publigc,+GEO v21n4 73-90
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https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v21-182064
Resumo
O reconhecimento e a quantificação de tendências da variação da linha de costa são de fundamental importância para
o entendimento dos processos que moldam os ambientes costeiros, dando suporte à gestão dessas áreas. Este trabalho
apresenta os resultados da análise da variação da linha de costa de um período de 78 anos em nove arcos praiais do setor
centro-sul da Ilha de Santa Catarina com base em fotografias aéreas de 1938 a 2016. Três modelos espaciais foram gerados
no Digital Shoreline Analysis System com a identificação de feições indicadoras de linha de costa: modelo E (limite entre
praia-duna), modelo K (limite entre a área seca-molhada) e modelo M (linha de água instantânea). Os resultados mostram
heterogeneidade entre os modelos espaciais com a variação média da linha de costa de 0,05 ± 0,12 m/ano para a linha E,
0,12 ± 0,25 m/ano para K e -0,20 ± 0,20 m/ano para M. O modelo E apresenta dispersão de 0,27 m e melhor ajuste às
mudanças da linha de costa. O modelo K destaca-se pela alta dispersão (0,35 m) e retrata razoavelmente as mudanças
costeiras. O modelo M mostra dispersão de 0,28 m e baixa confiabilidade na representação da variação da linha de costa.
O processo de acreção é identificado nos arcos praiais dos Açores-Pântano do Sul e Campeche-Joaquina, sendo responsável
pelo aporte contínuo de sedimentos para os sistemas eólicos adjacentes. O processo erosivo é identificado nos arcos praiais
da Armação-Caldeirão e do Morro das Pedras-Campeche. Os arcos praiais de Naufragados, Lagoinha do Leste, Matadeiro,
Mole e Galheta exibem relativa estabilidade.
Palavras-chave: Mudanças costeiras; Análise espacial; Digital Shoreline Analysis System; Variabilidade; Feições
indicadoras de linha de costa; Florianópolis.
Abstract
The identification and quantification of coastal changes are of fundamental importance to understand the processes that
model coastal environments, supporting the management of these areas. This study presents the results of the analysis of
the variations of the 78-year period coastline in nine beach arcs of the central-southern sector of Santa Catarina Island, us-
ing as basis aerial photographs from 1938 to 2016. Three spatial models were generated via the Digital Shoreline Analysis
System, with the identification of features indicating shoreline type E (beach-dune limit), K (dry area-wet area limit), and
M (line of instantaneous water). The results show heterogeneities among the spatial models, with a mean shoreline variation
of 0.05 ± 0.12 m/year for indicator E; 0.05 ± 0.12 m/year for indicator K, and -0.20 ± 0.20 m/year for indicator M. Model E
presents a dispersion of 0.27 m and is the best fit to shoreline changes. Model K stands out for the high dispersion of 0.35 m
and reasonably reflects coastal changes. Model M yields a dispersion of 0.28 m and is the least reliable in representing
coastal changes. Accretion is identified in the Açores-Pântano do Sul and Campeche-Joaquina beach arcs and is a conse-
quence of continuous input of sediments to adjacent aeolian systems. Erosion is identified along the Armação-Caldeirão
and Morro das Pedras-Campeche beach arcs. The Naufragados, Lagoinha do Leste, Matadeiro, Mole, and Galheta beach
arcs exhibit relative stability.
Keywords: Coastal change; Spatial analysis; Digital shoreline analysis system; Variability; Shoreline indicators;
Florianópolis.
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Variação da linha de costa da Ilha Santa Catarina
Fonte: Imagem Sentinel-2 (ESA Copernicus Sentinel Data, 2018) e rosetas de direção de ondas e ventos modificados de Silva et al. (2018).
Figura 1. (A) Localização da Ilha de Santa Catarina; (B) modelo digital de terreno (SDE, 2016) da Ilha de Santa Catarina
exibindo estruturação SSW-NNE do embasamento cristalino; (C) área de estudo na porção centro-sul da Ilha de Santa
Catarina com destaque em vermelho para os nove (9) arcos praiais estudados.
Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 21, n. 4, p. 7-90, Dezembro 2021 - 75 -
Estevam, C. N. et al.
Na ISC, a quantificação da variação da linha de costa 1,0 e 1,5 m (Araújo et al., 2003; Dillenburg e Hesp, 2009).
foi realizada por Dalbosco (2013), Klein et al. (2016a), Ondas de tempestade são pouco frequentes, porém exercem
Silva et al. (2016) e Marins (2020) com base na FILC K. grande influência sobre os eventos erosivos sendo combi-
Esses autores constataram a rotação no sentido horário nadas frequentemente com a atuação de maré de sizígia
da posição da linha de costa, que ocorre em arcos praiais (Krueger, 2011).
extensos e é análoga ao modelo conceitual de Harley et al.
(2011). Segundo Dalbosco (2013) e Silva et al. (2016), essa
rotação da linha de costa é condicionada pela deposição de MATERIAIS E MÉTODOS
sedimentos nas áreas a norte e pela erosão nas áreas a sul.
