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Journal of Hyperspectral Remote Sensing v.11, n.4 (2021) 242-253

JOURNAL Hyperspectral
SYSTEMS www.periodicos.ufpe.br/revistas/jhrs Remote Sensing
ISSN:2237-2202 www.ufpe.br/jhrs

Morphometric characterization of the Jaboatão river basin, in Pernambuco, using Digital Elevation
Models from a LiDAR sensor

Amaury G. Pessoa Neto*, Anna E. P. Soares**, Simone R. da Silva***, Suzana M. G. L. Montenegro****

*Mestrando em Engenharia Civil; Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco – Poli/UPE, Rua Benfica, 455, Madalena,
Recife – PE - Brasil. Email: [email protected] (Corresponding author)
**
Doutoranda em Engenharia Civil; Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Email: [email protected]
***
Dra.; Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco - Poli/UPE. Email: [email protected]
****
Ph.D.; Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Email: [email protected]

Received 10 October 2021; accepted 18 November 2021

Abstract

The morphometric characterization of a hydrographic basin is a useful knowledge for the planning and management of water
resources, since there is a close relationship between the physical characteristics of a basin and its hydrological regime. Obtaining
these characteristics can be performed effectively using Digital Elevation Models (DEM's) in a Geographic Information System
(GIS) environment. Thus, this study sought to analyze, using geoprocessing technology, the morphometric characteristics of the
Jaboatão river basin, in Pernambuco. For this, DEM's from a LiDAR sensor were used, which were manipulated in UTM
coordinates (zone 25 S) in the Geocentric Reference System for the Americas (SIRGAS 2000) through the free software QGIS
(version 3.10.9), where they were submitted to techniques of pre-processing, such as, reprojection and elimination of negative and
spurious pixels, so that it was possible to carry out the delimitation of the basin and the extraction of the hydrographic network.
From these techniques, it was possible to obtain the geometric, hydrographic and relief characteristics of the studied region, which
allowed us to verify that the Jaboatão river basin has a low propensity to floods, in medium precipitation conditions, elongated
shape, comprising a regular drainage system, its main river is very winding and has low altitudes, ranging from 0.00 to 438.00 m,
characterized as an area consisting of plains and hills. Through the results obtained, the use of GIS stands out as a viable and agile
alternative to assist in the management of the basin and promote adequate environmental planning.
Keywords: geometric, hydrographic and physical characteristics, planning and management of water resources, Geographic
Information System.

Caracterização morfométrica da bacia hidrográfica do rio Jaboatão, em Pernambuco, utilizando

Modelos Digitais de Elevação provenientes de sensor LiDAR
Resumo

A caracterização morfométrica de uma bacia hidrográfica consiste numa ferramenta útil ao planejamento e gestão dos recursos
hídricos, uma vez que há uma estreita relação entre as características físicas de uma bacia e seu regime hidrológico. A obtenção
dessas características pode ser realizada de maneira eficaz utilizando Modelos Digitais de Elevação (MDE’s) em ambiente de
Sistema de Informações Geográficas (SIG). Assim, este estudo buscou analisar, a partir da tecnologia do geoprocessamento, as
características morfométricas da bacia hidrográfica do rio Jaboatão, em Pernambuco. Para isso, foram utilizados MDE’s
provenientes de sensor LiDAR que foram manipulados em coordenadas UTM (zona 25 S) no Sistema de Referência Geocêntrico
para as Américas (SIRGAS 2000) através do software livre QGIS (versão 3.10.9), onde foram submetidos à técnicas de pré-
processamento, tais como, reprojeção e eliminação de pixels negativos e espúrios, para que fosse possível realizar a delimitação da
bacia e a extração da rede hidrográfica. A partir dessas técnicas, foi possível obter as características geométricas, hidrográficas e de
relevo da região estudada, o que permitiu verificar que a bacia do rio Jaboatão possui baixa propensão a enchentes, em condições
médias de precipitação, formato alongado, compreende um sistema de drenagem regular, seu rio principal é bastante sinuoso e
apresenta baixas altitudes, variando de 0,00 m a 438,00 m, se caracterizando como uma área constituída por planícies e colinas. Por
meio dos resultados obtidos, destaca-se a utilização do SIG como uma alternativa viável e ágil para auxiliar na gestão da bacia e
promover um planejamento ambiental adequado.
Palavras-Chave: características geométricas, hidrográficas e de relevo, planejamento e gestão dos recursos hídricos, Sistema de
Informações Geográficas.

