5ano CCSA HIST Est Web
5ano CCSA HIST Est Web
5ano CCSA HIST Est Web
Saberes e Aprendizagens
HISTÓRIA
5º
ANO
L
EN
SI
TA
NO EN
FUNDAM
SECRETARIA MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO
Prefeitura da Cidade de São Paulo
Ricardo Nunes
Prefeito
Sueli Mondini
Chefe da Assessoria de Articulação
das Diretorias Regionais de Educação – DREs
Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
Caderno da Cidade
Saberes e Aprendizagens
HISTÓRIA
5 o
ANO
ENSINO FUNDAMENTAL
Ao receber os Cadernos da Cidade: Saberes e Aprendizagens, saiba que estamos junto com
você, dando continuidade a um processo que se iniciou no ano de 2017, com a publicação do Cur-
rículo da Cidade. Como você, provavelmente, já deve saber, trata-se de um trabalho colaborativo
que, ao longo desse tempo, contou com a participação de professores da Rede Municipal de Ensino
de São Paulo e de especialistas de cada uma das áreas que compõe esta coleção: Ciências Naturais,
Geografia, História, Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Matemática.
O Ensino Fundamental, etapa da Educação Básica da qual você faz parte, é um período
de intensas aprendizagens. Em virtude disso, a proposta dos Cadernos da Cidade é ser mais um
instrumento à disposição de seus/suas professores(as) e tem por objetivo potencializar conhe-
cimentos importantes para sua vida em sociedade.
Assim como nos anos anteriores, este é um material consumível, ou seja, você poderá
utilizá-lo para escrever, grifar, sublinhar, responder, anotar e destacar informações importantes
durante as aulas em que os Cadernos da Cidade forem utilizados. Com isso, consideramos im-
portante lembrar sobre a necessidade de conservação e de utilização consciente deste material,
que pode servir como mais uma ponte entre os conhecimentos e saberes da sua escola, da sua
cidade, do seu estado, do seu país e do mundo.
Os Cadernos da Cidade sempre farão mais sentido sob a orientação do(a) professor(a).
Portanto, é importante que você, na condição de estudante, seja também um corresponsável
pelas suas aprendizagens. Escola é lugar de aprender. Aproveite tudo o que esse ambiente pode
lhe oferecer ao longo deste ano!
Por fim, desejamos que as sequências de atividades dos Cadernos da Cidade permitam que
você aprenda, discuta, reflita, troque ideias, leia, resolva problemas, investigue, analise e, a partir
de todas essas ações, produza outros conhecimentos indispensáveis à nossa vida em sociedade.
Bons estudos!
Fernando Padula
Secretário Municipal de Educação
SUMÁRIO
UNIDADE 1
A Cidade de São Paulo e os modos de vida:
passado e presente........................................................................ 6
ATIVIDADE 1 – A Cidade de São Paulo no século XXI.............................................................8
ATIVIDADE 2 – Modos de vida na Cidade de São Paulo colonial..........................................13
ATIVIDADE 3 – Modos de vida na São Paulo do século XIX..................................................19
UNIDADE 2
A Cidade de São Paulo e outras cidades brasileiras
e do mundo................................................................................. 34
ATIVIDADE 1 – A capital federal do Brasil............................................................................36
ATIVIDADE 2 – A primeira capital do Brasil.........................................................................43
ATIVIDADE 3 – A segunda capital do Brasil.........................................................................50
ATIVIDADE 4 – A cidade do México.....................................................................................60
ATIVIDADE 5 – A cidade de Luanda.....................................................................................66
UNIDADE 3
Modos de vida indígena e quilombola............................................ 74
ATIVIDADE 1 – História dos povos indígenas no Território Indígena do Xingu.......................76
ATIVIDADE 2 – O modo de vida dos povos indígenas no Território Indígena do Xingu..........84
UNIDADE 4
Culturas, grupos e modo de viver ................................................. 94
ATIVIDADE 1 – Modos de vida: diferentes povos e culturas..................................................96
ATIVIDADE 2 – A Cidade de São Paulo e a circulação de seus habitantes............................101
ATIVIDADE 3 – Diferentes grupos e culturas na cidade.......................................................106
ATIVIDADE 4 – O cotidiano na cidade e as mudanças históricas........................................112
LÍNGUA PORTUGUESA
HISTÓRIA
UNIDADE 1
A Cidade de
São Paulo e os
modos de vida:
passado
e presente
PRIMEIRAS PALAVRAS
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Parque_Ibirapue-
ra_(vista_a%C3%A9rea).jpg
Foto aérea da Cidade de São Paulo em torno do Parque do Ibirapuera.
Avistar a Cidade de São Paulo do alto é bem impressionante, não é? Essa foto aérea mos-
tra um enorme conglomerado de edifícios, casas e construções, cortados por ruas e avenidas
que se estendem por uma área total de 1.522 km2. Vivem nesse espaço, mais de 12 milhões
de pessoas. Muitas delas nasceram e aqui vivem, outras vieram de diversas partes do Brasil,
enquanto outras são provenientes de diferentes lugares do mundo.
A região que chamamos de Grande São Paulo é o quarto maior conglomerado urbano
do mundo, sendo superada apenas por Tóquio, no Japão, Delhi, na Índia e Shangai, na Chi-
na. Viver na Cidade de São Paulo significa dividir o espaço com milhões de pessoas que se
deslocam de um lado para outro da cidade e para os municípios vizinhos, diariamente, para
trabalhar, estudar e ter acesso a serviços, como hospitais e atendimento médico, escolas e
universidades etc.
5º ANO
9
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metr%C3%B4_de_S%C3%A3o_Paulo#/media/Ficheiro:S%-
C3%A3o_Paulo_metro,_Palmeiras_Barrafunda_station.jpg
Estimativas apontam que circulam nos trens do metrô da Cidade de São Paulo mais
de cinco milhões de pessoas por dia. Foto tirada na estação Palmeiras-Barra Funda do metrô.
Muitas atividades econômicas são realizadas na cidade, que concentra uma grande quan-
tidade de empresas do setor industrial, da construção civil, setor responsável pela edificação
de prédios, casas, grandes obras públicas e privadas e do setor terciário, que se ocupa de
atividades associadas ao comércio e à prestação de serviços, como segurança, limpeza, admi-
nistração, educação, finanças, turismo, lazer, diversão, entretenimento e outros. Justamente
por concentrar atividades de várias áreas, a cidade atrai pessoas que aqui podem estudar e
encontrar trabalho em diferentes campos.
a) A região da Grande São Paulo ocupa que lugar entre as maiores cidades do mundo?
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ab/Congestionamento_no_Vale_do_Anhagaba%
da cidade, a maioria das
pessoas que vivem em São
Paulo precisam fazer longos
trajetos para se deslocar,
usando diferentes meios de
transporte, como o metrô,
trens, ônibus, automóveis,
bicicletas e a pé. O trânsito
de automóveis e os enormes
congestionamentos nas ruas
e avenidas se tornaram uma
espécie de marca do modo
C3%BA.JPG
de vida das pessoas, que
precisam sair de casa, por Foto noturna de trânsito intenso no vale do Anhangabaú, região central da cidade.
vezes, muitas horas antes,
para poder chegar em seus compromissos a tempo. Outra marca no modo de vida na cidade
refere-se à agitação constante nos locais mais movimentados dos bairros e da zona central, em
que pessoas, apressadas e atarefadas, vão de um lugar para outro.
No modo de viver dos habitantes da cidade, o deslocamento urbano e as horas perdidas
no trânsito são alguns dos grandes problemas que a maioria dos moradores enfrentam. O
transporte público de massa, como o metrô, os trens e os ônibus, é insuficiente para servir ao
número de pessoas e, sobretudo, nas zonas periféricas, áreas mais longes do centro, as pesso-
as precisam se aglomerar e despender muitas horas apenas para chegar ao trabalho.
O modo de vida das pessoas também é impactado pela poluição do ar, especialmente,
nas épocas do ano em que chove pouco e os poluentes se concentram no ar. Este problema
afeta, sobretudo, os moradores das zonas periféricas, que contam com um menor número de
áreas arborizadas na cidade. A falta de áreas verdes agrava os problemas da poluição do ar e
sonora e contribui para que o bem-estar físico e mental de todos seja prejudicado.
5º ANO
11
Bairro da Mooca e
os bairros vizinhos,
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/FABRICAS.jpg
na Zona Leste da
cidade, contam
com baixos índices
de áreas verdes,
o que impacta
a saúde física
e mental dos
moradores
dessas regiões.
No primeiro plano da fotografia, temos casas simples em área pobre, em Paraisópolis, região que sofre com a falta
de opção de lazer, falta de saneamento básico, dentre outros problemas. Ao fundo, prédios de luxo, moradias de
pessoas de alto poder aquisitivo, no bairro do Morumbi, na Cidade de São Paulo.
HISTÓRIA
12
RODA DE CONVERSA
São Paulo é uma cidade de grandes contrastes. Se, por um lado, existem bairros arborizados,
com presença de espaços de lazer, acesso a bons serviços e riqueza, por outro lado, milhões de
pessoas vivem em áreas precárias com baixos salários, sem saneamento básico, sem serviços
públicos de saúde de qualidade, sem acesso à educação e ao lazer.
y Converse com seus colegas sobre as contradições existentes na Cidade de São Paulo. Como
é o local em que você vive? Que características você nota em seu bairro de moradia? Há
falta de lugares de lazer? Ou falta de bibliotecas ou escolas? Há ruas esburacadas? Ou você
considera que seu bairro está bem cuidado, oferecendo boas oportunidades de moradia,
acesso a transportes e ao lazer? Depois, produza um texto tratando dos eventuais proble-
mas e qualidades do local em que vive.
Outro importante traço do modo de viver da cidade está ligado à grande diversidade
cultural existente entre seus moradores. Pessoas vindas de todas as partes do Brasil vivem em
São Paulo, trazendo seus costumes, suas festas e hábitos alimentares para a cidade. Restau-
rantes paraenses, baianos, capixabas, mineiros se encontram nos vários bairros da cidade
hoje em dia, assim como lojas de alimentos que vendem produtos típicos dessas culinárias e
regiões. Hábitos alimentares de outros países se difundiram na cidade e foram incorporados
pelos moradores de São Paulo, como os pratos da culinária italiana, japonesa, árabe ou co-
reana. Pizza, esfiha, sushi e outros tantos pratos estrangeiros se encontram aos milhares em
vários restaurantes existentes, nos diversos bairros, a ponto de transformar São Paulo em um
destino gastronômico para os visitantes e seus moradores.
Link: https://drive.google.com/drive/
folders/10eBLL0Mp6A6sJbuKaOBtwoVxximiPbjw?usp=drive_link
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https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Vaz#/media/
culturais, restaurantes, bares, áreas verdes e parques,
embora muitas dessas atividades não sejam acessíveis
para os que possuem baixa renda e moram nas zonas
mais distantes do centro. Feiras de povos latino-ame-
Ficheiro:SergioVaz.jpg
ricanos, de povos do leste europeu, festas como a do
Bumba meu Boi e a do Samba da Vela fazem parte do
calendário cultural da cidade, juntamente com tantas
outras manifestações culturais que integram o modo O idealizador da Cooperifa, o poeta Sérgio
de viver e o cotidiano da Cidade de São Paulo. Vaz, criou em 2001 a entidade, que já fez
mais de 800 encontros. Neles, escritores,
poetas e artistas declamam textos que são
y Você acha que o modo de viver dos habitan- acompanhados por um grande número de
tes da Cidade de São Paulo se relaciona ape- pessoas. Eventos como esse compõem a
riqueza cultural da Cidade de São Paulo.
nas com o trabalho?
