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PR.

0349

CONSERVAÇÃO
DE
FORRAGENS
MAITY ZOPOLLATTO

CONSERVAÇÃO DE FORRAGENS

CURITIBA
SENAR AR/PR
2020
Depósito legal na CENAGRI, conforma Portaria Interministerial n. 164, data de 22 de
julho de 1994, e junto a Fundação Biblioteca Nacional e SENAR AR/PR.

Autor: Maity Zopollatto


Coordenação técnica: Alexandre Lobo Blanco - CRMV-PR 4735 e Jessica Welinski
de Oliveira D´angelo - CREA PR 128827/D
Coordenação metodológica: Tatiana de Albuquerque Montefusco
Revisão técnica e final: CEDITEC – SENAR AR/PR
Normalização: Rita de Cássia Teixeira Gusso CRB 9/647
Coordenação gráfica: Carlos Manoel Machado Guimarães Filho
Revisão ortográfica e diagramação: Sincronia Design Gráfico Ltda.

CATALOGAÇÃO NO CENTRO DE EDITORAÇÃO, DOCUMENTAÇÃO E


INFORMAÇÃO TÉCNICA - CEDITEC

Zopollatto, Maity.

Z88
Conservação de forragens / Maity Zopollatto. –
Curitiba : SENAR AR-PR., 2020. - 108 p.

ISBN 978-65-88733-10-3

1. Silagem. 2. Fenação. 3. Produção de feno. 4.


Aditivo. I. Título.

CDU636.085

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, por qualquer meio, sem a
autorização do editor.

IMPRESSO NO BRASIL – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


APRESENTAÇÃO

O SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – é uma instituição prevista


na Constituição Federal e criada pela Lei n. 8.315, de 23/12/1991. Tem como objetivo a
formação profissional e a promoção social do homem do campo para que ele melhore
o resultado do seu trabalho e, com isso, aumente sua renda e a sua condição social.

No Paraná, o SENAR é administrado pela Federação da Agricultura do Estado


do Paraná – FAEP – e vem respondendo por amplo e diversificado programa de
treinamento.

Todos os cursos ministrados por intermédio do SENAR são coordenados pelos


Sindicatos Rurais e contam com a colaboração de outras instituições governamentais
e particulares, prefeituras municipais, cooperativas e empresas privadas.

O material didático de cada curso levado pelo SENAR é preparado de forma


criteriosa e exclusiva para seu público-alvo, a exemplo deste manual. O objetivo é
garantir que os benefícios dos treinamentos se consolidem e se estendam. Afinal,
quanto maior o número de trabalhadores e produtores rurais qualificados, melhor será
o resultado para a economia e para a sociedade em geral.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 7

1 SILAGEM.......................................................................................................................................... 9
1.1 CONCEITO.............................................................................................................................. 10
1.2 ESCOLHA DA FORRAGEIRA ................................................................................................ 11
1.3 PROCESSO DE ENSILAGEM................................................................................................ 13
1.3.1 Implantação da lavoura ................................................................................................... 14
1.3.2 Colheita e picagem ......................................................................................................... 21
1.3.3 Silos ................................................................................................................................ 22
1.3.4 Enchimento do silo........................................................................................................... 27
1.3.5 Fechamento do silo.......................................................................................................... 30
1.4 FASES DO PROCESSO DE ENSILAGEM ........................................................................... 32
1.4.1 Fase aeróbica.................................................................................................................. 32
1.4.2 Fase fermentativa ou anaeróbica e estabilidade............................................................. 33
1.4.3 Fase aeróbica (abertura)................................................................................................. 34
1.5 ADITIVOS................................................................................................................................. 36
1.5.1 Aditivos microbianos........................................................................................................ 37
1.5.2 Aditivos químicos............................................................................................................. 38
1.5.3 Sequestrantes de umidade.............................................................................................. 41
1.5.4 Cuidados na aplicação de aditivos.................................................................................. 42
1.6 MANEJO DO SILO PÓS-ABERTURA.................................................................................... 43
1.6.1 Retirada de material......................................................................................................... 43
1.7 AVALIAÇÃO DE SILAGENS................................................................................................... 47
1.7.1 Aspectos relacionados ao processo................................................................................ 48
1.7.2 Presença de microrganismos indesejáveis ..................................................................... 50
1.7.3 Cor................................................................................................................................... 51
1.7.4 Odor................................................................................................................................. 52
1.7.5 Produção de efluente....................................................................................................... 52
1.8 SILAGEM DE MILHO APÓS GEADA..................................................................................... 54
1.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................... 55

2 FENAÇÃO....................................................................................................................................... 57
2.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 57
2.2 PRODUÇÃO, MANEJO E USO DE FENO............................................................................ 57
2.2.1 Planejamento para produção de feno.............................................................................. 58
2.2.2 Adubação para produção de feno.................................................................................... 61
2.2.3 Escolha da espécie forrageira......................................................................................... 64
2.3 MANEJO DE ÁREAS ESTABELECIDAS PARA PRODUÇÃO DE FENO........................... 67
2.4 CORTE .................................................................................................................................... 67
2.4.1 Manejo pós-corte ............................................................................................................ 75
2.4.2 Equipamentos e aplicação .............................................................................................. 76
2.4.3 Fatores que afetam as taxas de perda de água.............................................................. 79
2.5 ADITIVOS ................................................................................................................................ 80
2.5.1 Ácidos orgânicos.............................................................................................................. 80
2.5.2 Amônia/Ureia................................................................................................................... 80
2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................... 81

3 PRÉ-SECADO................................................................................................................................ 83
3.1 CONCEITO.............................................................................................................................. 83
3.2 ESCOLHA DA FORRAGEIRA................................................................................................. 83
3.3 PROCESSAMENTO E PONTO DE CORTE......................................................................... 85
3.4 FASES DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE GRAMÍNEAS
PRÉ-SECADAS....................................................................................................................... 85
3.4.1 Corte, revolvimento, enleiramento, recolhimento e ensilagem........................................ 86
3.4.2 Tipos de silo..................................................................................................................... 87
3.4.3 Fechamento e vedação................................................................................................... 88
3.5 ADITIVOS................................................................................................................................. 89
3.6 MANEJO DO SILO PÓS-ABERTURA.................................................................................... 89
3.7 PONTOS CRÍTICOS DA PRODUÇÃO DE PRÉ-SECADO.................................................. 91
3.7.1 Fatores ambientais.......................................................................................................... 91
3.7.2 Fatores inerentes à planta............................................................................................... 91
3.7.3 Fatores inerentes ao processo ....................................................................................... 92

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 95

ANEXO 1 – DETERMINAÇÃO DA MATÉRIA SECA EM FORNO DE MICRO-ONDAS


DOMÉSTICO................................................................................................................109
SENAR AR/PR 7

INTRODUÇÃO

O Brasil ocupa posição de destaque na pecuária bovina, com um rebanho de


aproximadamente 212 milhões de cabeças, sendo que, destes, 37,4 milhões são
bovinos leiteiros. (IBGE, 2014). A produção nacional de leite de vacas chega a 34,3
bilhões de litros, com média de 5,08 L/por animal ordenhado. Essa média é bem
baixa se comparada à de países como Argentina e Nova Zelândia, que apresentam
sistemas de criação semelhantes, baseados em pastagens.
O estado do Paraná se destaca como o segundo maior produtor de leite do Brasil,
tendo produzido, em 2018, 4,3 bilhões de litros, conforme dados da Pesquisa Pecuária
Municipal, do IBGE. O Instituto pontua que naquele ano foram ordenhadas 1.356.589
cabeças, com produtividade média de 3.225 l/cabeça/ano, ou 10,75 l/cabeça/dia, se
considerada lactação de 300 dias. A alta produtividade se deve a investimentos na
melhoria nutricional e na qualidade genética dos animais.
Em relação à nutrição, historicamente a produção de volumoso no Brasil
concentra-se no verão, época na qual ocorre maior precipitação e altas temperaturas,
resultando em maior crescimento das plantas forrageiras. No entanto, no inverno,
as condições climáticas são desfavoráveis, o que resulta em menor crescimento
das plantas e, por consequência, baixa digestibilidade da forragem. A fim de não
haver declínio na produtividade, faz-se necessária a utilização de estratégias de
suplementação, principalmente no período de clima mais seco.
Os processos de conservação de forragens têm por objetivo a preservação com
o mínimo de perdas nutricionais. Eles visam diferentes percentagens de matéria seca
(MS):
ƒ silagem: de 30 a 35%;
ƒ pré-secado: de 40 a 60%;
ƒ feno: de 75 a 80%.
O uso de silagem, pré-secado e feno é uma alternativa para complementar a
alimentação do rebanho e supri-la durante os períodos de escassez de alimento,
independentemente da estação do ano.
O objetivo desta publicação é disseminar conhecimentos relacionados à produção
de alimentos conservados, de forma a oferecer mais informações para incrementar a
eficácia da técnica e a economia da atividade agropecuária.
SENAR AR/PR 9

1 SILAGEM

Atualmente, estima-se que a planta mais utilizada para silagem no Brasil é o


milho (50%), seguida pelo sorgo, por capins tropicais, cana-de-açúcar e aveia.
(BERNARDES, 2012). Neste levantamento, 272 produtores de leite do Brasil
responderam a um questionário sobre as práticas de produção e uso de silagem.
Nas fazendas envolvidas na pesquisa, 87% do rebanho são compostos por animais
das raças holandesa e girolanda, 10% por animais da raça jersey e o restante
por mestiços. A produção varia de menos de 99 litros de leite por dia até mais de
5 mil litros.
Para produção de silagem, na maior parte das fazendas (90,4%) se adota a
colheita por colhedora tracionada por trator, enquanto que em apenas 26% se usa a
colhedora autopropelida. Em mais de 50% delas se adota a afiação diária de facas
das colhedoras durante a ensilagem, enquanto que, em aproximadamente 27%, as
facas são afiadas somente no início da colheita.
O uso de aditivos na ensilagem ainda é considerado baixo (29% das propriedades),
sendo que o mais utilizado é o inoculante bacteriano, seguido de ureia, cal e até
mesmo melaço.
A maioria dos produtores (79%) possui de um a quatro silos na propriedade, com
predomínio do tipo trincheira (60%), seguido do silo superfície (38%), do silo bolsa
(1%) e do silo tipo bola (1%).
Com relação à lona utilizada, na maioria das fazendas (211) se usa lona dupla
face, em 52 se usa lona preta e em nove usam-se os dois tipos de lona. Além disso,
67% dos produtores usam terra como cobertura sobre a lona e 37% usam pneus.
Outra etapa muito importante que foi relatada é o desabastecimento dos silos.
Conforme levantamento, 232 fazendas ainda fazem a retirada manual da silagem.
A remoção do painel mostrou resultados bem variados: em 29% das fazendas se
retira todo o painel diariamente; em 35% se remove ¼ do painel; em 21% se retiram
2/3 e em 15% é feita a remoção de apenas metade do painel. Também se considerou
a quantidade de silagem retirada: em 4% das fazendas se retiram fatias inferiores a
10 cm; em 14% delas se remove de 10 a 19 cm; em 20%, de 20 a 29 cm; em 17%, de
30 a 39 cm; em 20% se retiram fatias maiores que 40 cm e 24% dos produtores não
responderam. (BERNARDES, 2012).
O descarte da silagem deteriorada no painel do silo no momento do
desabastecimento foi relatado por 89% dos produtores, enquanto 11% deles disseram
que não adotam essa prática.
10 SENAR AR/PR

Diante do exposto, os responsáveis pelas fazendas relataram que as principais


limitações no processo de produção de silagem são: fatores climáticos, mão de obra,
equipamentos, custo dos insumos e falta de crédito. Os produtores também relataram
que as fases do processo com maiores problemas são a colheita e a compactação,
além de apontarem problemas com a qualidade das lonas no processo de vedação.
A assistência técnica também foi relatada, e a pesquisa mostrou que 58% dos
consultores não faz avaliação química da silagem antes de incluí-la na dieta dos
animais, sendo que a maioria (80%) só avalia o teor de matéria seca (MS) da silagem
no momento da abertura do silo.

VOCÊ SABIA?

Matéria seca é a parte que resta de um material após a perda de toda água, por meio
de secagem em estufas.

1.1 CONCEITO

A ensilagem é a principal técnica de conservação de forragens. Ela é utilizada


como alternativa para suprir a demanda de alimentos volumosos na nutrição de
ruminantes em épocas de escassez (inverno), como suplemento em sistemas de
pastejo ou como fonte principal para animais em confinamento. Esse processo consiste
basicamente na fermentação de carboidratos solúveis em ácido lático (WEINBERG
et al., 2007), reduzindo o pH do material e protegendo-o contra a ação de microrganismos
indesejáveis e, consequentemente, evitando que a forragem entre em processo de
deterioração (Figura 1). A fermentação lática é indispensável para a conservação do
material ensilado, que deve ter entre 2 a 3% de ácido lático, atingindo um pH ideal de
3,0 a 4,5.

Figura 1 – Esquema do processo de fermentação dentro do silo.

Açúcares Fermentação Ácido lático Silagem bem


da planta Bactérias pH preservada

Microrganismos
indesejáveis

Fonte – Zopollatto, 2020.


SENAR AR/PR 11

A eficiência da conservação depende do grau de anaerobiose (ausência de


oxigênio) gerado no silo e em todas as fases do processo (WOOLFORD, 1990), da
presença de bactérias anaeróbias e de substrato para seu crescimento. Além disso, a
qualidade do produto final depende também das características iniciais da forragem.

VOCÊ SABIA?

Bactérias anaeróbias são microrganismos que não necessitam de oxigênio e obtêm


energia por meio da fermentação do açúcar presente na planta.

Dessa forma, alguns cuidados são necessários, entre eles: a) rapidez na


colheita, no transporte e na picagem do material; b) boa compactação, garantindo boa
fermentação e um ambiente sem oxigênio e c) dimensionamento adequado do silo,
para facilitar a retirada da porção diária de alimento.
Dentre os principais benefícios do uso de silagens, podem-se destacar:
ƒ são alimentos de alto valor nutricional e com custo de produção viável;
ƒ representam alimentos de boa qualidade para o fornecimento em períodos
com baixa disponibilidade de pastagens;
ƒ garantem persistência na quantidade de litros de leite produzidos por animal,
assegurando boa produção leiteira em períodos de escassez hídrica ou no
inverno;
ƒ apresentam níveis energéticos bons e qualidade proteica mediana dependendo
da planta, como consequência, o animal terá um alimento nutritivo;
ƒ podem ser conservados por longos períodos.

1.2 ESCOLHA DA FORRAGEIRA

Considerando a necessidade de produzir uma maior quantidade de volumoso


para os bovinos, a produção de alimentos conservados na forma de silagem é uma
ótima estratégia de manejo para que não ocorra decréscimo de produtividade. Para
isso, a escolha da planta a ser ensilada é de suma importância.
Embora sejam utilizadas várias plantas forrageiras anuais e perenes, o milho
se destaca dentre elas, sendo o padrão de comparação para qualquer outra silagem.
Além do milho, o sorgo também é amplamente difundido por apresentar características
agronômicas semelhantes. Outras plantas usadas, suas características e limitações
para produção de silagem são apresentadas no Quadro 1.
12 SENAR AR/PR

Quadro 1 – Plantas utilizadas para produção de silagem e suas principais características e limitações.

Planta Características
Alta produção de massa (20 a 55 t MS/ha)
Boa fonte de energia (alto teor de sacarose)
Baixo custo
Cana-de-açúcar Cultura semiperene (5 anos)
Produção de etanol
Fibra de baixa qualidade
Baixo teor de proteína (3%)

Boa produção de massa (> 15 t MS/ha)


Baixo teor de MS na ensilagem (< 28% MS)
Capins tropicais
Baixo teor de carboidratos solúveis
Equipamentos disponíveis

Boa produção de massa (9,5 t MS/ha)


Aveia Alto teor de proteína (> 7%)
Baixo teor de MS na ensilagem (< 28% MS)

Boa produção de massa (6 t MS/ha)


Azevém Baixo teor de MS na ensilagem (< 28% MS)
Alto teor de proteína (> 10%)

Alta produção de massa (20 t MS/ha)


Alto poder tampão
Alfafa
Alto teor de proteína (> 15%)
Baixo teor de MS na ensilagem (< 28% MS)

Fonte – Zopollatto, 2020.

No passado, a opção de cultivar milho para produção de silagem no Brasil


era determinada com base no porte das plantas (altas) e em seu bom potencial de
produção de massa. Entretanto, foi constatado que esse não é um bom parâmetro,
pois tais plantas apresentavam baixo potencial de ensilagem e pequena quantidade
de grãos. Cruz et al. (2001) afirmam que, geralmente, no caso de materiais tardios
que apresentem altura da planta e produção elevada de biomassa, os parâmetros de
produção são mais baixos.
Além disso, a qualidade da forrageira está intimamente ligada à produção de
grãos a serem ensilados. Nussio et al. (1992) definiram um padrão mais adequado
para a planta de milho: 16% de folhas, 20 a 23% de colmo e 64 a 65% de espiga (74
a 75% de grãos, 7 a 10% de palha e 14 a 17% de sabugo). Para isso, a utilização de
cultivares modernos e híbridos de milho e sorgo com maior produtividade, adaptados
às condições locais (temperatura, umidade e qualidade química do solo) e tolerantes
às doenças são essenciais, pois são mais eficazes. Em relação à qualidade, o nível
de matéria seca (MS) digestível serve como bom parâmetro à tomada de decisão
(ZOPOLLATTO; SARTURI, 2009), sendo ideal de 32 a 37%, visto que o consumo dos
SENAR AR/PR 13

animais é baseado em kg de MS/animal/dia. Portanto, quanto menor a porcentagem


de MS, maior será a fração a ser oferecida aos animais. Além do teor de MS ideal, o
material a ser ensilado deve apresentar adequado teor de carboidratos solúveis, baixo
poder tampão e boa aceitabilidade e digestibilidade.

VOCÊ SABIA?

O poder tampão indica a intensidade com que a forragem resiste à mudança de


pH durante a ensilagem. Quanto maior o poder tampão, maior será a quantidade
de ácido necessária para reduzir o pH da silagem. Os principais responsáveis pelo
poder tampão são fosfatos, sulfatos, nitratos e cloretos presentes nas plantas.

Figura 2 – Lavoura de milho com bom stand de plantas.

Fonte – Jrstudiosp, 2020.

