da quantidade de RCA grossos
para as duas diferentes abordagens de compensação de água, adaptado de Ferreira et al.
(2011). ......................................................................................................................................... 13
Figura 2.3 - Resistência à compressão relativa dos RAC em função de vários níveis de incorporação
de RA, adaptado de Silva (2015). ............................................................................................... 13
Figura 2.4 - Relação entre fctm e fck do RAC a diferentes taxas de substituição de NA por RA, adaptado
de Silva (2015). ........................................................................................................................... 14
Figura 2.5 - Relação entre Ecm e fcm dos RAC obtidos na literatura revista por Silva (2015) e do EC2.
..................................................................................................................................................... 15
Figura 3.1 - Esquema de formação de fendas (Câmara et al. 2016). ................................................... 18
Figura 3.2 – Relação das tensões de aderência-deslizamento, adaptado de FIB (2000). ................... 19
Figura 3.3 – Comparação entre declives dos ramos ascendentes e descendentes das relações tensão
de aderência-deslizamento. ........................................................................................................ 19
Figura 3.4 – Reação de compressão no betão adjacente no sentido contrário ao sentido da força de
tração no varão, adaptado de Louro (2014). .............................................................................. 21
Figura 3.5 – Relação tensão de aderência máxima-fR de André & Pipa (2010) [adaptado de (Louro,
2014)]. ......................................................................................................................................... 22
Figura 4.1 – RCD com uma granulometria de 0/30 mm (esquerda) e de 10/30 mm (direita) (Robalo et
al. 2018). ..................................................................................................................................... 27
Figura 4.2 – Resíduos constituintes do RCD 10/20 mm (por ordem crescente de leitura, de i) a vi)). . 27
Figura 4.3 – Curva granulométrica dos NA (à esquerda) e dos RA (à direita). .................................... 27
Figura 4.4 – Comparação entre as curvas de referência de Alfred e de Faury corrigida. .................... 30
Figura 4.5 – Sistema de ensaio de arrancamento. ............................................................................... 38
Figura 5.1 – Gráfico box-plot da área relativa das nervuras transversais, fR, nas zonas aderentes dos
varões dos provetes de POT. ..................................................................................................... 46
Figura 5.2 – Histograma da área relativa das nervuras transversais, fR, nas zonas aderentes dos varões
dos provetes de POT. ................................................................................................................. 47
Figura 5.3 – Secção transversal tipo dos varões de aço utilizados. ..................................................... 47
Figura 5.4 - Pormenor da rotura por arrancamento, adaptado de (Louro, 2014). ................................ 48
Figura 5.5 – Gráficos box-plot da tensão média de aderência dos LBC (à esquerda) e histograma da
tensão média de aderência, τd,média, do ensaio de arrancamento número 11, primeiro do
LBC_0,82_Alfred (à direita). ........................................................................................................ 49
Figura 5.6 – Gráficos box-plot da tensão máxima de aderência dos LBC. ........................................... 50
Figura 5.7 – Gráficos tensão de aderência-deslizamento dos LBC_0,86_Alfred (canto superior
esquerdo), dos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), dos LBC_0,82_Alfred (canto inferior
esquerdo), dos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito). ............................................................ 51

xix
Figura 5.8 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a percentagem de agregados
inferiores ao afastamento médio entre nervuras, c..................................................................... 52
Figura 5.9 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a compacidade. .................. 53
Figura 5.10 – Relação deslizamento s1-compacidade dos LBC. .......................................................... 53
Figura 5.11 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a percentagem de agregados
inferiores ao afastamento entre as nervuras transversais, c. ..................................................... 55
Figura 5.12 – Relação entre a compacidade e a τd,média, excluindo, no canto superior esquerdo, os
LBC125 e LBC75, e, no canto superior direito, os LBC_0,86 desta dissertação. ...................... 57
Figura 5.13 – Modelos de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento dos LBC_0,86_Alfred
(canto superior esquerdo), dos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), dos LBC_0,82_Alfred
(canto inferior esquerdo) e dos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito). ................................... 59
Figura 5.14 – Fluxograma da abordagem da correção da definição da relação tensão de aderência-
deslizamento. .............................................................................................................................. 61
Figura 5.15 – Relação entre as τd,máx e a fR proposta pelo Model Code 2010 e por Freitas (2016) e
relação entre as τd,máx e a fR dos resultados experimentais de André & Pipa (2010). ................ 61
Figura 5.16 – Influência do diâmetro nas tensões máximas de aderência. .......................................... 62
Figura 5.17 – Nova lei de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento comparando aos
LBC_0,86_Alfred (canto superior esquerdo), aos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), aos
LBC_0,82_Alfred (canto inferior esquerdo) e aos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito). ...... 67
Figura 5.18 – Gráfico box-plot das τd,média de todos os LCRAC (à esquerda) e histograma das τd,média dos
LCRAC_80 (à direita). ................................................................................................................. 68
Figura 5.19 – Gráfico box-plot das τd,máx dos LCRAC. .......................................................................... 68
Figura 5.20 – Gráficos tensão de aderência-deslizamento dos LCRAC_30 (canto superior esquerdo),
dos LCRAC_55 (canto superior direito) e dos LBC_0,82_Alfred (centro inferior). ..................... 69
Figura 5.21 – Relação entre a τd,média (esquerda) ou a τd,máx (direita) e a taxa de substituição de NA por
RA................................................................................................................................................ 70
Figura 5.22 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a taxa de substituição de NA
inferiores ao afastamento entre nervuras transversais por RA inferiores ao afastamento entre
nervuras transversais. ................................................................................................................. 71
Figura 5.23 – Modelos de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento dos LBC_0,86_Alfred
(canto superior esquerdo), dos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), dos LBC_0,82_Alfred
(canto inferior esquerdo) e dos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito). ................................... 72
Figura 5.24 – Lei final de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento comparando aos
LBC_0,86_Alfred (canto superior esquerdo), aos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), aos
LBC_0,82_Alfred (canto inferior esquerdo) e aos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito). ...... 74

xx
Índice de Tabelas
Tabela 3.1 – Características base dos estudos da influência dos RA na aderência. ........................... 24
Tabela 4.1 – Massas volúmicas do ligante. .......................................................................................... 26
Tabela 4.2 – Caraterísticas dos agregados. ......................................................................................... 28
Tabela 4.3 – Composições estudadas das misturas dos LBC e dos LCRAC. ..................................... 31
Tabela 4.4 - Características dos provetes de betão. ............................................................................ 32
Tabela 4.5 – Massa volúmica teórica dos betões. ................................................................................ 33
Tabela 4.6 – Resistência à compressão alvo dos betões. .................................................................... 34
Tabela 4.7 – Classe, diâmetro e tipo de ensaio realizado aos varões de aço...................................... 35
Tabela 4.8 – Volumes de betão das diferentes amassaduras. ............................................................. 37
Tabela 5.1 – Massas volúmicas dos provetes exploratório. ................................................................. 42
Tabela 5.2 – Resistências à compressão e erro experimental dos provetes exploratórios de LBC. .... 42
Tabela 5.3 – Massas volúmicas dos LBC e dos LCRAC. ..................................................................... 43
Tabela 5.4 – Resistências à compressão em cubos dos LBC e dos LCRAC. ...................................... 44
Tabela 5.5 – Resistências à compressão em provetes cilindros de LBC e de LCRAC. ....................... 45
Tabela 5.6 – Resistências à tração dos provetes de LBC. ................................................................... 45
Tabela 5.7 – Características geométricas médias das nervuras transversais dos varões de aço
utilizados. .................................................................................................................................... 47
Tabela 5.8 – Características mecânicas dos varões de aço................................................................. 48
Tabela 5.9 – Resumo estatístico dos resultados obtidos dos ensaios de arrancamento dos LBC. ..... 50
Tabela 5.10 – Quantidade percentual de cada agregado no LBC_0,86_Alfred e no LBC_0,86_Faury.
..................................................................................................................................................... 52
Tabela 5.11 – Valores médios corrigidos das τd,média e das τd,máx dos C250, dos LBC125 e dos LBC75
de Freitas (2016). ........................................................................................................................ 54
Tabela 5.12 – Percentagem de cada agregado no LBC_0,86_Alfred e no LBC_0,86_Faury. ............. 55
Tabela 5.13 – Comparação entre as médias das τd,0,01, τd,0,1, τd,1,0 e τd,média obtidas por Freitas (2016) e
por Pereira (2019). ...................................................................................................................... 56
Tabela 5.14 – Parâmetros para a definição da relação tensão de aderência-deslizamento preconizada
no Model Code 2010 (FIB, 2011). ............................................................................................... 58
Tabela 5.15 – Parâmetros para a definição das relações da tensão de aderência-deslizamento
propostas por Louro (2014) e por Freitas (2016). ....................................................................... 59
Tabela 5.16 – Desvio à exatidão dos resultados experimentais com os teóricos. ............................... 60
Tabela 5.17 – Comparação entre os resultados médios experimentais das τd,máx de André & Pipa (2010),
de Louro (2014), de Freitas (2016) e desta dissertação com as τd,máx da proposta 5.15. .......... 64
Tabela 5.18 – Comparação entre os resultados médios experimentais das τd,méd desta dissertação com
as τd,méd do conjunto das propostas 5.15, 5.18 e 5.19. ............................................................... 65
Tabela 5.19 – Comparação entre os resultados médios experimentais das τd,atrito desta dissertação com
as τd,atrito do conjunto das propostas 5.15 e 5.21......................................................................... 66

xxi
Tabela 5.20 – Parâmetros para a nova definição da lei de previsão da relação entre a tensão de
aderência e o deslizamento. ....................................................................................................... 66
Tabela 5.21 – Resumo estatístico dos resultados obtidos dos ensaios de arrancamento dos LCRAC.
..................................................................................................................................................... 68
Tabela 5.22 – Percentagem de RA inferiores ao afastamento entre nervuras em relação ao total de
agregados de cada LCRAC. ....................................................................................................... 70
Tabela 5.23 – Desvio à exatidão dos resultados experimentais dos LCRAC com os teóricos. ........... 72
Tabela 5.24 – Parâmetros para a nova definição da lei de previsão da relação da tensão de aderência-
deslizamento. .............................................................................................................................. 73
Tabela 5.25 - Comparação entre os resultados médios experimentais desta dissertação com as tensões
de aderência da proposta final. ................................................................................................... 74
Tabela 6.1 – Parâmetros para a nova definição da lei de previsão da relação entre a tensão de
aderência e o deslizamento (homóloga à Tabela 5.24). ............................................................. 77

xxii
Lista de Acrónimos
EC2 Eurocódigo 2 (Eurocode 2)
EN Norma Europeia (European Standard)
IEA International Energy Agency
GCCA Global Cement and Concrete Association
ITZ Interface entre a pasta de cimento e o agregado (cement paste/aggregate interface)
LBC Betão com baixa dosagem de ligante (low binder concrete)
LBC_0,82_Alfred Betão com baixa dosagem de ligante, com compacidade de 0,82 e com a
granulometria otimizada através da curva de referência de Alfred (q = 0,45)
LBC_0,84_Alfred Betão com baixa dosagem de ligante, com compacidade de 0,84 e com a
granulometria otimizada através da curva de referência de Alfred (q = 0,45)
LBC_0,86_Allfred Betão com baixa dosagem de ligante, com compacidade de 0,86 e com a
granulometria otimizada através da curva de referência de Alfred (q = 0,45)
LBC_0,86_Faury Betão com baixa dosagem de ligante, com compacidade de 0,86 e com a
granulometria otimizada através da curva de referência corrigida de Faury
LBC_0,82_Expl Betão com baixa dosagem de ligante, com compacidade de 0,82 e com a
granulometria otimizada através da curva de referência de Alfred (q = 0,45)
betonado na fase exploratória da campanha experimental
LBC_0,86_Expl Betão com baixa dosagem de ligante, com compacidade de 0,86 e com a
granulometria otimizada através da curva de referência de Alfred (q = 0,45)
betonado na fase exploratória da campanha experimental
LCC Betão com baixa dosagem de cimento (low cement concrete)
LCRAC Betão com baixa dosagem de cimento e com incorporação de agregados
reciclados (low cement and recycled aggregate concrete)
LCRAC_30 Betão com baixa dosagem de cimento e com incorporação de 30% de agregados
reciclados
LCRAC_55 Betão com baixa dosagem de cimento e com incorporação de 55% de agregados
reciclados
LCRAC_80 Betão com baixa dosagem de cimento e com incorporação de 80% de agregados
reciclados
LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil
NA Agregados naturais (natural aggregate); Anexo Nacional (National Annex)
NCA Agregados naturais grossos (natural coarse aggregate)
ODD Massa volúmica das partículas secas em estufa (oven-dried density)
POT Ensaio de arrancamento (pull-out test)
RAC Betão com incorporação de agregados reciclados (recycled aggregate concrete)
RA Agregados reciclados (recycled aggregate)
RC Betão de referência
RCD Resíduos de construção e demolição

xxiii
RCA Agregados reciclados de betão (recycled concrete aggregate); agregados
reciclados grossos (recycled coarse aggregate)
UE União Europeia
WA Absorção de água (water absorsion)
WBCSD World Business Council for Sustainable Development

xxiv
Lista de Símbolos
Letras maiúsculas latinas

AF Coeficiente que depende da natureza dos agregados


Agt Extensão total do varão de aço na força máxima
BF Coeficiente que depende da natureza dos agregados
Ec Módulo de elasticidade do betão
Es Módulo de elasticidade do varão de aço
Fa Força de arrancamento
Q1 Quartil inferior
Q3 Quartil superior
ReH Tensão de cedência do varão de aço
Rm Tensão de rotura à tração do varão de aço
RA<c Proporção de agregados reciclados de dimensão inferior ao afastamento entre as nervuras
transversais dos varões de aço

Letras minúsculas latinas

a1/2 Altura das nervuras transversais a ½ do seu comprimento


a1/4 Altura das nervuras transversais a ¼ do seu comprimento
a3/4 Altura das nervuras transversais a ¾ do seu comprimento
c Afastamento entre as nervuras transversais do varão de aço
d Dimensão da partícula
dmáx Dimensão máxima das partículas
dmin Dimensão mínima das partículas
fbd Valor de cálculo da tensão de rotura da aderência
fb,0 Valor básico da tensão de aderência
fc,j Tensão de rotura/resistência à compressão do betão aos j dias de idade
fck Valor característico da tensão de rotura à compressão do betão
fcm,cubo Valor médio da tensão de rotura à compressão do betão, em provetes cúbicos
fcm,cubo,7 Valor médio da tensão de rotura à compressão do betão aos 7 dias de idade, em provetes
cúbicos
fcm,cubo,j Valor médio da tensão de rotura à compressão do betão aos j dias de idade, em provetes
cúbicos
fcm,28 Valor médio da tensão de rotura à compressão do betão aos 28 dias de idade
fcm,j Valor médio da tensão de rotura à compressão do betão aos j dias de idade
fR Área relativa das nervuras transversais do varão de aço
fR,min Valor mínimo especificado da área relativa das nervuras transversais
fct,j Tensão de rotura/resistência à tração do betão aos j dias de idade
fctm Valor médio da tensão de rotura/resistência à tração do betão
fctm,j Valor médio da tensão de rotura/resistência à tração do betão aos j dias de idade

xxv
j Idade do betão
kfR Coeficiente de Freitas (2016) associado à área relativa das nervuras transversais

kσ Coeficiente de Freitas (2016) associado à compacidade


p Percentagem de agregados e ligante passados num determinado peneiro
p' Percentagem de agregados passados num determinado peneiro
ptr Tensão média de compressão perpendicular à potencial superfície de rotura por fendimento
q Coeficiente de distribuição
s Deslizamento do varão
s1 Deslizamento do varão de aço na tensão máxima de aderência
s3 Deslizamento do varão de aço na tensão de atrito de aderência
vp Velocidade de aplicação da força de arrancamento

Letras maiúsculas gregas

Σfi Perímetro sem nervuras transversais do varão de aço


Φ Diâmetro nominal do varão de aço

Letras minúsculas gregas

α Coeficiente associado à rigidez do ramo ascendente da relação tensão de aderência-


deslizamento
γcb Fator de segurança da aderência
ε Erro percentual
ηRA<c Coeficiente associado à proporção de agregados reciclados de dimensão inferior ao
afastamento entre as nervuras transversais dos varões de aço
ηfR Coeficiente associado à área relativa das nervuras transversais

ησ Coeficiente associado à compacidade


σ Compacidade
τ Tensão de aderência
τd Tensão de aderência aos 28 dias de idade do betão
τd,0,01 Tensão de aderência aos 0,01 mm de deslizamento e aos 28 dias de idade do betão
τd,0,1 Tensão de aderência aos 0,1 mm de deslizamento e aos 28 dias de idade do betão
τd,1,0 Tensão de aderência aos 1,0 mm de deslizamento e aos 28 dias de idade do betão
τd,atrito Tensão de atrito de aderência e aos 28 dias de idade do betão
τd,máx Tensão de rotura/máxima aderência e aos 28 dias de idade do betão
τd,média Tensão de média de aderência e aos 28 dias de idade do betão

xxvi
1. Introdução

Enquadramento
As Nações Unidas prevêem que, até 2050, 68% da população mundial viverá em áreas urbanas, sendo
necessário assegurar habitação e infraestruturas básicas, transporte e energia. No entanto, os
problemas de amanhã começam hoje, com cerca de um terço da população mundial a residir em
cidades com pelo menos meio milhão de habitantes, em que em cada 3 a 5 destas cidades estão
rotuladas com elevado risco de desastre natural. É urgente intervir no sentido de aumentar e melhorar
a oferta, reabilitando o edificado existente e complementando-o com novas construções. Contudo, com
a imposição de metas sustentáveis cada vez mais exigentes, o setor da engenharia e construção civil
tem de se adaptar rapidamente (GCCA, 2019).

Atualmente, o betão é o material estrutural mais usado a nível mundial na construção, devido ao seu
baixo preço e excelente desempenho estrutural. A produção de cimento Portland, o principal
constituinte do betão, ronda os 4,65 mil milhões de toneladas anuais e antevê-se um crescimento de
12 a 23% até 2050. No entanto, para cada tonelada de cimento Portland produzida, é emitida
aproximadamente a mesma quantidade de CO2 para a atmosfera, representando cerca de 5% das
emissões globais de gases com efeito de estufa (IEA & WBCSD, 2009; Silva, 2015).

Com a crescente consciencialização dos problemas ambientais, têm surgido inúmeras estratégias para
mitigar as emissões poluentes da produção do cimento Portland, através de soluções ambientalmente
mais sustentáveis. Estas incluem a utilização de combustíveis alternativos com menor pegada
ecológica, o aperfeiçoamento do processo de fabrico do cimento conduzindo à redução da temperatura
dos fornos, a captura do CO2 à saída das chaminés, a substituição parcial do cimento por adições mais
eco-eficientes e a redução da dosagem de cimento Portland na formulação de betões. Os estudos
recentes sobre os betões com baixa dosagem de ligante (LBC), que diminuem e substituem
parcialmente a quantidade de cimento por adições provenientes de sub-produtos industriais, revelam
que os LBC são uma excelente alternativa aos betões correntes, visto ser possível atingir resistências
idênticas (Alves, 2015; Freitas, 2016).

Para além da problemática das emissões dos gases com efeito de estufa, o setor da construção debate-
se com a quantidade de resíduos de construção e demolição (RCD) gerados anualmente,
representando cerca de 25 a 30% do total de resíduos na União Europeia (UE). Como tal, a UE tem
vindo a impor metas que pressionam os governos a tomar medidas que conduzam à reciclagem destes
resíduos. Porém, um dos obstáculos a ultrapassar na reutilização dos RCD é a falta de confiança na
qualidade dos mesmos. A sua composição é muito variada, consoante a origem dos resíduos,
conduzindo ao desconhecimento das propriedades dos mesmos. No entanto, os esforços alcançados
pela comunidade científica ao longo dos últimos anos comprovam as potencialidades dos RCD, como
agregados a incorporar no betão, e mitigam a sua utilização deficiente, apesar de estar sujeita a
determinadas metodologias (Silva, 2015; European Comission, 2018).

1
Perante todas as evidências estabelecidas das novas estratégias de tornar o betão ambientalmente
mais sustentável, o comportamento estrutural destes novos betões carece de ser devidamente
estudado, sendo particularmente relevante neste contexto a aderência betão-varão e a influência que
as novas formulações dos betões têm neste fenómeno.

A aderência define-se como o mecanismo responsável pela transferência de tensões entre o betão e
os varões. Esta influencia o comportamento das estruturas tanto para estados limites de utilização como
para estados limites últimos. Nos estados limites de utilização, este mecanismo gera a abertura de
fendas e define o espaçamento entre as mesmas e, por conseguinte, condiciona a quantidade de
armadura mínima a colocar num determinado elemento de betão armado. Nos estados limites últimos,
para além de condicionar o comprimento de amarração dos varões de aço ao betão e a transmissão
de esforços nas emendas por sobreposição, estabelecendo o cálculo das mesmas, a aderência
influencia a capacidade de rotação das rótulas plásticas (Louro, 2014).

Âmbito e objetivos
A presente dissertação surge no seguimento dos estudos de Freitas (2016) e de Robalo et al. (2018) e
da importância da aderência para se assegurar um comportamento estrutural dúctil das estruturas de
betão armado.

As conclusões do estudo de Freitas (2016), sobre a influência da compacidade dos betões (com
baixa dosagem de ligante) na aderência varão-betão, constituem o ponto de partida desta dissertação.
Porém, como o estudo de Alves (2015) levantou novas questões, nesta dissertação aprofunda-se o
estudo anterior, introduzindo a análise da influência da distribuição granulométrica dos agregados
na aderência varão-betão.

O trabalho de Robalo et al. (2018) introduz os agregados reciclados (RA) nos LBC e avalia as suas
propriedades no estado fresco e endurecido. No entanto, o comportamento estrutural dos mesmos não
é analisado. Assim, define-se como o segundo grande objetivo da presente dissertação, a análise da
aderência entre os varões de aço e os betões com baixa dosagem de cimento e com incorporação de
agregados reciclados (LCRAC). Em particular, é avaliada a influência da incorporação dos agregados
reciclados na aderência, incluindo a análise da influência da sua granulometria.

Para além da avaliação da influência isolada das variáveis, a dissertação propõe um conjunto de
expressões que redefinem a lei da relação tensão de aderência-deslizamento do varão de aço,
preconizada pela comunidade científica e pelos códigos vigentes, contemplando a contribuição das
variáveis estudadas e possibilitando um cálculo mais realista das zonas de ancoragem e de rótulas
plásticas. Este objetivo teve um especial enfâse nos LBC devido ao maior leque de estudos existentes
na literatura técnica.

Metodologia e organização
A realização da dissertação estruturou-se em cinco etapas de trabalho tendo em vista o cumprimento
dos objetivos propostos.

2
A primeira etapa centrou-se no levantamento do estado da arte, cujo objetivo foi obter um
enquadramento geral do tema, enfatizando as variáveis mais relevantes ao nível do estudo dos betões
com baixa dosagem de ligante (LBC) e dos betões com baixa dosagem de cimento e com incorporação
de agregados reciclados (LCRAC) e da aderência destes novos materiais aos varões de aço. Os
principais obstáculos foram, numa primeira fase, a diferenciação entre a bibliografia relevante da
bibliografia que se afastava dos objetivos desta dissertação e, numa segunda fase, a distinção entre os
estudos fundados em boas práticas laboratoriais dos estudos com campanhas experimentais menos
rigorosas. Estes obstáculos deveram-se principalmente, no caso dos betões, aos diferentes acrónimos,
nomenclaturas e traduções para um determinado material e, no caso da aderência, ao fundamento em
práticas laboratoriais menos indicadas para o estudo da aderência.

Com base no levantamento bibliográfico, procedeu-se à segunda etapa, o planeamento da campanha


experimental, nomeadamente, a formulação das misturas de betão e a definição dos ensaios a realizar
por forma a colmatar os objetivos da dissertação. O mapa de quantidades e a calendarização da
campanha experimental foram preponderantes no cumprimento dos prazos.

A terceira etapa, a campanha experimental, decorreu em duas fases envolvendo quatro laboratórios
distintos e teve a duração de cinco meses. A primeira fase consistiu na preparação, incluindo a
peneiração dos resíduos de construção e demolição (RCD), dos constituintes dos betões no Laboratório
de Materiais de Construção e no Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia Civil do
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, e, posteriormente, no transporte para o Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Quanto aos varões de aço, foram transportados da sede da
empresa Florêncio Augusto Chagas, SA., em Torres Vedras, para o LNEC. Por conseguinte, a
preparação, a betonagem e os ensaios dos provetes foram realizados no Laboratório do Núcleo de
Comportamento de Estruturas do Departamento de Estruturas e no Laboratório do Núcleo de Betões,
Pedras e Cerâmicos do Departamento de Materiais, ambos do LNEC.

Ainda com o decorrer da campanha experimental, procedeu-se à análise e discussão dos resultados
para, aquando da realização dos ensaios, haver uma análise crítica e imediata dos resultados que iam
sendo obtidos. Esta análise teve por base uma análise estatística e a subsequente identificação e
interpretação de tendências de comportamento, correlacionando os resultados obtidos com os de
outros estudos considerados no levantamento do estado da arte.

Para finalizar, toda a informação reunida foi organizada e redigida no presente documento. A
organização da dissertação seguiu a cronologia descrita nos parágrafos anteriores, tendo sido dividida
nos seis capítulos a seguir descritos:

 1º capítulo: Preâmbulo desta dissertação, no qual o tema é enquadrado com a atualidade da


engenharia e da construção identificando a problemática a estudar. Os objetivos são identificados
como a ponte para a resolução da problemática. Por fim, é descrita toda a metodologia e
organização adotadas nesta dissertação;
 2º capítulo: Estado da arte direcionado à literatura técnica dos betões com baixa dosagem de
ligante (LBC) e com incorporação de agregados reciclados (RAC). Sobre os LBC analisam-se os
seus constituintes, que influenciam a compacidade, e as propriedades em estado fresco e
3
endurecido. Em relação aos RAC, avaliam-se a qualidade e as propriedades dos RA e as
características mecânicas do RAC fresco e endurecido;
 3º capítulo: Estado da arte com enfoque nos estudos sobre aderência entre os varões de aço e
o betão. Primeiramente, contextualiza-se o fenómeno da aderência com o comportamento
estrutural do betão armado, e seguidamente, analisam-se quais os parâmetros que influenciam a
aderência, com enfoque naqueles que desempenham um papel mais relevante na campanha
experimental;
 4º capítulo: Este capítulo é o núcleo desta dissertação. Aqui, são apresentados, analisados e
discutidos os resultados experimentais conduzidos neste contexto, bem como os resultados de
outros estudos e os valores propostos pelos regulamentos permitindo uma análise conjunta dos
resultados. Apresentam-se conclusões, devidamente fundamentadas, e apresentam-se novas
propostas para a lei da relação da tensão de aderência-deslizamento para os LBC e para os
LCRAC;
 5º capítulo: A dissertação termina neste último capítulo, no qual são apresentadas as principais
conclusões sobre os LBC e os LCRAC e a aderência dos mesmos aos varões de aço.
Adicionalmente, apresentam-se propostas de estudos futuros que visam o aprofundamento do
conhecimento sobre o tema.

4
2. Estado da arte dos betões com baixa dosagem de ligante
e com incorporação de agregados reciclados

Considerações iniciais
Os resultados da revisão bibliográfica sobre os betões com baixa dosagem de ligante (LBC) e sobre os
betões com baixa dosagem de cimento e com incorporação de agregados reciclados (LCRAC)
apresentam-se no decorrer deste capítulo. O desenvolvimento dos LBC e dos LCRAC e o
desenvolvimento de novos betões, como os betões de elevado desempenho, os betões auto-
compactáveis e outros tipos de betões ecológicos, andam a par na atual literatura e, por conseguinte,
a disparidade na procura bibliográfica aumenta. Deste modo, o enfoque deste capítulo são as causas
e os efeitos das variáveis em estudo das composições das misturas, a compacidade e os agregados
reciclados (RA), e as propriedades mecânicas dos LBC e dos RAC.

Betão com baixa dosagem de ligante

2.2.1. Compacidade

A compacidade está fortemente ligada à composição da mistura e às características intrínsecas dos


materiais que a integram, nomeadamente as adições, o arranjo das partículas, os adjuvantes e a água.

2.2.1.1. Adições

As adições são materiais inorgânicos de finura igual ou superior à do cimento e classificam-se em dois
tipos: adições tipo I (quase inertes) e adições tipo II (pozolanas e adições de caráter hidráulico latente).
Estas, quando adicionadas ao betão, têm como finalidade reduzir a quantidade de cimento e melhorar
algumas propriedades do betão, tanto no estado fresco como no estado endurecido (Costa & Appleton,
2002). No desenvolvimento dos LBC, é essencial a utilização de adições minerais para atingir um
volume de pasta ideal (Proske et al., 2014), tais como o filer calcário e as cinzas volantes.

O filer calcário é classificado como adição do tipo I por não ter propriedades hidráulicas latentes nem
propriedades pozolânicas relevantes (Costa & Appleton, 2002). O seu principal efeito consiste no
preenchimento dos espaços vazios de menor dimensão contribuindo para o aumento da compacidade
da mistura (Gomes et al., 2013). Ling & Kwan (2016) confirmam este efeito no estudo sobre o
comportamento de betões auto-compactáveis ao adicionar filer calcário à mistura e Knop & Peled
(2014) reforçam a ideia ao utilizar uma granulometria mais extensa de filer calcário.

O comportamento das partículas com elevada relação superfície específica/massa difere das partículas
com relação inferior. No caso das partículas com elevada relação superfície específica/massa, a
compacidade não é apenas influenciada pela geometria das partículas, mas também pela forma como
se depositam e misturam. Na compactação das mesmas, para além da energia de compactação é
necessário atender às forças de superfície, tais como as de Van der Waals e as electroestáticas, que
por vezes são superiores à força gravítica, causando aglomerados (Fennis et al., 2012).

5
Com a introdução dos LBC, as cinzas volantes apresentam-se como um possível substituto do cimento
e como são resíduos industriais de centrais térmicas a carvão, torna-se um material mais económico e
ecológico que o cimento. As cinzas são classificadas como adições do tipo II pelas suas propriedades
pozolânicas, isto é, apresentam reatividade com o hidróxido de cálcio, aquando das reações de
hidratação do cimento, originando silicatos de cálcio hidratados. A finura das cinzas volantes é superior
à finura do cimento, o que proporciona a ocupação dos vazios entre as partículas de cimento. Com
efeito, conferem menor porosidade e maior compacidade ao betão. Adicionalmente, a forma esférica
das suas partículas conduz a uma maior trabalhabilidade (Costa & Appleton, 2002; Gomes et al., 2013).

2.2.1.2. Arranjo das partículas

O arranjo das partículas é otimizado em função da redução dos vazios da mistura, ou seja, do aumento
da compacidade. Para tal, é necessária uma curva granulométrica uniforme que permita a otimização
do arranjo das partículas. As curvas de otimização de Alfred (ou Funk e Dinger, ambos na literatura) e
de Faury corrigida permitem encontrar a curva granulométrica sensivelmente ótima, isto é, a que
conduz a uma mistura de elevada compacidade. Para além das curvas mencionadas, modelos
analíticos ou de elementos discretos permitem também determinar a distribuição granulométrica ótima
com um menor grau de incerteza (Fennis, 2011).

