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ISSN 2318-2962
DOI 10.5752/p.2318-2962.2024v34n77p538
ORIGINAL ARTICLE
Recebido: 06.06.2023
Aceito: 08.04.2024
Resumo
O presente trabalho aborda a utilização de bandas do infravermelho termal de imagens do
Landsat 8 para identificar ilhas de calor. Toma como recorte espacial o município de Ananindeua-
PA. A distinção entre áreas urbanas e rurais foi clara, com temperaturas mais altas nas áreas
urbanas devido à falta de vegetação. Os bairros mais densamente povoados, como Cidade Nova,
Guajará, Paar, Coqueiro e Jaderlândia, evidenciaram as maiores temperaturas e processos mais
avançados de formação de ilhas de calor. Por outro lado, áreas de ocupação mais recente e
crescimento não planejado, como Águas Lindas, Júlia Seffer, Providência, Maguari e Heliolândia,
já indicam a tendência a se tornarem ilhas de calor devido à supressão da cobertura arbórea e
desmatamento. Conclui-se que é necessário que o poder público intervenha, incentivando práticas
de arborização para melhorar a qualidade de vida e do meio ambiente na região.
Abstract
This work addresses the use of thermal infrared bands from Landsat 8 images to identify heat
islands. The municipality of Ananindeua-PA is used as the spatial context. The distinction between
urban and rural areas was clear, with higher temperatures in urban areas due to the lack of
vegetation. The most densely populated neighbourhoods, such as Cidade Nova, Guajará, Paar,
Coqueiro and Jaderlândia, showed the highest temperatures and most advanced heat island
formation processes. On the other hand, more recently occupied and unplanned growth areas,
such as Águas Lindas, Júlia Seffer, Providência, Maguari and Heliolândia, already indicate the
trend to become heat islands due to the suppression of tree cover and deforestation. It is
concluded that the public power must intervene, encouraging tree-planting practices to improve the
quality of life and the environment in the region.
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1. INTRODUÇÃO
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Assim, de acordo com Oke (2017), tal condição descrita está diretamente ligada à
intervenção inadequada da sociedade sobre o meio natural, relação que implica em
consequências envolvendo as mudanças climáticas, podendo ser considerada como uma
forma de impacto ambiental, com isso, sendo de grande importância estabelecer
considerações acerca desta temática.
Neste sentido, o trabalho utiliza sensoriamento remoto, principalmente a partir da
emissividade termal dos constituintes da superfície terrestre, enquanto estratégia
metodológica para analisar a formação de ilhas de calor no município de Ananindeua-PA.
Para isso, no próximo tópico será descrita a localização e características gerais da área
de estudo, bem como, as estratégias metodológicas adotadas pela pesquisa. Em seguida
são apresentados os resultados alcançados e, por fim, são tecidas as conclusões a que
se chegou.
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
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Entre 2010 e 2021, Ananindeua, tal como toda Região Metropolitana de Belém,
apresentou um aumento populacional. Segundo estimativas do IBGE, em 2021, a
população de Ananindeua alcançou cerca de 540.410 habitantes, muito em razão da sua
localização geográfica, limítrofe a Belém e por apresentar opções mais viáveis para novas
moradias e conjuntos habitacionais, configurando o atual vetor de expansão da mancha
urbana metropolitana para além da Capital.
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Lλ = ML * Qcal + AL (2)
TB = K2 / Ln ( K1 / Lλ + 1) - 273.15 (5)
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3. RESULTADOS
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Classes IVAS
Área Urbana 27 a 33
Fonte: Autores, 2022.
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norte, em direção a transição com a região das ilhas e com alguns remanescentes na
cidade em torno dos rios, enquanto que os corpos d’água representam um pouco mais de
2%, localizados, também, nas proximidades da ilhas (tabela 5).
No município foram identificadas por volta de 123 áreas que se sobressaem quanto
à temperatura, sendo iguais ou superiores a 29°C. Considerando a proximidade, a relação
e bairro em que se localizam, tais regiões foram agrupadas em 3 conjuntos, os quais
representam as ilhas de calor urbanas do município (figura 6.1).
A região 1, de maior abrangência, possui uma área de 19.839 km², o que
corresponde a cerca de 10,41% da área total de Ananindeua e por volta de 23,42% de
sua área urbana. Encontra-se sobre, principalmente, nos bairros da Cidade Nova,
Guajará, Paar, 40 horas, Coqueiro, Jaderlândia, Icuí-guajará, Atalaia e Guanabara.