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1. Introdução Dentre as diversas aplicações do SIG, o
processamento de modelos digitais de elevação (MDE’s),
A bacia hidrográfica pode ser definida como oriundos de dados Shuttle Radar Topography Mission
uma região de drenagem de um rio e seus afluentes, onde (SRTM) ou de sensor LiDAR, possibilita a realização da
as águas precipitadas escoam convergindo para um único representação do caminho preferencial de escoamento da
ponto de saída, o exutório, ou infiltram no solo para água superficial numa bacia hidrográfica, bem como a
formação de nascentes e do lençol freático (Mendes, extração de características e índices físicos como a forma,
2018; Alves et al., 2019; Duarte et al., 2019; Dias et al., as dimensões, o sistema de drenagem e o relevo, que
2020; Lima et al., 2020; Souza et al., 2021). A quando relacionados através dos modelos matemáticos
delimitação de uma bacia hidrográfica é determinada por propostos por Horton (1932, 1945), Kirpich (1940),
um divisor topográfico, que consiste em uma linha Müller (1953), Schumm (1956, 1963), Melton (1957),
imaginária que passa pelos pontos de maiores altitudes Strahler (1957), Christofoletti (1969), Villela e Mattos
da região, ao redor da rede de drenagem, interceptando-a (1975) é possível realizar a sua caracterização
apenas no exutório (Mendes, 2018; Silva et al., 2020). morfométrica (Furlam et al., 2018; Lopes et al., 2018;
No Brasil, a Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de Alves et al., 2020; Silva et al., 2020; Soares e Galvíncio,
1997, estabelece a Política Nacional de Recursos 2020; Souza et al., 2021).
Hídricos (PNRS), definindo as bacias hidrográficas Dentro desse contexto, Lira et al. (2020)
como unidades territoriais de planejamento político, analisaram as características morfométricas, hidrológicas
hídrico e social (Brasil, 1997). Para Soares e Galvíncio e pluviométricas da bacia hidrográfica do rio Piriá,
(2020), a gestão de bacias hidrográficas abrange uma situada no estado do Pará, com o objetivo de verificar a
série de tomada de decisões, como as formas de uso e susceptibilidade dessa bacia a enchentes, além contribuir
estoque de água, de modo que o acesso a esse bem seja no auxílio à gestão e planejamento dos recursos hídricos
garantido na atualidade e no porvir. Por ser uma unidade da região.
de planejamento tão complexa e que compreende Silva et al. (2020) realizaram a caracterização
diversos elementos naturais e antrópicos que interagem morfométrica da bacia hidrográfica do igarapé Capitão
constantemente, torna-se bastante relevante o Poço, no Pará, comparando os resultados gerados por
conhecimento de todas as características de uma bacia Modelos Digitais de Elevação com diferentes resoluções
hidrográfica (Parente et al., 2020). (SRTM 92,57 m, SRTM 30 m e ALOS-PALSAR 12,5
A caracterização morfométrica de uma bacia m). Nesse estudo, os autores observaram inconsistência
hidrográfica estabelece um conjunto de procedimentos altimétrica dos dados ALOS-PALSAR, com relação aos
que efetuam a análise quali-quantitativa de seus aspectos demais modelos, mas o mesmo se mostrou eficiente
geométricos e hipsométricos, determinando quanto à sua resolução e detalhamento para análise de
condicionantes de grande importância para avaliação de declividades.
seu comportamento hidrológico (Guerra et al., 2015; O trabalho de Santos e Mariano (2017) teve por
Alves et al., 2020; Parente et al., 2020; Soares e objetivo analisar, com auxílio do SIG, a delimitação
Galvíncio, 2020). Desta forma, de acordo com Parente automática das informações fisiográficas da bacia
(2020) o conhecimento das características morfométricas hidrográfica do rio Tatuoca, localizada no município de
possibilitam que intervenções sejam realizadas na bacia Ipojuca-PE, utilizando dados SRTM. Os resultados desse
com maior eficiência, favorecendo o seu planejamento, estudo confirmam valores de área compatíveis aos
de modo a prevenir impactos ambientais e desastres de obtidos com base em cartas topográficas.
origem natural. Soares e Galvíncio (2020) apresentaram as
Nesse contexto, dentre as técnicas para características fisiográficas da bacia hidrográfica do rio
realização da delimitação e caracterização morfométrica Beberibe, em Pernambuco, e a influência que as mesmas
de bacias hidrográficas, se destaca a utilização do exercem sobre seus padrões hídricos. Para isso, foram
Sistema de Informações Geográficas (SIG). Para Crispim utilizados dados de alta resolução espacial provenientes
et al. (2021), as ferramentas SIG são amplamente do programa Pernambuco 3D, obtidos por meio de
utilizadas como subsídio para obtenção dessas sensor LiDAR.
características, sendo preferidas devido a agilidade no Na perspectiva da bacia hidrográfica do rio
processamento e a confiabilidade dos resultados, Jaboatão, em Pernambuco, onde há grande presença de
somando-se à grande capacidade de manipulação e planícies flúvio-marinhas e de terraços fluviais que
armazenamento de informações com alta resolução apresentam cotas altimétricas muito baixas (Badarau e
espacial. Listo, 2020), além de abranger zonas urbanas