A título comparativo das duas curvas de otimização, Freitas (2016) conclui que a curva de Faury
corrigida conduz à utilização de uma maior percentagem de agregados grossos em relação à de Funk
e Dinger e, por conseguinte, à necessidade de compensar a falta de finos com uma maior quantidade
de ligante. Este facto é corroborado por Ling & Kwan (2016) que revela que a diminuição dos vazios
pode não ser desprezável aquando da redução da dosagem de ligante.

Em favor da curva de Faury, os LBC formulados por Alves (2015) e Carvalho (2017) com esta curva
apresentam maior coesão que os formulados pela curva de Alfred, apesar de terem uma consistência
seca.

2.2.1.3. Relação água-cimento

A otimização das partículas resulta num aumento da compacidade, ou seja, numa diminuição do volume
de vazios e consequentemente numa diminuição da quantidade de água necessária para preencher
esses vazios, o que se insere perfeitamente no âmbito sustentável da dissertação (Gallias et al. 2000;
Fennis et al. 2012).

No desenvolvimento dos LBC, com a redução da quantidade de cimento e com a relação água/cimento
constante, a quantidade de água necessária para preencher os vazios diminui. Portanto, sendo a água
em excesso a que induz trabalhabilidade ao betão, é teoricamente possível, utilizando a mesma
quantidade de água, produzir LBC com a mesma trabalhabilidade que os betões correntes. Todavia,
nos betões com elevada compacidade, é necessário introduzir um excesso de água para colmatar o
atrito entre agregados.

Com isto, torna-se indispensável o controlo da quantidade de água, pois uma ligeira variação na mesma
resulta numa diferença significativa na relação água/cimento influenciando as propriedades tanto no

6
estado fresco como no estado endurecido. O controlo da quantidade de água passa não só pela água
intencionalmente adicionada à mistura, mas também pela água presente nos materiais, nomeadamente
a humidade nos agregados (Fennis & Walraven, 2012; Proske et al. 2014; Freitas, 2016).

Para além do controlo da água presente nos materiais, as suas características também influenciam a
quantidade de água necessária, tais como a superfície específica, a forma e a textura. O aumento da
superfície específica causado pela introdução de fileres finos provoca uma hidratação heterogénea na
mistura. As partículas irregulares tendem a exigir maiores quantidades de água em comparação com
as partículas mais roladas (Gallias et al. 2000; Oey et al. 2013).

2.2.1.4. Superplastificante

Os mecanismos preponderantes de atuação do superplastificante no betão são a redução da tensão


superficial da água e o efeito dispersor e desfloculante. Na adição de água à mistura, as partículas de
cimento tendem a formar aglomerados que através das cargas negativas induzidas pelo
superplastificante, dispersam as partículas de cimento, o que facilita a sua hidratação e movimentação.
Assim, é necessária uma menor quantidade de água, que aliada à redução proporcional de cimento,
mantém a relação água/cimento constante, sendo possível manter a trabalhabilidade em relação aos
betões correntes (Costa & Appleton, 2002; Newman & Choo, 2003).

A adição de superplastificante depende fortemente da relação água/ligante ou, consoante os materiais


em causa, da relação água/pó, que condiciona parâmetros como a compacidade. A redução da relação
água/pó conduz a um aumento na dosagem de superplastificante e, contrariamente ao esperado, tende
a ser prejudicial às propriedades em estado fresco e endurecido (Ling & Kwan, 2016; Liu et al. 2017).

A quantidade de superplastificante é também influenciada pelo tipo de partículas presentes na mistura.


O cimento é o que requer mais superplastificante para atingir a mesma trabalhabilidade em comparação
com as adições, tais como as cinzas volantes, a escória de alto-forno e o filer calcário (Yu et al. 2015).

2.2.2. Propriedades do betão

2.2.2.1. Trabalhabilidade

A avaliação da trabalhabilidade do betão permite aferir a intensidade de compactação necessária e sua


capacidade de ser bombeado, sem que haja ocorrência de segregação. O aumento da trabalhabilidade
deve-se ao aumento do volume de água em excesso, que tem como consequência a diminuição da
compacidade, ou seja, o betão torna-se mais poroso e consequentemente menos resistente (Alves,
2015; Carvalho, 2017).

A forma das adições e dos agregados têm um papel ativo na trabalhabilidade. As partículas roladas
oferecem menor atrito entre elas e, por conseguinte, facilitam a fluidez da mistura. No caso das adições,
as cinzas volantes e o filer calcário contribuem para esse efeito (Yu et al. 2015). No caso dos agregados,
Alves (2015) regista que a maior utilização de agregados britados reduz a trabalhabilidade do betão.

Nos LBC de Alves (2015), por Freitas (2016) e por Carvalho (2017), o ensaio de abaixamento do cone
de Abrams tendeu a não ser valido por falta de coesão, impedindo a classificação da consistência por
via deste método.
7
2.2.2.2. Resistência à compressão

Uma elevada resistência à compressão do LBC é fundamentalmente conseguida com uma elevada
compacidade, através da incorporação de adições, de uma extensa granulometria de agregados e da
redução da quantidade de água.

A expressão de Feret prevê a resistência à compressão aos 28 dias baseado na classe de resistência.
No entanto, para os LBC, onde a compacidade e a dosagem de adições pozolânicas são elevadas e a
dosagem de cimento é diminuta comparativamente aos betões de referência, a expressão de Feret não
representa uma estimativa real da resistência à compressão, mesmo aquando do recurso ao conceito
de cimento equivalente (Fennis et al. 2012; Freitas, 2016). De acordo com Freitas (2016), a resistência
à compressão dos LBC aumenta 41 a 84% em relação à prevista pela expressão de Feret, consoante
as dosagens e tipo de adições incorporadas.

À semelhança da expressão de Feret, o cálculo da resistência à compressão ao longo do tempo com


recurso aos valores do coeficiente s da fórmula 2.1, preconizados pelo Eurocódigo 2 (2010), não
representa as resistências à compressão assinaladas por Alves (2015) e por Freitas (2016).

28 1/2
{𝑠∙[1−( ) ]} (2.1)
𝑗
𝑓𝑐𝑚,𝑗 (𝑗) = 𝑒 ∙ 𝑓𝑐𝑚,28
onde, fcm,j e fcm,28 são a resistência média à compressão aos j e 28 dias de idade, respetivamente; e s
é um coeficiente empírico que depende apenas do tipo de cimento e que varia de 0,20 a 0,38, para
cimentos de maior a menor resistência, respetivamente.

A incorporação de adições pozolânicas promove um ganho de resistência à compressão mais moroso


que os betões só com cimento. Em consequência, os betões com adições pozolânicas têm um aumento
representativo de resistência à compressão após os 28 dias de idade, que é tanto maior quanto maior
for a diferença entre a dosagem de pozolanas e a dosagem de cimento. Por estas razões, o coeficiente
s tende a aumentar com o aumento da diferença entre a dosagem de material pozolânico e a dosagem
de cimento, por forma a ter em consideração o endurecimento mais lento do betão (Costa, 2012; Alves,
2015; Freitas, 2016). Os LBC de Alves (2015) e de Freitas (2016) apontam para variações do
coeficiente s entre 0,17 a 0,60, dependente da diferença entre a quantidade de material pozolânico e
de cimento.

2.2.2.3. Resistência à tração e módulo de elasticidade

Os parâmetros, que condicionam a resistência à compressão dos LBC, também influenciam de forma
semelhante a resistência à tração. A relação entre a resistência à tração e a resistência à compressão
ronda os 7 a 8%, nestes betões.

De igual modo, o módulo de elasticidade também depende de forma semelhante dos parâmetros, que
influenciam a resistência à tração e à compressão. Todavia, a elevada compacidade dos LBC contribui
para um acréscimo do módulo de elasticidade.

Em síntese, os vários estudos confirmam a possibilidade de transpor as relações constitutivas entre a


resistência à compressão e a resistência à tração e o módulo de elasticidade, fundamentais nos betões

8
correntes e preconizados nos diferentes regulamentos (Fennis, 2011; Proske et al. 2014; Alves, 2015;
Freitas, 2016).

Betão com incorporação de agregados reciclados

2.3.1. Tratamento e classificação dos agregados reciclados

Os resíduos de construção e demolição (RCD) obtidos sem uma metodologia seletiva na demolição
apresentam-se como potenciais agregados a incorporar no betão, mas com a variabilidade na sua
composição quantitativa e qualitativa, em que os principais materiais presentes são detritos de betão,
de alvenaria e de aço. Em consequência, sem o conhecimento das propriedades dos agregados
reciclados (RA) utilizados, o desempenho do betão com a incorporação de agregados reciclados (RAC)
é condicionado. Logo, a necessidade de uma demolição seletiva e de uma reciclagem cuidada tornam-
se imperativas para a aquisição de agregados reciclados (RA) de qualidade (Brito, 2005; Silva, 2015).

Numa análise genérica, a incorporação de RA afeta negativamente as propriedades do betão. Contudo,


com a incorporação de agregados reciclados de betão (RCA) e com uma substituição a incidir mais nos
agregados grossos, é possível equivaler os desempenhos mecânicos dos RAC aos dos betões de
correntes (Gonçalves et al. 2001; Brito, 2005; Silva, 2015).

Posterior à seleção dos RCD, é fundamental classificar os RA para medir a sua qualidade de uma forma
prática. Através da avaliação de 116 publicações que correspondem a 589 diferentes tipos, tamanhos
e origens de RA, Silva (2015) verifica que a relação entre a massa volúmica das partículas secas em
estufa (ODD) e a absorção de água dos RA (WA) segue uma determinada equação (com uma
dispersão aceitável) independentemente do tipo, do tamanho e da origem do RA, devido à porosidade
do material – a absorção de água aumenta e a massa volúmica das partículas secas em estufa diminui
consoante o aumento da porosidade. Por conseguinte e não obstante da variabilidade dos resultados,
o autor propõe a classificação dos RA apresentada na Figura 2.1.

Em síntese, o correto processamento e caracterização dos RA credita-os como opção viável a utilizar
em elementos de betão estruturais ou não, analogamente aos agregados correntes (Silva et al. 2014).

9
Figura 2.1 - Classificação dos RA através da relação entre a WA e a ODD, adaptado de Silva (2015).

Mesmo recorrendo aos processos de esmagamento indicados, os RA apresentam superfícies


irregulares em forma de lamelas alongadas, contrariamente aos agregados naturais (NA). A forma dos
RA tem consequências para os RAC sumariadas nos seguintes pontos:

 O ângulo de atrito interno aumenta, prejudicando a trabalhabilidade do RAC;


 As partículas lamelares tendem a dispor-se na horizontal contribuindo para a criação de lâminas
de água, que diminuem a aderência entre a pasta e os RA;
 A superfície específica do agregado aumenta promovendo um aumento absorção de água do
agregado;
 A resistência do RAC pode aumentar devido à pasta de cimento envolvente nos RA (Brito, 2005).

2.3.1.1. Massa volúmica e baridade

A massa volúmica das partículas está diretamente relacionada com a porosidade e com a sua natureza,
e é uma propriedade preponderante na classificação dos agregados, que quando se refere aos
mesmos, a massa volúmica representa a massa volúmica das partículas individuais. No entanto, na
medição das quantidades de agregados torna o parâmetro pouco representativo devido à
impossibilidade de dispor os agregados sem que haja vazios entre eles. Assim, recorre-se à baridade
ou massa volúmica aparente que depende do grau de compactação, da curva granulométrica e da
forma dos agregados (Coutinho, 1988; Brito, 2005).

Os agregados naturais (NA) apresentam valores elevados de massa volúmica em virtude das suas
estruturas mineralógicas densas e compactas e porosidades reduzidas (Coutinho, 1988). Enquanto que
os RA apresentam massas volúmicas inferiores, resultantes das características da pasta de cimento
envolvente aos RA, que, no estado endurecido, se caracteriza como uma estrutura leve e porosa (Brito,
2005). Por conseguinte, quanto maior for a quantidade de pasta de cimento aderida ao RA, menor a
sua massa volúmica e menor a sua baridade (Juan & Gutiérrez, 2009).

10
O número de fases de trituração determina a quantidade de pasta de cimento aderida aos agregados.
Quanto mais fases de esmagamento os RCA forem submetidos, menor será a quantidade de cimento
envolvente à superfície de RCA grossos e, consequentemente, maior será a sua massa volúmica. Por
outro lado, essa pasta de cimento esmagada nas sucessivas fases de reciclagem acumula-se na fração
de RCA finos e consequentemente, a massa volúmica da percentagem de RCA finos diminui (Kasai,
2004).

Todavia, a resistência do betão demolido, que deu origem aos RCA, também contribui para um aumento
da massa volúmica, o que contradiz a afirmação anterior, uma vez que o aumento da resistência do
betão está normalmente associado ao aumento da quantidade de cimento e consequentemente à
diminuição da massa volúmica (Gokce et al. 2011).

2.3.1.2. Absorção de água

As considerações feitas para a variação da massa volúmica mantêm-se para a absorção de água (WA),
nas quais a WA aumenta, se a porosidade aumentar e vice-versa.

Na grande maioria, os RA exibem uma maior WA que os NA, que apresentam uma WA registada após
24h na ordem do intervalo de 0,5% e 1,5% (Silva, 2015). O aumento da WA pode conduzir a uma maior
quantidade de água necessária e, consequentemente, uma maior relação água/cimento, que pode
comprometer a qualidade dos RAC (Brito, 2005).

2.3.1.3. Resistência mecânica

Os betões convencionais de baixa a média resistência dependem fortemente da resistência à


compressão da pasta de cimento, nos quais a rotura da matriz se dá na interface entre a pasta de
cimento e o agregado (ITZ). Porém, no caso da relação entre a resistência à compressão dos
agregados e a da pasta de cimento rondar os 50%, a resistência à compressão do betão é condicionada
pela resistência à compressão dos agregados, como é o caso dos betões leves e em certos RAC,
apesar de na generalidade dos betões com incorporação de RCA tal não se verificar (Coutinho, 1988;
CCANZ, 2011).

Então, nos RAC existem três zonas de transição de possível rotura: (a) entre a pasta de cimento aderida
no RA e o agregado; (b) entre a pasta de cimento aderida no RA e a pasta de cimento do RAC; (c)
entre o agregado e a pasta de cimento do RAC. Estas zonas, para além de estarem condicionadas pela
a resistência à compressão dos RA, estão inevitavelmente dependentes dos processos de reciclagem
dos RA (CCANZ, 2011). Deste modo, a resistência dos RCA é regida pela qualidade da pasta de
cimento, ou seja, pela resistência do betão demolido, que origina os RCA. Ora, os RCA derivados de
betões com resistências à compressão elevadas conduzem a uma resistência ao desgaste inferior
(Padmini et al. 2009).

2.3.2. Propriedades mecânicas do betão

Em função do tipo e qualidade dos RA e no seguimento do referido anteriormente, os RA apresentam


globalmente piores características que os NA. Logo, em geral, as propriedades no estado fresco e no

11
estado endurecido dos RAC tendem a piorar consoante a taxa de substituição dos NA por RA. De
seguida, analisam-se as principais propriedades dos RAC de modo a perceber como se comportam.

2.3.2.1. Trabalhabilidade

Em geral, os RAC indiciam menor trabalhabilidade em comparação com os betões de referência. A


forma alongada e lamelar e a textura rugosa dos RA conduzem ao aumento do ângulo de atrito interno
promovendo uma menor trabalhabilidade. Para além da elevada porosidade do RA, o aumento da
superfície específica contribui para elevadas percentagens de WA dos RA. Assim, quanto maior a taxa
de substituição dos NA por RA, menor será a trabalhabilidade (Brito, 2005).

Como a trabalhabilidade é uma propriedade de elevada importância na utilização do betão em obra, é


necessário compensar a água absorvida pelos RA que forneceria trabalhabilidade aos RAC. A pré-
saturação dos RA e a compensação de água são dois métodos para compensar água em falta. A
compensação de água consiste em adicionar um excesso de água correspondente à absorção de água
dos RA utilizados durante a amassadura. O método da compensação de água potencia perdas de
resistência inferiores ao método da pré-saturação dos RA e permite produzir betões com uma
trabalhabilidade semelhante à dos betões de referência (Ferreira et al. 2011).

Saliente-se que a WA dos RA grossos é inferior à WA dos RA finos. Por conseguinte, a diminuição da
trabalhabilidade é menor aquando a taxa de substituição dos NA por RA incide sobre os agregados
grossos (Brito, 2005).

2.3.2.2. Resistência à compressão

A resistência à compressão dos RAC é geralmente condicionada pela resistência à compressão dos
RA, contrariamente aos betões de referência (Brito, 2005). Deste modo, avalia-se a perda da resistência
à compressão em relação aos betões de referência devido à incorporação de RA.

No decorrer da literatura é consensual que quanto maior a taxa de substituição de NA por RA, menor
a resistência à compressão dos RAC. No entanto, o tipo, o tamanho e a qualidade dos RA são fatores
preponderantes na maior ou menor perda de resistência para a mesma taxa de substituição de NA por
RA, uma vez que estes fatores afetam diretamente a ODD e a WA dos RA – quanto menor a ODD e
maior a WA, maior a perda de resistência à compressão do RAC para uma taxa de substituição de NA
por RA constante (Silva, 2015).

Dhir & Paine (2014) afirmam que a perda da resistência à compressão de RAC com taxas de
substituição de NA por RCA grossos até 30% ou com taxas de substituição de NA por RCA finos até
20% é praticamente residual.

Como referido anteriormente, o método de compensação de água conduz a perdas mínimas de


resistência à compressão nos RAC. Ferreira et al. (2011) conferem as potencialidades da metodologia,
especialmente em RAC com taxas de incorporação de RAC reduzidas, com o aumento de cerca de
10% em relação à pré-saturação dos agregados, como se analisa na Figura 2.2.

12
Figura 2.2 - Resistência à compressão aos 28 dias de betões em função da quantidade de RCA grossos para as
duas diferentes abordagens de compensação de água, adaptado de Ferreira et al. (2011).

O efeito das cinzas volantes e dos superplastificantes nos RAC é semelhante ao seu efeito nos betões
correntes. Em certos casos, o aumento da sua dosagem nos RAC proporciona uma diminuição da
perda relativa de resistência à compressão em função do aumento da taxa de substituição de RA por
NA (Juan & Gutiérrez, 2004; Kou et al. 2007; Pereira et al. 2012).

Através do recurso de uma extensa coletânea recolhida por Silva (2015), o autor verifica a existência
de uma relação entre a perda de resistência do RAC e a taxa de substituição de NA por RA grossos de
diferentes tipos. Neste sentido e sabendo previamente a classe do RA através da Figura 2.1, o autor
propõe um modelo de previsão da resistência à compressão do RAC consoante a taxa de substituição
de NA por RA grossos e a classe do RA (Figura 2.3).

Figura 2.3 - Resistência à compressão relativa dos RAC em função de vários níveis de incorporação de RA,
adaptado de Silva (2015).

2.3.2.1. Resistência à tração

Numa análise geral, os fatores que influenciam a perda de resistência à tração com o aumento da taxa
de incorporação de NA por RA mantém-se marginalmente os mesmos em relação à resistência à
compressão. Logo, a resistência à tração dos RAC tende a diminuir com o aumento da taxa de
substituição de NA por RA. No entanto, com a incorporação de certos RA grossos verifica-se um

13
aumento da resistência à tração em consequência da maior rugosidade na zona de interação entre a
pasta de cimento envolvida no RA e pasta de cimento do RAC.

A relação entre as resistências à tração e à compressão dos RAC permanece inalterada em relação
aos betões correntes. Logo, é possível estimar a resistência à tração dos RAC através da sua
resistência à compressão tal como para os betões de referência, segundo o Eurocódigo 2 (2010). A
linearidade dos resultados é visível na Figura 2.4 (Silva, 2015).

Figura 2.4 - Relação entre fctm e fck do RAC a diferentes taxas de substituição de NA por RA, adaptado de Silva
(2015).

2.3.2.2. Módulo de elasticidade

A incorporação de RA também tem um efeito negativo no módulo de elasticidade dos RAC. No entanto,
o declive da perda do módulo de elasticidade com o aumento da taxa de substituição de NA por RA
acentua-se consoante os fatores enunciados anteriormente.

A relação entre o módulo de elasticidade e a resistência à compressão dos RAC assemelha-se à dos
betões correntes. Por sua vez, é possível prever o módulo de elasticidade pela relação com a
resistência à compressão, segundo a curva proposta pelo Eurocódigo 2 (2010). Contudo, a norma
preconiza diferentes curvas para diferentes tipos de agregados e os módulos de elasticidade dos RAC
podem dispersar entre as duas curvas limite propostas consoante os fatores que adulteram os RA, tal
como se observa na Figura 2.5 (Silva, 2015).

14
Figura 2.5 - Relação entre Ecm e fcm dos RAC obtidos na literatura revista por Silva (2015) e do EC2.

15
16
3. Estado da arte da aderência entre os varões de aço e o
betão

Considerações iniciais
Os resultados da revisão bibliográfica sobre a aderência entre os varões de aço e o betão, com enfoque
nas condições de ensaio desta dissertação, apresentam-se no decorrer deste capítulo. Os estudos
sobre a aderência têm vindo a ser desenvolvidos por inúmeros investigadores, no entanto, as práticas
laboratoriais nem sempre são as mais corretas conduzindo à disparidade de resultados das tensões de
aderência e dos deslizamentos. Como tal, os estudos apresentados neste capítulo foram sujeitos a
uma triagem que identificasse esta problemática e os excluísse desta análise. Para além deste
obstáculo, os diferentes modos de rotura da aderência proporcionaram, em alguns estudos, conclusões
precipitadas e incorretas, sendo que a triagem e posterior exclusão também envolveu estes casos.

Salienta-se ainda que este capítulo serviu de base à melhor compreensão do fenómeno da aderência
suportando as conclusões retiradas no capítulo 5.

Conceito
A aderência entre os varões de aço e o betão é a protagonista no mecanismo que garante a transmissão
de forças e a compatibilidade de deslocamentos entre os dois elementos assegurando o devido
desempenho das estruturas de betão, quer nos estados limites de utilização, quer nos estados limites
últimos. Adicionalmente, é a aderência que certifica a transferência de forças do pré-esforço por pré-
tensão, sendo que o pré-esforço está fora do âmbito desta dissertação.

Nos estados limites de utilização, a abertura de fendas e a distância entre as mesmas são controladas
pela aderência. Assumindo que a armadura mínima está garantida, ou seja, a armadura não entra em
cedência com a formação da primeira fenda; aquando da formação da primeira fenda, as tensões
instaladas no varão de aço, em regime elástico, são transmitidas para as regiões adjacentes por efeito
de aderência entre os dois materiais, tal como se observa na Figura 3.1. À distância s, a uniformização
das tensões no betão é restabelecida permitindo a formação de uma nova fenda. Assim, a aderência
contribui para a minoração das deformações e de danos muito localizados.

Nos estados limites últimos, a aderência não só é a responsável pela devida amarração da extremidade
do varão ao betão e pela transmissão eficaz das forças em emendas por sobreposição, como influencia
a capacidade de rotação de rótulas plásticas, sendo esta de especial interesse no dimensionamento
de elementos de betão armado permitindo a redistribuição dos esforços elásticos e, por conseguinte,
melhorar as condições de ductilidade e facilitar a pormenorização de armaduras (FIB, 2011; Câmara et
al. 2016).

O fenómeno da aderência não é necessariamente apenas para garantir a segurança da estrutura, mas
também para controlar o comportamento estrutural fornecendo adequados níveis de ductilidade.
Enquanto a segurança se escora na aderência para melhorar as propriedades mecânicas num
determinado ponto de esforços máximos, a ductilidade necessita de aderência para suportar as

17
elevadas extensões dos varões de aço embebidos, por forma a permitir que, aquando do elemento de
betão armado sujeito à flexão, os varões se alonguem por entre as fendas e favoreçam a formação de
fendas secundárias.

Figura 3.1 - Esquema de formação de fendas (Câmara et al. 2016).

As estruturas de betão armado são analisadas e dimensionadas assumindo geralmente uma aderência
perfeita entre os materiais. Em regime monotónico (Figura 3.2), em estados de carregamento iniciais
(estado I da Figura 3.2), as tensões de aderência mobilizadas são reduzidas, sendo que é nesta fase
que surgem as primeiras fendas de corte. Estas têm início no topo das nervuras transversais,
aumentam consoante o incremento de esforço no varão de aço e são controladas pelo confinamento
do betão (até ao ponto B). Nesta fase, por simplificação, admite-se uma aderência perfeita, ou seja, a
absoluta compatibilidade de deformações entre o aço e o betão. Porém, esta hipótese só é válida em
carregamentos ou deslocamentos impostos diminutos (até ao ponto B), pois com o crescente aumento
do carregamento ou deslocamentos impostos (estado II), no caso dos varões nervurados, as nervuras
transversais esmagam o betão adjacente ocorrendo microrroturas no mesmo, em simultâneo à abertura
de fendas, que permitem o deslizamento do varão, incompatibilizando os deslocamentos aço-betão. O
contínuo aumento do carregamento intensifica a pressão das nervuras sobre o betão adjacente (estado
III), sendo que o confinamento, devido ao recobrimento e/ou por cintagem, é o parâmetro que controla
se a rotura se dá por fendimento abrupto, por arrancamento induzido por fendimento (splitting) ou por
arrancamento (pull-out), respetivamente por ordem crescente de confinamento (estados IVb e IVc).
Aquando da tensão máxima (ponto D), as fendas de corte atingem o seu maior comprimento, sem
intersectar a face do betão e o betão adjacente entre nervuras encontra-se esmagado. A partir daqui,
já ocorreu a rotura da ligação e as tensões de aderência decrescem até que o deslizamento seja igual
ao afastamento entre nervuras, no qual a ligação aço-betão funciona apenas por atrito lateral entre
ambos.

A rigidez do ramo ascendente da relação tensão de aderência-deslizamento é determinante para a


ocorrência de fendilhação sem haver deslizamento do varão de aço. Ou seja, uma relação tensão de
aderência-deslizamento com um declive abrupto do ramo ascendente, apresenta menores
deslizamentos entre o varão e o betão, e vice-versa (Figura 3.3). Por outro lado, a rigidez do ramo
descendente da relação tensão de aderência-deslizamento é preponderante na manutenção da
comunhão entre o aço e o betão após estados limites últimos. Quando, a relação tensão de aderência-
-deslizamento apresenta um declive suave do ramo descendente, existem maiores deslizamentos entre
os materiais, sem comprometer tanto a aderência entre eles, e vice-versa (Figura 3.3).

Na caracterização da relação local entre a tensão de aderência e o deslizamento é fundamental que se


considere um comprimento aderente reduzido de tal modo que se minimize o crescente aumento de
tensões de aderência ao longo do varão embebido. Por conseguinte, para que se considere uma
distribuição uniforme de tensões de aderência, o comprimento aderente curto deve ser, no máximo, de
18
5 a 6 vezes o diâmetro do varão. Garantindo a distribuição uniforme das tensões no comprimento
aderente curto, os resultados experimentais possibilitam a modelação numérica de elementos de betão
armado e o paralelismo entre as tensões de aderência desenvolvidas nos ensaios e as desenvolvidas
em comprimentos de amarração, que tendem a ser superiores (Cairns & Plizzari, 2003; Louro, 2014).

Figura 3.2 – Relação das tensões de aderência-deslizamento, adaptado de FIB (2000).

Figura 3.3 – Comparação entre declives dos ramos ascendentes e descendentes das relações tensão de
aderência-deslizamento.

O Eurocódigo 2 (2010) e Model Code 2010 (FIB, 2011) quantificam o valor de cálculo da tensão de
rotura de aderência, fbd, e relacionam-se com parâmetros associados às características dos varões de
aço, à resistência do betão e às condições de betonagem. Através deste valor, é possível obter
comprimentos de amarração e de emendas por sobreposição. No entanto, o valor preconizado no
Model Code 2010 é o que engloba os estudos mais recentes sobre a aderência. Este é obtido através
da expressão,
𝑓𝑏𝑑 = (𝛼2 + 𝛼3 ) ∙ 𝑓𝑏,0 + 2 ∙ 𝑝𝑡𝑟 < 2,0 ∙ 𝑓𝑏,0 + 0,4 ∙ 𝑝𝑡𝑟 < 𝜏𝑑,𝑚á𝑥,𝑐𝑘 (3.1)
com,
𝑓
𝜂1 ∙ 𝜂2 ∙ 𝜂2 ∙ 𝜂3 ∙ √ 𝑐𝑘⁄25 (3.2)
𝑓𝑏,0 =
𝛾𝑐𝑏
e

19
1,5 ∙ √𝑓𝑐𝑘
𝜏𝑑,𝑚á𝑥,𝑐𝑘 = (3.3)
𝛾𝑐𝑏
onde, 𝛼2 e 𝛼3 representam, respetivamente, a influência do confinamento passivo por recobrimento e
por armadura de esforço transverso em excesso relativamente aos seus valores mínimos; fb,0 é o valor
básico da tensão de aderência; ptr é a tensão média de compressão perpendicular à potencial superfície
de rotura por fendimento (splitting na denominação anglo-saxónica) nos estados limites últimos; τd,máx,ck
é a tensão característica de rotura/máxima da aderência; 𝜂1 , 𝜂2 , 𝜂3 e 𝜂4 estão associados às
características do perfil do varão de aço, às condições de aderência, ao diâmetro do varão e à
resistência à tração do varão, respetivamente; fck é a resistência característica à compressão do betão;
e γcb é o fator parcial de segurança para a aderência.

Contudo, ambos os documentos não clarificam a relação entre o valor de cálculo da tensão de rotura
da aderência, fbd, e o valor médio da tensão de rotura da aderência obtido experimentalmente, τd,máx.

Condicionantes da aderência

3.3.1. Velocidade de aplicação da ação

A velocidade de aplicação de uma ação é preponderante no desenvolvimento das tensões de


aderência. Com o incremento da velocidade, o valor das tensões de aderência aumenta, portanto, é
conveniente, aquando dos ensaios de caracterização da aderência, que a velocidade da ação não seja
excessiva para se obter valores conservativos (Louro, 2014).

Eligehausen (1983) refere a velocidade de 0,03 mm/s como valor de referência para ensaios de
caracterização da aderência, ao que Lowes (1999) confirma como um valor conservativo e
representativo da realidade, indicando o exemplo de um conjunto de armaduras numa ponte que sujeita
à ação sísmica apresenta um deslizamento inferior, a rondar os 0,08 mm/s. Segundo a autora, esta
diferença de deslizamentos acresce à tensão de aderência um valor desprezável de cerca de 5% em
relação ao deslocamento imposto de 0,03 mm/s.

3.3.2. Diâmetro do varão de aço

A influência negativa do aumento do diâmetro dos varões de aço nas tensões de aderência é
unanimemente aceite pela comunidade científica e está presente no valor de cálculo das tensões de
aderência, fbd, preconizada pelo Eurocódigo 2 (2010) e pelo Model Code 2010, sendo que, para o
segundo, através do parâmetro 𝜂3 na expressão 3.2. Estes documentos aproveitam-se inclusivamente
da redução das tensões de aderência para desenvolverem as expressões para toda a gama de
diâmetros em torno de resultados experimentais de provetes com diâmetros elevados e, por
conseguinte, obterem expressões conservativas (FIB, 2000; Cairns, 2015).

Mais propriamente, Eligehausen (1983) aponta para uma variação negativa de 10% das tensões de
aderência entre os varões de diâmetros de 19 e 25 mm e o estudo de Lowes (1999) aponta para uma
variação de tensões de aderência de 10% a 20%, nos varões de diâmetros idênticos aos
comercializados no mercado português.