Nestes, há intenso adensamento populacional e de áreas construídas, conforme a figura
6, algumas com certo planejamento, mas a maior parte se desenvolveu de modo
involuntário.
Enquanto que a região 2 apresenta 4.093 km² de área, o que equivale a 2,15% em
relação ao território todo, ocorrendo, sobretudo, nos bairros Centro, Geraldo Palmeira e
Heliolândia. Localiza-se nas proximidades da rodovia BR-316 e da avenida
Independência, que possuem ocupações residenciais em seu entorno. A região 3, com
2.659 km², cerca de 1,40% do município, está sobre a Águas Lindas, Júlia Seffer, Águas
Brancas e Aurá, os quais são bairros classificados como periféricos e que emergiram de
forma espontânea.
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Na figura 6.2, estão representadas cerca de 60 zonas que indicam uma tendência de
se tornarem novas ilhas de calor, ou então se incorporarem às áreas já existentes e que
foram identificadas acima. Apresentam variação de temperatura entre 27°C e 28.9°C, que
são maiores que os espaços mais afastados, ou rurais, porém são inferiores às já
demonstradas na figura 6.1.
Tais espaços cobrem, aproximadamente, 36.208 km², representando cerca de 19%
da área total do município, que é de 190.580 km². São constituídos por regiões
residenciais, comerciais e de serviços, alguns galpões de empresas e indústrias e locais
de solo exposto, todos sendo de pequeno a médio porte, os quais são intermediados por
diversos componentes de vegetação.
Apresentam elevada tendência de se tornarem ilhas de calor, pois, quando
comparadas a figura 3, parte considerável está sobreposta ao que o IBGE chama de
aglomerados subnormais, que são áreas compostas por ocupações que se instalaram de
modo imprevisto, normalmente por meio de ‘invasões’ a terrenos de terceiros. Encontram-
se, ainda, em um estágio evolutivo, seguindo um caminho de desenvolvimento de
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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no presente podem ser incrementadas em um futuro próximo, a partir das áreas com
variação de temperatura entre 27°C e 28.9°C, devido estarem sobrepostos a locais com
pouca presença do poder público e que se expande de modo espontâneo, através de
métodos que podem ser considerados como degradantes, como o desmatamento. Esses
locais correspondem aos bairros de Águas Lindas, Júlia Seffer, Providência, Centro,
Maguari, Heliolândia, Águas Brancas, Aurá, Icuí-Laranjeiras e Curuçambá.
Com isso, as medidas de intervenção necessárias a esse tipo de situação são bem
nítidas e estão relacionadas à cobertura vegetal. É de suma importância que o poder
público esteja presente por meio de um adequado ordenamento territorial, que considere,
entre outros pontos, questões referentes à arborização, seja mantendo as já existentes,
seja implementando novas, seguindo uma lógica a partir de pontos estratégicos. É preciso
destacar que essas medidas não devem impedir o desenvolvimento de dadas áreas,
sobretudo as que são caracterizadas como periféricas. Logo, tais intervenções não podem
se focar em bairros específicos, nem atender interesses particulares, mas sim buscar
abranger todos os territórios do município e estender os direitos da cidade, almejando
prover as melhores condições e qualidade de vida à população.
De modo geral, o conhecimento das propriedades do sensoriamento remoto é bem
consolidado, amplamente divulgados e com uma diversidade de possibilidades de
utilização. Apresenta grande potencial a ser explorado, inclusive como uma excelente
ferramenta de gestão, que pode ser aplicado como subsídio ao planejamento do espaço
urbano em diversos aspectos, desde organização espacial até projetos de arborização.
REFERÊNCIAS
AVDAN, U.; GORDANA J.; Algorithm for Automated Mapping of Land Surface
Temperature Using LANDSAT 8 Satellite Data., Journal of Sensors, London, v. 2016, n.
8, p. 1-8, 2016.
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LOMBARDO, M. A. Ilha de calor nas metrópoles: o exemplo de São Paulo. São Paulo:
Hucitec, 1985. 244p.
MONTEIRO, C. A. F.; MENDONÇA, F. Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2020. 192p.
OKE, T. R.; MILLS, G.; CHRISTEN, A.; VOOGT, J. A.; Urban Heat Island. In. OKE, T. et
al. Urban climates. Cambridge: Cambridge University Press, 2017. cap. 7, p. 197-237.
OKE, T. R. The energetic basis of the urban heat island. Quarterly Journal of the Royal
Meteorological Society, London, v. 108, p. 1-24, 1982.
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