Academia Militar Das Agulhas Negras Academia Real Militar (1811) Curso de Ciências Militares
Academia Militar Das Agulhas Negras Academia Real Militar (1811) Curso de Ciências Militares
Academia Militar Das Agulhas Negras Academia Real Militar (1811) Curso de Ciências Militares
Resende
2019
APÊNDICE III (TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE
DIREITOS AUTORAIS DE NATUREZA PROFISSIONAL) AO AMAN
ANEXO B (NITCC) ÀS DIRETRIZES PARA A GOVERNANÇA 2019
DA PESQUISA ACADÊMICA E DA DOUTRINA NA AMAN
Resende
2019
MATHEUS CARDOSO MAYRINK LIMA BARIZON
Banca examinadora:
___________________________________
___________________________________
Resende
2019
Dedico este trabalho à todos que me apoiaram e acreditaram na realização deste sonho
e, aos oficiais formados na Academia Militar das Agulhas Negras, que hoje nos mais diversos
rincões do Brasil, conseguem atingir o coração e a mente de cada um de seus homens,
liderando-os e guiando-lhes para o cumprimento do dever através do uso das palavras certas.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a Nossa Senhora pela vocação na área militar, sempre me dando
saúde e força, permitindo que eu chegasse até o final da formação e conquistasse o sonho de
me tornar oficial do Exército Brasileiro.
Aos meus familiares, em especial a minha mãe Andréia, que me deu a vida, me educou
e forjou o homem que sou hoje e ao meu pai Melquior, meu maior exemplo de força e
resiliência, que me apresentou à carreira e sempre me apoiou em todas as minhas decisões. À
minha irmã Marianna, motivação e razão de tudo o que faço. À minha tia Andressa, amiga e
conselheira. A meus avós, Sônia e Walter, os dois pilares da minha formação, pelo apoio
imensurável e incondicional nestes cinco árduos anos.
À família da minha namorada pelo carinho e à Raquel por dividir essa carga comigo,
compreender a distância, chorar e vibrar junto, não chegaria aqui sem todo o seu amor. Por
fim, não poderia esquecer de minha bisavó Melita, vó Bárbara e tia Letícia, que do céu
iluminam e abençoam meu caminho. A todos vocês: muito obrigado!
RESUMO
A oratória pode se tornar uma ferramenta essencial para a liderança de um comandante sobre
seus homens. Através do discurso, pelo uso das palavras certas, o líder pode conquistar a
confiança de seus liderados, ao mesmo tempo em que consegue transmitir uma mensagem
pela correta comunicação e ainda motivá-los a cumprirem suas atribuições. No ambiente
militar, o comandante de pelotão muitas vezes utiliza deste discurso para exercer sua liderança
em diferentes situações, podendo ser na rotina dentro do quartel ou nas situações adversas
como em uma operação militar real e durante o combate. A fim de incentivar o oficial
formado na AMAN a estudar oratória e praticá-la, este trabalho teve como objetivo analisar o
discurso do comandante de pelotão como fator de liderança sobre seus subordinados, tendo
como base para nosso estudo o Manual de Campanha C 20-10 – Liderança Militar, Caderno
de Instrução do Projeto Liderança da AMAN e uma pesquisa de campo realizada com oficiais
de infantaria formados nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018, hoje servindo nos diversos
quartéis pelo país. Inicialmente foram introduzidos os conceitos de oratória, retórica e
liderança; passando por uma análise da pesquisa do psicólogo estadounidense Howard
Gardner no estudo das inteligências interpessoal, intrapessoal e linguísticas aplicadas na
oratória e na liderança militar; uma abordagem dos princípios e fatores da liderança, em
específico os relacionados à comunicação correta e eficiente e; por fim, a aplicação do
discurso de liderança do comandante de pelotão nas fases antes, durante e após uma operação
militar real. Ao mesmo tempo, foram dados exemplos de discursos históricos de comandantes
militares em situações de crise ou de guerra. Ao final do trabalho foi apresentada a pesquisa
de campo, bem como seus resultados e análise para a conclusão. Os percentuais obtidos na
pesquisa ratificaram a importância da comunicação eficiente, a prática da oratória como fator
de liderança e necessidade do discurso de liderança do comandante de pelotão nas fases de
uma operação militar real, atingindo proveitosamente o objetivo do trabalho.
