Infraestrutura Verde Aplicada À Drenagem Urbana: Introdução
Infraestrutura Verde Aplicada À Drenagem Urbana: Introdução
Infraestrutura Verde Aplicada À Drenagem Urbana: Introdução
ABSTRACT
This text emphasizes the importance of the green infrastructure, as a sustainable practice to
subsidize the elaboration of Urban Drainage Plans. For this, a new look was proposed on the
urban green, through theoretical and practical subsidies, in which the possibility of optimization
of these spaces was demonstrated, through conjugated ecological processes (green and blue
system), which are materialized through different typologies of green infrastructure. As a
methodological procedure, a qualitative research on the green infrastructure was adopted,
taking as a space the city of Tupã / SP. Thus, in carrying out the proposed case study, the
research verified the importance of the incorporation of the green infrastructure in the process
of urban planning and management, using the city of Tupã. The numerous environmental
benefits that contributed significantly, not only to mitigation of the various effects resulting from
the urbanization process, but as a primary strategy to ensure environmental quality in urban
spaces.
1 INTRODUÇÃO
No processo de planejamento e gestão urbana é consenso a dificuldade de
desconstrução dos sistemas de drenagem já implantados, ainda que
obsoletos e ineficientes, o que vem justificar a relevância de estudos e
alternativas que possibilitem a integração de estratégias inovadoras de
adequações, ao incorporarem medidas corretivas e complementares dos
sistemas de drenagem convencionais. A partir desses pressupostos, o
planejamento urbano e o desenho ambiental possibilitam a conjugação de
conceitos e técnicas ao incorporar princípios e técnicas com capacidade de
respostas adequadas aos efeitos decorrentes das deficiências do sistema de
drenagem, que vêm produzindo inundações em diversas cidades do país.
À drenagem urbana torna-se imprescindível que o planejamento urbano
adote novas propostas para controle das águas pluviais, que privilegiem uma
convivência harmoniosa entre o homem e a natureza. Neste sentido, diversos
autores, dentre eles, Botelho
desenvolver novas formas de ocupação, novos materiais, novas técnicas,
1
BENINI, S. M. , ROSIN, J.A.R.G. Infraestrutura verde aplicada à drenagem urbana. In: ENCONTRO
NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 17., 2018, Foz do Iguaçu. Anais... Porto Alegre:
ANTAC, 2018.
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Neste sentido, ressalta a importância do uso de mecanismos alternativos no
espaço urbano que podem contribuir com o processo hidrológico de
infiltração, assim como, o de percolação, a exemplo da bacia ou reservatório
de amortecimento, a bacia de infiltração bacia de detenção, bacia de
retenção, pavimentos porosos, dentre outros.
Apesar destes mecanismos não apresentarem nenhuma inovação
tecnológica deste século, vistos que as mesmas práticas e técnicas foram
incorporadas em projetos hidráulicos concebidos há muito tempo atrás e que,
por motivos diversos, não foram difundidos e aplicados com frequência em
projetos de drenagem urbana. A novidade que deve ser destacada, é que
essas práticas e técnicas aplicáveis aos projetos de hidráulica, vêm sendo
resgatadas por arquitetos, urbanistas, paisagistas, engenheiros, entre outros
profissionais, e estão sendo consideradas como tipologias da infraestrutura
verde, por serem compreendidas como mecanismos alternativos ecológicos
para controle da drenagem urbana.
Segundo Herzog (2013, p. 111), a infraestrutrura verde, também chamada de
infraestrutura ecológica, é um conceito que tem evoluído rapidamente e se
tornado mais abrangente nos últimos anos
conhecimentos da ecologia da paisagem e da ecologia urbana.
Compreende a cidade como um sistema socioecológico, por meio de uma
3807
Muitos são os autores, entre eles podem ser mencionados Falcón (2007),
Cormier e Pellegrino (2008), Franco (2010), Ferreira e Machado (2010),
Singapore (2011) Herzog (2013), que consideram como tipologias de
infraestrutura verde: Espaços Verdes Permeáveis (jardins, parques, corredores
verdes, praças, dentre outros); Bacia de Sedimentação; Bacias de
Biorretenção (Jardins de Chuva); Biovaleta, Bioengenharia; Biótopos de
Limpeza; Canteiro Pluvial; Fitodepuração; Grade Verde; Lago Seco (ou Bacia
de Detenção); Lagoa pluvial (ou Bacia de Retenção ou Biorretenção);
Pavimentos Porosos, Teto Verde, dentre outras.
Deste modo, a infraestrutura verde quando aplicadas ao desenho ambiental
urbano, utilizam do sistema verde (biomassa) com a finalidade de controlar o
sistema azul (águas urbanas) através da purificação, detenção, retenção,
transporte e infiltração (Quadro 01).
3808
Entretanto, deve ser destacado que as funções da infraestrutura verde terão
maior eficácia se houver interconexão com uma rede natural de espaços
verdes, conservando os serviços ecossistêmicos.
Neste sentido, antes de qualquer intervenção urbana, devem ser
considerados os problemas e potencialidades ambientais do local, tendo em
vista a incorporação dos princípios e técnicas da infraestrutura verde, a qual
permite identificar os espaços de maior fragilidade ambientalmente mais
sensíveis, portanto prioritários para o tratamento e alcance das possibilidades
oferecidas.