1.3 PROCESSO DE ENSILAGEM

A ensilagem é um processo de conservação que consiste no conjunto de ações


destinadas à produção de silagem, desde a implantação da lavoura, passando por
ponto de corte, colheita e picagem, pela taxa de enchimento do silo, até o fechamento
do silo.
14 SENAR AR/PR

1.3.1 Implantação da lavoura

1.3.1.1 Preparo do solo

Uma boa silagem, além de depender de fatores do processo de ensilagem,


necessita de um correto manejo do solo, água e conhecimento da classe à qual
o solo e a planta pertencem. A aptidão agrícola para o cultivo de grãos segue em
ordem decrescente no que diz respeito ao solo: latossolo, nitossolo e neossolo.
Os dois últimos tipos exigem maiores práticas de conservação devido à menor taxa de
infiltração de água no solo, pedras e cascalhos (Figuras 3 e 4).

Figura 3 – Mapa dos solos do Estado do Paraná.

Fonte – Paraná, [s.d.].


SENAR AR/PR 15

Figura 4 – Solos da Região Sul do Brasil.

Fonte – Sincronia Design, 2020.

As práticas mecânicas e vegetativas devem ser consideradas para o bom cultivo.


Umas das técnicas mecânicas mais simples é o terraceamento ou “curva de nível”,
que tem como finalidade reduzir o escorrimento de água das enxurradas, que será
armazenada em canais, evitando perdas de solo e água (Figura 5).

Figura 5 – Práticas mecânicas (curva de nível) e vegetativas (plantio


direto) para plantio.

Fonte – Agência de Notícias do Paraná, 2015.

Para a prática vegetativa, o fator mais importante é o plantio direto com rotação
de cultura. Essa técnica traz ao solo uma diversificação no sistema radicular e na
produção de palhada, evitando a exposição do solo sem cobertura. Como consequência,
proporciona menor impacto da chuva e da erosão, aumentando a infiltração de água
no solo. O plantio direto deve ser realizado em nível, paralelamente à curva de nível.
16 SENAR AR/PR

Essa menor utilização de maquinário acarreta menor custo de produção. No entanto,


o preparo convencional do solo ainda acontece, com uma aração a 25 a 30 cm de
profundidade, seguida de duas gradagens em sentido cruzado.
Para os cultivares de sorgo de porte alto (maior que 2,80 m), adotam-se maiores
espaçamentos entre linhas (0,90 a 1,00 m) e menor densidade de plantio (90 a 110 mil
plantas/ha). Para os cultivares de porte médio (até 2,5 m), recomenda-se espaçamentos
menores (0,70 a 0,80 m), com densidade maior (120 a 140 mil plantas/ha).
Para os cultivares de milho, as recomendações variam basicamente de 40 000
a 70 000 plantas/ha, sendo as maiores recomendações para os cultivares mais
precoces. O espaçamento para a planta de milho pode variar de acordo com o número
de sementes por metros lineares. Além da densidade e do espaçamento, o número
de sementes utilizadas na semeadura é importante, pois determina a população final
desejada (Tabela 1).

Tabela 1 – Número de sementes de milho recomendado para dez metros lineares em relação ao estande e
ao espaçamento entre linhas.

Estande (mil plantas/hectare)


Espaçamento
40 45 50 55 60 65
entre linhas (m)
Sementes/10 metros lineares

0,45 18 20 23 25 27 29

0,50 20 23 25 28 30 33

0,70 29 32 36 39 43 46

0,80 38 43 48 53 58 63

0,90 43 49 54 60 65 70

1,00 48 54 60 66 72 78

Fonte – Pereira; Cruz, 1993.

Em geral, são necessários aproximadamente 25% a mais de sementes no plantio


para que se garanta a densidade desejada, além de uma profundidade variando de
3 a 5 cm. Em solos mais arenosos, essa profundidade pode ser maior (5 a 8 cm),
aproveitando as condições favoráveis de umidade do terreno.

1.3.1.2 Adubação

Para obtenção de bons materiais ensilados, fatores como reposição de nutrientes


no solo devem ser levados em consideração, visto que a extração desses nutrientes é
maior quando a cultura é destinada a processos de conservação (Tabela 2).
SENAR AR/PR 17

Tabela 2 – Extração média de nutrientes pela cultura do milho com finalidade de conservação em diferentes
níveis de produtividade.

Tipo de Produtividade Nutrientes extraídos


exploração (t/ha) N P K Ca Mg
3,65 77 9 83 10 10
5,80 100 19 95 17 17
Grãos 7,87 167 33 113 27 25
9,17 187 34 143 30 28
10,15 217 42 157 32 33
11,60 115 15 169 35 26
Silagem 15,31 181 21 213 41 28
(matéria
seca) 17,13 230 23 259 52 31
18,65 231 26 271 58 32

Fonte – Coelho; França, 1995.

Dessa forma, a reposição deve ser feita de forma criteriosa, com base na análise
do solo e dos níveis de produtividade pretendidos (Tabela 3).

Tabela 3 – Recomendação de adubação da cultura de milho e de sorgo para silagem.

Nutrientes (kg/ha)

Matéria verde N P2O5 K 2O N


(t/ha) Plantio Baixo¹ Médio Alto Baixo Médio Alto Cobertura
20 a 30 10 60 40 20 50 40 20 40
30 a 40 20 80 60 20 50 50 20 60
40 a 60 30 90 80 20 50 50 30 90

¹Baixo, médio e alto se referem aos resultados obtidos pela análise de solo.
Fonte – Adaptado de Cantarella; Quaggio; Furlani, 1996.

1.3.1.3 Ponto de corte

O momento de corte da planta é quando esta atinge teores de MS entre 30


e 35%. (FERREIRA, 2001). Nessa fase, os grãos da planta de milho devem estar
no estágio farináceo-duro e com conformação dentada, geralmente alcançado após
aproximadamente 100 a 110 dias de emergência. Para a obtenção de boa qualidade
na massa ensilada, a produção de grãos deve representar de 40 a 50% da MS total da
planta, sendo 40-50% dos grãos em ponto farináceo. (NUSSIO, 1995).
18 SENAR AR/PR

Afuakwa e Crookston (1984) propuseram um método com base na posição de


uma linha divisória da fase leitosa e dura no grão em formação (linha de leite) e que se
move da parte superior para a inferior. A linha de leite é uma referência prática quando
não é possível a análise bromatológica (Figura 6), mas o corte ocorre após o período
ideal. Assim, a melhor referência ainda é o teor de MS da planta. A planta de sorgo
deve ser cortada quando tem entre 35 e 38% de MS.

VOCÊ SABIA?

A análise bromatológica é usada para medir a composição química dos alimentos,


ou seja, os teores de MS, proteína bruta, fibra bruta, cinzas, gordura, entre outros.

Figura 6 – Linha de leite: referência prática para ponto de corte.

Fonte – Zopollatto, 2020.

No sistema da linha de leite, os graus de amadurecimento são numerados de


um a cinco (Figura 7), sendo: (1) estágio farináceo; (2) ¼ do grão duro; (3) ½ do grão
duro; (4) ¾ do grão duro e (5) grão duro (camada preta). Para se observar a linha de
leite, quebra-se a espiga ao meio, descarta-se a metade traseira e, nos grãos da parte
anterior da outra metade, visualiza-se a linha divisória da parte endurecida e leitosa
dos grãos. (HAVILAH; KAISER; NICOL; 1995).

Figura 7 – Graus de amadurecimento do grão de milho.

1 2 3 4 5
Fonte – Zopollatto, 2020.
SENAR AR/PR 19

Considerando as condições do Brasil, os estágios de grão farináceo a ½ duro têm


sido indicados como o mais recomendável para a ensilagem do milho. Se o período de
ensilagem for mais prolongado, inicia-se o processo no estágio grão farináceo, e se for
mais rápido, inicia-se mais próximo do estágio de ½ linha de leite. (FERREIRA, 2001).
As vantagens de se cortar a forrageira nesse ponto são:
a) menor produção da matéria verde, mas aumento significativo na matéria
seca por área;

b) menores perdas no armazenamento, principalmente por efluentes;

c) aumento no consumo da silagem;

d) redução de ácidos indesejáveis na fermentação e pH mais elevado (Tabelas


4 e 5).

Tabela 4 – Mudanças na composição e na qualidade de milho cortado para silagem em diferentes estádios
de maturidade.

Estádio MS¹ (%) MS (t/ha–1) MV² (t/ha–1) % espigas na MS Consumo de MS (%)


Leitoso 21 9,3 43,8 30,1 75
Pastoso 25 9,3 37,5 39,6 89
Farináceo 26 9,8 37,0 41,0 90
Farináceo/Duro 35 10,8 30,8 56,8 100
Duro 38 9,5 25,0 56,0 98

¹MS: matéria seca; ²MV: matéria verde.


Fonte – Cruz, 2001.

Tabela 5 – Características do milho cortado em diferentes estádios de maturidade.

Estádio MS¹ (%) % espigas na MS NDT² na MS (%) Consumo (% PV)³

Pré-leitoso 22,4 25,1 70 1,62


Leitoso-farináceo 26,1 42,8 69 1,84
Farináceo 31,9 58,3 67 1,73
Farináceo-duro 37,5 65,4 68 1,89
Duro-vítreo 46,8 62,1 70 1,87
Maduro 54,4 64,9 61 1,84

¹MS: matéria seca; ²NDT: nutrientes digestíveis totais; ³Consumo %PV: consumo em porcentagem do peso vivo.
Fonte – Cruz, 2001.

Os valores obtidos nas Tabelas 4 e 5 demonstram que o milho no estágio farináceo-


-duro apresenta o melhor ponto de corte, elevando o valor nutricional da planta.
20 SENAR AR/PR

A ensilagem do milho com teor de MS menor que 30% resultará em maiores


perdas por efluentes e fermentações indesejáveis devido à alta concentração de água
no material. Entretanto, se o material passar de 40% de MS ocorre a lignificação da
parede celular, reduzindo a digestibilidade do produto e dificultando sua compactação.

1.3.1.4 Teste do micro-ondas

Basicamente, os métodos para avaliação do teor de MS podem ser classificados


em dois tipos: de laboratório e de campo. O método de laboratório mais acessível no
campo é o do forno micro-ondas, descrito por Bach e Schmidt (2014) no Anexo I, que
representa uma ótima ferramenta para a identificação do ponto de corte da planta.
Outro método recente é o dryer bag, que consiste em um dispositivo em tecido (Figura
8) desenvolvido para determinação de MS com uso de um secador de cabelo (de
1 900 a 2 000 watts de potência), desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa.
A marca amarela no tecido é o limite máximo de concentrado (70-100 g) que pode ser
adicionado para determinação de MS, a marca vermelha são as silagens (100-150 g) e
a marca verde indica a forragem fresca (cerca de 100 g). A vantagem desse método em
relação ao do micro-ondas é que, uma vez iniciada a secagem, não há necessidade de
acompanhamento. A primeira checagem de peso deve ser feita após 30 a 40 minutos,
depois, a cada cinco minutos até obter peso constante. Já os métodos de campo se
baseiam no conhecimento sobre o ciclo da planta e suas características físicas, como
é o caso do sistema da linha de leite comentado anteriormente. (FERREIRA, 2001).

Figura 8 – Dryer bag.

Fonte – Machado; Andrade, 2019.


SENAR AR/PR 21

1.3.2 Colheita e picagem

A altura de corte das plantas de milho ou sorgo se situa normalmente entre 15 e


20 cm do solo. No entanto, em plantas cuja altura de corte se situa entre 30 e 50 cm, o
valor nutritivo da silagem e a digestibilidade são melhores, pois há maior porcentagem
de lignina e potássio no terço inferior da planta. Apesar de a altura de corte melhorar
os valores nutricionais, quanto maior ela for, menor será o volume colhido por hectare
e mais plantas deverão ser cortadas. Por isso é necessário analisar cada situação
para a tomada de decisão.
Depois de realizar todo o planejamento e fazer o corte correto da forrageira a ser
ensilada, chega o momento da picagem. O tamanho da partícula deve ser uniforme,
entre 6 a 10 mm (Figura 9), e a variação entre o menor e o maior tamanho não deve
ultrapassar 20%, a fim de garantir densidade mínima de 600 a 750 kg/m3 de material
fresco, para melhor conservação e menor sobra no cocho.

ATENÇÃO

A variação da altura de corte não garante melhoria da qualidade no restante do


processo de ensilagem, apenas melhor qualidade da fibra. No entanto, as etapas
de cuidados com a formação e enchimento das espigas, além das demais etapas de
ensilagem, são fundamentais para o sucesso da produção.

Figura 9 – Tamanho de partícula.

Fonte – Zopollatto, 2020.

O tamanho das partículas garante aos ruminantes um adequado funcionamento


ruminal. A fibra presente no volumoso, nesse caso a silagem, estimula a produção de
saliva, que contém íons bicarbonato e fosfato e tem função tamponante, neutralizando
ações indesejáveis de ácidos produzidos na fermentação. Ou seja, a silagem, quando
22 SENAR AR/PR

picada no tamanho adequado, promove alta taxa de mastigação, com consequente


produção de saliva em quantidades suficientes para que não ocorra, por exemplo,
uma acidose pela inclusão de maiores doses de concentrado na dieta.

PRECAUÇÃO

Para quem utiliza dieta total, a repicagem pode gerar problemas de falta de fibra
efetiva na dieta, com consequência de queda do percentual de gordura no leite.

Para que o produtor garanta esse bom manejo, é necessária a manutenção


da afiação das facas e contrafacas da ensiladeira ou picadora, quando for utilizar o
maquinário.

1.3.3 Silos

1.3.3.1 Tipos de silo

Os dois tipos de silo mais utilizados são o superfície e o trincheira (Quadro 2),
por isso é importante saber como calcular a capacidade e dimensionamento de cada
um deles. (OLIVEIRA apud CRUZ et al., 2001).
O silo superfície é o mais econômico, pois não exige qualquer estrutura fixa
como paredes laterais. Para fazê-lo, basta amontoar e compactar o material sobre o
solo e cobri-lo totalmente com lona plástica.
O silo trincheira é o mais comum, devido ao custo de construção e às
facilidades para carregamento, compactação e descarregamento. Nas áreas onde há
irregularidades de terreno, é possível aproveitá-las para construir um silo trapezoidal.
Em terrenos planos, é necessária a construção de paredes laterais e sua forma deve
ser retangular. Independentemente do tipo de seção, a largura mínima do silo (largura
inferior, no caso de seção trapezoidal) deve ser, no mínimo, duas vezes a distância
entre os pneus traseiros do trator.

Quadro 2 – Principais diferenças entre silo tipo superfície e trincheira.

Tipos de silo Características


Mais econômico
Superfície Facilidade de abastecimento
Estrutura não fixa
Mais comum
Trincheira Facilidade no carregamento e compactação
Estrutura fixa

Fonte – Zopollatto, 2020.


SENAR AR/PR 23

O fechamento do segundo tipo de silo pode ser feito de duas maneiras: (i)
com pranchões de madeira (Figuras 10 e 11), porém é necessário que durante o
carregamento haja acesso pelas laterais ou pela parte de trás e que o silo seja
completamente cheio; (ii) compactando o material da “boca” em um ângulo de 45° e
usando apenas lona plástica para cobertura (Figura 12).

Figura 10 – Ilustração do fechamento de silo trincheira com madeira.

Vala para
escoamento da
chuva

Fonte – Sincronia Design, 2020.

Figura 11 – Fechamento de silo trincheira com madeira.

Fonte – Zopollatto, 2020.


24 SENAR AR/PR

Figura 12 – Enchimento de silo trincheira com finalização na boca em ângulo de 45°.

Fonte – Zopollatto, 2020.

1.3.3.2 Capacidade

A capacidade de um silo depende principalmente de seu volume e do nível


de compactação, o qual é dependente do tamanho das partículas e do teor de MS
do material.
Para os silos tipo trincheira de seção trapezoidal (Figura 13), as bases são
de tamanhos diferentes. O volume corresponde então à área da seção transversal
multiplicada pelo comprimento.

Figura 13 – Dimensões de um silo trincheira de seção trapezoidal, em que A é a altura do


silo, B é a base maior, b é a base menor e C é o comprimento do silo.

Fonte – Sincronia Design, 2020.


SENAR AR/PR 25

O cálculo de capacidade é dado pela seguinte equação:

 (B + b)  
 2  × A  × C
 

O valor de B deve ser equivalente a duas vezes a bitola do trator que fará a
compactação.
Supondo que para um silo com 6 m de base maior (B), 5 m de base menor (b),
1,8 m de altura (A) e 12 m de comprimento, tem-se:

 (6 + 5) 
 2  × 1, 8 = 9, 9 m² (área da seção transversal)

9,9 m² × 12 m = 118,8 m³ (volume total do silo)

Se o silo for retangular (5 m de largura) em vez de trapezoidal, o volume será


dado por

(B × A) × C
5 × 1,8 = 9,0 m² (área da seção transversal)
9,0 m² × 12 m = 108 m³

O cálculo para estimar o volume de um silo superfície (Figura 14) é semelhante


ao do silo trincheira de seção trapezoidal. Entretanto, não é possível obter o valor
exato, visto o formato indefinido desses silos.

Figura 14 – Dimensões de um silo superfície.

Fonte – Oliveira, 2001.


26 SENAR AR/PR

EXERCÍCIO

Calcule o volume de um silo superfície com 6 m de largura maior (B), 5 m de largura


menor (b), 1,5 m de altura (A) e 12 m de comprimento (C).

1.3.3.3 Quantidade de silagem a ser armazenada

Para se chegar à quantidade de silagem que será consumida pelos animais,


deve-se responder às seguintes questões:
ƒ Quais categorias irão receber silagem?
ƒ Quantos quilos de silagem serão consumidos por cada animal de cada
categoria por dia?
ƒ Há quantos animais em cada categoria?
ƒ Durante quanto tempo os animais receberão silagem?
SENAR AR/PR 27

EXERCÍCIO

Calcule a quantidade de silagem a ser consumida por um rebanho de 40 vacas leitei-


ras com cerca de 450 kg de peso vivo (PV), divididas em 2 lotes de 20 animais cada,
por 90 dias de fornecimento. O lote A, de alta produção, ingere 2,5% do PV em MS de
uma dieta contendo uma relação volumoso/concentrado de 60:40 por dia, enquanto
o lote B, de baixa produção ingere 2,0% do PV em MS da mesma dieta. A silagem da
propriedade tem 30% de MS.

1.3.4 Enchimento do silo

Todos os processos descritos influenciam o valor nutricional final da silagem.


A taxa de enchimento do silo, por sua vez, não foge à regra. O enchimento lento, a falta
de compactação, a demora na vedação, bem como a falta de mão de obra e maquinários
são fatores que facilitam a aeração no silo, o que é indesejável por promover perdas.
Os silos devem ser enchidos em, no máximo, 10 horas e serem fechados de preferência
no mesmo dia do início. Esses prazos devem ser respeitados para permitir a geração
de um ambiente anaeróbico, que promova o desenvolvimento de bactérias produtoras
de ácidos orgânicos (ácido lático) que garantirão a conservação da silagem.

VOCÊ SABIA?