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densamente povoadas, ter o conhecimento de suas Jaboatão, juntamente com a bacia do rio Pirapama,
características morfométricas é indispensável à gestão compõem o denominado Grupo 2 das bacias de
adequada dos recursos hídricos, prevenção de impactos pequenos rios litorâneos do estado de Pernambuco (GL-2)
ambientais e melhoria de resposta a eventos extremos, e compreende os seguintes municípios: Vitória de Santo
proporcionando um ambiente em que as pessoas Antão, Moreno, Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço
consigam conviver de forma harmoniosa com a água. da Mata, Cabo de Santo Agostinho e Recife (APAC,
Devido às características físico-naturais e 2021) (Figura 1). Dentre os municípios que integram a
alterações decorrentes de intervenções antrópicas, o bacia do rio Jaboatão, cinco estão situados na Região
presente estudo tem como objetivo analisar as Metropolitana do Recife (RMR) e apenas um, na Zona
características morfométricas da bacia hidrográfica do da Mata Sul do estado, ou seja, o município de Vitória de
rio Jaboatão, utilizando MDE’s provenientes de sensor Santo Antão, onde está localizada a nascente do rio
LiDAR, a fim de contribuir na gestão e planejamento dos Jaboatão.
recursos hídricos dessa região. Acerca da geomorfologia, a bacia do rio
Jaboatão apresenta como unidades morfoestruturais: o
2. Material e métodos Piemonte Cristalino da Borborema, que abrange 78% da
área territorial e está situado entre a cabeceira e o trecho
Localização e Caracterização da Região do estudo do médio curso da bacia; o Planalto sedimentar litorâneo,
A bacia hidrográfica do rio Jaboatão está correspondente a 2% da área total da bacia e localizado
localizada na região litorânea do estado de Pernambuco, em sua porção nordeste; e a Planície flúvio-marinha, que
entre as coordenadas geográficas 08° 03’ 0” e 08° 14’ 0” representa 19% da bacia e compreende a parte sudeste,
de latitude sul e 34° 59’ 0” e 35° 15’ 30” de longitude onde está concentrada maior parte da população da
oeste (Silva e Girão, 2020). De acordo com a Agência região (Silva, 2018).
Pernambucana de Águas e Clima (APAC), a bacia do rio

Figura 1 - Localização da bacia hidrográfica do rio Jaboatão.

Segundo Silva e Girão (2020), a cobertura do curso é o urbano, abrangendo centros comerciais,
solo da bacia do rio Jaboatão é representada, industriais e residenciais.
principalmente, pela agropecuária, se destacando o A escolha da bacia hidrográfica do rio Jaboatão
cultivo da cana-de-açúcar e pastagem. Ainda de acordo como região de estudo se deu por apresentar distintas
com os autores, o uso predominante das áreas do baixo características físico-naturais e formas de uso, tornando