20
Contudo, os estudos de Metelli & Plizzari (2007) e de Louro (2014) apontam para uma dependência
conjunta do diâmetro e das nervuras transversais na aderência. Metelli & Plizzari (2007) constatam a
diminuição de 12% das tensões de aderência dos provetes de varão de 12 mm para os de 20 mm,
aquando das áreas relativas das nervuras transversais são de 0,040; enquanto que, para áreas
relativas das nervuras transversais de 0,100, as tensões de aderência diminuem 20% do diâmetro de
12 mm para o diâmetro de 20 mm. O estudo de Louro (2014) constata um decréscimo de 10% das
tensões de aderência nos provetes com varão de 25 mm, em relação aos de 16 mm, para uma área
relativa das nervuras transversais de cerca de 0,097.

3.3.3. Características do perfil nervurado do varão de aço

A influência positiva das características do perfil nervurado do varão de aço na aderência é reconhecida
por toda a comunidade científica. Tal como se apresentou através da Figura 3.2, para além do
acréscimo da capacidade resistente aderente, o mecanismo de mobilização de aderência também
difere dos varões lisos. As nervuras transversais introduzem uma parcela de aderência mecânica
causada pelo imbricamento entre as nervuras e o betão, isto é, as saliências do varão servem de peças
de apoio que introduzem uma reação de compressão no betão adjacente no sentido contrário ao
sentido da força de tração no varão, como se observa na Figura 3.3 (Louro, 2014).

Figura 3.4 – Reação de compressão no betão adjacente no sentido contrário ao sentido da força de tração no
varão, adaptado de Louro (2014).

Para garantir este mecanismo, o parâmetro que unanimemente afere o adequado desempenho do perfil
nervurado do varão de aço em relação à aderência é a área relativa das nervuras transversais, fR, dado
que existe uma tendência para o crescente aumento das tensões de aderência com o incremento da
fR, apontada pela antologia da aderência. Porém, o valor de fR é uma medida adimensional e, por
conseguinte, o controlo do fabrico das nervuras deve dar primazia à altura das nervuras, a, que segundo
Louro & Pipa (2010) é o parâmetro que maior influência na aderência. Proficuamente, os fabricantes
são unânimes na preferência do controlo da fR através da altura das nervuras (André & Pipa, 2010).

Louro (2014) aglomera os trabalhos experimentais de Darwin & Graham (1993), de Mayer (2001) e de
André & Pipa (2010) envolvendo tensões de aderência num espectro de diâmetros de 6 a 40 mm. Para
cada diâmetro, a autora divide os ensaios de caracterização da aderência em duas categorias, os que
incorporam varões com fR intermédias de cerca de 1,15 a 1,42 vezes superiores ao mínimo especificado
e os que incorporam varões com fR elevadas de aproximadamente 1,30 vezes superiores aos
anteriores. Desta análise, considerando todo o leque de diâmetros, a autora conclui que Darwin &
Graham (1993) registam um aumento das tensões de aderência, com os varões de fR intermédias, de
8 a 10%, relativamente ao mínimo; e um acréscimo das tensões de aderência, com os varões de fR
elevadas, de 5%, relativamente às de fR intermédias. Enquanto que, Mayer (2001) e André & Pipa
(2010) assinalam uma variação das tensões de aderência de 17% e 8%, respetivamente, dos varões

21
de fR intermédia para as dos varões de fR elevadas. Quanto aos ensaios de Louro (2014), a autora
aponta um aumento de 14% entre as duas categorias de fR em varões de 16 mm.

Sustentados numa campanha experimental de centenas de provetes de betão com resistência à


compressão de cilindros média de 25 MPa com varões de aço A400 NR SD e A500 NR SD de diversos
diâmetros e fR diferentes, cujo modo de rotura é por arrancamento, André & Pipa (2010) obtêm uma
relação tensão de aderência máxima-fR, com forte representatividade do mercado português,
observada na Figura 3.4 e que apresenta uma tendência linear crescente dada pela expressão,
𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = 62,66 ∙ 𝑓𝑅 + 11,572 (3.4)

Figura 3.5 – Relação tensão de aderência máxima-fR de André & Pipa (2010) [adaptado de (Louro, 2014)].

Deste modo, o visível acréscimo das tensões de aderência, devido ao aumento da área relativa das
nervuras transversais, tem efetivamente consequências positivas no comportamento estrutural do
betão armado. Nos estados limites de utilização, o carregamento sobre o elemento de betão armado
ainda é diminuto, como tal, a aderência é comandada pela o ramo ascendente da relação tensão de
aderência-deslizamento (Figura 3.2). Louro (2014) refere que, segundo a antologia de resultados
experimentais da literatura, a rigidez inicial do ramo ascendente é fortemente influenciada pela área
relativa das nervuras transversais, o que seria de esperar tendo em conta que, para uma determinada
força de tração, um varão com área relativa das nervuras transversais superior distribui a mesma força
por uma maior área de betão entre as nervuras, reduzindo o potencial deslizamento relativo entre os
dois materiais e permitindo um maior controlo na abertura de fendas.

Os resultados das investigações numéricas sobre o efeito da fR nas aberturas das fendas em vigas e
lajes armadas numa direção com varões de 12 mm de diâmetro, quando sujeitos a ações de curto prazo
e carregamento contínuo, indicam, por um lado, que com a utilização de varões com fR inferior aos
mínimos regulamentares, a abertura de fendas aumenta cerca de 25 a 40% em relação a elementos
armados com varões de fR igual ao mínimo preconizado no Eurocódigo 2 (fR=0,040). Por outro lado, o
acréscimo de fR de 0,040 para 0,100 conduz a abertura de fendas aproximadamente 45% inferiores.
Assim, o controlo da área relativa das nervuras transversais é essencial, tendo em consideração que a
sua redução excessiva por defeito de fabrico, em especial em varões de diâmetros elevados, potencia
uma maior abertura de fendas (Louro & Pipa, 2014).

22
Nos estados limites últimos, a elevada ação sobre o elemento de betão armado propicia a formação de
rótulas plásticas, uma vez que nesta etapa, a aderência é gerida pelo pico e ramo de descendente da
curva da tensão de aderência-deslizamento (Figura 3.2). Mayer (2001) através de modelos numéricos
verifica que a área relativa das nervuras transversais só influencia a capacidade de rotação da rótula
plástica se a percentagem de armadura do betão armado for reduzida. Neste caso e para aços de
ductilidade alta, uma variação de fR de 0,030 para 0,100 representa um aumento de 20% da capacidade
de rotação da rótula plástica. Porém, o autor desafia a investigação científica a continuar a aprofundar
estes estudos.

3.3.4. Compacidade do betão

Os betões ecológicos, nomeadamente os LBC, que têm por base a redução drástica da dosagem de
cimento, implicam a necessidade de adquirir resistência através de soluções alternativas e ecológicas.
O aumento da compacidade no betão apresenta-se como um meio para restabelecer a resistência à
compressão do betão. Porém, apesar de já estarem absolutamente estabelecidos os benefícios da
compacidade nas características mecânicas do betão, a influência do parâmetro na aderência varão
de aço-betão ainda é uma incógnita para a comunidade científica.

Perante o conceito da redução dos vazios no betão com o aumento da compacidade, é fisicamente
expectável que esta variação contribua para o aumento da aderência. O estudo de Freitas (2016)
corrobora a premissa ao comparar um betão de elevada compacidade com um de menor, sendo esta
melhoria de facto assinalável, uma vez que o betão de elevada compacidade apresenta menor
resistência à compressão e uma menor dosagem de cimento que o betão de menor compacidade. Por
conseguinte, o autor propõe uma relação entre a tensão máxima de aderência, τd,máx, e a compacidade
através da expressão,
𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = 2,5 ∙ √𝑓𝑐𝑚,𝑐𝑢𝑏𝑜,28 ∙ 𝑘𝑓𝑅 + 𝑘𝜎 (3.5)
com,
𝑘𝜎 = 100 ∙ (𝜎 − 0,81) para 𝜎 ≥ 0,81 (3.6)

onde, fcm,28 é a resistência média à compressão aos 28 dias; o kfR é o coeficiente referente à influência

da área relativa das nervuras transversais; e o kσ é o parâmetro que concerne à compacidade.

Contudo, devido à diminuta quantidade amostral de Freitas (2016) para avaliar a variável, permanece
a incógnita de qual a influência da compacidade na aderência e se essa dependência é abrupta ou não,
apesar de se ter confirmado ser possível atingir tensões de aderência “absolutas” superiores às de
referência.

3.3.5. Agregados reciclados

A influência negativa da elevada incorporação de agregados reciclados na resistência à compressão


do betão é unânime na comunidade científica e está identificada no estado da arte dos RAC desta
dissertação. Porém, a contribuição dos RA na aderência varão de aço-RAC suscita alguma incoerência
nos resultados. As conclusões dos estudos apresentados na tabela 3.1 evidenciam essa disparidade.

23
Primeiramente, na Tabela 3.1 apresentam-se as características base dos diferentes estudos da
aderência.
Tabela 3.1 – Características base dos estudos da influência dos RA na aderência.
Agregados reciclados Ensaio
Massa volúmica Absorção de Taxa de substituição de NCA
Estudo
seca água por RCA (*) Tipo Modo de rotura
[kg/m3] [%] [%]
Bai, et al. (2008) 2485 5,2 {0; 30; 50; 70; 100} POT Arrancamento
2370 4,0 {0; 100} Beam-end
Butler, et al. (2011)
2310 5,7 {0; 100} Beam-end
2490 3,0 {0; 30; 60; 100} POT Arrancamento
Kim & Yun (2012)
2480 3,0 {0; 30; 60; 100} POT Arrancamento
Guerra (2013) 2230 6,6 {0; 20; 50; 100} POT Fendimento
Xiao (2018) 2520 9,5 {0; 50; 100} POT Arrancamento
0/4 2070 9,9 Diversas % de substituição a
Chiriatti, et al. (2018) 4/10 2320 5,9 incidir em RA grossos e finos POT Arrancamento
10/20 2340 5,4 com granulometrias extensas
(*) NCA é o acrónimo de agregados grossos naturais, e RCA é o acrónimo de agregados grossos reciclados.

Aquando da utilização de varões lisos, Bai et al. (2008) assinalam um decréscimo de 6 e 12% consoante
as taxas de substituição de NCA por RCA são de 50 e 100%, respetivamente. Enquanto que, Xiao
(2018) afirma que a influência dos RCA na aderência é desprezável.

Aquando da utilização de varões de aço nervurados, Kim & Yun (2012) e Xiao (2018) apontam para
uma influência insignificante da introdução dos RCA no betão, para qualquer taxa de substituição de
NCA por RCA, no estudo da aderência. Guerra (2013), para uma taxa de substituição de 20% de NCA
por RCA, e Chiriatti et al. (2018), para qualquer taxa de substituição de grossos, vão mais longe e
registam um ligeiro aumento das tensões de aderência. Nomeadamente, no caso de Guerra (2013),
regista-se um aumento de 7% em relação ao betão de referência.

Por outro lado, ainda com recurso aos varões de aço nervurados, Bai et al. (2008) assinalam uma
diminuição de 5 a 25% das tensões de aderência dependendo da taxa de substituição de grossos de
30 a 100% e Guerra (2013) regista uma diminuição de 5 e 12% com taxas de substituição de grossos
de 50 e 100%, respetivamente. Adicionalmente, Butler et al. (2011) reforçam a tese do efeito negativo
dos RCA na aderência e denotam uma clarividência com a introdução de RCA com massas volúmicas
diminutas e absorções de água elevadas, isto é, com a substituição de NCA por RCA de qualidade
inferior, as tensões de aderência dos NCA acrescem 11 a 19% em relação aos RCA de fraca qualidade,
e, com a substituição de NCA por RCA de qualidade superior, as tensões de aderência dos NCA
acrescem 12 a 21%.

Para além da avaliação direta do efeito dos RA na aderência, as investigações de Kim & Yun (2012) e
Butler et al. (2011) avaliam a influência do tamanho e da forma dos RA. Quanto à forma, Kim & Yun
(2012) conclui que, ao serem incorporados RCA de menor dimensão, que substituem parcialmente os
RCA rolados, as tensões de aderência aumentam ligeiramente. Quanto ao tamanho, Butler et al. (2011)
conclui que a incidência de substituição nos agregados finos conduz a menores tensões de aderência.

24
4. Campanha experimental

Introdução
O presente capítulo escrutina a campanha experimental desde a definição concreta das composições
das misturas aos ensaios realizados, cada opção tomada é cuidadosamente descrita e as motivações
explicadas. A campanha experimental foi, cronologicamente, dividida em quatro etapas de trabalho:

i. Formulação das composições dos LBC e dos LCRAC;


ii. Aquisição e preparação dos materiais;
iii. Montagem, preparação e produção de todos os provetes;
iv. Ensaios de caracterização dos betões, dos varões de aço e da aderência entre ambos.

As duas primeiras etapas decorreram no Laboratório de Materiais de Construção e no Laboratório de


Estruturas do Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra e as
outras duas e últimas etapas realizaram-se no Laboratório do Núcleo de Comportamento de Estruturas
do Departamento de Estruturas e no Laboratório do Núcleo de Betões, Pedras e Cerâmicos do
Departamento de Materiais, ambos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

Objetivos
Os ensaios da campanha experimental visaram avaliar os dois principais objetivos desta dissertação,
a influência da compacidade e a influência da substituição de NA por RA na aderência de varões de
aço aos LBC e aos LCRAC, respetivamente. Após a análise do estado da arte, introduziu-se a terceira
variável em estudo, a influência da curva de otimização granulométrica na aderência entre os varões
de aço e os LBC.

No entanto, todos betões têm um objetivo comum: a redução do impacto ambiental na produção do
betão estrutural através de soluções sustentáveis.

Metodologia das composições dos betões

4.3.1. Seleção e caracterização dos constituintes

4.3.1.1. Ligantes

A seleção do cimento é o primeiro fator preponderante no desenvolvimento de betões com reduzida


dosagem de cimento. O impacto ambiental do cimento deve ser minimizado, enquanto que a resistência
mecânica do betão deve ser maximizada. O cimento Portland CEM I 52,5R contém uma percentagem
de clínquer de 95 a 100%, a principal fonte poluente do cimento. A sua extraordinária performance
torna-o suscetível à diminuição da dosagem quando incorporado no betão. Assim, o cimento Portland
CEM I 52,5R atinge o estatuto de candidato apropriado ao objetivo desta dissertação (Proske, et al.,
2014).

A drástica redução de cimento é compensada pelas adições que, em conjunto com o cimento, formam
a pasta ligante. Para além de substituírem o cimento, as adições, filer calcário e cinzas volantes,

25
melhoram a trabalhabilidade e diminuem os vazios entre partículas devido à sua forma esférica e ao
seu módulo de finura inferior ao do cimento, respetivamente. O comportamento pozolânico das cinzas
volantes também promove um aumento da resistência a longo prazo do betão, apesar de nas primeiras
idades ser inferior (Costa & Appleton, 2002; Gomes, et al., 2013).

Deste modo, os constituintes selecionados integrantes do ligante dos LBC e dos LCRAC foram o
cimento Portland CEM I 52,R de origem Secil-Maceira, as cinzas volantes provenientes da Secil-Sines
e o filer calcário. Estes três materiais foram disponibilizados pelo Departamento de Engenharia Civil do
Instituto Superior de Coimbra. As massas volúmicas dos constituintes do ligante estão apresentadas
na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Massas volúmicas do ligante.

Ligante CEM I 52,5R Filer calcário Cinzas volantes

Massa Volúmica [kg/m3] 3,15 2,70 2,30

4.3.1.2. Agregados

Os betões com reduzida dosagem de cimento são tendencialmente menos resistentes que os betões
correntes. Para não comprometer drasticamente a resistência, a necessidade de atingir elevadas
compacidades é preponderante. Uma elevada compacidade é fundamentalmente conseguida através
de uma distribuição granulométrica contínua, pois os agregados de menor dimensão preenchem os
vazios entre os de maior dimensão.

Com a aproximação das partículas, o atrito entre as mesmas é superior em relação a uma mistura de
menor compacidade. Uma maior força de atrito promove uma maior energia de vibração e menor
trabalhabilidade. Por conseguinte, a mistura deve incluir partículas roladas que garantam igualmente
uma elevada compacidade e facilitem a mobilidade entre elas.

Nesta dissertação, a premissa da sustentabilidade é também protagonizada pelos agregados, na


medida em que se promove a substituição dos NA por RA que provêm de RCD. Estes agregados têm
uma tremenda variabilidade nas suas características físicas, sendo boa prática classificá-los. A massa
volúmica e a absorção de água são um indicativo da sua qualidade.

Tendo em conta o referido anteriormente, o Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior de


Coimbra forneceu 4 tipos de NA, uma areia siltosa fina 0/1 mm, uma areia média 0/4 mm, um areão 4/8
mm e uma brita calcária 6/14 mm, e 2 tipos de RCD, fornecidos pela empresa Resíduos de Construção
e Demolição, S.A. da Figueira da Foz, um com uma fração granulométrica de 0/30 mm e outro de 10/30
mm (Figura 4.1).

A fração de 0/30 mm foi peneirada originando duas frações distintas: uma de 1/20 mm e outra de 4/20
mm, e a fração de 10/30 mm foi peneirada para se obter a fração de 10/20 mm. A título de exemplo,
refere-se a percentagem dos resíduos constituintes do RCD 1/20 mm (Figura 4.2): i) 42,8% de resíduos
de betão e argamassa; ii) 19,4% de elementos cerâmicos; iii) 17,0% de pedras naturais; iv) 1,7% de
aglomerados argilosos; v) 0,3% de resíduos de madeira; e vi) 18,8% de materiais diversos (vidro,

26
metais, polímeros, entre outros). As distribuições granulométricas individuais de todos os agregados
utilizados estão apresentadas na Figura 4.3.

Figura 4.1 – RCD com uma granulometria de 0/30 mm (esquerda) e de 10/30 mm (direita) (Robalo et al. 2018).

Figura 4.2 – Resíduos constituintes do RCD 10/20 mm (por ordem crescente de leitura, de i) a vi)).

100 100
Areia fina 0/1 RCD 1/20
90 90
Percentagem acumulada de
Percentagem acumulada de

Areia média 0/4 RCD 4/20


80
Areão 4/8 80
RCD 10/20
70 Brita 4/16 70
passados [%]
passados [%]

60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
0,01 0,1 1 10 0,01 0,1 1 10
Dimensão da malha do peneiro [mm] Dimensão da malha do peneiro [mm]
Figura 4.3 – Curva granulométrica dos NA (à esquerda) e dos RA (à direita).

Quanto à forma, a areia fina e média e o areão são rolados enquanto que, a brita e as diferentes frações
de RCD têm uma superfície angular devido à britagem mecânica a que foram sujeitos na produção.

A massa volúmica e a absorção de água estão indicadas na Tabela 4.2. A Tabela 4.2 também
contempla a classificação da qualidade do agregado, proposta por Silva (2015), e que está apresentada
na Figura 2.1. Esta está disposta por ordem decrescente em classes e subclasses de A a D e de I a III,
respetivamente. Ou seja, um agregado de classe A-I é um agregado de matriz muito densa e compacta

27
e de elevada resistência, enquanto que, um agregado de classe D-III apresenta uma elevada
porosidade e uma reduzida resistência mecânica.

Tabela 4.2 – Caraterísticas dos agregados.

Massa volúmica Absorção de água Classificação pela


Agregado
[kg/m3] [%] Figura 2.1 (Silva, 2015)
Areia siliciosa fina 0/1 mm 2630 ≈0 A-I
Areia média 0/4 mm 2630 ≈0 A-I
Areão 4/8 mm 2630 ≈0 A-I
Brita calcária 6/14 mm 2660 ≈0 A-I
RCD 1/20 mm 2350 5 B-I
RCD 4/20 mm 2350 5 B-I
RCD 10/20 mm 2220 5 B-II

4.3.2. Compacidade

Para que seja possível propor uma utilização mais generalizada dos LBC é necessário estudar a
influência da compacidade na aderência entre varões de aço nervurados e estes betões. Assim, a
compacidade dos LBC foi previamente definida na formulação das misturas com vista à obtenção de 3
tipos de LBC com diferentes compacidades. Como Freitas (2016) propõe um estudo com variações de
compacidade entre 0,81 e 0,86, formularam-se três variedades de LBC com compacidades de 0,82,
0,84 e 0,86, que seguidamente se designam por: LBC_0,82, LBC_0,84 e LBC_0,86.

Com a introdução dos RA gera as tipologias LCRAC, pretende-se estudar a influência dos RA na
aderência entre varões de aço nervurados e estes betões. A compacidade deixa de ser a variável em
causa, no entanto, a introdução dos RA e a reduzida dosagem de ligante debilitam a resistência do
betão induzindo a necessidade de obter misturas com compacidades elevadas. Assim, optou-se por
uma compacidade de 0,84 em todos os LCRAC.

4.3.3. Quantificação dos ligantes

Os estudos de caracterização dos LBC de Alves (2015) e de Freitas (2016) serviram de referência à
quantificação do ligante nos LBC. Ambos indicam uma dosagem de ligante de 250 kg/m 3, repartida por
cimento e adições, como sendo a que cumpre o objetivo primordial destes betões, ou seja, a diminuição
do impacto ambiental da produção de cimento, sem hipotecar a resistência mecânica. Este valor é
inferior a 260 kg/m3, valor que a NP EN 206-1 (2017) estabelece como a dosagem mínima de cimento
no betão estrutural. De notar que a norma preconiza uma dosagem mínima de cimento e não de ligante.

Deste modo, todos os LBC foram formulados com uma dosagem de ligante de 250 kg/m 3, nos quais
125 kg/m3 são cimento CEM I 52,5 R e os outros 125 kg/m3 são adições do tipo II, as cinzas volantes.

Com a introdução de uma segunda componente sustentável, os RA, a inevitabilidade da diminuição da


resistência conduziu à necessidade de aumentar a quantidade de ligante, tal como Robalo, et al. (2018)
observou. O seu estudo de caracterização dos LCRAC referenciou a dosagem de ligante em 350 kg/m 3,
nos quais 175 kg/m 3 são cimento, valores estes ainda inferiores aos mínimos regulamentares de 260
kg/m3.

28
Posto isto, as tipologias LCRAC foram formuladas com uma dosagem de ligante de 350 kg/m 3, dividida
entre 175 kg/m3 de cimento, 100 kg/m3 de filler calcário e 75 kg/m 3 de cinzas volantes.

4.3.4. Quantificação dos agregados

A otimização da curva granulométrica dos agregados permite atingir uma compacidade superior à de
um betão corrente. A curva de referência de Alfred (Funk et al. 1980) e a curva de Faury (Lourenço et
al. 2004) corrigida servem esse propósito.

A curva de referência de Alfred é dada pela expressão,


𝑞
𝑑 𝑞 − 𝑑𝑚𝑖𝑛
𝑝′(𝑑) = 𝑞 𝑞 × 100 (4.1)
𝑑𝑚𝑎𝑥 − 𝑑𝑚𝑖𝑛
em que,
p’(d) é a percentagem de agregados passados no peneiro de malha d;
dmin representa a dimensão mínima do agregado mais fino, em mm;
dmáx representa a dimensão máxima do agregado mais grosso, em mm;
q é o coeficiente de distribuição (Funk et al. 1980).

Através de modelos numéricos, Funk et al. (1980) concluem que, para atingir uma elevada
compacidade, o coeficiente de distribuição q adequado é de 0,37. Por sua vez, muitos autores referem-
se à curva de referência de Alfred com um coeficiente de 0,37 como a curva de referência de Funk e
Dinger. Esta nomenclatura também foi adotada nesta dissertação.

A curva de referência de Faury corrigida é obtida por,


100
𝑝′ (𝑑) = [𝑝(𝑑) − 𝑝𝑙𝑖𝑔𝑎𝑛𝑡𝑒 ] ∙ (4.2)
(100 − 𝑝𝑙𝑖𝑔𝑎𝑛𝑡𝑒 )
na qual,
5 5
(𝐴𝐹 + 17 5√𝑑𝑚á𝑥 + 4𝐵𝐹 ) ( √0,0065 − √𝑑 ) 𝑑𝑚á𝑥
𝑝(𝑑) = , 𝑠𝑒 𝑑 ≤
5 𝑑 5 2
√0,0065 − √ 𝑚á𝑥 (4.3)
2
5 5 5 5 5 𝑑
(𝐴𝐹 + 17 √𝑑𝑚á𝑥 + 4𝐵𝐹 )( √𝑑𝑚á𝑥 − √𝑑 ) + 100 ( √𝑑 − √ 𝑚á𝑥 )
2 𝑑𝑚á𝑥 (4.4)
𝑝(𝑑) = , 𝑠𝑒 𝑑 ≥
5 𝑑 5 2
{ √𝑑𝑚á𝑥 − √ 𝑚á𝑥
2
e
𝑉𝑙𝑖𝑔𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑉 (4.5)
𝑝𝑙𝑖𝑔𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∙ 100
𝜎
onde,
p’(d) é a percentagem de agregados passados no peneiro de malha d;
p(d) é a percentagem de agregados e ligante passados no peneiro de malha d;
pligante é a percentagem de ligante;
AF e BF são coeficientes que dependem da natureza dos agregados e do comportamento do
betão em estado fresco. Segundo Alves (2015) e Freitas (2016), AF e BF rondam, respetivamente, os
valores de 26 e 1,5 para os LBC;
Vligante e Vtotal são o volume de ligante e total da mistura, respetivamente;
σ é a compacidade da mistura (Lourenço et al. 2004).

29
Os LBC de Alves (2015) e de Freitas (2016) com a granulometria dos agregados otimizada pela curva
de Funk e Dinger apresentam uma fraca coesão e trabalhabilidade tipo terra húmida dificultando a sua
aplicação em obra. Esta dissertação melhorou ligeiramente esta deficiência na utilização corrente dos
LBC, modificando o coeficiente de distribuição da curva de referência. Alterou-se o q de 0,37 para 0,45
por forma a aumentar equilibradamente a quantidade de brita calcária 6/14 e areão 4/8 tendo em vista
os objetivos de aumentar a coesão e melhorar a trabalhabilidade, respetivamente. De realçar que se
refere à curva de Alfred aquando da utilização de um coeficiente de distribuição de 0,45 e à curva de
Funk e Dinger aquando da utilização de um q de 0,37.

A título comparativo, a Figura 4.4 mostra as curvas granulométricas dos agregados recorrendo às duas
curvas de referência de Faury corrigida e de Alfred.
100
Percentagem acumulada de

90 Curva de Alfred
80 Curva de Faury corrigida

70
passados [%]

60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10
Dimensão da malha do peneiro [mm]
Figura 4.4 – Comparação entre as curvas de referência de Alfred e de Faury corrigida.

Conclui-se que a curva de Faury corrigida utiliza maior quantidade de agregados grossos do que a
curva de Alfred. A maior incidência de agregados grossos tende a aumentar o vazio entre agregados
que terá de ser compensado com uma maior quantidade de finos. Se os agregados finos/médios não
forem suficientes para preencher os vazios, é necessário aumentar a quantidade de ligante. Este facto
contraria a premissa fulcral de sustentabilidade destes betões.

Por outro lado, o trabalho de Alves (2015) conclui que a curva granulométrica de Faury corrigida
proporciona um ligeiro aumento da fluidez, uma maior coesão e uma maior resistência mecânica aos
LBC, apesar do módulo de elasticidade reduzir, sem comprometer a quantidade de ligante, de água ou
de superplastificante.

Tendo toda esta análise em consideração, os LBC utilizados no estudo da influência da compacidade
na aderência recorreram principalmente à curva de Alfred pela conveniência na comparação com
resultados experimentais de Freitas (2016). Ou seja, os LBC que variam a compacidade neste estudo
foram formulados com a curva de referência de Alfred (LBC_compacidade_Alfred). Por outro lado, por
forma a avaliar a influência das duas curvas de referência na tensão de aderência, produziu-se um
quarto lote de LBC com compacidade de 0,86 formulado com a curva de referência de Faury corrigida
(LBC_0,86_Faury) acrescentando uma outra variável à dissertação.

30
Com objetivo de avaliar a influência dos RA na aderência entre o varão de aço e o LCRAC, definiram-
se três lotes de LCRAC: LCRAC_30, LCRAC_55 e LCRAC_80 com taxas de substituição de NA por
RA de 30 %, de 55 % e de 80 %, respetivamente.

À semelhança de Robalo, et al. (2018), a granulometria dos agregados dos LCRAC foi otimizada
através da curva de referência de Faury corrigida, pois é vantajosa a incidência de agregados grossos
na mistura, ao invés de agregados finos. A bibliografia aponta para piores resistências mecânicas
aquando da incorporação de agregados finos reciclados, devido à sua forma lamelar e elevada
superfície específica.

Definidas as curvas de referência, recorreu-se ao método dos mínimos quadrados para aproximar a
curva granulométrica de todos os agregados de cada mistura às curvas de referência, tendo em
consideração a limitação das granulometrias individuas dos agregados disponíveis.

4.3.5. Composições

Face ao enunciado anteriormente, as composições estudadas de LBC e de LCRAC estão apresentadas


na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Composições estudadas das misturas dos LBC e dos LCRAC.
LBC_0,86_ LBC_0,84_ LBC_0,82_ LBC_0,86_
Materiais LCRAC_30 LCRAC_55 LCRAC_80
Alfred Alfred Alfred Faury
CEM I 52,5R [kg/m3] 125,0 125,0 125,0 125,0 175,0 175,0 175,0
Filer calcário [kg/m3] 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 100,0 100,0
Cinzas volantes [kg/m3] 125,0 125,0 125,0 125,0 75,0 75,0 75,0
MasterGlenium
[kg/m3] 2,8 1,5 0,3 2,8 2,1 2,9 2,6
SKY 526
Areia fina 0/1 [kg/m3] 20,9 20,3 19,8 271,7 161,0 169,0 376,0
Areia média 0/4 [kg/m3] 1049,6 1022,2 994,8 722,4 645,0 675,0 0,0
Areão 4/8 [kg/m3] 276,1 268,9 261,7 79,3 188,0 0,0 0,0
Brita 6/14 [kg/m3] 675,5 657,9 640,3 951,9 325,7 0,0 0,0
RCD 1/20 [kg/m3] 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1343,5
RCD 4/20 [kg/m3] 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 926,0 0,0
RCD 10/20 [kg/m3] 0,0 0,0 0,0 0,0 476,0 0,0 0,0
Água de absorção [kg/m3] 0,0 0,0 0,0 0,0 24,0 46,0 67,0
Água de efetiva [kg/m3] 117,4 138,6 159,8 117,4 138,0 137,0 138,0
Água/cimento 0,94 1,11 1,28 0,94 0,79 0,78 0,79
Água/ligante 0,47 0,55 0,64 0,47 0,39 0,39 0,39
Compacidade 0,86 0,84 0,82 0,86 0,84 0,84 0,84
% substituição de
[%] - - - - 30 55 80
NA por RA

31
Caracterização dos betões

4.4.1. Provetes de betão

4.4.1.1. Fase exploratória

Os LBC formulados diferem dos LBC equivalentes (de dosagem de cimento de 125 kg/m3) de Alves
(2015) e de Freitas (2016). Neste estudo, substituiu-se o filer calcário por cinzas volantes, aumentou-
se ligeiramente a quantidade de superplastificante e, no caso dos provetes do tipo LBC_Alfred, alterou-
se o coeficiente de distribuição q de 0,37 para 0,45. Com as ligeiras alterações feitas, aferiu-se se as
misturas garantiam as condições previstas de compacidade, trabalhabilidade, energia de compactação
e resistência.