O tempo de compactação deve ser 1,0 a 1,2 vezes o tempo de colheita, ou seja, uma
hora colhendo deve equivaler a, no mínimo, uma hora compactando.

A forma mais eficiente de compactação é por meio de máquinas (tratores) que


apresentam maior peso/área. Em geral, o trator deve ter peso igual ou superior a
40% da massa a ser ensilada por hora trabalhada. (RUPPEL et al., 1995). Devem ser
evitados tratores com pneus largos ou com rodado duplo, pois diminuem o peso por
área (Figura 15).
28 SENAR AR/PR

Figura 15 – Compactação da massa a ser ensilada dentro do silo.

Fonte – Zopollatto, 2020.

VOCÊ SABIA?

Um indicador de boa compactação é o desaparecimento das marcas dos pneus na


silagem. O peso do trator deve ser de aproximadamente 40% do volume descarregado
por hora no silo.

A distribuição do material a ser ensilado deve ser feita de forma homogênea,


evitando sulcos e ondulações (Figura 16), e a compactação logo após a descarga
deve ser feita com 30 a 50 cm de massa.

Figura 16 – Etapas da compactação em silo trincheira.

1º dia

2º dia

3º dia

Silo pronto

Fonte – Sincronia Design, 2020.


SENAR AR/PR 29

Para facilitar o escoamento de água da chuva, deve-se abaular a parte superior


do silo antes da vedação, sendo recomendado o abaulamento com 20% do volume
ensilado (Figuras 17 e 18).

Figura 17 – Abaulamento necessário em silo


trincheira.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Figura 18 – Abaulamento necessário em silo trincheira.

Fonte – Zopollatto, 2020.


30 SENAR AR/PR

1.3.5 Fechamento do silo

O fechamento do silo é a última etapa do processo de ensilagem. Nessa fase é


necessário que ocorra uma vedação hermética (evitando a entrada de ar) no silo, o
que pode ser feito com uma lona de polietileno (de boa qualidade) com espessura de,
no mínimo, 150 micras ou de dupla face (branca de um lado e preta de outro).
A lona deve ser esticada com sobra em toda sua extensão sobre a silagem
exposta para que seja enterrada, no caso de silo superfície. Caso as dimensões sejam
insuficientes, devem-se usar várias lonas, paralelamente umas às outras, fixando-as
com adesivos ou dobrando-as, a fim de minimizar a penetração do ar (Figura 19).

Figura 19 – Abaulamento necessário em silo trincheira.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Além de usar lona para proteger a silagem, outras providências devem ser
executadas nesse período, como a proteção contra raios solares, que pode ser feita
com terra ou capim, e a utilização de materiais pesados sobre a lona, como saco de
areia, evitando assim a entrada de roedores, água e agentes contaminantes. Esses
procedimentos melhoram a vedação e colaboram para a boa fermentação do material,
observada pela menor temperatura de superfície do silo, como pode ser visto na Figura
20, em que a silagem vedada com lona plástica com terra sobre esta apresentou
menor temperatura que a silagem vedada apenas com lona.
SENAR AR/PR 31

Figura 20 – Temperaturas de silagem de milho vedadas com lona plástica com e sem o
uso de terra sobre a lona.

45
40
Temperatura (°C)

35
30
25
20
15
10
1 11 21 31 41 51 61 71
Tempo (dias)

ausência de terra presença de terra

Fonte – Bernardes; Amaral, 2008.

Em relação à lona de dupla face, esta não necessita de proteção específica contra
raios solares, porém é necessário deixar a parte branca voltada para fora (Figura 21).

Figura 21 – Lona dupla face em silo trincheira.

Fonte – Zopollatto, 2020.


32 SENAR AR/PR

1.4 FASES DO PROCESSO DE ENSILAGEM

A silagem é a forragem preservada por meio do ácido lático decorrente da


fermentação. As bactérias anaeróbicas transformam os carboidratos solúveis
presentes nas plantas em ácido lático e, em menor proporção, ácido acético.
A presença destes é responsável pela redução do pH do meio, evitando o
apodrecimento do material. Com isso, a silagem pode ser feita em determinado mês
do ano e utilizada em outra época.
Plantas como milho e sorgo contêm diversos microrganismos, podendo ter
atividade bacteriana enorme, baixa ou latente. A multiplicação e a atividade irão
depender de fatores externos, como oxigênio, pH, temperatura e umidade.
Após o fechamento do silo, a silagem passa por vários processos bioquímicos
e microbiológicos, que são divididos basicamente em fase aeróbica e anaeróbica
(Figura 22).

Figura 22 – Fases da fermentação em um silo.

pH

N
í bactéria
v
e oxigênio
l

Fase "Lag Fase de fermentação Fase estável


aeróbica fase"
0 1 2 14
Tempo (em dias)

Fonte – Guim, 2002.

1.4.1 Fase aeróbica

Inicia-se logo após o fechamento do silo e se caracteriza pela presença de


oxigênio no material, o que permite às células da planta continuarem respirando.
Na respiração são utilizados os carboidratos solúveis presentes na massa,
produzindo gás carbônico, água e calor. Assim, quanto maior o tempo em que o material
SENAR AR/PR 33

permanece picado e exposto ao ar, maior será o consumo de carboidratos solúveis,


acarretando menor conteúdo energético e menor eficiência do processo fermentativo.
A fase aeróbica cessa quando todo o oxigênio é exaurido, aproximadamente
24 horas após o início da queda do pH. Essa fase deve ser a mais rápida possível, pois
pode resultar em excessiva perda de MS e alta produção de calor. (OLIVEIRA, 1998).
Para que a massa não perca qualidade, os manejos devem estar de acordo com o
padrão estabelecido (boa picagem, boa compactação e rapidez, tanto no processo de
enchimento quanto no de compactação).

1.4.2 Fase fermentativa ou anaeróbica e estabilidade

Após todo oxigênio presente se esgotar, inicia-se a fase fermentativa ou


anaeróbica. Ela se caracteriza pelo desenvolvimento de bactérias anaeróbicas já
presentes no meio, mas que não se desenvolviam até então devido à presença de
oxigênio. Cerca de 90% de toda essa fase ocorre após 72 horas do fechamento do
silo. No entanto, para garantir ótima fermentação, o silo deve ser mantido fechado por
pelo menos 15 a 20 dias. (OLIVEIRA, 1998).

VOCÊ SABIA?

Enterobactérias são bastante conhecidas, uma vez que alguns indivíduos estão
presentes no intestino dos seres humanos e de outros animais, como a Escherichia
coli. Outras enterobactérias podem ser encontradas no solo, na água e, no caso da
silagem, elas estão presentes na planta, ainda no campo.

As enterobactérias são as primeiras bactérias a se desenvolverem, produzindo


ácidos graxos voláteis (AGVs), em maior quantidade o acético, com a diminuição
do pH (de 6,5 para 5,5). Ao mesmo tempo, as bactérias Streptococcus faecalis se
desenvolvem e produzem ácido lático, reduzindo ainda mais o pH (de 5,5 para 5,0).
Essa segunda fase, denominada estável, perdura por dias e sua duração
depende das condições da silagem, como umidade, maturidade da cultura e dos tipos
de bactérias e quantidade de AGVs (ácido acético, propiônico, butírico, lático e vários
isoácidos) que são produzidos. Dentre esses, o ácido lático apresenta maior acidez
sendo, então, mais eficiente na redução do pH e na manutenção da estabilidade do
silo fechado.
Após essa etapa fermentativa, ocorre uma intensa redução do pH, de 5,0 para
4,2 a 3,8, inibindo a população de bactérias e interrompendo a produção de ácido,
iniciando a estabilidade no silo. Esta perdura até a abertura, quando o material entra
novamente em contato com o oxigênio. (OLIVEIRA,1998).
34 SENAR AR/PR

1.4.3 Fase aeróbica (abertura)

A silagem, que foi previamente mantida sob condições de anaerobiose para sua
conservação, volta a ser exposta ao oxigênio no momento de abertura do silo.
A presença de oxigênio favorece a atividade de microrganismos indesejáveis,
que até então estavam em estado de dormência, como fungos, bacilos e Listeria
(BORREANI et al., 2013), os quais produzem substâncias prejudiciais à saúde animal
e humana. (ALONSO et al., 2013). Esses microrganismos utilizam substratos residuais
e produtos da fermentação para seu crescimento, resultando em deterioração da
silagem (Figura 23) que, uma vez iniciada, não pode ser revertida. Por isso, a abertura
do silo é considerada uma das fases determinantes na qualidade higiênica de silagens.
(PEREIRA et al., 2014).

Figura 23 – Silagem com destaque para a presença


de fungos filamentosos.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Além da presença de microrganismos indesejáveis, outros indicadores de


deterioração da silagem são o aumento da temperatura da massa e a produção de
CO2. Isso resultará na diminuição da concentração de ácido lático e no aumento do
SENAR AR/PR 35

pH, consequentemente, haverá decréscimo significativo no valor nutricional devido às


altas perdas de MS. (PAHLOW et al., 2003).
Silagens que foram produzidas de forma adequada, resultando em boa
fermentação e posterior boa resistência ao oxigênio, são chamadas de silagens com
alta estabilidade aeróbica, pois nelas o processo de deterioração demora mais tempo
para iniciar, demarcada pelo aumento de temperatura da massa.
Estudos mostram que a baixa estabilidade aeróbica (alta susceptibilidade das
silagens à deterioração) está relacionada com tempo prolongado de enchimento
do silo; baixa compactação e densidade, resultando em maior aeração da massa,
e inadequado tamanho de partícula e teor de MS da planta. (FARIA; CORSI, 1995;
FERREIRA, 2001). Um exemplo é demonstrado na Figura 24, em que a silagem de
maior densidade demorou mais tempo para atingir a temperatura máxima, comprovando
que o material mais bem compactado apresenta maior estabilidade quando exposto
ao ar.

Figura 24 – Tempo para a máxima temperatura e temperatura máxima de silagens


de capim-marandu submetidas a diferentes densidades durante o período de
exposição aeróbia.

100 26

25 Temperatura (°C)
Horas

75

24

50 23
100 120 140 160
3
Densidade (kg MS/m )
tempo (h) temp. (máx.)

Fonte – Amaral et al., 2008.

Para a obtenção de silagens de boa qualidade é necessário executar com atenção


todas as etapas do processo de ensilagem, pois destas dependerão o produto final.
Como demonstrado, essa é uma fase que exige cuidado, pois pode comprometer
a higiene e o valor nutricional da silagem. Além dos corretos procedimentos de
36 SENAR AR/PR

ensilagem, para que a estabilidade aeróbica seja maximizada, recomenda-se estocar


a silagem por, no mínimo, 3 a 4 meses. (DANIEL; JUNGES; NUSSIO, 2014).

1.5 ADITIVOS

Aditivos são produtos, comerciais ou não, aplicados à forragem no momento


da ensilagem com o intuito de reduzir perdas de nutrientes, estimular a fermentação,
inibir ou favorecer determinados microrganismos ou ainda interagir no valor nutritivo
da planta originalmente ensilada. (VILELA, 2000).
Há conhecimento sobre uma vasta gama de substâncias possíveis de serem
utilizadas em silagens, bem como suas respectivas funções/indicações, como pode
ser observado na Tabela 6.

Tabela 6 – Classificação dos aditivos para silagens.

Classe Subclasse Modo de ação Exemplos1


Acidificantes Ácidos orgânicos e Reduzir o pH da silagem no Ácidos sulfúrico e
diretos inorgânicos início do processo e induzir hidroclórico, ácidos
mudanças qualitativas na fórmico e acrílico. Ácidos
microflora. acético* e propiônico*.
Inibidores da Esterilizantes de ação Inibir a microflora em geral, Formaldeído, hexaminas.
fermentação direta e indireta imediatamente ou após a
liberação do princípio ativo.
Substratos Estimular a microflora pelo Melaço. Cana-de-açúcar*,
fornecimento de substrato. açúcar*, fontes de amido*
ou pectina*.
Enzimas Aumentar a disponibilidade Enzimas celulolíticas e
de substratos a partir amilolíticas. Xilanases*,
Estimulantes da
de componentes não hemicelulases* e
fermentação
fermentescíveis. pectinanses*
Culturas microbianas Estabelecer a dominância Lactobacillus.
de bactérias ácido-láticas Pediococcus*,
eficientes. Propionobacterium*,
Enterococcus*.
Antimicrobianos Antibióticos Desencorajar o crescimento Bacitracina,
específicos Antibióticos sintéticos de microrganismos Estreptomicina, Bronopol.
Outros agentes espoliadores Natamicina*.
microbianos
2
Nutrientes Energia Melhorar o valor nutricional Amidos, cereais.
Nitrogênio e minerais da silagem Farelos* e subprodutos
agrícolas*.
Ureia, carbonato de cálcio.
1
Nomes com asterisco foram adicionados por Schmidt; Souza; Bach (2014).
2
Alguns aditivos também podem ser classificados como estimulantes da fermentação.
Fonte – Adaptado de Woolford, 1984.
SENAR AR/PR 37

De maneira mais simplista, Nussio e Schmidt (2004) propuseram a classificação


dos aditivos em três grupos: aditivos microbianos, aditivos químicos e sequestrantes de
umidade. De maneira geral, o grupo dos aditivos químicos é frequentemente destinado
às silagens de cana-de-açúcar; os aditivos microbianos podem ser utilizados para
diversas finalidades; os sequestrantes de umidade são recomendados para a silagem
de forragens úmidas, como no caso dos capins.
É válido ressaltar que a escolha e o uso de um aditivo pode não levar ao resultado
esperado e ainda ser inviável economicamente quando utilizado com o intuito de
substituir erros e/ou o bom processo de ensilagem e manejo do silo. A escolha pelo
uso exige conhecimento prévio sobre o desafio que a forragem apresenta para ser
ensilada. (SCHMIDT; SOUZA; BACH, 2014).

1.5.1 Aditivos microbianos

Basicamente, os inoculantes microbianos se dividem em dois grupos principais


de microrganismos: as bactérias homofermentativas (e heterofermentativas
facultativas) e as bactérias heterofermentativas. O primeiro grupo representa
microrganismos capazes de maximizar a produção de ácido lático e acelerar a queda
do pH das silagens. O segundo é composto por microrganismos que produzem outros
ácidos além do lático, como os ácidos acético, propiônico e butírico, visando elevar
a estabilidade aeróbica da silagem, por terem maior efeito antifúngico. (SCHMIDT;
SOUZA; BACH, 2014).
As bactérias mais utilizadas como inoculantes são as homofermentativas,
representadas principalmente pelas bactérias ácido-láticas (BAL) que, por sua vez, se
dividem em quatro famílias: Lactobacillaceae, Enterococcaceae, Leuconostoccaceae
e Streptococcaceae. Todas utilizam carboidratos solúveis e fontes de carbono como
fonte de energia (PAHLOW et al., 2003), crescem sob ampla faixa de temperatura,
de 5 a > 50 °C, e o pH ótimo situa-se entre 5 e 6, sendo a taxa de crescimento
negativamente influenciada quando o pH do material ensilado é ≥ 7. (PEREIRA
et al., 2014).
Essas bactérias são classificadas como estimuladores da fermentação, pois
melhoram o processo fermentativo e aceleram a acidificação da silagem por serem
capazes de produzir dois mols de ácido lático (duas moléculas de três carbonos cada)
a partir de um mol de glicose (molécula de seis carbonos), processo pelo qual ocorrem
perdas ínfimas de MS. (SIQUEIRA et al., 2014).
A BAL heterofermentativa mais avaliada em pesquisas nos últimos 10 anos
é o Lactobacillus buchneri, com o objetivo de elevar a estabilidade aeróbica das
38 SENAR AR/PR

silagens. (SCHMIDT; SOUZA; BACH, 2014). Como comentado, diferentemente das


homofermentativas, elas produzem outros compostos pela fermentação de glicose
e frutose, sendo um deles o ácido acético, que age no metabolismo de leveduras,
inibindo seu crescimento. (KUNG JR; STOKES; LIN, 2003).
A variabilidade nas respostas de aditivos microbianos é superior à dos aditivos
químicos, pois se trata de organismos vivos. Assim, a eficiência desses aditivos
dependerá de uma série de fatores, como substrato, umidade, flora epifítica,
armazenamento e manuseio do produto, ausência de cloro na água usada para
diluição, entre outros. (SIQUEIRA et al., 2014).
Estudos em silagem de cana-de-açúcar orientam que a concentração de
L. buchneri deve ser superior a 1 × 106 ufc/g de massa ensilada para que haja
resultados positivos. (SCHMIDT; SOUZA; BACH, 2014).

ATENÇÃO

O uso de aditivos não acelera o tempo de abertura do silo. O tempo mínimo é de três
semanas.

1.5.2 Aditivos químicos

Os aditivos químicos atuam basicamente alterando o pH da silagem e inibindo


o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis, como leveduras e fungos
filamentosos.

1.5.2.1 Cal virgem (CaO)

Dentre os aditivos químicos, a ureia e a cal virgem (ou óxido de cálcio) são os
mais estudados. A cal virgem é um aditivo de baixo custo, com evidentes melhorias em
aspectos qualitativos de silagens de cana-de-açúcar, quando aplicada em dosagem
de até 1% da matéria verde. (SCHMIDT, 2009).
Os efeitos positivos em silagens de cana-de-açúcar tratadas com aditivos
alcalinos, como a cal virgem, estão relacionados ao aumento do pH e da fração
mineral, levando à redução da atividade de água e estabelecimento de um ambiente
desfavorável para o desenvolvimento de leveduras. (SIQUEIRA et al., 2014).
Além da preservação de nutrientes e redução no teor de etanol, observa-se também
maior estabilidade aeróbica devido à alteração do padrão fermentativo, em decorrência
da ação tamponante que pode favorecer a maior produção de ácidos orgânicos fracos
e, assim, permitir o maior controle da deterioração aeróbica. (AMARAL et al., 2009).
SENAR AR/PR 39

De forma prática e de acordo com os resultados observados, a utilização da cal


virgem até 1% pode ser uma ferramenta para melhorar o valor nutritivo da silagem de
cana-de-açúcar. (SIQUEIRA et al., 2014). A aplicação de cal pode ser feita diretamente
na colhedora/picadora (Figura 25), lembrando apenas que por ela não ser 100% solúvel,
há necessidade de agitação constante, com diluição em 4 litros de água para cada 500 g
de cal virgem; pode-se ainda utilizar bomba costal se for um silo de pequena escala.

Figura 25 – Aplicação de cal virgem direto na colhedora.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Carbonato de cálcio e calcário apresentam ação semelhante à cal em silagens de


cana-de-açúcar com relação à diminuição da concentração de carboidratos não fibrosos
e ao aumento da digestibilidade. (SANTOS et al., 2009). No entanto, em silagem de
capim-elefante, a cal virgem não se mostrou promissora, reduzindo a digestibilidade do
material e piorando a qualidade após a ensilagem. (FERRARI JR. et al., 2009).