Outra importante constatação, que é consenso entre os auto- Este estudo usou como base de dados as fotografias aéreas
res, é que a ocupação antrópica adjacente às praias poten- históricas obtidas nos anos de 1938, 1957, 1978, 2002, 2012
cializa os danos causados pela erosão (Klein et al., 2016a). e 2016. Cada coleção de fotografias aéreas compõe uma série
O trabalho de Marins (2020) engloba as praias analisadas da análise multitemporal, que totaliza um período de 78 anos.
nesta pesquisa. A autora advoga para a erosão predominante Os procedimentos de tratamento, análise e modelagem dos
nas praias da Solidão, Açores, Pântano do Sul, Lagoinha do dados foram realizados nos programas QGIS 3.4 e ArcGIS
Leste, Armação, Caldeirão, Morro das Pedras, Campeche, 10.6 e do módulo de extensão DSAS 5.0. Para todos os
Mole e Galheta, com base no modelo gerado pela FILC E procedimentos, adotou-se o datum SIRGAS2000 e a pro-
como linha de base. jeção Universal Transversa de Mercator (UTM) Zona 22S
(EPSG 31982) como sistema de referência, de acordo com
o recomendado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
ASPECTOS AMBIENTAIS Estatística (IBGE, 2015) e por Himmelstoss et al. (2018).
O método de trabalho foi dividido em seis fases:
A ISC está situada no sul do Brasil, na porção insular do • inventário de fotografias aéreas;
município de Florianópolis. No contexto geológico, a ISC • georreferenciamento;
é formada por extensos maciços rochosos ígneos perten- • vetorização das feições indicadoras de linha de costa;
centes ao Batólito Florianópolis e estruturados na direção • cálculo das incertezas;
preferencial SSW-NNE (Basei et al., 2011; Tomazzoli et al., • construção da tabela de atributos;
2018). Essa estruturação do embasamento cristalino condi- • modelagem.
cionou a deposição dos sedimentos quaternários costeiros,
que possuem geometria também controlada pela incidência Esse método se baseou nos trabalhos de Anders e Byrnes
de energia de ondas, marés, correntes e ventos (Dillenburg (1991), Thieler e Danforth (1994a), Boak e Turner (2005),
e Hesp, 2009). Esse controle deposicional fica evidente ao Fletcher et al. (2012), Ford (2013) e Himmelstoss et al.
se analisar a fisiografia da ISC e a direção da linha de costa (2018) e está sintetizado no fluxograma a seguir (Figura 2).
atual que é análoga ao arranjo do embasamento (Figura 1).
As praias arenosas oceânicas da ISC são expostas ou semi- Inventário de fotografias aéreas
-expostas à ação de ondas e podem ser agrupadas de acordo
com proposta de Horn Filho e Leal (2017). Estão submetidas As coleções de fotografias aéreas utilizadas neste trabalho são
ao regime de micromaré astronômica, com variação entre 0,4 oriundas do acervo de dados da Secretaria do Patrimônio da
e 1,2 m (Truccolo et al., 2004), e a oscilações causadas pela União (SPU), da Secretaria de Estado do Desenvolvimento
maré inercial (Araújo, 2020). As variações inerciais podem Econômico Sustentável de Santa Catarina (SDE/SC) e da
representar aproximadamente 40% das oscilações verticais Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF) e foram obtidas
do nível do mar (Araújo, 2020) e estão diretamente ligadas em aerolevantamentos realizados nos anos 1938, 1957, 1978,
aos sistemas de baixa pressão (Massa Tropical Atlântica), 2002, 2012 e 2016. As ortofotos do ano de 2012 da SDE
à passagem de frentes frias (Massa Polar Atlântica) e à serviram como base cartográfica para o georreferenciamento
ocorrência de ciclones extratropicais que atuam no litoral das fotografias aéreas de 1938, 1957, 1978, 2002 e 2016.
sul do Brasil (Monteiro e Furtado, 1995). Esses sistemas Essa escolha deve-se à qualidade das ortofotos de 2012 que
atmosféricos são responsáveis pela predominância de ven- foram obtidas na escala 1:5.000 pelo Sistema Aerotransportado
tos do quadrante nordeste e ventos intensos do quadrante de Aquisição e Pós-processamento de Imagens Digitais
sul (Klein et al., 2016b; Silva et al., 2016). (SAAPI) (Ruy et al., 2007) e classificadas em classe A no
O clima de ondas atuante foi analisado por Silva et al. Padrão de Exatidão Cartográfica (PEC) (Brasil, 1984). Esses
(2016) durante o período de 1979 a 2015 e consiste na pre- produtos cartográficos possuem resolução espacial de 0,39 m
dominância de ondas de direção sul (42,2%), leste (28,4%), e erro padrão (EP) máximo estimado em 1,5 m para região
sudeste (18,2%) e nordeste (8,9%) com altura média entre próxima da área estudada (Souza et al., 2017).