Procedeu-se à betonagem de quatro cubos de 150x150x150 mm, dois LBC_0,82_Alfred_Expl e dois


LBC_0,86_Alfred_Expl, os dois extremos das compacidades a avaliar. Ambos foram compactados com
o recurso a mesa vibratória e 24h após a betonagem foram desmoldados e colocados em condições
de cura até aos 28 dias. Contrariamente a todos os outros trabalhos experimentais da dissertação,
estes provetes foram preparados, betonados e ensaiados no Laboratório de Materiais de Construção
do Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.

4.4.1.2. Fase principal

Os estudos de Alves (2015), de Freitas (2016) e de Carvalho (2017) caracterizam os LBC no estado
fresco e endurecido e quanto à durabilidade, com composições semelhantes às estudadas nesta
dissertação. O mesmo se verifica com os LCRAC que estão caracterizados no estado fresco e
endurecido por Robalo, et al. (2018).

Uma vez caracterizados os LBC e os LCRAC, os provetes produzidos para a caracterização do betão
apenas visam a confirmação da qualidade da amassadura de betão e a necessidade de conhecer a
resistência à compressão do betão à data dos ensaios de arrancamento.

De notar que, com as curvas de evolução de resistência à compressão dos estudos de caracterização
dos LBC e dos LCRAC, é possível saber a resistência à compressão do betão à data dos ensaios de
arrancamento. No entanto, os resultados estão sujeitos a um erro associado à qualidade da
amassadura.

Todos os provetes de betão foram compactados com recurso a agulha vibratória, e 24h após a
betonagem foram colocados em condições de cura, a temperatura e humidade controlada (Anexo D).
A Tabela 4.4 sintetiza as características dos provetes.
Tabela 4.4 - Características dos provetes de betão.
Dimensão Idade de desmoldagem
Betão Ensaio Forma Quantidade
(mm) (dias)
Resistência à compressão Cubo 150 12 5
LBC Resistência à tração por
Cilindro
Φ150 8 5
compressão diametral h=300
LCRAC Resistência à compressão Cubo 150 9 4

32
4.4.2. Ensaios ao betão no estado fresco

4.4.2.1. Massa volúmica

A determinação da massa volúmica é especialmente relevante nos LBC desta dissertação, pois serve
de confirmação da principal variável, a compacidade. Se a massa volúmica medida num determinado
volume representativo estiver de acordo com a massa volúmica prevista, pode-se afirmar que os
provetes da mesma amassadura sujeitos às mesmas condições de vibração também terão uma massa
volúmica idêntica à prevista. Logo, os provetes terão a compacidade prevista.

A NP EN 12350-6 (2009) descreve a metodologia a aplicar no ensaio da determinação da massa


volúmica, recorrendo à expressão 4.6.
𝑚2 − 𝑚1
𝐷= (4.6)
𝑉
em que,
D é a massa volúmica do betão fresco [kg/m3];
m2 é a massa do recipiente completamente betonado [kg];
m1 é a massa do recipiente [kg];
V é o volume do recipiente [m3].

A massa volúmica teórica dos diferentes betões deste estudo apresenta-se na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Massa volúmica teórica dos betões.


LBC_0,86_ LBC_0,84_ LBC_0,82_ LBC_0,86_ LCRAC_ LCRAC_ LCRAC_
Alfred Alfred Alfred Faury 30 55 80
Massa volúmica
2392 2359 2327 2395 2310 2306 2277
[kg/m3]

4.4.3. Ensaios ao betão no estado endurecido

4.4.3.1. Resistência à compressão

O estudo da aderência entre os varões de aço e os LBC/LCRAC exige conhecer qual o valor da
resistência à compressão do betão à data do ensaio de arrancamento por forma a normalizá-la. Esta
premissa torna-se particularmente importante na avaliação da aderência isolando as variáveis em
estudo, que ao variarem entre diferentes lotes de provetes, também variam a resistência à compressão
do betão. Deste modo, os ensaios à compressão de um determinado lote de betões realizaram-se à
data dos ensaios de arrancamento dos seus homólogos. Os LBC_0,86_Alfred, os LBC_0,84_Alfred, os
LBC_0,82_Alfred e os LBC_0,86_Faury foram ensaiados aos 28, 29, 30 e 33 dias, respetivamente. Os
LCRAC_30, os LCRAC_55, os LCRAC_80 e os LCC foram ensaiados aos 28, 31, 32 e 33 dias.

Todos os ensaios de resistência à compressão do betão seguiram a metodologia prescrita pela NP EN


12390-3 (2011). No Anexo D encontra-se a ilustração o ensaio. A força de rotura obtida foi convertida
em força por área comprimida pela expressão,
𝐹
𝑓𝑐,𝑗 = (4.7)
𝐴𝑐
onde,
fc,j é a tensão de rotura à compressão do provete de betão à data do ensaio [MPa];

33
F é a força de rotura à compressão do provete de betão à data do ensaio [N];
Ac é a superfície de contacto com a prensa sujeita a compressão uniforme [mm2];

As resistências à compressão alvo aos 28 dias estão apresentadas na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Resistência à compressão alvo dos betões.


LBC_86_ LBC_84_ LBC_82_ LBC_86_ LCRAC_ LCRAC_ LCRAC_
Alfred Alfred Alfred Faury 30 55 80
Resistência à compressão
32,5 27,5 23,5 32,5 38,0 33,0 27,0
alvo [MPa]

4.4.3.2. Resistência à tração por compressão diametral

As ligeiras alterações nas formulações das misturas de LBC motivaram a realização de ensaios de
avaliação da resistência à tração do betão. No entanto, a quantificação do valor da resistência à tração
via ensaio toma um papel secundário, pois com as alterações efetuadas a terem um carácter
secundário, prevê-se que a relação entre a resistência à tração e a resistência à compressão se
mantenha idêntica ao verificado por Alves (2015), Freitas (2016) e Carvalho (2017).

Os ensaios de resistência à tração por compressão diametral dos provetes de LBC ocorreram nos
mesmos dias que os ensaios de resistência à compressão dos seus homólogos.

Nos LCRAC não houve qualquer ensaio desta natureza por opção do autor que não viu necessidade
de realizar este tipo de ensaios nestes betões, uma vez que a resistência à tração dos LCRAC está
devidamente ensaiada e caracterizada no estudo de Robalo, et al. (2018).

A NP EN 12390-6 (2011) preconiza a metodologia adotada nos ensaios de tração por compressão
diametral do betão. No Anexo D encontra-se ilustrado o ensaio. Após leitura, a força de rotura é
convertida em tensão através da expressão,
2∙𝐹
𝑓𝑐𝑡,𝑗 = (4.8)
𝜋∙𝐿∙𝑑
em que,
fct,j é a tensão de rotura à tração do provete de betão à data do ensaio [MPa];
F é a força de rotura à tração por compressão diametral do provete de betão à data do ensaio
[N];
L é a altura do provete de betão [mm];
d é o diâmetro da secção transversal do provete de betão [mm].

Caracterização dos varões de aço

4.5.1. Generalidades

A classe, as características geométricas gerais e os tipos de ensaios realizados aos varões de aço
encontram-se indicados na Tabela 4.7.

34
Tabela 4.7 – Classe, diâmetro e tipo de ensaio realizado aos varões de aço.
Diâmetro Comprimento
Classe Quantidade Ensaios
[mm] [mm]
Medição das nervuras
650 35
Ensaio de arrancamento
A500 NR SD 12
750 3 Medição das nervuras
Ensaio de tração

4.5.2. Ensaios de medição das nervuras

O ensaio de medição das nervuras transversais foi realizado segundo a secção 10 da NP EN ISO
15630-1 (2012) e a Especificação LNEC E460 (2017), tendo sido utilizado um equipamento
semiautomática, em que apenas a determinação do perímetro sem nervuras transversais é controlada
pelo operador.

Independentemente do destino dos varões, todos foram submetidos ao ensaio de medição das
nervuras transversais. Nos varões destinados aos ensaios de arrancamento realizaram-se as medições
das nervuras na zona aderente de cada varão, com vista à diminuição do erro experimental da
influência das nervuras na aderência, enquanto que nos varões destinados aos ensaios de tração
realizaram-se as medições nas duas extremidades de cada varão e calculou-se a média aritmética
simples de cada parâmetro medido. Os resultados das medições foram posteriormente utilizados para
cálculo da área relativa das nervuras transversais através da fórmula da parábola (4.9), que segundo
(Louro, 2014), na presença de varões de aço A500 NR SD, fornece uma boa aproximação da mesma.
2 ∙ 𝑎1/2
𝑓𝑅 = ∙ (𝜋 ∙ Φ − ∑ 𝑓𝑖 ) (4.9)
3∙𝜋∙Φ∙𝑐
em que,
fR representa a área relativa das nervuras transversais;
a1/2 representa a altura máxima das nervuras transversais;
Φ representa o diâmetro nominal do varão;
c representa o afastamento entre nervuras transversais;
Σfi representa o perímetro sem nervuras transversais.

4.5.3. Ensaios de resistência à tração

É pretensão do autor estudar a aderência local, ou seja, obter uma relação entre a aderência e o
deslizamento do varão. De acordo com o estado da arte, o comprimento de aderência curto conduz a
esse fenómeno local que não induz esforços de tração suficientemente elevados para que o varão de
aço entre em cedência. Logo, é expectável que o ensaio de tração do varão de aço interprete um papel
secundário nos objetivos da dissertação servindo essencialmente de controlo de qualidade dos varões
utilizados.

Os ensaios de tração dos varões de aço realizaram-se em concordância com o preconizado na secção
5 da NP EN ISO 15630-1 (2012), na EN ISO 6892 (2016) e na Especificação LNEC E460 (2017).

35
Caracterização da aderência

4.6.1. Preparação, montagem e execução dos provetes de POT

A caracterização da aderência assentou em 35 provetes de betão com um varão parcialmente


embebido destinados aos ensaios de arrancamentos – provetes de POT. Ou seja, sendo 7 betões
diferentes com o betão de cada amassadura a betonar 5 provetes de POT. Sendo que foram definidos
5 provetes de POT, pois os ensaios de arrancamento tendem apresentar alguma disparidade de
resultados associados a erros/incertezas laboratoriais.

À semelhança do estudo desenvolvido por Freitas (2016), produziram-se os provetes de POT de


200x200x200 mm em moldes de 200x200x600 mm. As divisórias de contraplacado marítimo com uma
abertura circular central permitiram a divisão de um molde 200x200x600 mm em dois de 200x200x200
mm (Anexo D). A montagem dos moldes seguiu os seguintes passos:

i. Numeração dos varões de aço;


ii. Identificação do tipo de betão com sistema de cores nos respetivos varões futuramente
embebidos;
iii. Limagem das pontas dos varões;
iv. Marcação da zona aderente no varão de aço;
v. Colocação de fita adesiva no varão imediatamente antes e depois das delimitações da zona
aderente até preencher a abertura do contraplacado e até atingir o diâmetro interno do tubo
PVC, respetivamente, por forma a vedar a saída de betão durante a betonagem.
vi. Verificação do comprimento da zona aderente;
vii. Colocação de fita adesiva no interior do tubo até preencher a área interna do tubo para
centrar o varão;
viii. Colocação de óleo descofrante no interior do tubo PVC;
ix. Colocação do varão no interior do tubo PVC a envolver a zona não aderente;
x. Colocação de fita adesiva no termo do tubo PVC ligando o tubo ao varão de aço por forma
a impedir os deslocamentos entre tubo e varão durante a betonagem;
xi. Colocação de fita adesiva no exterior do tubo PVC imediatamente após o contraplacado no
exterior do molde impedindo o deslocamento do conjunto varão-PVC para o interior do
molde;
xii. Limpeza dos moldes e dos contraplacados com acetona;
xiii. Montagem dos moldes com os contraplacados;
xiv. Untura dos moldes com óleo descofrante;
xv. Inserção do conjunto varão-PVC nas aberturas circulares dos contraplacados do molde;
xvi. Fixação do conjunto varão-PVC ao molde com recurso a arame para impedir eventuais
descolamentos durante a betonagem;
xvii. Verificação da fixação do varão ao PVC e do conjunto varão-PVC ao molde;
xviii. Untura do exterior do tubo PVC com óleo descofrante;
xix. Verificação do comprimento aderente;

36
xx. Limpeza da zona aderente com acetona.

O Laboratório do Núcleo de Betões, Pedras e Cerâmicos do Departamento de Materiais do Laboratório


Nacional de Engenharia Civil disponibilizou a utilização de uma betoneira de 130 L que satisfez as
necessidades do estudo, pois o volume de betão, majorado de 10%, para betonar cada provete, com
ou sem varão, de um determinado tipo de betão é inferior à capacidade máxima da betoneira (Tabela
4.8). A majoração do volume de betão contempla os eventuais desperdícios.

Cada amassadura correspondeu a um tipo de betão diferente, ou seja, cada amassadura serviu para
betonar tanto os provetes de POT como os provetes de caracterização do betão.

Tabela 4.8 – Volumes de betão das diferentes amassaduras.


Volume LBC_86 LBC_84 LBC_82 LBC_86
LCRAC_30 LCRAC_55 LCRAC_80
(l) _Alfred _Alfred _Alfred _Faury
Ensaio à compressão 10,1 10,1 10,1 10,1 10,1 10,1 10,1
Ensaio à compressão diametral 10,6 10,6 10,6 10,6 - - -
Ensaio de arrancamento 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0 40,0
Σ volumes 60,7 60,7 60,7 60,7 50,1 50,1 50,1
Σ volumes majorado 66,8 66,8 66,8 66,8 55,1 55,1 55,1

Os agregados, com ou sem RA, foram os primeiros a serem colocados na betoneira que os misturou a
seco durante 45 segundos. Nos LBC, foi posteriormente adicionada cerca de 1/4 da totalidade da água
da amassadura. No caso dos LCRAC, foi seguidamente adicionada metade da totalidade da água da
amassadura e misturada juntamente com os agregados durante 2 minutos, por forma a que os NA
absorvessem parte da água, permitindo a correta hidratação do cimento (método da compensação de
água). Em ambos os casos, a restante água foi adicionada em simultâneo com o superplastificante
diluído na mesma para garantir a trabalhabilidade inicialmente prevista. A betoneira esteve cerca de
mais 4 minutos a misturar os materiais de cada amassadura.

Todos os provetes foram vibrados com recurso a agulha vibratória e 24h após a betonagem foram
colocados em condições de cura, a temperatura e humidade controlada (Anexo D). A data de
descofragem dos provetes com ou sem varão de aço de um determinado betão teve em conta a
sensibilidade da ligação entre o varão de aço e o betão aos primeiros dias de idade. Para não
comprometer o estudo da aderência retardou-se ligeiramente a descofragem dos provetes. Os LBC e
os LCRAC descofraram-se ao 5º e 4º dia, respetivamente.

4.6.1. Sistema do ensaio de arrancamento

Os ensaios foram realizados com recurso a uma máquina hidráulica servo-controlada, a um acessório
para a instalação de provetes e a um sistema de medição integrado por um transdutor de
deslocamentos lineares, por um fixador do transdutor ao provete e por uma unidade de aquisição
automática de dados (Figura 4.5).

A máquina hidráulica servo-controlada Schenck tem uma capacidade máxima de 1000 kN à


compressão ou à tração em regime estático e de 800 kN em regime dinâmico. A distância máxima entre
garras é de 1500 mm e o curso do êmbolo é de ± 125 mm. A última calibração foi efetuada pela Unidade
de Metrologia de Forças e indica uma classe de 0,5, conforme a EN ISO 7500-1 (2018), e um valor

37
relativo máximo da incerteza expandida em cada intervalo de medição de 0,27 % da força medida, para
as forças atingidas nos ensaios de arrancamento realizados.

Figura 4.5 – Sistema de ensaio de arrancamento.

As dimensões dos provetes de POT exigiram a colocação de um acessório dimensionado para o estudo
de Louro (2014) e posteriormente também utilizado no estudo de Freitas (2016), no qual foi
acrescentado um calço de madeira devido à redução da altura dos provetes, idênticos aos deste estudo.
O acessório é constituído por duas chapas de aço, uma inferior e outra superior, conectadas entre si
por quatro colunas de varões de aço roscados. O acessório foi idealizado para a realização de ensaios
em regime monotónico e em regime cíclico. Em regime monotónico de tração (deslocamento
ascendente do cabeçote superior da máquina hidráulica servo-controlada Schenck), a chapa superior
não só tem de resistir à força distribuída pela área da secção do provete como tem de travar
verticalmente, no sentido da força de tração aplicada, o provete de POT permitindo apenas que o varão
se desloque. A chapa superior descarrega nas colunas e estas na chapa inferior. A chapa inferior tem
de permanecer indeformável à tração das colunas, que se traduz quatro forças concentradas na zona
de ligação entre a chapa as colunas, e garantir a transmissão da carga ao cabeçote inferior da máquina
hidráulica servo-controlada Schenck através de ligações aparafusadas.

Para que as tensões na chapa superior se mantenham uniformes, a chapa superior tem de se manter
indeformável. Garantindo a rigidez da chapa superior, para que não exista translação da mesma no
sentido da força aplicada, as ligações aparafusadas, os montantes e a chapa inferior também têm de
permanecer indeformáveis. O acessório foi dimensionado para que permanecesse relativamente
indeformado aquando sujeito a uma força de 500 kN, o que se materializa em colunas de varões de
aço roscados 42 Cr Mo 4 e chapas de aço C 45 E Pb (Louro, 2014).

38
O calço de madeira incorporado por Freitas (2016) foi encostado à face superior do provete por
questões construtivas, uma vez que não era possível a colocação devida do transdutor se o calço
estivesse na face inferior. O calço tem de garantir a correta transmissão do esforço à chapa superior
para que se verifique a transmissão de esforços descrita anteriormente. Para tal, a sua altura tem de
ser igual à altura sobejante entre o provete de POT e a chapa superior, a sua secção em planta tem de
ser igual à secção do provete e não se pode deformar perante a compressão instalada durante os
ensaios de arrancamento. Então, adotou-se por um calço de madeira em pinho de secção quadrada
de 200 mm de lado, com 100 mm de altura e uma abertura circular de 32 mm de diâmetro, por questões
construtivas. A anisotropia da madeira conduziu à divisão da altura em três camadas iguais, nas quais
as duas camadas de extremidade têm as fibras orientadas numa direção e a camada interior tem as
fibras orientadas na direção perpendicular.

O deslizamento do varão de aço de cada provete mediu-se com recurso a um transdutor indutivo de
deslocamentos lineares, HWB WA20, e a uma unidade multicanal de aquisição de dados, Spider 8,
aliada ao software Catman32. O transdutor indutivo de deslocamentos lineares HWB WA20 tem uma
divisão de 0,001 mm e um alcance de 20 mm. A fixação do transdutor é conseguida através de um
acessório em perspex de ajuste por parafusos na extremidade inferior do varão, que solidariza o
transdutor ao varão de aço. Garantido o movimento de translação do conjunto com a mola do transdutor
encostada à face inferior do provete de POT, o deslizamento do varão reflete-se num deslocamento da
mola do transdutor (Anexo D).

A aquisição da leitura dos deslocamentos foi conseguida através da comunhão entre a unidade
multicanal de aquisição automática de dados, Spider 8, e o software Catman32, com uma frequência
de aquisição dos deslocamentos do transdutor HWB WA20 durante os ensaios de arrancamento de 5
Hz, ou seja, 5 leituras por segundo.

Antes da realização de qualquer ensaio de arrancamento, certificou-se o nivelamento da chapa superior


do acessório metálico, a centralização do provete de POT em relação ao acessório metálico e à
máquina hidráulica servo-controlada Schenk, o alinhamento do calço de pinho com o provete de POT
e a correta fixação do transdutor de descolamentos lineares HBM WA20, por forma a diminuir a
incerteza experimental.

4.6.2. Ensaios de arrancamento

O ensaio de arrancamento de um varão de aço em regime monotónico, idêntico ao estudo de (Freitas,


2016), foi o ensaio adotado para responder aos objetivos da dissertação, ou seja, esclarecer a influência
de determinadas variáveis na aderência entre o varão de aço e um determinado betão “sustentável”. O
ensaio submete o provete à tração pura. A metodologia seguida é a preconizada no Anexo D da EN
10080 (2005), que se baseia na RILEM – Recommendation RC 6 Bond test for reinforcement steel – 2.
Pull-out test (1983), salvo a velocidade de aplicação da força e o cálculo da tensão de aderência.

O Anexo D da EN 10080 (2005) propõem a aplicação de uma força de arrancamento a velocidade


constante no tempo dada pela expressão,
𝑣𝑝 = 0,56 ∙ Φ2 (4.10)

39
onde,
vp é a velocidade de aplicação da força de arrancamento (N/s);
Φ é o diâmetro do varão a ensaiar (mm).

Porém, a expressão devolve a velocidade em N/s e introduz a velocidade como uma variável
indesejável aquando da variação do diâmetro. Para além disso, a expressão indica velocidades
ligeiramente mais elevadas que as adequadas, promovendo um desenvolvimento da aplicação da
tração por impulso, o que, consequentemente, leva a tensões de aderência mais elevadas. Por
conseguinte a adoção da expressão 4.10, conduz a valores não conservativos e à descaracterização
do ramo descendente da relação tensão de aderência-deslizamento, após rotura da ligação
(Eligehausen, 1983; Louro, 2014).

Posto isto, o estudo de Eligehausen (1983), seguido por Louro (2014) e posteriormente por Freitas
(2016), controlou a velocidade por deslocamento por segundo e indicou a velocidade de 0,03 mm/s
como um valor conservativo com resultados plausíveis de tensões de aderência. Todos os ensaios de
arrancamento foram realizados com a mesma velocidade de 0,03 mm/s até ser atingido um
deslizamento do varão de aproximadamente 20 mm, que segundo bibliografia é um deslizamento
suficientemente longo para não só caracterizar a tensão média e máxima de aderência como a tensão
de aderência mobilizada por atrito após a rotura da ligação.

As forças de aderência obtidas no ensaio de arrancamento são convertidas em tensões de aderência


de acordo com a expressão do Model Code 2010 (FIB, 2011),
𝐹𝑎
𝜏= (4.11)
5 ∙ 𝜋 ∙ Φ2

𝑓𝑐𝑚,28
𝜏𝑑 = 𝜏 ∙ √ (4.12)
𝑓𝑐𝑚,𝑗
onde,
τ e τd são a tensão de aderência local instalada e a tensão de aderência normalizada a uma
determinada resistência do betão, respetivamente [MPa];
Fa é a força de arrancamento [N];
Φ é o diâmetro do varão [mm];
fcm,28 é a resistência média à compressão do betão aos 28 dias [MPa];
fcm,j é a resistência média à compressão do betão à data do ensaio de arrancamento [MPa].

O Anexo D da EN 10080 (2005) apresenta o cálculo das tensões de aderência com 𝑓𝑐𝑚,28 ⁄𝑓𝑐𝑚,𝑗 ao invés

de √𝑓𝑐𝑚,28 ⁄𝑓𝑐𝑚,𝑗 , no entanto, o Model Code 2010 (FIB, 2011) considera a não linearidade da tensão de
aderência face à resistência do betão.

40
5. Apresentação, análise e discussão dos resultados
experimentais

Introdução
Ao longo deste capítulo, procede-se à apresentação, análise e discussão dos resultados obtidos na
campanha experimental escrita no capítulo anterior, tecendo comparações com os códigos vigentes,
com os resultados de outros estudos relevantes e referindo a influência de cada variável na relação
tensão de aderência-deslizamento. Para além disso, procura-se definir uma lei inovadora da relação
tensão de aderência-deslizamento contemplando não só as diversas variáveis estudadas na campanha
experimental, como as de outros estudos.

Caracterização dos betões

5.2.1. Fase exploratória

A fase exploratória pretendeu confirmar concisamente se a formulação das misturas era ou não
materializável nos LBC a estudar. Nas misturas de LBC em estudo foi alterado o coeficiente de
distribuição q e aumentada a quantidade de superplastificante em relação aos LBC de Alves (2015) e
de Freitas (2016) com o objetivo de melhorar a trabalhabilidade e coesão e diminuir a intensidade de
energia de compactação. Para tal, betonaram-se quatro cubos de 150x150x150 mm, dois de
LBC_0,86_Alfred_Expl e dois de LBC_0,82_ Alfred_Expl.

Nos provetes de LBC_0,86_Alfred_Expl obteve-se uma maior trabalhabilidade e a menor intensidade


de energia de compactação em comparação com a descrição dos LBC com a mesma quantidade de
ligante, com a mesma compacidade e formulados com a curva de referência de Funk e Dinger de Alves
(2015) e de Freitas (2016). Os provetes de LBC_0,82_Alfred_Expl anteviam e verificaram uma
trabalhabilidade superior e intensidade de energia de compactação inferiores aos provetes de
LBC_0,86_Alfred_Expl, devido à diminuição da compacidade do betão.

A massa volúmica prevista e a massa volúmica experimental de cada betão apresentam-se na Tabela
5.1. A massa volúmica do LBC_0,82_Alfred_Expl foi inferior à LBC_0,86_Alfred_Expl, pois o betão do
tipo LBC_0,82_Alfred_Expl continha uma menor quantidade de agregados e maior índice de vazios. A
massa volúmica prevista e a massa volúmica experimental do betão do tipo LBC_0,86_Alfred_Expl
foram aproximadamente idênticas, confirmando o valor da compacidade pretendido. A massa volúmica
experimental do LBC_0,82_Alfred_Expl foi ligeiramente superior à prevista. No entanto, esse aumento
não refletiu necessariamente um aumento de compacidade, pois se a compacidade do betão tivesse
aumentado, esse aumento teria sido confirmado com uma resistência à compressão superior à prevista,
e tal não se verificou (Tabela 5.2).

As resistências à compressão aos 7 e aos 28 dias, fcm,cubo,7 e fcm,cubo,28, dos provetes exploratórios estão
indicadas na Tabela 5.2. A resistência à compressão do LBC_0,86_Alfred manteve-se superior à

41
resistência à compressão do LBC_0,82_Alfred e o erro experimental de ambas as resistências aos 28
dias foi residual (Tabela 5.2).

Concluindo, a fase exploratória confirmou a correta formulação das misturas, sem que houvesse
qualquer consequência para a fase de estudo principal, cujos resultados são apresentados e
interpretados a partir da secção seguinte, inclusive.

Tabela 5.1 – Massas volúmicas dos provetes exploratório.

Massa volúmica prevista [kg/m3] Massa volúmica experimental [kg/m3]


LBC_0,86_Alfred_Expl 2392 2385
LBC_0,82_Alfred_Expl 2327 2350

Tabela 5.2 – Resistências à compressão e erro experimental dos provetes exploratórios de LBC.

fcm,cubo,7 [MPa] fcm,cubo,28 [MPa] fcm,cubo,28 prevista [MPa] ε(fcm,cubo,28)


LBC_0,86_Alfred_Expl 26,8 34,4 32,5 6% ⬆
LBC_0,82_Alfred_Expl 16,2 22,3 23,5 5% ⬌

5.2.2. Aplicabilidade

Os LBC com elevadas compacidades foram assinalados por Alves (2015) e Freitas (2016) como
dificilmente trabalháveis e requerentes de elevada energia de compactação. Essa denotação pejorativa
não se verificou nos LBC_0,86_Faury, que aparentaram uma trabalhabilidade mais fluída e uma
afloração das pequenas bolhas de ar à superfície do betão apenas com vibração ligeira. No
LBC_0,86_Alfred, as melhorias de trabalhabilidade e vibração foram mais modestas.

Os provetes de LBC com menores compacidades, o LBC_0,84_Alfred e o LBC_0,82_Alfred,


aparentaram uma trabalhabilidade fluída e uma necessidade de vibração praticamente nula, de tal
forma que se verificou um excesso de vibração nestes. Por conseguinte, este fenómeno provocou
alguma segregação que prejudicou as características mecânicas dos betões, em especial o LBC com
menor compacidade, o LBC_0,82_Alfred, pois com o aumento do índice de vazios, o atrito interno entre
partículas foi menor, ou seja, a compactação foi facilitada.

Os LCRAC apresentaram uma trabalhabilidade excessivamente fluída devido a um erro de medição da


quantidade de água ou à deficiente absorção de água por parte dos RA. Como consequência, os
provetes de LCRAC sofreram segregação afetando as suas propriedades mecânicas. Este fenómeno
foi tão mais evidente quanto maior foi a taxa de substituição de NA por RA.

De realçar que, em todos os provetes, verificou-se óleo descofrante em excesso, comprometendo o


acabamento final em superfície lisa dos betões.

5.2.3. Massa volúmica

As massas volúmicas de cada betão fresco e as respetivas massas volúmicas previstas estão
apresentadas na Tabela 5.3. De salientar que, à data de cada ensaio, pesaram-se os provetes de betão
e também se calcularam as massas volúmicas dos mesmos. Nas secções seguintes, as Tabelas 5.4 e
5.5 indicam as massas volúmicas médias às datas dos ensaios de caraterização do betão.

42
A diminuição da compacidade entre os LBC_Alfred foi corroborada pela diminuição das massas
volúmicas experimentais, apesar do LBC_0,84_Alfred e do LBC_0,82_Alfred apresentarem algum
incremento em relação às previstas. O aumento da massa volúmica do LBC_0,84_Alfred, do
LBC_0,82_Alfred e do LBC_0,86_Faury poderiam apontar para um incremento da compacidade, mas
as resistências à compressão não confirmaram esse paralelismo.

As massas volúmicas experimentais dos provetes de LCRAC foram generalizadamente inferiores em


comparação com os provetes de LBC. O incremento da taxa de substituição de RA entre os provetes
de LCRAC também conduziu à sucessiva redução da massa volúmica, porque a porosidade dos RA
tornou-os mais leves que os NA. Adicionalmente, os LCRAC com taxas de substituição de RA
superiores apontaram para maiores diferenças entre as massas volúmicas experimentais e as
previstas, confirmando o erro de medições da quantidade de água ou a deficiente absorção de água
dos RA.
Tabela 5.3 – Massas volúmicas dos LBC e dos LCRAC.
Massa volúmica prevista Massa volúmica experimental
Betão
[kg/m3] [kg/m3]
LBC_0,86_Alfred 2393 2401
LBC_0,84_Alfred 2359 2383
LBC_0,82_Alfred 2327 2379
LBC_0,86_Faury 2395 2423
LCRAC_30 2310 2317
LCRAC_55 2306 2227
LCRAC_80 2277 2156

5.2.4. Resistência à compressão

As resistências à compressão médias de cada betão aos 28 dias e à data j dos ensaios de
arrancamento encontram-se indicadas na Tabela 5.4. As resistências à compressão média aos 28 dias
dos LBC_0,84_Alfred, dos LBC_0,82_Alfred, dos LBC_0,86_Faury, dos LCRAC_55 e dos LCRAC_80
foram obtidas através da expressão 2.1, em que o parâmetro s, nos LBC, tomou o valor de 0,60 (Alves,
2015); e nos LCRAC, tomou o valor de 0,25 (Robalo et al. 2018).

O LBC_0,86_Alfred e o LBC_0,86_Faury registaram uma resistência média à compressão superior à


prevista, com o LBC_0,86_Alfred a obter a maior resistência média de entre todos os betões ensaiados.
Todavia, seria expectável que o LBC_0,86_Faury obtivesse uma resistência média à compressão
superior ao LBC_0,86_Alfred, devido ao LBC_0,86_Faury ter uma maior massa volúmica média. De
entre os dois betões, apenas se variou a distribuição granulométrica dos agregados nas suas
formulações concluindo que a curva de referência de Alfred conduziu a uma maior resistência média à
compressão, contrariamente ao observado por Alves (2015). O LBC formulado com a curva de Faury
de Alves (2015) obteve uma resistência média à compressão superior à do LBC formulado com a curva
de referência de Alfred, no entanto, o coeficiente de distribuição q adotado por Alves (2015) foi de 0,37
(Funk et al. 1980) e o de esta dissertação foi de 0,45, o que influencia ligeiramente a distribuição
granulométrica introduzindo mais brita calcária e areão nos LBC desta dissertação.

