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ALTA TENSÃO

DISPOSITIVOS ELÉCTRICOS NAS SECCAT


Transmitir energia eléctrica na forma de AT em CC, é uma alternativa técnico-económica à
transmissão em CA, devido às suas limitações.

A transmissão de CC em AT permite transferir potência de grandes volumes, a grandes


distâncias, por meio de Linhas Aéreas ou através de Cabos montados subterraneamente (ou
mesmo subaquaticamente), para acoplar redes não sincronizadas para fornecer energia eléctrica a
áreas de grande densidade populacional.

a) Inicialmente, para reduzir o valor das perdas de potência, a TENSÃO é transformada e


elevada para os valores de tensão de transporte (por exemplo HCB de 220 kV para ±533,2 kV).

b) Pela mesma razão, de redução das perdas de potência, é a seguir convertida em outro tipo de
corrente, de CA (tensão de produção) para CC (tensão de transporte), aplicando-se conversores
rectificadores constituídos por bancos de tirístores.

c) É assim rectificada (RECTIFICADOR) por um arranjo de conversão por válvulas tirístores


controladas na emissão e, ondulada (ONDULADOR) por um segundo arranjo de conversão
necessário, na outra extremidade da linha de transporte.

d) Este último arranjo é operado como um inversor e converte a CC em CA, que é então
transformada para a tensão da rede a ser alimentada.

Redes a diferentes frequências podem ser acopladas sem dificuldades.

Os dispositivos eléctricos necessários, e que compõem o circuito básico de uma Central de


Conversão, são:

1 – DISJUNTORES DE CA

2 – FILTRO CA E BANCOS DE CONDENSADORES

3 – TRANSFORMADOR DE CONVERSÃO

4 – PONTES DE CONVERSÃO (RECTIFICADORAS)

5 – DISJUNTORES DE CC

6 – REACTÂNCIAS DE ALISAMENTO E FILTRO CC

7 – LINHAS AÉREAS DE CC (2 PÓLOS)


As características e as particularidades técnicas destes dispositivos eléctricos são independentes:

- Da distância de transmissão (L);

- Do tipo de ligação de CC a aplicar (por LA ou por CS).

Por outro lado o sistema de CC de AT é fortemente influenciado pelo tipo de material do


condutor utilizado. Para uma LA, a optimização dos custos e a redução das perdas de potência de
perdas, exigem uma tensão de transmissão o mais elevada possível, limitada pelo gradiante
máximo de tensão admissível à superfície do condutor da linha (17 a 18 kV/).

O fluxo de potência ao longo da linha é determinado pela diferença de tensões de CC, nas
extremidades da linha (Ucc1 e Ucc2) e pela resistência óhmica da linha (R), de acordo com a
expressão:

2 2

Pcc = Ucc.Icc = Ucc1+Ucc2. Ucc1-Ucc2 = Ucc1-Ucc2

2 R 2R

Onde: Pcc - É a potência referida ao meio da linha de transporte

Ucc1 - É a tensão da CC no início da linha (emissão)

Ucc2 - É a tensão da CC no fim da linha (recepção)

R - É a resistência óhmica do condutor da linha.

A frequência e o número de fases de duas (2) redes interligadas através da CC de AT, não tem
influência na transmissão de potência pelo que não apresenta problemas na ESTABILIDADE da
transmissão. Redes a diferentes frequências podem ser acopladas sem dificuldades.

Levando isto em conta, verifica-se o facto do custo de as centrais conversoras se tornarem mais
onerosas com o aumento da tensão de transporte, mas estes tornarem-se cada vez mais
insignificantes à medida que a distância de transmissão aumenta:

- No caso das LA de CC Umax.= ±800 KV E com Lmax.» 750 Km

- No caso de CS de CC Umax. = ±450 KV E com Lmax. = 250 Km

As características técnicas principais dependem da optimização das válvulas tirístores


conversoras. Actualmente (2022), fabricam-se tirístores para uma corrente nominal de 4000A e
para tensões de 8,5 kV.
1 – DISJUNTORES DE AC

Os disjuntores de CA protegem, não só os alimentadores para os CONVERSORES, mas também


as saídas para os circuitos dos FILTROS e do BANCO DE CONDENSADORES.

É de notar que estes disjuntores de CA devem operar e poder suportar frequentemente elevados
valores de potências capacitivas.

2 – FILTROS CA E BANCOS DE CONDENSADORES

Os filtros de CA são necessários para absorver as correntes harmónicas geradas pelos


conversores e, deste modo, reduzirem a distorção das tensões do sistema.

Tal torna o sistema mais complicado na prática devido à existência de harmónicas que sempre
surgem em sistemas cíclicos de comutação. São necessários assim, serem colocados estes filtros
de harmónicas de cada um dos lados do conversor, do lado CA e do lado de CC, para limitar a
interferência a níveis aceitáveis.