ATIVIDADE 2 – M
Modos
odos de vida na
Cidade de São Paulo colonial
http://mttvirtual.org/files/uploads/ckfinder/images/M01/
estabelecida à beira-mar. Ao contrá-
rio, foi criada serra acima, no planal-
to, numa área plana após o término
da Serra do Mar. Na região onde o
m01-Aldeia-de-Tibiri-1532.jpg
Pátio do Colégio foi construído, vi-
viam os tupiniquins que coexistiam
e que, muitas vezes, guerreavam com
os guaianases e outros grupos indíge- Desenho de como teria sido a Aldeia de Tibiriçá no planalto de
nas. O líder dos tupiniquins na região Piratininga, feito por Vallandro Keating, no século XX, com base
era o guerreiro Tibiriçá, que chefiava em documentos históricos. [Vallandro Keating in Caminhos da
conquista - a formação do espaço brasileiro, Terceiro Nome,
a aldeia de Inhapuambuçu. Além des- 2008 e presente também no livro 450 São Paulo: metrópole em
sa existiam outras aldeias, como a de trânsito, publicação em parceria com Prefeitura.]
1 Que diferença São Paulo apresentou em relação às outras cidades que foram fundadas no
período colonial?
5 O que você observa no desenho feito por Vallandro Keating sobre a aldeia de Tibiriçá?
5º ANO
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7 Que atividades econômicas eram desempenhadas pelos habitantes da Cidade de São Paulo?
HISTÓRIA
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A vida na Cidade de São Paulo era simples e o núcleo permaneceu pequeno até a metade
do século XIX. As casas eram construídas de taipa, processo de construção que usava barro
e madeiras e eram cobertas de palha. Os móveis eram feitos de materiais como barro e ma-
deira e alguns poucos objetos eram de estanho. Os mais ricos tinham um ou outro objeto de
prata e aqueles utensílios vindos da Europa eram passados de geração em geração, já que
eram raros, difíceis de serem obtidos e caros. Diferentemente do que acontece atualmente, os
objetos do dia a dia podiam valer mais do que terras e casas.
Bem menos importante do que outras cidades coloniais como Salvador, Recife e Olin-
da, que viviam da riqueza da produção de açúcar, São Paulo voltou-se para o comércio in-
terno, isto é, para a produção de alimentos e não se dedicou ao cultivo da cana-de-açúcar
e produção de açúcar, artigo de maior valor, em razão do clima desfavorável e da maior
distância de Portugal.
5º ANO
17
9 Hoje em dia, a Cidade de São Paulo movimenta muita riqueza e há muitas atividades eco-
nômicas sendo desenvolvidas. E, no período colonial, a cidade também era rica e dinâmica?
11 Por que São Paulo não se dedicou a plantar cana-de-açúcar e a produzir açúcar?
12 Observe a aquarela de Thomas Ender e descreva o que você nota acerca da representação
da Cidade de São Paulo.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thomas_Ender_-_Pal%-
C3%A1cio_do_Governo_em_S%C3%A3o_Paulo,_1817.jpg
Outra característica do modo de vida da Cidade de São Paulo no período colonial é que
ela estava mais isolada do que outras cidades litorâneas, pois a barreira da Serra do Mar
dificultava os contatos com outros lugares. A população da cidade foi sendo composta de
indígenas, de portugueses e dos filhos e filhas de portugueses com as indígenas, chamados
à época de mamelucos ou caboclos. Justamente porque os contatos externos eram mais ra-
ros, o modo de viver em São Paulo foi, até o final do século XVIII, profundamente marcado
pelos hábitos, objetos de uso diário e pelos conhecimentos indígenas sobre as plantas, os
animais, os recursos da terra, a geografia, os alimentos. Até a língua que se falava na cidade
era uma mistura de tupi-guarani com português. Muitos habitantes da cidade, inclusive, não
sabiam falar português. Documentos históricos revelam que, muitas vezes, havia necessidade
de intérpretes para que as pessoas pudessem ser compreendidas por aqueles que vinham de
outros lugares. Em comparação com outras cidades do período colonial, São Paulo foi uma
das cidades mais influenciadas pela cultura indígena.
a) ( ) A Cidade de São Paulo se manteve mais isolada no período colonial do que outras
graças à sua localização no litoral.
d) ( ) Na Cidade de São Paulo, até meados do séculos XVIII, falava-se uma mistura de tupi
com português.
5º ANO
19
VAMOS PESQUISAR!
A toponímia é um campo de saber que estuda a formação dos nomes próprios de lugares. Na
Cidade de São Paulo, muitos nomes têm origem indígena, o que comprova a presença e sua
importância para a história da cidade.
Vamos pesquisar o nome de lugares como os rios e lugares de São Paulo. Busque o significado
desses nomes em mapas da cidade. Selecione, no mínimo, cinco nomes e seus respectivos signi-
ficados. Depois, produza um cartaz virtual com seus colegas de turma para mostrar a influência
indígena nas denominações dos nomes próprios que batizaram lugares da cidade.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/Planta_da_Ci-
dade_de_S._Paulo_%281810%29.jpg
a) ( ) Os primeiros cinquenta anos do século XIX na Cidade de São Paulo transformaram
por completo a antiga cidade colonial.
c) ( ) Em São Paulo, por volta de 1810, já existiam muitos bairros porque a população havia
crescido.
d) ( ) Os indígenas que viviam na Cidade de São Paulo foram agrupados em aldeamentos.
6 Os migrantes que vieram para São Paulo tinham clareza do que encontrariam por aqui?
7 Que ofícios uma parte dos migrantes realizava em sua terra natal?
8 O que eles fizeram quando não se adaptaram às condições de vida nas fazendas de café?
Os novos moradores forneceram a força de trabalho de que a cidade precisava. Suas ex-
periências profissionais anteriores melhoraram a qualidade dos serviços. Além disso, eles for-
maram um mercado consumidor para as indústrias criadas. O primeiro Censo, realizado em
1872, mostrou um crescimento populacional com os números atingindo 31.375 habitantes.
Apesar do processo de industrialização não ter se iniciado em São Paulo, foi aqui que as
indústrias encontraram as condições ideais para prosperar. A primeira indústria da cidade foi
uma fábrica de tecidos, fundada em 1872, pelo major Diogo Antônio de Barros. Alguns anos
depois, em 1895, um levantamento registrava a existência de 52 fábricas, sendo a maioria têx-
teis, serrarias e fundições, fábricas de cerveja, de chapéus e de fósforos. A maior parte dessas
empresas, inclusive a fábrica do major Diogo, estava localizada no bairro do Brás, próximo à
estrada de ferro Santos-Jundiaí.
Em 1872, a Companhia Viação Paulista instalou na cidade os primeiros bondes. Estes
eram veículos leves, puxados por burros, com capacidade máxima de 15 passageiros. Eram
HISTÓRIA
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https://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9trico#/media/Ficheiro:Esta%C3%A7%C3%A3o_Paulista.jpg
ro”. Era o início de uma série
de transformações no modo
de viver das pessoas na Cidade
de São Paulo, ligados às mu-
danças arquitetônicas, como
a inauguração do Viaduto do
Chá em 1892, o que permitiu a
travessia do Vale do Anhanga-
baú. A avenida Paulista tam-
bém foi inaugurada nessa épo-
ca, em 1891, em um momento
de expansão da cidade, para
além da região central no en-
torno da Praça da República,
Vista da Estação Ferroviária de São Carlos e do bonde em 1918.
dos Campos Elísios e do cen-
tro histórico.
A cidade conheceu outras melhorias, como o abastecimento de água encanada, a ins-
talação da iluminação pública nas zonas mais centrais e nos novos bairros que surgiam
em torno ao centro. Todas essas transformações modificaram a forma de viver das pesso-
as. Em 1900, a eletri-
cidade, que havia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Viaduto_do_Ch%C3%A1#/media/Ficheiro:Palacetes_Prates_e_Vale_do_Anhanga-
bolo de modernida-
de e progresso.
Palacetes Prates e Vale do Anhangabaú, década de 1920.
5º ANO
25
9 O escritor Oswald de Andrade assistiu à chegada dos bondes elétricos na Cidade de São
Paulo em 1900. Vejamos o que ele contou sobre esse acontecimento. O texto a seguir traz
trechos de suas lembranças daquele tempo. Leia o texto com atenção, consulte no glossá-
rio as palavras desconhecidas e depois responda às questões:
“Anunciou-se que São Paulo ia ter bondes elétricos. Os tímidos veículos puxados a burros,
que cortavam a morna cidade provinciana, iam desaparecer para sempre. Não mais veríamos, na
descida da ladeira de Santo Antônio, frente à nossa casa o bonde descer sozinho equilibrado pelo
breque do condutor. E o par de burros seguindo depois.
Uma febre de curiosidade tomou as famílias, as casas, os grupos. Como seriam os novos bon-
des que andavam magicamente, sem impulso exterior? Eu tinha notícia [...], filho da cozinheira
de minha tia, vinda do Rio, que era muito perigoso esse negócio de eletricidade. Quem pusesse os
pés nos trilhos ficava ali grudado e seria esmagado facilmente pelo bonde. Precisava pular. (...)
O projeto aprovado, começaram logo os trabalhos da execução. E anunciaram que numa ma-
nhã apareceria o primeiro bonde elétrico. Indicaram-me a atual Avenida de São João como o local
por onde transitaria o veículo espantoso.
Um mistério esse negócio de eletricidade. Ninguém sabia como era. Caso é que funcionava.
Para isso, as ruas da pequena São Paulo de 1900 enchiam-se de fios e de postes. (...)
Um amigo de casa informava: - o bonde pode andar até a velocidade de nove pontos. Mas,
aí é uma disparada dos diabos. Ninguém aguenta. É capaz de saltar dos trilhos. E matar todo o
mundo...
A cidade tomou um aspecto de revolução. Todos se locomoviam, procuravam ver. E os mais
afoitos queriam ir até a temeridade de entrar no bonde, andar de bonde elétrico!
Naquele dia de estreia ninguém pagava passagem, era de graça. A afluência tornou-se, portan-
to, enorme (...)
Um murmúrio tomou conta dos ajuntamentos. Lá vinha o bicho! O veículo amarelo e grande
ocupou os trilhos do centro da via pública. Um homem de farda azul e boné o conduzia, tendo ao
lado um fiscal. Uma alavanca de ferro prendia-o ao fio esticado, no alto. Uma campainha forte
tilintava abrindo as alas convergentes do povo. Desceu devagar. (...)
E ficou pelo ar, ante o povo boquiaberto que rumava para as casas, a atmosfera dos grandes
acontecimentos.
O Bonde e a Cidade, In: Um Homem sem Profissão (Sob as Ordens de Mamãe). 3. ed. Rio de Janeiro: Edito-
ra Civilização Brasileira, 1976, pp. 34-37.
• Glossário
Cidade provinciana – atrasada; superada; antiga.
Disparada – corrida em alta velocidade
Afoito – apressado; valente
Temeridade – ousadia excessiva; imprudência
Afluência – grande quantidade de pessoas
Murmúrio - barulho; ruído constante
Tilintar – som produzido campainha ou objetos de metal
Boquiaberto – com a boca aberta; espantado
HISTÓRIA
26
https://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9trico#/media/Ficheiro:Es-
Vista da Estação Ferroviária
de São Carlos e do bonde,
em 1918.
ta%C3%A7%C3%A3o_Paulista.jpg
a) Que tipo de bonde, o movido a eletricidade iria substituir?
c) O que aconteceu com as ruas da Cidade de São Paulo, com a implantação da infraestrutu-
ra necessária para o bonde funcionar?
