Artigo - Recuperação Judicial Do Pequeno Produtor Rural - Marcos Antônio Do Carmo
Artigo - Recuperação Judicial Do Pequeno Produtor Rural - Marcos Antônio Do Carmo
Artigo - Recuperação Judicial Do Pequeno Produtor Rural - Marcos Antônio Do Carmo
OLIVEIRA,Hiago Sodré2
JUNIOR, Marcos Antonio Do Carmo3
RESUMO
O presente trabalho tem por objeto de estudo o instituto da recuperação judicial para
o produtor rural familiar, pessoa física, que tem o desígnio de viabilizar a superação
da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos
credores, promovendo, deste modo, a preservação da empresa, tem despertado
cada vez mais a atenção dos empresários, em especial o produtor rural. Todavia, há,
atualmente, uma controvérsia na doutrina e na jurisprudência com relação as
formalidades legais relativas ao produtor rural pessoa física, em especial, no que
tange, se esse deve ou não estar registrado no órgão de empresas mercantis no
tempo da impetração do requerimento da recuperação judicial, e consequentemente
de qual forma se dará a comprovação da atividade regular obrigatória há mais de
dois anos, conforme a exigência estabelecida no caput do artigo 48 da Lei no 11.101
de 2005 e se o mesmo, realmente tem a possibilidade ser alcançado por esta lei.
ABSTRACT
The present work has as object of study the institute of judicial recovery for the rural
family producer, individual, which has the purpose of enabling the overcoming of the
debtor's situation of economic and financial crisis, in order to allow the maintenance
of the production source, the employment of workers and the interests of creditors,
thus promoting the preservation of the company, has increasingly attracted the
attention of businessmen, especially rural producers. However, there is currently a
controversy in the doctrine and jurisprudence regarding the legal formalities related
to the individual rural producer, in particular, with regard to whether or not he should
be registered with the mercantile companies body at the time of filing the application
of the judicial reorganization, and consequently in what way will the proof of the
mandatory regular activity for more than two years be given, according to the
requirement established in the caption of article 48 of Law 11.101 of 2005 and if it
really has the possibility of being achieved by this law.
1
Trabalho de Conclusão de Curso orientado pelo(a) professor(a) Marcos Antonio do Carmo, como
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito no primeiro semestre de 2023, na
Faculdade de Inhumas FacMais.
2
Acadêmico(a) do Hiago Sodré Oliveira Período do Curso de Direito da FacMais.
E-mail:[email protected].
3
Professor(a)-Orientador(a). Mestre em Direito. Docente da Faculdade de Inhumas. E-
mail: [email protected]
Key Words: Rural producer; Judicial recovery; Fundamental rights; Agribusiness.
1 INTRODUÇÃO
2 DO PRODUTOR RURAL
Pessoa física é todo ser humano enquanto indivíduo, desde o seu nascimento
até a morte. Essa designação é um conceito jurídico e se refere especificamente ao
indivíduo enquanto sujeito detentor de direitos e de deveres.
No caso do produtor rural, pessoa física, residente no imóvel rural ou em
aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de
economia familiar, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou
meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário que explora atividade agropecuária,
em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou quando em área igual ou inferior a 4
(quatro) módulos fiscais ou atividade seringueira ou pesqueira artesanal, sem auxílio
de empregados permanentes.
Poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo, em épocas de safra,
à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas/dia no ano civil, em períodos
corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho.
Contribuinte Individual é aquele proprietário ou não que desenvolve, em área
urbana ou rural, a atividade agropecuária (agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira), a
qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro)
módulos fiscais; ou quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou
atividade pesqueira, com auxílio de empregados permanentes ou por intermédio de
prepostos.
A discussão e a realidade atual é que atualmente produtores rurais, operam
como pessoas jurídicas na informalidade, pois possuem créditos rurais junto às
organizações financeiras, possuem um número representativo de empregados,
participam de uma comercialização de produto primário para o mercado, sendo
assim semelhante às funções de uma empresa, porém operando como um cidadão
não qualificado juridicamente como empresário.
Com essa realidade ainda nítida nos dias de hoje, muitos teoricamente
perdem alguns benefícios, como créditos mais vantajosos e até mesmo o benefício
de recuperação judicial, isso por falta de informação ou até despreparo empresarial.
Pois basta esse produtor pessoa física buscar a junta comercial de seu estado, e se
regularizar junto a esse órgão estatal.
O produtor rural é definido como pessoa física ou jurídica que explora a terra
com fins econômicos ou de subsistência, ou seja, é quem beneficia-se dos recursos
que a terra oferece e da força de trabalho para lograr êxito na produção de
mercadoria para consumo próprio ou para comercialização (MAMEDE, 2020, p.15).
O acelerado desenvolvimento econômico da atividade agrícola e
agroindustrial no Brasil foi o que motivou a criação dos dispositivos encontrados no
Código Civil acerca do conceito de empresário rural, dando ao ruralista o tratamento
de empresário, com apenas uma diferença existente entre este e os demais
empresários: a facultatividade do requerimento da inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis (Junta Comercial). O legislador conferiu ao produtor rural a
opção pela empresarialidade, fornecendo uma alternativa de diferenciação do
produtor rural que subsiste da agricultura predominantemente familiar, daquele
produtor rural que atua de forma organizada, de modo empresarial no setor do
agronegócio, visando o lucro (BURANELLO, 2020, p.181).
A atividade do produtor rural está prevista nos artigos 970 e 971 do Código
Civil brasileiro, podendo, por opção, ser equiparado ao empresário desde que realize
o registro na Junta Comercial.
O instituto da Recuperação Judicial é muito recente para o setor agropecuário
e poucos produtores possuem conhecimento desta ferramenta jurídica que
possibilita a Recuperação Judicial ao empresário rural que exerce a atividade de
forma regular incluindo as dívidas existentes antes do registro na junta comercial.
Segundo Cristiano Imhof (2014, p.208):
2. Conforme os arts. 966, 967, 968, 970 e 971 do Código Civil, com a
inscrição, fica o produtor rural equiparado ao empresário comum, mas com
direito a "tratamento favorecido, diferenciado e simplificado (...), quanto à
inscrição e aos efeitos daí decorrentes".
Desse modo, caso o devedor seja empresário rural a falência somente poderá
ser decretada contra devedores produtores rurais devidamente inscritos no Registro
de Empresas (NEGRÃO, 2020, p. 78).
4 A LEI 11.101/05
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, Adelson Martins; SANTOS, Maurinho Luiz dos; LIMA, Jandir Ferrera.
Importância do agronegócio para o crescimento econômico de Brasil e Estados
Unidos. Gestão & Regionalidade - Vol. 28, n. 82 - jan-abr/2012.
MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. 14. ed. São Paulo: Atlas,
2020.
SENA, Carlos Eduardo Januário. Recuperação judicial para produtor rural. Artigo
Científico. Escola de Direito e Relações Internacionais. Pontifícia Universidade
Católica de Goiás (PUC GOIÁS), 2020. Disponível em:
https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/638/1/Carlos%20Eduar
do%20PDF.pdf Acesso em: 7 set. 2022.