Desse modo, torna-se necessário, a revisão dos modelos convencionais, bem
como a adoção de técnicas alternativas, pautadas por princípios ambientais
que considerem a possibilidade de construção da sustentabilidade urbana.
3 ESTUDO DE CASO
Para estudo da temática proposta, adota-se como recorte espacial a cidade
de Tupã (SP), localizada na região sudoeste do Estado de São Paulo. Como
na maioria das cidades do Estado de São Paulo, o traçado urbano original foi
orientado por uma morfologia, que pode ser identificada por quadrícula ou
modelo nominado por tabuleiro de xadrez, conformando seu arranjo espacial.
Entretanto, à medida que a malha urbana se expandiu sem observação das
normas urbanas e ambientais, o plano inicial foi descaracterizado pela junção
de novos traçados desconexos.
A expansão do tecido urbano é caracterizada pela ocupação inadequada
e degradadora dos fundos de vales do Ribeirão Afonso XIII e pela expansão
da malha urbana em áreas periféricas (Figura 01). Pelo fato do Município de
Tupã estar situado no espigão divisor das águas dos Rios Peixe e Aguapeí. Os
os do Rio
Aguapeí os que banham a porção Sul da sede municipal são afluentes do Rio
do Peixe, ou seja, pertence a duas Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos constituídas pela bacia hidrográfica Aguapeí (UGRHI 20) e pela bacia
hidrográfica do Peixe (UGRHI 21).
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Fonte: SEPLIN Tupã, imagem tirada pelo Satélite QuicKBird, 2006.
3810
da impermeabilidade do solo urbano de Tupã com outras cidades, foi possível
constatar o índice elevado de impermeabilização da cidade de Tupã (Figura
02).
Com base nos resultados obtidos, a equipe do CTH, realizou uma projeção da
impermeabilização da cidade de Tupã para os próximos anos (Quadro 02), o
que ressalta a necessidade iminente de mitigar/reverter os efeitos negativos
oriundos do processo de urbanização.
DOMICÍLIO /
ANO DOMICÍLIOS ÁREA URBANA % IMPERMEABILIZAÇÃO
ÁREA URBANA
Fonte: Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, 2008a.Adaptado por Sandra Medina Benini,
2009.
3811
reformulações conceituais e práticas. Foi essa nova visão que norteou a
elaboração de Estudos de Macrodrenagem Urbana da Estância Turística de
Tupã (Plano de Macrodrenagem composto pelo Plano de Ação Imediata e
o Plano de Ação Continuada).
Segundo a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (2008e, p. 94), a
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Medidas Estruturais:
Implantação de Parque Linear localizado no encontro do braço direito com o
braço esquerdo do Ribeirão Afonso XIII;
Exigência da implantação de microdrenagem em todos os novos
loteamentos.
4 CONCLUSÕES
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A cidade de Tupã, a exemplo do que tem ocorrido em diversas localidades
urbanas do país, tem registrado com frequência a fragilidade da infraestrutura
do sistema de drenagem urbana diante de precipitações mais expressivas,
aliada à impermeabilização do solo urbano, com a carência de galerias
pluviais e o alto déficit áreas verdes, os quais colaboram para ocorrência e
agravamento desses eventos.
A elaboração e implantação do Plano de Macrodrenagem (Plano de Ação
Imediata e o Plano de Ação Continuada) da cidade para Tupã, mesmo
considerando que se encontra em fase de execução, pode ser considerada
uma iniciativa exemplar para o processo de gestão urbana, por demostrar a
preocupação do gestor público em incorporar o processo de planejamento
em sua gestão visando a melhoria da qualidade de vida da população no
município e serve de exemplo às demais municipalidades de que problemas
urbanos existem, mas basta ter vontade política para buscar as soluções
pertinentes.
Diante do exposto, considerando o universo da pesquisa apresentada,
conclui-se que a infraestrutura verde deve ser considerada como concepção
sustentável para subsidiar a elaboração de planos de drenagem urbana.
Desta forma, esta pesquisa recomenda a utilização das tipologias da
infraestrutura verde como elemento urbanístico multifuncional para
estruturação da paisagem, contribuindo assim para o gerenciamento das
águas pluviais, bem como, para lazer, recreação e para qualidade ambiental
do espaço urbano.
REFERÊNCIAS
BOTELHO. Rosângela Garrido Machado. Solos Urbanos. In. GUERRA. Antônio José
Teixeira (org.) Geomorfologia Urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011, pp. 71-
115.
FERREIRA, José Carlos; MACHADO, João Reis. Infra-Estruturas Verdes para um Futuro
Urbano Sustentável. O Contributo da Estrutura Ecológica e dos Corredores Verdes.
Rev. LABVERDE, São Paulo, v.1, n.1, p. 68-90, 2010.
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__________. Estudos de Macrodrenagem Urbana da Estância Turística de Tupã. Tupã,
v. 2, t.1, 2008b.
HERZOG, Cecília Polacow. Cidades para Todos: (re) aprendendo a conviver com a
natureza. 1. Ed. Rio de Janeiro: Mauad X: Inverde, 2013, 312 p.
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