ATIVIDADE 4 – M
Modos
odos de vida na cidade
de São Paulo no século XX
O século XX trouxe muitas novidades para a Cidade de São Paulo, que viu o ritmo do
crescimento da população e da cidade aumentar de forma impressionante. Logo nos primeiros
anos, a iluminação elétrica chegou em 1905, as primeiras lâmpadas elétricas foram instaladas
na rua Barão de Itapetininga. Dois anos depois, as ruas do triângulo formado pelas Ruas Direi-
ta, 15 de Novembro e São Bento foram iluminadas com 50 lâmpadas de arco fechado.
Nesse início de século, o impulso industrial na cidade se acelerou, principalmente no
setor das fábricas têxteis, que produziam os tecidos que a população mais pobre, os traba-
lhadores urbanos e migrantes, consumiam. Alguns migrantes, aproveitando a experiência
anterior de trabalho, montaram pequenas fábricas, que foram crescendo com o tempo. Em
1933, 45% das fábricas paulistas pertenciam a migrantes internacionais e uma parte dessas
fábricas se instalou na Cidade de São Paulo e nos municípios vizinhos.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5e/
Matarazzo_Building.jpg
Edifício que foi a sede das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo até 1972, que chegou a ser o
maior complexo industrial da América Latina. Hoje em dia, o edifício, localizado no Viaduto do Chá,
é a sede da Prefeitura da Cidade de São Paulo.
No início dos anos 1930, uma severa crise internacional provocou a queda brusca dos
preços do café, o que levou os barões do café a investir a riqueza que haviam construído
nas fazendas, na nascente atividade industrial e na construção civil. Nas décadas seguintes,
a produção industrial se diversificou com indústrias do setor têxtil, vestuário, calçados,
HISTÓRIA
28
produtos alimentares, bebidas, fumo e mobiliário. A partir dos anos 1940, a cidade passou
a contar com indústrias do setor da metalurgia, mecânica, material elétrico, material de
transporte e química.
1 Coloque Falso (F) ou Verdadeiro (V) nas afirmações abaixo, corrigindo as frases incorretas:
( ) No início do século XX, na Cidade de São Paulo, a população cresceu muito e mais
lampiões à gás precisaram ser instalados na cidade.
( ) Quando a eletricidade chegou às ruas de São Paulo, os bairros pobres foram os pri-
meiros a receber os postes de luz.
( ) Foi no setor industrial têxtil que a Cidade de São Paulo, no início do século XX, con-
tou com maior número de fábricas.
( ) A crise econômica ocorrida fora do Brasil levou fazendeiros de café a investir seus
recursos, em indústrias na Cidade de São Paulo.
Gráfico mostra o crescimento da Cidade de São Paulo a partir de 1920 até o ano de 2021, década após década. Gráfico
elaborado com base nos dados da Fundação SEADE - https://informa.seade.gov.br/crescimento-populacao-ultimos-100-anos/
c) Em 2021, o número saltou para quantos? Por qual motivo você acha que esse número
aumentou?
HISTÓRIA
30
4 Na década de 1960, além de um centro comercial e industrial, a Cidade de São Paulo tor-
nou-se economicamente importante em que setor?
5 Na primeira metade do século, em que outro campo a Cidade de São Paulo se destacou?
6 O que o censo dos anos 1960 demonstrou em relação à Cidade de São Paulo?
Na década de 1960, os bondes elétricos que haviam sido sinônimo de progresso passa-
ram a ser vistos pelas autoridades, como o prefeito Prestes Maia, o prefeito Faria Lima e pela
elite da época, como ultrapassados, lentos e ineficientes e, em março de 1968, os bondes dei-
xaram de circular na capital. A locomoção dos moradores da cidade ficou a cargo de carros
particulares, andar a pé e utilizar os ônibus. O metrô só entrou em funcionamento na capital
em 1974. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f4/Bonde_da_linha_
do_Largo_de_S%C3%A3o_Francisco_%28001AM012002%29.jpg
VAMOS PESQUISAR!
Com seu(sua) colega, faça uma pesquisa sobre a história dos meios de transporte
na Cidade de São Paulo, a partir dos anos 1960. Será preciso pesquisar na internet os
seguintes pontos:
a) o que aconteceu com os bondes que existiam na cidade a partir de 1960;
b) qual foi a última linha de bondes desativada;
c) que meios de transporte se tornaram mais comuns a partir daí;
d) quando o metrô foi criado e em que lugar do mundo;
e) quando o metrô foi inaugurado na Cidade de São Paulo;
f) caso encontre pessoas de seu convívio, que tenham vivenciado essa mudança, coloque
o depoimento delas em sua pesquisa.
Depois de finalizada a pesquisa, use o tablet para elaborar slides a fim de contar para
seus colegas sobre as transformações que o transporte público passou na cidade na-
quele período.
HISTÓRIA
32
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Centro_Cultural_S%C3%A3o_Paulo_-_panoramio.jpg
desses locais, porém, não
está distribuído por toda a
cidade, enquanto os bairros
mais bem localizados, da eli-
te, têm grandes ofertas de
lazer e de espaços culturais;
o mesmo não acontece nas
áreas periféricas.
Além disso, a cidade
conta também com grande
oferta de bares e restaurantes
e se tornou uma referência no
cenário cultural e gastronô- Pesquisa realizada em 2019 afirma que mais de 2,7 milhões de pessoas
mico do país, devido à forte nunca foram a um centro de cultura. Foto do Centro Cultural São Paulo.
Autoria de Alexandre Possi. 2009.
presença de povos de várias
partes do mundo e do Brasil
que aqui se encontraram e revelam aspectos de sua cultura. A grande desigualdade social,
contudo, impede que todos os moradores da cidade tenham acesso à vida cultural disponível.
ATIVIDADE PRÁTICA
Converse com seus colegas sobre a questão da moradia e das características da Cidade de São
Paulo no século XX. Depois, produza um texto e trate dos seguintes pontos:
y termine seu texto com o que você concluiu sobre o que estudou.
LÍNGUA PORTUGUESA
HISTÓRIA
UNIDADE 2
Fotografia de Paul R. Burley.
Fachada, Igreja da Ordem
Terceira de São Francisco,
Salvador, Bahia. 2021.
A Cidade de
São Paulo e
outras cidades
brasileiras
e do mundo
PRIMEIRAS PALAVRAS
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fc/Zona_Central_de_Bras%C3%ADlia_-_Eixo_Monumental.jpg
Vista aérea da zona central de Brasília, atual capital do Brasil. O conjunto arquitetônico da
cidade foi incluído como Patrimônio Mundial, em 1987, pela Unesco.
A foto acima mostra uma vista da capital federal do Brasil, a cidade de Brasília. Atual-
mente, estimativas populacionais apontam que mais de três milhões de pessoas moram na
cidade e mais de quatro milhões vivem na região metropolitana, que integra também os mu-
nicípios vizinhos na região central do Brasil.
Brasília é capital federal do Brasil, isto é, ela é a sede dos três poderes da República, o
poder executivo exercido pelo presidente, assessorado pelos Ministros de Estado; o poder
legislativo exercido pelo Congresso Nacional - composto pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal Legislativo e o poder judiciário, exercido pelos juízes existentes em todo o
território nacional. Além disso, na capital federal estão presentes as embaixadas, isto é, as
representações oficiais de governos estrangeiros dentro do território de outra nação.
Brasília foi construída e planejada para ser a capital federal do Brasil. Sua construção
se deu entre os anos de 1957 a 1960, durante o governo do então presidente da república,
Juscelino Kubitschek. A construção da nova capital se tornou um grande símbolo de moder-
nidade, de desenvolvimento do Brasil e integrou o Plano de Metas, idealizado para promover
o crescimento econômico e o desenvolvimento do país.
A execução da construção teve, porém, um custo extremamente elevado do ponto de vista
financeiro e humano, uma vez que os trabalhadores operários executaram o trabalho de cons-
5º ANO
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trução em condições muito difíceis, em ritmo frenético, e muitos deles, inclusive, morreram
nesse processo em acidentes de trabalho. As más condições de alojamento, de alimentação e
a falta de segurança dos operários que executavam tarefas perigosas na construção de prédios
e avenidas marcou a construção da capital federal. Esses trabalhadores vinham de diferentes
lugares do país, especialmente do Nordeste, atraídos pela ampla oferta de trabalho no grande
canteiro de obras, que construiu Brasília. Eles ficaram conhecidos como candangos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Bras%C3%ADlia#/media/Ficheiro:Vistas_de_Bras%-
C3%ADlia_-_Candangos_(4).jpg
4 Em que sentido podemos afirmar que os custos da construção de Brasília foram muito altos?
A construção de uma nova capital para o país, mais ao centro do território, era uma
ideia que havia surgido no início do século XIX. Depois que o Brasil se tornou uma repúbli-
ca, em 1889, a ideia voltou a ser proposta. A Constituição de 1891, a primeira do período
republicano, determinava que um território no planalto central seria usado para a cons-
trução de uma nova capital para o Brasil. Nos anos seguintes, mais estudos foram feitos
para concretizar essa construção, entretanto somente depois de mais de cinquenta anos o
projeto seria realizado.
Em 1956, o projeto de construção de Brasília e da transferência da capital foi submetido
ao Congresso Nacional e aprovado. Criou-se a Companhia Urbanizadora Nova Capital, a No-
vacap, para a execução do projeto. Nomes importantes da engenharia e da arquitetura no Brasil
participaram do projeto, como Oscar Niemeyer, diretor do Departamento de Arquitetura e o
mais importante arquiteto da história do Brasil. Um concurso foi realizado para determinar como
seria o desenho urbano de Brasí-
lia e o vencedor foi Lúcio Costa,
o urbanista, ou seja, profissional
que organiza e projeta o viver em
cidades, que propôs um projeto
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Congresso_Nacional_Brasil.jpg
moderno e arrojado para a nova
capital.
Em 1987, a Unesco reco-
nheceu o conjunto urbanístico-
-arquitetônico de Brasília, cons-
truído a partir do Plano Piloto
de Lúcio Costa, como Patrimô-
nio Mundial, o que significa di-
zer que esse conjunto foi consi-
derado de valor excepcional do
ponto de vista da história e das Prédio do Congresso Nacional, projetado por Oscar Niemayer.
Brasília deve conservar o traçado do Projeto Piloto e as
criações humanas. Em 1990, o edificações, como a do prédio do Congresso Nacional,
conjunto da arquitetura e do para preservar o conjunto urbanístico e arquitetônico tombado.
5º ANO
39
urbanismo de Brasília foi inscrito no Livro de Tombo Histórico pelo Iphan, Instituto do Pa-
trimônio Histórico e Artístico Nacional, como patrimônio histórico brasileiro. Nesse sentido,
Brasília e seu conjunto urbanístico e arquitetônico devem ser conservados, porque são impor-
tantes para a história, memória e identidade do povo brasileiro.
Durante a execução da construção, o governo do presidente Juscelino Kubitschek foi
muito criticado, especialmente pelos enormes gastos que estiveram envolvidos na obra. Em
21 de abril de 1960, Brasília foi oficialmente inaugurada. A capital federal deixava de ser o Rio
de Janeiro e passava agora para o centro do território nacional.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Bras%C3%ADlia#/media/Ficheiro:0741_
NOV_B_05_Esplanada_dos_Ministerios_Brasilia_DF_03_09_1959.jpg
A construção de Brasília. Na imagem os prédios dos ministérios, 1959. Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal.
9 Por que o conjunto urbanístico e arquitetônico de Brasília foi inscrito no Livro de Tombo
histórico?
