Capitalismo 3
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Capitalismo 3
CAPITALISTA E SERVIÇO
SOCIAL
AULA 3
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vitalidades de força de trabalho e os índices de produtividades, que promovem
a reprodução ampliada do capital.” (Souza; Meirelles; Lima, 2016, p. 54).
No contexto da intervenção do Estado, o projeto intervencionista de
Keynes ganha visibilidade. Esse projeto propôs o direcionamento dos
investimentos públicos para movimentar a economia. Os estudos de Souza,
Meirelles e Lima (2016, p. 30) apontam que as formas de intervenção do Estado
serviam para que se “estimulasse a produção e a demanda efetiva (gasto público
para aumentar o consumo)”. Ou seja, investir recursos estatais no mercado, em
salários e empregos, em obras de infraestrutura e em políticas sociais como
forma de movimentar a economia.
Outro fator, não menos importante do que os já tratados aqui, diz respeito
às inovações tecnológicas, as quais “revolucionaram todo o processo de
produção e organização do trabalho, assim como as necessidades de consumo,
as quais imprimem velocidade ao processo de reprodução do capital. Tudo isso
exige maior participação do Estado no âmbito do planejamento econômico,
político e social [...].” (Souza; Meirelles; Lima, 2016, p. 54).
Nesse sentido, um dos papéis assumidos pelo Estado na era dos
monopólios é o de administrar crises econômicas produzidas pelo próprio
sistema capitalista, o qual é regulamentado pelo Estado. Assume ainda funções
políticas, sociais e econômicas que anteriormente não faziam parte de suas
intervenções (países europeus), funções estas que têm como premissa algumas
conquistas da classe trabalhadora.
O sufrágio universal despertou para a necessidade de reconhecimento de
direitos sociais, políticos e trabalhistas. O reconhecimento de direitos para a
classe trabalhadora exigiu a ampliação das funções do Estado, que passa a
mediar a “ordem social” (luta de classes) por meio de suas funções políticas e
econômicas.
Isso significa que conquista de direitos não deve ser entendida como
concessões gratuitas por parte da burguesia. Podemos sustentar que,
por um lado, foram direitos conquistados pela crescente luta da classe
trabalhadora, e, por outro lado, ao mesmo tempo foram concessões
feitas pela burguesia, que na correlação de forças garantia a
salvaguarda do capital diante do crescimento da organização dos
trabalhadores, o qual intimidava os capitalistas. (Souza; Meirelles;
Lima, 2016, p. 54)
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impostas por esse sistema, as negociações sempre tentam apaziguar as
expressões da luta de classes.
Saiba mais
No vídeo indicado a seguir, o professor José Paulo Netto faz uma
importantíssima discussão sobre as marcas que crises capitalistas deixam na
sociedade.
NETTO, J. P. Crise do capital e suas consequências societárias. Cortez Editora,
11 jun. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9ZRlfA5QyIk>.
Acesso em: 29 nov. 2018.
1 Para se aprofundar mais no assunto, você pode pesquisar sobre as Capitanias Hereditárias,
acordo que, em meados de 1530, dividiu o território brasileiro em grandes porções de terra para
destiná-las a algumas famílias portuguesas instaladas no Brasil.
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famílias portuguesas instaladas no Brasil, e um exemplo disso são as Capitanias
Hereditárias de 1534.
Esse processo se caracteriza pelo monopólio da terra. Mesmo com a
extinção das Capitanias, a cultura do monopólio de terras passa a ser marcada
pelo que chamamos de coronelismo. “Este processo de concentração e
centralização caracteriza o monopólio da terra por parte de um único proprietário,
diferentemente de qualquer outro sistema que permita a ocupação e a produção
de vários pequenos proprietários.” (Souza; Meirelles; Lima, 2016, p. 54).
Assim, podemos afirmar que a questão fundiária, que existe desde o
Período Colonial, determinou a divisão social de classes na formação sócio-
histórica brasileira, pois não conseguimos superar a cultura dos monopólios. Em
vista desse fato, o processo de modernização vai ocorrer de forma conservadora,
ou seja, com vistas a atender aos interesses da classe dominante, o país vai se
desenvolver economicamente, mas não socialmente.
A terceira característica está relacionada ao regime de escravidão: a
produção de bens/mercadorias no Brasil por muito tempo ocorreu por meio da
exploração do trabalho escravo (até o final do regime imperial). A origem da força
de trabalho na colonização brasileira ocorreu com base na transferência da
população africana, que era tratada como parte dos meios de produção nas
grandes fazendas.
Dessa forma, a análise das autoras aponta que a população negra era
mera força de trabalho nas grandes plantações, e que, com a abolição da
escravatura da forma como foi realizada, sem nenhuma garantia de
sobrevivência à população negra, a divisão social de classes e a desigualdade
social só se acentuaram.
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foram determinantes para a nossa formação sócio-histórica. Segundo Souza,
Meirelles e Lima (2016), a revolução democrático-burguesa no Brasil representa
uma mudança estrutural nas relações sociais e de produção.
No entanto, os marcos históricos da construção da sociedade brasileira
resultam de ações de “cima para baixo”, ou seja, sem a participação popular.
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Após a Primeira Guerra Mundial, o Brasil apresenta crescimento
econômico, principalmente em função da exportação de armas para os países
envolvidos na guerra. Nesse período, ampliam-se também as técnicas utilizadas
na agropecuária, o que possibilitou ao Brasil atender aos países em guerra com
seus produtos.
O período pós-Primeira Guerra Mundial se caracterizou pela crise
econômica mundial (Crise de 1929), e o Brasil, assim como os outros países,
também sofreu as consequências. É nesse cenário que se instalam as primeiras
multinacionais no país, “com objetivo de acumulação capitalista, utilizando força
de trabalho mais barata, fugindo das tarifas alfandegárias e eliminando os custos
com transporte.” (Souza; Meirelles; Lima, 2016, p. 79).
Em termos de industrialização retardatária, Souza, Meirelles e Lima
pontuam que, até a década de 1950, a economia brasileira se baseava na
exportação de produtos primários, ao passo que outros países já estavam com
suas indústrias a “todo vapor”.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
NETTO, J. P.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. São Paulo:
Cortez, 2016.