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Variação da linha de costa da Ilha Santa Catarina
As fotografias aéreas de 1938 a 2016 possuem caracte- e com forma bem definida, preferencialmente em matacões
rísticas distintas principalmente em relação à escala e à reso- isolados, fraturas nas rochas, construções e bifurcações de
lução espacial de cada levantamento (Tabela 1). Os órgãos estradas que não mudaram ao longo do tempo de análise
que disponibilizam essas fotografias aéreas não possuem os (Crowell et al., 1991). Conforme Rocchini e Di Rita (2005),
parâmetros e as datas em que cada fotografia foi tomada. o erro quadrático médio de aerofotos georreferenciadas e
Portanto a ortorretificação das coleções anteriores ao ano de ortorretificadas em regiões planas é semelhante. Portanto, a
2012 (ou seja, 2002, 1978, 1957 e 1938) não foi realizada locação dos pontos de controle foi realizada principalmente
pela inexistência (perda) dos parâmetros do espaço imagem em áreas planas de modo que minimizasse possíveis erros
(do conceito de Thieler e Danforth, 1994a). Para gerar os (Rocchini e Di Rita, 2005). Os valores do erro residual dos
modelos da variação da linha de costa, definiu-se a data de pontos de controle utilizados tiveram sempre valor menor
aquisição para o dia 06 de agosto de cada ano. Essa data que uma vez e meia o valor do erro residual total (SPU,
foi escolhida por representar a metade do inverno, período 2019). Para cada fotografia aérea, identificaram-se no mínimo
mais seco e de maior probabilidade de se realizar os voos 13 pontos de controle, quando utilizada a transformação
de levantamento fotogramétrico para o litoral catarinense. polinomial de segundo grau, ou 7 pontos, quando utilizada
Essa escolha segue a proposta de Thieler e Danforth (1994a): a transformação polinomial de primeiro grau (Tabela 2).
quando faltam parâmetros ou informações, é possível fazer No total, foram georreferenciadas 48 fotografias aéreas,
simplificações realistas nos dados. com uma média de 18,8 pontos de controle por fotografia,
totalizando 903 pontos de controle. O método de reamos-
Georreferenciamento tragem adotado foi por convolução cúbica.
Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 21, n. 4, p. 7-90, Dezembro 2021 - 77 -
Estevam, C. N. et al.
Tabela 2. Incertezas (It) calculadas para cada arco praial entre 1938 e 2016*.
Incerteza total (m)
Arco praial/Ano
1938 1957 1978 2002 2012 2016
E 3,60 E 2,34 E 1,79 E 1,19 E 1,61 E 0,44
1 Naufragados K 3,25 K 2,27 K 1,76 K 1,28 K 1,58 K 0,31
M 3,10 M 2,24 M 1,74 M 1,22 M 1,63 M 0,29
E 2,86 E 1,78 E 1,92 E 1,30 E 1,56 E 0,54
2 Solidão K 2,90 K 1,75 K 1,90 K 1,31 K 1,57 K 0,28
M 2,91 M 1,75 M 1,90 M 1,30 M 1,58 M 0,38
E 2,97 E 1,78 E 1,93 E 1,13 E 1,60 E 0,42
3 Açores-Pântano do Sul K 2,85 K 1,76 K 1,92 K 1,15 K 1,61 K 0,48
M 2,92 M 1,77 M 1,92 M 1,17 M 1,57 M 0,53
E 2,95 E 1,70 E 1,84 E 1,25 E 1,56 E 0,78
4 Lagoinha do Leste K 2,98 K 1,77 K 1,85 K 1,29 K 1,56 K 0,31
M 3,08 M 1,71 M 1,83 M 1,32 M 1,57 M 0,31
E 3,13 E 1,89 E 1,85 E 1,25 E 1,58 E 0,23
5 Matadeiro K 3,05 K 1,74 K 1,82 K 1,29 K 1,55 K 0,32
M 3,14 M 1,82 M 1,81 M 1,27 M 1,61 M 0,46
E 3,14 E 2,03 E 2,03 E 1,26 E 1,62 E 0,46
6 Armação K 3,06 K 1,99 K 1,99 K 1,28 K 1,56 K 0,38
M 3,09 M 1,98 M 1,99 M 1,32 M 1,56 M 0,53
E 3,62 E 2,05 E 2,23 E 1,72 E 1,59 E 0,40
Morro das Pedras -
7 K 3,55 K 2,05 K 2,22 K 1,74 K 1,57 K 0,41
Campeche - Joaquina
M 3,57 M 2,04 M 2,22 M 1,80 M 1,58 M 0,32
E 2,95 E 1,98 E 2,27 E 1,70 E 1,60 E 0,27
8 Mole K 2,92 K 2,01 K 2,25 K 1,71 K 1,58 K 0,39
M 2,92 M 1,97 M 2,25 M 1,71 M 1,59 M 0,41
E 3,00 E 1,98 E 2,29 E 1,70 E 1,61 E 0,33
9 Galheta K 2,91 K 1,97 K 2,27 K 1,75 K 1,57 K 0,41
M 2,95 M 2,00 M 2,25 M 1,75 M 1,57 M 0,52
*Resultados expressos em metros. Notar que os valores de incertezas do modelo E (representados pela letra E) são maiores que os do modelo M (representados
por M), que, por sua vez, são maiores que do modelo K (representados por K).