43
O LBC_0,84_Alfred e o LBC_0,82_Alfred apontaram para resistências à compressão médias inferiores
às expectáveis, ao contrário do esperado pela análise da massa volúmica. O erro experimental foi tanto
maior quanto menor a compacidade, corroborando a tese de excesso de vibração.

Todos os LCRAC obtiveram resistências médias à compressão inferiores às previstas. Quanto maior
foi a taxa de substituição de RA, maior foi o erro experimental associado ao erro de medição da
quantidade de água ou à deficiente absorção de água dos RA. O aumento da quantidade de água
tornou os LCRAC demasiado fluidos, o que condicionou a correta uniformização dos finos, inclusive
ligante, provocando o fenómeno de segregação.

Tabela 5.4 – Resistências à compressão em cubos dos LBC e dos LCRAC.


j Massa volúmica fcm,cubo,j fcm,cubo,28 fcm,cubo,28 prevista ε(fcm,cubo,28)
[dias] aos j dias [kg/m3] [MPa] [MPa] [MPa] (*)
LBC_0,86_Alfred 28 2394 36,2 36,2 32,5 11% ⬆
LBC_0,84_Alfred 29 2366 24,8 24,6 27,5 -11% ⬇
LBC_0,82_Alfred 30 2344 18,3 17,9 23,5 -24% ⬇
LBC_0,86_Faury 33 2422 34,3 32,8 32,5 1% ⬆
LCRAC_30 28 2276 30,6 30,6 38,0 -19% ⬇
LCRAC_55 31 2207 24,5 24,2 33,0 -27% ⬇
LCRAC_80 32 2144 19,7 19,4 27,0 -28% ⬇
(*) 𝜀 = |(𝑓𝑐𝑚,𝑐𝑢𝑏𝑜,28 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎 − 𝑓𝑐𝑚,𝑐𝑢𝑏𝑜,28 )⁄𝑓𝑐𝑚,𝑐𝑢𝑏𝑜,28 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑎| ∙ 100 (5.1), em que: ⬆ representa a melhoria no
desempenho relativamente à fcm de referência; ⬌ traduz o desempenho negativo igual ou superior a -10% face à
τd de referência e considerado pouco significativo; ⬇ indica o desempenho inferior a -10% à fcm de referência.

Na caracterização da aderência foram utilizados os valores médios de resistência à compressão dos


cilindros, fcm, ao invés dos cubos, fcm,cubo, à semelhança dos códigos vigentes. Para a conversão dos
resultados dos cubos em fcm, a NP EN 206-1 (2017) indica a expressão seguinte,
𝑓𝑐𝑚 = 𝑘1 ∙ 𝑓𝑐𝑚,𝑐𝑢𝑏𝑜 (5.2)
onde, k1 é o fator de conversão, que a norma indica como 0,80, para as dimensões dos provetes
utilizados. No entanto, no debate da Research Gate (2015), inúmeros investigadores discutiram sobre
a possibilidade de este fator ser demasiado severo corroborando com incontáveis estudos
experimentais e a grande maioria concluiu que os valores de k1 são ligeiramente superiores a 0,80.
Para além disso, Alves (2015), que utilizou dimensões de provetes e LBC idênticos aos desta
dissertação, verificou que este valor não é representativo da realidade, registando o 0,82 como valor
mínimo de k1. Por conseguinte, utilizou-se para os LBC, o k1 igual a 0,82.

Por outro lado, apesar de estar identificado que o valor de k1 preconizado pela norma é muito
conservativo, utilizou-se o valor de 0,80 no cálculo das fcm dos LCRAC, porque não foi encontrado
qualquer estudo que comparasse a resistência em cilindros e com a resistência em cubos de provetes
betonados com LCRAC.

Os valores médios das resistências à compressão dos cilindros aos j dias e aos 28 dias estão
apresentados na Tabela 5.5.

44
Tabela 5.5 – Resistências à compressão em provetes cilindros de LBC e de LCRAC.
fcm,j
j [dias] k1 fcm,28 [MPa]
[MPa]
LBC_0,86_Alfred 28 0,82 29,7 29,7
LBC_0,84_Alfred 29 0,82 20,4 20,2
LBC_0,82_Alfred 30 0,82 15,0 14,7
LBC_0,86_Faury 33 0,82 28,2 26,9
LCRAC_30 28 0,80 24,5 24,5
LCRAC_55 31 0,80 19,6 19,3
LCRAC_80 32 0,80 15,8 15,5

5.2.5. Resistência à tração

A resistência média à tração, fctm,j, de cada provete de LBC à data j dos ensaios de arrancamento dos
seus homólogos estão assinaladas na Tabela 5.6.

Os LBC_Alfred obtiveram uma redução da resistência à tração média em paralelo com a progressiva
diminuição da compacidade, tal como esperado. O LBC_0,86_Alfred e o LBC_0,82_Alfred obtiveram a
maior e a menor resistência média à tração de entre todos os provetes de LBC, respetivamente, à
semelhança da resistência média à compressão.

A relação entre a resistência média à tração e a resistência média à compressão dos LBC_0,86_Alfred
e dos LBC_0,86_Faury rondou os 7%, enquanto que, a dos LBC_0,84_Alfred e LBC_0,82_Alfred,
aproximou-se dos 9 a 10%.
Tabela 5.6 – Resistências à tração dos provetes de LBC.
Massa volúmica fctm,j 𝒇𝒄𝒕𝒎,𝒋
j [dias] [%]
experimental [kg/m3] [MPa] 𝒇𝒄𝒎,𝒄𝒖𝒃𝒐,𝒋

LBC_0,86_Alfred 28 2415 2,6 7,3


LBC_0,84_Alfred 29 2383 2,2 9,1
LBC_0,82_Alfred 30 2351 1,8 9,9
LBC_0,86_Faury 33 2433 2,4 7,0

Caracterização dos varões de aço

5.3.1. Medições das nervuras

As leituras das medições das nervuras de cada varão encontram-se no Anexo A. As áreas relativas
das nervuras transversais, fR, calculadas com os valores experimentais dos varões destinados aos
ensaios de arrancamento foram sujeitas a uma análise estatística, cujo o objetivo foi identificar outliers,
valores aberrantes, devido a, quer a anomalias de fabrico dos varões e/ou quer a erros experimentais
associados aos ensaios de medições das nervuras. A análise decorreu com auxílio do software IBM
SPSS Statistics 24 e segue os pressupostos descritos com maior detalhe no subcapítulo 5.4. Por último,
os valores médios das características geométricas das nervuras dos varões foram confrontados com
os valores especificados para a certificação dos mesmos, segundo a Especificação LNEC E460 (2010)
e os Anexo C do Anexo Nacional (NA) e da Norma Europeia (EN) do Eurocódigo 2 (EC2) (2010).

A média e o desvio padrão da fR da zona aderente dos varões destinados aos ensaios de arrancamento
à priori à identificação dos outliers foram de 0,0727 e de 0,0029, respetivamente. O gráfico box-plot,

45
indicado na Figura 5.1, facilitou a identificação dos possíveis outliers. Os valores não pertencentes ao
intervalo exterior ]𝑄1 − 3 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 + 3 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )[ (– – –) foram considerados outliers e os valores
pertencentes ao intervalo exterior (– – –) e não pertencentes ao intervalo ]𝑄1 − 1,5 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 +
1,5 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )[ (– – –) foram considerados possíveis outliers, onde Q1 e Q3 correspondem ao quartil
inferior e ao quartil superior, respetivamente (Tukey, 1977; Hoaglin et al. 1986). Logo, os valores de fR
marcados com uma estrela (*) correspondentes aos varões 2 e 29 foram dados como outliers e o valor
de fR assinalado com um círculo (●) correspondente ao varão 25 foi averiguada essa possibilidade.

Figura 5.1 – Gráfico box-plot da área relativa das nervuras transversais, fR, nas zonas aderentes dos varões dos
provetes de POT.

As fR dos varões 2 e 29, para além ultrapassarem os limites exteriores (– – –), que os classifica como
outliers, são facilmente distinguidas como tal numa análise observacional. Porém, não foi identificada
nenhuma anomalia nas nervuras, mas sim nos ensaios das medições dos perfis nervurados dos varões.
Caso as fR do varão 2 e do varão 29 fossem efetivamente as registadas, as tensões de aderência
instaladas nos ensaios de arrancamento tenderiam a ser inferiores e superiores entre os seus
homólogos, respetivamente, ao contrário do que se verificou. As correspondências dos varões aos seus
provetes de POT estão indicadas ao longo do Anexo B.

Para avaliar a possível discrepância da fR do varão 25, recorreu-se ao histograma da Figura 5.2. A
análise observacional do histograma apontou a leitura da fR do varão 25 como plausível, apesar de
enviesada no conjunto de resultados obtidos. Para além disso, os autores dos estudos (Tukey, 1977;
Hoaglin et al. 1986), que definiram os cálculos dos limites interiores (– – –) e dos exteriores (– – –),
refinaram-nos para um único intervalo ]𝑄1 − 2,2 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 + 2,2 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )[ (– – –) afirmando que
os valores pertencentes a este intervalo não são outliers. Com isto, a fR do varão 26 não foi considerada
anómala (Hoaglin & Iglewicz, 1987).

Pelas razões identificadas, os valores de fR dos varões 2 e 29 foram considerados como outliers e foram
retirados da população. Estes não foram incluídos no cálculo das médias aritméticas simples dos
parâmetros geométricos das nervuras transversais.

A Tabela 5.7 apresenta os resultados médios das altura das nervuras transversais a meio do seu
comprimento, a1/2, respetivamente; do afastamento entre nervuras, c, do perímetro sem nervuras
transversais, Σfi; e da área relativa das nervuras transversais, fR. Na Tabela distingue-se as
caraterísticas do perfil nervurado dos varões dos provetes de POT das caraterísticas do perfil nervurado
dos varões destinados aos ensaios de tração dos varões, porque as nervuras dos varões dos provetes
POT foram medidas apenas na zona aderente dos varões, enquanto que as nervuras dos varões
destinados aos ensaios de tração dos mesmos foram medidas nas extremidades e calculada a média
aritmética simples para cada varão. Devido à reduzida população destinadas aos ensaios de tração (3

46
varões), não se calculou o desvio padrão desses varões. É de realçar que todos os varões cumprem
os valores especificados de controlo de qualidade.

Figura 5.2 – Histograma da área relativa das nervuras transversais, fR, nas zonas aderentes dos varões dos
provetes de POT.

Tabela 5.7 – Características geométricas médias das nervuras transversais dos varões de aço utilizados.
Valor especificado
Desvio
Varão Parâmetro EC2 Média Mínimo Máximo
E460 padrão
NA EN
a1/2 [mm] ≥ 0,78 ≥ 0,78 - 0,95 0,013 0,92 0,97
Ensaios de c [mm] 7,2 ± 15% 7,2 ± 15% - 7,7 0,06 7,4 7,8
arrancamento Σfi [mm] ≤ 7,5 ≤ 7,5 - 4,2 0,27 3,7 4,9
fR ≥ 0,056 ≥ 0,056 ≥ 0,040 0,073 0,0015 0,070 0,077
a1/2 [mm] ≥ 0,78 ≥ 0,78 - 0,93 - 0,92 0,93
Ensaios de c [mm] 7,2 ± 15% 7,2 ± 15% - 7,7 - 7,7 7,8
tração Σfi [mm] ≤ 7,5 ≤ 7,5 - 4,2 - 4,2 4,3
fR ≥ 0,056 ≥ 0,056 ≥ 0,040 0,071 - 0,070 0,072

Quanto à forma das nervuras, a medição nas alturas das nervuras transversais em diferentes posições
do seu comprimento, ¼, ½ e ¾, validaram o desenvolvimento em parábola das nervuras tal como se
observa através dos valores médios representados na Figura 5.3.

Figura 5.3 – Secção transversal tipo dos varões de aço utilizados.

47
5.3.2. Resistência à tração

A caracterização mecânica dos varões de aço A500 NR SD foi realizada de acordo com o preconizado
na secção 5 da NP EN ISO 15630-1 (2012). Na Tabela 5.8 apresentam-se os valores médios da tensão
de cedência, ReH, da tensão de rotura, Rm, da extensão total na máxima força, Agt, e do módulo de
elasticidade, E. De salientar que nenhum varão dos provetes POT durante os ensaios de arrancamento
atingiu a tensão média de cedência ReH. (Nomenclaturas da Especificação LNEC E460 (2017).)

Tabela 5.8 – Características mecânicas dos varões de aço.


ReH Rm Agt E
Rm / ReH ReH / 500
[MPa] [MPa] [%] [GPa]
(ck,min,0,05) (ck,min,0,05) [ck,min,0,10; ck,máx,0,90] (ck,máx,0,90)
Valor especificado 500 575 [1,15; 1,35] 1,20 8 -
Ensaios de tração 551 671 1,22 1,10 12 205

Caracterização da aderência varão-LBC

5.4.1. Resultados dos ensaios de arrancamento

Antes de mais, em condições de “boa” aderência, nomeadamente, a direção da betonagem


perpendicular ao varão de aço e a altura do provete a não exceder os 250 mm, segundo o Model Code
2010 (FIB, 2011) e o Eurocódigo 2 (2010), o modo de rotura de todos os provetes foi por arrancamento
(pull-out na designação anglo-saxónica) esquematizado na Figura 5.4.

Como referido no capítulo relativo à campanha experimental, a força de arrancamento medida foi
convertida em tensão de aderência, τ, pela expressão (5.11) e normalizada para a sua resistência alvo
à compressão aos 28 dias, τd, recorrendo à expressão (5.12).

Os gráficos da relação entre a tensão de aderência, τd, e os deslizamentos obtidos nos ensaios de
arrancamento dos LBC encontram-se no Anexo B, exceto o do ensaio número 2, segundo do
LBC_0,86_Alfred, que devido a um erro de software impediu a leitura dos deslocamentos do transdutor
de ser guardada. Para cada ensaio determinaram-se a tensão de aderência máxima, τd,máx, e o
respetivo deslizamento, s1, e a tensão média de aderência, τd,média, que segundo o Anexo C do
Eurocódigo 2 (2010) é calculada pela expressão:
𝜏𝑑,0,01 + 𝜏𝑑,0,1 + 𝜏𝑑,1,0
𝜏𝑑,𝑚é𝑑𝑖𝑎 = (5.3)
3
na qual τd,0,01, τd,0,1, e τd,1,0 representam a tensão de aderência aos 0,01 mm, aos 0,1 mm e aos 1,0 mm
de deslizamento, respetivamente.

Figura 5.4 - Pormenor da rotura por arrancamento, adaptado de (Louro, 2014).

48
Os valores da tensão de atrito, τd,atrito, ao deslizamento s3 também estão disponíveis no Anexo B, em
que deslizamento s3 foi o correspondente ao afastamento médio entre nervuras, tal como preconizado
pelo Model Code 2010 (2010). Aquando da rotura por arrancamento, quando o afastamento entre
nervuras foi vencido pelo deslizamento entre os dois materiais, as ligações entre eles ficaram
completamente comprometidas, sendo que a única força contraria ao sentido do deslocamento foi a
força de atrito.

Apesar da reduzida população de cada conjunto, todos os conjuntos de resultados homólogos das τd,máx
e τd,média foram submetidos a uma avaliação estatística, que visou oferecer robustez aos resultados dos
ensaios de arrancamento para uma correta análise das variáveis em causa. Com recurso ao software
IBM SPSS Statistics 24, avaliou-se a existência de valores aberrantes, referidos como outliers, de cada
conjunto de resultados homólogos. Depois de identificados, cada outlier foi devidamente estudado por
forma a identificar as causas da sua discrepância. Consoante o que se identificou como causa para um
determinado outlier tomou-se a decisão de manter ou não o valor na população, ao invés de o retirar
simplesmente por ser um outlier (Analytical Methods Committee, 1989; Cortina, 2002; Osborne &
Overbay, 2004; Abdulrauf, et al., 2016).

À semelhança do proposto por Tukey (1977) e por Hoaglin, et al. (1986), os gráficos box-plot fornecido
pelo IBM SPSS Statistics 24 e expostos na Figura 5.5 e 5.6 identificaram como possíveis outliers (●)
os valores compreendidos entre o intervalo [𝑄1 − 1,5 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 + 1,5 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )] (– – –) e o
intervalo ]𝑄1 − 3 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 + 3 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )[ (– – –) e como outliers (*) todos os que excedem o
intervalo ]𝑄1 − 3 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 + 3 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )[ (– – –). Porém, os mesmos autores, numa publicação
posterior, redefiniram os limites para um único intervalo ]𝑄1 − 2,2 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 + 2,2 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )[ (– –
–) afirmando que apenas os valores não pertencentes a este intervalo são outliers (Hoaglin & Iglewicz,
1987).

fcm,28 = 26,9 MPa

fcm,28 = 20,2 MPa

fcm,28 = 14,7 MPa

fcm,28 = 29,7 MPa

Figura 5.5 – Gráficos box-plot da tensão média de aderência dos LBC (à esquerda) e histograma da tensão
média de aderência, τd,média, do ensaio de arrancamento número 11, primeiro do LBC_0,82_Alfred (à direita).

A τd,média do ensaio de arrancamento número 11, o primeiro do LBC_0,82_Alfred, foi apontado como
possível outlier. Porém, ao continuar a pertencer ao intervalo ]𝑄1 − 2,2 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ); 𝑄3 + 2,2 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 )[
(– – –) e a não apresentar dispersão no histograma com intervalos de 0,4 MPa da Figura 5.5, o valor
da τd,média do ensaio de arrancamento número 11 apresentou ser plausível no conjunto de resultados.
Para além disso, não foi registado qualquer embate ou anomalia durante a campanha experimental que
provocasse a deterioração da ligação aço-betão dispersando os resultados do ensaio.
49
fcm,28 = 26,9 MPa

fcm,28 = 20,2 MPa

fcm,28 = 14,7 MPa

fcm,28 = 29,7 MPa

Figura 5.6 – Gráficos box-plot da tensão máxima de aderência dos LBC.

Posto isto, nenhum valor de tensão de aderência resultante dos ensaios de arrancamento foi
identificado como outlier e, por conseguinte, retirado da respetiva população, comprovando o rigor da
campanha experimental.

A Tabela 5.9 indica a mediana, a média e o desvio padrão para cada conjunto de resultados e na Figura
5.7 representa os gráficos tensão-deslizamento obtidos. O ramo ascendente visível em todos os
ensaios confirma a rotura por arrancamento como o modo de rotura dos provetes e corrobora a
inexistência de qualquer embate no varão ou qualquer problema que possa ter existido na betonagem
dos provetes que comprometesse a ligação entre o varão e o LBC. Caso pelo menos um dos três
cenários tivesse ocorrido, o ramo ascendente da curva da aderência apresentaria perturbações e teria
atingido valores de tensão máxima bem mais reduzidos que os registados.

A resistência à compressão varia inevitavelmente entre os diferentes betões devido à variação da


compacidade e a influência da granulometria. Para isolar as variáveis, uniformizou-se o valor de fcm,28,
a entrar na expressão 4.12, em 25 MPa, independentemente da resistência à compressão do betão.
Portanto, nas secções 5.4.2 a 5.4.4, as tensões de aderência, τd, estarão normalizadas para uma fcm,28
de 25 MPa. Em contrapartida, o valor da tensão de aderência calculado deixou de representar a
capacidade real do provete quando submetido ao ensaio de arrancamento. Ou seja, contabilizando na
sua globalidade o efeito da resistência à compressão do betão, os betões que registaram uma fcm,28
superior aos 25 MPa, tiveram uma capacidade resistente aderente superior aos valores apresentados;
enquanto que, os betões que registaram uma fcm,28 inferior aos 25 MPa apresentaram uma capacidade
resistente aderente inferior aos valores apresentados.

Tabela 5.9 – Resumo estatístico dos resultados obtidos dos ensaios de arrancamento dos LBC.
Mediana Média Desvio padrão
Parâmetro Provetes de POT
[MPa] [MPa] [MPa]
LBC_0,86_Alfred 17,4 18,2 2,17
LBC_0,84_Alfred 12,2 12,0 1,00
τd,média
LBC_0,82_Alfred 7,2 7,2 0,46
LBC_0,86_Faury 16,8 16,2 1,34
LBC_0,86_Alfred 26,5 26,2 1,14
LBC_0,84_Alfred 19,5 20,1 1,47
τd,máx
LBC_0,82_Alfred 13,4 13,4 0,50
LBC_0,86_Faury 24,1 23,5 1,94

50
30 30
fcm,28 = 29,7 MPa fcm,28 = 20,2 MPa

Tensão de aderência [MPa]


Tensão de aderência [MPa]
25 25
1º POT 6º POT
3º POT 20 7º POT
20
4º POT 8º POT
15 5º POT 15 9º POT
10º POT
10 10

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
30 30
Tensão de aderência [MPa]

Tensão de aderência [MPa]


fcm,28 = 14,7 MPa fcm,28 = 26,9 MPa
25 25
11º POT 16º POT
20 12º POT 17º POT
20
13º POT 18º POT
15 14º POT 15 19º POT
15º POT 20º POT
10 10

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
Figura 5.7 – Gráficos tensão de aderência-deslizamento dos LBC_0,86_Alfred (canto superior esquerdo), dos
LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), dos LBC_0,82_Alfred (canto inferior esquerdo), dos LBC_0,86_Faury
(canto inferior direito).

5.4.2. Influência da distribuição granulométrica

A influência da distribuição granulométrica na aderência entre o varão de aço e o LBC foi avaliada
através dos valores médios de tensão média e tensão máxima de aderência dos LBC com a mesma
compacidade e com diferentes distribuições granulométricas, os LBC_0,86_Alfred e os
LBC_0,86_Faury. A τd,média e a τd,máx do LBC_0,86_Alfred foram superiores às do LBC_0,86_Faury.
Atribui-se a superioridade das tensões de aderência do LBC_0,86_Alfred ao imbricamento dos
agregados que se acomodam entre as nervuras do varão de aço. Por conseguinte, avaliou-se a
quantidade de agregados com potencial de imbricamento, ou seja, com dimensão inferior ao
afastamento médio entre nervuras, c, de 7,7 mm.

A Tabela 5.10 mostra a quantidade percentual dos agregados constituintes dos LBC e discretiza a
percentagem acumulada de passados no peneiro de 6,3 mm (a verde) e dos retidos no peneiro de 6,3
mm (a vermelho) de cada agregado. Foi assinalado o peneiro de malha de 6,3 mm por ser o maior
peneiro inferior ao afastamento médio entre nervuras, c, de 7,7 mm ao qual cada agregado foi
submetido na análise granulométrica. A maior quantidade de agregados com dimensão inferior ao c de
7,7 mm no LBC_0,86_Alfred corrobora a hipótese de aumento das tensões de aderência devido ao
imbricamento dos agregados entre as nervuras transversais.

51
Tabela 5.10 – Quantidade percentual de cada agregado no LBC_0,86_Alfred e no LBC_0,86_Faury.
Areia fina 0/1 Areia média 0/4 Areão 4/8 Brita 6/14 Σ agregados
Betão
[kg/m3] [kg/m3] [kg/m3] [kg/m3] [kg/m3]
20,9 1049,6 276,1 675,5 2022,1
LBC_0,86_Alfred
1% 52% 11% 3% 3% 30% 67% 33%
271,7 722,4 79,4 951,9 2025,3
LBC_0,86_Faury
13% 36% 3% 1% 4% 43% 56% 44%

Os gráficos da Figura 5.8 assinalam a tendência do aumento da tensão de aderência média e máxima
com o aumento de agregados com potencial de imbricamento. O incremento de 9% de agregados com
dimensão menor que c refletiu um aumento de 7%⬆ e de 6%⬆ na τd,média e na τd,máx, respetivamente.

20,0 25,0
Tensão média de aderência

Tensão máxima de aderência


fcm,28 = 25 MPa
[MPa]

[MPa]
15,0 20,0 fcm,28 = 25 MPa

τd,média = 10,6∙x + 9,61 (*) τd,máx = 12,9∙x + 15,36 (*)


LBC_0,86_Alfred LBC_0,86_Alfred
LBC_0,86_Faury LBC_0,86_Faury
10,0 15,0
55 58 61 64 67 70 55 58 61 64 67 70
Agregados < c [%] Agregados < c [%]

(*) A variável x nas equações das retas não está em percentagem.


Figura 5.8 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a percentagem de agregados inferiores
ao afastamento médio entre nervuras, c.

5.4.3. Influência de compacidade

A influência da compacidade nas tensões de aderência foi avaliada ao nível das composições obtidas
a partir da curva de otimização da granulometria dos agregados de Alfred. Para atingir as diferentes
compacidades, variou-se a quantidade de agregados sem reduzir a percentagem de cada agregado
constituinte de cada LBC. Assim, e aliado à normalização da resistência à compressão aos 28 dias a
25 MPa, conseguiu-se isolar concretamente a influência da compacidade na aderência.

A relação entre as τd,média e as τd,máx dos LBC_Alfred e as respetivas compacidades apresentam-se na


Figura 5.9. As τd,média e as τd,máx aumentaram com o aumento da compacidade, sendo que os seus
valores médios máximos no LBC_0,86_Alfred registam um acréscimo de 79%⬆ e 37%⬆, em relação ao
LBC_0,82_Alfred. O maior declive da reta de tendência linear das τd,média indicou uma maior
expressividade no aumento dos valores médios das tensões de aderência. Com o 𝑅2 ≅ 1, as equações
lineares apresentadas na Figura 5.9 devolvem aproximações bastante adequadas, logo, pode afirmar-
se que a relação entre as tensões de aderência, seja as τd,média ou as τd,máx, e a compacidade é muito
próxima de linear.

Porém, o valor de τd,máx do LBC_0,84_Alfred superior à reta de tendência linear levantou a dúvida, para
um estudo futuro, sobre a possibilidade da relação não ser exatamente linear, à semelhança da
dependência da resistência à compressão do betão nas tensões de aderência.

52
Ao observar-se os gráficos da Figura 5.7 denotou-se nos LBC com maior compacidade, um ligeiro recuo
do escorregamento correspondente do pico das tensões de aderência. O gráfico da Figura 5.10 mostra
a evolução da média dos deslocamentos máximos dos LBC, inclusive o LBC_0,86_Faury, em função
da compacidade. A diminuição do deslizamento ou escorregamento está associada ao aumento da
rigidez do ramo ascendente dos LBC com o incremento de compacidade, que por sua vez, pode estar
associada à superioridade do módulo de elasticidade do betão na presença de elevadas compacidades.
O aumento de rigidez do ramo ascendente favorece o controlo da fendilhação, tal como se explicou no
capítulo 3 relativo ao estado da arte da aderência.

20,0 30,0
Tensão média de aderência [MPa]

Tensão máxima de aderência [MPa]


τd,média = 184,4∙σ - 141,70 τd,máx = 163,2∙σ - 115,78
R² = 1,00 R² = 0,93

15,0 25,0

fcm,28 = 25 MPa 20,0 fcm,28 = 25 MPa


10,0
LBC_0,86_Alfred LBC_0,86_Alfred
LBC_0,84_Alfred LBC_0,84_Alfred
LBC_0,82_Alfred LBC_0,82_Alfred
5,0 15,0
0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87
Compacidade Compacidade

Figura 5.9 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a compacidade.

2,0
LBC_0,86_Alfred
LBC_0,84_Alfred
LBC_0,82_Alfred
Deslizamento s1 [mm]

1,5 LBC_0,86_Faury
s1 = -7,22∙σ + 7,01
R² = 0,90
1,0

0,5

0,0
0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87
Compacidade

Figura 5.10 – Relação deslizamento s1-compacidade dos LBC.

5.4.4. Análise conjunta com os resultados de Freitas (2016)

Com vista a reforçar as tendências relativas à influência da distribuição granulométrica e da


compacidade nas tensões de aderência, analisaram-se os resultados de Freitas (2016), em conjunto
com os resultados desta dissertação. Salvaguardou-se que esta foi uma análise das variáveis da
distribuição granulométrica e da compacidade, em que outros fatores podiam estar a influenciar as
tensões de aderência, nomeadamente, as diferentes dosagens de cimento (apesar da dosagem de
ligante se manter), as diferentes adições e respetivas dosagens (apesar da dosagem de ligante se
manter), a utilização de uma areia fina com granulometria mais extensa e a utilização de varões de aço
53
com maior fR . Contudo, esta diversidade trouxe vantagens às análises tornando-as mais abrangentes
e mais próximas de uma utilização generalizada do LBC armado.

As composições dos LBC e os gráficos tensão de aderência-deslizamento de Freitas (2016) encontram-


se no Anexo E. À priori da análise, trataram-se os resultados de Freitas (2016) tendo em consideração
os seguintes pressupostos:

 Apenas foram utilizados os resultados dos provetes com o mesmo diâmetro, Φ12, que os desta
dissertação;
 Não foram utilizados os resultados a que Freitas (2016) se referiu como outliers, apesar da
discordância quanto aos métodos de restrição dos limites de identificação e severidade de
exclusão dos possíveis outliers adotados pelo autor;
 Todos os gráficos tensão de aderência-deslizamento foram observados por forma a confirmar o
modo de rotura por arrancamento e/ou identificar alguma anomalia;
 Os resultados médios foram corrigidos para uma fcm,28 de 25 MPa ao invés da fcm,28 de cada betão;
 Recorreu-se à expressão 4.12, na qual se utiliza √𝑓𝑐𝑚,28 ⁄𝑓𝑐𝑚,𝑗 , contrariamente a (Freitas, 2016),
que utiliza 𝑓𝑐𝑚,28 ⁄𝑓𝑐𝑚,𝑗 ;

Os valores médios corrigidos das τd,média e das τd,máx dos diferentes LBC de Freitas (2016) estão
indicados na Tabela 5.11. No estudo de Freitas (2016), o autor designou os diferentes LBC por C250,
LBC125 e LBC75, em que o número representa a quantidade de cimento. Os três LBC foram
formulados com a mesma dosagem de ligante de 250 kg/m3.

Tabela 5.11 – Valores médios corrigidos das τd,média e das τd,máx dos C250, dos LBC125 e dos LBC75 de Freitas
(2016).
Parâmetro C250 LBC125 LBC75
τd,média [MPa] 8,4 10,9 11,1
τd,máx [MPa] 18,7 24,1 27,0

5.4.4.1. Influência da distribuição granulométrica

A influência da distribuição granulométrica nas tensões de aderência foi analisada apenas para os LBC
com compacidades idênticas a 0,86, nomeadamente, os LBC125, os LBC75, os LBC_0,86_Alfred e os
LBC_0,86_Faury.

A Tabela 5.12 mostra a percentagem dos agregados constituintes dos LBC de Freitas (2016) com
compacidade 0,86 e discretiza a percentagem acumulada de passados no peneiro de 6,3 mm (a verde)
e dos retidos no peneiro de 6,3 mm (a vermelho) de cada agregado, sendo a percentagem de
agregados, assinalada a verde, inferior ao c de 7,8 mm dos varões de aço usados no trabalho de Freitas
(2016), aquela que contribui para o imbricamento entre nervuras transversais do varão de aço.
Naturalmente, os dois LBC obtiveram as mesmas percentagens porque ambos recorreram à
distribuição granulométrica de Funk e Dinger (Funk et al. 1980).

