Coesão Textual - Fichadigital

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Super Professor

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Analise o texto abaixo para responder à(s) questão(ões).

Poesia não são rimas


mas letras que choram.
Poesia não são formas,
são gritos que se escrevem.
Poesia não é imaginada,
é o lamento da madrugada.
(ECO, Umberto)

1. Em relação aos versos “Poesia não são formas,” (3º verso) “são gritos que se escrevem.”
(4º verso), pode-se inferir uma relação sintático-semântica de
a) adição.
b) adversidade.
c) alternância.
d) explicação.
e) causalidade.

2. O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade?

Não. O riso básico – o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento


da face e da vocalização – nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram
observadas vocalizações ultrassônicas – que nós não somos capazes de perceber – e que eles
emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um
dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira
vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos
animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os
animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte
superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais
que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.

Disponível em: http://globonews.globo.com.


Acesso em: 31 mai. 2012 (adaptado).

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o
trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”,
verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de
a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de
vocalização dos ratos.
b) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à
vocalização dos ratos.
c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja
vocalização dos ratos.
d) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano
causado no cérebro.
e) proporção, já que a medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja
vocalização dos ratos.

3. Apesar de

Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pessoa não por causa de, mas apesar de.
Gostar daquilo que é gostável é fácil: gentileza, bom humor, inteligência, simpatia, tudo isso a
gente tem em estoque na hora em que conhece uma pessoa e resolve conquistá-la. Os
defeitos ficam guardadinhos nos primeiros dias e só então, com a convivência, vão saindo do

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esconderijo e revelando-se no dia a dia. Você então descobre que ele não é apenas gentil e
doce, mas também um tremendo casca-grossa quando trata os próprios funcionários. E ela não
é apenas segura e determinada, mas uma chorona que passa 20 dias por mês com TPM. E
que ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é supersticioso por bobagens, e que
ela enjoa na estrada, e que ele não gosta de criança, e que ela não gosta de cachorro, e
agora? Agora, convoquem o amor para resolver essa encrenca.

MEDEIROS, M. Revista O Globo, n. 790, 12 jun. 2011 (adaptado).

Há elementos de coesão textual que retomam informações no texto e outros que as antecipam.
Nos trechos, o elemento de coesão sublinhado que antecipa uma informação do texto é
a) “Gostar daquilo que é gostável é fácil [...]”.
b) “[...] tudo isso a gente tem em estoque [...]”.
c) “[...] na hora em que conhece uma pessoa [...]”.
d) “[...] resolve conquistá-la.”
e) “[...] para resolver essa encrenca.”

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Jovem escritora “quase” famosa
Catarinense de 21 anos é a verdadeira autora de texto que correu mundo como se fosse de
Luis Fernando Verissimo

Felipe Lenhart

Quem usa o correio eletrônico com frequência já pode ter recebido um texto que
começa com a frase “Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão
de um quase” e é assinado por um certo Luis Fernando Verissimo. Os erros de ortografia e
acentuação no nome do cronista denunciam a falsa autoria. De fato, quem redigiu a crônica
Quase, que rodou o mundo com o “selo de qualidade” do escritor gaúcho e acabou em uma
antologia de prosa e versos brasileiros traduzidos para o francês, foi a florianopolitana Sarah
Westphal Batista da Silva, 21.
A garota, que foi publicada em um livro na França em meio a textos de Clarice
Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e outros craques, só que com o
nome de Verissimo, mora na Capital, estuda Medicina em Blumenau e gostaria mesmo é de
passar o resto da vida escrevendo.
– Não sou muito de ler, não. Como também não vejo televisão, fico meio alienada. Mas
o tipo de literatura de que gosto é bem o do Verissimo, como em As Mentiras que os Homens
Contam – afirma.
O périplo de seu texto começou em abril de 2002, numa sala de aula em Florianópolis.
E a “inspiração” para a escrita não foi das melhores: “um grande fora” de um rapaz com quem
ficava havia três semanas. No dia seguinte à separação, durante uma aula de Português no
cursinho, a professora escreveu no quadro a transcrição fonética da palavra quase: /kwaze/.
– Na hora em que olhei aquilo escrito no quadro-negro pensei: “meu Deus! eu odeio
esta palavra!” – afirma.
Um segundo depois, pôs-se a escrever a crônica “Quase”, como um desabafo e para
expurgar a palavra maldita. Afinal, quase houvera um namoro, quase tudo dera certo.
Terminado o texto, Sarah passou o caderno às amigas, que leram e gostaram. Um mês depois,
encorajada por elogios, deu o mesmo caderno para o professor de redação ler a crônica em
voz alta para a turma. Foi um sucesso. As pessoas começaram a pedir o texto. Sarah o enviou
por e-mail. A partir daí, não se sabe mais nada.
– O que eu sei é que um ano depois, mais ou menos, uma amiga apareceu lá em casa
com o texto com a assinatura do Verissimo! Achei aquilo esquisitíssimo. Em seguida, um monte
de gente veio dizer que tinha recebido um e-mail com o “Quase” assinado pelo Verissimo –
afirma.
Sarah conta que ficou envergonhada, pois, depois de um certo tempo, já não gostava
mais do texto e não o achava digno de um escritor do talento de Luis Fernando Verissimo.
Hoje, mantém a opinião, com arroubos de autocrítica, apesar do elogio que o próprio cronista
fez à redação na coluna do dia 24 de março.