1.5.2.2 Ureia

A adição de ureia na silagem tem como intuito sua transformação em amônia


(NH3), que tem ação antimicrobiana, inibindo o desenvolvimento de leveduras e fungos
filamentosos (KUNG JR; STOKES; LIN, 2003), principalmente leveduras, podendo,
então, reduzir a produção de etanol em silagens de cana-de-açúcar. (SIQUEIRA
et al., 2014)
Seu uso é recomendado não só para silagens de cana-de-açúcar, mas, de
maneira geral, para plantas com baixo nitrogênio e/ou ensiladas com pouca umidade,
como aditivo para estímulo da fermentação. A ureia pode ser adicionada em níveis
40 SENAR AR/PR

de 0,5 a 1% em peso da forragem, pois acima disso pode reduzir o consumo e o


desempenho dos animais.
A diluição em água não é necessária, mas, se praticada, a ureia pode ser diluída
na seguinte proporção: 4 litros de água para cada quilograma do aditivo. Por exemplo:
se a dose for de 1%, aplicam-se 40 litros da solução por tonelada de forragem fresca.
A aplicação pode ser feita da mesma maneira que a cal virgem, na colhedora ou no
silo (bomba costal).
Também se deve atentar às características da planta a ser ensilada, pois a
inclusão só deverá ser feita para aquelas que apresentam teores de 30 a 40% de MS.
Abaixo disso, novamente será propício a perdas por efluentes, e acima, o valor nutritivo
da silagem é reduzido. (FARIA; CORSI, 1995).
Faria e Corsi (1995) descrevem como deve ser feito o cálculo do enriquecimento
de uma silagem com ureia. No exemplo, considera-se uma silagem com 35% MS
e 2,8% de proteína – com adição de 0,5% de ureia. Considerando-se que a ureia é
uma fonte de nitrogênio não proteico e seu teor médio de nitrogênio N é de 42%, o
equivalente a 262% de PB por 100 g de ureia (valor estimado em função do teor médio
de N na proteína verdadeira de 16% de N), então:

0,5 × 2,62 = 1,3 (unidades percentuais a serem adicionadas à proteína)


1,3 + 2,8 = 4,1% de proteína na silagem (11,7% na MS)

Observação: a análise bromatológica de silagens que irão receber ureia deve


ser realizada com o material fresco ou seco ao ar, pois o uso de estufa de circulação
forçada de ar pode levar a perdas de nitrogênio por volatilização.

1.5.2.3 Benzoato de sódio

Os ácidos benzoico e sórbico, na forma dos sais benzoato de sódio e sorbato


de potássio, são comumente utilizados na indústria de alimentos para prevenir o
crescimento de leveduras e fungos filamentosos. (MCDONALD; HENDERSON;
HERON, 1991). Assim como o ácido acético, o benzoato de sódio está na forma
dissociada, passando facilmente pela membrana celular dos fungos, liberando prótons
que acidificam o meio intracelular. (KUNG JR; STOKES; LIN, 2003).
Dessa forma, muitos trabalhos comprovam a ação do benzoato de sódio na
redução do crescimento de fungos e leveduras quando utilizado 0,1% por quilo de
forragem fresca, sendo, então, recomendado para casos que visam a melhorar a
estabilidade aeróbica das silagens. (KLEINSCHMIT; SCHMIDT; KUNG JR, 2005).
SENAR AR/PR 41

O benzoato pode ser aplicado da mesma forma que a cal virgem e a ureia,
sendo normalmente utilizada uma solução diluída de 12 litros de água por tonelada de
forragem fresca.

1.5.2.4 Hidróxido de sódio

Hidróxido de sódio (NaOH) é um aditivo muito utilizado para aumentar a


digestibilidade de palhadas. (MCDONALD; HENDERSON, HERON, 1991). Porém,
poucos trabalhos têm avaliado seu uso como aditivo para silagem, provavelmente
devido às limitações econômicas, ambientais e de segurança. (SCHMIDT, 2009).
O uso de 1% de NaOH por quilo de forragem em silagens de cana-de-açúcar
pode não ter efeito sobre os teores de etanol. Entretanto, é possível obter menores
perdas totais de MS, reduzir valores de fibra em detergente neutro (FDN) e aumentar
a digestibilidade in vitro e a recuperação de MS. Quando combinado a 5 × 104 ufc de
L. buchneri por grama de forragem, há efeito sinérgico. (SIQUEIRA et al., 2007).
Contudo, ainda assim existem poucos estudos sobre NaOH, e os resultados
adquiridos não justificam seu uso.

PRECAUÇÃO

Recomenda-se procurar assistência técnica para dimensionar o uso de aditivos na silagem.

1.5.3 Sequestrantes de umidade

Basicamente, sequestrantes de umidade são substratos com baixo teor de


umidade. Representam uma excelente ferramenta a ser utilizada em gramíneas
pré-secadas ou que dificilmente atingem o percentual de MS ideal, por auxiliarem a
fermentação lática e, em alguns casos, incrementarem o valor nutricional da silagem.
Eles têm sido utilizados em culturas com altos teores de umidade a fim de aumentar
a MS e reduzir perdas por efluentes. (KUNG JR; STOKES; LIN, 2003). Os capins
tropicais e de clima temperado, que têm como característica alto teor de umidade e baixa
concentração de carboidratos solúveis, resultam em silagens propensas às fermentações
secundárias, sobretudo por clostrídios. (ARCURI; CARNEIRO; LOPES, 2004).

VOCÊ SABIA?

Clostrídios são bactérias encontradas no solo, na água e na flora do trato


gastrointestinal do homem e de diversos outros animais, sendo que algumas espécies
são patogênicas, ou seja, causadoras de doenças.
42 SENAR AR/PR

A aplicação de sequestrantes de umidade como polpa cítrica; subprodutos da


indústria de mandioca, maracujá e biodiesel; resíduos da colheita de soja e algodão;
farelos, entre outros, (Figura 26), além de corrigir a MS, pode fornecer carboidratos
solúveis e, assim, estimular a fermentação. Contudo, é preciso estar ciente de que essa
é uma prática trabalhosa e de difícil execução, visto a dificuldade de homogeneizar
o aditivo à forragem, normalmente adicionado em proporções superiores a 10%.
(SCHMIDT; SOUZA; BACH, 2014).

Figura 26 – Polpa cítrica peletizada (a) e casquinha de soja (b) usados


como sequestrantes de umidade em silagem.

a b

Fonte – Zopollatto, 2020.

1.5.4 Cuidados na aplicação de aditivos

Tão importante quanto a escolha do aditivo é sua correta aplicação durante o


processo, que quando negligenciada pode levar a resultado algum. Schmidt, Souza
e Bach (2014) recomendam práticas importantes para a aplicação de aditivos,
dentre elas:
ƒ Para a diluição, usar água limpa e sem cloro;
ƒ Não misturar aditivos em recipientes sujos, com restos de combustível,
produtos químicos, gordurosos etc.;
ƒ Homogeneizar bem o aditivo e aplicá-lo uniformemente sobre toda a forragem,
pois ele age na superfície com a qual está em contato e sua difusão no silo
é pequena;
ƒ Inoculantes microbianos são bactérias vivas liofilizadas. Para que sejam
efetivas, devem ser armazenadas e manejadas com cuidado, ao abrigo de luz
solar direta ou de altas temperaturas. Após aberto, o aditivo deve ser usado
imediatamente ou cuidadosamente armazenado em geladeira, respeitando-
se os prazos de validade do fabricante.
SENAR AR/PR 43

1.6 MANEJO DO SILO PÓS-ABERTURA

1.6.1 Retirada de material

O manejo do silo pode aumentar as perdas em virtude da aeração da silagem.


Por isso, o método mais efetivo de remoção e fornecimento imediato da silagem aos
animais é por meio da retirada de camadas paralelas de toda superfície (Figura 27 - B),
em espessura de 15 a 30 cm por dia (Quadro 3), o que implica menor área da silagem
exposta ao ar e, consequentemente, menores perdas de MS. (PITT; MUCK, 1993).

Figura 27 – (a) Manejo inadequado de retirada, com degraus;


(b) retirada adequada, fatia uniforme.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Quadro 3 – Perdas de MS de silagens de acordo com a camada retirada.

Retirada (cm) Perda de MS (%)


2 17
5 10
10 5
15 3

Fonte – Pitt; Muck, 1993.


44 SENAR AR/PR

Quando exposta ao ar, a silagem apresenta resistência à degradação de 24


a 48 horas. Após esse período, o crescimento de microrganismos deterioradores é
intenso. Então, quanto menor for o tempo de exposição ao ar, menores serão as
perdas. Em silagens bem-feitas, o ar penetra de 15 a 20 cm por dia, enquanto em
silos mal compactados o ar penetra até seis metros. (HONIGH et al., 1999). Por isso, a
importância da retirada da camada diária, para que o material não fique tempo demais
em contato com o oxigênio e vulnerável à perda de qualidade. Se a camada de retirada
for pequena, é preferível que sejam confeccionados silos mais estreitos e compridos,
pois dessa forma a face da silagem exposta será menor. (BACH; SCHMIDT, 2013).
A retirada do material deve ser feita por métodos manuais ou mecânicos, mas
de forma a não danificar as camadas remanescentes no silo. Para isso, é preciso
efetivar a retirada sempre em camadas, iniciando pela parte alta do silo para evitar
desmoronamentos (Figura 28), que são altamente prováveis quando se utilizam pás
carregadeiras frontais que, por isso, devem ser evitadas. (SILVA; OLIVEIRA, 2001).

Figura 28 – Silo trincheira (a) e (b) silo superfície com desmoronamento.

Fonte – Bolsen, 2018.

A entrada do silo deve estar sempre limpa e desobstruída. O material que estiver
no chão deve ser constantemente retirado e levado, de preferência, a uma esterqueira
SENAR AR/PR 45

para completar sua fermentação aeróbica e poder ser utilizado como adubo orgânico.
(SILVA; OLIVEIRA, 2001). Contaminações com terra, barro e materiais que afetam
a fermentação resultam em silagens menos estáveis que, como já comentado,
promovem aumento da temperatura, do pH e, consequentemente, maiores perdas de
MS. (HENDERSON; EWART; ROBERTSON, 1979).
A menor exposição da forragem ao ar após o corte reduzirá os efeitos negativos
na fermentação e na qualidade dela. O corte deve ser feito de tal forma que a
superfície permaneça firme, o que dificulta a penetração de ar (Tabela 7). O tamanho
de partícula também influencia essa fase, pois silagens feitas com o tamanho de
partícula recomendado para uma boa compactação permitem cortes mais uniformes.
(FERREIRA, 2001).

Tabela 7 – Perdas de matéria seca e superfícies de silos em descarregamento.

Suscetibilidade da Perdas de matéria seca (%) por dias de


Tipo de superfície de exposição ao ar
silagem à
remoção
deterioração 1 2 3 4
Baixa 0,1 0,4 0,7 1,3
Firme, compactada
Alta 0,3 1,5 3,5 6,0
Baixa 0,2 0,7 1,5 2,5
Solta
Alta 0,7 3,0 6,9 11,2
Baixa 0,5 1,5 2,5 3,5
Completamente solta
Alta 2,0 7,0 12,0 15,0

Fonte – Faria; Corsi, 1995.

Para diminuir a quantidade de perdas após a abertura do silo, Silva e Oliveira


(2001) recomendam os seguintes cuidados:
ƒ Se o alimento for fornecido três vezes ao dia, a silagem também deve ser
retirada três vezes ao dia, imediatamente antes da mistura da dieta e de seu
fornecimento. A retirada em uma única vez para se fornecer no decorrer do
dia resultará em silagem de menor consumo pelos animais e de baixo valor
nutritivo, pois sua deterioração será muito mais rápida do que se estivesse
dentro do silo.
ƒ Calcular previamente a quantidade de silagem a ser fornecida. Os excessos
não devem ser aproveitados no dia seguinte, pois já estarão deteriorados.
ƒ Retirar a silagem em fatias de modo uniforme ao longo de toda a ‘face exposta’
do silo.
46 SENAR AR/PR

ƒ Calcular previamente a espessura da fatia. Para isso, é necessário conhecer


a seção do silo, que varia de acordo com cada tipo.
Exemplo: suponha que se deseja fornecer 2 100 kg de silagem por dia (1 050
pela manhã e 1 050 à tarde). A silagem está em um silo trincheira (4 m de base menor,
5 m de base maior e 2,2 m de altura) e sua densidade é de 560 kg/m³.
O volume de silagem a ser retirado de cada vez é 1,85 m³ (= 1 050 kg ÷ 560 kg/m³).
Assim, a espessura da fatia de silagem a ser retirada deverá ser de 0,19 m (ou 19 cm)
pela manhã e mais 0,19 m à tarde, pois:

 (B + b  
Área do silo =   × A
 2  

 (5 m + 4 m   2
   × 2, 2 m = 9, 9 m
 2  

Volume de silagem/área do painel = fatia a ser retirada


1, 85 m3
= 0,187 m
9, 9 m2

EXERCÍCIO

Calcule a fatia de silagem a ser retirada de um silo superfície de 6 m de base maior,


3 m de base menor, 1,5 m de altura e densidade de 500 kg/m3, levando em conside-
ração a alimentação de 50 vacas leiteiras, com consumo diário de 30 kg de silagem,
em dois tratos.

Após a retirada, é comum proteger a silagem da radiação solar e da chuva com


a mesma lona que cobre o silo. No entanto, esse tipo de proteção não é aconselhável
porque favorece um ambiente de calor e umidade, propício para o crescimento de
fungos e leveduras. (SILVA; OLIVEIRA, 2001).
SENAR AR/PR 47

1.7 AVALIAÇÃO DE SILAGENS

O sucesso na produção e utilização da silagem está relacionado à produção por


área, à eficiência no processo de ensilagem e no manejo da silagem para alimentação
dos animais. (FERREIRA, 2001).
Alguns fatores que comprometem a eficiência do processo são os seguintes:
ocorrência de perdas ou desperdícios no processo; planejamento inadequado do
número e da habilidade das pessoas que irão executar as tarefas; equipamentos sem
a devida revisão e mau uso dos mesmos; gasto de tempo excessivo em operações
de engate e desengate; más condições das vias que ligam o campo ao silo; dispersão
dos campos; distância do campo ao silo. (MONTEIRO; YAMAGUCHI, 2001). Todos
esses fatores, aliados ao carregamento lento, à colocação de camadas diárias finas,
à pouca compactação e ao atraso e à ineficiente vedação, colaboram para aerar a
massa e promover perdas. (FARIA; CORSI, 1995).
Os fatores que influenciam o processo de ensilagem podem ser divididos em
biológicos e tecnológicos (Tabela 8) e, na maioria dos casos, estes se encontram
inter-relacionados, dificultando a discussão sobre sua importância individual.
(BOLSEN, 1995).

Tabela 8 – Fatores que influenciam o processo de ensilagem e a qualidade da silagem.

Biológicos (genótipo e ecológico) Tecnológicos (manejo e técnicas)


Microflora Melhoramento Condições de
Características da cultura
epifítica da qualidade armazenamento

Híbrido ou cultivar Substrato Emurchecimento Construção do silo

Taxa de enchimento,
Teor de matéria seca Clima Aditivos
compactação e densidade

Tratamento
Teor de carboidratos solúveis Solo Método de fechamento
mecânico

Capacidade tamponante Aditivos Entrada de oxigênio

Estrutura da planta Temperatura e insolação

Estádio de maturidade Tratamento mecânico


Tempo
Tempo efetivo de colheita
Aditivos

Fonte – Pereira et al., 2014.


48 SENAR AR/PR

Não existe critério único para classificar uma silagem como boa ou ruim, porém
se conhece uma série de fatores comumente associados à qualidade. (NOLLER;
THOMAS, 1985). A classificação subjetiva de silagens é difícil, todavia, informações
úteis podem ser obtidas pela observação cuidadosa da cor, do odor e da textura
da silagem e da combinação destes com informações sobre a natureza da cultura
ensilada. (PEREIRA et al., 2014).

1.7.1 Aspectos relacionados ao processo

A obtenção de silagens de alta qualidade é dependente de fatores como colheita


de plantas com maturidade adequada, velocidade de colheita, picagem, compactação,
vedação do silo e manejo de retirada da silagem. Logo, silagens com alto valor nutritivo
e livres de patógenos apenas são possíveis se todos esses pontos forem executados
com sucesso. (DANIEL; JUNGES; NUSSIO, 2014).
As perdas durante o processo de ensilagem ocorrem principalmente nas formas
de efluentes, gases, respiração e fermentações indesejáveis. Essas perdas estão
diretamente relacionadas ao tipo de silo e, principalmente, às práticas de ensilagem.
(SILVA; OLIVEIRA, 2001).
Na Tabela 9 está apresentada a expectativa de diferentes perdas decorrentes de
forragem com diferentes teores de MS.

Tabela 9 – Perdas percentuais esperadas de matéria de silagem de milho com diferentes teores de MS.

Perda de matéria seca (%)


Matéria seca (%)
Colheita Ensilagem Total
≤ 30 4,0 13,4 17,4
31 a 40 5,0 6,3 11,3
> 40 16,2 6,3* 22,5*

*Valores estimados
Fonte – Dum et al., 1977.

Se a duração da ensilagem é longa, a redução do pH é lenta, aumentando a


produção de ácido acético, em detrimento da produção de ácido lático. Considerando
o conteúdo energético dos carboidratos solúveis, a perda é maior para o ácido acético
(38%) do que para o ácido lático (3,5%). Por isso, rapidez no enchimento do silo e
eficiente compactação são essenciais. Outra fonte de perda significativa em condições
de redução lenta do pH são as fermentações secundárias indesejáveis, que resultam
em perda de energia e redução do valor nutritivo da silagem. (FERREIRA, 2001).
SENAR AR/PR 49

Para uma silagem estável, o pH deve estar entre 4,0 a 4,5; um pouco maior para
silagens de leguminosas e silagens emurchecidas e menor para silagens de milho,
sorgo e outros cereais. (MAHANNA, 1994).
Outro parâmetro para avaliação do processo é o tamanho de partícula da silagem,
que pode ser verificado pelo uso das peneiras Penn State (Figura 29). O conjunto é
composto por peneiras de 19 mm, 8 mm, 4 mm e uma peneira de fundo, e utiliza-se
cerca de 500 g de amostra. Um dos cuidados que devem ser tomados na execução
da técnica é deslizar o equipamento em uma superfície lisa por cinco vezes em uma
direção e depois ir girando. A execução completa consiste em 40 ciclos, ou seja, cinco
vezes cada lado em dois giros completos. A Tabela 10 apresenta as porcentagens de
silagem de milho recomendadas para cada peneira.

Figura 29 – Peneira para determinação do tamanho de


partículas.