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o conhecimento das suas características físicas de grande pixels espúrios são considerados empecilhos ao
importância para avaliação de seu comportamento escoamento durante a aplicação de modelos hidrológicos,
hidrológico. sedimentológicos e de poluentes de origem difusa (Alves
Sobrinho et al., 2010).
Obtenção e tratamento do MDE
Para a delimitação e obtenção das características Delimitação automática da bacia
morfométricas da bacia do rio Jaboatão foi utilizado um A partir do tratamento do MDE foi possível
MDE, em formato raster, oriundo do Programa PE3D gerar arquivos com as informações de direções de fluxo
com resolução espacial de 30 m, que foi cedido pela e de declividade, através da função r.watershed. A partir
APAC. Nesse programa foi realizado um mapeamento, dessas informações e utilizando a função r.water.outlet,
pela Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos foi possível realizar a delimitação da bacia,
(SRHE) do estado de Pernambuco, por meio de uma determinando o ponto de exutório. Como a bacia foi
varredura a laser do terreno (LiDAR) que permitiu obter gerada em um arquivo raster, foi necessário a sua
com rapidez e qualidade as informações altimétricas de conversão para um arquivo no formato vetorial do tipo
todo estado pernambucano em resoluções espaciais de 1 polígono, para que fosse possível a extração dos valores
m e 0,5 m nas escalas 1:5000 e 1:1000, respectivamente geométricos, como área e perímetro.
(Cirilo et al. 2014).
Após a aquisição do MDE, o mesmo foi Caracterização morfométrica
processado no software livre QGIS (versão 3.10.9), onde, Após obtenção, no SIG, das camadas relativas às
inicialmente, seu sistema de coordenadas foi modificado área de drenagem e rede hidrográfica, a caracterização
para UTM e seu sistema geodésico para SIRGAS 2000, morfométrica da bacia do rio Jaboatão foi realizada por
fuso 25S. Em seguida, foram eliminados os pixels sem meio de modelos matemáticos que relacionam as suas
valores de elevação (espúrios), por meio da função características geométricas, a rede de drenagem e o
r.fill.dir. Essa operação torna-se necessária, pois os relevo. Esses modelos estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1 - Parâmetros e modelos matemáticos utilizados para determinação da caracterização morfométrica da bacia
hidrográfica do rio Jaboatão.
(continua)
Parâmetro Modelo
Descrição Unidade Fonte
Morfométrico Matemático
Características Geométricas
Determinado pelo Schumm
Área da bacia (A) Superfície total da bacia. km²
SIG (1956)
Determinado pelo Comprimento do divisor Schumm
Perímetro da bacia (P) km
SIG topográfico. (1956)
Comprimento axial da Determinado pelo Comprimento entre o exutório e o Schumm
km
bacia (La) SIG ponto mais longínquo da bacia. (1956)
Largura média da A Razão entre a área e o Horton
Lm = km
bacia (Lm) La comprimento axial da bacia. (1945)
Relaciona a forma da bacia com
P um círculo. Constitui a relação
Coeficiente de Horton
Kc = 0,28 × entre o perímetro da bacia e a Adimensional
compacidade (Kc) √A circunferência de um círculo de (1945)
área igual ao da bacia.
A Razão entre a área e o quadrado do Horton
Fator de forma (Kf) Kf = Adimensional
(La )2 comprimento axial da bacia. (1945)
A Relação entre a área e o perímetro
Índice de Müller
Kc = 12,57 × 2 da bacia. Tende a um, à medida Adimensional
circularidade (Ic) P que se aproxima da forma circular.
(1953)
Relação entre índices pré
Razão de elongação √A Schumm
Re = 1,128 × L determinados, a área e o Adimensional
(Re) a (1956)
comprimento axial da bacia.

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Tabela 1 - Parâmetros e modelos matemáticos utilizados para determinação da caracterização morfométrica da bacia
hidrográfica do rio Jaboatão.
(conclusão)
Parâmetro Modelo
Descrição Unidade Fonte
Morfométrico Matemático
Características Hidrográficas
Comprimento do rio Determinado pelo Comprimento entre a nascente e o Horton
km
principal (L) SIG exutório do rio principal. (1932)
Comprimento do Distância, em linha reta, entre a
Determinado pelo Horton
talvegue do rio nascente e o exutório do rio km
SIG (1932)
principal (Ltal) principal.
Comprimento total da Determinado pelo Somatório de todos os cursos Horton
km
rede hidrográfica (Lt) SIG d’água da bacia. (1932)
Correlaciona o comprimento total
dos canais ou rios com a área da
Densidade de Lt bacia hidrográfica. Para calcular o Horton
Dd = km/km²
drenagem (Dd) A comprimento devem ser medidos (1932)
tanto os rios perenes como os
temporários.
A sinuosidade de um curso
d'água é um fator controlador da
L velocidade do escoamento e é Schumm
Sinuosidade (S) Dd = Adimensional
Ltal definida pela relação entre o (1963)
comprimento do rio principal e o
comprimento do talvegue.
Relação entre o comprimento rio
Índice de sinuosidade (L − Ltal ) Schumm
Is = 100 × principal e o comprimento do %
(Is) L talvegue do rio principal.
(1963)
0,385 Tempo que a água leva do ponto Kirpich
Tempo de L3
Tc = 85,2 × ( ) mais distante até o exutório da min. Modificada
concentração (Tc) H
bacia. (1940)
Determinado pelo Strahler
Ordem da bacia Classificação hierárquica da bacia. Adimensional
SIG (1957)
Características do Relevo
Altitude máxima Determinado pelo Cota altimétrica de maior valor de
m -
(Hmax) SIG elevação.
Altitude mínima Determinado pelo Cota altimétrica de menor valor de
m -
(Hmin) SIG elevação.
Amplitude altimétrica Diferença entre as altitudes Strahler
ΔH = Hmáx − Hmin m
(ΔH) máxima e mínima da bacia. (1957)
ΔH Villela e
Declividade do rio S1 = Relação da amplitude altimétrica e
L m/km Matos
principal H85% − H10% do comprimento do rio principal.
S10−85 = (1975)
0,75 × L
Relação entre a amplitude
Índice de rugosidade Melton
Ir = ΔH × Dd altimétrica e a densidade de Adimensional
(Ir) (1957)
drenagem.
ΔH Relação entre a amplitude
Christofoletti
Relação de relevo (Rr) Rr = altimétrica e o comprimento do rio m/km
L principal.
(1969)
Fonte: Elaborada pelos autores, a partir de revisão de literatura.