Oratory can become an essential tool for a commander's leadership over his men. Through
speech, through the use of the right words, the leader can gain the confidence of his or her
subordinates while at the same time being able to convey a message for the correct
communication and motivate them to fulfill their duties. In the military environment, the
platoon commander often uses this speech to exercise his leadership in different situations,
and may be in the routine inside the barracks or in adverse situations as in a real military
operation and during combat. In order to encourage the officer graduated in AMAN to study
and practice oratory, this work aimed to analyze the platoon commander's discourse as a
leader in his subordinates, based on our study of the Manual de Campanha C 20- 10 –
Liderança Militar, Caderno de Intrução do Projeto Liderança da AMAN and a field survey
conducted with infantry officers graduated in the years 2015, 2016, 2017 and 2018, now
serving in several units throughout the country. Initially the concepts of oratory, rhetoric and
leadership were introduced; through an analysis of the research of the American psychologist
Howard Gardner in the study of interpersonal, intrapersonal and linguistic intelligences
applied in oratory and military leadership; an approach to leadership principles and factors,
specifically those related to correct and efficient communication; and finally the application of
the platoon commander's leadership speech in the phases before, during and after a real
military operation, at the same time were given examples of historical speeches of military
commanders in crisis or war situations. At the end of the study the field research was
presented, as well as its results and analysis for the conclusion. The percentage obtained in the
research ratified the importance of efficient communication, the practice of oratory as a
leadership factor and the need for leadership of the platoon commander in the phases of a real
military operation, fruitfully reaching the objective of the work.
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
1.1 OBJETIVO...................................................................................................................... 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 13
2.1 ORATÓRIA E RETÓRICA............................................................................................. 13
2.2 LIDERANÇA MILITAR................................................................................................. 14
2.3 AS INTELIGÊNCIAS DE HOWARD GARDNER NO PROCESSO DA
LIDERANÇA.................................................................................................................... ........ 15
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 30
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 36
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 37
11
1 INTRODUÇÃO
Há ocasiões em que as pessoas estão tomadas por sentimentos intensos, mas não
sabem como expressá-los. Então, o discurso certo pode transformar esse bloqueio
em uma ação certeira e positiva (...) em outras situações, um discurso pode mudar o
estado de espírito de uma população, dando-lhe mais coragem ou determinação.
(ADDIS, 2012, p. 7)
1.1 OBJETIVO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Com relação à história da oratória, o autor Dale Carnegie, líder mundial em programas
de treinamento em oratória, em seu livro Como Falar em Público e Influenciar Pessoas afirma
que:
Desde o início da civilização, literalmente, falar bem na frente dos outros tem sido
um desafio constante. Isso teve uma importância especial nas civilizações clássicas
de Grécia e Roma, mas a habilidade para falar em público também foi muito
apreciada nos tempos bíblicos, pelas tribos nativas das Américas e pelas culturas de
Índia e China. (CARNEGIE, 2012, p.7)
O Professor Sidnei Barbosa de Miranda define oratória como a arte de falar bem para
o público, podendo a mesma ser utilizada no sentido estrito de convencer, atuando como a
retórica. Oratória e Retórica se harmonizam, uma vez que as duas usam a comunicação. A
oratória se refere a um tipo específico de comunicação, aquela feita diante de algum público.