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– Acho o texto primário, previsível e o fim é meio brega. O português é muito caseiro,
breguinha. Mas, quando o escrevi, fez muito sentido para mim. Era muito bonito – diz Sarah.
Certo dia, entrou na comunidade do escritor gaúcho no Orkut e viu o relato de uma
leitora. A internauta dizia que só passara a acompanhar Verissimo na imprensa depois de ter
lido o “Quase”. Sarah respondeu ao comentário afirmando ser ela a autora do texto. A maioria
não acreditou.
O fato é que ela já nem liga mais por não receber os elogios do famoso texto. Há
poucos meses, caiu-lhe em mãos o diploma de formatura de 2004 do antigo colégio, o mesmo
em que tempos atrás escrevera “Quase”. A crônica estava impressa no diploma, com a
assinatura de Verissimo.
– O pior é que continuo encalhada. Eu já poderia ter escrito uma Bíblia sobre os foras
que já recebi – brinca.

Disponível em <http://www.observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: 05 set. 2013.

4. “Sarah conta que ficou envergonhada, pois, depois de um certo tempo, já não gostava mais
do texto e não o achava digno de um escritor do talento de Luis Fernando Verissimo.”

Considerando-se a relação sintático-semântica entre os termos desse período, é correto


afirmar que
a) o conectivo “pois” possui valor conclusivo.
b) a expressão “depois de um certo tempo” tem função de aposto.
c) o termo “digno” refere-se ao pronome “o” que, por sua vez, retoma “texto”.
d) o trecho “de um escritor do talento de Luis Fernando” completa o sentido do verbo gostar.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Sinal dos tempos

Na semana passada, os jornais do mundo inteiro noticiaram, com alarde, o lançamento