etapas: vetorização pelo analista executor do projeto e veto- limite entre praia-duna (E), limite entre área seca-molhada
rização por outro analista. Esse procedimento de vetorização (K) e linha de água instantânea (M) (Boak e Turner, 2005).
dupla foi realizado para o cálculo do erro de vetorização (Ev). A ordem de vetorização E-M-K foi concebida para minimi-
A vetorização foi feita com base no desenho manual das zar o caráter subjetivo e pessoal na identificação das FILC,
FILC sobre as fotografias aéreas georreferenciadas, das mais de modo que as linhas não se cruzem e possuam geometria
recentes para as mais antigas. Utilizaram-se as porções cen- paralela ou aproximadamente paralela entre si.
trais das aerofotos para minimizar erros relacionados à dis- A linha E foi adaptada do conceito de Boak e Turner
torção radial. No total, foram vetorizadas em escala 1:2.000 (2005) que atribui a esta linha a feição que indica o limite
três feições indicadoras de linha de costa por série temporal: da presença de vegetação nas dunas. A adaptação promovida
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Variação da linha de costa da Ilha Santa Catarina
aborda a linha E como um divisor geomorfológico entre a praia programa QGIS que utiliza a raiz quadrada do somatório
e a duna que, predominantemente, é marcado pela presença das diferenças de posições entre a fotografia aérea e a base
de vegetação. Quando não existe indicador claro da linha E, cartográfica elevada ao quadrado (Equação 1). O erro qua-
como em construções à beira-mar ou em áreas de campos drático médio adotado é o maior valor RMSe obtido para o
de dunas ativas, por exemplo, não é possível desenhá-la. conjunto de fotografias aéreas de cada arco praial analisado
(Klein et al., 2016a).
Cálculo das incertezas na O Ev foi calculado pela diferença entre a posição das
posição da linha de costa linhas de costa vetorizadas por dois analistas. Os perfis orto-
gonais à linha de costa foram confeccionados e a diferença
A incerteza na posição da linha de costa foi calculada com de posição dos interceptos permitiu o cálculo das distâncias
base em três fontes de erros: tamanho de pixel (Ep), raiz entre as linhas de costa vetorizadas. O procedimento foi rea-
do erro quadrático médio (RMS error) (Equação 1) e Ev lizado para todas FILC dos nove arcos praiais. Os valores de
(Equação 2), sendo a incerteza total calculada por meio Ev para cada FILC tiveram diferenças, em que o modelo E
da Equação 3 (Romine et al., 2009; Fletcher et al., 2012; apresentou média de 1,76 m de incerteza, o modelo K 1,72
SPU, 2019). m e o modelo M 1,74 m.
Os valores diferentes de It refletem diferenças no Ev,
𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹𝑹 𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆𝒆 = �𝑛𝑛𝑛𝑛 ∑𝑛𝑛𝑛𝑛𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖(𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋 − 𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋)2 + (𝑌𝑌𝑌𝑌𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋 − 𝑌𝑌𝑌𝑌𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋)2 (1) já que Ep e RMSe são os mesmos para todos os modelos.
1
Fórmula para o cálculo da raiz do erro quadrático médio Construção da tabela de atributos
(RMSe).
As tabelas de atributos das feições indicadoras de linhas de
Em que: costa E, M e K vetorizadas foram complementadas com os
Xfoto: coordenada projetada X em metros; atributos referentes à data de aquisição das fotografias aéreas
Xbase: coordenada cartesiana X do GCP na imagem original; (date), às incertezas da posição da linha de costa (uncy) e
Yfoto: coordenada projetada Y em metros; ao grupo de análise (group) (Himmelstoss et al., 2018).
Xbase: coordenada cartesiana Y do GCP na imagem original; Com base nas linhas de costa vetorizadas foram geradas
n: número de GCP. linhas paralelas denominadas de linhas de base, que servem
de referência para construir os perfis de análise (Himmelstoss
∑𝑛𝑛𝑛𝑛
(2) et al., 2018). O procedimento de confecção da linha de base
2
𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖(𝑋𝑋𝑋𝑋𝑖𝑖𝑖𝑖−𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋𝑋)
𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬𝑬 = � 𝑛𝑛𝑛𝑛
foi realizado pelo buffer de 250 m das linhas de costa e pos-
Fórmula, Ev em metros, para o cálculo do erro de vetorização. terior vetorização do limite interior do buffer localizado em
Fórmula, Ev em metros, para o cálculo do erro de vetorização. terras emersas, de modo que resultasse em linhas de base
Em que: paralelas às linhas de costa (Danforth e Thieler, 1992).
Onde:
Xi – valor
Xi: individual;
valor individual;
Xm: médiados
Xm – média dos valores;
valores; Modelagem no Digital Shoreline Analysis System
n – número
n: número dedevalores.
valores.
O primeiro passo na modelagem no DSAS foi a definição
𝑰𝑰𝑰𝑰𝑰𝑰𝑰𝑰 = ±�𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸2 + 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑋𝑋𝑋𝑋 2 + 𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 2 (3)
Fórmula para o cálculo total das incertezas. dos parâmetros utilizados para a construção do modelo.