10 Leia o texto abaixo, que trata do cotidiano dos trabalhadores na construção de Brasília e,
depois, observe a fotografia que trata do cotidiano dos candangos.
5º ANO
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“O cotidiano dos trabalhadores de Brasília era duro. Os operários trabalhavam das 6 horas
da manhã até o meio-dia, faziam um intervalo de uma hora e depois encaravam novo turno até
às 18 horas. Em alguns casos, trabalhavam 14, 15, 16 horas por dia. O salário era pago por ho-
ras trabalhadas, e, para aumentar seus rendimentos, muitos faziam serão. Como testemunhou
um candango:
‘Eu pegava empreitada de 200 horas e com dois dias eu dava ela pronta, dois dias e duas noi-
tes. Trabalhava dois dias e duas noites direto assim. Parava, só parava pra almoçar, e à meia- noite
tomar o café, o lanche. Aí baixava eu, minha pá e minha picareta e não queria saber’.
Disponível em: http://memorialdademocracia.com.br/card/construcao-de-brasilia/5
• Glossário
Serão – trabalho noturno
Empreitada – tarefa; trabalho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Bras%C3%ADlia#/media/Fichei-
ro:Pal%C3%A1cio_da_Alvorada_durante_constru%C3%A7%C3%A3o.jpg
f) Agora observe a foto anterior que mostra o trabalho na cúpula da Câmara dos Deputados.
Como você acredita que eram as condições de trabalho dos operários?
5º ANO
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Antes da construção de Brasília, o Brasil teve outras duas capitais. A primeira delas foi a
cidade de Salvador, na Bahia, na região Nordeste, e depois a segunda capital foi a cidade do
Rio de Janeiro, na região Sudeste.
Salvador foi nomeada capital da colônia portuguesa na América em 1549, quando os
portugueses resolveram governar diretamente as terras americanas, criando o governo-geral,
não deixando mais a administração na mão de pessoas que haviam recebido terras do rei
de Portugal para desenvolver economicamente e administrar os novos domínios. A escolha
de Salvador se deu em razão de sua localização geográfica e da baía natural que facilitava o
trânsito de embarcações.
O primeiro governador-geral nomeado pelo rei foi Tomé de Souza. Ele chegou à Bahia
em março de 1549, incumbido de construir o centro político-administrativo da colônia. Uma
das primeiras medidas tomadas, juntamente com os jesuítas encarregados de converter os
indígenas à religião católica, foi a construção das capelas de Nossa Senhora da Conceição da
Praia e Nossa Senhora da Ajuda. A cidade foi construída na parte alta do terreno e o porto
na parte baixa. Como a Coroa portuguesa, isto é, o governo português, concedeu terras aos
portugueses que desejassem viver na cidade, a povoação cresceu em pouco tempo. Quatro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Salvador#/media/Ficheiro:Salvador-1551.jpg
Mapa esquemático de como seria a Cidade do Salvador, cerca de dois anos após sua
fundação. Era uma cidadela, cidade fortificada, construída de forma planejada por
Tomé de Sousa, seguindo o projeto do arquiteto Luis Dias que integrava a comitiva
do primeiro governador-geral.
HISTÓRIA
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meses depois de sua fundação, a cidade já tinha uma centena de casas em que seus morado-
res criavam gado e plantavam cana-de-açúcar visando produzir açúcar e aguardente.
A instalação do novo centro tinha como objetivo organizar melhor o território colonial,
incentivando a migração, com certas facilidades de pessoas da ilha dos Açores, no oceano
Atlântico, para Salvador. Salvador tornou-se, no século XVI, uma cidade bem fortificada, reple-
ta de igrejas e muitos navios em seu litoral. No final do século XVI, começaram as tentativas de
invasão de Salvador por outros europeus como os franceses e holandeses.
d) ( ) O governo português incentivou a migração das Ilhas dos Açores para Salvador.
2 Ao observar o mapa, disposto na página ao lado, podemos dizer que Salvador contava
com água?
O Forte São Marcelo, também conhecido como Forte do Mar, foi finalizado em 1623
e visava defender a cidade de ataques de outros reinos europeus.
No apogeu da cidade, entre o século XVII e XVIII, Salvador tornou-se o centro de uma
rede em que pessoas, produtos e ideias circulavam de forma bastante dinâmica. Muitos artis-
tas se instalaram na cidade e ajudaram a decorar as igrejas, conventos e capelas, bem como
produzir obras de arte de devoção religiosa. Salvador se tornou uma das cidades mais belas
e mais bem fortificadas do mundo, pontilhada de torres de igrejas. É a segunda maior cidade
do império português, atrás apenas de Lisboa.
HISTÓRIA
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7 Vamos ler um trecho escrito pelo historiador Francisco Iglésias, em que ele explica os mo-
tivos que teriam levado Portugal a escolher Salvador como sede da capital da colônia por-
tuguesa na América.
“A Bahia é, pois, a primeira capitania real, como Salvador é a primeira cidade brasileira e a
primeira capital da Colônia. O ponto é bem escolhido, não só pela excelência do lugar como por
ser o centro geométrico do longo litoral, do Maranhão a Santa Catarina. Salvador foi constru-
ída na parte alta, para evitar os ataques de corsários ou indígenas. Construiu-se um colégio de
jesuítas, construíram- se várias igrejas, no início da demarcação da fisionomia da cidade – umas
das mais fascinantes, senão a mais, do Brasil português. Ela cresceu rapidamente, pelos morros e
pelas praias. Tomé de Sousa chega no fim de março de 1549 e logo recebe o auxílio dos colonos
aí residentes, entre os quais Diogo Álvares Corrêa, o famoso Caramuru, estabelecido há muitos
anos, vindo em alguma das expedições.”
Iglésias, Francisco. Trajetória política do Brasil: 1500-1964.
São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 27. (Adaptado).
• Glossário
Capitania Real – era aquela governada diretamente por um governador nomeado pela Coroa.
Excelência – qualidade superior
Corsários – piratas
Fisionomia da cidade – forma e aparência da cidade
Colono – indivíduo que morava na colônia
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b) Que razões teriam levado à escolha de Salvador para ser a capital da colônia?
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/38/Rio_de_Janeiro_Helicoptero_49_Feb_2006_zoom.jpg
Vista do alto da cidade do Rio de Janeiro, a mais conhecida cidade brasileira no exterior,
com a estátua do Cristo Redentor e o morro do Pão de Açúcar ao fundo.
Na região onde hoje localiza-se a cidade do Rio de Janeiro, viviam os tupinambás, distri-
buídos em diferentes aldeias. Os portugueses chegaram à região em 1º de janeiro de 1502, em
uma expedição comandada por Gaspar de Lemos. A princípio, eles acharam ter chegado na
desembocadura de um grande rio, que batizaram de Rio de Janeiro. Mais tarde, descobriu-se
que, na verdade, tratava-se de uma baía, denominada Baía da Guanabara.
Apesar de os portugueses terem chegado primeiro à região, os franceses se estabeleceram
antes na área e passaram a competir com os primeiros pela exploração do pau-brasil, existente
no litoral. Navios franceses e portugueses navegavam a costa para retirar árvores, que levavam
para a Europa para fazer móveis, usar na construção de casas e outros fins. Os franceses se alia-
ram a grupos indígenas e percorriam o litoral em busca de riquezas. Por problemas religiosos
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existentes na França, naquele momento, um pequeno grupo de pessoas foi enviado, em 1555,
para o Rio de Janeiro, a fim de estabelecer moradia permanente, explorar as riquezas e fazer
frente à presença portuguesa no local. O chefe da expedição era Villegaignon, que comandou
a fundação do povoado no litoral do Rio de Janeiro, denominado de França Antártica, porque
eles acreditavam não estar distantes do polo antártico. Conflitos internos entre os franceses, di-
ficuldades do cotidiano e os ataques portugueses fizeram com que os franceses fossem expulsos
em definitivo em 1567.
Para garantir a posse da terra para Portugal, no dia 1º de março de 1565, Estácio de Sá,
português que veio ao Brasil na comitiva do terceiro governador-geral do Brasil, fundou a ci-
dade de São Sebastião do Rio de Janeiro. A cidade possuía ruas irregulares e seguia o estilo de
construção das cidades portuguesas. O rio Carioca fornecia água para a população. Nas mar-
gens da Baía de Guanabara, a cidade se desenvolveu, naturalmente, como uma zona de porto e
como área comercial, que comercializava madeira, pescados e cana-de-açúcar.
b) ( ) A cidade recebeu o nome de Rio de Janeiro porque os europeus não sabiam que se
tratava de uma baía e não de um rio.
c) ( ) A costa do Brasil, com sua vegetação nativa, não possuía produtos que interessassem
ao comércio europeu.
d) ( ) A árvore do pau-brasil era disputada pelos europeus para a construção de móveis e de casas.
e) ( ) A França Antártica foi uma colônia fundada pelos franceses na região do litoral do
Rio de Janeiro.
HISTÓRIA
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https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/A_Most_Accu-
rate_Picture_of_Brazil_WDL1110.jpg
Hendrik Hondius. "A Mais Precisa Imagem do Brasil". Publicado na década de
1630. Coleção Biblioteca Nacional do Brasil. Imagem referenciada a partir da
Biblioteca do Congresso dos EUA ( Washington, EUA).
No fim do século XVII e início do século XVIII, ocorreu a descoberta do ouro na atual re-
gião de Minas Gerais. Essa descoberta transformou a vida da cidade, que se tornou um ponto
de ligação entre as minas de ouro e Portugal. O comércio cresceu e a importância estratégica
do Rio de Janeiro também. No final do século XVIII, a desaceleração da produção aurífera e
o aumento da competição de outras áreas da América, em relação ao açúcar produzido no
Brasil, fizeram-se sentir no Rio de Janeiro. Entretanto, em 1763, o marquês de Pombal, pri-
meiro-ministro de Dom José I, ordenou que a capital da colônia fosse transferida de Salvador
para o Rio de Janeiro.
O governo português pretendia, dessa forma, situar a capital mais próxima das áreas
dinâmicas da colônia. Essa mudança de status se refletiu no crescimento da importância da
cidade, em virtude, também, de suas importantíssimas ligações comerciais com Luanda, ca-
pital de Angola, de onde provinha um número expressivo de escravizados para o Brasil.
O início do século XIX trouxe grandes mudanças para o Rio de Janeiro. A vinda da família
real portuguesa para o Brasil em 1808 transformou a cidade em capital do império portu-
guês. Muitas obras foram realizadas para receber os nobres portugueses. Chafarizes públicos,
bicas e tanques foram construídos para o abastecimento de água, pontes e calçadas foram
incorporadas ao traçado das ruas. Estradas mais largas foram abertas e a iluminação pública
instalada. Os mercados e matadouros passaram a ser fiscalizados no que se refere às condi-
ções de higiene e sanitárias e festas públicas foram organizadas para celebrar a presença da
família real, alterando o ritmo de vida da cidade.
HISTÓRIA
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https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fachada_da_Biblioteca_Nacional,_Rio_de_Janeiro,_1951.jpg
com 800.000 habitantes e
os problemas sociais tor-
naram-se cada vez mais
evidentes. A abolição da es-
cravidão lançou às ruas os
antigos escravizados, que
não contaram com nenhum
amparo do governo. Pesso-
as se viram da noite para o
dia sem ter para onde ir e
sem profissão. Além disso,
os problemas sanitários, a
falta de moradias adequa-
das e as constantes epide-
Fachada da Biblioteca Nacional, centro do Rio de Janeiro, em novembro de 1951.
mias de varíola, tuberculose A Biblioteca é uma das dez maiores do mundo e a maior da América Latina.
e febre amarela tornaram-
-se comuns.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ad/Panorama_do_Rio_de_Janeiro%-
2C_a_partir_do_Morro_da_Concei%C3%A7%C3%A3o_%28001GU001016%29.jpg
3 O que a descoberta do ouro nas Minas Gerais provocou na cidade do Rio de Janeiro?
4 Quando se decidiu mudar a capital da colônia para o Rio de Janeiro, quando isso ocorreu
e por quê?