de um novo aparelho celular, desses que fazem de tudo e mais um pouco. Nas redes sociais, o
assunto “bombou”, como se fosse um grande acontecimento. Os consumidores deslumbrados
e os aficionados por tecnologia ficaram, é claro, ansiosos para comprar o brinquedinho –
alçado (até que surja um modelo mais incrementado) a condição de preciosidade do ano.
Uma frase no Twitter, entretanto, chamou-me a atenção no meio de toda essa euforia.
Dizia mais ou menos o seguinte: “quando as manchetes do mundo são o lançamento de um
celular, algo está errado com o mundo”. Concordo e assino embaixo. Não por ser contra o
avanço tecnológico, muito pelo contrário.
O que me incomoda é, sim, a submissão neurótica das pessoas a essas novidades e a
tudo o que recebe o rótulo de “último lançamento”.
Não deixa de ser patético, por outro lado, o descompasso entre os lançamentos
tecnológicos e os serviços prestados à sociedade para o uso dessas novidades, como ocorre
no Brasil. Em matéria de telefonia e acesso à internet, por exemplo, sabemos que os preços
daqui são de Primeiro Mundo, enquanto os serviços são de quinta categoria. Os aparelhos
estão cada vez mais sofisticados e acessíveis, o consumo atinge mais e mais pessoas de
diferentes extratos sociais, mas o serviço está cada vez pior e com preços cada vez mais
abusivos. Histórias de pessoas que ficam dias sem acesso à internet, por falta de assistência
das operadoras, multiplicam-se. Sinais que despencam durante ligações telefônicas tornaram-
se recorrentes. Agora mesmo, escrevo sem internet em casa, por causa do descaso da
operadora. Isso ocorreu duas vezes em menos de um mês. Na primeira, foram três dias sem
sinal e sem assistência técnica. Na segunda, o jeito foi cancelar a linha e contratar o serviço de
outra empresa. Enquanto não instalam a nova linha, a internet do celular tem quebrado o galho,
apesar de o sinal cair a toda hora.
Um outro descompasso – este de ordem social – concerne as pessoas que não têm
acesso às novas tecnologias e são obrigadas a usá-las a todo custo. É o caso de dona
Geralda, que nasceu na roça e veio para a cidade trabalhar como faxineira. Hoje aposentada,
vive com a irmã num bairro pobre e distante. Quando soube, no mês passado, que tinha direito
a um benefício, a ser solicitado num órgão público, ela pegou dois ônibus e foi até lá. Depois de
enfrentar a fila das prioridades, foi finalmente recebida pelo atendente que, em tom burocrático
e ar displicente, lhe disse: “A senhora pode estar preenchendo o formulário na internet”.

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Confusa, dona Geralda disse que não tinha computador e nem sabia direito o que é
internet. O rapaz insistiu: “É só pedir alguém para estar preenchendo para a senhora”. “Mas
quem? Só tenho a minha irmã, que não mexe com essas coisas”, ela retrucou. “Então a
senhora vai a um cybercafé, que lá eles fazem tudo. Tem um logo ali, na esquina.” – foi a
resposta. E ela: “Sambacafé? O que é isso?”. O moço, então, despachou-a com impaciência,
repetindo que o formulário tinha que ser preenchido pela internet e ponto final. A ele cabia a
tarefa de fazer o cadastro, mas preferiu fazer andar a fila.
Sim, algo está errado com o mundo.

MACIEL, Maria Esther. Estado de Minas. Belo Horizonte, 18 set. 2012. Caderno Cultura.
Disponível em: <http://impresso.em.com.br/>. Acesso em: 18.set.2012.

5. “Em matéria de telefonia e acesso à internet, por exemplo, sabemos que os preços daqui
são de Primeiro Mundo, enquanto os serviços são de quinta categoria”.

O conectivo grifado estabelece uma relação sintático-semântica de


a) causa.
b) contraste.
c) conformidade.
d) consequência.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