Fórmula para o cálculo total das incertezas. Os parâmetros são o posicionamento da linha de base
e a localização dessa linha em relação à linha de costa
No cálculo da incerteza, não foi considerada: incerteza (Himmelstoss et al., 2018).
sazonal, pela ausência da data de obtenção das fotografias Na modelagem do setor centro-sul da ISC, a linha de base
aéreas, e variação de maré, pelo fato da FILC E não ser foi posicionada na direção da terra emersa com base na linha
influenciada diurnamente pelo efeito da maré. Essa escolha de costa e com orientação no sentido sul-norte. Em sequên-
foi dada para realizar comparação entre os resultados sob cia, atribuíram-se os parâmetros da linha de costa, como
as mesmas condições de incertezas. data, incerteza e posição de intersecção no sentido do mar.
O Ep ou resolução espacial é uma propriedade das ima- O procedimento seguinte foi a construção dos perfis para
gens digitais e que pode ser obtida no próprio arquivo das a análise com espaçamento de 25 m e distância de suaviza-
fotografias aéreas digitais. O cálculo da raiz do erro qua- ção de 50 m de modo que intersectasse todas as linhas de
drático médio (RMSe) é determinado pelo produto entre o costa vetorizadas. Por fim, realizaram-se cálculos estatísti-
valor do tamanho de pixel em metros e pelo erro residual cos de envelope da linha de costa (shoreline change enve-
do georreferenciamento em pixel (Tabela 2). O erro residual lope — SCE), regressão linear ponderada (weighted linear
do georreferenciamento é calculado automaticamente pelo regression — WLR) e o erro padrão da estimativa (standard
Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 21, n. 4, p. 7-90, Dezembro 2021 - 79 -
Estevam, C. N. et al.
error of estimate — WSE) com intervalo de confiança de Os maiores valores calculados de SCE foram obtidos no
95% (Figura 2). modelo K, que possui desvio padrão de 13,33 m, valor médio
de 30,99 m e máximo de 102,38 m, valores estes semelhan-
tes ao modelo M tanto na distribuição quanto nos valores
RESULTADOS médios. O modelo M apresenta desvio padrão de 13,31 m,
valor médio de 30,81 m e máximo de 96,36 m. O modelo E
Os resultados foram derivados de três análises distintas: tem a menor variabilidade dos valores de SCE, com desvio
análise do erro padrão da estimativa, comparação entre os padrão de 10,95 m. Associados à baixa variabilidade estão
modelos da variação das linhas de costa E, K e M e tendên- os baixos valores de variação da linha de costa, com média
cias da variação das linhas de costa. No total, calcularam-se de 23,00 m e máxima de 57,54 m.
estatísticas referentes a 2.970 perfis dispostos em nove arcos O cálculo da taxa de variação da linha de costa, em metros
praiais localizados no setor centro-sul da ISC. por ano, pela regressão linear ponderada (WLR) indicou áreas
com suscetibilidade a erosão, acreção e que possuem relativa
Análise do erro padrão da estimativa estabilidade. Esse cálculo gerou padrão semelhante às aná-
lises descritas anteriormente. O modelo E apresenta a maior
A análise do erro padrão da estimativa (WSE) revelou homogeneidade quanto à taxa de variação da linha de costa,
heterogeneidade entre os modelos construídos, no qual o com valores entre -0,54 e 0,90 m/ano. Esse modelo indica ten-
modelo K apresenta os maiores valores de erro, seguido dência sutil de acreção na área estudada, com valor médio de
pelo modelo M e, posteriormente, pelo modelo E (Figura 3). 0,05 m/ano e desvio padrão de 0,27 m. Esse padrão se repete
Apesar da atribuição de valores de incertezas semelhantes, ao analisar o modelo K, que indica acreção da área, com taxa
os valores calculados pelo WSE têm diferenças ocasionadas média de 0,11 m/ano de variação da linha de costa. O modelo
pela aderência da posição das FILC aos transectos dos res- K apresenta a maior variabilidade na taxa de variação da
pectivos gráficos da regressão linear ponderada, ou seja, os linha de costa, com valores de -0,61 a 2,02 m/ano e desvio
resíduos da modelagem provocados pela alta variabilidade padrão de 0,34 m. O modelo M tem valores que indicam o
da linha de costa acarretam erros maiores. predomínio da erosão nas praias estudadas, com taxa média
Os valores de WSE calculados para o modelo K apre- de -0,20 m/ano e valores de variação da linha de costa entre
sentam maior heterogeneidade de valores, com média de -1,03 e 0,64 m/ano e desvio padrão de 0,27 m (Figura 4).