5 Que problemas sociais foram vivenciados no final do século XVIII na cidade do Rio de Janeiro?
HISTÓRIA
56
6 Escreva um texto, destacando as mudanças que ocorreram na cidade do Rio de Janeiro com
a vinda da corte portuguesa para o Brasil.
5º ANO
57
7 Você acredita que havia muita diferença entre a forma de viver dos escravizados na cidade do
Rio de Janeiro e da elite da cidade? Justifique sua resposta.
Em 1903, Francisco Pereira Passos tornou-se prefeito da cidade e fez grandes mudanças
urbanísticas na cidade para torná-la mais parecida com cidades europeias, com presença de
largas avenidas, monumentos e parques públicos. Um novo porto foi construído e as casas
em que a população de baixa renda vivia foram demolidas, para dar lugar a essas novas obras
e a modernização. Os mais pobres foram obrigados a se mudar para as áreas das encostas
dos morros, o que deu origem a muitas favelas, locais sem estrutura urbana e desprovidos dos
serviços públicos de saúde, educação e saneamento básico.
Durante os anos de 1920 e 1950, a capital federal conheceu seu maior esplendor quan-
do pessoas do mundo inteiro vinham
atraídas pela sua imagem romântica,
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/61/Constru%C3%A7%C3%A3o_da_
seus cassinos e suas belezas naturais.
Avenida_Central_-_edif%C3%ADcios_em_obra%2C_pistas_pavimentadas_e_rec%-
A cidade deixou de ser capital fede-
ral, quando da criação de Brasília em C3%A9m-abertas_ao_p%C3%BAblico_%28002008OBAC035%29.jpg
estrangeiros e a ter no turismo uma parte importante de sua economia. Atualmente, a cidade
conta com quase 7 milhões de habitantes, sendo a segunda capital mais populosa do Brasil,
atrás apenas de São Paulo.
8 Leia o texto a seguir, que trata das mudanças que as reformas de Pereira Passos provo-
caram na cidade do Rio de Janeiro, capital do Brasil no início do século XX, e depois,
responda às questões:
esgoto e de abastecimento de água foram construídas, assim como novas linhas de bonde, agora
eletrificadas; a iluminação pública, antes fornecida pelos lampiões a gás, começou a ser subs-
tituída por postes de eletricidade. Com a remodelação do traçado urbano do centro, o tráfego
desafogou; a cidade se expandia em todas as direções.
Mas, apesar de todas essas melhorias, a reforma teve também o seu lado sombrio e excludente.
Centenas de casebres e cortiços foram demolidas, por motivos de higiene ou para dar passagem
às novas artérias que surgiam em ritmo vertiginoso. Com as demolições, a população que tinha
alguma fonte de renda deslocou-se do centro para o subúrbio, enquanto que os mais pobres
foram habitar as encostas dos morros, engrossando o contingente populacional das favelas que
começavam a surgir. O “furor das picaretas regeneradoras” – para usar a expressão de Olavo Bilac
– recebeu da população o apelido de “Bota-Abaixo”.”
Reforma Pereira Passos Disponível em: http://oswaldocruz.fiocruz.br/index.php/biografia/trajetoria-cientifica/
na-diretoria-geral-de-saude-publica/reforma-pereira-passos
• Glossário
Remodelação - refazer algo com modificações expressivas
Escombros – destroços
Suntuoso – grande luxo
Ornamentar – enfeitar Preceitos - normas; regras
Excludente – que exclui
Vertiginoso – que ocorre com muita pressa
Regenerador – que dá nova vida
https://content.wdl.org/503/thumbnail/1430159215/616x510.jpg
cidade, a de Tenochtitlán, funda-
da em 1325, pelos astecas, povo
que vivia na América antes da
invasão espanhola. Tenochtitlán
era o centro do importante im-
pério asteca que dominou popu-
lações vizinhas e que tinha cerca
de 200 mil habitantes à época da
chegada do navegador espanhol
Hernan Cortez em 1519, o que a Mapa feito em 1550 da cidade do México construída sob os escombros
de Tenochtitlán, capital do Império asteca. Observe no mapa, as
tornava uma das maiores cidades canoas navegando em torno da ilha. FASH, Barbara W. DAVIS-
de sua época. SALAZAR, Karla. Ideología y Poder en el Arte del Manejo Antiguo
del Agua. Ciências Espaciales, Universidad Nacional Autónoma de
Honduras, Tegucigalpa, v. 9, n. 2, p. 146-159, outono, 2016.
rias_de_la_Triple_Alia nza_%28s._XVI%29.svg/778px- Provincias_tributarias_de_
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e6/Provincias_tributa-
la_Triple_Alianza_%28s._XVI%29.svg.png
a) ( ) A cidade do México foi construída em cima de uma elevação de onde era possível avis-
tar os invasores.
c) ( ) A cidade do México foi erigida em cima de uma outra cidade construída pelos astecas.
e) ( ) Estima-se que havia mais ou menos 200 mil habitantes em Tenochtitlán no momento
da invasão espanhola.
Tenochtitlán era uma cidade muito bem estruturada e muito mais avançada do que as
cidades europeias da mesma época. Foi construída em uma ilha, no lago salgado de Texcoco,
depois se expandiu para as terras mais próximas, áreas pantanosas, com as quais se comuni-
cava por estradas. Estava localizada em meio a mais de 2 mil km² de lagos, onde havia muito
pescado, e nas terras ao seu redor, com o uso de técnicas apropriadas, praticava-se uma
agricultura muito produtiva e intensiva, que permitia alimentar grande quantidade de pesso-
as. Eles produziam milho, principal alimento local e outros gêneros, como abóbora, favas,
tomate, batatas, dentre outros. Situados em uma área onde as chuvas não são constantes,
HISTÓRIA
62
aproveitaram as águas do degelo das montanhas e das bacias naturais. Técnicas eficientes e
avançadas de irrigação permitiram mudar cursos d’água para usá-los na agricultura. O aque-
duto de Chapultepec abastecia a cidade, trazendo água de uma ponta do lago Texcoco e con-
tava com duas canalizações complexas, que se alternavam: uma delas funcionava enquanto
a outra era limpa.
4 Como os astecas fizeram para produzir alimentos, mesmo com a escassez de chuvas?
Os espanhóis, quando
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:First_European_map_of_Tenochtitlan.jpg
chegaram na América, fi-
caram muito impressiona-
dos com o que viram como
as pontes sólidas e largas
sobre os canais que permi-
tiam a passagem de até dez
cavalos juntos. A cidade
contava com quatro entra-
das e calçadas feitas à mão.
Ao contrário das cidades
europeias, que possuíam
ruas curvas e estreitas, as
ruas de Tenochtitlán eram
largas e retas, algo que im- Mapa de Tenochtitlán mostrando as avançadas e complexas
pressionou os espanhóis pro- técnicas de construção da impressionante capital do Império asteca.
5º ANO
63
fundamente. Havia praças, canais, mercados, mais de 30 templos, pirâmides, jardins, palácios,
lojas e casas, sistemas de distribuição de água e banheiros públicos. Como foi construída sobre
uma ilha, a cidade era repleta de canais e seus habitantes locomoviam-se utilizando canoas.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pain-
ting_of_Tenochtitlan_Ceremonial_Center_
(9755420774).jpg
Eles formaram um grande exército, que atacou Tenochtitlán em 1521. Após a conquista, os
espanhóis iniciaram a colonização da região, sob o nome de Vice-Reino da Nova Espanha.
A cidade do México foi construída sobre os escombros de Tenochtitlán. A independên-
cia do México aconteceu em 1821 e a cidade tornou-se a capital do país. Durante os séculos
seguintes, transformou-se em uma das mais importantes cidades do continente americano.
Uma de suas grandes riquezas é sua enorme diversidade cultural. Em termos linguísticos, por
exemplo, fala-se mais de dez línguas na capital, entre elas o náhuatl, o otomí, o mixteca, o
zapoteca e o tlaxtalteca. Todas essas línguas eram faladas pelos povos que viviam na região
antes da chegadas dos espanhóis. Atualmente, a cidade do México é um importante destino
turístico, de negócios e um polo cultural com grande quantidade de monumentos presentes
pelo centro histórico, mais de 100 teatros, museus e galerias de arte.
de_Cholula,_Puebla,_M%C3%A9xico,_2013-10-12,_DD_14.JPG
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gran_Pir%C3%A1mide_
6 Que semelhanças e diferenças você destacaria entre a história da cidade do México e a his-
tória da Cidade de São Paulo?
5º ANO
65
7 O conquistador espanhol Bernal Diaz del Castillo escreveu que o que ele encontrou em Te-
nochtitlán causaria admiração, mesmo entre aqueles que tivessem estado em cidades im-
pressionantes, como Roma, Itália, ou Constantinopla, atual Istambul, na Turquia. Vamos
ler um trecho de um documento, em que ele conta o que encontrou na cidade e, depois,
responda às questões propostas:
“Nesta grande cidade... as casas se erguiam separadas umas das outras, comunicando-se so-
mente por pequenas pontes levadiças e por canoas, e eram construídas com tetos terraceados.
Observamos, ademais, os templos e adoratórios das cidades adjacentes, construídos na forma de
torres e fortalezas e outros nas estradas, todos caiados de branco e magnificamente brilhantes. O
burburinho e o ruído do mercado...podia ser ouvido até quase uma légua de distância...Quando
lá chegamos, ficamos atônitos com a multidão de pessoas e a ordem que prevalecia, assim como
com a vasta quantidade de mercadoria...Cada espécie tinha seu lugar particular, que era distin-
guido por um sinal. Os artigos consistiam em ouro, prata, joias, plumas, mantas, chocolate, peles
curtidas ou não, sandálias [...]
Pinsky, Jaime et alli(Org.) História da América através de textos. 9.ed. São Paulo: Contexto, 2004, p. 21.
• Glossário
Levadiço - que se pode baixar ou levantar com facilidade por meio de cabos
Tetos terraceados - terraços nos tetos
Adoratório – local de cultos
Adjacente – situado ao lado ou em lugar próximo
Caiado – revestido de cal
Burburinho - ruído prolongado de pessoas falando ao mesmo tempo
Atônito – espantado; admirado
a) Como eram as casas em Tenochtitlán, segundo o relato do conquistador Bernal Diaz del
Castillo?
HISTÓRIA
66
https://en.wikipedia.org/wiki/Tenochtitlan#/media/File:Conquista-de-Tenochtitlan-Mexico.jpg
Ilustração que mostra como teria sido a praça central e o Templo Maior de Tenochtitlán, no século XVI.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/95/Johannes_Vingboons_-_D_Sta-
porto natural, situado numa
baía aberta ao mar, mas pro-
tegido por uma ilha, o que per-
mitiria o comércio por mar. O
segundo fator foi a presença de
água potável e, por fim, as boas
dt_Loandas_Pauli_%281665%29.jpg
2 Antes da invasão dos portugueses, a região de Luanda já era habitada? Por que povos?
3 A partir de quando os portugueses passam a frequentar a costa africana? Qual era o seu objetivo?
4 Que características Luanda apresentava para ter sido escolhida como local de construção
da cidade?
5 Que semelhanças é possível estabelecer entre a história de Luanda, Salvador, Rio de Janeiro e
São Paulo?