O coração roubado

Eu cursava o último ano do primário e como já estava com o diplominha garantido, meu
pai me deu um presente muito cobiçado: Coração, famoso livro do escritor italiano Edmondo de
Amicis, bestseller mundial do gênero infantojuvenil. Na página de abertura lá estava a
dedicatória do velho, com sua inconfundível letra esparramada. Como todos os garotos da
época, apaixonei-me por aquela obra-prima e tanto que a levava ao grupo escolar da Barra
Funda para reler trechos no recreio.
Justamente no último dia de aula, o das despedidas, depois da festinha de formatura,
voltei para a classe a fim de reunir meus cadernos e objetos escolares, antes do adeus. Mas
onde estava o Coração? Onde? Desaparecera. Tremendo choque. Algum colega na certa o
furtara. Não teria coragem de aparecer em casa sem ele. Ia informar à diretoria quando,
passando pelas carteiras, vi a lombada do livro, bem escondido sob uma pasta escolar. Mas...
era lá que se sentava o Plínio, não era? Plínio, o primeiro da classe em aplicação e
comportamento, o exemplo para todos nós. Inclusive o mais limpinho, o mais bem penteadinho,
o mais tudo. Confesso, hesitei. Desmascarar um ídolo? Podia ser até que não acreditassem em
mim. Muitos invejavam o Plínio. Peguei o exemplar e o guardei em minha pasta. Caladão. Sem
revelar a ninguém o acontecido. Lembro do abraço que Plínio me deu à saída. Parecia
segurando as lágrimas. Balbuciou algumas palavras emocionadas. Mal pude retribuir, meus
braços se recusavam a apertar o cínico.
Chegando em casa minha mãe estranhou que eu não estivesse muito feliz. Já
preocupado com o ginásio? Não, eu amargava minha primeira decepção. Afinal, Plínio era um
colega que devíamos imitar pela vida afora, como costumava dizer a professora. Seria mais
difícil sobreviver sem o seu exemplo. Por outro lado, considerava se não errara em não delatá-
lo. “Vocês estão todos enganados, e a senhora também, sobre o caráter de Plínio. Ele roubou
meu livro. E depois ainda foi me abraçar...”.
Curioso, a decepção prolongou-se ao livro de Amicis, verdadeira vitrina de qualidades
morais dos alunos de uma classe de escola primária. A história de um ano letivo coroado de
belos gestos. Quem sabe o autor não conhecesse a fundo seus próprios personagens. Um
ingênuo como nossa professora. Esqueci-o.
Passados muitos anos reconheci o retrato de Plínio num jornal. Advogado, fazia rápida
carreira na Justiça. Recebia cumprimentos. Brrr. Magistrado de futuro o tal que furtara meu
presente de fim de ano! Que toldara muito cedo minha crença na humanidade! Decidi falar a
verdade. Caso alguém se referisse a ele, o que passou a acontecer, eu garantia que se tratava
de um ladrão. Se roubava já no curso primário, imaginem agora... Sempre que o rumo de uma
conversa levava às grandes decepções, aos enganos de falsas amizades, eu contava, a quem

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quisesse ouvir, o episódio do embusteiro do Grupo Escolar Conselheiro Antônio Prado, em


breve desembargador ou secretário de Justiça.
− Não piche assim o homem – advertiu-me minha mulher.
− Por que não? É um ladrão!
− Mas quando pegou seu livro era criança.
− O menino é o pai do homem – rebatia, vigorosamente.
Plínio fixara-se como um marco para mim. Toda vez que o procedimento de alguém me
surpreendia, a face oculta de uma pessoa era revelada, lembrava-me irremediavelmente dele.
Limpinho. Penteadinho. E com a mão de gato se apoderando de meu livro.
Certa vez tomara a sua defesa:
− Plínio, um ladrão? Calúnia! Retire-se da minha presença!
Quando o desembargador Plínio já estava aposentado mudei-me para meu endereço
atual. Durante a mudança alguns livros despencaram de uma estante improvisada. Um deles,
Coração, de Amicis. Saudades. Havia quantos anos não o abria? Quarenta ou mais? Lembrei
da dedicatória de meu falecido pai. Ele tinha boa letra. Procurei-a na página de rosto. Não a
encontrei. Teria a tinta se apagado? Na página seguinte havia uma dedicatória. Mas não
reconheci a caligrafia paterna.
“Ao meu querido filho Plínio, com todo amor e carinho de seu pai”.

REY, Marcos. O coração roubado. In: MACEDO, Adriano (org.). Retratos da escola. Belo
Horizonte: Autêntica. 2012. p. 69-71.

6. O conectivo “como” estabelece uma relação sintático-semântica de causa em


a) “Plínio fixara-se como um marco para mim.”
b) “Afinal, Plínio era um colega que devíamos imitar pela vida afora, como costumava dizer a
professora.”
c) “Eu cursava o último ano do primário e como já estava com o diplominha garantido, meu pai
me deu um presente muito cobiçado (...)”.
d) “Como todos os garotos da época, apaixonei-me por aquela obra-prima, é tanto que a levava
ao grupo escolar da Barra Funda para reler trechos no recreio”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A evolução das teorias

Os cientistas têm todo tipo de explicação para o surgimento dos humanos – da dança à
rebeldia adolescente. Alguma delas vai resistir à pressão seletiva?