Os Filtros a aplicar servem para reduzir as harmónicas, de modo a que sejam minimizadas as
perdas e sejam reduzidas as interferências nos sistemas das telecomunicações:

Em CC, nas tensões de CC: Para a 6/ 12/ 18/ … de ordem 6n;

Em CA, nas correntes de CA: Para a 5/ 7/ 13/ … de ordem 6n ± 1.

Com as unidades conversoras de 12 pulsos é usual aplicarem-se circuitos ressonantes em série,


sintonizados para a 11ª e 13ª harmónica, junto com filtros “passa-alta” para as harmónicas mais
elevadas.

Dado o atraso na ignição e na comutação dos tirístores, os conversores de comutação da linha,


absorvem das redes às quais estão ligados potencia reactiva a qual varia com a potência activa
transmitida. Assim, requerem potência reactiva à frequência fundamental:

Q = Pcc. tang φ Sendo: φ = arc cos (cos α – ucc . Icc )

2 Iccn

Onde: φ – é o ângulo de desfasamento da frequência fundamental; α - é o ângulo de


controle do conversor; ucc - é a impedância característica de cc do transformador

Icc - é a corrente de transmissão em CC; Iccn – é a corrente de transmissão em CC nominal.

Através de alguns modos especiais de controle, pode-se fazer variar dentro de certos limites de
forma a assegurar e a ajudar a manter a estabilidade da tensão na rede de tensão trifásica.
A potência reactiva à frequência fundamental, para uma potência reactiva de um conversor
terminal de CC de AT com um determinado valor de carga, é de aproximadamente 50 a 60% da
potência activa, em cada uma das centrais conversoras (na emissão e na recepção) e não depende
do comprimento (L) da linha.

Os filtros de CA podem também fornecer alguma potência reactiva da frequência fundamental,


necessária aos conversores e aumentar os índices de qualidade. A restante potência reactiva (Q)
deve ser providenciada pelo banco de condensadores (ou por compensadores síncronos).

3 – TRANSFORMADORES DE CONVERSÃO

Os transformadores de conversão permitem converter as tensões da rede nas tensões trifásicas


necessárias às pontes de conversão.

Os transformadores de conversão servem a três (3) funções principais:

1 – Isolar galvanicamente o lado de CA do lado de CC;

2 – Transformar a tensão da rede na tensão de transporte;

3 – Providenciar a tensão necessária ao controle de “disparo”.

Estes transformadores de conversão para CC de AT são construídos com 2 ou 3 enrolamentos em


unidades monofásicas ou em unidades trifásicas.

No caso da unidade conversora de 12 pulsos, ligada a uma rede de CA, são necessários dois (2)
transformadores, ligados diferentemente (Yy0 e Yd5). Cada unidade de conversão consiste de
dois (2) arranjos de pontes trifásicas com os seus respectivos transformadores, um dos quais tem
o grupo de ligação Yy0 e o outro Yd5, de forma a produzirem um sistema de duas (2) tensões
trifásicas com um desfasamento do ângulo de fase de 30° (ou 150°) eléctricos.

Quando os tirístores do conversor operam, os enrolamentos do lado dos tirístores, são


galvanicamente ligados ao potencial de CC de AT e, a capacidade dieléctrica do seu isolamento
principal, deve estar adequado a este valor de tensão.

Enrolamentos e partes metálicas têm de ser dimensionadas e devidamente fixas devido as


correntes harmónicas elevadas e ao consequente fluxo de ligação.

Do lado de CC, os terminais destes transformadores são ligados em série e do lado de CA, são
ligados a um disjuntor de protecção comum para constituir uma unidade única de 12 pulsos.

Se a central tem de ser dividida em mais do que duas (2) secções, de modo a poder operar
independentemente, devido a potência máxima permitida, no caso de uma “falta”, as unidades de
12 pulsos são ligadas em série ou em paralelo.
4 – UNIDADES DE CONVERSÃO (RECTIFICADORAS)

O coração de uma Subestação de Conversão de CC de AT são as válvulas de tirístores, que


realizam a função de ligação dos conversores de forma a converterem a potência CA em CC.

Uma unidade de conversão de 12 pulsos consiste de 12 válvulas de tirístores. As válvulas de


conversão de CC de AT são feitas com tirístores. Para elevadas tensões estas válvulas de AT
agrupam até acima de uma centena (100) de tirístores, são ligadas em série.

Para obter uma tensão de distribuição uniforme, os tirístores possuem circuitos adicionais,
constituídos usualmente por componentes RC.

O arrefecimento do calor produzido pelos tirístores é realizado por circulação forçada de ar, óleo
ou água desionizada, sendo esta ultima a mais aplicada. As válvulas tirístores são geralmente
disparadas por ignição electrónica ou por aparelhos de disparo através de feixes de luz
transmitidos através de cabos de fibra óptica.