Miguel_de_Luanda#/media/Ficheiro:AspectoAereodaFor-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza_de_S%C3%A3o_
talezadeSMiguel.JPG
Fortaleza de São Miguel de Luanda, a primeira a ser construída em Luanda para proteger a cidade de ataques
marítimos e garantir as riquezas produzidas pelo comércio de pessoas escravizadas.
O território de Angola permaneceu como colônia de Portugal no século XIX, uma vez
que o comércio da borracha e do marfim e mais os impostos pagos pela população geravam
grandes rendimentos para Lisboa. A partir de 1850, Luanda passou a diversificar sua econo-
mia, com a presença de firmas comerciais que exportavam óleos de palma e amendoim, cera,
madeiras, marfim, algodão, café e cacau, entre outros produtos. A independência de Angola
do domínio português aconteceu em 1975, após anos de lutas realizadas pela população.
Após conflitos internos que ocorreram depois da independência, Luanda voltou a cres-
cer. Investimentos nas áreas da construção civil e das telecomunicações fazem da cidade,
hoje, uma metrópole em crescimento acelerado. Sofisticados edifícios residenciais e de es-
critórios podem ser vistos ao lado de construções da cidade colonial e de áreas pobres, com
pouca oferta de serviços públicos de infraestrutura básica, como fornecimento de água e
saneamento básico. Outros problemas da cidade são a crescente poluição e a falta de áreas
verdes. O porto de Luanda é o principal porto de Angola, por onde entram as mercadorias
HISTÓRIA
70
8 Depois que os portugueses reconquistaram Luanda, até quando eles ficaram no país?
5º ANO
71
ANOTAÇÕES
LÍNGUA PORTUGUESA
HISTÓRIA
UNIDADE 3
Modos de vida
indígena e
quilombola
PRIMEIRAS PALAVRAS
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3e/Parque_Ind%C3%ADge-
na_do_Xingu.jpg/800px-Parque_Ind%C3%ADgena_do_Xingu.jpg
Aldeia Ipatse, no Território Indígena do Xingu.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Ind%C3%ADgena_do_Xin-
gu#/media/Ficheiro:Localiza%C3%A7%C3%A3o_PIX,_Par-
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Ind%C3%ADge-
na_do_Xingu#/media/Ficheiro:Ift00002vb00.jpg
que_Ind%C3%ADgena_do_Xingu.jpg
Localização do Território Indígena do Xingu no mapa do Brasil
1 Busque observar o mapa acima e escreva o nome do estado e o nome do maior Território
indígena brasileiro.
5 Que consequências a colonização europeia teve para os indígenas na região do atual Terri-
tório entre 1650 e 1750?
RODA DE CONVERSA
Converse com seus colegas sobre a questão a seguir e depois compartilhe com seus colegas de
sala as conclusões a que vocês chegaram.
y Como você se sentiria se um outro povo invadisse o local onde você vive e passasse a impor
um novo modo de vida a você, seus familiares e amigos? Como você pensa que as popula-
ções indígenas se sentiram com as tentativas de transformação de seu modo de viver?
5º ANO
79
As políticas implementadas pelo SPI não foram bem-sucedidas e muitos indígenas mor-
reram em consequência disso. Foi, nesse momento, que surgiu a ideia da criação de uma área
em que as várias etnias pudessem viver, distanciadas das fronteiras agrícolas, preservando
seus modos de vida e suas culturas.
O projeto do Território Indígena do Xingu nasceu em 1950 e contou com o apoio de
Rondon. Foi idealizado pelos irmãos Villas-Bôas, sertanistas, especialistas na área do sertão,
que lutaram a favor da causa indígena. O Território foi criado em 1961.
O Território nasceu como uma área comum a várias nações indígenas que, pressionadas
pelo avanço da modernização, ampliação das áreas agrícolas e urbanização, acabaram se di-
rigindo para essa região. O Território, contudo, teve sua área cortada pela rodovia BR- 080, e
o povo Txukahamãe, por exemplo, foi muito afetado com a ocorrência de doenças infecciosas
e contagiosas que provocaram grande número de doenças e mortes.
8 Que problemas os povos indígenas viviam que os fizeram buscar o Território para viver?
HISTÓRIA
80
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/17/
Ift00005vb00.jpg/800px- Ift00005vb00.jpg
Indígenas em cerimônia do Kuarup. Foto realizada por Noel Villa Bôas, 1998.
Apesar dos problemas enfrentados pelas diferentes etnias, o Território Indígena do Xingu
foi e continua a ser extremamente importante para os povos indígenas, a fim de impedir a
destruição de suas culturas e tradições. Além disso, o Território é fundamental para a preser-
vação do meio ambiente.
10 Leia o texto abaixo que trata do papel dos povos indígenas na preservação das matas e
florestas. Depois, responda às questões propostas:
“Durante décadas, [os povos indígenas] foram vistos e rotulados como um obstáculo ao “pro-
gresso”.
Recentemente, contudo, muitos passaram a observar que os conhecimentos tradicionais in-
dígenas – longe de serem o símbolo maior do “atraso” – revelam-se como uma referência, uma
ponte, para o que pode haver de mais “moderno”: atividades econômicas que não tenham uma
atitude predatória em relação ao meio ambiente.
Estudos mostram que as terras indígenas demarcadas funcionam como um importante ante-
paro frente ao avanço do desmatamento e da ocorrência de queimadas. A maior parte das terras
indígenas se concentra na chamada Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará,
5º ANO
81
Amapá, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão), onde vivem 170 povos indígenas, abran-
gendo cerca de 260 mil pessoas. Essas áreas somam cerca de 21 % dessa região e, portanto, têm
um papel fundamental na conservação da biodiversidade da Amazônia.”
História e cultura dos povos indígenas no Brasil. São Paulo: Barsa Planeta, 2009, pp. 122-123.
• Glossário
Predatório – aquele que destrói
Anteparo – que protege
Demarcado - delimitado
11 O que significa dizer que os indígenas eram vistos como um obstáculo ao progresso?
12 Por que, atualmente, se entende que os conhecimentos tradicionais indígenas não são atra-
sados, mas sim modernos?
13 O que significa dizer que as terras indígenas demarcadas são um anteparo ao desmatamen-
to e às queimadas?
HISTÓRIA
82
Agora, vamos ler um trecho de um texto escrito por uma criança indígena sobre o
Território Indígena do Xingu.
“A Terra Indígena para nós é muito importante, porque precisamos dela para caçar,
fazer roça, plantar legumes para podermos comer.
Ela servirá também para nossos filhos e netos que viverão no futuro.
Precisamos da Terra Indígena para poder procurar fruta, mel, que é muito impor-
tante para nossa saúde.
Além das frutas, tem muitas ervas e raízes que são boas para fazer remédio. Por isso,
precisamos da terra indígena reservada somente para nós.
Tudo o que tem na nossa Terra precisamos, como: madeira, palha, embira, para
construção das casas, madeiras para fazer canoas para poder viajar e visitar outras aldeias.
Todos nós, indígenas, do Brasil precisamos de nossa Terra demarcadas, porque,
como todos sabem, nós fomos os primeiros donos desta terra, agora temos direito de
ter nossa terra demarcada. [...] Geografia indígena: Parque Indígena do Xingu/ Instituto
socioambiental. Brasília: MEC/SEF/DPEF, 1988, p. 44.
O acesso à maior parte das aldeias é realizado por meio de barcos, já que são poucas as
estradas que levam até a área do Território. Da cidade de Canarana, no Mato Grosso, sai uma
estrada de terra, que faz um percurso de 250 km até a aldeia Kalapalo. O deslocamento é difícil
e caro, pois para cada viagem de barco, é preciso ter a quantidade de combustível necessária
para fazer funcionar os motores das embarcações. O combustível é trazido em galões da cidade.
A aldeia Diaurum marca o início do Território. Nessa aldeia, instalou-se o segundo ponto
de apoio para serviços governamentais, como o da escola, de um posto médico existente na
área e com o primeiro centro de formação de professores indígenas.
5º ANO
85
1 Corrija a afirmação: Todas as diferentes etnias dos povos que vivem no Território Indígena do Xingu são
semelhantes e não apresentam diferenças entre si.
Na região do Alto Xingu, as aldeias são formadas por casas comuns, dispostas em forma
oval, em torno de uma praça. No centro da praça localiza-se a casa dos homens, que é um
ponto de reunião masculino e o local onde ocorrem cerimônias, que somente os homens po-
dem participar. Lá também os mortos são enterrados e acontecem vários rituais. As casas são
cobertas de sapé. Geralmente, cada habitação é composta por um núcleo de irmãos homens
e suas respectivas famílias. O líder desse grupo é o “dono da casa”, responsável pela coorde-
nação das atividades produtivas e outras tarefas do dia a dia, em que todos participam. O
grupo divide as tarefas e todos trabalham.
Na atual aldeia ikpeng, no Médio Xingu, existem casas e um centro cerimonial. Há tam-
bém uma cabana, o mungnie, que é, ao mesmo tempo, uma espécie de oficina de artesanato,
uma sala de ensaios e um local para convívio social, fora do grupo doméstico. Esse local,
diferentemente do que ocorre no Alto Xingu, pode ser frequentado pelas mulheres.
3 Escreva um texto que explique de que forma as moradias são organizadas na região do Alto
e Médio Xingu.
HISTÓRIA
86
Em termos de alimentação, cada família cultiva uma roça de subsistência com vários
tipos de cultivo. Alimentos, como diferentes tipos de mandioca, inhame, batata doce, milho,
banana, abacaxi e amendoim são plantados. Ao sul do Território, os povos se alimentam à
base de peixe, beiju e mingaus, feitos com mandioca e outros alimentos vegetais. As etnias
que vivem nas regiões norte e central comem carne vermelha e possuem uma agricultura mais
variada. De todo modo, para todas as etnias, a pesca e a agricultura são atividades funda-
mentais. Os Yudjá, os Kaiabi, os Kisêdje, os Trumai e os Ikpeng consomem mais carne de
caça, incluindo animais, como o porco e a anta, que não são consumidos pelas etnias que
vivem na região do Alto Xingu.
De forma geral, os homens preparam a terra para as roças e as mulheres cuidam delas,
evitando que ervas daninhas, insetos ou animais prejudiquem as plantações. Quando é a
época de realizar a colheita, elas retiram a mandioca da terra e preparam a raiz, por meio de
variados processos, que dão origem a diversos alimentos consumidos por todo o grupo. Na
coleta de alimentos, como frutos, raízes, mel, lenha nas áreas de mata, as crianças também
participam da atividade junto aos adultos.
5º ANO
87
4 Diferencie aspectos da alimentação dos povos indígenas que vivem ao norte, ao sul do Ter-
ritório e dos Yudjá, os Kaiabi, os Kisêdje, os Trumai e os Ikpeng.
lares, armas, cintos, adornos de penas, redes de dormir e de pescar, canoas, flautas, cestas,
cabaças, sal, pimenta, alimentos, animais, objetos e utensílios usados fora das aldeias. Antes
da realização das trocas, os homens lutam huka-kuka, uma arte marcial e um estilo de luta
dos povos indígenas do Xingu e dos Bakairi, que vivem no Mato Grosso.
https://www.gov.br/funai/pt-br/arquivos/conteu-
do/ascom/2018/11-nov/mapulu-20-20b.jpg
PARA SABER MAIS
Cacica e pajé Mapulu Kamayurá é uma das lideranças femininas
mais antigas no Xingu. Detentora de conhecimentos ancestrais, ela
recorre à medicina tradicional indígena para cuidar dos moradores.