Fonte – Heinrichs; Jones, 2016.


50 SENAR AR/PR

Tabela 10 – Valores recomendados de distribuição das partículas para silagem de milho e pré-secado.

Tamanho do Tamanho da Silagem de


Peneira Pré-secado (%)
orifício (mm) partícula milho (%)

Superior 19 > 19 3-8 10-20

Intermediária 8 8-19 45-65 45-75

Inferior 4 4-8 20-30 30-40

Fundo – <4 < 10 < 10

Fonte – Heinrichs; Jones, 2016.

1.7.2 Presença de microrganismos indesejáveis

A deterioração aeróbica é comumente indicada por aparecimento de colônias


brancas ou multicoloridas de organismos (Figura 30), aquecimento para temperaturas
acima de 38 °C e pH acima de 5. (PEREIRA et al., 2014).

Figura 30 – Presença de fungos em silagem de milho.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Ao retirar a cobertura que protege o silo, deve-se observar o aspecto da silagem


e a possível ocorrência de porções com mofos ou fungos. A parte superior, próxima
à entrada, e as laterais são as mais propensas a apresentar tais contaminações
por estarem próximas a fontes de água e oxigênio (Figura 31). Toda porção nessas
condições deve ser descartada. (SILVA; OLIVEIRA, 2001).
SENAR AR/PR 51

Figura 31 – Silagem com a superfície


totalmente deteriorada.

Fonte – Zopollatto, 2020.

1.7.3 Cor

Embora não indiquem o valor nutritivo, a aparência e o odor da silagem sinalizam


os tipos de fermentação que ocorreram, possibilitando concluir se o material foi bem
ou mal conservado. (SILVA; OLIVEIRA, 2001).
A silagem ideal deve ser verde-clara, amarelada, amarelo-pálido ou levemente
amarronzada (Figura 32). Aquelas muito escuras são produto de alta umidade e/ou
altas temperaturas (decorrentes de respiração celular intensa, devido à disponibilidade
de oxigênio), e as pretas são definitivamente estragadas. (SILVA; OLIVEIRA, 2001).

Figura 32 – Silagem de milho (a) amarelada e silagem de gramínea de clima temperado


(b) levemente amarronzada.

a b

Fonte – Zopollatto, 2020.


52 SENAR AR/PR

1.7.4 Odor

Nas boas silagens, o ácido lático é o que aparece em maior proporção (>
65% dos ácidos orgânicos totais). Ele é praticamente inodoro, fazendo com que a
silagem, quando bem feita, tenha pouco cheiro. O odor de vinagre que se observa
é devido à presença de ácido acético, que não deve estar em altas concentrações,
visto que sua presença está inversamente relacionada à velocidade de queda do pH.
(SILVA; OLIVEIRA, 2001). Porém, ainda assim deve ocorrer, pois como comentado
anteriormente, esse ácido tem ação antifúngica, o que proporciona maior estabilidade
aeróbica às silagens.
Na Tabela 11 estão demonstrados os valores de referência dos principais ácidos
orgânicos encontrados em silagens.

Tabela 11 – Concentrações comuns de ácidos orgânicos de silagens de milho (35-40% de MS), leguminosas
(30-40% de MS) e capins (30-35% de MS).

% na matéria seca
Ácido Orgânico
Milho Leguminosas Capins

Ácido lático 7-9 7-8 6-10

Ácido acético 0,5-0,8 2-3 1-3

Ácido propiônico < 0,1 < 0,5 < 0,1

Ácido butírico 0,3 < 0,5 0,5-1,0

Fonte – Adaptado de Santos et al., 2010

Quanto mais intenso for o cheiro, mais tempo demora para baixar o pH da
silagem, o que pode ser decorrente da baixa disponibilidade de substratos. No caso
de plantas com altos teores de carboidratos solúveis, como o milho e o sorgo, pode-se
concluir que houve intensa respiração celular (o silo demorou para ser fechado ou a
massa ficou muito aerada devido à pouca compactação). (SILVA; OLIVEIRA, 2001).

1.7.5 Produção de efluente

Especialmente a silagem de gramíneas e de cana-de-açúcar pode apresentar


altas perdas por efluente (Figura 33) caso não se respeite o valor de MS ideal para
ensilagem. Isso não só colabora para a deterioração da massa como carreia nutrientes
da silagem.
SENAR AR/PR 53

Figura 33 – Efluente (ou chorume) escorrendo de silagem de milho.

Fonte – Zopollatto, 2020.

A produção de efluente ou chorume está relacionada ao rompimento da membrana


celular da planta e ao começo da fermentação. O volume de produção é influenciado,
principalmente, pelo conteúdo de MS da forragem ensilada (Figura 34), pelo grau de
compactação, pelo tipo de silo, pelo tratamento prévio da forragem, pela dinâmica de
fermentação e pela fertilização do solo.

Figura 34 – Relação entre porcentagem de matéria seca (MS) e perda por efluente.

33

32

31

30
MS (%)

29

28

27

26
Ausente Baixa Média Alta
Perda Efluente Silagem

Fonte – Carvalho; Jobim, 2013.


54 SENAR AR/PR

Além de representar perdas no processo, esses compostos têm demanda


bioquímica de oxigênio superior à do esgoto doméstico, podendo resultar em grave
problema ambiental caso atinjam lençóis freáticos e cursos d’água. (LOURES
et al., 2003).
A conservação de gramíneas é totalmente possível, porém é necessário que
as plantas sejam pré-secadas para que o processo seja eficiente. Vários estudos
demonstram os benefícios do emurchecimento à maior recuperação de MS e à
redução das perdas por gases (NUSSIO; RIBEIRO, 2008), indicando a importância
desse procedimento para a obtenção de gramíneas conservadas de alta qualidade
nutricional e higiênica.

1.8 SILAGEM DE MILHO APÓS GEADA

Após a geada, a água migra para o colmo e para o sabugo, fazendo com que
apenas as folhas fiquem secas, o que dá a impressão de que a planta já passou
do ponto de corte, mas as espigas ainda estão verdes (Figura 35). A recomendação
é que seja avaliado o teor de matéria seca total das plantas antes de proceder ao
corte e à ensilagem das mesmas, mas isso deve ocorrer no máximo entre cinco a
sete dias após a geada, para evitar que a planta seque demais e haja crescimento
de fungos nas espigas. Lembrando: uma planta que sofreu geada não irá secar na
mesma velocidade que uma planta que não passou por geada (0,5 % MS por dia).
Se ainda assim a planta estiver muito úmida, recomenda-se usar aditivos absorventes
de umidade, como a polpa cítrica (93% MS) ou a casquinha de soja (91% MS).
De maneira geral, são necessários 13,5 kg de MS por tonelada de silagem para elevar
o teor de MS em um ponto percentual. (LEE, 2003).
A geada pode reduzir a população de bactérias láticas na planta, dessa forma, o
uso de inoculantes microbianos deve ser recomendado para boa fermentação.
Outro ponto relevante é que mesmo respeitando essas regras, o produtor deve
estar ciente de que irá ter um material de menor valor nutritivo no silo.
SENAR AR/PR 55

Figura 35 – Lavoura de milho após geada.

Fonte – Poppi; Mari, 2016.

1.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de silagem é uma prática cada vez mais comum em todo o Brasil,
especialmente em propriedades de sistema de criação confinado. É evidente a
necessidade de planejamento para manter a produtividade das fazendas em períodos
de escassez por meio da silagem, embora esta também possa servir como suplemento
e até como dieta total, em alguns casos. Por isso, toda atenção deve ser dada à
execução correta de cada etapa, pois delas dependerá a qualidade do produto final
que, se mal feito, pode colocar em risco a eficiência do sistema e até mesmo a saúde
dos animais. Sobre aditivos em silagens, seu uso não é indicado para substituir erros
no processo e deve ser feito com conhecimento.
SENAR AR/PR 57

2 FENAÇÃO

2.1 INTRODUÇÃO

Diferentemente do que ocorre no processo de produção de silagem, em que a


presença da umidade é necessária para permitir a preservação dos nutrientes, no
feno a conservação ocorre por meio da desidratação. Para alcançar a preservação
adequada da forragem na forma de feno, tanto a respiração da planta quanto a
degradação das proteínas (por enzimas proteolíticas da própria planta) devem ser
cessadas o mais breve possível após a colheita. A fenação envolve mudanças na
estrutura física e na composição química da planta pelo processo de remoção de
água. Identificar, conhecer e entender essas mudanças é fundamental para trabalhar
com as limitações e aplicar as boas práticas de produção, conservação e alimentação
de ruminantes, bem como ampliar as discussões e encontrar soluções práticas para
evitar a falta de alimentos para os rebanhos nos períodos críticos do ano.
A dinâmica do processo de desidratação da planta está completamente
compreendida e os maiores avanços foram feitos nas décadas de 1980 e 1990.
(PITT, 1985; ROTZ; ABRAMS, 1988). Nos dias atuais, os trabalhos se concentram
no desenvolvimento e na melhoria dos equipamentos usados para produção de feno.
Uma importante vantagem da utilização de feno é a estocagem, próximo ao
local dos animais, economizando tempo de utilização da mão de obra nas tarefas de
alimentação do rebanho.

2.2 PRODUÇÃO, MANEJO E USO DE FENO

Por definição, feno é a forragem colhida cujos nutrientes são preservados pela
ação da desidratação. Diferentes espécies de leguminosas e gramíneas podem
ser usadas para fenação, tais como aveia, tifton, coastcross, grama-estrela, alfafa,
entre outras.
Feno é uma importante fonte de energia e proteína para todas as espécies
de herbívoros, em particular bovinos, ovinos e equinos. Em função da similaridade
de estabelecimento e práticas de manejo para produção economicamente viável
para todas as espécies, nesta seção, o assunto será tratado de forma geral. As
particularidades serão destacadas no decorrer do texto.
Devido à falta de informações, estimativas de produtividade e a área utilizada
para produção de feno no Brasil são desconhecidas. No entanto, no mundo, a
forragem mais conhecida e tradicionalmente usada para fenação é a alfafa (Figura
58 SENAR AR/PR

36). O tamanho da área cultivada com alfafa é difícil de ser determinado pela falta
de informação dos países produtores. O maior produtor são os Estados Unidos,
com 12 milhões de hectares, seguido pela Argentina, com 5,5 milhões de hectares.
(BASIGALUP et al., 2007). Nos Estados Unidos, apenas 4% da produção de alfafa é
destinada à exportação, mas o mercado vem crescendo, a exemplo da Arábia Saudita,
um grande produtor de leite, que desde 2016 vem barrando a produção de feno de
alfafa no país para conservação de recursos naturais, o que garantiu um nicho grande
de mercado para EUA, Espanha, Argentina, entre outros países.

Figura 36 – A alfafa (Medicago sativa) rebrota após o corte.

Fonte – Zopollatto, 2020.

2.2.1 Planejamento para produção de feno

O tamanho da área para produção de feno depende de vários fatores, como


1) número e categoria de animais que serão alimentados;

2) requerimento nutricional;

3) produtividade da forragem cultivada;


SENAR AR/PR 59

4) capacidade de estocagem e alimentação;

5) limitação de maquinários e mão de obra da propriedade.

Solo, topografia, condições climáticas e o perfil do produtor são variáveis que vão
determinar o tipo de forragem a ser cultivada. Porém, os produtores devem entender
claramente que o principal objetivo é obter máxima produção de forragem com o menor
custo utilizando as práticas corretas. Assim, é responsabilidade do técnico mostrar
aos produtores como obter feno de ótima qualidade com elevado teor de proteína e
alta digestibilidade. Isso significa que o técnico deve identificar o perfil do produtor
para indicar as melhores forragens e técnicas para aquela realidade. Todas essas
características devem ser analisadas e interpretadas individualmente para traçar o
melhor programa de produção de feno.

2.2.1.1 Escolha da forragem em função de características do solo

Os solos no Brasil apresentam algumas particularidades que devem ser muito


bem trabalhadas para evitar o fracasso no projeto de produção de feno. Atributos do solo
como acidez, textura, topografia e profundidade devem ser analisados previamente à
escolha da forragem para cultivo. No Brasil, é possível obter ganhos em qualidade
do solo e produtividade com a redução da acidez utilizando-se o calcário. Outra fonte
importante de perda de nutrientes é a erosão, que pode ser controlada com técnicas
apropriadas de utilização da terra.
O passo inicial para o planejamento da produção de feno é a análise da
composição química do solo. A correção do pH é o fator mais importante para o
estabelecimento de uma nova cultura ou a recuperação de pastagens já existentes.
Com a aplicação de cálcio (calcário ou gesso agrícola) é possível criar as condições
de solo favoráveis para o aproveitamento de nutrientes pelas plantas. O elemento
+
Ca deve ser considerado tão importante quanto o fósforo, nitrogênio e potássio. O
aumento da acidez do solo é causado pela degradação de restos de cultura, pela
aplicação de adubo orgânico e pela adubação nitrogenada.
Muito embora existam forragens tolerantes ao pH ácido, a aplicação de corretivos
no solo permite obter melhores índices produtivos dessas plantas. Isso ocorre em função
do aumento da disponibilidade de nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes e da
redução dos efeitos tóxicos do alumínio. Além disso, as condições de desenvolvimento
dos microrganismos do solo são favorecidas, beneficiando as interações bactéria-
-planta. A Figura 37 mostra o incremento na taxa de lotação da pastagem em função
de doses crescentes de adubo nitrogenado, demonstrando a importância de pastos
bem adubados (Figura 38).
60 SENAR AR/PR

Figura 37 – Aumento na taxa de lotação na pastagem de tifton 85 em função da dose de


N usada.

120
Lotação animal (cordeiro/ha.dia)

100

80

60

40

20

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Doses de nitrogênio (kg/ha)

Fonte – Adaptado de Fagundes et al., 2011.

Figura 38 – Pasto bem adubado (a) e pasto mal adubado (b).

a b

Fonte – Mayo, 2016.

Importante saber que existem diferentes tipos de corretivos de solo e que a


escolha deve ser feita com base na análise econômica e no objetivo da aplicação.
Devido à baixa mobilidade do calcário no solo, os benefícios nas camadas
mais profundas requerem deposição em extratos mais distantes da superfície.
SENAR AR/PR 61

Uma alternativa para essa prática é a utilização de gesso agrícola. Ele serve como
fonte de cálcio e enxofre para o solo, que se dissociam formando complexos com o
alumínio. É importante ressaltar que o gesso não promove a neutralização da acidez,
mas sim a inativação do alumínio, que apresenta efeito tóxico para as raízes das
plantas. Devido à sua alta solubilidade, o cálcio é facilmente carreado para porções
mais profundas do solo, fazendo com que as raízes aumentem a área de alcance de
nutrientes e água. (SANTIAGO; ROSETTO, 2019).
Quando grandes quantidades de corretivos são requeridas, recomenda-se a
aplicação parcelada durante os anos. O limite máximo de aplicação de calcário, segundo
Werner et al. (1996), é de cinco toneladas/ha com incorporação ou três toneladas/ha,
se aplicado na superfície. Após a correção, doses mínimas são requeridas para manter
o pH do solo nos níveis adequados.

2.2.2 Adubação para produção de feno

A utilização de fertilizantes nas culturas destinadas para produção de feno é o fator-


-chave para determinar o retorno financeiro. Devido ao elevado preço dos fertilizantes,
principalmente os nitrogenados, e à dependência de resposta das pastagens (que
envolve o nível de aplicação, condições climáticas, estrutura da pastagem), a utilização
e a aplicação devem ser muito bem planejadas. A Figura 39 mostra que apesar do
aumento da produtividade em função da dose de N, os acréscimos são decrescentes,
ou seja, para cada unidade de N utilizada, o acúmulo de MS produzida vai diminuindo.

Figura 39 – Efeito de doses crescentes de nitrogênio na produção de matéria


seca de aveia.

8.000
Matéria seca, kg ha–1

7.000

6.000

5.000

4.000

0
0 40 80 120 160 200 0
–1
N aplicado na aveia, kg ha

Fonte – Santi et al., 2003.


62 SENAR AR/PR

A adequada aplicação de fertilizante é essencial para o sucesso no programa


de elaboração de forragem para produção de feno. A literatura apresenta resultados
consolidados sobre a vantagem da aplicação de fósforo durante a formação de novas
áreas. Doses menores de nitrogênio e potássio são requeridas, no entanto, esses
elementos apresentam efeito prejudicial na ausência de fósforo.
A simples aplicação de fertilizantes no solo não garante elevadas taxas de
desenvolvimento das plantas, principalmente em solos de baixa fertilidade. Nessa
condição, é importante certificar que logo após a germinação os nutrientes estarão
prontamente disponíveis para a planta.

2.2.2.1 Adubação para leguminosas

A formação de áreas para produção de feno de leguminosas (alfafa, trevos,


amendoim forrageiro) requer adequado nível de fósforo e potássio no solo para
alcançar elevadas taxas de produção, longevidade e estande de plantas.
Para a cultura da alfafa, o monitoramento e a reposição das concentrações de
potássio e fósforo garantem a longevidade da cultura. A aplicação pode ocorrer uma
vez por ano ou em duas etapas. Para manejos com uma única dose, recomenda-se
adubação no outono, logo após o último corte. Em sistemas mais intensivos, que
requerem altas doses de adubo, estas devem ser parceladas em duas ou após cada
corte. A adubação em duas doses pode ser feita no final do outono e no final do verão.
Nos estados do Sul, as doses recomendadas variam entre 50 e 180 kg/ha de P2O5
no plantio e 110 kg/ha P2O5 anualmente para manutenção. (TEDESCO et al., 2004).
Entretanto, as doses de aplicação devem ser baseadas em análises de solo.
Muito embora fósforo e potássio sejam nutrientes importantes para implementação,
manutenção e alta produção para leguminosas, outros macros elementos, tais como
cálcio, magnésio e enxofre devem ser monitorados, e seus níveis corrigidos a fim de
evitar deficiências.
Para forragens mais exigentes, como a alfafa, os micronutrientes boro, ferro,
manganês, cobre, molibdênio e zinco devem ser mantidos em níveis adequados.
Cálcio e magnésio são facilmente aplicados com adequadas doses de calcário. Boro
deve ser aplicado uma vez ao ano e deficiências de molibdênio são comuns em solos
ácidos e ou arenosos. (BAYLOR, 1980).

2.2.2.2 Adubação para gramíneas

Os capins tropicais, de maneira geral, precisam de três principais nutrientes


(nitrogênio, fósforo e potássio), mas o elemento fundamental para altos índices de
SENAR AR/PR 63

produção é o nitrogênio. A Figura 40 apresenta o efeito de doses crescentes de


nitrogênio sobre o índice de área foliar (IAF) em Brachiaria decumbens. O aumento
no IAF reflete a maior taxa de crescimento da planta, bem como maior capacidade
fotossintética promovida pelo nitrogênio.