6,89 m de erro, desvio padrão de 3,59 m e valor máximo As maiores discrepâncias entre os modelos são causadas
de 22,85 m. O modelo M apresenta média de 5,43 m de pela descontinuidade das tendências de variação da linha de
erro, desvio padrão de 2,89 m e valor máximo de 16,02 m. costa ao longo dos arcos praiais (Figura 4A). É possível notar
O modelo E tem a maior homogeneidade entre os modelos, que o modelo M apresenta maior descontinuidade das ten-
com média de 3,44 m de erro, tendo como desvio padrão dências de estabilidade, acreção ou erosão ao longo do arco
1,74 m e valor máximo 13,07 m. praial Morro das Pedras-Campeche-Joaquina. Essa caracte-
Os maiores valores de erro observados ocorrem principal- rística na descontinuidade das tendências é vista com menor
mente nos arcos praiais extensos e expostos à ação de ondas, frequência no modelo K. Com base na análise dos mode-
em que a variação da linha de costa é maior e os pontos de los E, K e M, é possível notar que o modelo E apresenta
controle possuem menor acurácia (Figura 3). Quanto maior amplitude de variação de tendências sensivelmente menor
o erro proveniente da retificação das fotografias aéreas, por em relação aos demais modelos.
exemplo, em áreas com planície costeira extensa e com
menor quantidade de pontos de controle, maiores serão os Tendências da variação da linha de costa
valores de erro do padrão de estimativa.
Existem células de circulação limitadas pelo embasamento,
Comparação entre modelos que condicionam a erosão, o transporte e a deposição de
da variação da linha de costa sedimentos, processos estes evidenciados pela taxa de varia-
ção da linha de costa (WLR). Essas células são mais bem
Os modelos da variação da linha de costa E, K e M apre- identificadas no modelo E e são representadas pelo agrupa-
sentam heterogeneidades, de maneira semelhante àquelas mento das praias em seis setores que apresentam tendências
descritas na análise do erro padrão da estimativa. A heteroge- particulares de estabilidade, acreção ou erosão (Figura 5).
neidade dos modelos é evidenciada pela ampla distribuição Os setores A, C e F apontam para a estabilidade da linha
de valores calculados para o envelope da variação da linha de costa, com valores médios de WLR de -0,02 ± 0,62 m/ano,
de costa (SCE) e que apresentam tendência homogênea para 0,01 ± 0,27 m/ano e 0,01 ± 0,29 m/ano, respectivamente.
o modelo E, intermediária para o modelo M e tendência Os arcos praiais (Naufragados, Lagoinha do Leste, Mole e
heterogênea para o modelo K (Figura 4). Galheta) que fazem parte dos setores A, C e F possuem forma
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Figura 3. (A) Distribuição dos valores de erro padrão de estimativa (standard error of estimate — WSE) para os modelos
E, K e M ao longo dos nove arcos praiais. (B, C e D) Histogramas com os valores de WSE em número, média, desvio
padrão, valores máximo e mínimo dos modelos E, K e M.
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Figura 4. Distribuição da taxa de variação da linha de costa (weighted linear regression — WLR) para os modelos E, K e
M indicando áreas com suscetibilidade a erosão (em vermelho), estabilidade (em amarelo) e acreção (em verde) ao longo
dos nove arcos praiais. Variabilidade dos modelos E, K e M representada pelas estatísticas weighted linear regression
(WLR) e shoreline change envelope (SCE).
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Variação da linha de costa da Ilha Santa Catarina
Células praiais estáveis: A: Naufragados, C: Lagoinha do Leste-Matadeiro, F: Mole-Galheta; células com acreção: B: Solidão-Açores-Pântano do Sul, E: Campeche-
Joaquina; célula com erosão: D: Armação-Caldeirão-Morro das Pedras.
Figura 5. Distribuição das taxas de variação da linha de costa (weighted linear regression — WLR) do modelo E ao longo
dos nove arcos praiais. Os valores médios de weighted linear regression — WLR e de standard error of estimate — WSE
foram agrupados em seis setores ou células praiais.
de bolso ou parabólica e são expostos à ação de ondas e ventos, parabólica ou retilínea, são parcialmente protegidos da ação
principalmente do quadrante leste, sul e sudeste (Figura 5). de ondas incidentes do quadrante sul e sudeste e são expos-
Os setores B e E têm progradação da linha de costa com tas à ação de ondas do quadrante leste. A proteção ao clima
média de acreção de 0,20 ± 0,29 m/ano e 0,30 ± 0,20 m/ano, de ondas predominante funciona como armadilha para os
respectivamente. Os arcos praiais dos setores B (Açores- sedimentos costeiros que são depositados na praia e acu-
Pântano do Sul) e E (Campeche-Joaquina) possuem forma mulados nos sistemas eólicos adjacentes.