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 Por fim, após a determinação dos valores uma classificação dos mesmos, conforme relação
referentes aos parâmetros morfométricos, foi realizada descrita na Tabela 2.

Tabela 2 - Valores de referência para classificação dos parâmetros morfométricos.

Parâmetro
Intervalo Unidade Descrição Fonte
Morfométrico
Características Geométricas
Coeficiente de 1,00 - 1,25 Bacia com alta propensão a enchentes
compacidade 1,26 - 1,50 Adimensional Bacia com tendência mediana a enchentes Horton (1945)
(Kc) > 1,50 Bacia não sujeita a enchentes
< 0,50 Bacia não sujeita a enchentes
Fator de forma
0,50 - 0,75 Adimensional Bacia com tendência mediana a enchentes Horton (1945)
(Kf)
0,76 - 1,00 Bacia sujeita a enchentes
Índice de 0,36 - 0,50 A bacia possui forma alongada
circularidade 0,51 - 0,75 Adimensional A bacia possui forma intermediária Müller (1953)
(Ic) 0,76 - 1,00 A bacia possui forma circular
< 0,50 A bacia possui forma muito alongada
0,51 - 0,70 A bacia possui forma alongada
Razão de
0,70 - 0,80 Adimensional A bacia possui forma pouco alongada Schumm (1956)
elongação (Re)
0,81 - 0,90 A bacia possui forma ovalada
> 0,90 A bacia possui forma circular
Características Hidrográficas
< 0,50 Bacia com drenagem pobre
0,50 - 1,50 Bacia com drenagem regular
Densidade de
1,51 - 2,50 km/km² Bacia com drenagem boa Horton (1932)
drenagem (Dd)
2,51 - 3,50 Bacia com drenagem muito boa
> 3,50 Bacia excepcionalmente bem drenada
≅ 1,00 O rio principal tende a ser retilíneo
Sinuosidade (S) Adimensional Schumm (1963)
> 2,00 O rio principal tende a ser tortuoso
< 20,00 O rio principal tende a ser muito retilíneo
20,00 - 30,00 O rio principal tende a ser retilíneo
Índice de
30,01 - 40,00 % O rio principal tende a ser divagante Schumm (1963)
sinuosidade (Is)
40,01 - 50,00 O rio principal tende a ser sinuoso
> 50,00 O rio principal tende a ser muito sinuoso
1 Improvável habitat de peixes
2 Baixas condições para habitação
Ordem da bacia Adimensional Strahler (1957)
3 Moderadas condições para habitação
≥4 Elevadas condições para habitação
Características do Relevo
< 150,00 Fraca
Índice de 150,00 - 550,00 Média
Adimensional Melton (1957)
rugosidade (Ir) 551,00 - 950,00 Forte
> 950,00 Muito forte
< 10,00 Razão de relevo baixa
Relação de Christofoletti
11,00 - 30,00 m/km Razão de relevo média
relevo (Rr) (1969)
31,00 - 60,00 Razão de relevo alta
Fonte: Elaborada pelos autores, a partir de revisão de literatura.