Se há público e alguém para falar diante dele, é uma oratória. Um texto escrito pode ser
retórico, mas só poderá ser oratória quando for feito ao vivo diante de um público. Aquele que
usa de retórica, ainda que não se dirija a algum público ao vivo, em pé diante dele, falando,
pode demonstrar uma grande habilidade com as palavras. (DE MIRANDA, 2012)
Não são importantes apenas as palavras, referentes às ideias que se quer comunicar,
mas o tom da voz, a emoção, a sinceridade, o entusiasmo e a decisão que o indivíduo
consegue transmitir em um discurso. Portanto, vê-se que as palavras proferidas nem
sempre são a parte mais importante da mensagem. Elas são, apenas, um de seus
aspectos; os outros são os diversos elementos da “linguagem corporal”, termo que
identifica as demais expressões nela introduzidas pelo emissor (gesticulação,
postura, expressão facial, tom da voz, entusiasmo, etc). (HECKSHER; MACHADO,
2011,p.8)
múltiplas. Gardner dividiu sua teoria em sete inteligências humanas compostas por um
conjunto de diferentes capacidades. (GARDNER, 1994)
(...) quando um comandante pergunta “se está tudo bem” a um subordinado que
caminha cabisbaixo, ele tenderá a dizer que “sim”, pois evita apresentar sinais de
fraqueza. Dificilmente confessará o motivo real de seu desânimo. Portanto, será
preciso pesquisar e observar melhor. Tal trabalho só pode ser feito por alguém que
tenha boa inteligência emocional e, consequentemente, boa dose de empatia.
(BRASIL, 2011, p.5-10)
momento de estresse na qual o orador não consegue assimilar da maneira mais adequada, seu
raciocínio com o uso das palavras apropriadas. (HECKSHER; MACHADO, 2011)
O Caderno de Instrução do Projeto Liderança da AMAN afirma que:
O Caderno ainda complementa afirmando que a comunicação vai além das palavras,
ela deve ser marcada pelos bons exemplos do orador, fazendo com que o mesmo obtenha
crédito com seus liderados, uma vez que ele pratica aquilo que fala, não se passando por
hipócrita ou incoerente. Iniciativas corretas, defesa dos interesses dos subordinados e bons
exemplos de cooperação e dedicação, demonstram aos ouvintes que aquele orador possui
credibilidade e consegue transmitir segurança. (HECKSHER; MACHADO, 2011)
Ainda dentro do fator comunicação, existem três principais canais de interação entre o
indivíduo e o mundo externo, são eles: o canal auditivo, cuja pessoa interpreta
consideravelmente aquilo que ouve; o canal visual, na qual a prioridade é aquilo que se vê e; o
canal tátil, no qual se entende melhor aquilo que o indivíduo consegue sentir, tocar, provar ou
cheirar. Cada ser humano tende mais a um dos três canais, fato esse que pode prejudicar o
fator de persuasão do orador. Cabe a ele saber administrar seu objetivo alcançado com aquilo
que convém a seu subordinado compreender, sendo fundamental neste momento a
comunicação eficaz. (HECKSHER; MACHADO, 2011)
A História Militar mostra que a liderança sempre foi o alicerce das tropas coesas,
motivadas e aguerridas. Mostra, também, as dificuldades encontradas pelos
comandantes na condução de seus soldados em combate. Nas situações de
normalidade, quando o grupo militar e as pessoas que o integram não estão sob
pressão, geralmente as ordens dos comandantes são cumpridas, sem vacilações. Já
nos momentos de crise e, sobretudo, nas ações em combate, havendo risco de vida e
penúrias de toda ordem, os indivíduos só obedecerão voluntariamente às ordens
recebidas afiançados por seus comandantes (...) Portanto, quando a hierarquia e a
disciplina estão inseridas em um quadro no qual os comandantes estabeleceram
sólidos laços de liderança com os subordinados, mesmo havendo pressões, riscos e
dificuldades extremas, a missão será cumprida de forma adequada. (BRASIL, 2011,
p.1-3)
Outro exemplo de discurso de liderança foi ministrado pelo general americano George
S. Patton em 1944, diante de homens pertencentes ao Terceiro Exército dos Estados Unidos
prestes a entrarem em combate na França, durante a Segunda Guerra Mundial. As palavras de
motivação de Patton compunham sua marcante habilidade de inspirar soldados através de
discursos carismáticos. (BRIGHTON, 2009)
O trecho traduzido abaixo, retirado do livro do historiador americano Terry Brighton,
demonstra tamanho carisma do discurso do General:
“Um exército é uma equipe. Ele vive, come, dorme e luta como uma equipe. Esta
coisa de heroi individual é besteira.(...)E nós temos a melhor equipe; temos a melhor
comida e equipamentos, o melhor espírito e os melhores homens do mundo. Porque,
por Deus, eu realmente tenho pena dos pobres bastardos que iremos enfrentar. Todos
os herois não são lutadores de livros de história de combates. Cada homem em um
exército desempenha um papel vital. Então nunca desistam. (...) Os homens mais
corajosos vão procriar mais homens corajosos. Matem todos os malditos covardes e
teremos uma nação de homens corajosos.” (BRIGHTON, 2009)
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“Por que estão parados em torno de mim? A guerra é lá na frente. Quem está no fogo
é para se queimar! Estou aqui porque quis, se vocês estão sentidos com o que me
aconteceu, vinguem-se acertando o comandante deles! De nada valerá o meu
sacrifício se não conquistarem o objetivo. A minha vida nada vale, a minha morte
nada significa diante do que vocês ainda têm pra fazer, prossigam na luta.” (BENTO,
2019)
25
Na última fase, o discurso toma dois rumos diferentes: o retorno positivo ou negativo
(feedback) e a motivação. Uma vez que a confiança já foi estabelecida, o comandante deve
agora repassar a situação atual para seus subordinados, sendo claro dentro dos limites quanto
aos danos, perdas e baixas, ao mesmo tempo em que explana os pontos negativos e positivos
que foram observados no combate, devendo ocorrer o retorno para seus homens através de
críticas ou elogios. (HECKSHER; MACHADO, 2011)
A outra face do discurso possui significante relevância para a tropa, a motivação para
não esmorecerem diante da situação em que se encontram. Fatigados e em condições
desfavoráveis, devem entender que o combate acabou, mesmo que temporariamente. Nessa
parte do discurso, a postura e a linguagem do líder devem se manter condizentes com seu
posto, independente da situação em que este se encontra, deve buscar ser exemplo e passar
para seus homens uma imagem de força e resiliência, visando reintegrar os soldados a
normalidade fora do combate. (BRASIL, 2011)
A motivação de voltarem para suas casas e reverem seus familiares deve ser passada
aos subordinados como forma de abrandar os traumas gerados em suas mentes e evitar futuros
distúrbios psicológicos, lembrando a eles que o que aconteceu de ruim não deve ser levado
26
adiante. Por último, a motivação pessoal de dever cumprido e reconhecimento por parte do
comandante de que seus homens deram seu máximo a todo instante, sendo esse
reconhecimento algumas vezes materializado em forma de recompensas, medalhas, distintivos
ou diplomas. (FERRAZ, 2003)
Dentre alguns exemplos de discursos realizados na fase posterior ao combate, está o do
Imperador Napoleão Bonaparte em 1807, no Palácio Bourbon diante do Corpo Legislativo,
Tribunal e o Conselho de Estado. Recém regresso das campanhas militares contra a Prússia e
a Rússia, na Alemanha e Polônia, Bonaparte percebeu que sua prolongada ausência na capital
da França precisava ser compensada de alguma forma. Então, o Imperador decidiu realizar um
discurso de motivação para o público que o cercava e como consequência, todos ali presentes
se emocionaram e aplaudiram intensamente Napoleão. (PICARD, 2012)
A obra do francês Louis Picard, Guerres d‘Espagne. Le prologue: 1807, expédition
du Portugal, traz o referido discurso de Napoleão. Dentre algumas de suas palavras está o
seguinte trecho:
Outro exemplo de discurso ministrado após uma operação militar partiu do primeiro-
ministro do Reino Unido Winston Churchill, durante a Segunda Guerra Mundial. Antes de
entrar no meio político, Churchill foi oficial do Exército britânico na Frente Ocidental,
combatendo na Primeira Guerra Mundial como comandante do 6º Batalhão dos Fuzileiros
Reais Escoceses. (WINSTON... 2019)
Já na Segunda Guerra Mundial em 1940, uma série de batalhas aéreas pelo controle do
Canal da Mancha entre a Luftwaffe (Força Aérea Alemã) e a RAF (Força Aérea Britânica)
iniciaram a Batalha da Inglaterra. Os alemães pretendiam controlar o espaço aéreo para
invadirem posteriormente pelo mar. Em agosto do mesmo ano, a RAF resistiu a um violento
ataque dos alemães, impedindo que estes obtivessem êxito em seu objetivo.