Com o circuito, em ponte de tirístores trifásicos, aplicado em sistemas de CC de AT, a equação


para a tensão de CC do conversor (Ucc) é dada por:

Ucc = k. Uv . ( cos α – ucc . Icc )

2 Iccn

Onde: Uv - é a tensão do lado da válvula de tirístores do transformador

α - é o angulo de controle do conversor

ucc - é a tensão da impedância relativa característica do transformador

Icc - é a corrente de transmissão do sistema em CC de AT

Iccn – é a corrente de transmissão do sistema em CC de AT, mas nominal.

Desde que a tensão de CC possa ser rapidamente alterada (quase que instantaneamente), em
função do sistema de controle de regulação do angulo de fase (α) do sistema do conversor, a
potencia transmitida pode variar rapidamente dentro de amplos limites.

Por outro lado, mudando o angulo de controle α de disparo dos tirístores de RECTIFICADOR
para INVERSOR (ou seja, aplicando α > 90°), é possível inverter a tensão da CC, o que
corresponde a inverter o sentido do fluxo de potencia.

A velocidade de reversão de potência pode ser adaptada se necessário aos requisitos das redes
acopladas. A rapidez de resposta do controle do conversor pode ainda ser empregue para manter
e suportar a estabilidade por um leve ajuste na modelação da potência de transmitida de forma a
atenuar as flutuações de potência em uma das redes ligadas.
5 – DISJUNTOR DE CC

Para a protecção da linha aérea de CC, aplicam-se disjuntores de CC. Os disjuntores de CC têm
de efectuar um número de diferentes funções, dependendo do esquema da central de conversão.
O seu propósito é de comutar a Subestação de CC, ligando-a ou desligando-a.

As “faltas” à terra nas linhas de CC são “limpas” (eliminadas), controlando o angulo de disparo
(α) e levando a corrente a zero.

6 – REACTÂCIAS DE ALISAMENTO E FILTRO CC

Para filtrar harmónicas e efectuar o alisamento da corrente continua, aplicam-se filtros e bobinas
de alisamento.

Uma reactância de alisamento, montada à saída de cada linha ou pólo, protege o conversor de
impulsos impostos externamente na linha de AT de CC. As reactâncias de alisamento, utilizadas
do lado da CC das centrais de conversão, amortecem (alisam) a CC e limitando a corrente de
curto-circuito caso haja uma situação de “falta” na linha.

O valor da sua indutância é usualmente de 0,1 a 1,0 Henry. Elas são geralmente construídas na
forma de uma reactância de núcleo de ar (com isolamento por ar).

A tensão de CC é filtrada através dos Filtros de CC. As suas características devem corresponder
às características da linha de transmissão, sendo particularmente importante possuírem
ressonância nas 1ª e 2ª harmónicas da frequência fundamental da rede.

7 – LINHAS AÉREAS DE CC (2 PÓLOS)

Os cabos condutores das linhas aéreas para os 2 pólos de CC são usualmente suportadas por uma
única torre de apoio, designando-se de uma linha aérea BIPOLAR.

Se houver requisitos especiais para a fiabilidade da transmissão, duas (2) linhas bipolares podem
ser levadas a uma (1) ou a duas (2) torres de apoio. Neste caso, a plena potência que permanece
na Subestação de Conversão, pode ser transmitida sem retorno da corrente pela terra.

Ambos os casos exploram o facto de as linhas poderem suportar um valor térmico elevado
resultante da sobrecarga. As características técnicas de uma transmissão CC de AT são
completamente independentes da distância de transmissão e do tipo de ligação CC utilizada, quer
seja por linha aérea, quer seja por cabo subterrâneo (ou subaquático).

Por outro lado, as características principais de uma ligação CC de AT são muito mais
influenciadas pelo tipo de condutor e pela distância de transmissão.
As linhas em CC, não requerem potência reactiva e a queda de tensão é simplesmente RI, onde R
é a resistência dos condutores e I a intensidade de corrente.

A optimização dos custos e perdas derivadas da tensão de transmissão, o mais elevada possível,
possui um limite usualmente fixado pelo gradiante da tensão da superfície permissível do
condutor.

Tendo isto em linha de conta, verifica-se que o custo da Subestação de Conversão aumenta com
o aumento da tensão de CC de transporte (U) seleccionada, mas vai tornando-se menos
significativo, à medida que o comprimento (L) da linha ou do cabo, aumenta.

Nos casos actuais de sistemas de transmissão por cabo submarino, surgem já sistemas com uma
tensão de transmissão de ± 450 kV e com um comprimento da ordem dos 250 km já montados.
Em projecto, surgem comprimentos de 500 km e com tensões de transmissão de ± 500 kV.

Para sistemas interligados, a característica principal reside e é gerida apenas, pela optimização
das válvulas do conversor, actualmente com tensões de ± 8,5 kV e com correntes de 4000 A.

Resta-nos questionar, se no futuro, será que o TIRISTOR poderá vir a fazer pela
transmissão em CC o que o TRANSFORMADOR fez pela transmissão em CA.

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