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3. Resultados e discussão expressando que a bacia não está sujeita a amplas
inundações. Para obtenção desses resultados foram
Características geométricas utilizados dados de elevação oriundos da missão SRTM
Os valores dos parâmetros oriundos da que foram processados no software ArcGIS.
caracterização geométrica da bacia hidrográfica do rio Resultados similares foram encontrados no
Jaboatão estão apresentados na Tabela 3. A partir da estudo de Farias et al. (2017) para a bacia hidrográfica
delimitação da bacia, foram obtidos os valores de área, do rio Goiana, também em Pernambuco, em que foi
perímetro e comprimento axial de 429,84 km², 209,56 verificado que essa bacia possui formato alongado e nela
km e 41,40km, respectivamente. Esses valores, ao serem há menos chances de ocorrência de enchentes em
relacionados, permitem o conhecimento da forma da situações normais de precipitação, visto que seu Kc
bacia, ou seja, se esta é mais alongada ou circular. corresponde a 2,37 e seu Ic, 0,17.

Tabela 3 - Características geométricas da bacia Características hidrográficas

hidrográfica do rio Jaboatão. Os parâmetros morfométricos de caracterização
Característica geométrica Valor hidrográfica estão expostos na Tabela 4. Os principais
índices da drenagem da bacia hidrográfica do rio
Área da bacia (A) 429,84 km² Jaboatão são os comprimentos do rio principal, do
Perímetro da bacia (P) 209,56 km talvegue do rio principal e da rede hidrográfica, que
Comprimento axial da bacia (La) 41,40 km resultaram, respectivamente, em 79,35 km, 40,42 km e
Largura média da bacia (Lm) 10,38 km 491,21 km. Esses valores influenciam diretamente nas
Coeficiente de compacidade (Kc) 2,83 características de densidade de drenagem da bacia e
Fator de forma (Kf) 0,25 sinuosidade do rio principal.
Índice de circularidade (Ic) 0,12
Razão de elongação (Re) 0,39 Tabela 4 - Características hidrográficas da bacia
Fonte: Elaborada pelos autores. hidrográfica do rio Jaboatão.
Característica hidrográfica Valor
A partir da definição do coeficiente de
compacidade (Kc), pode-se afirmar que a bacia Comprimento do rio principal (L) 79,35 km
hidrográfica do rio Jaboatão possui baixa propensão a Comprimento do talvegue do rio
40,42 km
enchentes em condições médias de precipitação. principal (Ltal)
Conforme Lopes et al. (2018), essa caracterização se Comprimento total da rede
491,21 km
justifica devido ao Kc apresentar o valor afastado do hidrográfica (Lt)
unitário. Densidade de drenagem (Dd) 1,14 km/km²
Acerca do fator de forma (Kf), o valor de 0,25 Sinuosidade (S) 1,96
representa que a referida bacia tem formato alongado e Índice de sinuosidade (Is) 49,06 %
pouca suscetibilidade de gerar enchentes. De acordo com Tempo de concentração (Tc) 25,44 h
Lira et al. (2020), valores de Kf próximo de 0, como o Ordem da bacia 5ª
valor encontrado para a bacia do rio Jaboatão, indicam Fonte: Elaborada pelos autores.
que a bacia tem pequeno risco de inundações e cheias
instantâneas, ao passo que para valores de Kf mais A densidade de drenagem (Dd) resultou em 1,14
próximo de 1, mais circular é a bacia e maior é a sua km/km². Esse parâmetro, segundo Souza et al. (2021),
tendência a gerar enchentes rápidas e acentuadas. permite classificar a bacia entre uma drenagem pobre ou
A caracterização do Kf da bacia do rio Jaboatão excepcional. No caso da bacia do rio Jaboatão, o
pode ser complementada com o índice de circularidade resultado encontrado demonstra que sua drenagem é
(Ic) e a razão de elongação (Re), sendo de 0,12 e 0,39, regular. Ainda de acordo com os referidos autores, a
respectivamente. Esses resultados demonstram que a densidade de drenagem reflete a propriedade de
bacia possui formato bastante alongado, corroborando transmissibilidade do terreno e, consequentemente, a
com o valor do Kf. suscetibilidade à erosão.
No trabalho realizado por Silva e Girão (2020) Em relação a sinuosidade (S) do rio principal, o
foram encontrados resultados semelhantes ao do presente valor encontrado foi de 1,96, indicando que o canal tende
estudo. Os referidos autores encontraram, para a bacia do a ser sinuoso ou tortuoso, uma vez que o resultado obtido
rio Jaboatão, os valores de área, perímetro e Kc de está muito próximo de 2,00. Corroborando esse resultado,
420,00 km², 190,34 km e 2,60, respectivamente, a taxa de 49,06% para o índice de sinuosidade (Is) indica