A influência da distribuição granulométrica nas τd,média e nas τd,máx é observável na Figura 5.11. As τd,média
apresentaram uma tendência negativa com a introdução dos resultados de Freitas (2016), em oposição

54
ao verificado em 5.4.2. No entanto, essa tendência não se constatou nas τd,máx, nas quais a tese de
imbricamento dos agregados entre as nervuras transversais do varão de aço não só se manteve como
apresentou maior expressividade. O acréscimo absoluto de cerca de 14% de agregados com
dimensões inferiores a c resultou, em média, num aumento das τd,máx de 12%⬆; não obstante de R2 <<
1 ter apontado para a não linearidade dos resultados associada, alegadamente, às ligeiras diferenças
entre as composições dos LBC desta dissertação e dos LBC de Freitas (2016).

Tabela 5.12 – Percentagem de cada agregado no LBC_0,86_Alfred e no LBC_0,86_Faury.


Areia fina Areia média
Areão 4/8 Brita 6/14 Σ agregados
Betão 0/3 0/4
[kg/m3] [kg/m3] [kg/m3]
[kg/m3] [kg/m3]
44,0 1080,1 287,2 630,6 2041,9
LBC125
2% 53% 12% 2% 3% 28% 70% 30%
43,5 1067,6 283,9 623,3 2018,3
LBC75
2% 53% 12% 2% 3% 28% 70% 30%

20,0 30,0
τd,média = -28,4∙x + 32,20 (*)
Tensão média de aderência

R² = 0,35 Tensão máxima de aderência τd,máx = 20,7∙x + 10,87 (*)


R² = 0,52

15,0 25,0 fcm,28 = 25 MPa


[MPa]

[MPa]

fcm,28 = 25 MPa
10,0 LBC125 20,0 LBC125
LBC75 LBC75
LBC_0,86_Alfred LBC_0,86_Alfred
LBC_0,86_Faury LBC_0,86_Faury
5,0 15,0
55 58 61 64 67 70 55 58 61 64 67 70
Agregados < c [%] Agregados < c [%]

(*) A variável x nas equações das retas não está em percentagem.


Figura 5.11 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a percentagem de agregados inferiores
ao afastamento entre as nervuras transversais, c.

Para melhor se compreender a tendência negativa das τd,média, compararam-se também as τd,0,01, τd,0,1,
e τd,1,0 desta dissertação com as de Freitas (2016) que, através da expressão 5.3, originam as τd,média
que se apresentam na Tabela 5.13. As elevadas τd,0,01 e τd,0,1 revelaram uma elevada capacidade
resistente aderente entre o varão de aço e os LBC_0,86_Alfred e os LBC_0,86_Faury sem que se
desenvolvessem deslizamentos significativos. Para além disso, a diferença positiva das τd,0,01 e das
τd,0,1 entre os LBC_0,86_Alfred e os LBC_0,86_Faury indica como possível causa o incremento da
percentagem de agregados com potencial de imbricamento. Porém, as τd,0,01 e as τd,0,1 nos LBC125 e
nos LBC75 apresentaram-se muito inferiores aos valores desta dissertação, apesar do aumento da
percentagem de agregados com potencial de imbricamento.

Portanto, concluiu-se que a dimensão dos agregados tem efetivamente influência nas tensões de
aderência, nomeadamente, nas tensões de aderência máximas. No entanto, mantém-se a incógnita da
sua influência nas tensões de aderência médias.

55
Tabela 5.13 – Comparação entre as médias das τd,0,01, τd,0,1, τd,1,0 e τd,média obtidas por Freitas (2016) e por
Pereira (2019).
Parâmetro LBC125 LBC75 LBC_0,86_Alfred (*) LBC_0,86_Faury (*)
[MPa] [MPa] [MPa] ΔLBC125 ΔLBC75 [MPa] ΔLBC125 ΔLBC75
τd,0,01 2,0 1,6 9,8 386% ⬆ 502% ⬆ 8,6 328% ⬆ 430% ⬆
τd,0,1 7,2 6,0 16,9 133% ⬇ 182% ⬆ 16,1 123% ⬆ 169% ⬆
τd,1,0 23,5 25,6 23,6 0% ⬌ -8% ⬌ 22,0 -6% ⬌ -14% ⬇
τd,média 10,9 11,1 16,7 53% ⬆ 51% ⬆ 15,6 43% ⬆ 41% ⬆
𝐹𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 (2016) 𝑃𝑒𝑟𝑒𝑖𝑟𝑎 (2019) 𝐹𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎𝑠 (2019)
(*) ∆= |(𝜏𝑑 − 𝜏𝑑 )⁄𝜏𝑑 | ∙ 100 [%] (5.1), em que: ⬆ representa a melhoria no desempenho
relativamente à τd de referência; ⬌ traduz o desempenho negativo igual ou superior a -10% face à τd de referência
e considerado pouco significativo; ⬇ indica o desempenho inferior a -10% à τd de referência.

5.4.4.2. Influência da compacidade

A influência da compacidade nas tensões de aderência foi analisada no conjunto de todos os resultados
médios das τd,média e das τd,máx obtidos nesta dissertação e por Freitas (2016). Esta abordagem visou à
análise da influência genérica do parâmetro da compacidade sem que houvesse restrições quanto à
distribuição granulométrica ou quanto ao tipo de adições a utilizar. Contudo, a disparidade dos
resultados das τd,média forçou uma análise mais restrita.

Os gráficos das Figura 5.12 relacionam a τd,média e a τd,máx com a compacidade. Discretizaram-se as
τd,média dos LBC, que registaram um acréscimo elevado da capacidade resistente de aderência para
pequenos deslocamentos com a compacidade, das τd,média dos LBC, que não registaram qualquer
influência da compacidade nas tensões de aderência para pequenos deslocamentos, nomeadamente
e respetivamente, as τd,média dos LBC com compacidades elevadas desta dissertação e as τd,média dos
LBC com compacidades elevadas de Freitas (2016). Esta abordagem revelou uma dependência linear
(𝑅2 ≅ 1) em ambos os casos, sendo que foi esta mais expressiva com a utilização dos LBC desta
dissertação. Isto é, o acréscimo absoluto de 0,05 de compacidade traduziu-se, no caso de menor
declive de tendência linear, num aumento da τd,média a rondar os 28%⬆ e, no caso de maior declive de
tendência linear, num aumento da τd,média de cerca de 98%⬆.

Não obstante da diversidade das composições dos LBC, as τd,máx foram analisadas com todos os
conjuntos de resultados dos dois estudos e indicaram que parte dos resultados da influência da
compacidade desenvolveram-se linearmente em relação às τd,máx (𝑅2 < 1), representando um aumento
de 38%⬆ com um acréscimo absoluto de 0,05 de compacidade.

56
25,0 25,0
C250 C250
LBC125
Tensão média de aderência

Tensão média de aderência


LBC125
LBC75 LBC75
LBC_0,86_Alfred LBC_0,86_Alfred
20,0 LBC_0,84_Alfred 20,0
LBC_0,82_Alfred LBC_0,84_Alfred
LBC_0,86_Faury LBC_0,82_Alfred
LBC_0,86_Faury
[MPa]

[MPa]
15,0 fcm,28 = 25 MPa 15,0 fcm,28 = 25 MPa

10,0 10,0
τd,média = 160,5∙σ - 121,78 τd,média = 47,9∙σ - 30,17
R² = 0,98 R² = 0,97
5,0 5,0
0,80 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87 0,80 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87
Compacidade Compacidade
35,0
Tensão máxima de aderência

C250
LBC125
LBC75
30,0 LBC_0,86_Alfred
LBC_0,84_Alfred
LBC_0,82_Alfred
[MPa]

25,0 LBC_0,86_Faury
fcm,28 = 25 MPa

20,0
τd,máx = 134,9∙σ - 92,02
R² = 0,79
15,0
0,80 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87
Compacidade
Figura 5.12 – Relação entre a compacidade e a τd,média, excluindo, no canto superior esquerdo, os LBC125 e
LBC75, e, no canto superior direito, os LBC_0,86 desta dissertação.

5.4.5. Códigos vigentes e propostas existentes de previsão das tensões de


aderência

Nesta secção comparam-se os resultados das tensões de aderência dos ensaios de arrancamento dos
LBC com o preconizado no Model Code 2010 (FIB, 2011), na proposta de Louro (2014) e na proposta
de Freitas (2016).

O Model Code 2010 (FIB, 2011) indica as seguintes expressões para definir a relação entre as τd e o
deslizamento, s, para carregamentos em regime monotónico:
𝑠𝑖 𝛼
𝜏𝑑,𝑖 = 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 ∙ ( ) se 0 ≤ 𝑠𝑖 ≤ 𝑠1 (5.4)
𝑠1
𝜏𝑑,𝑖 = 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 se 𝑠1 ≤ 𝑠𝑖 ≤ 𝑠2 (5.5)
𝑠𝑖 − 𝑠2
𝜏𝑑,𝑖 = 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 − (𝜏𝑑,𝑚á𝑥 − 𝜏𝑑,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 ) ∙ se 𝑠2 ≤ 𝑠𝑖 ≤ 𝑠3 (5.6)
𝑠3 − 𝑠2
𝜏𝑑,𝑖 = 𝜏𝑑,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 se 𝑠3 > 𝑠𝑖 (5.7)
O Model Code 2010 (FIB, 2011) impõem determinados valores para os diferentes parâmetros das
expressões 5.4 a 5.7, consoante as condições de aderência, o comprimento aderente e o modo de
rotura. A Tabela 5.14 apresenta os valores dos parâmetros das expressões 5.4 a 5.7 preconizados pelo
Model Code 2010 (FIB, 2011) para condições de “boa” aderência, comprimentos aderentes de 5Φ e

57
modo de rotura por arrancamento. A expressão é válida para os fR,min recomendadas pelo Anexo C da
Norma Europeia (EN) do Eurocódigo 2 (2010).

Tabela 5.14 – Parâmetros para a definição da relação tensão de aderência-deslizamento preconizada no Model
Code 2010 (FIB, 2011).

Parâmetro Model Code 2010


τd,máx [MPa] 2,5√fcm,28 (5.8)
s1 [mm] 1,0
s2 [mm] 2,0
s3 [mm] c (*)
α 0,4
τd,atrito [MPa] 0,40∙ τd,máx (5.9)
(*) c é o afastamento médio entre nervuras transversais do varão de aço.

No que diz respeito apenas às tensões de aderência, os estudos de Louro (2014), de Freitas (2016) e
desta dissertação mostraram a dependência das tensões de aderência não só da resistência à
compressão como da área relativa das nervuras transversais dos varões de aço, da compacidade do
betão e da dimensão dos agregados.

Para contemplar a área relativa das nervuras transversais dos varões, Louro (2014) propôs que a τd,máx
variasse entre 2,35 e 2,65 vezes a √ fcm,cubo,28 dependendo da fR ser diminuta ou elevada,
respetivamente. Enquanto que, Freitas (2016) propôs que o valor de τd,máx recomendado pelo Model
Code 2010 fosse multiplicado pelo quociente entre a fR média e a fR mínima especificada na
Especificação LNEC E460 (2017) e no Anexo C do Anexo Nacional (NA) do Eurocódigo 2 (2010)
(expressão 3.5) afirmando que, uma vez que o regulamento foi ajustado para a fR mínima especificada,
não representativa do quantilho de 95% dos varões do mercado, seria interessante tirar partido desse
acréscimo. De realçar que a correção sugerida por Freitas (2016) segue uma dependência linear da fR
perante a τd,máx.

Para contemplar a compacidade do betão, Freitas (2016) sugeriu que, para além da contribuição da fR,
se somasse ao valor máximo, a diferença percentual entre a compacidade registada e uma
compacidade de referência de 0,81 (expressão 3.5). De notar que esta parcela da compacidade devolve
um valor em MPa, apesar de ter apenas parâmetros adimensionais.

No que diz respeito ao deslizamento, Louro (2014) sugeriu que s1 e s2 tomassem os valores de 0,5 mm
e 1,5 mm, respetivamente, aquando da presença de fR elevados.

Posto isto, a Tabela 5.15 apresenta as expressões e os valores preconizados pelos autores para as
condições de ensaio desta dissertação. Saliente-se que os varões utilizados nesta dissertação se
enquadram no lote de varões com fR diminutas de Louro (2014).

58
Tabela 5.15 – Parâmetros para a definição das relações da tensão de aderência-deslizamento propostas por
Louro (2014) e por Freitas (2016).

Parâmetro Proposta Louro (2014) Proposta Freitas (2016)


τd,máx [MPa] 2,35√fcm,cubo,28 (5.10) 2,5 ∙ √𝑓𝑐𝑚,𝑐𝑢𝑏𝑜,28 ∙ 𝑘𝑓𝑅 + 𝑘𝜎 (3.5)
s1 [mm] 1,0 1,0
s2 [mm] 2,0 2,0
s3 [mm] c (*) c (*)
α 0,4 0,4
τd,atrito [MPa] 0,40∙ τd,máx (5.9) 0,40∙ τd,máx (5.9)
kfR 𝑓𝑅 ⁄𝑓𝑅,𝑚𝑖𝑛 (5.11)
kσ (*) 100 ∙ (𝜎 − 0,81) (3.6)
(*) c é o afastamento médio entre nervuras transversais do varão de aço e σ é a compacidade do betão.

Os modelos de previsão da tensão de aderência-deslizamento para os diferentes LBC e os desvios


percentuais à exatidão dos resultados experimentais em relação aos diferentes modelos de previsão
estão expostos na Figura 5.13 e na Tabela 5.16, respetivamente. A proposta de Freitas (2016) foi a
que previu mais fidedignamente os resultados experimentais, em especial, as τd,máx. Esta acompanhou
o acréscimo das tensões de aderência que se fez sentir com o aumento da compacidade. Porém, para
elevados valores de compacidade, nenhuma das propostas reproduziu corretamente os resultados
experimentais das τd,atrito.
30 1º POT 30 6º POT
3º POT 7º POT
Tensão de aderência [MPa]

Tensão de aderência [MPa]

25 4º POT 25 8º POT
5º POT 9º POT
20 Model Code 2010 20 10º POT
Proposta Louro (2014) Model Code 2010
Proposta Freitas (2016) Proposta Louro (2014)
15 15
Proposta Freitas (2016)
fcm,28 = 29,7 MPa
10 10 fcm,28 = 20,2 MPa

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
30 11º POT 30 16º POT
12º POT 17º POT
Tensão de aderência [MPa]

Tensão de aderência [MPa]

25 13º POT 25 18º POT


14º POT 19º POT
20 15º POT 20 20º POT
Model Code 2010 Model Code 2010
Proposta Louro (2014) Proposta Louro (2014)
15 15
Proposta Freitas (2016) Proposta Freitas (2016)

10 fcm,28 = 14,7 MPa 10 fcm,28 = 26,9 MPa

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
Figura 5.13 – Modelos de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento dos LBC_0,86_Alfred (canto
superior esquerdo), dos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), dos LBC_0,82_Alfred (canto inferior esquerdo)
e dos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito).

59
Tabela 5.16 – Desvio à exatidão dos resultados experimentais com os teóricos.
Resultados Model Code Proposta Proposta
Parâmetros Provetes de POT experimentais 2010 Louro (2014) Freitas (2016)
[MPa] [MPa] (*) [%] [MPa] (*) [%] [MPa] (*) [%]
LBC_0,86_Alfred 18,2 7,1 156% ⬆ 7,3 149% ⬆ 12,8 42% ⬆
LBC_0,84_Alfred 12,0 5,8 107% ⬆ 6,0 100% ⬆ 9,9 21% ⬆
τd,média
LBC_0,82_Alfred 7,2 5,0 40% ⬆ 5,2 35% ⬆ 7,7 -9% ⬌
LBC_0,86_Faury 16,2 6,7 142% ⬆ 7,0 131% ⬆ 12,3 32% ⬆
LBC_0,86_Alfred 26,2 13,6 93% ⬆ 14,1 86% ⬆ 24,6 7% ⬆
LBC_0,84_Alfred 20,0 11,2 79% ⬆ 11,6 72% ⬆ 19,2 4% ⬆
τd,máx
LBC_0,82_Alfred 13,4 9,2 46% ⬆ 9,9 35% ⬆ 14,8 -9% ⬌
LBC_0,86_Faury 23,5 13,0 81% ⬆ 13,5 74% ⬆ 23,7 -1% ⬌
LBC_0,86_Alfred 8,2 5,4 52% ⬆ 5,7 44% ⬆ 9,8 -16% ⬇
LBC_0,84_Alfred 6,5 4,5 44% ⬆ 4,7 38% ⬆ 7,7 -16% ⬇
τd,atrito
LBC_0,82_Alfred 3,7 3,8 -3% ⬌ 4,0 -8% ⬌ 5,9 -37% ⬇
LBC_0,86_Faury 7,6 5,2 46% ⬆ 5,4 41% ⬆ 9,5 -20% ⬇
(*) 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 à 𝑒𝑥𝑎𝑡𝑖𝑑ã𝑜 = |𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝜏𝑑,𝑒𝑥𝑝 ⁄𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 | ∙ 100 (5.1), em que: ⬆ representa a melhoria no desempenho
relativamente à τd de referência; ⬌ traduz o desempenho negativo igual ou superior a -10% face à τd de referência
e considerado pouco significativo; ⬇ indica o desempenho inferior a -10% à τd de referência.

5.4.6. Nova definição da lei de previsão da relação tensão de aderência-


deslizamento

Após a comparação dos diversos modelos de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento


existentes, decidiu-se refinar e propor uma nova definição da previsão da relação tensão de aderência-
-deslizamento com correções não só nos valores das tensões de aderência como nos deslizamentos
correspondentes. A abordagem seguiu o fluxograma que se apresenta na Figura 5.14.

5.4.6.1. Tensão máxima de aderência

O erro experimental inferior a 10%, em módulo, das τd,máx em relação à proposta de Freitas (2016)
apontou à partida para uma boa relação entre a proposta do autor e os resultados experimentais desta
dissertação. Porém, ao dissecar o coeficiente associado à área relativa das nervuras transversais, kfR,

e a parcela associada à compacidade, kσ, percebeu-se que a contribuição destes não estava
equilibrada. O declive abrupto associado à variação do kfR de Freitas (2016) não é representativo da

influência da área relativa das nervuras transversais nas τd,máx (Figura 5.15) e, por conseguinte, se o
desvio à exatidão das τd,máx é inferior a 10%, em módulo, e o kfR é elevado, a contribuição de kσ é

diminuta, logo a influência da compacidade tem mais expressividade do que aquela que Freitas (2016)
propôs.

Então, recordando o robusto estudo de André & Pipa (2010) sobre a influência da fR nas τd,máx referido
no capítulo do estado da arte da aderência, recorreu-se à tendência linear positiva da relação τd,máx-fR
apresentada pelos autores (expressão 3.3 e Figura 5.15) para a nova definição proposta nesta
dissertação.

60
Figura 5.14 – Fluxograma da abordagem da correção da definição da relação tensão de aderência-deslizamento.

30
Model Code 2010
Tensão máxima de aderência

Resultados André & Pipa (2010)


25 Proposta Freitas (2016)
fcm,28 = 25 MPa Λ Φ12
20 τd,máx = 62,66∙fR + 11,572
[MPa]

15

10 τd,máx = 2,5∙√(fcm,28)
τd,máx = 2,5∙√(fcm,28) ∙(fR / fR,min)

5
0,035 0,044 0,052 0,061 0,069 0,078 0,086 0,095 0,103 0,112 0,120
Área relativa das nervuras transversais
Figura 5.15 – Relação entre as τd,máx e a fR proposta pelo Model Code 2010 e por Freitas (2016) e relação entre

as τd,máx e a fR dos resultados experimentais de André & Pipa (2010).

Assim, deduziu-se o coeficiente η fR (anexo F) que multiplica à expressão 5.8 preconizada pelo Model

Code 2010 (FIB, 2011), obteve-se a expressão seguinte,


𝜂𝑓𝑅 = (5013 ∙ 𝑓𝑅 + 925,8) ∙ 10−3 (5.12)

Quanto ao parâmetro da compacidade, recorreu-se à análise conjunta dos resultados experimentais


desta dissertação com os de Freitas (2016), apresentada na Figura 5.12, por forma a definir a influência
da compacidade na τd,máx. Esta opção, em contrapartida à utilização exclusiva dos resultados
experimentais desta dissertação, imprimiu à proposta uma maior abrangência; não obstante de 21%
61
da variação das τd,máx (R2 = 0,79) não ser explicável linearmente pela função seguinte, retirada da
análise,
𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = 134,9 ∙ 𝜎 − 92,02 (5.13)
Com isto, definiu-se o coeficiente associado à compacidade, ησ, (anexo F) que multiplica à expressão
5.8 preconizada pelo Model Code 2010 (FIB, 2011) e ao ηfR, e que se calcula pela expressão,

𝜂𝜎 = (8353 ∙ 𝜎 − 5699) ∙ 10−3 (5.14)

Por forma a afirmar a generalidade da proposta, cruzaram-se os resultados experimentais de quatro


estudos distintos, incluindo os desta dissertação, nos quais foi possível o acesso aos resultados
experimentais detalhados, num total de 98 ensaios de arrancamento em regime monotónico,
envolvendo:
 três diâmetros diferentes, nomeadamente, Φ12, Φ16 e Φ25;
 doze áreas relativas de nervuras transversais diferentes entre 0,066 e 0,101;
 dez betões díspares, nos quais sete são LBC e três são betões de referência;
 seis compacidades diferentes de 0,78 a 0,86;
 modos de rotura idênticos, nomeadamente, por arrancamento.

Nesta análise, também foi incluído o valor médio das tensões máximas de aderência da base de dados
do Model Code 2010 (FIB, 2011; Cairns, 2015). Este valor assenta num conjunto de resultados
experimentais de tensões máximas de aderência em provetes com varões de Φ25 e com varões de fR
iguais à fR,min recomendada para os varões de Φ25 pelo Anexo C da Norma Europeia (EN) do
Eurocódigo 2 (2010) e com betões de fcm,28 de 25 MPa e de compacidades de referência (Cairns, 2015).

Ao entrelaçar toda esta informação, foi percetível, através do gráfico da Figura 5.16 e da Tabela do
Anexo G, a influência negativa do sucessivo aumento dos diâmetros nas tensões de aderência. A
passagem de Φ12 para Φ16 e de Φ12 para Φ25 conduz a um decréscimo de, aproximadamente, 5 a
10%⬌ e de 15 a 20%⬇, respetivamente, nas τd,máx, apesar do trabalho de André & Pipa (2010) não ter
em consideração esta conotação negativa do diâmetro, contrariamente ao estudo de Louro (2014).
1,5
Φ12_Pereira (2019)
Φ12_Freitas (2016)
1,3 Φ12_André (2010)
τd,máx,exp / τd,máx,proposta

Φ16_Freitas (2016)
Φ16_Louro (2014)
1,1 Φ16_André & Pipa (2010)
Φ25_Louro (2014)
0,9 Φ25_André & Pipa (2010)
Φ25_Model Code 2010
y = -9,6∙10-3∙Φ + 1,140
0,7

0,5
8 12 16 20 24 28 32
Diâmetro [mm]
Figura 5.16 – Influência do diâmetro nas tensões máximas de aderência.

Com isto, analogicamente ao procedido pelo Model Code 2010 (FIB, 2011; Cairns 2015) no ajuste das
fórmulas que preconiza, calibraram-se os parâmetros ηfR e ησ para as tensões máximas de aderência

62
desenvolvidas em varões de Φ25 (anexo F). Este pequeno ajuste proporcionou ainda uma maior
abrangência à nova proposta de previsão das tensões máximas de aderência, devolvendo tensões de
aderência conservativas em varões de diâmetros inferiores a 25 mm.

Então, a proposta para a definição das tensões de aderência máximas numa rotura por arrancamento,
considerando a influência da resistência do betão à compressão, do diâmetro, da área relativa das
nervuras transversais e da compacidade, dá-se pela expressão,
𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = 2,5 ∙ 𝜂𝑓𝑅 ∙ 𝜂𝜎 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 (5.15)
com,
𝜂𝑓𝑅 = (4757 ∙ 𝑓𝑅 + 878,5) ∙ 10−3 (5.16)
e,
𝜂𝜎 = (7927 ∙ 𝜎 − 5408) ∙ 10−3 (5.17)
onde,
fcm,28 é o valor médio da resistência à compressão aos 28 dias;
ησ é o parâmetro associado à variação linear da compacidade, σ;
ηfR é o parâmetro associado à variação linear da área relativa das nervuras transversais, fR.

A Tabela 5.17 corrobora a abrangência da proposta 5.15 e valida o seu caráter conservativo para
varões de diâmetro inferior a 25 mm.

Para finalizar, sendo que a ponte entre os valores médios das tensões máximas de aderência e os
valores característicos e de cálculo das tensões máximas de aderência não está explicita no Eurocódigo
2 nem no Model Code 2010 (FIB, 2011), sugere-se a possibilidade de esta transição entres valores se
faça via resistência à compressão do betão, isto é, se se pretender o valor característico das tensões
máximas de aderência, utiliza-se o valor característico da resistência à compressão aos 28 dias, fck, ao
invés do fcm,28; se se pretender o valor de cálculo das tensões máximas de aderência, utiliza-se o valor
de cálculo da resistência à compressão aos 28 dias, fcd. Não obstante da benesse de se utilizar o
coeficiente de segurança do betão, que na prática é frequentemente utilizado pelo Model Code 2010
(FIB, 2011), aquando se refere às tensões de aderência.

63
Tabela 5.17 – Comparação entre os resultados médios experimentais das τd,máx de André & Pipa (2010), de

Louro (2014), de Freitas (2016) e desta dissertação com as τd,máx da proposta 5.15.

fcm,28
τd,máx Proposta Desvio à
Φ Referência Provetes de POT fR σ experimental final 5.15 exatidão
[MPa] [MPa] [MPa] (*)
LBC_0,86_Alfred 0,073 0,86 29,7 26,1 23,5 11% ⬆
Pereira LBC_0,84_Alfred 0,073 0,84 20,2 20,1 17,2 17% ⬆
(2019) LBC_0,82_Alfred 0,073 0,82 14,7 13,5 12,8 5% ⬆
LBC_0,86_Faury 0,073 0,86 26,9 23,9 22,4 7% ⬆
12 C250 0,082 0,81 31,5 21,0 18,0 17% ⬆
Freitas
LBC125 0,082 0,86 26,2 24,7 22,9 8% ⬆
(2016)
LBC75 0,082 0,86 17,1 22,3 18,5 21% ⬆
André & fR < 0,073 0,79 25 16,2 13,6 19% ⬆
Pipa (2010) fR > 0,090 0,79 25 17,2 14,5 19% ⬆
C250 0,066 0,81 31,5 19,2 16,9 13% ⬆
Freitas
LBC125 0,066 0,86 26,2 22,6 21,5 5% ⬆
(2016)
LBC75 0,066 0,86 17,1 18,9 17,4 9% ⬆
A_C1_16 0,081 0,79 38 15,8 15,9 0% ⬌
16 Louro B_C1_16 0,099 0,79 38 18,0 17,8 1% ⬆
(2014) A_C2_16 0,081 0,78 58 22,1 19,4 14% ⬆
B_C2_16 0,099 0,78 58 22,2 20,7 7% ⬆
André & fR < 0,073 0,79 25 16,2 13,6 19% ⬆
Pipa (2010) fR > 0,093 0,79 25 17,4 14,6 19% ⬆
A_C1_25 0,096 0,79 38 17,3 16,8 3% ⬆
Louro B_C1_25 0,101 0,79 38 16,1 17,1 -6% ⬌
(2014) A_C2_25 0,096 0,78 58 18,0 19,7 -9% ⬌
B_C2_25 0,101 0,78 58 17,9 20,0 -10% ⬌
25
André & fR < 0,070 0,79 25 16,0 13,4 19% ⬆
Pipa (2010) fR > 0,085 0,79 25 16,9 14,2 19% ⬆
MC2010
(FIB, 2011; Base de dados 0,056 ≈ 0,79 25 12,5 12,4 0% ⬌
Cairns, 2015)
(*) 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 à 𝑒𝑥𝑎𝑡𝑖𝑑ã𝑜 = |𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝜏𝑑,𝑒𝑥𝑝 ⁄𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 | ∙ 100 (5.1), em que: ⬆ representa a melhoria no desempenho
relativamente à τd de referência; ⬌ traduz o desempenho negativo igual ou superior a -10% face à τd de referência
e considerado pouco significativo; ⬇ indica o desempenho inferior a -10% à τd de referência.

5.4.6.2. Rigidez do ramo ascendente – deslocamentos e tensão média de aderência

A rigidez do ramo ascendente da relação tensão de aderência-deslizamento governa os deslocamentos


nos estados inicias de carga e, por conseguinte, as tensões médias de aderência (expressão 5.3). Esta
dependência dos deslizamentos provoca inevitavelmente uma maior variabilidade dos resultados, em
especial nas tensões de aderência a 0,01 mm de deslizamento, seja associado ao comportamento
intrinsecamente volátil da ligação entre os dois materiais para deslizamentos diminutos, seja associado
ao erro na leitura ou na fixação do transdutor de deslocamento.

Apesar disso, tal como se observou nas secções 5.4.2 e 5.4.4.2, a análise das tensões médias desta
dissertação evidenciou a influência positiva do aumento da compacidade nas tensões médias de
aderência, apesar de se apresentar menos expressiva na análise conjunta com os resultados de Freitas

64
(2016). Aquando da análise em conjunto com os resultados de Freitas (2016), a disparidade dos
resultados agravou-se, impossibilitando uma proposta de previsão das tensões médias de aderência
tão robusta como a proposta para a previsão das tensões máximas de aderência. Como tal, a proposta
de previsão das tensões médias utilizou exclusivamente os resultados desta dissertação no calibre da
mesma. De salientar que a Tabela 5.16 corrobora a evidência positiva da compacidade nas tensões
médias com os crescentes aumentos dos desvios à exatidão dos resultados experimentais em relação
às diferentes fórmulas.

Tal como sucedeu para as tensões médias de aderência, os deslizamentos s1, referentes à tensão
máxima, também revelaram uma ligeira dependência da compacidade, o que seria expectável uma vez
ambos estão ligados à rigidez do ramo ascendente da relação tensão de aderência-deslizamento. Tal
como se analisou na secção 5.4.2, os deslizamentos s1 diminuíram com o incremento da compacidade
deslocando o pico do gráfico da relação tensão de aderência-deslizamento ligeiramente para a
esquerda e, por conseguinte, aumentando a rigidez do ramo ascendente.

Assim, corrigiram-se, via gráfica e por meio do erro percentual, o deslizamento s1 e o parâmetro α para
que variassem em função da compacidade, obtendo-se as expressões seguintes:
𝑠1 = 1,0 − 5 ∙ (𝜎 − 0,82) para 𝜎 ≥ 0,82 (5.18)
e,
𝛼 = 0,4 − 4 ∙ (𝜎 − 0,82) para 𝜎 ≥ 0,82 (5.19)
A Tabela 5.18 refere os desvios à exatidão dos resultados experimentais desta dissertação em relação
às propostas 5.18 e 5.19 aliadas à expressão 5.15. No Anexo G estão igualmente apresentados os
desvios à exatidão, mas utilizando a proposta 5.15 calibrada para varões de Φ12.