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O setor D apresenta o registro erosivo da área analisada menor WSE e melhor ajuste aos dados, mesmo com valo-
com retrogradação da linha de costa a uma taxa média de res maiores de incertezas (It), pelo fato de a feição indica-
-0,18 ± 0,25 m/ano. Esta faixa costeira localizada nos arcos dora da linha de costa E (limite entre praia-duna) registrar
praiais da Armação-Caldeirão e Morro das Pedras-Campeche variações da linha de costa de longo prazo sem a influência
é altamente vulnerável à ondulação do quadrante leste e par- direta da variação diurna de maré. Isso se traduz em menor
cialmente suscetível ao clima de ondas do quadrante nor- dispersão das taxas de variação da linha de costa (Figura 4)
deste e sudeste. Possui transporte de sedimentos condicio- e maior precisão nas estimativas da regressão linear ponde-
nado pela fisiografia do embasamento e não possui fontes rada (WLR) em relação aos modelos K e M. O modelo K foi
relevantes de reposição do estoque sedimentar próximas. o que apresentou a maior amplitude de variação em razão
da feição indicadora da linha de costa K (limite entre a área
seca-molhada) ser submetida a constantes variações cíclicas
DISCUSSÃO da maré. Apesar de apresentar amplitude de variação menor
que o modelo K, o modelo M (linha de água instantânea)
As mudanças costeiras de 1938 a 2016 na costa centro-sul da ISC possui menor correspondência às feições geológicas (Fletcher
apresentam variações setoriais, com células de acreção, erosão et al., 2012). A identificação da feição indicadora da linha de
e áreas com pequenas mudanças que representam estabilidade. costa M em fotografias aéreas históricas pode ser compro-
As incertezas da análise associadas ao erro do tamanho metida pela qualidade das fotografias aéreas analógicas e por
de pixel (Ep), à raiz do erro quadrático médio (RMSe) e ao fatores inerentes ao aerolevantamento fotogramétrico, por
erro de vetorização (Ev) mostram que os valores de erro exemplo, diferente resolução espacial e escala. Cada tipo de
padrão da estimativa (WSE) obtidos para os modelos E, K e FILC produz um modelo que possui vantagens e desvanta-
M são significativamente diferentes. O modelo E apresenta gens para a análise da variação da linha de costa (Tabela 3).
Tabela 3. Vantagens e desvantagens dos modelos E, K e M para a análise da variação da linha de costa.
Modelo Vantagens Desvantagens
E – A linha E é mais estável por sofrer menos influência – Não é possível utilizar em costas com
de processos oscilatórios (Thieler e Danforth, 1994b; intervenção antrópica intensa.
Ford, 2013). – Suscetível a variações bióticas e climáticas que
– Fácil identificação da feição indicadora de linha de controlam o desenvolvimento da vegetação
costa E (Ford, 2013) pelo contraste observado no (Ford, 2013).
limite entre praia-duna. É possível identificar a linha E
em locais onde as linhas K e M não são distinguíveis.
– Adequado para análise de poucas séries temporais de
dados (menor variabilidade) (Fletcher et al., 2012).
– Indica processos de médio-longo prazo (Ford, 2013).
K – Indicador (limite entre a área seca-molhada) mais – Identificação subjetiva da feição indicadora
utilizado para a análise da variação da linha de costa de linha de costa K (limite entre a área seca-
(Araújo et al., 2009; Klein et al., 2016a). molhada pode variar de um analista para outro
– Utilização em costas naturais ou antropizadas. dependendo do contraste da fotografia aérea).
– É controlado por processos unicamente físicos (marés, – Maior variabilidade.
ondas, ventos e sedimentação). – Indica processos de curto-médio prazo.
– Fácil identificação da feição indicadora de linha de – Sujeita a variações sazonais (Thieler e
costa K (Crowell et al., 1991). Danforth,1994b).
– Do ponto de vista geológico, a linha K pode não
ser o melhor indicador (Thieler e Danforth, 1994a).
– Necessita da mensuração das variações
sazonais (Fletcher et al., 2012), pois pode ser
deslocada pela condição climática (Thieler e
Danforth, 1994b).
M – Aplicável em linhas de costa antropizadas. – Alta variabilidade.
– Recomendada para imagens de satélite (com baixa – Sujeita a variações morfológicas da praia.
resolução espacial). – Sujeita a variações sazonais.
– Alto contraste para a definição da feição indicadora de – Necessita da mensuração das variações
linha de costa M (linha de água instantânea). sazonais.
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Variação da linha de costa da Ilha Santa Catarina
A acreção da linha de costa predomina em relação à ero- 2011; Fletcher et al., 2012; Romine e Fletcher, 2013). As praias
são, para a área estudada. Os registros de acreção ocorrem que possuem maior ocupação antrópica próxima à linha de
nas praias de Açores-Pântano do Sul e Campeche-Joaquina. costa são as que foram classificadas na célula praial erosiva:
São de fácil identificação, pois são adjacentes a dois campos de Armação, Caldeirão, Morro das Pedras e Campeche. A praia
dunas ativos (Figura 5). Essas áreas possuem taxa de acreção da Armação foi uma das mais afetadas pelo processo ero-
de 20 a 30 cm ao ano e são parcialmente protegidas de ondas sivo em 2010, e como medida emergencial para proteger
do quadrante sul e sudeste por ilhas costeiras. Essa tendência casas do avanço do mar foi construído muro de contenção.
pode ser explicada pelo progressivo estoque de sedimentos Aproximadamente 500 m da faixa de praia foram perdidos,
nas porções a norte dos arcos praiais por ação de correntes e as praias localizadas a norte, como Caldeirão, Morro das
de deriva litorânea (Vos et al., 2019), pelo retrabalhamento Pedras e Campeche, têm sofrido processos erosivos (Figura 6).