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a drenagem do rio principal é praticamente sinuosa, visto compreensão do comportamento do escoamento
que obteve um valor em torno de 50%. superficial na bacia hidrográfica, o qual está associado a
De acordo com Silva e Girão (2020), a bacia do diversos fenômenos que podem acarretar em prejuízos
rio Jaboatão apresenta padrão de drenagem dendrítico, socioeconômicos e ambientais no meio em que ocorrem.
em que o rio principal representa o “tronco” e os seus Ratificando os resultados das características
afluentes os “ramos de uma árvore”. Para os autores, hidrográficas do rio Jaboatão, encontrados neste estudo,
essa configuração se dá em virtude ao produto de um o trabalho de Silva e Girão (2020) apresentou para o
controle estrutural. A bacia é de quinta ordem, segundo a valor do comprimento do rio principal 75 km e para a
classificação de Strahler (1957), como pode ser sinuosidade, 1,99, sendo caracterizado pelos autores
observado na Figura 2. Para Vendrudcolo (2020), as como um rio sinuoso.
cinco ordens da bacia denotam elevadas condições para Na caracterização hidrográfica da bacia do rio
habitação de peixes e, consequentemente, a Beberibe, situada na RMR, Soares e Galvíncio (2020)
complexidade do ecossistema aquático. encontraram resultados que divergem dos alcançados
Outro parâmetro hidrográfico bastante neste estudo. Para a referida bacia, os autores obtiveram
importante é o tempo de concentração (Tc), que para a valores para a sinuosidade do rio principal e densidade
bacia do rio Jaboatão foi de 25,44 horas, ou seja, a bacia de drenagem de, respectivamente, 0,89 e 5,36 km/km²,
leva cerca de um dia, uma hora e 26 minutos para que indicando que o rio principal possui um perfil retilíneo, o
toda água precipitada chegue ao exutório. De acordo que intensifica a velocidade do escoamento, e que a
com Lira et al. (2020), por meio do Tc é permitida a bacia pode ser considerada como bem drenada.

Figura 2 - Hierarquia fluvial da bacia hidrográfica do rio Jaboatão.

Características do relevo de 438,00 m. O índice de rugosidade e a relação de

A caracterização do relevo da bacia do rio relevo foram de 500,54 e 5,52 m/km, sugerindo médio a
Jaboatão pode ser verificada na Tabela 5. As altitudes forte risco de degradação da bacia e baixa declividade
máxima e mínima da bacia foram de 438,00 m e 0,00 m, geral da bacia, ou seja, a velocidade da água que escoa
respectivamente, resultando numa amplitude altimétrica no sentido de seu maior comprimento também será baixa.

A.G. Pessoa Neto / Journal of Hyperspectral Remote Sensing 11(2021) 242-253 249
Tabela 5 - Características hidrográficas da bacia rio Jaboatão demonstram que o relevo da região se
hidrográfica do rio Jaboatão. apresenta por baixa altitude, se caracterizando como
planícies e colinas.
Característica de relevo Valor
Os valores obtidos para declividade do rio
Altitude máxima (Hmax) 438,00 m principal, cujo perfil longitudinal pode ser conferido na
Altitude mínima (Hmin) 0,00 m Figura 4, foram de 3,50 m/km (S1) e 3,42 m/km (S10-
Amplitude altimétrica (ΔH) 438,00 m 85), podendo ser considerada como baixa, o que é
Declividade do rio principal (S1) 3,50 m/km favorável à proteção da rede de drenagem. O parâmetro
Declividade do rio principal declividade, de acordo com Souza et al. (2021), interfere
3,42 m/km
(S10-85) diretamente na velocidade do escoamento da água no rio
Índice de rugosidade (Ir) 500,54 principal.
Relação de relevo (Rr) 5,52 m/km² Em estudo semelhante, Souza et al. (2021)
Fonte: Elaborada pelos autores. encontraram para a bacia do riacho do Navio, localizada
no sertão pernambucano, valores de altitude máxima e
A Figura 3 apresenta a distribuição da mínima da bacia de 1.075,00 m e 310 m,
hipsometria da bacia hidrográfica do rio Jaboatão, obtida respectivamente. Para o índice de rugosidade, os autores
a partir do MDE. Para Silva e Girão (2020), os distintos determinaram o valor de 380,00, que representa um
valores de altimetria denotam as características médio risco à degradação da bacia e baixa
geomorfológicas presentes no domínio fluvial e suscetibilidade à ocorrência de enchentes.
interfluvial. As cotas altimétricas verificadas na bacia do

Figura 3 - Hipsometria da bacia hidrográfica do rio Jaboatão.