Em 2018, ela recebeu prêmio de Direitos Humanos por sua luta pe- Cacica, chefe indígena e pajé
los direitos das mulheres indígenas, pela ameaça da perda de terra Mapulu Kamayurá ao receber
e contra o desmatamento. o prêmio de Direitos Humanos
em 2018.
6 Leia o texto a seguir que trata de alguns aspectos do modo de vida de povos indígenas no
Território Indígena do Xingu.
O termo quilombo foi usado durante o período colonial e o século XIX, para designar co-
munidades constituídas, especialmente, por escravizados africanos que resistiram à escravidão.
O quilombo, contudo, não era apenas isso, mas também uma forma de organização social da
população negra. Normalmente, os quilombos se formaram a partir do ajuntamento de escra-
vizados que fugiram de vilas, cidades e fazendas para terras livres, para se organizar de outras
formas, normalmente, em áreas remotas. É importante lembrar que pessoas indígenas também
integravam e integram quilombos. Outros escravizados se dirigiam para os quilombos, para
viver após terem conquistado a alforria. Outros grupos conseguiram comprar terras, tanto du-
rante a vigência do escravismo quanto após seu fim.
Depois do fim da escravidão no Brasil, em 1888, os quilombos continuaram a existir. Atu-
almente, define-se um quilombo contemporâneo como sendo toda a comunidade formada por
descendentes de escravizados, com fortes vínculos culturais com seu passado, como elementos
linguísticos, aspectos religiosos e modo de vida. Esses aspectos os distinguem do restante da
sociedade. Em sua maioria, os quilombos são comunidades rurais, mas há também quilombos
urbanos, como o da Chácara das Rosas, no município de Canoas, no Rio Grande do Sul. Os
quilombos contemporâneos, também, são chamados de comunidades remanescentes de qui-
lombos, e seus direitos às terras são reconhecidas por lei.
Os direitos das comunidades quilombolas estão assegurados na Convenção 169 Sobre Povos
Indígenas e Tribais, da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Brasil e por diversos
países da América Latina. No Brasil, foi a Constituição de 1988 que garantiu o direito dessas popu-
lações de continuar a viver nas terras de seus antepassados e, no mesmo ano, foi criada a Fundação
Palmares, responsável por realizar o levantamento dos quilombos existentes no território brasileiro.
Hoje, segundo dados governamentais, existem 3.475 comunidades remanescentes de qui-
lombos distribuídas por todo o
país. Apesar do direito dessas
comunidades ter a posse de
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/86/Quilombolas_amapa.jpg
c) ( ) A única forma de um quilombo ser formado era por meio de doação de terras por
parte de abolicionistas.
e) ( ) A grande maioria dos quilombos contemporâneos está em áreas rurais, mas também
existem quilombos em cidades.
7 Que diferenças e semelhanças você consegue perceber entre o modo de vida quilombola em
Boa Vista e o modo de vida urbano?
LÍNGUA PORTUGUESA
HISTÓRIA
UNIDADE 4
Culturas, grupos
e modo de viver
PRIMEIRAS PALAVRAS
Fotografia de Rodrigo.Argenton.
Galeria do Rock. 2012.
HISTÓRIA
96
ATIVIDADE 1 – M
Modos
odos de vida: diferentes
povos e culturas
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/Skyline_
of_S%C3%A3o_Paulo_at_dusk_%283 18298%29.jpg
Vista da
Cidade de
São Paulo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_ind%C3%ADgenas_do_Brasil#/media/
Ficheiro:Parque_Ind%C3%ADgena_do_Xingu.jpg
As duas fotos acima mostram dois locais existentes no Brasil atualmente. A frenética e
agitada Cidade de São Paulo, de um lado, e a aldeia dos yawalapiti, povo indígena que vive
em contato próximo com a natureza no Território Indígena do Xingu, de outro. Apesar de
situados no mesmo tempo histórico, os modos de vida dos dois lugares são muito diferentes.
Em São Paulo, o modo de vida de seus moradores está profundamente ligado ao tra-
balho e às formas de sobrevivência. As pessoas passam boa parte de seu tempo envolvidas
no deslocamento entre o trabalho e o retorno para casa. As relações de trabalho são assa-
5º ANO
97
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mundo_de_Entrega-_Gabriella_Capua-
nos pressa, mais lazer e calma, recuperan-
do e lutando pela abertura de mais áreas
no-_Entregador_de_aplicativo_em_S%C3%A3o_Paulo.jpg
verdes, parques, praças e locais de convívio
com os outros.
Entre os povos indígenas do Territó-
rio Indígena do Xingu ou nas comunidades
quilombolas, o modo de vida é bastante
diferente dos habitantes da Cidade de São
Paulo. As pessoas vivem em contato direto
com a natureza, entendendo que elas tam- No modo de vida das pessoas na Cidade de São
Paulo, a bicicleta passou a ser usada para o lazer,
bém são parte do meio ambiente. Da natu- mas também para o transporte diário e como veículo
reza, é retirado aquilo que serve para a so- de trabalho para muitas pessoas.
brevivência sem que, contudo, os recursos
HISTÓRIA
98
naturais sejam tratados de forma predatória. O respeito a todas as formas de vida faz parte
do modo de vida desses povos.
Os laços de parentesco e comunitários são fortes e a vida da comunidade é decidida em
conjunto. Todos opinam e decidem o que é melhor para todos. A criação das crianças não é ta-
refa exclusiva dos pais, mas todo o grupo participa, ensinando os saberes necessários para que
as crianças conheçam as matas, os animais, as plantas e suas propriedades. As crianças apren-
dem no convívio com os adultos a cultivar alimentos, a caçar, a pescar, a conhecer seu território.
O modo de vida indígena e quilombola está fortemente ligado à experiência, que é co-
mum a todos. Por isso, os alimentos são produzidos pelo grupo nas roças, que pertencem a
todos. O trabalho não é realizado em razão do pagamento de um salário, mas sim em função
das necessidades do grupo. A coleta de frutos, de alimentos, a pesca, a colheita das roças são
divididas em conjunto, mulheres, homens e crianças participam das atividades. No Território
Indígena do Xingu, é possível trocar produtos entre as diferentes etnias. Grande parte dos
objetos de uso diário são produzidos pelo grupo e outros são obtidos por outros meios na
relação com as sociedades não indígenas.
As tradições culturais passadas pelos ancestrais são muito importantes, pois elas unem o
grupo e conferem um sentido para a vida diária. As línguas faladas, a religião, as festividades
e celebrações fazem parte do modo de vida a fim de manter vivas as experiências e histórias
daqueles que vieram antes deles.
Muitos elementos das sociedades industriais e tecnológicas foram incorporados ao modo
de viver de populações indígenas e quilom-
bolas, como é o caso dos telefones celu-
lares, computadores, o uso da internet e
de aparelhos eletrônicos no geral. Essas
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/49/Raposa_Serra_do_
RODA DE CONVERSA
y Converse com seus colegas sobre as semelhanças e diferenças existentes entre o modo de
vida urbano na Cidade de São Paulo e o modo de vida nas comunidades indígenas e qui-
lombolas. Que aspectos mais chamam a sua atenção? Escreva um texto com os pontos
destacados pelo grupo.
1 Explique a afirmação: A grande metrópole urbana de São Paulo e as comunidades indígenas e quilom-
bolas existem no mesmo tempo histórico.
2 Como o modo de vida dos moradores da Cidade de São Paulo é influenciado pelo trabalho?
4 Qual o papel das tradições culturais dos antepassados para os povos indígenas e quilombolas?
5 Faça um cartaz virtual sobre as populações indígenas e quilombolas brasileiras e seu contato
com as tecnologias de comunicação atuais e com as tradições dos ancestrais.
5º ANO
101
https://librasdiaria.files.wordpress.com/2014/06/cats.jpg
Humanos, em 1948, estabeleceu no artigo 25,
o direito das pessoas com deficiência. A partir
daí, paulatinamente, uma mudança na forma
de tratar a questão se processou. A Declara-
ção impulsionou a implementação de leis e de
outras declarações, em várias partes do mun-
do, além disso, houve a ampliação e o forta-
lecimento de movimentos sociais de pessoas e
Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência
grupos em prol dos direitos das pessoas com procurou garantir que todos os portadores de deficiência
deficiência. Em 2007, na sede da ONU, na ci- tenham seus direitos assegurados.
ções desiguais possam ter seus direitos assegurados. Cabe, dessa forma, ao Estado, promover
os direitos individuais e sociais através de políticas públicas para incluir a participação das
pessoas com deficiência que, por limitações motoras ou emocionais, precisam de auxílio.
1 Por que para as pessoas com deficiência o simples ato de sair para a rua pode ser um desafio?
3 O que o ano de 2007 trouxe de importante para os direitos das pessoas com deficiência?
4 Quem precisa se adaptar no que se refere à circulação nas cidades, a pessoa com deficiência
ou a sociedade? Justifique sua resposta.
5º ANO
103
Para a população
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/uplo-
com deficiência física
ad/cal%C3%A7adas-investimento_565x235.png
que vive na Cidade de
São Paulo, as calçadas
e as ruas são os prin-
cipais obstáculos que
impedem a mobilidade.
Usuários de cadeiras
de rodas relatam que a
falta de acessibilidade,
os obstáculos e as bar-
O Plano Emergencial de Calçadas da Cidade de São Paulo tem como objetivo reformar as
reiras nas calçadas são calçadas da cidade para torná-las acessíveis para as pessoas com deficiência.
o que mais dificultam
seu deslocamento. Para
contornar todos as dificuldades, eles têm de sair de casa com muitas horas de antecedência,
para não perderem os compromissos. Muitas vezes, hospitais, escolas e universidades têm
acessibilidade, mas o trajeto até esses lugares não. Mesmo em lugares como a avenida Paulis-
ta, local com acessibilidade, para passar de um quarteirão ao outro a pessoa com deficiência
encontra dificuldades e obstáculos porque as rampas são íngremes.
A Cidade de São Paulo conta com uma Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA),
que foi criada em 1996. A comissão é consultada e ajuda a decidir sobre a acessibilidade em
projetos e obras de urbanismo, edificações, comunicação e transporte, entre outros. Criado
em 2019, o Plano Emergencial de Calçadas tenta diminuir os desafios cotidianos de quem se
desloca pelas ruas. O projeto prevê investimentos no calçamento de parte do município onde
HISTÓRIA
104
serão instalados piso tátil para os portadores de deficiência visual e rampas. As calçadas deve-
rão possuir uma faixa livre, exclusiva para a circulação de pessoas e não ter desníveis, obstácu-
los temporários ou permanentes. Além disso, a superfície deverá ser regular, firme, contínua e
antiderrapante, além de possuir largura mínima de 1,20 metro para permitir o uso de cadeiras
de roda.
No que se refere ao transporte público, mais de 50% dos ônibus de transporte coletivo da
capital paulista são adaptados para pessoas com deficiência, segundo a Prefeitura Municipal.
Apesar de avanços nessa área, o número ainda é insuficiente para atender a todas as pessoas
que precisam do serviço.
LEITURA DE DOCUMENTOS
5 Leia a reportagem abaixo feita pela Agência Brasil, que trata das dificuldades cotidianas
que as pessoas com deficiência encontram na Cidade de São Paulo, no que se refere à
acessibilidade. A matéria foi publicada em 2019, e o relato dado é do universitário Paulo
César de Jesus, de 31 anos:
Na parada de ônibus, Paulo precisa aguardar uma condução que seja adaptada para deficien-
tes físicos. “Às vezes, o que passa na hora não é adaptado, aí tenho que esperar o próximo”, frisa.