de sedimentos previamente depositados (Tanaka, 2010) e por Os processos erosivos que ocorrem nas praias da Armação,
mudanças relacionadas ao clima de ondas (Silva et al., 2016). Caldeirão, Morro das Pedras e Campeche podem provocar,
Identificou-se estabilidade nas praias de Naufragados, já na próxima década, a destruição de benfeitorias ao longo
Lagoinha do Leste, Matadeiro, Mole e Galheta. Essas praias da linha de costa e culminar na salinização da Lagoa do Peri,
possuem taxa média de variação da linha de costa entre maior manancial de água doce da ISC. O cordão arenoso res-
-0,02 e 0,01 m/ano e possuem forma de bolso, com pequena ponsável por separar o Oceano Atlântico da Lagoa do Peri
extensão em relação às outras praias analisadas. Essas praias tem sido erodido progressivamente e pode ficar suscetível à
possuem pouca ocupação antrópica e têm características intrusão da cunha salina em direção à lagoa.
naturais preservadas. Parte da erosão é explicada por processos naturais.
O registro erosivo ocorre nas praias de Armação, Caldeirão, A influência de ressacas potencializa a erosão e o transporte
Morro das Pedras e Campeche em célula limitada pelo longitudinal de sedimentos que resultam nas características
embasamento e que possui taxa de erosão de -0,18 m/ano. identificadas em cada célula praial, que possuem suas carac-
Essas praias possuem maior exposição ao clima de ondas leste terísticas ilustradas na Figura 6.
e nordeste, em relação a outras áreas (Figura 5). O processo
erosivo nestas praias parcialmente protegidas da ação direta
de ressacas pode ser explicado pelo modelo conceitual de CONCLUSÃO
Harley et al. (2011), que descreve o mecanismo de rotação
da linha de costa. Enquanto ocorre erosão na porção sul de Mapearam-se 23,6 km de linha de costa, com dados relati-
determinado arco praial submetido a ondas de tempestade vos a seis séries multitemporais, que representam mudanças
dos quadrantes sul e sudeste, verifica-se acreção na porção costeiras ocorridas em 78 anos. No total, analisaram-se nove
norte desse arco. Esse mecanismo está diretamente ligado arcos praiais: Naufragados, Solidão, Açores-Pântano do Sul,
ao clima de ondas e ao transporte de sedimentos por cor- Lagoinha do Leste, Matadeiro, Armação-Caldeirão, Morro
rentes de deriva litorânea, que são intensificados em even- das Pedras-Campeche-Joaquina, Mole e Galheta.
tos de tempestade. O padrão espacial de erosão é o mesmo O cálculo estatístico de variação da linha de costa foi
para as praias do norte da ilha de Santa Catarina, analisadas executado com base em três modelos espaciais que repre-
por Klein et al. (2016a): enquanto na porção sul dos arcos sentam as feições indicadoras de linha de costa E (linha
praiais predomina o registro de erosão, na porção norte pre- que marca o início da duna frontal, geralmente pela pre-
domina o registro de acreção, conforme modelo de Harley sença de vegetação), linha K (que divide a porção seca e
et al. (2011). O trabalho de Marins (2020) aponta para a molhada da praia) e linha M (que marca a presença instan-
predominância do processo de erosão nas praias da porção tânea de água), que totalizam 2.970 transectos. Os modelos
sul da ilha de Santa Catarina, contudo essa interpretação é construídos no DSAS possuem boa aderência aos dados
pautada em valores da variação da linha de costa obtidos por e são eficientes na reprodução das variações da linha de
um modelo gerado com base na FILC E como linha de base. costa de cada modelo.
Essa escolha resultou em transectos posicionados diagonal- A comparação entre os modelos permitiu a distinção entre
mente sobre linhas de costa e valores da taxa de variação da os produtos gerados por meio de diferentes marcadores da
linha de costa que podem ser considerados superestimados, linha de costa (FILC). O método desenvolvido nesta pes-
conforme conceitua Danforth e Thieler (1992). Danforth e quisa trouxe luz a essa variedade de FILC, principalmente
Thieler (1992) explicam que a linha de base deve estar posi- em relação às linhas E, K e M, mostrando que a linha E é
cionada de maneira paralela às linhas de costa analisadas. a FILC com maior homogeneidade.
Praias que possuem benfeitorias sobre os sistemas eólicos Os resultados indicam nove células da variação da linha
são as mais afetadas pela erosão visto que o estoque sedimen- de costa, sendo duas células de acreção (Açores-Pântano do
tar é aprisionado e impossibilita a migração de sedimentos, Sul e Campeche-Joaquina), uma erosiva (Armação-Caldeirão
que ocorre em ciclos sazonais de erosão e acreção (Krueger, e Morro das Pedras-Campeche) e três células estáveis
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Figura 6. (A) Recorte da fotografia aérea do arco praial Campeche-Joaquina em 2016 com a indicação de acreção associada
ao campo de dunas ativo; (B) recorte da fotografia aérea do arco praial Armação-Caldeirão (2016) com a indicação de erosão
no ano de 2017; (C) registro do avanço do mar no ano de 2010 na praia da Armação; (D) sistema eólico localizado no arco
praial Açores-Pântano do Sul com estruturas cruzadas ortogonais à linha de costa, formadas pelo processo de acreção
posterior ao ano de 1938.
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