O que nos tornou humanos? Até pouco tempo atrás, havia poucas teorias para explicar
o salto evolutivo que conferiu a nossos ancestrais a capacidade de raciocinar. 2O polegar
opositor era uma candidata - deu a um grupo de hominídeos a chance de fazer movimentos de
pinça, com os quais pôde produzir ferramentas. Outra tese era a linguagem. A possibilidade de
falar nos fez criar símbolos, a essência de uma cultura. Uma terceira teoria era a vida em
grupo. A necessidade de memorizar rostos e saber quem era fiel, quem traía, quem estava
acima ou abaixo na hierarquia social teria dado origem a nossa inteligência.
1
Todas essas teses são ótimas. Mas não chamam mais a atenção. Em seu lugar, uma
série de hipóteses mais ousadas tem ganhado espaço no meio científico. 5A mais recente é
que devemos nossa inteligência... aos animais. Em artigo na revista Current Antropology, a
americana Pat Shipman, da Universidade da Pensilvânia, diz que nossos ancestrais tiveram de
entender o comportamento dos animais porque eram presas e, a partir da criação de
ferramentas, também predadores. “Esse entendimento levou à linguagem e, em um último
estágio, à domesticação dos animais”, me disse Shipman por e-mail.
Se você acha essa ideia esquisita, que tal a tese de que nós viramos humanos porque
aprendemos a cozinhar? Ou porque gostamos de música? 3Ou - a minha preferida - porque
nossos adolescentes são mais chatos que os adolescentes dos outros animais? Todas elas
foram defendidas nos últimos dois anos.
A evolução das teorias sobre nossa evolução tem um motivo: a seleção natural das
pautas de revistas científicas. Quanto mais inusitada a proposta, mais chance de chamar a
atenção - e de ser publicada.

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Isso não quer dizer que elas não tenham mérito. Se não soubéssemos cozinhar, por
exemplo, nosso maxilar teria de ser muito mais desenvolvido para mastigar alimentos duros e
nosso estômago teria de ser maior (como o dos chimpanzés). Sobrariam menos espaço e
energia para o cérebro.
4
O problema não é com as teorias inusitadas em si, mas com o próprio fato de procurar
a atividade isolada que nos tornou humanos. “Procurar por um único aspecto é perda de
tempo”, diz o psicólogo americano Michael Gazzaniga, da Universidade da Califórnia. “Posso
falar porque já tentei”. E ainda tenta. Gazzaniga hoje aposta que nos tornamos humanos ao
aprender a controlar impulsos e postergar o prazer.
“Cada evento em nossa evolução, seja cantar, cozinhar ou domesticar animais, é
consequência de uma necessidade, que levou à outra”, diz o etólogo Eduardo Ottoni, da
Universidade de São Paulo. E a necessidade de criar teorias, de onde terá vindo?

BUSCATO, Marcela. Revista Época, Rio de Janeiro, 23 ago. 2010, n. 640, p. 132.

7. Considere a passagem seguinte.


“Se você acha essa ideia esquisita, que tal a tese de que nós viramos humanos porque
aprendemos a cozinhar? Ou porque gostamos de música? Ou - a minha preferida - porque
nossos adolescentes são mais chatos que os adolescentes dos outros animais?”
A relação sintático-semântica estabelecida pelo conectivo em destaque não foi interpretada
corretamente em:
a) “Se você acha essa ideia esquisita...” - Condição
b) “Ou - a minha preferida - ...” - Alternância
c) “... porque aprendemos a cozinhar?” – Consequência
d) “... que os adolescentes dos outros animais?” - Comparação