Figura 40 – Doses crescentes de nutriente e aumento do Índice de Área Foliar de


Brachiaria decumbens.

4
Índice de área foliar

1
40 100 150 200 250 300

Nitrogênio (kg/ha)

Fonte – Adaptado de Fagundes et al., 2006.

Doses adequadas de nitrogênio são importantes para a elevada produção de


massa verde por unidade de área. Além disso, acréscimos no valor nutritivo do feno
são observados quando a adubação com nitrogênio é adotada, principalmente na
fração proteica. (FAGUNDES et al., 2006). Esse incremento na produção de massa é
reflexo do aumento da taxa de crescimento da planta, principalmente vigor de rebrota.
Cultivares do gênero Cynodon adubados com doses de 400 kg/ha apresentaram
aumentos de 173% na produção de MS, 58,5% para vigor de rebrota e 20,9% na
relação folha-colmo. (GOMES et al., 1997).
A recomendação para aplicação de nitrogênio nas áreas cultivadas para produção
de feno é após cada corte, e as doses podem variar em função de espécie da planta,
tipo de solo, temperatura e quantidade de chuvas. Em áreas recém-formadas, uma
pequena dose pode ser feita no plantio e uma dose de cobertura entre 25 a 35 dias após
a semeadura. Em áreas exclusivas com gramíneas tropicais, nos estados do Paraná,
de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, não é recomendada adubação em épocas
frias do ano. Se a adubação for realizada nessas condições, as plantas daninhas serão
beneficiadas e irão competir com a forragem cultivada. (MOREIRA et al., 2007).
64 SENAR AR/PR

Devido aos solos brasileiros apresentarem baixos níveis de fósforo, as análises


químicas devem ser feitas regularmente para monitoramento das concentrações desse
nutriente. Outro elemento importante para manutenção de altos índices produtivos
é o potássio. Gramíneas necessitam desse nutriente para converter nitrogênio em
proteína, logo, se houver deficiência de potássio, o nitrogênio aplicado não poderá ser
metabolizado pela planta. Além da baixa eficiência de utilização do N, outro problema
grave pode ocorrer quando há deficiência de potássio. Muito embora a planta não
consiga metabolizar o N, ela absorve esse nutriente e o acumula em seus tecidos na
forma de nitrato. Quando os animais ingerem essas plantas com altas doses de nitrato
podem ocorrer intoxicações graves.

2.2.2.3 Adubação orgânica

O uso de dejeto animal como adubação em áreas de produção de feno apresenta


bons índices produtivos e ajuda a reduzir os custos de produção. Assim, se houver
disponibilidade desse material próximo à propriedade ele é uma boa opção. Esse tipo
de adubo apresenta os três principais nutrientes requeridos pelas plantas (nitrogênio,
fósforo e potássio) e, dependendo da fonte, concentrações elevadas de cálcio, boro,
magnésio, enxofre, cobre e zinco.
Em áreas com cultivo exclusivo de leguminosas e com bom estande de plantas,
a aplicação não é recomendada. O principal problema na utilização de dejetos é a
variabilidade na composição e o controle das doses individuais dos nutrientes. Além
disso, sua aplicação deve ser direcionada para o solo. (MIKKELSEN, 2016).

2.2.3 Escolha da espécie forrageira

A escolha da espécie forrageira para produção de feno não é uma decisão


simples e deve levar em conta os fatores individuais de cada propriedade. Entre as
variáveis relacionadas com a seleção da forragem destacam-se resistência a doenças,
tolerância ao ataque de insetos, implementação e adaptação às condições climáticas.
Evangelista e Lima (2013), destacam ainda que a forragem deve apresentar elevada
produção de massa/ha, boa capacidade de rebrota e hábito de crescimento que facilite
o corte pelas segadeiras. Os fatores que envolvem o solo e podem limitar a utilização
de algumas espécies de plantas são textura, profundidade, fertilidade e topografia. É
responsabilidade do técnico orientar o produtor sobre qual é a variedade mais indicada
para cada fazenda.
SENAR AR/PR 65

Quadro 4 – Composição bromatológica da base na matéria seca de fenos de diferentes espécies forrageiras.

Variáveis bromatológicas Coeficiente de


Feno (% da MS) digestibilidade (%)
MS MM PB FDN FDA CA MS MO PB
Alfafa 91,0 10,9 17,7 56,0 34,6 1,39 70,3 72,2 74,8
Estilosante Campo Grande 89,9 8,0 12,2 65,8 44,3 1,46 69,1 72,0 74,0
Estilosante Mineirão 89,5 8,9 11,1 67,6 46,6 1,56 67,0 69,5 69,9
Amendoim forrageiro 88,1 - 14,3 52,5 35,8 - 64,4 - 70,0
Stylosanthes guianensis 91,6 - 9,8 63,7 50,1 - 49,2 - 61,2
Soja perene 90,1 - 12,3 52,0 40,4 - 44,3 - -
Leucena 92,7 - 16,3 43,3 33,8 - 55,6 - 45,3
Leucena 89,68 - 22,2 57,6 24,05 - - - -
Tifton 91,63 - 11,0 62,3 38,82 - - - -
Tifton 85 82,85 6,1 14,8 76,9 55,83 - - - -
Cunhã 91,9 - 13,62 62,1 37,81 - - - -
Coastcross 88,96 - 11,45 - - - - - -
Andropogon gayanus - - 6,6 - - 0,09 64,6 - -
Brachiaria brizantha - - 7,6 - - 0,07 60,4 - -
Milheto 90,6 10,5 10,6 66,5 46,1 0,37 - - -
Capim-elefante Cameroon 90,6 11,0 6,7 71,4 49,0 0,29 - - -
Sorgo SF-2S 90,3 8,8 5,6 71,3 48,8 0,22 - - -
Coastcross - - - - - - - 61,9 70,2

MS: matéria seca; MM: matéria mineral; PB: proteína bruta; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em
detergente ácido; Ca: cálcio; MS: matéria seca; MO: matéria orgânica; PB: proteína bruta..
Fonte – Adaptado de Evangelista; Lima, 2013.

2.2.3.1 Forragens consorciadas versus monocultura de forragens

Pastagens solteiras (leguminosas ou gramíneas) são as melhores escolhas


para diversos sistemas de produção. Apesar da consorciação apresentar vantagens
para o conjunto solo-planta-animal, as práticas de manejo se tornam complexas.
A primeira questão é encontrar duas espécies que se desenvolvam com o mesmo
vigor; a segunda, que apresentem taxas de desidratação semelhantes após o corte;
por fim, que não apresentem características competitivas por meio da produção de
substâncias que prejudiquem o crescimento da planta consorciada. (BAYLOR, 1980).
Essa característica, chamada de alelopatia, está presente em algumas espécies de
plantas que, como forma de defesa, são capazes de inibir o desenvolvimento de outras
66 SENAR AR/PR

plantas (Figura 41). Como exemplo, pode-se citar o nabo forrageiro (Raphanus sativus
L.), que pode afetar o crescimento do milho (SHENEIDER; CRUZ-SILVA, 2012)

Figura 41 – Alelopatia que uma planta (denominada de doadora) exerce sobre a


planta-alvo, reduzindo ou impedindo seu crescimento.

Doador Alvo

Fonte – Adaptado de Hofman, 2015.

2.2.3.2 Estabelecimento da cultura

Elevada produtividade associada com alta qualidade do feno só é possível com


um bom estande inicial de plantas. O risco de falhar no estabelecimento de áreas é
inversamente proporcional ao tamanho da semente, ou seja, quanto menor a semente,
maior é o risco. A formação dessas áreas depende de muitos fatores, incluindo:
escolha certa da forragem, fertilidade e preparo do solo adequados, qualidade das
sementes, plantio correto, disponibilidade de água, baixa competição na fase inicial de
desenvolvimento e controle de ervas daninhas e pragas.
Uma boa taxa de germinação depende de níveis adequados de umidade, oxigênio
e temperatura. Além disso, a intensidade e duração da luz solar têm grande influência
nos estágios iniciais de desenvolvimento das plantas. A redução da intensidade
luminosa, seja pela presença de nuvens, seja pela competição com outras plantas,
pode ser uma importante causa de falha no estabelecimento da cultura.
SENAR AR/PR 67

O sombreamento tem efeito direto no crescimento da parte aérea e raízes


das plantas, sendo esta última mais afetada. Leguminosas são, geralmente, menos
tolerantes ao sombreamento do que gramíneas, sendo que algumas leguminosas
toleram melhor a falta de luz do que outras, como o trevo vermelho, que suporta
melhor a sombra do que a alfafa.
É importante tentar isolar todas as variáveis que podem limitar o desenvolvimento
inicial da pastagem para produção de feno, mas é impossível controlar todas essas
interações na fase de estabelecimento da cultura.

2.2.3.3 Semeadura

Um bom começo para o estabelecimento da cultura é a compra de sementes


de qualidade e certificadas. Uma característica das plantas forrageiras é o pequeno
tamanho das sementes, que devem ser depositadas na superfície e com um bom
contato com o solo.
A taxa de semeadura (população inicial) está relacionada com muitos fatores,
que vão desde o valor cultural, passando por tamanho das sementes, capacidade de
estabelecimento, umidade do solo, até a competição com invasoras.

2.3 MANEJO DE ÁREAS ESTABELECIDAS PARA PRODUÇÃO DE


FENO

Persistência da pastagem, produtividade e qualidade são os maiores desafios


para o desenvolvimento dos programas de produção de feno. A persistência e a
produtividade são as principais preocupações dos técnicos e muitos fatores são
importantes para manejar forragens perenes. Tanto leguminosas quanto gramíneas
requerem conhecimentos específicos para manter sua longevidade, produtividade e
qualidade. As informações incluem fisiologia e metabolismo das plantas, translocação
de reservas, índice de área foliar, tolerância ao frio, calor e resistência à seca.
Conhecer esses fatores é essencial para desenvolver estratégias que podem melhorar
as práticas de manejo das áreas de produção de feno.

2.4 CORTE

O momento de corte da planta deve ser caracterizado pelo equilíbrio entre


produtividade e qualidade da planta. Colher a planta no estágio vegetativo tem
68 SENAR AR/PR

como desvantagem a menor quantidade de material colhido, além do alto teor de


umidade, o que vai requerer maior tempo de secagem. O corte na fase reprodutiva
(após florescimento) tem como desvantagem a menor qualidade da planta devido ao
aumento no teor de lignina, o que resulta em menor digestibilidade (Figura 42).

Figura 42 – Estágios de crescimento e desenvolvimento de gramíneas e suas relações com


o valor nutricional e a produção de matéria seca.

Valor nutricional
Período ótimo Produção
para o corte

Estágio Estágio Senescência


vegetativo reprodutivo

Fonte – Adaptado de Cavalcanti, 2013.

O estágio de desenvolvimento da planta no momento do corte é o principal


fator que determina a qualidade do feno. É impossível preservar todos os nutrientes
presentes na forragem, uma vez que as perdas já começam a acontecer minutos
após o corte. A colheita pode ser realizada por meio da utilização das segadeiras
(equipamentos acoplados ao trator que realizam o corte na base da planta). Existem
no mercado diversos modelos de máquinas (Figuras 43, 44 e 45) que realizam a
colheita sem maceração do material e, consequentemente, diminuem as perdas
durante o recolhimento do feno.
SENAR AR/PR 69

Figura 43 – Segadeira de arrasto, com visão dos discos de corte.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Figura 44 – Segadeira de linha de corte frontal e traseira, com largura de trabalho de 9 metros.

Fonte – Zopollatto, 2011. Fonte – Adaptado de Fagundes et al., 2006.


70 SENAR AR/PR

Figura 45 – Segadeira de arrasto realizando o corte pela parte frontal e expulsando a forragem
colhida para trás.

Fonte – ZhakYaroslav, 2020.

O objetivo básico do processo de produção de feno é reduzir rapidamente


o conteúdo de umidade da planta, a fim de inibir reações biológicas e químicas e
preservar a maior quantidade de nutrientes na forragem. As perdas de nutrientes
durante a secagem no campo resultam em importantes mudanças na quantidade e
qualidade da forragem colhida. De maneira didática, as perdas podem ser divididas
da seguinte forma:
1) Respiração celular: após o corte, as células da planta continuam com seu
metabolismo ativo, convertendo açúcares em água e dióxido de carbono.
Durante essa fase, a respiração é a principal causa de perdas no valor
nutritivo, e a intensidade aumenta quanto maior o teor de umidade e a
temperatura. Essa condição continua até o material atingir 30 a 35% de
umidade. Em condições ideais de desidratação, as perdas via respiração
estão entre 2 a 8% da MS e, com um tempo prolongado de secagem,
essas perdas podem atingir 15%. As perdas via respiração são difíceis de
mensurar, muitas vezes passam despercebidas e, na maioria dos casos, são
inevitáveis. De maneira geral, práticas que reduzem o tempo de secagem
contribuem para reduzir essas perdas. O corte realizado nas primeiras horas
do dia possibilita maiores taxas de desidratação devido ao maior tempo de
exposição ao sol e ao vento. A utilização de condicionadores, que causam
fissuras nas estruturas cuticulares das plantas, reduz o tempo de secagem
e, consequentemente, as perdas via respiração (Figuras 46 e 48). Essas
fissuras, causadas pelo dano físico nas folhas, são capazes de manter a
evaporação da água mesmo após o fechamento dos estômatos e assim
reduzir o tempo de secagem (Figura 47).
SENAR AR/PR 71

Figura 46 – Condicionador (rolos de borracha) esmagando a forragem recém-colhida


pela segadeira.

Fonte – Pereira; Bueno; Herling, 2020.

Figura 47 – Simulação do dano causado na estrutura da planta pelos condicionadores.

Fonte – Sincronia Design, 2020.


72 SENAR AR/PR

Figura 48 – Segadora condicionadora com martelos. Na base é possível ver os discos


de corte, e na parte superior, os martelos.

Fonte – New Holland, 2020.

2) Danos causados pela chuva: a incerteza de condições ambientais adequadas


é o principal fator que compromete a operação de produção de feno.
Normalmente, 30 horas de sol são necessárias para secagem do material no
campo. Entretanto, a época de crescimento e corte das gramíneas tropicais
coincide com a estação chuvosa na maior parte do Brasil e a probabilidade de
haver três dias consecutivos de sol são pequenas. Dessa forma, a chance de
o material receber chuva é grande. Os efeitos prejudiciais da chuva no feno
podem ser observados durante a colheita, estocagem e alimentação. Isso
porque há prolongamento da fase de respiração, perdas de folhas, condições
favoráveis para o crescimento de organismos espoliadores (leveduras,
fungos filamentosos, bactérias patogênicas) durante a armazenagem. Além
disso, importantes porções de nutrientes solúveis em água são perdidas via
lixiviação, que é a remoção de substâncias da planta pela água da chuva,
as quais são levadas para o solo (Figura 49) tornando o material menos
nutritivo.
SENAR AR/PR 73

Figura 49 – Esquema demonstrando as perdas de nutrientes da planta para o


solo quando há incidência de chuva sobre o material no campo.

Fonte – Sincronia Design, 2020.

A Tabela 12 mostra a diferença no conteúdo de alguns nutrientes quando houve


incidência de chuva sobre o feno de alfafa durante a fase de secagem.

Tabela 12 – Efeito da chuva, durante a desidratação, sobre a qualidade do feno de alfafa.

Variáveis
Condição Proteína bruta DIVMS* (%) FDN (%) T/MS/ha
Planta original 23 70 43 5
Feno, sem chuva 20 64 46 4.2
Feno, com chuva 20 57 54 3.7

*Digestibilidade in vitro da matéria seca.


Fonte – Adaptado de Collins, 1988.
74 SENAR AR/PR

Podem ocorrer perdas significativas em função da lixiviação de nutrientes, perdas


de folhas e prolongamento da fase de respiração celular, como mostra a Figura 50.

Figura 50 – Perdas de MS por lixiviação, folhas e respiração causadas pela chuva


durante a secagem de Dactylis glomerata (capim-dos-pomares) e Cynodon dactylon
(grama-bermuda).

80

60
Perdas de MS, g kg–1

40

20

0
0 20 40 60 80
Quantidade de chuvas (mm)

Dactylis glomerata Cynodon dactylon

Fonte – Adaptado de Scarbrough et al., 2005 .

Evitar os danos causados pela chuva é o principal desafio na produção de feno,


porém, o adiamento do corte deve ser analisado com cautela devido às perdas no
valor nutritivo da planta, que se torna mais velha.
3) Perdas mecânicas: essas perdas ocorrem em cada operação, durante a
produção do feno. As perdas mecânicas ocorrem devido ao desprendimento
das folhas do caule e aumentam conforme o teor de MS, ou seja, quanto mais
seco o material, maiores as perdas. Em função disso, a fase de recolhimento
deve receber atenção na tentativa de minimizá-las.
As folhas da alfafa secam de 3 a 5 vezes mais rápido que o caule e, quando o
teor de umidade está abaixo de 30%, elas tendem a desprender-se facilmente
do caule. Isso é um grande problema, uma vez que 70% do teor de proteína,
90% do caroteno, 50% do peso da planta e 65% da energia digestível
estão nas folhas. As maiores perdas ocorrem durante o revolvimento e o
enleiramento na fase final de secagem. (KJELGAARD, 1979).
SENAR AR/PR 75

4) Perdas durante a estocagem: são resultado da atividade de microrganismos.


Durante a estocagem, pequenas quantidades de umidade já são suficientes
para permitir o desenvolvimento microbiano. O aumento da temperatura
durante o armazenamento do feno, proveniente do metabolismo de bactérias
e fungos, resulta em perdas quantitativas e qualitativas. A elevada temperatura
promove a formação de complexos entre proteínas e carboidratos, diminuindo
o aproveitamento desses nutrientes pelos animais. Além disso, o crescimento
de fungos apresenta sérios problemas para a saúde das pessoas que
manipulam esse material e para os animais que consomem a forragem.

A Tabela 13 apresenta com clareza os cuidados com as operações na fase


final de secagem do feno. O revolvimento deve ser realizado enquanto o material
apresentar 50% de umidade, sem que haja perdas significativas de forragem.

Tabela 13 – Perdas na produção de feno de alfafa durante as operações de secagem.

% de perdas de % de folhas
Operação
MS perdidas
Corte sem condicionamento 1 2
Corte
Corte com condicionamento (martelos) 4 5
Com 70% de umidade 2 2

Revolvimento Com 50% de umidade 3 5


Com 20% de umidade 12 21
Com 70% de umidade 1 2

Enleiramento Com 50% de umidade 3 5


Com 20% de umidade 11 21

Fonte – Adaptado de Kjelgaard, 1979.

