Trauma Crânio-Encefálico em Cães e Gatos

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Trauma Crânio-encefálico em

cães e gatos
ABORDAGEM NO PACIENTE POLITRAUMATIZADO
Forças mecânicas externas aplicadas ao encéfalo e às estruturas que o
circundam geram interrupção da função encefálica.
Causas:

Traumas automobilísticos;

Lesões por projéteis balísticos;

Ataque de outros animais;

Quedas.

Lesões podem ser: Primária ou Secundária.


Lesão PRIMÁRIA
Isso ocorre imediatamente após o impacto, iniciando uma série de processos
bioquímicos que resultam na lesão secundária.
Dano traumático mecânico direto;
Envolve o rompimento de estruturas intracranianas no momento do evento
traumático;
Concussão, Contusão, Laceração, Hematoma, Lesão axonal difusa;

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A lesão vascular direta pode resultar em hemorragia intracraniana e edema
vasogênico.
Contusão

Lesão moderada a severa;

Laceração no parênquima cerebral;

Hemorragia parenquimatosa ou edema;

São observadas áreas cicatriciais.

Concussão

Lesão leve;

Perda transitória de consciência;

Sem lesões macro ou microscópicas.

Laceração

Lesão mais grave;

Hemorragia em parênquima cerebral e edema;

Devido a fratura de crânio e feridas penetrantes;

Sequelas são comuns e ocorrem devido à liberação de mediadores


inflamatórios, lesão axonal e hemorragia contínua.

Lesão SECUNDÁRIA

Mais importante;
Ela é causada por uma combinação de eventos vasculares, alterações físicas,
bioquímicas e eletrolíticas que exacerbam os efeitos deletérios da lesão
primária.

Causa:

Hemorragia;

Aumento da pressão intracraniana por edema e/ou comprometimento da


barreira hematoencefálica;

Alteração na reativadade vascular cerebral;

Podem ter causas intra ou extracranianas.

Causa Intracranianas

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Hematomas;

Edema encefálico;

Infecções.

Causa Extracranianas

Hipotensão;

Hipóxia;

Hipercapnia;

Alterações na coagulação inferior.

PIC (aumento da pressão intracraniana)


Ambas as lesões 1 e 2 contribuem para o aumento na PIC;

Crânio: parênquima encefálico, sangue arterial e venoso, e líquido


cefalorraquidiano (LCR).

Equilíbrio dinâmico;

Complacência intracraniana (CI) - reduz à medida que a PIC aumenta;

PIC aumenta além destes limites de compensação, a perfusão encefálica é


comprometida e ocorre isquemia do tecido encefálico.

FSE diminui e com isso a aumento de dióxido de carbono, percebido pelo


centro vasomotor.

O centro inicia a resposta do SN simpático levando ao aumenta da pressão


arterial (PAM), como tentativa de manter a pressão de perfusão encefálica
(PPC).

PIC aumentada —> reflexo de Cushing: Resposta cerebral isquêmica levando a


bradicardia reflexa.

REFLEXO DE CUSHING

↑ PIC além dos limites compensatórios;

Diminuição do fluxo sanguíneo cerebral, aumentando o nível de CO2;

Ativa centro de controle vasomotor no local;

Resposta do SN simpático que ↑ a PAM e assim também a PPC;

Hipertensão sistêmica é detectada pelos barorreceptores das artérias


carótidas e do

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arco aórtico.

Previne dano tecidual resultante de hipertensão grave.

COMPLICAÇÕES

Trauma torácico

Hérnia diafragmática;

Pneumotórax;

Contusão pulmonar.

Trauma crânio-encefálico

Cuidados iniciais

Avaliar o paciente quanto ao ABCDE do trauma;

A - vias aéreas: avaliadas em primeiro lugar para assegurar a sua potência.


Diagnosticar sinais de obstrução das vias aéreas como presença de corpos
estranhos e fraturas faciais, que possam resultar em obstruções.