Tabela 5.18 – Comparação entre os resultados médios experimentais das τd,méd desta dissertação com as τd,méd
do conjunto das propostas 5.15, 5.18 e 5.19.

fcm,28
τd,méd Conjunto de propostas
Provetes de POT Φ fR σ experimental 5.15, 5.18 e 5.19
[MPa] [MPa] [MPa] (eq. 5.1) [%]
LBC_0,86_Alfred 0,86 29,7 18,2 15,3 19% ⬆
LBC_0,84_Alfred 0,84 20,2 12,0 9,9 21% ⬆
12 0,073
LBC_0,82_Alfred 0,82 14,7 7,2 6,7 8% ⬆
LBC_0,86_Faury 0,86 26,9 16,2 14,6 11% ⬆

5.4.6.3. Ramo descendente e tensões de aderência de atrito

O ramo descendente da relação tensão de aderência-deslizamento está limitado entre dois


deslizamentos, s2 e s3. O ajuste das propostas desta secção foi realizada graficamente e com recurso
aos desvios à exatidão dos resultados experimentais. Recorreu-se exclusivamente aos resultados
experimentais desta dissertação, devido à falta de informação sobre as tensões de atrito na literatura.

O deslizamento s2 segue naturalmente uma equação semelhante à 5.18, ou seja,


𝑠2 = 2,0 − 5 ∙ (𝜎 − 0,82) para 𝜎 ≥ 0,82 (5.20)

O deslizamento s3 toma como valor, o afastamento entre as nervuras transversais, c, sendo este o
mesmo valor que o Model Code 2010 (FIB, 2011) preconiza. Esta conclusão era expectável visto que
para deslizamentos superiores ao afastamento entre nervuras transversais, a ligação do betão entre as

65
nervuras e o betão adjacente a este se encontra completamente destruída, passando a aderência a ser
exclusivamente regida pelo atrito.

Quanto ao valor das tensões de atrito de aderência, o Model Code 2010 (FIB, 2011) indica que as
tensões de atrito são iguais a 40% das tensões de máximas de aderência. No entanto, os LBC desta
dissertação apontam para tensões de atrito na ordem dos 30% das tensões de máximas. Como tal, a
previsão das tensões de atrito de aderência nos LBC dão-se pela expressão,
𝜏𝑑,𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 0,30 ∙ 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 (5.21)
A Tabela 5.19 refere os desvios à exatidão dos resultados experimentais desta dissertação em relação
à proposta 5.21 aliada à expressão 5.15. No Anexo G estão igualmente apresentados os desvios à
exatidão, mas utilizando a proposta 5.15 calibrada para varões de Φ12.

Tabela 5.19 – Comparação entre os resultados médios experimentais das τd,atrito desta dissertação com as τd,atrito
do conjunto das propostas 5.15 e 5.21.

fcm,28
τd,atrito Conjunto de propostas
Provetes de POT Φ fR σ experimental 5.15 e 5.21
[MPa] [MPa] [MPa] (*) [%]
LBC_0,86_Alfred 0,86 29,7 8,2 7,1 16% ⬆
LBC_0,84_Alfred 0,84 20,2 6,5 5,2 26% ⬆
12 0,073
LBC_0,82_Alfred 0,82 14,7 3,7 3,8 -4% ⬌
LBC_0,86_Faury 0,86 26,9 7,6 6,7 13% ⬆

5.4.6.4. Relação final tensão de aderência-deslizamento

Esta seção aglomera todas as conclusões obtidas nas secções 5.4.6.1 a 5.4.6.3. A Tabela 5.20
apresenta todos os parâmetros e respetivas fórmulas, que aliadas às expressões 5.4 a 5.7 do Model
Code 2010 (FIB, 2011) constroem os gráficos da relação tensão de aderência-deslizamento da Figura
5.17. As expressões são válidas para condições de “boa” aderência e rotura por arrancamento.

Tabela 5.20 – Parâmetros para a nova definição da lei de previsão da relação entre a tensão de aderência e o
deslizamento.

Parâmetro Proposta de nova definição da lei de previsão


τd,máx [MPa] 2,5 ∙ 𝜂𝑓𝑅 ∙ 𝜂𝜎 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 (5.15)
ηfR (*) (4757 ∙ 𝑓𝑅 + 878,5) ∙ 10−3 (5.16)
ησ (*) (7927 ∙ 𝜎 − 5408) ∙ 10−3 (5.17)
s1 [mm] 1,0 − 5 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.18)
s2 [mm] 2,0 − 5 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.20)
s3 [mm] c (*)
α 0,4 − 4 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.19)
0,30 ∙ 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 para LCC (*) (5.21)
τd,atrito [MPa]
0,40 ∙ 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 para RC (*) (5.9)
(*) fR é área relativa entre as nervuras transversais, σ é a compacidade do betão, c é o afastamento médio entre
nervuras transversais do varão de aço e LCC e RC são os acrónimos de betão com baixa dosagem de cimento e
de betão de referência, respetivamente.

66
30 30
1º POT 6º POT
3º POT 7º POT
Tensão de aderência [MPa]

Tensão de aderência [MPa]


25 4º POT 25 8º POT
5º POT 9º POT
20 Model Code 2010 20 10º POT
Proposta Pereira (2019) Model Code 2010
15 15 Proposta Pereira (2019)
fcm,28 = 29,7 MPa
fcm,28 = 20,2 MPa
10 10

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
30 30
11º POT 16º POT
17º POT
Tensão de aderência [MPa]

Tensão de aderência [MPa]


12º POT
25 25
13º POT 18º POT
14º POT 19º POT
20 15º POT 20 20º POT
Model Code 2010 Model Code 2010
15 Proposta Freitas (2019) 15 Proposta Freitas (2019)
fcm,28 = 14,7 MPa fcm,28 = 26,9 MPa
10 10

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
Figura 5.17 – Nova lei de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento comparando aos
LBC_0,86_Alfred (canto superior esquerdo), aos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), aos LBC_0,82_Alfred
(canto inferior esquerdo) e aos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito).

Caracterização da aderência varão-LCRAC

5.5.1. Resultados dos ensaios de arrancamento

Nesta secção apresentam-se e, posteriormente, analisam-se os resultados experimentais dos ensaios


de arrancamento dos provetes do tipo LCRAC. Em condições de “boa” aderência, segundo o Model
Code 2010 (FIB, 2011) e o Eurocódigo 2 (2010), o modo de rotura de todos os provetes foi por
arrancamento.

Os pressupostos adotados no subcapítulo anterior para obter os valores das tensões de aderência, τd,
mantiveram-se. Os gráficos da relação entre a tensão de aderência, τd, e os deslizamentos obtidos nos
ensaios de arrancamento dos LCRAC encontram-se no Anexo C. Em adição, também estão disponíveis
os valores da τd,máx e do respetivo deslizamento, s1; da τd,média e dos respetivos deslizamentos que estão
na base do seu cálculo; e da τd,atrito e do deslizamento s3, ao qual a τd,atrito é atingida após rotura.

Os resultados dos ensaios de arrancamento dos LCRAC foram submetidos a uma análise estatística
com meios e critérios idênticos aos dos LBC e com o mesmo objetivo em mente, de oferecer robustez
aos resultados experimentais.

67
As Figuras 5.18 e 5.19 mostram os gráficos box-plot das τd,média e das τd,máx dos diferentes LCRAC. A
τd,média do ensaio de arrancamento número 33, o terceiro do LCRAC_80, foi apontado como possível
outlier no conjunto de resultados dos ensaios de arrancamento do LCRAC_80, no entanto, não
ultrapassou o limite de 𝑄3 + 2,2 ∙ (𝑄3 − 𝑄1 ) (– – –) validando parcialmente o valor. Adicionalmente, o
histograma com intervalos de 1 MPa da Figura 5.18 validou-o como um valor plausível. De realçar que
o histograma do LCRAC_80 tem intervalos maiores que o histograma do LBC_0,82_Alfred analisado
no subcapítulo anterior, porque o LCRAC_80 apresentou uma maior disparidade entre os seus
resultados, tal como se observa ao comparar os coeficientes de variação entre os dois betões (Tabelas
5.9 e 5.21).

fcm,28 = 24,5 MPa

fcm,28 = 19,3 MPa

fcm,28 = 15,5 MPa

Figura 5.18 – Gráfico box-plot das τd,média de todos os LCRAC (à esquerda) e histograma das τd,média dos
LCRAC_80 (à direita).

fcm,28 = 24,5 MPa

fcm,28 = 19,3 MPa

fcm,28 = 15,5 MPa

Figura 5.19 – Gráfico box-plot das τd,máx dos LCRAC.

Conclui-se que todos os resultados dos ensaios de arrancamento dos LCRAC foram plausíveis dentro
do seu conjunto de resultados, por conseguinte, não foi necessário excluir nenhum. Os resultados são
reflexo do rigor dos ensaios de arrancamento desta campanha experimental.

A mediana, a média e o desvio padrão de cada conjunto de resultados está apresentada na Tabela
5.21 e os gráficos tensão-deslizamento obtidos estão representados na Figura 5.20. Tal como verificado
nos ensaios de arrancamento dos LBC, o ramo ascendente de todos os ensaios corrobora o zelo para
com os provetes durante a campanha experimental.

Tabela 5.21 – Resumo estatístico dos resultados obtidos dos ensaios de arrancamento dos LCRAC.

Parâmetro Provetes de POT Mediana Média Desvio padrão

LCRAC_30 15,6 15,6 1,39


τd,média LCRAC_55 12,2 11,9 1,20
LCRAC_80 9,3 9,3 1,23
LCRAC_30 22,8 23,5 2,43
τd,máx LCRAC_55 17,5 17,0 1,53
LCRAC_80 12,9 12,7 1,10

68
30 30
Tensão de aderência [MPa]
fcm,28 = 24,5 MPa fcm,28 = 19,3 MPa

Tensão de aderência [MPa]


25 25
21ºPOT 26ºPOT
22ºPOT 27ºPOT
20 20
23ºPOT 28ºPOT
15 24ºPOT 15 29ºPOT
25ºPOT 30ºPOT
10 10

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
30
fcm,28 = 15,5 MPa
Tensão de aderência [MPa]

25 31ºPOT
32ºPOT
20
33ºPOT
15 34ºPOT
35ºPOT
10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm]
Figura 5.20 – Gráficos tensão de aderência-deslizamento dos LCRAC_30 (canto superior esquerdo), dos
LCRAC_55 (canto superior direito) e dos LBC_0,82_Alfred (centro inferior).

5.5.2. Influência dos RA

À semelhança dos LBC, a resistência à compressão também varia inevitavelmente entre os diferentes
LCRAC, neste caso, devido à variação da taxa de substituição de NA por RA. Para isolar a variável em
estudo, uniformizou-se a fcm,28 para 25 MPa no cálculo das τd através da expressão (4.12).

A análise dos resultados dos ensaios de arrancamento dos LCRAC_30, dos LCRAC_55 e dos
LCRAC_80 permitiu avaliar a influência dos RA na aderência entre os LCRAC e os varões de aço. Os
gráficos da Figura 5.21 expõem a influência dos RA nas tensões médias e máximas de aderência.
Ambas as τd,média e τd,máx revelaram uma tendência linear ( 𝑅2 ≅ 1 ) negativa com aumento da
incorporação dos RA nos LCRAC, sendo essa tendência mais expressiva nas τd,máx como se observa
através dos declives da retas dos gráficos da figura 5.21.

69
Tensão média de aderência [MPa] 20,0 25,0

Tensão máxmia de aderência [MPa]


fcm,28 = 25 MPa fcm,28 = 25 MPa

15,0 20,0

τd,média = -8,0∙x + 18,06 (*) τd,média = -15,2∙x + 28,08 (*)


R² = 1,00 R² = 0,99
10,0 15,0
LCRAC_30 LCRAC_30
LCRAC_55 LCRAC_55
LCRAC_80 LCRAC_80
5,0 10,0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Taxa de substituição de NA por RA [%] Taxa de substituição de NA por RA [%]

(*) A variável x nas equações das retas não está em percentagem.


Figura 5.21 – Relação entre a τd,média (esquerda) ou a τd,máx (direita) e a taxa de substituição de NA por RA.

Porém, os seis estudos discutidos e apresentados no capítulo do estado da arte da aderência apontam
para variações desprezáveis com o aumento dos RA. No entanto, estes estudos incidem a substituição
de NA por RA apenas nos agregados grossos. Por outro lado, o trabalho de Butler et al. (2011) verifica
a possibilidade da substituição dos NA finos por RA finos reduzir as tensões de aderência.

Posto isto, apontou-se a possibilidade de as tensões de aderência estarem a diminuir abruptamente


devido, em grande parte, à substituição dos NA inferiores ao afastamento entre nervuras transversais
pelos RA inferiores ao afastamento entre nervuras, visto que estes têm uma resistência mecânica
inferior aos NA e, por conseguinte, são mais facilmente “cortados” ou “esmagados”. Na Tabela 5.22
estão indicadas as percentagens acumuladas de passados no peneiro de 6,3 mm (a verde) e dos
retidos no peneiro de 6,3 mm (a vermelho) de cada agregado, para cada LCRAC.

Os gráficos da Figura 5.22 apresentam as τd,média e as τd,máx em função da percentagem de RA inferiores


ao afastamento entre nervuras transversais com potencial de imbricamento entre as nervuras
transversais. Expetavelmente, ambas as tensões diminuíram com aumento da taxa de substituição. A
tendência manteve-se parcialmente linear (𝑅2 < 1) e apresentou uma tendência de maior declive
negativo. A substituição de 34% de NA inferiores ao afastamento entre nervuras transversais por RA
inferiores ao afastamento entre nervuras transversais apresentou uma redução das τd,média e das τd,máx
de 25%⬇ e 32%⬇, respetivamente.
Tabela 5.22 – Percentagem de RA inferiores ao afastamento entre nervuras em relação ao total de agregados de
cada LCRAC.

Betão RCD 1/20 RCD 4/20 RCD 10/20 Σ RA


0,0 0,0 476,0 476,0
LCRAC_30
0% 30% 0% 30%
0,0 926,0 0,0 926,0
LCRAC_55
10% 45% 10% 45%
1343,5 0,0 0,0 1343,5
LCRAC_80
34% 46% 34% 46%

70
Tensão média de aderência [MPa] 20,0 25,0

Tensão máxmia de aderência [MPa]


LCRAC_30 LCRAC_30
LCRAC_55 LCRAC_55
LCRAC_80
LCRAC_80
τd,média = -10,9∙x + 15,28 (*) τd,máx = -19,2∙x + 18,63 (*)
15,0 20,0
R² = 0,92
R² = 0,90
fcm,28 = 25 MPa
fcm,28 = 25 MPa

10,0 15,0

5,0 10,0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Σ RA < c [%] Σ RA < c [%]

(*) A variável x nas equações das retas não está em percentagem.


Figura 5.22 – Relação entre a τd,média (à esquerda) ou a τd,máx (à direita) e a taxa de substituição de NA inferiores
ao afastamento entre nervuras transversais por RA inferiores ao afastamento entre nervuras transversais.

Para além da avaliação da influência dos RA nas tensões de aderência entre os resultados obtidos nos
LCRAC, compararam-se, primeiramente, os valores médios das τd,média e das τd,máx do LCRAC_30 com
os valores médios do LBC da mesma compacidade de 0,84, o LBC_0,84_Alfred; e, segundamente,
com os valores médios do LBC de granulometria otimizada com recurso à mesma curva de referência
de Faury, o LBC_0,86_Faury.

Ainda com os valores das tensões aderência normalizadas a 25 MPa, as τd,média e τd,máx do LCRAC_30,
registaram, em média, um aumento de 30%⬆ e de 17%⬆, respetivamente, em comparação com o
LBC_0,84_Alfred, não obstante, da substituição de NA por RA de 30% e do aumento da dosagem de
cimento. Em relação ao LBC_0,86_Faury, as τd,média e τd,máx do LCRAC_30 aumentaram cerca de 12%⬆
e de 16%⬆, respetivamente; não obstante, da diminuição da compacidade e do aumento da dosagem
de cimento.

Saliente-se que na pesquisa elaborada para preparação do estado da arte não foram encontrados
quaisquer estudos de aderência com betões de baixa dosagem de ligante e incorporação de agregados
reciclados (LCRAC).

5.5.3. Códigos vigentes e previsão das tensões de aderência

À semelhança dos parâmetros analisados no LBC, o Model Code 2010 (FIB, 2011) não especifica as
tensões de aderência na presença de RA, apenas considera a dependência das condições de
aderência, do modo de rotura dos provetes e da resistência à compressão do betão. Como tal, na
Figura 5.23 sobrepõem-se as relações tensão de aderência-deslizamento dos diferentes LCRAC, do
Model Code 2010 (FIB, 2011) e da nova definição da lei da aderência dos LBC, proposta na secção
5.4.6.

A Tabela 5.23 apresenta os desvios à exatidão dos resultados experimentais em relação às propostas
do Model Code 2010 (FIB, 2011) e dos LBC escrutinada no subcapítulo 5.4.6. A proposta dos LBC foi
a que previu com maior exatidão as tensões de aderência médias, máximas e de atrito, sendo que a

71
diferença entre o valor teórico e o valor prático deveu-se, em grande parte, ao carácter conservativo da
proposta dos LBC aquando da utilização de varões de diâmetros inferiores a 25 mm. Porém, existiu
uma percetível diminuição do desvio à exatidão que deve ser contemplada na proposta de LBC.

30 30
21ºPOT 26ºPOT
Tensão de aderência [MPa]

Tensão de aderência [MPa]


25 22ºPOT 25 27ºPOT
23ºPOT 28ºPOT
24ºPOT 29ºPOT
20 20
25ºPOT 30ºPOT
Model Code 2010 Model Code 2010
15 15
Proposta LBC Proposta LBC
10 fcm,28 = 24,5 MPa 10 fcm,28 = 19,3 MPa

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]
30
31ºPOT
Tensão de aderência [MPa]

25 32ºPOT
33ºPOT
20 34ºPOT
35ºPOT
Model Code 2010
15
Proposta LBC
10 fcm,28 = 15,5 MPa

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm]
Figura 5.23 – Modelos de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento dos LBC_0,86_Alfred (canto
superior esquerdo), dos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), dos LBC_0,82_Alfred (canto inferior esquerdo)
e dos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito).

Tabela 5.23 – Desvio à exatidão dos resultados experimentais dos LCRAC com os teóricos.
Resultados Model Code Proposta
Parâmetros Provetes de POT
experimentais 2010 LBC
[MPa] [MPa] (*) [%] [MPa] (*) [%]
LCRAC_30 15,6 6,4 143% ⬆ 11,0 42% ⬆
τd,média LCRAC_55 11,9 5,7 109% ⬆ 9,7 22% ⬆
LCRAC_80 9,3 5,1 81% ⬆ 8,7 6% ⬆
LCRAC_30 23,5 12,4 90% ⬆ 19,0 24% ⬆
τd,máx LCRAC_55 17,0 11,0 55% ⬆ 16,8 1% ⬆
LCRAC_80 12,7 9,8 29% ⬆ 15,1 -16% ⬇
LCRAC_30 8,4 4,9 69% ⬆ 5,7 47% ⬆
τd,atrito LCRAC_55 5,2 4,4 18% ⬆ 5,1 3% ⬆
LCRAC_80 3,8 3,9 -4% ⬌ 4,5 -17% ⬇
(*) 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 à 𝑒𝑥𝑎𝑡𝑖𝑑ã𝑜 = |𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝜏𝑑,𝑒𝑥𝑝 ⁄𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 | ∙ 100 (5.1), em que: ⬆ representa a melhoria no desempenho
relativamente à τd de referência; ⬌ traduz o desempenho negativo igual ou superior a -10% face à τd de referência
e considerado pouco significativo; ⬇ indica o desempenho inferior a -10% à τd de referência.

72
5.5.4. Nova definição da lei de previsão da relação tensão de aderência-
deslizamento – Influência dos RA

Tal como se analisou na secção 5.5.2, a diminuição das tensões de aderência nos LCRAC não esteve
necessariamente conectada com o aumento da substituição de NA por RA, mas sim do aumento da
substituição de NA inferiores ao afastamento entre as nervuras transversais por RA inferiores ao
afastamento entre as nervuras transversais.

A diminuição do desvio à exatidão dos resultados experimentais, em relação à proposta para os LBC
(secção 5.4.6.4), com o aumento de RA inferiores a c, urgiu à necessidade de acrescentar um quarto
parâmetro à proposta que comtemplasse este decréscimo. Por conseguinte, através da informação
retirada da secção 5.5.2, propõe-se um parâmetro, que se multiplica às tensões máximas da proposta
dos LBC (expressão 5.15) e que segue a seguinte expressão:
𝜂𝑅𝐴<𝑐 = (1000 − 972 ∙ 𝑅𝐴<𝑐 ) ∙ 10−3 (5.22)
onde, RA<c é a taxa de substituição de NA inferiores ao afastamento entre nervuras transversais por
RA inferiores ao afastamento entre nervuras transversais. Este valor não entra em percentagem e é
adimensional.

Assim, a proposta final caracteriza-se pelos parâmetros da Tabela 5.24, válidos para condições de
“boa” aderência e rotura por arrancamento.

Tabela 5.24 – Parâmetros para a nova definição da lei de previsão da relação da tensão de aderência-
deslizamento.

Parâmetro Proposta de nova definição da lei de previsão


τd,máx [MPa] 2,5 ∙ 𝜂𝑓𝑅 ∙ 𝜂𝜎 ∙ 𝜂𝑅𝐴<𝑐 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 (5.23)
ηfR (*) (4757 ∙ 𝑓𝑅 + 878,5) ∙ 10−3 (5.16)
ησ (*) (7927 ∙ 𝜎 − 5408) ∙ 10−3 (5.17)
ηRA<c (1000 − 972 ∙ 𝑅𝐴<𝑐 ) ∙ 10−3 (5.22)
s1 [mm] 1,0 − 5 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.18)
s2 [mm] (𝜎
2,0 − 5 ∙ − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.20)
s3 [mm] c (*)
α 0,4 − 4 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.19)
0,30 ∙ 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 para LCC (*) (5.21)
τd,atrito [MPa]
0,40 ∙ 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 para RC (*) (5.9)
(*) fR é área relativa entre as nervuras transversais, σ é a compacidade do betão, c é o afastamento médio entre
nervuras transversais do varão de aço e LCC e RC são os acrónimos de betão com baixa dosagem de cimento e
de betão de referência, respetivamente.

Os desvios à exatidão dos resultados experimentais desta dissertação em relação à proposta final
encontram-se na Tabela 5.25 e os gráficos da relação tensão de aderência-deslizamento apresentam-
se na Figura 5.24. A proposta final devolveu aproximações fidedignas das tensões máximas, em que
as diferenças entre esta e os resultados experimentais se deveram essencialmente ao carácter
conversativo da proposta final, aquando da utilização de varões de diâmetros inferiores a Φ25. No caso
das tensões médias e de atrito devolvidas pela proposta final ficaram nalguns casos (>30%)
excessivamente inferiores aos resultados expectáveis. Porém, para haver uma proposta mais refinada

73
destas tensões é necessário um maior número de provetes, que fundamente um maior atrevimento da
proposta. Como tal, optou-se por apresentar uma proposta excessivamente conservativa, mas coerente
e fundamentada.

Tabela 5.25 - Comparação entre os resultados médios experimentais desta dissertação com as tensões de
aderência da proposta final.
Resultados Proposta
Provetes de RA<c fcm,28
Parâmetros
POT
Φ fR σ experimentais final
[MPa] [MPa] [MPa] (*) [%]
LCRAC_30 0 24,5 15,6 11,0 42% ⬆
τd,média LCRAC_55 12 0,073 0,84 0,10 19,3 11,9 8,9 33% ⬆
LCRAC_80 0,34 15,5 9,3 6,3 48% ⬆
LCRAC_30 0 24,5 23,5 19,0 24% ⬆
τd,máx LCRAC_55 12 0,073 0,84 0,10 19,3 17,0 15,5 10% ⬆
LCRAC_80 0,34 15,5 12,7 10,9 17% ⬆
LCRAC_30 0 24,5 8,4 5,7 47% ⬆
τd,atrito LCRAC_55 12 0,073 0,84 0,10 19,3 5,2 4,6 14% ⬆
LCRAC_80 0,34 15,5 3,8 3,3 25% ⬆
(*) 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 à 𝑒𝑥𝑎𝑡𝑖𝑑ã𝑜 = |𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝜏𝑑,𝑒𝑥𝑝 ⁄𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 | ∙ 100 (5.1), em que: ⬆ representa a melhoria no desempenho
relativamente à τd de referência; ⬌ traduz o desempenho negativo igual ou superior a -10% face à τd de referência
e considerado pouco significativo; ⬇ indica o desempenho inferior a -10% à τd de referência.

30 30
21ºPOT 26ºPOT
Tensão de aderência [MPa]

Tensão de aderência [MPa]

25 22ºPOT 25 27ºPOT
23ºPOT 28ºPOT
24ºPOT 29ºPOT
20 25ºPOT 20 30ºPOT
Model Code 2010 Model Code 2010
15 Proposta LBC 15 Proposta LBC
Proposta Final Proposta Final
10 10
fcm,28 = 24,5 MPa fcm,28 = 19,3 MPa

5 5

0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm] Deslizamento do varão [mm]

30
31ºPOT
Tensão de aderência [MPa]

25
32ºPOT
33ºPOT
34ºPOT
20 35ºPOT
Model Code 2010
15 Proposta LBC
Proposta Final
10
fcm,28 = 15,5 MPa
5

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Deslizamento do varão [mm]

Figura 5.24 – Lei final de previsão da relação tensão de aderência-deslizamento comparando aos
LBC_0,86_Alfred (canto superior esquerdo), aos LBC_0,84_Alfred (canto superior direito), aos LBC_0,82_Alfred
(canto inferior esquerdo) e aos LBC_0,86_Faury (canto inferior direito).

74
6. Conclusões e perspetiva de estudos futuros

Principais conclusões
Os betões com baixa dosagem de ligante (LBC) de elevada compacidade, nomeadamente, o
LBC_0,86_Alfred e o LBC_0,86_Faury, demarcaram-se pelas ligeiras melhorias na trabalhabilidade,
em relação aos LBC homólogos desenvolvidos em estudos anteriores, apesar de o primeiro apresentar
ainda trabalhabilidade seca. Contudo, as ligeiras melhorias na trabalhabilidade aliadas às suas matrizes
estáveis potenciam a aplicabilidade destes betões em obra.

Com a incorporação dos agregados reciclados (RA), os betões com baixa dosagem de cimento e
com incorporação de agregados reciclados (LCRAC) revelaram matrizes relativamente mais
sensíveis, devido ao acréscimo de água para absorção dos RA. Esta tendência foi tanto maior quanto
maior a quantidade de RA incorporados. Porém, se se estabelecer um controlo rigoroso na adição dos
diferentes constituintes do betão, esta instabilidade desvanece-se e a aplicabilidade dos LCRAC
torna-se viável.

As elevadas dosagens de adições dos LBC e dos LBRAC, em especial os retardadores de


endurecimento, como é o caso das cinzas volantes, tornaram inviável a utilização do coeficiente s tal
como preconizado no Eurocódigo 2 (2010) para a previsão da resistência a uma determinada idade.

No que diz respeito à aderência, a influência da distribuição granulométrica dos agregados


naturais dos LBC revelou ser pouco significativa tanto na análise exclusiva dos resultados
experimentais desta dissertação como na análise conjunta com os resultados experimentais de Freitas
(2016). Porém, aquando das formulações das misturas dos LBC armados, aconselha-se primazia na
incorporação de agregados naturais de dimensão inferior ao afastamento entre as nervuras
transversais, mínimo especificado pelo Anexo C do Anexo Nacional (NA) do Eurocódigo 2 (2010) e pela
Especificação LNEC E460 (2017) para o diâmetro Φ25, que é o diâmetro para o qual as expressões de
cálculo estão ajustadas. Ou seja, aconselha-se a utilização de agregados naturais de dimensão inferior
ao peneiro de 12,5 mm da série secundária.

A compacidade revelou-se um parâmetro com grande influência na avaliação da aderência,


corroborando as conclusões de Freitas (2016). Na análise exclusiva dos resultados experimentais
desta dissertação, as tensões médias de aderência dos LBC_0,86_Alfred registaram um aumento
linear médio de 79%⬆ em relação ao LBC_0,82_Alfred, devido unicamente ao incremento de 0,04 da
compacidade. Paralelamente a este aumento, o acréscimo da compacidade também melhorou a
rigidez do ramo ascendente da relação tensão de aderência-deslizamento, que foi conseguida não
só através do aumento das tensões máximas de aderência, mas também pelos sucessivos recuos dos
deslocamentos de pico, s1, com o incremento da compacidade. Este aspeto é particularmente revelante
no comportamento estrutural para estados limites de utilização, pois com um mecanismo de aderência
mais eficiente, o controlo de fendilhação será igualmente mais eficiente.

Quanto às tensões máximas de aderência, os LBC_0,86_Alfred registaram um aumento linear médio


de 37%⬆ em relação ao LBC_0,82_Alfred, devido exclusivamente ao acréscimo de 0,04 da

75
compacidade, apesar da dependência não linear da tensão máxima de aderência ter surgido como uma
possibilidade a discutir em desenvolvimentos futuros. Os mais altos valores das tensões máximas de
aderência nos LBC de elevada compacidade refletem uma melhoria do comportamento estrutural
destes betões para estados limites de utilização e para estados limites últimos. Para estados limites
últimos, este aumento promove a exploração da ductilidade do aço sem que haja deslizamentos
relativos entre o varão e o betão.

Na análise conjunta dos resultados experimentais desta dissertação com os de Freitas (2016), a
compacidade apresentou duas influências díspares nas tensões médias de aderência, ainda que
ambas tenham indicado dependências lineares positivas, apesar das diversas composições de LBC e
das diferentes metodologias de formulação das composições envolvidas. Primando os resultados
experimentais de Freitas (2016), verifica-se que as tensões médias de aderência sofreram um aumento
linear médio de 28%⬆ devido ao incremento de 0,05 da compacidade. Primando os resultados
experimentais desta dissertação, as tensões médias de aderência indicaram um acréscimo linear médio
de 98%⬆, causado pelo aumento de 0,05 da compacidade.

Por outro lado, as tensões máximas de aderência não justificam uma análise separada de resultados
experimentais apontando para um aumento linear médio de 38%⬆ causado pelo incremento de 0,05 da
compacidade, apesar das diversas composições de LBC e diferentes metodologias de formulação das
composições envolvidas.

A incorporação dos agregados reciclados (RA) reduziu a aderência entre os varões de aço e os
LCRAC. No entanto, atribuiu-se a diminuição das tensões de aderência essencialmente à taxa de
substituição de NA de dimensão inferior ao afastamento entre as nervuras transversais por RA de
dimensão inferior ao afastamento entre as nervuras transversais, pois as menores resistências dos RA
debilitam o seu imbricamento entre as nervuras transversais. As tensões médias e máximas de
aderência do LCRAC_80 apontaram, respetivamente, uma redução média de 25%⬇ e 32%⬇ em
comparação com o LCRAC_30, devido principalmente à taxa de substituição de 34% de NA de
dimensão inferior ao afastamento entre as nervuras transversais por RA de dimensão inferior ao
afastamento entre as nervuras transversais. Neste sentido, aquando das formulações das misturas dos
LCRAC armados, aconselha-se a incidência da substituição de NA por RA na fração grossa e, caso
sejam incorporados RA finos, deve ser considerada a redução das tensões de aderência.

Ao se cruzarem os resultados experimentais de 4 estudos distintos, num conjunto de 98 ensaios de


arrancamento, retém-se a influência positiva do aumento da área relativa das nervuras transversais
e o efeito negativo do aumento do diâmetro dos varões de aço, respetivamente,

Para finalizar, tendo em consideração os aspetos referidos anteriores, propôs-se uma lei da definição
da relação tensão de aderência-deslizamento, que contempla a área relativa das nervuras
transversais dos varões de aço, a compacidade do betão e a incorporação, no betão, dos RA de
dimensão inferior ao afastamento entre as nervuras transversais, apresentada na Tabela 6.1. Esta lei
é válida para condições de “boa” aderência e modos de rotura por arrancamento, e é conservativa para
varões de diâmetro inferiores a Φ25.