2.4.1 Manejo pós-corte

O manuseio da planta após o corte tem o objetivo de virar a leira para acelerar
a perda de água e torná-la uniforme em toda massa. Por meio da sequência de
revolvimento, é possível expor ao vento e à radiação solar toda a superfície da
forragem cortada e assim diminuir o tempo de secagem.
A Figura 51 apresenta a taxa de perda de água no processo de secagem a
campo, compreendida por três fases.
76 SENAR AR/PR

Figura 51 – Fases de desidratação da planta no campo após o corte.

I. Estômatos II. Evaporação cuticular. III. Plasmólise e morte celular.


permanecem 1) Estrutura da folha e da planta. Menor influência do manejo,
abertos 2) Características da cutícula. maior das condições climáticas

Fase da desidratação
I II III

80 Taxa de desidratação
(> 1,0 de água/g MS/h)
Conteúdo de água (%)

75
*

66

50 Taxa de desidratação
(0,01 g de água/g MS/h)

20
10 20 30 40 50 10
Tempo
* Estômatos se fecham (1h)

Fonte – Adaptado de Jones; Harris, 1979.

2.4.2 Equipamentos e aplicação

Imediatamente após o corte, a leira precisa ser desmontada utilizando os ancinhos


espalhadores (Figura 52), a fim de favorecer a secagem homogênea da forragem.

Figura 52 – Ancinhos usados para espalhar a forragem após o corte.

Fonte – Zopollatto, 2020.


SENAR AR/PR 77

A desmontagem das leiras imediatamente após o corte é importante para reduzir


a compactação, aumentar a circulação do ar no material e favorecer a retirada de
umidade da planta. Forragens com crescimento vigoroso, bem como as segadeiras
normalmente utilizadas, apresentam a formação de leiras pesadas e compactas, o
que prejudica a perda de água na fase inicial de desidratação.
Ganhos importantes na perda de umidade são alcançados quando a frequência
do revolvimento é maior nas primeiras horas após o corte. O uso intenso dos ancinhos
na fase inicial da secagem pode reduzir o tempo de produção do feno em dois
dias, quando comparado com forragens menos revolvidas. (ROTZ; MUCK, 1994).
É importante ressaltar que o uso dos ancinhos é recomendado enquanto a forragem
apresenta 30 a 40% de umidade. Após esses valores, ocorre maior desprendimento
de folhas e, consequentemente, perdas no valor nutritivo.
Quando o material atingir 15% de umidade, ele pode ser recolhido para
armazenamento. Para facilitar o processo de coleta do feno é necessário formar as
leiras utilizando os ancinhos enleiradores (Figuras 53 e 54).

Figura 53 – Ancinhos enleiradores para preparar o material para ser recolhido


pela enfardadora.

Fonte – Zopollatto, 2020.

O teor ideal de umidade para recolhimento e enfardamento é entre 18 a 20%.


Nesse intervalo, é possível diminuir as perdas no campo provenientes das operações
e, ao mesmo tempo, permitir a estocagem segura, sem risco de deterioração.
78 SENAR AR/PR

A desidratação além desses valores aumenta as perdas de material no campo e não


apresenta benefícios durante o armazenamento.

Figura 54 – Vista frontal dos ancinhos formando as leiras para o recolhimento.

Fonte – Veltman34, 2020.

Com a formação da leira, o próximo passo é o recolhimento. A forma mais comum


de estocagem do feno é a formação de fardos, que podem ser retangulares (Figura
55A) ou cilíndricos (Figura 55B).

Figura 55 – a: Enfardadeira retangular; b: recolhimento e formação de fardos cilíndricos.

a b

Fonte – Zopollatto, 2020.

O teor de umidade seguro para evitar qualquer problema durante a estocagem é


abaixo de 20%. Materiais estocados sem proteção contra chuvas apresentam altas taxas
de perdas. A deterioração ocorre principalmente na superfície exposta e nas camadas
inferiores que estão em contato direto com o solo. Fardos de fenos estocados sem abrigo
apresentam mais de 17% de perdas, contra 6% em fardos sob proteção (Tabela 14).
SENAR AR/PR 79

Tabela 14 – Estimativas de perdas em fardos de fenos (festuca) estocados com e sem proteção.

Método de estocagem Estimativa de perdas (%)


Fardo sem cobertura e contato direto no chão de terra 28
Fardo sem cobertura e contato direto no chão de pedras 24
Fardo coberto com lona e contato com o chão 13
Protegido em galpão 5

Fonte – Adaptado de Collins et al., 1997.

A magnitude das perdas depende da intensidade de chuvas, do tempo de


exposição e da capacidade do fardo em repelir água. De maneira geral, pode-se
afirmar que as perdas são cinco vezes maiores em fardos armazenados no campo
em relação àqueles com abrigo. (COLINS et al., 1997).

2.4.3 Fatores que afetam as taxas de perda de água

Em situações hipotéticas, quanto menor o tempo de exposição da forragem no


campo, menores são os riscos de perdas e melhor a qualidade do feno, o que na
prática é muito difícil de acontecer. No entanto, conhecendo os fatores que afetam as
taxas de desidratação (Tabela 15) é possível definir estratégias para reduzir o tempo
de secagem.

Tabela 15 – Fatores que afetam as taxas de desidratação das plantas.

Classe Fatores que afetam

Temperatura
Fatores ambientais Umidade relativa do ar
Velocidade do vento
Umidade do solo
Radiação solar
Manejo
Hora do corte (melhor aproveitamento da radiação do sol)
Frequência de revolvimento
Evitar acúmulo de forragem
Maturidade (plantas no final do ciclo secam mais rápido, porém apresentam
menor valor nutritivo)
Características da
planta Dificuldade de perda de água nas etapas finais

Produtividade da área (maior produção menor taxa de desidratação)

Espécie da forragem (gramíneas secam mais rápido que leguminosas)

Fonte – Adaptado de Wilkinson; Wilkins, 1980.


80 SENAR AR/PR

A velocidade de desidratação aumenta quando é possível conciliar temperatura,


radiação solar e vento com umidade relativa do ar e do solo baixas. A luz do sol e a
temperatura são as principais variáveis que afetam a secagem. Em dias ensolarados,
com solo seco e temperatura do ar próxima de 26 °C, o ponto de feno é atingido com
12 horas de exposição. Na mesma condição, porém, sem a presença do sol, esse
tempo é estendido para 29 horas. Assumindo 8 horas de secagem, em dias nublados
o tempo para recolhimento da forragem seria de 3,5 dias, muito diferente de uma
condição com sol (1,5 dias).

2.5 ADITIVOS

No Brasil, a utilização de aditivos em feno é muito pequena e quase inexistente.


As estratégias para utilização de aditivos em fenos consistem em agentes que aceleram
a desidratação e inibidores de processos aeróbicos, que permitem a estocagem de
materiais com teor de umidade acima de 20%.
De maneira geral, o modo de ação dos aditivos se dá pelo rompimento da camada
de cera presente na superfície da planta, com consequente aceleração da perda de
água via cutícula, ou pela ação direta sobre microrganismos aeróbicos.

2.5.1 Ácidos orgânicos

O ácido propiônico é um inibidor da atividade aeróbica e permite a estocagem


segura de materiais com elevada umidade. Esse tipo de conservante age sobre a
atividade enzimática da planta e de microrganismos. O principal fator para ação efetiva
do ácido propiônico é o nível de adição, o que acaba elevando o custo de produção do
feno. Doses de nove litros por tonelada apresentam os melhores resultados sobre o
controle de fungos e aquecimento da massa (SMITH; BULA e WALGENBACH, 1986),
porém comprometem o custo de produção de feno. Além do elevado custo, outras
desvantagens dos ácidos orgânicos são o risco para as pessoas e a redução da vida
útil dos equipamentos da fazenda. (ROTZ, 1995). Os funcionários devem receber
orientação adequada, bem como o uso de equipamentos de segurança.

2.5.2 Amônia/Ureia

A utilização de amônia, a exemplo dos ácidos orgânicos, permite a estocagem do


material com maior conteúdo de umidade. A amônia previne o crescimento de fungos,
sendo que doses maiores de amônia (27 kg/ton) são necessárias para materiais com
alto teor de umidade (30%). (MAHANNA, 1993). Melhores resultados com amônia são
alcançados quando os fardos são cobertos com lona plástica, uma vez que a amônia
SENAR AR/PR 81

é volátil e se dissipa no ambiente. (WALGENBACH, 1986). A amônia usada para


preservação de materiais de baixa qualidade, como palhada de trigo, pode aumentar
a digestibilidade dessas forragens pela solubilização da hemicelulose. (DAVIS,
1983). No entanto, a utilização de amônia apresenta sérios riscos de intoxicação aos
manipuladores e aos animais e por isso seu uso requer máximo cuidado.
A ureia é um aditivo comum utilizado em dietas de ruminantes. Devido às
vantagens apresentadas sobre a utilização de amônia anidra, a ureia apresenta
viabilidade de uso. A ureia, em contato com a umidade, forma amônia e CO2. Este é
liberado para o ambiente, e a amônia fica retida na massa atuando como inibidor de
crescimento de fungos. A dose normalmente recomendada é de 2 a 4% da MS para
materiais recolhidos com 25 a 35% de umidade. No entanto, quando a ureia é utilizada
como aditivo para preservação em fenos, cuidados devem ser observados para que
não se exceda a quantidade máxima ingerida pelos animais. (MAHANNA, 1996).

2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Feno de alta qualidade requer bom manejo, desde a formação da área até o
fornecimento aos animais. O processo de produção de feno é complexo, pois cada
etapa demanda conhecimentos de diversas áreas.
A produção de feno pode ser usada em diversas escalas de produção, níveis
tecnológicos e diferentes sistemas. É importante salientar que, além das limitações
climáticas, outro desafio para a fenação é a maior dependência de mão de obra.
A máxima eficiência na conservação de forragem só é alcançada quando o
principal objetivo for buscar maior preservação de nutrientes das plantas.

ALERTA ECOLÓGICO

Não se recomenda o uso de glifosato nas plantas forrageiras como dessecante para
acelerar o processo de fenação, pois não há informações científicas sobre resíduos
metabólicos no animal e/ou no leite, bem como a gravidade do potencial cancerígeno
desses resíduos. É sabido que a utilização desse agrotóxico reduz o teor nutricional
da planta.
SENAR AR/PR 83

3 PRÉ-SECADO

3.1 CONCEITO

O uso de pré-secado é uma ótima alternativa para o sul do Brasil, visto o clima
típico de alta umidade relativa do ar e baixas temperaturas. Para sua confecção, a
forragem deve passar por um período de desidratação ou emurchecimento antes
de ser ensilada, visando a atingir o valor ideal de MS, que geralmente é baixo
em gramíneas.
No Brasil, a técnica de emurchecimento é muito utilizada em regiões de elevada
produção de leite, sendo considerada como um dos sistemas mais modernos de
produção de volumosos, devido ao menor risco de perdas em comparação com a
fenação. Atualmente, as regiões de Castro e Carambeí, no Paraná, são onde mais
se ensilam forragens submetidas à pré-secagem, utilizando azevém, triticale, aveia e
alfafa. (EVANGELISTA et al., 2004).
Alcançando o ponto para ensilagem, os demais procedimentos são semelhantes
aos descritos no tópico ”Silagem”. Porém, nesta seção serão dados detalhes adicionais,
especialmente em relação ao tipo de silo.

3.2 ESCOLHA DA FORRAGEIRA

As forrageiras mais utilizadas para esse tipo de conservação são as gramíneas


de clima temperado, sendo as principais: aveia, azevém e centeio. A produção
delas varia de 3 a 6 toneladas de MS/ha (valores obtidos na região sudeste do
estado do Paraná).
A aveia é originária da Ásia antiga e, inicialmente, era tida como planta daninha
nas culturas de cevada e trigo. Na Europa, tornou-se um importante alimento, devido
ao clima e às condições de terreno (argiloarenoso, com boa quantidade de matéria
orgânica e pH < 5,5) adequadas para seu desenvolvimento. (MONTEIRO; MORAES;
CORRÊA, 1996). Quando bem manejada, apresenta valores nutricionais bons, com
baixo teor de FDA (27 a 34% MS) e alto teor de PB (17 a 23% MS). Destacam-se a
aveia-preta (Avena strigosa Schreb) e a aveia-branca (Avena sativa L).
Outra forragem muito utilizada no Paraná, devido à adaptação ao clima, é o
azevém. Essa espécie é considerada rústica, de crescimento cespitoso, hibernal,
com folhas finas e tenras e de bom perfilhamento. Em relação à semeadura, deve
ocorrer nos meses de março a abril, com densidade entre 25 a 40 kg/ha. Quando bem
manejada, pode chegar a 6 t MS/ha/ano. (SIMIONATTO, 2013).
84 SENAR AR/PR

VOCÊ SABIA?

A palavra cespitoso é oriunda da morfologia botânica e significa multicaule. Divididas


entre cespitoso ereto e cespitoso decumbente, plantas com esse hábito podem emitir
caules aglomerados formando touceiras (cespitoso ereto) ou crescerem encostadas
ao solo (cespitoso decumbente).

Além da aveia e do azevém, o centeio também é amplamente difundido em


regiões de clima ameno, devido à sua adaptabilidade e ao meio de seleção, visto ser
oriundo do norte da Europa. O centeio foi introduzido no Brasil por imigrantes alemães
e poloneses no século XX. Destaca-se pelo rápido crescimento inicial, alta rusticidade,
grande capacidade em resistir às doenças e aos solos secos. Pode ser oferecido no
cocho e como silagem pré-secada. Para implantação, recomenda-se semeadura entre
50 a 60 kg/ha, e sua produção pode ultrapassar 5 t MS/ha/ano. (SIMIONATTO, 2013).
Quando se decide utilizar gramíneas de inverno para conservação, deve-se
saber que estas são inferiores energeticamente à silagem de milho. Entretanto, o
pré-secado deve ser estimulado pelas diversas melhorias que causa na utilização da
terra, produzindo volumosos de qualidade e reduzindo os riscos de falta de alimento
por intempéries climáticas. Por isso, para regiões de clima muito instável, é preferível
utilizar culturas de ciclo longo, visto serem menos prejudicadas por condições adversas,
justamente por necessitarem de maior período para desenvolvimento e, assim, terem
condições ao longo do tempo de se recuperarem e atingirem o potencial produtivo.
Na Figura 56, é exemplificada a magnitude do impacto de uma condição adversa em
culturas de ciclo curto (58% prejudicada) e de ciclo longo (41% prejudicada).

Figura 56 – Impacto do período de estiagem em plantas de ciclos de produção curto e longo.

200 200
Produção (kg/ha)

Produção (kg/ha)

100 100
Estiagem

Estiagem

0 0
Jan Jun Dez Jan Jun Dez
Tempo (meses) Tempo (meses)
Plantas de ciclo curto Plantas de ciclo longo

Fonte – Zopollatto, 2020.


SENAR AR/PR 85

3.3 PROCESSAMENTO E PONTO DE CORTE

O ponto de corte deve ser feito no período vegetativo da planta, pois nesse
momento a planta se encontra em equilíbrio entre alta concentração de proteína,
alta ingestão e digestibilidade. Para que o período de inverno não interfira, devido à
grande instabilidade climática, são necessárias precisão e rapidez durante o processo
de ensilagem.
O corte da planta deve ser feito entre 8 a 10 cm do solo para que não afete o
rebrote da cultura e quando esta atingir altura de 30 cm a 45 cm para azevém e aveia-
-preta, respectivamente, ou um pouco antes do cacho. (JASSEN; GIARDINI, 1995).
Quando o objetivo é a busca de alto valor nutritivo e alta ingestão de MS pelos
animais, evita-se o estágio muito avançado de desenvolvimento, pois ele diminui
a qualidade do volumoso devido à maior concentração de compostos estruturais,
como a lignina, uma fibra insolúvel responsável por dar sustentação e resistência
ao caule das plantas, mas que afeta negativamente a digestibilidade e a qualidade
do alimento. Além de altura de corte adequada, o tamanho de partícula é muito
importante para uma boa compactação do silo e a não entrada de ar. O teor de
MS ideal, no recolhimento, deve ser entre 45 a 60% e as proporções devem ser de
3 a 6 cm para se manter um bom valor estrutural da fibra. Quanto maior o teor de
MS, menor o tamanho de partícula da forragem a ser picada para que haja melhor
compactação. (PEREIRA; REIS, 2001).

3.4 FASES DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE GRAMÍNEAS


PRÉ-SECADAS

O processo de pré-secagem tem como finalidade restringir a extensão da


fermentação durante o processo de conservação de forragens por meio da ensilagem
e reduzir a incidência de fermentações secundárias indesejáveis. (PEREIRA; REIS,
2001). Deve-se realizar a desidratação da planta (remoção parcial de água) por meio
de seu emurchecimento ou da elevação da pressão osmótica, isto é, da movimentação/
/remoção de água do alimento para um meio de menor concentração.
Apesar de uma desidratação prévia, o metabolismo da planta continua e pode se
prolongar quando a forragem é densa, a umidade relativa é alta ou a circulação de ar
dentro da leira é pequena. (PEREIRA; REIS, 2001). Quando a planta atinge entre 45
e 60% de umidade, a forragem deve ser recolhida e ensilada.
As fases do processo de produção se estendem do corte até a ensilagem ou
enfardamento da planta utilizada.
86 SENAR AR/PR

3.4.1 Corte, revolvimento, enleiramento, recolhimento e ensilagem

Com o decorrer da maturidade da forrageira, seu valor nutritivo é reduzido,


principalmente porque com seu crescimento aumenta a produção de MS, ou seja,
aumentam os compostos estruturais como celulose, lignina e hemicelulose, e diminui
o conteúdo celular. (PEREIRA; REIS, 2001).
As plantas destinadas à produção de pré-secado precisam ser cortadas no ponto
de equilíbrio entre a produção de MS e a qualidade nutricional, e esse período é
chamado de estágio vegetativo (vide Figura 42 da seção Fenação).
Após o corte, de 15 a 20% de umidade são perdidos logo no início e a secagem
ocorre de forma mais intensa quando as plantas ainda estão vivas. Em seguida, a
planta tem seus estômatos fechados, diminuindo assim a perda de água (vide Figura
51 da seção Fenação).
O processo de pré-secagem pode ser acelerado utilizando segadoras, que
permitem uma secagem mais rápida e uniforme entre 4 a 6 horas. As intempéries
microclimáticas como alta umidade, baixa incidência de radiação, velocidade do vento
e baixas temperaturas podem influenciar de forma negativa o tempo de secagem.
Essa prática de emurchecer tem grande importância em regiões mais tecnificadas
do Brasil, como os Campos Gerais do Paraná, objetivando reduzir o teor de umidade
por desidratação parcial e, consequentemente, concentrar os carboidratos solúveis, o
que melhora o perfil fermentativo dessas silagens. (SILVA, 2016).
O revolvimento da forragem (Figura 57) é de suma importância para uniformizar
e agilizar a secagem da leira que ocorre da superfície externa à interna.