(CONSERVADORISMO DO BRASIL, 2017)
Após findado o violento combate, Winston Churchill, na Câmara dos Comuns, proferiu o
seguinte discurso para os militares da RAF que venceram naquela operação militar:
“A gratidão de todos os lares em nossa ilha, em nosso Império e certamente no
mundo inteiro, exceto nas casas dos culpados, vai para os aviadores britânicos que,
sem se intimidarem com as probabilidades, incansáveis em seu desafio constante e
perigo mortal, estão virando a maré da Guerra Mundial com sua bravura e devoção.
Nunca antes no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos.
Todos os corações estão com os pilotos de caça, cujas brilhantes ações que vemos
com nossos próprios olhos dia após dia, nunca deveremos esquecer, noite após noite,
mês após mês, nossos esquadrões de bombardeiros viajam para a longínqua
Alemanha, encontrando seus alvos na escuridão por sua grandes habilidades de
navegação, apontando seus ataques, muitas vezes sob fogo pesado, muitas vezes
com perdas graves, com deliberada e cuidadosa discriminação, infligem golpes
devastadores sobre toda a estrutura técnica e bélica do poder nazista….”
(CONSERVADORISMO DO BRASIL, 2017)
3 REFERENCIAL METODOLÓGICO
A prioridade da pesquisa bibliográfica foi realizar estudos baseados na leitura, por via
digital, do Manual de Campanha C 20-10 – Liderança Militar e do Caderno de Instrução do
Projeto Liderança da AMAN. Para os resultados e conclusão, foram analisados dentro das
fontes bibliográficas, os assuntos referentes as inteligências de Howard Gardner, os princípios
da liderança e os fatores da liderança. Cabe ainda ressaltar, que em toda a pesquisa
bibliográfica, foram lidos artigos, páginas de sites e livros, visando a referenciação e
sedimentação das teorias e argumentos defendidos no Trabalho.
Por fim, foi realizada uma pesquisa de campo com coleta de dados estatísticos para
levantar a opinião de oficiais da arma de infantaria oriundos da Academia Militar das Agulhas
Negras, a despeito das questões levantadas no presente Trabalho de Conclusão de Curso.
Esta pesquisa foi desenvolvida através do aplicativo de levantamento de dados Google
Forms, pelo preenchimento online de questões de múltipla escolha em dispositivos
eletrônicos móveis ou computadores pessoais. Participaram da pesquisa 50 oficiais da arma
de infantaria, formados na Academia Militar das Agulhas Negras nos anos de 2015, 2016,
2017 e 2018, hoje distribuídos nos corpos de tropa em todo o país.
Foi escolhido o universo de oficiais das Turmas da AMAN supracitadas pelo fato de
possuírem entre um e três anos completos de tropa. Esse espaço temporal permite delimitar o
público alvo da pesquisa à militares com um pensamento semelhante devido ao período
próximo de formação, ao mesmo tempo em que acrescenta aos mesmos, a experiência
necessária para responderem ao questionário, visto que ao menos uma vez cada um dos
participantes já comandou um pelotão de soldados e dentre os oficiais, existem aqueles que já
participaram de operações reais, como as de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), algumas
vezes até entrando em combate direto com agentes perturbadores da ordem pública (APOP).