B - respiração e ventilação: uma boa ventilação exige o funcionamento


adequado dos pulmões, da parede torácica e do diafragma.

C - circulação e controle de hemorragia: a hemorragia é a principal causa


de mortes pós-traumáticas. A sua gravidade pode levar o paciente à
hipovolemia severa, diminuição na perfusão tecidual e choque
hipovolêmico

D - deambulação/avaliação neurológica: após avaliação da circulação


realiza-se uma avaliação neurológica rápida.

E - exposição e controle da temperatura: inicia-se o exame detalhado do


paciente em busca de outras lesões decorrente do trauma.

Estabilização Física do Paciente;

Decúbito Lateral e estabilização do corpo em bloco;


Plano Inclinado em 30º (Cabeça, corpo e membros); reduz o PIC.

Maximiza a drenagem arterial e venosa; veias jugulares não podem ser


comprimidas, uma vez que isto elevaria imediatamente a PIC, por isso o
paciente deve ficar com a cabeça e tórax elevado.

Se houver êmese, movimentar animal em bloco de modo a evitar aspiração;

Exame neurológico

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Mostra quais estruturas do sistema nervoso estão acometidas e a
gravidade da
lesão;

Avaliação do estado mental, função motora, reflexos espinhais, tamanho e


resposta pupilar e ao posicionamento e movimentação dos olhos;

Avaliar Nível de Consciência

Os escores de todas as categorias são somados para determinar a pontuação


final do paciente
que varia de 3 a 18 pontos.

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Observar reflexos pupilares = midríase bilateral irresponsiva tem prognóstico
ruim = PIOR RESPOSTA!

Diagnóstico

Exame neurológico + localização da disfunção cerebral;

Paciente geralmente politraumatizado;

Realizar auscultação cuidadosa;

Arritmias cardíacas;

Exame físico;

Radiografia;

TC;

Avaliação sensível de fraturas de crânio sutis hemorragia aguda = melhor


indicador para neurocirurgia;

RM;

Avaliação de hemorragias, coágulos, tumor e edemas.

Terapia medicamentosa

Fluidoterapia:

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Cristalóides isotônicos:
• Cão: 25 - 40 ml/kg/h (choque)
• Gato: 20 - 40ml/kg/h (choque)

Extravasa para o interstício após 1h de adm;

EDEMA CRANIANO;

Utilizar para repor a diurese imposta por soluções hipertônicas e


também por Manitol;

S. Salina Hipertônica: aumenta p. hidrostática;

Drena fluido intersticial e intracelular para o vaso;

Aumento de PA;

Aumento de PPC;

Diminuição de PIC;

Evitar na presença de desidratação sistêmica.

Hiperosmolar:

Reverte o gradiente osmótico e assim reduz o volume de fluido


extracelular e
dano cerebral;

Bolus em 10 minutos doses de 0,25 1 mg/kg 1g/kg;

Segundo Platt et al. 2008:

Manitol 1g/kg rotina;

Não usar em animais desidratados.

Terapia médica específica:

Hiperventilação/oxigenação;

Tratamento hiperosmolar;

Controle da P.A;

Cirurgia;

NÃO USAR CORTICOÍDES ( MORTALIDADE, Imunossupressão)


Quando indicar cirurgia?

Pré requisito: Localização EXATA POR TC ou RM;

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Descompressão/associação com tto clínico;

Déficit neurológico grave;

Remoção de hematoma;

Hemostasia;

Redução de fratura e remoção de fragmento craniano;

Possibilidades IC;

Craniotomia;

Hematomas agudos extra axiais;

Coágulos intraparenquimatosos diags por RM;

Hipertensão Craniana;

Observações:

A inalação de anestésicos elevam a PIC;

Barbitúricos diminuem a taxa metabólica cerebral e assim


diminuem a PIC;

Diminuição da taxa metabólica cerebral;

Hipotensão sistêmica = aumenta PIC.

Questões

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