Leitura e Produção Textual Acadêmica - Prova - Resenha Com Citações
Leitura e Produção Textual Acadêmica - Prova - Resenha Com Citações
Leitura e Produção Textual Acadêmica - Prova - Resenha Com Citações
PROVA
Instruções:
PEREIRA, Rodrigo Acosta; BRAGA, Sandro. Ler e escrever na universidade: um fazer sócio-histórico-
cultural. Linguagem em (Dis)curso. Tubarão, SC, v. 15, n. 2, p. 303-320, maio/ago. 2015. Disponível
em:https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/Linguagem_Discurso/article/view/3256
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Produza uma resenha do texto lido, considerando a configuração do gênero resenha, as normas da
ABNT em vigor e as solicitações referentes à escrita quanto às citações diretas e indiretas,
supressões e interpolações.
Lembre-se de consultar em nosso livro-texto o conteúdo sobre resenha e atente para as três partes
importantes que devem configurar uma resenha (a apresentação, a avaliação [apreciação crítica] e a
indicação [ou não] da obra resenhada.
a) Apresentar ao menos uma citação direta curta intercalada a sua própria textualização.
b) Apresentar ao menos uma citação direta longa fazendo uso do recurso de ao menos uma supressão e de
uma interpolação.
c) Apresentar ao menos uma citação indireta com a mobilização da voz do autor citado.
d) Apresentar uma citação direta (curta ou longa) em apud.
e) Fazer constar na(s) referência(s) o(s) autor(es) citado(s).
Observações:
I - As solicitações (a) e (b) de citações diretas (curta e/ou longa) podem ser tanto da obra resenhada quanto
de outra(s) obra(s) que o(a) resenhista queira trazer para a construção argumentativa de seu texto.
II - A solicitação (c) de citação indireta deve ser necessariamente da obra resenhada.
RESENHA
PEREIRA, Rodrigo Acosta; BRAGA, Sandro. Ler e escrever na universidade: um fazer sócio-
histórico-cultural. Linguagem em (Dis)curso. Tubarão, SC, v. 15, n. 2, p. 303-320, maio/ago.
2015. Disponível em:
https://portaldeperiodicos.animaeducacao.com.br/index.php/Linguagem_Discurso/article/view/32
56.
[...] podemos entender que, para o Círculo, todo enunciado é integrado à situação de
interação, ou seja, a situação de enunciação (a dimensão extraverbal) não é um elemento
externo ao enunciado, mas o engendra [o gera]. Assim, toda situação de interação envolve
o enunciado, consubstanciando-o, dotando-o de sentido (Pereira; Braga, 2015, p. 304).
Ler e escrever significa situar-se em uma certa circunstância, em certo momento histórico
e certa situação social, conforme apresentam os autores Pereira e Braga (2015, p. 304). São
características dos enunciados a alternância dos sujeitos do discurso, a conclusibilidade e a
expressividade. Embora muito distintos, todo enunciado possui peculiaridades comuns: a
exauribilidade semântico-objetal do tema, a vontade discursiva do falante e as formas estáveis do
gênero.
Todo enunciado é valorativo, expressivo e axiológico, bem como “[...] todo enunciado
relativamente estável apresenta formas típicas – os gêneros [...]” (Pereira; Braga, 2015, p. 308), e
os gêneros do discurso têm suas particularidades conectadas às particularidades do enunciado. Ao
entrar na esfera acadêmica, nos deparamos com alguns gêneros específicos, como palestra, artigo,
resenha e resumo, por exemplo, que são dotados de características que os unem. Em relação ao
sujeito-autor, existem modelos relativamente estáveis, e, em relação ao interlocutor, existem
horizontes de expectativas.
O princípio organizador dos gêneros são as esferas sociais. Os gêneros não são criados
pelos seus falantes, mas são algo histórico. Alguns são mais estáveis e difundidos, e outros,
considerando a fluidez e dinâmica dos gêneros, são próprios da esfera onde existem. Os gêneros
são dotados de conteúdo temático, estilo e orquestração composicional.
Já o terceiro capítulo traz à discussão o fato de que ler e escrever textos-enunciados adquire
uma dimensão antropológica, política e social, e conceitua letramento como “[...] amplo fenômeno
social de uso da escrita em diferentes espaços sociais, a fim de alcançar diferentes objetivos e
instituindo diferentes relações intersubjetivas” (Rodrigues; Cerutti-Rizzatti, 2011, apud Pereira;
Braga, 2015, p. 313). Ao ler e escrever, formamos relações sociais e assumimos determinados
papéis, como alunos, professores, avaliadores, entre outros.
Nesse capítulo, busca-se entender o que as pessoas fazem com língua escrita nos espaços
onde interagem e os valores e relações de poder geradas. São apresentados então dois conceitos de
modelos de letramento (autônomo e ideológico). O modelo autônomo considera a escrita
desvinculada de contextos sociais de uso, enquanto o modelo ideológico concebe a escrita como
“uma prática sociocultural consociada a conjecturas de ordem ideológica e valorativa” (Pereira;
Braga, 2015, p. 314), sendo o primeiro descontextualizado e o segundo com entornos sócio-
histórico-culturais.
Em seguida, conceituam-se eventos de letramento e práticas de letramento. Eventos são
situações interativas com a língua escrita, que são mediados por gêneros do discurso, e práticas de
letramento, que é um conceito mais amplo. “Enquanto os eventos são fotografáveis, as práticas são
apenas apreendidas a partir da análise dos eventos” (Pereira; Braga, 2015, p. 316).
Os autores Pereira e Braga se posicionam como contrários aos dizeres em torno do déficit
de letramento nos contextos universitários, que consideram os acadêmicos ingressantes na
universidade como incompetentes para ler e escrever. Segundo Freire (1972, apud Pereira; Braga,
2015, p. 317), são necessárias “[...] considerações que ressignifiquem o ensino da leitura e da escrita
na universidade, evitando o enraizamento de consensos falsos, desleixados e cênicos, para ações
concretas, comprometidas e empoderadas”.
O texto dos autores é uma referência muito interessante e instrutiva sobre as práticas de
leitura e escrita na universidade, pois, além de esclarecer conceitos chaves da área, dando luz a uma
base para um entendimento teórico, apresenta diversos exemplos dos conceitos aplicados aos
gêneros presentes no contexto universitário, tais como palestras, artigos, resenhas, resumos e
handouts. O texto pode ser destinado tanto a estudiosos da área linguística quanto a estudantes
universitários que estão em formação. Recomendo a leitura do texto e concordo com a posição dos
autores, contrária ao conceito do déficit de letramento universitário, pois considero que todos
possuem a formação necessária para estudos envolvendo leitura e escrita acadêmica.