Figura 57 – Ancinho rotativo realizando o processo de revolvimento.

Fonte – John Deere, 2020.


SENAR AR/PR 87

O revolvimento, junto ao espalhamento da leira, expõe a superfície ainda úmida


ao ambiente e acelera a secagem. Após esta, o enleiramento é outra etapa muito
importante. O material é recolhido em leira, levando em consideração a uniformidade,
trabalhando-se assim com mais eficiência. O maquinário utilizado para recolher esse
material (recolhedora), além de ser utilizado para uma repicagem, facilita o manejo
nutricional em propriedades que usam dieta total.

ATENÇÃO

O revolvimento excessivo pode incorporar terra na forragem, contaminando o material


com bactérias e esporos indesejáveis.

3.4.2 Tipos de silo

O pré-secado permite diminuir o custo de produção devido à maior estabilidade


no clima de inverno. Assim, também é possível fazer melhor uso da terra, não deixando
o solo subutilizado. Para que o processo seja bem executado, o tipo de silo é muito
importante, sendo que os silos plastificados e os silos trincheira são os mais utilizados.
Os silos plastificados (envelopados) constituem fardos cilíndricos com uma
importante característica na hora da comercialização. Eles podem ser transportados
de um local para outro, completando assim um período de falta de alimentos de uma
cultura até o ingresso de outra. Além de fatores logísticos, esse modelo se tornou
uma opção de renda para o produtor rural, porém, em relação aos outros silos, há
acréscimo de 30% no custo de produção.
Cada fardo (bola de silagem envelopado – Figura 58) pesa em torno de 550 kg,
sendo plastificado ou envelopado com filme de polietileno que garante adequada
vedação. Esse processo é realizado por uma enfardadeira e uma plastificadora, e o
número de voltas irá depender do número do estrato e espessura do material plástico.

Figura 58 – Silos-fardo, plastificados ou bola.

Fonte – Wahl, 2020.


88 SENAR AR/PR

Alguns cuidados devem ser tomados no armazenamento de silos plásticos, como


com relação ao local, podendo ser a céu aberto, seco e alto; sem resíduos de matéria
orgânica e protegidos de roedores e/ou insetos.

3.4.3 Fechamento e vedação

No processo de ensilagem, a vedação e a retirada de ar da massa ensilada, por


meio de compactação intensa, são fundamentais para a rápida cessão da respiração
que, caso prolongada, aumenta a temperatura do material e leva à perda de energia
na forma de calor.
O uso de maquinários permite boa compactação e uniformidade das camadas,
além de melhor vedação. (Figura 59).

Figura 59 – Plastificadora para empacotamento


do fardo.

Fonte – Zopollatto, 2020.

Após o enfardamento, a plastificadora, por meio de uma mesa giratória, tensiona


e aplica de 6 a 8 camadas de filme plástico, com 50% de sobreposição entre duas
camadas sucessivas. (BERNARDES; WEINBERG, 2014). Em geral, o plástico tem 0,5 m
de largura, 25 micras de espessura e estira até 50% do seu comprimento original.
Caso se utilizem pesos sobre a lona (silo trincheira), o procedimento deve ser
feito de forma com que o ar seja eliminado totalmente pela frente do silo, evitando que
se formem bolsões.
SENAR AR/PR 89

Para que todo o processo não seja perdido, nos dois tipos de silo se deve
preservar o ambiente anaeróbio até a abertura.

3.5 ADITIVOS

Com base nos aditivos descritos anteriormente, alguns comentários serão feitos
a respeito da utilização destes na produção de pré-secado.
Os aditivos químicos não demonstram resultados relevantes, pois leveduras
e fungos parecem não ser problema em silagens de gramíneas pré-secadas
adequadamente confeccionadas. A aplicação de produtos químicos como carbonato
de potássio ou de sódio pode ser feita enquanto a forragem estiver no campo,
antes de ser ensilada. Esses produtos têm como finalidade reduzir a resistência
cuticular à perda de água, resultando em maior taxa de secagem. (MACDONALD;
CLARCK, 1987).
O uso de aditivos microbianos nessas silagens também não apresenta resultados
significativos, visto que as gramíneas têm baixa quantidade de carboidratos solúveis
e, por isso, pouco substrato para o crescimento bacteriano. Inoculantes à base de
bactérias e enzimas que degradam a parede celular das plantas podem aumentar a
disponibilidade de carboidratos solúveis e, consequentemente, a digestibilidade da
matéria orgânica da forragem. (HENDERSON, 1993).
Por fim, aditivos nutrientes e sequestrantes de umidade são bastante positivos
para silagens de capins com alta umidade, porém ainda assim é necessário que a
planta passe pelo período de desidratação. (SCHMIDT; SOUZA; BACH, 2014). O
emurchecimento tem se mostrado um dos métodos mais eficientes e economicamente
viáveis de se elevar o teor de MS. (VILELA, 1998).

3.6 MANEJO DO SILO PÓS-ABERTURA

O pré-secado deve ser manejado da mesma forma que a silagem de outros


materiais, atentando-se aos princípios de corte da silagem em paralelo e de retirada
da camada mínima diária.
Como o painel do silo-fardo é pequeno, comparado a outros tipos de silo, as
perdas por deterioração aeróbia também tendem a ser menores. Por isso, é prática
a retirada da silagem de forma manual, com pás ou garfos. Entretanto, esse manejo
pode dificultar a logística da propriedade, especialmente quando há grande número
de animais para serem alimentados.
Há várias dimensões de silos-fardo, por exemplo, 250, 500 e 750 kg. Uma
alternativa seria planejar para utilizar o tamanho que melhor atenda às necessidades
90 SENAR AR/PR

da propriedade; como cada silo representa uma unidade independente, é possível


fornecer aos animais a silagem de um silo-fardo por vez.
Outra opção é o uso de máquinas como cortador (Figura 60) e desensiladeira de
bolas (Figura 61), porém pouco usual.

Figura 60 – Cortador de bolas.

Fonte – Corbar, 2016.

Figura 61 – Desensiladeira de bolas.

Fonte – Zopollatto, 2020.


SENAR AR/PR 91

3.7 PONTOS CRÍTICOS DA PRODUÇÃO DE PRÉ-SECADO

3.7.1 Fatores ambientais

Variáveis climáticas como alta temperatura e radiação solar, baixa umidade


relativa do ar e, principalmente, ausência de chuva, ditarão o sucesso da produção de
pré-secado, da mesma forma que influenciam fortemente a produção de feno. Assim,
quanto mais rápido atingir o teor de MS ideal para enfardamento, próximo de 55%,
menos sujeita a forragem estará a perdas por lixiviação em caso de chuvas. Isso leva
a menores riscos de perdas de forragem conservada na forma de pré-secado em
relação ao feno. (PEREIRA; REIS, 2001).
De toda forma, antes de iniciar o corte da gramínea, recomenda-se que a previsão
climática seja consultada e que haja estabilidade de, no mínimo, três dias.

3.7.2 Fatores inerentes à planta

Enquanto alguns autores indicam o uso de dessecantes, outros sugerem


cuidados para a aplicação destes. A desidratação excessiva da gramínea pode resultar
em perdas no campo de aproximadamente 10%, além do surgimento de nutrientes
indigestíveis como o nitrogênio insolúvel em detergente ácido (Nida), devido ao
aquecimento do material no silo. (PITT; MUCK; LEIBENSPERGER, 1985).
Outro ponto de suma importância é o estágio vegetativo da planta no momento
do corte. Apesar de as plantas mais novas apresentarem maior conteúdo de umidade,
principalmente em função da maior proporção de folhas, estas perdem água
praticamente 15 vezes mais rápido que os colmos e, por isso, a desidratação delas
ocorre mais facilmente (Figura 62). Perfilhos vegetativos com 80% de folhas secam
em 1/3 do tempo requerido por aqueles que se encontram em estágio de emergência
das inflorescências e com 40% de folhas. (PEREIRA; REIS, 2001).
92 SENAR AR/PR

Figura 62 – Curva de desidratação da planta inteira (PI) e das frações colmo e folha
da grama-estrela durante secagem a campo.

90

80

70

60

50
MS (%)

40
PI
30

20 Colmo

10
Folha
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85
Horas após o corte

Fonte – Calixto Jr. et al., 2012.

Por outro lado, após a emergência das inflorescências a taxa de secagem é rápida,
visto o menor conteúdo de água das plantas e a exposição dos colmos. Forragens
com maior proporção de folhas resultam em leiras mais pesadas, apresentando maior
dificuldade para a circulação de ar e aumentando a resistência à perda de água.
(PEREIRA; REIS, 2001).
Deve-se buscar o ponto de equilíbrio entre qualidade nutricional da forragem,
teor de MS ideal para ensilagem e morfologia da planta, como relação folha-caule e,
associada a esses pontos, a estação climática mais propícia para o corte e desidratação
da planta.

3.7.3 Fatores inerentes ao processo

As perdas mecânicas durante o processo no campo constituem-se principalmente


pelo dilaceramento de folhas e colmos e, geralmente, estão atreladas a equipamentos
inadequados ou que necessitam de manutenção. Atenção especial deve ser dada
às leguminosas, pela maior susceptibilidade destas à perda de folhas que ocorre em
resposta à manipulação da forragem. (PEREIRA; REIS, 1999).
SENAR AR/PR 93

Existem carretas recolhedoras, dotadas ou não de picador e de custo relativamente


alto, que são recomendadas apenas para propriedades que fazem grandes quantidades
de silagem pré-secada ou para empresas que prestam serviços terceirizados. Também
há colhedoras de forragem (tipo Taarup – Figura 63) que recolhem diretamente a
forragem já pré-secada e enleirada ou no final do ciclo da cultura, quando as plantas
se encontram com teores mais elevados de MS. (PEREIRA; REIS, 2001).

Figura 63 – Colhedora de forragem.

Fonte – Towill, 2007.

Em ambas as situações ocorrem perdas, seja na quantidade, seja na qualidade


da forragem recolhida. Contudo, essas opções podem ser interessantes ao produtor
por reduzir o número de operações e até mesmo a locação de equipamentos e,
assim, potencialmente diminuir perdas devido à manipulação excessiva do material.
(PEREIRA; REIS, 2001).
Embora fatores climáticos, vegetativos e mecânicos possam gerar perdas no
processo de produção de pré-secado, quando se compara a produção de feno, a
silagem pré-secada permite redução do tempo de desidratação e, consequentemente,
da susceptibilidade aos fatores climáticos e dos riscos de perdas em campo.
(MONTEIRO, 1999).
A silagem de gramíneas pré-secadas é uma opção para regiões de clima
temperado a ameno por representar processo intermediário entre a silagem de
plantas como milho e sorgo, recomendadas para essa finalidade, e a produção de
94 SENAR AR/PR

feno, que necessita de uma estabilidade climática que nem sempre é possível de
ser obtida no sul do Brasil. Apesar de ser considerado excelente alimento para o
rebanho, o pré-secado pode ter alto custo de produção quando o pecuarista decide
adquirir todos os equipamentos necessários para sua confecção. Ainda assim, a
terceirização de maquinário pode contornar esse impasse e possibilitar o corte da
planta para conservação e armazenamento em seu melhor estágio, usufruindo de
pequenas janelas de estiagem.
SENAR AR/PR 95

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conservação de forragens, seja na forma de silagem, seja na forma de feno


ou pré-secado, não só garante alimento para os animais durante todo o ano, como é
indispensável em empresas rurais bem planejadas.
Na silagem, o teor de MS ideal, o tamanho de partícula e a boa compactação do
material são pontos que requerem atenção. Para o feno, a estabilidade climática ainda
é um entrave em algumas regiões do Paraná. Deve-se buscar a rápida desidratação
da planta para, dessa forma, reduzir os riscos de perdas devido aos fatores climáticos.
A produção de pré-secado constitui um processo intermediário entre fenação e
ensilagem, devendo o produtor observar os pontos críticos de ambos os processos,
a estabilidade climática para a desidratação da planta e, além dos pontos citados
anteriormente sobre o processo de ensilagem, manter o ambiente anaeróbio do
silo até o momento de abertura, fator essencial para a obtenção de um alimento de
qualidade nutricional e higiênica.
Todas as formas de conservação podem ser aplicadas de pequenas a grandes
propriedades. Para isso, é necessário planejar e atender às premissas de cada
processo.
96 SENAR AR/PR

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madeira. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/
PR, 2020.

SINCRONIA DESIGN. Figura 13 – Dimensões de um silo trincheira de seção


trapezoidal, em que A é a altura do silo, B é a base maior, b é a base menor e C é
o comprimento do silo. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba:
SENAR AR/PR, 2020.

SINCRONIA DESIGN. Figura 16 – Etapas da compactação em silo trincheira. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

SINCRONIA DESIGN. Figura 4 – Solos da Região Sul do Brasil. In: ZOPOLLATTO, M.


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SINCRONIA DESIGN. Figura 49 – Esquema demonstrando as perdas de nutrientes


da planta para o solo quando há incidência de chuva sobre o material do campo. In:
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ZOPOLLATTO, M. Figura 1 – Esquema do processo de fermentação dentro do silo. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.
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ZOPOLLATTO, M. Figura 11 – Fechamento de silo trincheira com madeira. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 12 – Enchimento de silo trincheira com finalização na


boca em ângulo de 45°. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba:
SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 15 – Compactação da massa a ser ensilada dentro do silo.


In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 17 – Abaulamento necessário em silo trincheira. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 18 – Abaulamento necessário em silo trincheira. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 19 – Abaulamento necessário em silo trincheira. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 21 – Lona dupla face em silo trincheira. In: ZOPOLLATTO,


M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 23 – Silagem com destaque para a presença de fungos


filamentosos. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR
AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 25 – Aplicação de cal virgem direto na colhedora. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 26 – Polpa cítrica peletizada (A) e casquinha de soja


(B) usados como sequestrantes de umidade em silagem. In: ZOPOLLATTO, M.
Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 27 – (A) Manejo inadequado de retirada, com degraus; (B)


retirada adequada, fatia uniforme. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens.
Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 30 – Presença de fungos em silagem de milho. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 31 – Silagem com a superfície totalmente deteriorada. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 32 – Silagem de milho (A) amarelada e silagem de gramínea


de clima temperado (B) levemente amarronzada. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação
de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 33 – Efluente (ou chorume) escorrendo de silagem de milho.


In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.
SENAR AR/PR 107

ZOPOLLATTO, M. Figura 36 – A alfafa (Medicago sativa) rebrota após o corte. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 43 – Segadeira de arrasto, com visão dos discos de corte.


In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 44 – Segadeira de linha de corte frontal e traseira, com


largura de trabalho de 9 metros. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens.
Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 52 – Ancinhos usados para espalhar a forragem após o


corte. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR,
2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 53 – Ancinhos enleiradores para preparar o material para


ser recolhido pela enfardadora. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens.
Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 55 – A: Enfardadeira retangular; B: recolhimento e formação


de fardos cilíndricos. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba:
SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 56 – Impacto do período de estiagem em plantas de ciclos de


produção curto e longo. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba:
SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 59 – Plastificadora para empacotamento do fardo. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 6 – Linha de leite: referência prática para ponto de corte. In:
ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 61 – Desensiladeira de bolas. In: ZOPOLLATTO, M.


Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 7 – Graus de amadurecimento do grão de milho. In:


ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Figura 9 – Tamanho de partícula. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação


de forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Quadro 1 – Plantas utilizadas para produção de silagem e suas


principais características e limitações. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de
forragens. Curitiba: SENAR AR/PR, 2020.

ZOPOLLATTO, M. Quadro 2 – Principais diferenças entre silo tipo superfície e


trincheira. In: ZOPOLLATTO, M. Conservação de forragens. Curitiba: SENAR AR/
PR, 2020.
108 SENAR AR/PR

ZOPOLLATTO, M.; SARTURI, J. O. Optimization of the animal production system


based on the selection of corn cultivars for silage. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM
ON FORAGE QUALITY AND CONSERVATION, 1., 2009, São Pedro. Proceedings…
Piracicaba: FEALQ, 2009.
SENAR AR/PR 109

ANEXO 1 – D ETERMINAÇÃO DA MATÉRIA SECA EM FORNO DE


MICRO-ONDAS DOMÉSTICO

(BACH; SCHMIDT, 2014)


Como fazer no campo?
Colha algumas plantas da lavoura, que sejam representativas da área, e triture-as
na ensiladeira. A forragem picada deve ser revolvida e homogeneizada. Colete cerca
de 300 gramas do material para determinar a matéria seca.
Usando o forno micro-ondas:
1) pese o recipiente (prato) que será usado para secar a forragem, anote o
peso ou tare (zere) a balança;

2) pese 100 gramas da forragem picada;

3) coloque o prato no micro-ondas e coloque um copo com dois dedos de água


no fundo do aparelho. A água evita que a amostra queime;

4) programe o aparelho para três minutos em potência máxima;


110 SENAR AR/PR

5) após os três minutos, retire o prato e revolva a amostra com cuidado, evitando
derrubar qualquer partícula fora do prato. Isso é importante para uniformizar
a secagem. Garanta que não haja perda de material;

6) pese o prato e coloque-o no micro-ondas por mais dois minutos;

7) retire o prato, revolva a amostra novamente e a pese;

8) coloque novamente o prato no micro-ondas por um minuto. Repita esse


passo mais uma vez (dois ciclos de um minuto cada);
SENAR AR/PR 111

9) após dois ciclos de um minuto, repita ciclos de 30 segundos de três a quatro


vezes, pesando o prato entre os ciclos;

10) quando o peso entre duas pesagens subsequentes for bem próximo, o
processo estará concluído;

O último valor (peso constante) se refere ao teor de MS da amostra. No caso


do exemplo anterior, aproximadamente 32,1% de MS. Ou seja, a forragem original
(100 gramas de planta de milho picada) perdeu 67,9 g de água (umidade) durante a
secagem, restando 32,1 g de matéria seca.
112 SENAR AR/PR

Recapitulando: teor de MS da planta de milho.

Pesagens Tempo no micro-ondas Peso (gramas)

Pesagem inicial 100,00

Pesagem 2 3 minutos 68,67

Pesagem 3 2 minutos 53,79

Pesagem 4 1 minuto 45,47

Pesagem 5 1 minuto 34,27

Pesagem 6 30 segundos 33,09

Pesagem 7 30 segundos 32,11

Pesagem 8 30 segundos 32,08

Assim, determinando-se os valores de MS por secagem no forno micro-ondas,


pode-se estabelecer o momento ótimo para realizar o processo de ensilagem. Como
recomendação geral, as plantas devem ser ensiladas com teor de MS entre 28 e 35%.
Para estimar se a colheita da planta de milho para ensilagem está próxima, pode-
se considerar que, em média, o teor de MS avança 0,5 pontos percentuais por dia.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
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