De acordo com informação disponível no site da prefeitura de São Paulo, mais de 50% dos ônibus
de transporte coletivo da capital paulista são adaptados para pessoas com deficiência.[...]
“O ponto é numa descida, mas eu peço para os motoristas pararem na curva, mais perto da
minha casa. Tem uma lei que permite que o motorista pare fora do ponto, mas eles não conhecem
essa lei, então eu tenho sempre que ficar argumentando e debatendo e eu acho que não deveria
passar por isso, porque é uma necessidade, não é um luxo”, destaca. Essas são as maiores dificul-
dades pelo local onde eu moro: a questão do transporte, chegar até o ponto do ônibus e também
pela rua ser estreita.”
[...]
“Na minha faculdade, é zero acessibilidade, as pessoas me ajudam, mas é isso: se eu preciso
de ajuda é porque não tem acessibilidade, é a necessidade de ajuda que caracteriza a deficiência,
caso contrário eu só teria um impedimento de mobilidade física, mas se eu posso circular sem pre-
cisar de ajuda de ninguém eu não tenho deficiência. O tempo todo eu sou lembrado que eu tenho
essa limitação, pela falta de acesso. Lá não tem elevador, não tem rampa, não tem bebedouro,
não tem espelho, não foi pensado para mim.” [...]
Pessoas com deficiência física criticam falta de acessibilidade em SP. Disponível em: https://agenciabrasil.
ebc.com.br/geral/noticia/2019-09/pessoas-com-deficiencia-fisica-criticam-falta-de-acessibilidade-em-sp
5º ANO
105
b) Qual é a porcentagem de ônibus adaptados na capital paulista? Você acha que esse nú-
mero é suficiente?
c) Que desafios Paulo César de Jesus encontra quando deve descer do ônibus?
d) Segundo Paulo César de Jesus, quais são as três maiores dificuldades que ele enfrenta em
seu cotidiano?
HISTÓRIA
106
f) Você acredita que os direitos de Paulo César de Jesus, enquanto cidadão, estão sendo
respeitados? Justifique sua resposta.
ATIVIDADE 3 – Diferentes
D iferentes grupos e culturas na cidade
exemplo, bairro da zona leste, a identidade dos moradores está fortemente conectada com
a migração italiana. A partir de 1890, muitos trabalhadores migrantes italianos se estabele-
ceram ali, eles buscavam empregos nas fábricas de tecidos e sapatos abertas no bairro e nos
arredores. Com os italianos, vieram suas tradições familiares, seus hábitos e sua gastronomia.
A rua dos Trilhos se tornou um local de referência para os moradores, por ter sido uma an-
tiga parada de trem e um local conhecido por todos. Uma das maiores tradições do bairro é
o interesse pelo time de futebol do Juventus, que conta com uma torcida apaixonada e que
cultiva o amor pelo time de geração a geração. Além disso, a forma de falar dos moradores
da Mooca é bastante típica e reconhecida, mesmo em outros bairros da cidade.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:S%C3%A3o_Paulo_-_casario_na_Mooca.jpg
O local tornou-se conhecido não apenas pelos produtos que comercializava, mas tam-
bém porque, quando havia muito preconceito em torno dessas manifestações culturais, a
Galeria do Rock ajudou a difundir uma nova forma de entendê-las, incentivando a diversida-
de cultural. Em 2011, o local se tornou um Instituto Cultural que tem, dentre outras incum-
bências, promover cursos profissionalizantes, atividades culturais, eventos sociais, cursos de
música, dança, teatro e outras expressões culturais, além de promover a cultura da paz, a
cidadania, os direitos humanos, a democracia e outros valores universais.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:S%C3%A3o_Paulo_(117463659).
jpeg?uselang=pt-br
Galeria do Rock, ponto de encontro de culturas de ruas, jovens e alternativas no centro da Cidade de São Paulo.
3 Por que podemos afirmar que a Galeria do Rock é um local que congrega culturas urbanas?
4 Por que a Galeria do Rock ajudou a promover a diversidade cultural da Cidade de São Paulo?
HISTÓRIA
110
Nas periferias da Cidade de São Paulo, cada vez mais jovens e adultos têm realizado di-
ferentes atividades culturais, como os saraus, o teatro de rua, a dança, a música, os grupos
musicais de percussão, a poesia, a produção de audiovisuais feitos com celulares, programas
voltados para a internet, dentre tantas outras manifestações. Dessa forma, a identidade desses
jovens se constrói em torno de seus locais de moradia, dos laços construídos com outros mora-
dores do mesmo local e com a própria cidade em que vivem. Assim, podem pensar acerca das
desigualdades sociais, sobre suas identidades étnico-raciais e culturais e sobre o viver urbano.
Por meio das manifestações artísticas, os moradores da cidade estabelecem relações
mais humanas e solidárias, em que as relações construídas são motivadas por atividades que
conferem sentido ao viver em uma grande cidade. As soluções para os problemas que afligem
os moradores das periferias são pensadas em conjunto por meio das diferentes linguagens
artísticas e culturais.
https://www.cultura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2017/10/N%C3%BAcleo- Luz_Okinosm%C3%B3v_Cr%C3%A9di-
to-Amanda-Louzada_media.jpg
5 O texto a seguir trata de atividades culturais que grupos de jovens têm realizado em
vários bairros periféricos da zona leste da Cidade de São Paulo. Leia o texto e depois
responda às questões:
5º ANO
111
“Saraus, intervenções artísticas, oficinas de cinema e até programas de televisão para a inter-
net. Essas são apenas algumas
das atividades que seis grupos e
coletivos juvenis – Filhos da Dita,
São Miguel no Ar, Grupo Pala-
vra, Coletivo Cultural Margina-
https://aprendizcomgas.org.br/wp-content/
a) Que atividades os grupos e coletivos juvenis têm promovido nas periferias da Cidade de
São Paulo?
HISTÓRIA
112
c) O que Thábata Letícia Moraes da Silva quis dizer quando afirma que vê duas Thábata a
partir do contato com o teatro?
O cotidiano refere-se a àquilo que é costumeiro e habitual na vida das pessoas. A vivência diária
acontece na esfera do cotidiano, marcado pelas atividades habituais, do dia a dia. Em uma cidade,
em função das transformações históricas, o cotidiano se modifica. Os lugares se alteram, bairros são
transformados, novas construções são realizadas e a vida dos habitantes da cidade muda.
Quando observamos imagens do Centro da Cidade de São Paulo entre as décadas de 1920
e 1930, é possível notar que o cotidiano dos habitantes da cidade era diverso dos dias atuais.
Diversas fachadas de lojas trazem nomes de empresas que não existem mais. Os bondes, que cir-
culava nas ruas transportando passageiros foram substituídos por outros meios de transporte.
As roupas usadas pelas pessoas mudaram, a exemplo do uso de chapéus, muito corriqueiro prin-
cipalmente por parte dos homens.
5º ANO
113
Atualmente, a rua Santa Ifigênia tornou-se conhecida por ser um centro de comércio de ele-
troeletrônicas, setor esse que, no final dos anos 1950, não existia, e por receber pessoas de muitos
lugares da cidade, e até de fora dela, em busca de peças e equipamentos eletroeletrônicos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rua_Santa_Ifig%C3%AAnia#/media/
Palacete Helvetia,
na esquina entre a Rua Santa
Ifigênia e a Rua Aurora.
Ficheiro:Palacete_Helvetia_6.jpg
Rua Santa Ifigênia, no centro
da capital onde hoje domina
o comércio no setor de
eletroeletrônicos.
https://visitecentrodesaopaulo.com.br/wp-content/uploads/2017/03/
santaifgenia.jpg
“Em S. Paulo, não são encontrados negros a percorrer as ruas, como no Rio de Janeiro, trans-
portando mercadorias sobre a cabeça. Os legumes e as mercadorias de consumo imediato são
vendidos por negras que se mantêm acocoradas na rua, que, por motivo de tal comércio, tomou
o nome de rua da Quitanda. Quanto aos comestíveis indispensáveis, tais como farinha, toucinho,
arroz, milho, carne seca, os mercadores, que os vendem, estão, em sua maior parte, estabelecidos
numa única rua denominada rua das Casinhas, porque, efetivamente, cada venda forma uma
pequena casa isolada. (...) Não há em São Paulo rua mais frequentada do que a das Casinhas.
A gente do campo ali vende suas mercadorias aos comerciantes em cujas mãos os consumidores
vão adquiri-las. Durante o dia nota-se ali acúmulo de negros, de roceiros, de muares, de arrieiros.”
• Glossário
Acocoradas - agachadas
Muar – relativo aos burros de carga
Arrieiro – condutor de tropa de animais
a) Que diferença aponta o viajante francês entre a Cidade de São Paulo e a do Rio de Janeiro?
nhas_-_em_Dire%C3%A7%C3%A3o_%C3%81_Rua_da_Quitanda_e_Lardo_da_
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6c/Reprodu%C3%A7%-
Miseric%C3%B3rdia_-_1887_-_01%2C_Acervo_do_Museu_Paulista_da_USP.
C3%A3o_de_Fotografia_-_Rua_do_Commercio%2C_Antiga_Rua_das_Casi-
jpg/800px-thumbnail.jpg
Foto da Rua do Commercio, antiga rua das Casinhas, em 1887.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mercado_Central_-_SP_(3177859988).jpg
em 1933. Atualmente, o cotidiano
dos comerciantes que vendem frutas,
verduras, legumes, peixes e carnes e
dos fregueses modificou-se, porque o
mercado se tornou um ponto turísti-
co e gastronômico para aqueles que
visitam a Cidade de São Paulo. Em
meio a bancas de alimentos, pessoas
fazem fotos para guardar de recorda-
ção e provar pratos que ficaram fa-
mosos, como o sanduíche de morta- Fachada do Mercado Municipal da Cantareira, conhecido pelos
dela, uma das atrações do espaço. habitantes da cidade e turistas como o Mercadão. Hoje em dia, o
lugar é mais do que um mercado de alimentos, tornou-se um ponto
de visitação para os que vem de fora da cidade.
5º ANO
117
RODA DE CONVERSA
y Converse com seus colegas sobre as mudanças ocorridas no cotidiano dos moradores da
Cidade de São Paulo no que diz respeito à forma de realizar compras, o desaparecimento e
o surgimento de diferentes locais de comércio. Será que a vida das pessoas na cidade é im-
pactada por essas transformações? Que mudanças mais recentes têm atingido o modo de
vida das pessoas no que se refere à forma de fazer suas compras na Cidade de São Paulo?
y Depois de conversarem sobre o tema, vamos produzir um vídeo sobre a nossa cidade. O
vídeo terá duração de três a cinco minutos e poderá ser publicado no Youtube ou em outra
plataforma de vídeos, se toda a turma concordar. Na sequência, é preciso criar o roteiro,
isto é, fazer uma descrição bem detalhada das cenas, imagens e informações que serão usa-
das no vídeo. Outra etapa importante é a montagem de um cronograma, isto é, o tempo
que cada grupo terá para pesquisar, buscar imagens e escrever os textos que serão lidos na
hora da filmagem. Os textos devem ser curtos e bem informativos. É necessário escolher o
narrador ou narradora, o(a) estudante que vai ler os textos usados no vídeo. Agora é só divi-
dir a turma em equipes para a produção. Não esqueçam de escolher um título para o vídeo
e de colocar o nome de todos os componentes da sala! Boa filmagem.
HISTÓRIA
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ANOTAÇÕES
5º ANO
119
ANOTAÇÕES
HISTÓRIA
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ANOTAÇÕES
PROJETO GRÁFICO
Centro de Multimeios
Ana Rita da Costa - Diretora
Colaboradora
Roberta Cristina Torres da Silva