DIREITOS HUMANOS
DUDH III
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DUDH III
Artigo 3º
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
O ponto mais importante do art. 3º é a segurança pessoal. Na Declaração Universal
dos Direitos Humanos (DUDH) há dois tipos de segurança: a segurança pessoal e a segu-
rança social.
A segurança pessoal está ligada aos direitos individuais, enquanto a segurança social,
como o próprio nome diz, está ligada aos direitos sociais, que são direitos de 2ª Geração.
Do art. 2º até o art. 21, a DUDH tratava, exclusivamente, de direitos de 1ª Geração, que
é o caso da segurança pessoal – o sinônimo de direitos de 1ª Geração de direitos de Liber-
dade, é direitos individuais.
A segurança pessoal está ligada à segurança individual, direitos individuais de 1ª Geração.
Artigo 4º
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão
proibidos em todas as suas formas.
A própria essência deste artigo não contempla a excepcionalidade: NINGUÉM será man-
tido em escravidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão banidos em TODAS as suas
formas. Esta norma tem o caráter absoluto, é uma norma Jus Cogens, é uma norma impera-
tiva que deve ser respeitada por todas as Nações.
Artigo 5º
Ninguém será submetido à tortura, nem a punição ou tratamento cruel, desumano ou degradante.
5m
Esta vedação é absoluta, é uma norma imperativa baseada em costumes do Direito
Internacional.
Qual é a razão da vedação da tortura desta maneira expressa neste documento?
Em alguns campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial, aconteceram
experiências médicas em pessoas vivas, algo que é extremamente contrário ao que se pensa
hoje em relação ao tratamento devido à pessoa humana.
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Por conta de experiências médicas, de torturas em relação a prisioneiros de guerra é que
existe esta norma que não gera nenhuma discussão: a questão da tortura não se discute no
mundo. Pode-se até discutir sobre o que é tortura, alguns Estados podem discutir sobre a
definição do que é tortura, mas admitir, de forma declarada a possibilidade de tortura, isso
não acontece.
Há teorias que gostam de abordar uma possível excepcionalidade a este tópico, é uma
teoria desenvolvida nos Estados Unidos, inclusive já aplicada nos Estados Unidos, que é o
“Cenário da Bomba Relógio”, onde ela traz a possibilidade de utilização da tortura quando
envolver atos terroristas.
Essa Teoria traz um caso hipotético onde existe uma bomba relógio ativada, o sujeito foi
encontrado, há tempo hábil para desativar a bomba e poder se aplicar a tortura para obter
uma resposta quanto à forma de desativar essa bomba.
É uma Teoria meio forçada porque a soma das circunstâncias é muito difícil de acontecer
na prática. Essa Teoria não é tão forte assim nos Estados Unidos, apesar de haver uma deci-
são da Suprema Corte que a ampara, mas é algo muito criticado e que não deve ser aplicado
numa prova aqui no Brasil: o máximo é saber sobre a essência dessa Teoria, mas lembrando
sempre que ela é insuficiente para trazer qualquer excepcionalidade ao Direito brasileiro e ao
Direito Internacional Penal ou Direito Internacional dos Direitos Humanos.
Trata-se de uma aplicação isolada nos Estados Unidos para casos específicos.
Há uma Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a tortura (em 1984),
que traz expressamente a convenção sobre a repressão a tortura, que não se admitirá, em
hipótese alguma excepcionalidade, nem mesmo em estado de sítio ou estado de guerra.
NADA É SUFICIENTE PARA ADMITIR A TORTURA.
O tema da tortura também é trabalhado na Constituição Federal (CF):
CF, Art. 5, III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
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Artigo 6º
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalida-
de jurídica.
Artigo 7º
Todos os seres humanos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual pro-
teção da lei. Todos os seres humanos têm direito à igual proteção contra qualquer discriminação
que viole a presente Declaração, e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
10m
É importante lembrar o estudo de Equidade, do estudo de Igualdade, tema trabalhado no
Direito Constitucional. A Igualdade é classificada em: Igualdade Formal e Igualdade Material.
A igualdade Formal é a Igualdade perante a Lei, enquanto a Igualdade Material é a igual-
dade real, substancial.
A Igualdade Material é aquela mais próxima à Igualdade Justa, aquela Igualdade que vai
entender que, em essência, as pessoas são diferentes e, em algum momento, também terão
direitos diferentes para que se equilibre a balança da Justiça.
Existem diferenças entre a população branca e a população negra que, historicamente,
foi afetada por conta racismo, por conta de preconceito, por conta da escravidão. Entendendo
essa diferença em alguns momentos é importante que se dê mais direitos à população negra
para que possa igualar essa balança da Justiça e todos terem as mesmas oportunidades.
É o mesmo que se faz em relação a crianças, adolescentes, diferenças entre homens e
mulheres; igualar a balança da Justiça está relacionado a Igualdade Material.
Essa Igualdade Material é que dá base aos direitos de 2ª Geração porque quando se
considera a igualdade de acesso à educação, entende-se que há diferenças sociais e eco-
nômicas que podem impedir esse acesso, sendo necessária a criação de normais reais, de
Igualdade real, para equilibrar essa balança.