76
A título de exemplo, aquando da presença de betões com compacidades elevadas de 0,86, de áreas
relativas das nervuras transversais elevadas de, aproximadamente, 0,090 (Louro, 2014) e de uma
incorporação de 0% de RA com dimensões inferiores ao afastamento entre as nervuras transversais,
as tensões máximas devolvidas pela expressão 5.23 da lei proposta são 85%⬆ superiores às devolvidas
pelo Model Code 2010 (FIB, 2011). Ou seja, perante as condições do exemplo, o cálculo do valor médio
da tensão de aderência máxima, através da expressão preconizada pelo Model Code 2010 (FIB, 2011),
não contabiliza cerca de aproximadamente metade das tensões de aderência máxima desenvolvidas.

Tabela 6.1 – Parâmetros para a nova definição da lei de previsão da relação entre a tensão de aderência e o
deslizamento (homóloga à Tabela 5.24).

Parâmetro Proposta de nova definição da lei de previsão


τd,máx [MPa] 2,5 ∙ 𝜂𝑓𝑅 ∙ 𝜂𝜎 ∙ 𝜂𝑅𝐴<𝑐 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 (5.23)
ηfR (*) (4757 ∙ 𝑓𝑅 + 878,5) ∙ 10−3 (5.16)
ησ (*) (7927 ∙ 𝜎 − 5408) ∙ 10−3 (5.17)
ηRA<c (*) (1000 − 972 ∙ 𝑅𝐴<𝑐 ) ∙ 10−3 (5.22)
s1 [mm] 1,0 − 5 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.18)
s2 [mm] 2,0 − 5 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.20)
s3 [mm] c (*)
α 0,4 − 4 ∙ (𝜎 − 0,82) se 𝜎 ≥ 0,82 (5.19)
0,30 ∙ 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 para LCC (*) (5.21)
τd,atrito [MPa]
0,40 ∙ 𝜏𝑑,𝑚á𝑥 para RC (*) (5.9)
(*) fR é área relativa entre as nervuras transversais, σ é a compacidade do betão, c é o afastamento médio entre
nervuras transversais do varão de aço, RA<c é a taxa de substituição de NA de dimensão inferior ao afastamento
entre as nervuras transversais por RA de dimensão inferior ao afastamento entre as nervuras transversais, e LCC
e RC são os acrónimos de betão com baixa dosagem de cimento e de betão de referência, respetivamente.

Perspetivas futuras
As tensões de aderência e os respetivos deslizamentos nos LBC de elevada compacidade e nos
LCRAC de taxa de substituição de NA por RA de 30% foram muito satisfatórios face aos betões
correntes e, por conseguinte, seria interessante consolidar os resultados e as propostas apresentadas
com um conjunto mais vasto de ensaios. Neste novo estudo aconselha-se a analisar mais em detalhe:
os extremos do espectro da área relativa das nervuras transversais, em especial os valores próximos
dos mínimos especificados pelos códigos vigentes; a diversidade de compacidades entre diferentes
LBC para confirmar a sua influência na aderência; a influência da forma dos agregados na aderência;
e a incidência das taxas de substituição de NA por RA em agregados inferiores e superiores ao
afastamento entre as nervuras transversais.

Para além disso, seria interessante averiguar a relação tensão de aderência-deslizamento de betões
com elevada compacidade em ensaios monotónicos com ciclos carga-descarga e em ensaios cíclicos
alternados.

Adicionalmente, assume-se que o aumento da compacidade contribui para uma melhoria da


durabilidade do betão e, portanto, é revelante averiguar se as exigências de durabilidade nos LBC e
LCRAC, se mantêm em relação aos betões correntes.

77
Com a aderência a melhorar significativamente devido à elevada compacidade do betão, pode ser
interessante estudar a utilização dos aços de alta resistência como armadura ordinária embebida
nestes betões, pois pode ser possível a exploração total da capacidade resistente dos aços de alta
resistência. Com efeito, pode ser possível atingir a cedência destes aços sem que haja a rotura
prematura da aderência e o controlo da fendilhação pode manter-se idêntico aos betões armados com
aços correntes.

Por último, mas não menos importante, seria relevante fazer um levantamento do estado da arte da
aderência e elaborar um documento sobre as boas práticas de laboratório a seguir, aquando de um
estudo sobre a aderência, com o intuito de tornar este documento numa norma, que descreva a
metodologia a adotar na caracterização da aderência, à semelhança do que acontece com a
caracterização dos betões.

78
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84
Anexos

Anexo A: Resultados dos ensaios das medições das nervuras


transversais
Φ a a1/4 a3/4 c Σfi
Varão fR
[mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm]
A1 0,94 0,76 0,78 7,70 4,10 0,073
A2 0,83 0,96 0,12 7,65 4,10 0,064
A3 0,94 0,76 0,77 7,80 4,40 0,071
A4 0,94 0,73 0,78 7,75 4,00 0,072
A5 0,95 0,75 0,81 7,75 3,80 0,073
A6 0,93 0,76 0,73 7,70 4,00 0,072
A7 0,94 0,75 0,79 7,70 3,70 0,073
A8 0,93 0,75 0,76 7,75 4,10 0,071
A9 0,92 0,75 0,79 7,75 4,10 0,071
A10 0,96 0,77 0,71 7,75 4,20 0,073
A11 0,95 0,80 0,74 7,70 3,80 0,074
A12 0,95 0,76 0,80 7,75 4,30 0,072
A13 0,94 0,74 0,77 7,70 4,50 0,072
A14 0,93 0,70 0,80 7,70 4,50 0,071
A15 0,95 0,77 0,70 7,75 4,10 0,073
A16 0,94 0,75 0,79 7,70 4,70 0,071
A17 0,94 0,76 0,77 7,75 4,10 0,072
A18 12 0,96 0,76 0,79 7,70 4,30 0,074
A19 0,94 0,76 0,77 7,75 4,00 0,072
A20 0,92 0,75 0,78 7,75 4,40 0,070
A21 0,94 0,74 0,80 7,75 4,30 0,072
A22 0,96 0,77 0,76 7,70 3,90 0,075
A23 0,94 0,79 0,77 7,75 4,60 0,071
A24 0,95 0,77 0,76 7,75 3,90 0,073
A25 0,95 0,74 0,75 7,70 4,10 0,073
A26 0,96 0,76 0,79 7,40 4,10 0,077
A27 0,92 0,80 0,74 7,70 4,30 0,071
A28 0,96 0,78 0,78 7,75 4,70 0,072
A29 0,95 0,76 0,75 7,70 4,30 0,073
A30 0,96 0,77 0,74 7,75 4,00 0,074
A31 0,95 0,76 0,78 7,75 4,30 0,072
A32 0,83 0,96 0,12 7,65 4,10 0,064
A33 0,96 0,77 0,75 7,80 4,50 0,072
A34 0,94 0,76 0,79 7,70 4,40 0,072
A35 0,96 0,73 0,76 7,75 4,20 0,073

I
Anexo B: Resultados experimentais dos ensaios de arrancamento
dos LBC
1º POT 30

Provete LBC_0,86_Alfred
25

Tensão de aderência [MPa]


Nº varão A1
fR,médio 0,073
Data de 20
31.10.2018
betonagem
Data de
28.11.2018 15
ensaio
fcm,j [MPa] 29,68
fcm,28 [MPa] 29,68
10
τd,0,01 [MPa] 11,30
τd,0,1 [MPa] 17,51
τd,1,0 [MPa] 24,70 5
τd,médio [MPa] 17,84
s1 [mm] 0,83
0
τd,máx [MPa] 24,93 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
Deslizamento [mm]
τd,atrito [MPa] 7,92

2º POT
Provete LBC_0,86_Alfred
Nº varão A2
fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018
betonagem
Data de
28.11.2018
ensaio
fcm,j [MPa] 29,68
fcm,28 [MPa] 29,68 (erro na leitura do ensaio)
τd,0,01 [MPa] –
τd,0,1 [MPa] –
τd,1,0 [MPa] –
τd,médio [MPa] –
s1 [mm] –
τd,máx [MPa] 27,25
s3 [mm] –
τd,atrito [MPa] –

3º POT 30
Provete LBC_0,86_Alfred
Nº varão A20 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
28.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 29,68
fcm,28 [MPa] 29,68
τd,0,01 [MPa] 6,14 10
τd,0,1 [MPa] 17,98
τd,1,0 [MPa] 26,35 5
τd,médio [MPa] 16,82
s1 [mm] 0,88
τd,máx [MPa] 26,47 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 9,27 Deslizamento [mm]

II
4º POT 30
Provete LBC_0,86_Alfred
Nº varão A17 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
28.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 29,68
fcm,28 [MPa] 29,68
τd,0,01 [MPa] 16,20 10
τd,0,1 [MPa] 21,06
τd,1,0 [MPa] 16,97 5
τd,médio [MPa] 21,41
s1 [mm] 0,65
τd,máx [MPa] 27,27 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 9,34 Deslizamento [mm]

5º POT 30
Provete LBC_0,86_Alfred
Nº varão A1 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
28.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 29,68
fcm,28 [MPa] 29,68
τd,0,01 [MPa] 8,89 10
τd,0,1 [MPa] 16,87
τd,1,0 [MPa] 24,88 5
τd,médio [MPa] 16,88
s1 [mm] 0,93
τd,máx [MPa] 25,08 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 6,17 Deslizamento [mm]

6º POT 30
Provete LBC_0,84_Alfred
Nº varão A9 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
29.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 20,36
fcm,28 [MPa] 20,15
τd,0,01 [MPa] 7,18 10
τd,0,1 [MPa] 12,17
τd,1,0 [MPa] 20,51 5
τd,médio [MPa] 13,29
s1 [mm] 1,11
τd,máx [MPa] 20,64 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 7,90 Deslizamento [mm]

III
7º POT 30
Provete LBC_0,84_Alfred

Tensão de aderência [MPa]


Nº varão A12 25
fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
29.11.2018 15
ensaio
fcm,j [MPa] 20,36
fcm,28 [MPa] 20,15 10
τd,0,01 [MPa] 6,40
τd,0,1 [MPa] 11,36
5
τd,1,0 [MPa] 19,53
τd,médio [MPa] 12,43
s1 [mm] 0,81 0
τd,máx [MPa] 19,54 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70 Deslizamento [mm]
τd,atrito [MPa] 6,05

8º POT 30
Provete LBC_0,84_Alfred
Nº varão A14 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
29.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 20,36
fcm,28 [MPa] 20,15
τd,0,01 [MPa] 5,33 10
τd,0,1 [MPa] 10,68
τd,1,0 [MPa] 19,02 5
τd,médio [MPa] 11,68
s1 [mm] 0,91
τd,máx [MPa] 19,02 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 4,42 Deslizamento [mm]

9º POT 30
Provete LBC_0,84_Alfred
Nº varão A11 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
29.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 20,36
fcm,28 [MPa] 20,15
τd,0,01 [MPa] 4,50 10
τd,0,1 [MPa] 8,85
τd,1,0 [MPa] 18,35 5
τd,médio [MPa] 10,57
s1 [mm] 1,11
τd,máx [MPa] 18,72 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 5,86 Deslizamento [mm]

IV
10º POT 30
Provete LBC_0,84_Alfred
Nº varão A16 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
29.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 20,36
fcm,28 [MPa] 20,15
τd,0,01 [MPa] 1,42 10
τd,0,1 [MPa] 12,84
τd,1,0 [MPa] 22,25 5
τd,médio [MPa] 12,17
s1 [mm] 1,01
τd,máx [MPa] 22,32 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 8,18 Deslizamento [mm]

11º POT 30
Provete LBC_0,82_Alfred
Nº varão A5 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
30.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 14,98
fcm,28 [MPa] 14,68
τd,0,01 [MPa] 1,.36 10
τd,0,1 [MPa] 5,23
τd,1,0 [MPa] 12,80 5
τd,médio [MPa] 6,46
s1 [mm] 1,15
τd,máx [MPa] 12,88 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 3,01 Deslizamento [mm]

12º POT 30
Provete LBC_0,82_Alfred
Nº varão A7 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
30.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 14,98
fcm,28 [MPa] 14,68
τd,0,01 [MPa] 3,48 10
τd,0,1 [MPa] 6,07
τd,1,0 [MPa] 13,30 5
τd,médio [MPa] 7,62
s1 [mm] 1,08
τd,máx [MPa] 13,37 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 3,54 Deslizamento [mm]

V
13º POT 30
Provete LBC_0,82_Alfred
Nº varão A8 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
30.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 14,98
fcm,28 [MPa] 14,68
τd,0,01 [MPa] 0,89 10
τd,0,1 [MPa] 6,79
τd,1,0 [MPa] 13,72 5
τd,médio [MPa] 7,14
s1 [mm] 0,94
τd,máx [MPa] 0
13,72
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 4,17 Deslizamento [mm]

14º POT 30
Provete LBC_0,82_Alfred
Nº varão A10 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
30.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 14,98
fcm,28 [MPa] 14,68
τd,0,01 [MPa] 3,10 10
τd,0,1 [MPa] 5,53
τd,1,0 [MPa] 12,95 5
τd,médio [MPa] 7,19
s1 [mm] 1,12
τd,máx [MPa] 0
13,04
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 3,92 Deslizamento [mm]

15º POT 30
Provete LBC_0,82_Alfred
Nº varão A19 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
30.11.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 14,98
fcm,28 [MPa] 14,68
τd,0,01 [MPa] 3,10 10
τd,0,1 [MPa] 5,53
τd,1,0 [MPa] 14,09 5
τd,médio [MPa] 7,57
s1 [mm] 1,01
τd,máx [MPa] 14,11 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 3,97 Deslizamento [mm]

VI
16º POT 30
Provete LBC_0,86_Faury
Nº varão A3 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
03.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 28,86
fcm,28 [MPa] 28,16
τd,0,01 [MPa] 7,48 10
τd,0,1 [MPa] 15,77
τd,1,0 [MPa] 21,64 5
τd,médio [MPa] 14,96
s1 [mm] 0,65
τd,máx [MPa] 0
22,28
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 7,65 Deslizamento [mm]

17º POT 30
Provete LBC_0,86_Faury
Nº varão A4 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
03.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 28,86
fcm,28 [MPa] 28,16
τd,0,01 [MPa] 7,79 10
τd,0,1 [MPa] 15,06
τd,1,0 [MPa] 20,57 5
τd,médio [MPa] 14,47
s1 [mm] 0,78
τd,máx [MPa] 0
20,78
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 6,89 Deslizamento [mm]

18º POT 30
Provete LBC_0,86_Faury
Nº varão A6 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
03.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 28,86
fcm,28 [MPa] 28,16
τd,0,01 [MPa] 10,05 10
τd,0,1 [MPa] 18,17
τd,1,0 [MPa] 13,44 5
τd,médio [MPa] 17,22
s1 [mm] 0,59
τd,máx [MPa] 24,51 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 7,25 Deslizamento [mm]

VII
19º POT 30
Provete LBC_0,86_Faury
Nº varão A13 25

Tensão de aderência [MPa]


Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
03.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 28,86
fcm,28 [MPa] 28,16
τd,0,01 [MPa] 9,69 10
τd,0,1 [MPa] 16,74
τd,1,0 [MPa] 25,63 5
τd,médio [MPa] 17,35
s1 [mm] 1,15
τd,máx [MPa] 25,70 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 10,14 Deslizamento [mm]

20º POT 30
Provete LBC_0,86_Faury
Nº varão A15 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
31.10.2018 20
betonagem
Data de
03.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 28,86
fcm,28 [MPa] 28,16
τd,0,01 [MPa] 9,57 10
τd,0,1 [MPa] 17,86
τd,1,0 [MPa] 22,87 5
τd,médio [MPa] 16,76
s1 [mm] 0,55
0
τd,máx [MPa] 24,07
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
Deslizamento [mm]
τd,atrito [MPa] 6,18

VIII
Anexo C: Resultados experimentais dos ensaios de arrancamento
dos LCRAC

21º POT 30
Provete LCRAC_30
Nº varão A25 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
07.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 24,48
fcm,28 [MPa] 24,48
τd,0,01 [MPa] 4,76 10
τd,0,1 [MPa] 13,88
τd,1,0 [MPa] 22,79 5
τd,médio [MPa] 13,81
s1 [mm] 0,91
τd,máx [MPa] 22,79 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 8,19 Deslizamento [mm]

22º POT 30
Provete LCRAC_30
Nº varão A21 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
07.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 24,48
fcm,28 [MPa] 24,48
τd,0,01 [MPa] 9,74 10
τd,0,1 [MPa] 15,70
τd,1,0 [MPa] 21,22 5
τd,médio [MPa] 15,56
s1 [mm] 0,66
τd,máx [MPa] 21,72 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 7,62 Deslizamento [mm]

23º POT 30
Provete LCRAC_30
Nº varão A27 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
07.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 24,48
fcm,28 [MPa] 24,48
τd,0,01 [MPa] 9,46 10
τd,0,1 [MPa] 13,72
τd,1,0 [MPa] 20,83 5
τd,médio [MPa] 14,67
s1 [mm] 0,94
τd,máx [MPa] 20,83 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 5,87 Deslizamento [mm]

IX
24º POT 30
Provete LCRAC_30
Nº varão A28 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
07.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 24,48
fcm,28 [MPa] 24,48
τd,0,01 [MPa] 8,91 10
τd,0,1 [MPa] 15,56
τd,1,0 [MPa] 25,71 5
τd,médio [MPa] 16,73
s1 [mm] 1,03
τd,máx [MPa] 25,73 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 10,72 Deslizamento [mm]

25º POT 30
Provete LCRAC_30
Nº varão A31 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
07.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 24,48
fcm,28 [MPa] 24,48
τd,0,01 [MPa] 9,51 10
τd,0,1 [MPa] 15,63
τd,1,0 [MPa] 26,24 5
τd,médio [MPa] 17,13
s1 [mm] 1,12
0
τd,máx [MPa] 26,30
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 9,50 Deslizamento [mm]

26º POT 30
Provete LCRAC_55
Nº varão A24 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
10.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 19,57
fcm,28 [MPa] 19,32
τd,0,01 [MPa] 6,26 10
τd,0,1 [MPa] 12,93
τd,1,0 [MPa] 18,61 5
τd,médio [MPa] 12,60
s1 [mm] 0,70
0
τd,máx [MPa] 18,72
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 5,48 Deslizamento [mm]

X
27º POT 30
Provete LCRAC_55
Nº varão A29 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
10.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 19,57
fcm,28 [MPa] 19,32
τd,0,01 [MPa] 4,80 10
τd,0,1 [MPa] 10,33
τd,1,0 [MPa] 15,10 5
τd,médio [MPa] 10,08
s1 [mm] 0,79
τd,máx [MPa] 15,20 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 4,20 Deslizamento [mm]

28º POT 30
Provete LCRAC_55
Nº varão A33 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
10.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 19,57
fcm,28 [MPa] 19,32
τd,0,01 [MPa] 7,36 10
τd,0,1 [MPa] 13,46
τd,1,0 [MPa] 13,32 5
τd,médio [MPa] 11,48
s1 [mm] 0,50
τd,máx [MPa] 15,64 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 4,69 Deslizamento [mm]

29º POT 30
Provete LCRAC_55
Nº varão A26 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
10.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 19,57
fcm,28 [MPa] 19,32
τd,0,01 [MPa] 8,03 10
τd,0,1 [MPa] 13,74
τd,1,0 [MPa] 17,82 5
τd,médio [MPa] 13,20
s1 [mm] 0,71
τd,máx [MPa] 18,05 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 5,62 Deslizamento [mm]

XI
30º POT 30
Provete LCRAC_55
Nº varão A30 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
10.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 19,57
fcm,28 [MPa] 19,32
τd,0,01 [MPa] 5,85 10
τd,0,1 [MPa] 13,41
τd,1,0 [MPa] 17,24 5
τd,médio [MPa] 12,17
s1 [mm] 0,64
0
τd,máx [MPa] 17,47 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
Deslizamento [mm]
τd,atrito [MPa] 6,03

31º POT 30
Provete LCRAC_80
Nº varão A22 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
11.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 15,76
fcm,28 [MPa] 15,51
τd,0,01 [MPa] 4,95 10
τd,0,1 [MPa] 9,00
τd,1,0 [MPa] 11,91 5
τd,médio [MPa] 8,62
s1 [mm] 0,60
τd,máx [MPa] 12,44 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 3,40 Deslizamento [mm]

32º POT 30
Provete LCRAC_80
Nº varão A34 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
11.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 15,76
fcm,28 [MPa] 15,51
τd,0,01 [MPa] 4,39 10
τd,0,1 [MPa] 8,07
τd,1,0 [MPa] 10,84 5
τd,médio [MPa] 7,77
s1 [mm] 0,72
τd,máx [MPa] 10,95 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 2,42 Deslizamento [mm]

XII
33º POT 30
Provete LCRAC_80
Nº varão A35 25

Tensão de aderência [MPa]


fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
11.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 15,76
fcm,28 [MPa] 15,51
τd,0,01 [MPa] 9,03 10
τd,0,1 [MPa] 11,24
τd,1,0 [MPa] 13,03 5
τd,médio [MPa] 11,10
s1 [mm] 0,50
τd,máx [MPa] 13,72 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 3,96 Deslizamento [mm]

34º POT 30
Provete LCRAC_80
Nº varão A23 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
11.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 15,76
fcm,28 [MPa] 15,51
τd,0,01 [MPa] 6,30 10
τd,0,1 [MPa] 10,03
τd,1,0 [MPa] 12,30 5
τd,médio [MPa] 9,54
s1 [mm] 0,61
τd,máx [MPa] 12,93 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
τd,atrito [MPa] 4,86 Deslizamento [mm]

35º POT 30
Provete LCRAC_80
Nº varão A32 25
Tensão de aderência [MPa]

fR,médio 0,073
Data de
09.11.2018 20
betonagem
Data de
11.12.2018
ensaio 15
fcm,j [MPa] 15,76
fcm,28 [MPa] 15,51
τd,0,01 [MPa] 5,32 10
τd,0,1 [MPa] 9,21
τd,1,0 [MPa] 13,35 5
τd,médio [MPa] 9,29
s1 [mm] 0,68
0
τd,máx [MPa] 13,51 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
s3 [mm] 7,70
Deslizamento [mm]
τd,atrito [MPa] 4,23

XIII
Anexo D: Cronologia fotográfica da campanha experimental

Figura D.1 – Pormenor de 2 provetes de Figura D.2 – Betonagem e vibração (com agulha vibratória)
arrancamento. dos provetes de POT.

Figura D.3 – Provetes de POT betonados. Figura D.4 – Provetes de POT na câmara de cura.

XIV
Figura D.5 – Ensaio da resistência à Figura D.6 – Ensaio da resistência à tração por compressão
compressão. diametral.

Figura D.7 – Ensaio de arrancamento. Figura D.8 – Pormenor da fixação do transdutor de


deslocamento ao provete de POT.

XV
Anexo E: Composição das misturas e resultados experimentais dos
ensaios de arrancamento de Freitas (2016)
Materiais C250 LBC125 C75
CEM I 52,5R [kg/m3] 250,0 125,0 75,0
Filer calcário [kg/m3] 0,0 125,0 75,0
Cinzas volantes [kg/m3] 125,0 0,0 100,0
MasterGlenium SKY 526 [kg/m3] 0,5 2,0 3,0
Areia fina 0/3 [kg/m3] 218,2 44,0 43,5
Areia média 0/4 [kg/m3] 817,1 1080,1 1067,6
Areão 4/8 [kg/m3] 277,6 287,2 283,9
Brita 6/14 [kg/m3] 587,0 630,6 623,3
Água de efetiva [kg/m3] 178,8 117,6 117,9
Água/cimento [kg/m3] 0,72 0,94 1,57
Água/ligante [kg/m3] 0,72 0,47 0,47
Compacidade [kg/m3] 0,81 0,84 0,82

Nota: Nas três Figuras deste Anexo fcm = fcm,cubo,28.

XVI
Anexo F: Dedução dos coeficientes ηfR, ησ e ηRA<c e da calibração a
Φ25
1) Dedução do coeficiente ηfR:

Expressão 3.3 (André & Pipa; 2010):


𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = 62,66 ∙ 𝑓𝑅 + 11,573 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑐𝑚,28 = 25 𝑀𝑃𝑎

Expressão 5.8 (Model Code 2010 – FIB, 2011):


𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = 2,5 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑓𝑅 = 𝑓𝑅,𝑚𝑖𝑛 ⋀ 𝑓𝑅,𝑚𝑖𝑛 = 0,056

2,5 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 ∙ 𝜂𝑓𝑅 = 62,66 ∙ 𝑓𝑅 + 11,573 𝑐𝑜𝑚 𝑓𝑐𝑚,28 = 25 𝑀𝑃𝑎


𝜂𝑓𝑅 = (5013 ∙ 𝑓𝑅 + 925,8) ∙ 10−3

2) Dedução do coeficiente ησ:

Expressão 5.13 obtida na secção 5.4.4.2:


𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = 134,9 ∙ 𝜎 − 92,02

𝑓𝑐𝑚,28 = 25 𝑀𝑃𝑎
2,5 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 ∙ 𝜂𝑓𝑅 ∙ 𝜂𝜎 = 134,9 ∙ 𝜎 − 91,54 𝑐𝑜𝑚 {
𝑓𝑅 = 0,073
𝜂𝜎 = (8353 ∙ 𝜎 − 5699) ∙ 10−3

3) Para obter tensões de aderência conservativas – para Φ12:

Expressão obtida na secção 5.4.6.1:


𝜏𝑑,𝑚á𝑥,𝑒𝑥𝑝
= −9,6 ∙ 10−3 ∙ Φ + 1,140 𝑐𝑜𝑚 Φ = 25 𝑚𝑚
𝜏𝑑,𝑚á𝑥,𝑝𝑟𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎
𝜏𝑑,𝑚á𝑥,𝑒𝑥𝑝
= 0,9005
𝜏𝑑,𝑚á𝑥,𝑝𝑟𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎

𝜂𝑓𝑅 = (5013 ∙ 𝑓𝑅 + 925,8) ∙ 10−3 ∙ √0,9005 = (4757 ∙ 𝑓𝑅 + 878,5) ∙ 10−3

𝜂𝜎 = (8353 ∙ 𝜎 − 5699) ∙ 10−3 ∙ √0,9005 = (7927 ∙ 𝜎 − 5408) ∙ 10−3

4) Dedução do coeficiente ηRA<c:

Expressão 5.22 obtida na secção 5.5.2:


𝜏𝑑,𝑚á𝑥 = −19,2 ∙ 𝑅𝐴<𝑐 + 18,63

𝑓𝑐𝑚,28 = 25 𝑀𝑃𝑎
2,5 ∙ √𝑓𝑐𝑚,28 ∙ 𝜂𝑓𝑅 ∙ 𝜂𝜎 ∙ 𝜂𝑅𝐴<𝑐 = −19,2 ∙ 𝑅𝐴<𝑐 + 18,63 𝑐𝑜𝑚 {𝑓𝑅 = 0,073
𝜎 = 0,84
𝜂𝑅𝐴<𝑐 = (1000 − 972 ∙ 𝑅𝐴<𝑐 ) ∙ 10−3

XVII
Anexo G: Desvios à exatidão dos resultados experimentais em
relação à proposta 5.15 calibrada para varões de Φ12
(*) 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 à 𝑒𝑥𝑎𝑡𝑖𝑑ã𝑜 = |𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝜏𝑑,𝑒𝑥𝑝 ⁄𝜏𝑑,𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 | ∙ 100 , em que: ⬆ representa a melhoria no desempenho
relativamente à τd de referência; ⬌ traduz o desempenho negativo igual ou superior a 10% face à τd de referência
e considerado pouco significativo; ⬇ indica o desempenho inferior a 10% à τd de referência.
Resultados Proposta 5.15
Desvio à
fcm,28 médios calibrada para
Φ Referência Provetes de POT fR σ experimentais Φ12
exatidão
[MPa] [MPa] [MPa] (*)
LBC_0,86_Alfred 0,073 0,86 29,7 26,1 26,1 0% ⬌
Pereira LBC_0,84_Alfred 0,073 0,84 20,2 20,1 19,1 5% ⬆
(2019) LBC_0,82_Alfred 0,073 0,82 14,7 13,5 14,2 -5% ⬌
LBC_0,86_Faury 0,073 0,86 26,9 23,9 24,8 -4% ⬌
12 C250 0,082 0,81 31,5 21,0 20,0 5% ⬆
Freitas
C125 0,082 0,86 26,2 24,7 25,4 -3% ⬌
(2016)
C75 0,082 0,86 17,1 22,3 20,5 9% ⬆
André & fR < 0,073 0,79 25 16,2 15,1 7% ⬆
Pipa (2010) fR > 0,090 0,79 25 17,2 16,1 7% ⬆
C250 0,066 0,81 31,5 19,2 18,8 2% ⬆
Freitas
C125 0,066 0,86 26,2 22,6 23,9 -5% ⬌
(2016)
C75 0,066 0,86 17,1 18,9 19,3 -2% ⬌
A_C1_16 0,081 0,79 38 15,8 17,6 -10% ⬌
16 Louro B_C1_16 0,099 0,79 38 18,0 19,7 -9% ⬌
(2014) A_C2_16 0,081 0,78 58 22,1 21,5 3% ⬆
B_C2_16 0,099 0,78 58 22,2 23,0 -4% ⬌
André & fR < 0,073 0,79 25 16,2 15,1 7% ⬆
Pipa (2010) fR > 0,093 0,79 25 17,4 16,2 7% ⬆
A_C1_25 0,096 0,79 38 17,3 18,6 -7% ⬌
Louro B_C1_25 0,101 0,79 38 16,1 18,9 -15% ⬇
(2014) A_C2_25 0,096 0,78 58 18,0 21,9 -18% ⬇
25 B_C2_25 0,101 0,78 58 17,9 22,3 -20% ⬇
André & fR < 0,070 0,79 25 16,0 14,9 7% ⬆
Pipa (2010) fR > 0,085 0,79 25 16,9 15,8 7% ⬆
MC2010 Base de dados 0,056 ≈ 0,79 25 12,5 13,6 -8% ⬌
Nota: Tabela homóloga à Tabela 5.17.

XVIII
fcm,28
τd,méd Conjunto de propostas 5.15, 5.18 e
Provetes de POT Φ fR σ experimental 5.19 calibrado para Φ12
[MPa] [MPa] [MPa] (*) [%]
LBC_0,86_Alfred 0,86 29,7 18,2 17,0 7% ⬆
LBC_0,84_Alfred 0,84 20,2 12,0 11,0 9% ⬆
12 0,073
LBC_0,82_Alfred 0,82 14,7 7,2 7,4 -3% ⬌
LBC_0,86_Faury 0,86 26,9 16,2 16,2 0% ⬌
Nota: Tabela homóloga à Tabela 5.18.

fcm,28
τd,atrito Conjunto de propostas 5.15 e 5.21
Provetes de POT Φ fR σ experimental calibrado para Φ12
[MPa] [MPa] [MPa] (*) [%]
LBC_0,86_Alfred 0,86 29,7 8,2 7,8 5% ⬆
LBC_0,84_Alfred 0,84 20,2 6,5 5,7 13% ⬆
12 0,073
LBC_0,82_Alfred 0,82 14,7 3,7 4,3 -13% ⬇
LBC_0,86_Faury 0,86 26,9 7,6 7,5 2% ⬆
Nota: Tabela homóloga à Tabela 5.19.

XIX

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