Dessa forma, todos os militares atingiam os requisitos necessários para suprirem os dados
estatísticos da pesquisa de campo.
O formulário esteve disponível para preenchimento durante o período do mês de
fevereiro e março, no qual foi distribuído ao público alvo da pesquisa. As variáveis da
pesquisa foram as opiniões dos oficiais dividas em porcentagem dentro de cada
questionamento.
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3.2 MÉTODOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nota-se que a grande maioria dos oficiais dão significativa relevância ao domínio da
oratória, compreendendo a necessidade da mesma para que consigam se comunicar com seus
31
Nesta questão a maioria dos oficiais compreendem que é necessário dominar a oratória
para atingirem a liderança. Porém diferente da primeira questão, ocorreu uma disparidade
maior entre os percentuais, mostrando que parte dos oficiais dão prioridade ao uso da oratória
para se comunicarem com eficiência e, colocam em segundo plano o uso da mesma para o
32
exercício da liderança. Tal fato revela que ainda existem deficiências na capacidade do
comandante de pelotão, em usar de forma integral, toda a capacidade que seu discurso pode
oferecer para que se obtenha a confiança e a liderança sobre seus subordinados pelo uso da
palavra.
O gráfico acima mostra que das três opções, a Inteligência Linguística e a Inteligência
Interpessoal são as que mais foram selecionadas como principal capacidade, sendo escolhidas
por 43 oficiais (86%). A Inteligência Intrapessoal foi a menos escolhida, sendo preferência de
apenas 7 oficiais (14%).
Dos resultados obtidos, pode-se concluir que a maioria dos oficiais dão preferência ao
uso da Inteligência Linguística e da Inteligência Interpessoal para a construção do discurso
eficaz. Em um primeiro momento, a maior porcentagem dos oficiais (44%) relacionou o
processo de comunicação com o domínio da linguagem oral e persuasiva, logo, a oratória
exerce considerável influência para o discurso eficaz do comandante de pelotão.
A segunda maior parcela dos oficiais (42%) entende que a empatia do comandante de
pelotão é o principal fator necessário para a construção da comunicação eficaz, sendo assim,
conhecer o subordinado antes de iniciar o discurso e saber escolher as palavras certas para
motivá-lo, é mais interessante do que ser simplesmente ser um exímio orador.
Tal percentual nos leva a sexta questão, que analisa mais a fundo esse mesmo discurso
aplicado às fases de uma operação militar real.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ROCHA, Fausto. Comunicação Cristã: Como Falar de Jesus, no evangelismo, rádio, TV,
escola dominical. Santa Bárbara d´Oeste: SOCEP, 2002.
ADDIS, Ferdie & SEVCENKO, Nicolau. Discursos que Mudaram a História. Primeira
edição. PRUMO, 2012.
.
FONTENELLE, André. Metodologia científica: Como definir os tipos de pesquisa do seu
TCC?. 2017. Disponível em: <https://www.andrefontenelle.com.br/tipos-de-pesquisa/>.
Acesso em: 29 set. 2018.
FERRAZ, Francisco César Alves. A guerra que não acabou: a reintegração social dos
veteranos da Força Expedicionária Brasileira (1945-2000). São Paulo: Eduel, 2003.
JÚNIOR, Manuel Alexandre. Aristóteles: Retórica. 2. ed. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa
da Moeda, 2005. 320 p.
BRIGHTON, Terry. Patton, Montgomery, Rommel: Masters of War. Nova York: Three
Rivers Press, 2009. 426 p.
BRASIL. Portaria n° 517, de 26 de setembro de 2000. Define Ciências Militares, fixa sua
abrangência e estabelece a finalidade de seu estudo. Boletim do Exército, Brasília, DF, 6 de
outubro de 2000. 66 p.