Do art. 2º ao art. 21 trabalham-se direitos de 1ª Geração, direitos de Liberdade.
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Os direitos de 2ª Geração são os direitos sociais, econômicos e culturais, estão elenca-
dos do art. 22 em diante, mas O ARTIGO 7º TRATOU DE IGUALDADE?
Essa Igualdade Formal, perante a Lei, é uma Igualdade de 1ª Geração.
Existem direitos de IGUALDADE nos direitos de LIBERDADE?
Sim, porque essa igualdade perante a Lei não está preocupada com a Justiça, está preo-
cupada para servir como um parâmetro para o indivíduo exigir alguma abstenção do Estado,
é um parâmetro para o indivíduo exigir um direito de Liberdade. Por exemplo, um direito de
Liberdade, direito de locomoção: o Estado não impede um indivíduo de fazer qualquer tipo
de atividade ao ar livre, não impede que ele exerça o seu direito de locomoção, mas quando
outro indivíduo tenta fazer a mesma coisa, o Estado impede.
Existe uma diferença:há um prejudicado que pode alegar ao Estado que não pode ser
tratado de forma diferente e para isso utiliza o Direito de Igualdade. Não existe uma preocu-
pação com a Igualdade Material do outro, mas sim o outro servindo de paradigma, como uma
justificativa para que o Estado tenha o mesmo comportamento com relação aos dois indiví-
duos, a Igualdade Formal perante a Lei.
15m
Artigo 8º
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes reparação efetiva para
atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam garantidos pela constituição ou pela lei.
No Direito Constitucional aprende-se que há solução para atos do Estado que possam
violar algum direito fundamental dos cidadãos.
Qual o instrumento jurídico utilizado quando algum direito fundamental está sendo vio-
lado ou corre o risco de ser violado pelo Estado?
Os chamados remédios constitucionais. São eles que trazem reparação efetiva para
esses atos que violem direitos fundamentais previstos na CF ou em Leis (habeas corpus,
habeas data, mandado de segurança).
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Este art. 8º não especifica como se dará essa reparação efetiva, não afirma que será por
meio de habeas corpus ou de mandado de segurança porque a DUDH traz a norma genérica
para que tenha validade para todos os Estados, portanto, não especifica quais são esses
instrumentos de reparação efetiva. Quem vai determinar quais são esses instrumentos de
reparação efetiva são as Constituições federais.
Artigo 9º
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
CF, Art. 5, LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente [...].
20m
De acordo com a DUDH ninguém pode ser preso, detido ou exilado arbitrariamente.
Artigo 10º
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de
um tribunal independente e imparcial na determinação de seus direitos e deveres, e de qualquer
acusação criminal que lhe seja feita.
Este artigo, em essência, é extraído do princípio do Juiz Natural. Este princípio traz duas
subdivisões importantes: de ninguém ser julgado senão por autoridade competente (a ideia
do juiz togado) e da vedação ao tribunal de exceção, também chamado de Tribunal Ad-Hoc
porque nesse tribunal a imparcialidade está viciada, entende-se que o Tribunal Ad-Hoc é par-
cial, que não é justo.
Com base no devido processo legal, quando uma pessoa comete um crime, deve ser
entendido que o Juízo já está previamente posto, já está previamente definido para julgar
aquele crime. No Direito Processual Penal há uma parte na qual se estudam as competên-
cias para o julgamento em razão do crime, em razão do lugar, em razão do foro de prerroga-
tiva se a pessoa tem ou não – o Juízo já está previamente posto antes do crime acontecer:
se uma pessoa cometer um homicídio na avenida Paulista, na cidade de São Paulo, ela já
saberá qual será o Juízo competente para julgá-la. Diferentemente se fosse criado um Juízo,
um tribunal pós-crime, que retira toda a imparcialidade ao julgamento.
CF, Art. 5, XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
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Artigo 11º
(1) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser considerado inocente até
que se prove que é culpado de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido
asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
Esta é a essência do Princípio da Presunção de Inocência. Em momento algum é referido
o “trânsito em julgado”, em momento algum é referida a execução provisória de pena ou exe-
cução definitiva de pena. Estes são temas mais aprofundados que acabam sendo estudados
em Processo Penal ou na CF.
25m
CF, Art. 5, LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sen-
tença penal condenatória;
Esta é a essência que o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, a ideia da necessidade
do trânsito em julgado em 17.11.2019.
(2) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento de sua reali-
zação, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta
pena mais severa do que aquela que, no momento da realização, era aplicável ao ato delituoso.
Ninguém poderá ser considerado culpado por um fato se no momento em que ele come-
teu aquele fato, aquele fato não era considerado crime – Princípio da Irretroatividade da Lei
Penal. A retroatividade benéfica é exceção, a regra no Direito Penal é a irretroatividade da lei
penal, salvo se for benéfica ao réu, quando surge a retroatividade benéfica.
CF, Art. 5, XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
O “salvo para beneficiar o réu” não tem previsão na DUDH, está somente previsto na CF.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Thiago Medeiros.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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