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Já se sentiu vítima de algum tipo de marginalização e/ou discriminação dentro de sua
universidade?
Infelizmente, devo dizer que sim. Não se trata de discriminação ou marginalização pelo fato de
ser brasileiro, porém. Trata-se de uma dificuldade (talvez natural) que tem um "novo imigrante"
em penetrar na "elite" da 1sociedade local, que controla as posições de poder. Essa elite é
constituída por pessoas que estudaram juntas na escola, que fizeram o serviço militar juntas,
que pertencem ao mesmo partido político, etc. e que se apóiam mutuamente. Tive a
2
oportunidade de sentir esse tipo de 3hostilidade quando fui eleito diretor da Faculdade de
Ciências Humanas. Cheguei mesmo a ouvir expressões como "a máfia latino-americana em
nossa faculdade", quando somos nada mais que dois professores titulares de procedência
latino-americana. Mas, verdade seja dita, trata-se de uma hostilidade proveniente dos que
estavam habituados ao poder e não se conformavam em perdê-lo.
A maioria não só me elegeu, mas também me apoiou e continua apoiando as reformas que
instituí em minha 4gestão.
DASCAL, Marcelo. Entrevista publicada no caderno Mais / Folha de S. Paulo, 18/05/2003.

8. Certos substantivos participam do processo de coesão textual quando recuperam alguma


informação ou conceito já enunciado.
O termo do texto que tem esta função é:
a) sociedade (ref. 1)
b) oportunidade (ref. 2)
c) hostilidade (ref. 3)
d) gestão (ref. 4)

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Gabarito:

Resposta da questão 1:
[B]

Enquanto no 3º verso o eu lírico afirma algo que a poesia não é, no 4º verso ele traz a real
característica que pertence à poesia. Assim, há uma relação de adversidade, isto é, de
oposição entre os dois versos, podendo eles serem reescritos com uma conjunção adversativa:
“Poesia não são formas, MAS são gritos que se escrevem”.

Resposta da questão 2:
[C]

O trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”


estabelece uma relação de condição com a oração “o rato deixa de fazer essa vocalização”.
Assim, é correta a opção [C], pois, segundo o autor, os ratos só deixarão de fazer a
vocalização se os cientistas causarem um dano nos seus cérebros.

Resposta da questão 3:
[A]

O pronome “daquilo” foi usado cataforicamente por antecipar uma informação presente na
sequência posterior, com os elementos sintáticos formadores do aposto enumerativo
(“gentileza, bom humor, inteligência, simpatia”). Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 4:
[C]

Em [A], “pois” possui valor causal.


Em [B], “depois de um certo tempo” é adjunto adverbial de tempo.
Em [C], as referências estão corretas: o pronome “o” retoma “texto”, caracterizado por “digno”.
Em [D], o complemente do verbo “gostar” é “do texto”.

Resposta da questão 5:
[B]

É correta a opção [B], pois, no contexto, a conjunção adversativa “enquanto” sugere noção
sintático-semântica de contraste entre preços elevados e serviços insatisfatórios de telefonia e
acesso à internet no Brasil.

Resposta da questão 6:
[C]

Na frase: “Eu cursava o último ano do primário e como já estava com o diplominha garantido,
meu pai me deu um presente muito cobiçado”, a conjunção “como” apresenta relação sintático-
semântica de “causa”, e pode, sem alteração de sentido, ser substituída por “porque”, “visto
que”, “já que”, “uma vez que”.

Resposta da questão 7:
[C]

A relação sintático-semântica está corretamente interpretada em todas as opções, exceto em


[C], pois a conjunção “porque” estabelece relação de causa e não consequência.

Resposta da questão 8:
[C]

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Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 22/10/2023 às 19:19


Nome do arquivo: COES?O TEXTUAL_FICHADIGITAL

Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo

1.............167324.....Média.............Português......G1 - ifal/2017........................Múltipla escolha

2.............165287.....Elevada.........Português......Enem/2016...........................Múltipla escolha

3.............165993.....Elevada.........Português......Enem 2ª aplicação/2016......Múltipla escolha

4.............130673.....Elevada.........Português......G1 - cftmg/2014...................Múltipla escolha

5.............123742.....Baixa.............Português......G1 - cftmg/2013...................Múltipla escolha

6.............123759.....Média.............Português......G1 - cftmg/2013...................Múltipla escolha

7.............104747.....Média.............Português......G1 - cftmg/2011...................Múltipla escolha

8.............53748.......Não definida. .Português......Uerj/2004..............................Múltipla escolha

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Estatísticas - Questões do Enem

Q/prova Q/DB Cor/prova Ano Acerto

2..............................165287..........azul.................................2016...................22%

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