A.G. Pessoa Neto / Journal of Hyperspectral Remote Sensing 11(2021) 242-253 250
 300,00

250,00
Cotas altimétricas (m)

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00
Extensão do rio Jaboatão do exutório até a nascente (km)

Figura 4 - Perfil longitudinal do rio Jaboatão.

A Figura 5 apresenta a curva hipsométrica da compreendeu o intervalo de 340 m a 350 m (8,12%),

bacia hidrográfica do rio Jaboatão com suas respectivas enquanto sua altitude média correspondeu a 88,11% da
cotas altimétricas e porcentagens em relação à área total área da bacia e sua altitude mediana foi de 354,51 m.
da bacia. A maior ocorrência por classe de altitude

Curva Hipsométrica
450,00

400,00

350,00

300,00
Elevação (m)

250,00

200,00

150,00

100,00

50,00

0,00
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00
Frequência (%)

Figura 5 - Curva hipsométrica da bacia hidrográfica do rio Jaboatão.

A.G. Pessoa Neto / Journal of Hyperspectral Remote Sensing 11(2021) 242-253 251
4. Conclusões Badarau, M.S., Listo, F.L.R., 2020. Análise de riscos a
inundação no bairro Maranguape I, Paulista - PE, in:
Por meio da tecnologia do SIG e da utilização Listo, F.L.R. (Org.), Retratos da Geografia: olhares
de modelos digitais de elevação de alta resolução através das geotecnologias. MapGeo, pp. 63-71.
espacial (sensor LiDAR) foi possível obter as Brasil, 1997. Lei nº. 9.433, de 8 de janeiro.
características morfométricas da bacia hidrográfica do Christofoletti, A., 1969. Análise morfométrica das
rio Jaboatão de maneira satisfatória, mostrando-se uma bacias hidrográficas. Notícias Geomorfológicas 18,
ferramenta eficiente, tanto em termos de economia de 35-64.
tempo, quanto de recursos financeiros. Cirilo, J.A., Alves, F.H.B., Silva, L.A.C., Campos,
Através da obtenção dos parâmetros J.H.A.L., 2014. Suporte de Informações
morfométricos relativos à caracterização geométrica foi Georreferenciadas de Alta Resolução para
possível constatar que a bacia do rio Jaboatão possui Implantação de Infraestrutura e Planejamento
baixa propensão a enchentes, em condições médias de Territorial. Revista Brasileira de Geografia Física 7,
precipitação, e formato alongado. Acerca das 755-763.
características hidrográficas, pode-se observar que a Crispim, D.L., Bezerra, P.E.S., Lima, G.V.B.A.,
referida bacia compreende um sistema de drenagem Fernandes, L.L., 2021. Caracterização morfométrica
regular, seu rio principal é bastante sinuoso e que dura da bacia hidrográfica do Igarapé Quarenta Horas no
cerca de um dia, uma hora e 26 minutos para que toda município de Ananindeua, Pará. Journal of
água precipitada chegue ao seu exutório. Tratando-se Hyperspectral Remote Sensing 11, 1-10.
do relevo, a região estudada apresenta baixas altitudes, Dias, D.S., Albuquerque, R.L.O., Rodrigues, R.S.S.,
variando de 0,00 m a 438,00 m, se caracterizando como 2020. Evolução temporal do uso e ocupação do solo
área constituída por planícies e colinas. Seu rio da bacia hidrográfica do rio Parauapebas, Pará.
principal apresenta uma declividade baixa, o que Journal of Hyperspectral Remote Sensing 10, 122-
favorece a proteção da rede de drenagem da bacia. 129.
Os resultados apresentados neste estudo são Duarte, M.L., Silva, D.M.P., Silva, T.A., Guimarães,
capazes de facilitar o entendimento da relação entre as L.R., 2019. Avaliação de Modelos Digitais de
propriedades físicas e dinâmicas da bacia, concedendo Elevação na delimitação de bacias hidrográficas na
uma análise consistente para o monitoramento dos seus região Sul do Amazonas. Journal of Hyperspectral
processos hidrológicos. Remote Sensing 9, 99-107.
Farias, P.L.C., Xavier, J.P.S., Figueiredo, V.P., Silva,
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