Sistema de Transmissão de Dados Utilizando A Rede GSM/GPRS: Bernardo Lucas Martino

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Bernardo Lucas Martino

SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE DADOS


UTILIZANDO A REDE GSM/GPRS

Viçosa, MG
2019
Bernardo Lucas Martino

SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE DADOS UTILIZANDO


A REDE GSM/GPRS

Monografia apresentada ao Departamento de


Engenharia Elétrica do Centro de Ciências
Exatas e Tecnológicas da Universidade Fede-
ral de Viçosa, para a obtenção dos créditos da
disciplina ELT 402 – Projeto de Engenharia
II – e cumprimento do requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Engenharia
Elétrica.

Orientador Prof. Dr. Fernando Falco Pruski


Coorientador M.Sc. Rafael Iria Rodrigues

Viçosa, MG
2019
Dedico este trabalho aos meus pais Eliana e Luciano, que sempre acreditaram no meu
potencial e me ajudaram a cada etapa dessa conquista. Amo vocês mais que tudo.
Agradecimentos

Agradeço a minha mãe Eliana, minha heroı́na, que me deu apoio e incentivo nas
horas difı́ceis em que o desânimo e o cansaço eram presentes, ao meu Pai Luciano que
sempre me aconselhou a cada passo dessa jornada e ao meu irmão Victor pelos momentos
de companheirismo e por sempre me fazer entender a importância da famı́lia.
Agradeço à minha namorada, Marina, por todo o seu apoio e carinho, pelas palavras
doces, pelos abraços apertados e por fazer meus dias mais alegres. Aos meus amigos de
infância: Igor, Caio, Jow, Christian, Luiz, Duduzão e Breno, agradeço pela amizade de
décadas, vocês são os melhores amigos que alguém poderia pedir.
Agradeço ao professor Pruski pela orientação, pela confiança e pelas oportunidades
que me foram oferecidas. Obrigado ao Rafael Iria pelo imenso apoio na elaboração
deste trabalho, pelas correções, pelos incentivos e por todo o aprendizado. Obrigado
aos professores Rodolpho e Brandão e aos técnicos Cristiano e Lúcio por me ajudarem na
minha formação profissional. Aos demais que me ajudaram de alguma forma a chegar até
aqui, meu muito obrigado.
“Julgue seu sucesso pelas coisas que
você teve que renunciar para conseguir.”
(Dalai Lama)
Resumo
Sistemas de telemetria automatizados são cada vez mais presentes no monitoramento
de variáveis como temperatura, radiação solar, nı́vel d’água, pH do solo, luminosidade,
velocidade do vento e umidade do ar pois possuem um custo operacional menor quando
comparados com as metodologias que necessitam de operadores para realizar medições.
Dentre as tecnologias disponı́veis hoje no mercado para a transmissão sem fio de dados,
a rede de telefonia móvel é uma das opções mais interessantes para aplicações à longas
distâncias, pois apresenta uma infra estrutura bem desenvolvida com cobertura nacional
e um baixo custo de implementação quando comparada com outras redes. Sendo assim,
o presente trabalho se baseou na hipótese de que o desenvolvimento de um sistema de
transmissão de dados utilizando a rede GSM possa constituir-se em uma importante
ferramenta para as áreas de gestão e planejamento de recursos, visto que ele permite
o monitoramento de variáveis importantes em tempo real. Dessa forma esse trabalho
teve como objetivo a criação de um protótipo de um sistema de aquisição e transmissão
automática de dados, o que acarretou no desenvolvimento de uma placa de circuito impresso,
dotada de um módulo de comunicação GSM, capaz de ler e transmitir dados de sensores
de temperatura e luminosidade via mensagens de texto SMS aos usuários do sistema, além
de um aplicativo de celular para gerenciar a obtenção dos dados. Foram realizados três
experimentos com o protótipo desenvolvido, com os quais foi possı́vel constatar que ele
conseguiu não só reconhecer automaticamente seus usuários, mas também interpretar
e executar diferentes comandos de leitura. Por fim esse trabalho descreve os custos da
construção do protótipo e faz uma análise sobre a adaptabilidade do sistema desenvolvido.

Palavras-chaves: GSM; telemetria; sensores; aplicativo; microcontrolador; placa de


circuito impresso; módulo GSM.
Abstract
Automated telemetry systems are increasingly been used for monitoring variables such as
temperature, water level, lightness, solar radiation, soil pH, wind speed and air humidity as
they have a lower operating cost when compared to methodologies that require operators
to perform measurements. Among the technologies available today for wireless data
transmission, the mobile phone network is one of the most interesting options for long-
distance applications because of it’s well-developed infrastructure with nationwide coverage
and a low implementation cost when compared with other networks. Thus, this paper was
based on the hypothesis that the development of a data transmission system using the
GSM network can be an important tool for water resources management and planning
since it allows real-time monitoring of important variables. In order to create a prototype of
a system of automatic data acquisition and transmission, a printed circuit board equipped
with a microcontroller and a GSM communication module, capable of reading and transmit
data from temperature and light sensors through SMS text messages to it’s users was
created along with a mobile app to manage the data collection. Three experiments were
carried out with the developed prototype, showing that it could not only automatically
recognize its users, but also interpret and execute different read commands.Finally, this
paper describes the prototype construction cost and analyzes the developed system’s
adaptability capacity.

Keywords: GSM; telemetry; sensors; app; microcontroller; printed circuit board; GSM
module.
Lista de ilustrações

Figura 1 – Estrutura de uma rede GSM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14


Figura 2 – Arquitetura de transmissão de dados GSM . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 3 – Mapa de processos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 4 – LM35 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 5 – LDR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 6 – Luxı́metro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 7 – Curva de Calibração do LDR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 8 – Módulo SIM800L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 9 – Diagrama resumido de um microcontrolador . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 10 – Pinos do PIC18f2550 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 11 – Dispositivos Auxiliares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 12 – Interface do Eagle Cadsoft . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 13 – Circuito de Alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 14 – Circuitos ARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 15 – Leitura de Sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 16 – Compilador CCS-PCWHD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 17 – Fluxograma do firmware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 18 – Comandos AT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 19 – Rotina de configuração do SIM800L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 20 – Buffer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 21 – Função para extrair o remetente do buffer . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 22 – Mensagem recebida da PCI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 23 – Emulador Android Studio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 24 – Atividade Principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 25 – Atividade Conversões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 26 – Protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 27 – Primeiro Experimento - Código “$00’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 28 – Primeiro Experimento - Código “$01” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 29 – Primeiro Experimento - Código “$10’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 30 – Primeiro Experimento - Código “$11” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 31 – Segundo Experimento - Código “$00’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 32 – Segundo Experimento - Código “$10’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 33 – Segundo Experimento - Código “$01’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 34 – Segundo Experimento - Código “$11’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 35 – Terceiro Experimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Lista de tabelas

Tabela 1 – Principais periféricos do PIC 18F2550 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23


Tabela 2 – Sintaxe dos Comandos AT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Tabela 3 – Custos do Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Lista de abreviaturas e siglas

GSM Global Systems Communications.

GPRS General Packet Radio Services.

MS Mobile Station.

SMS Short Message Service.

AT Attention.

CMOS Complementary metal-oxide-semiconductor.

PIC Programmable Interface Controller.

USART Universal Synchronous Asynchronous Receiver Transmitter.

CI Circuito-integrado.

INMET Instituto Nacional de Meteorologia.

PCI Placa de circuito impresso.

LDR Light dependent resistor.

USB Barramento Serial Universal.

GND Terra.

UART Universal Asynchronous Receiver/Transmitter.

App Aplicativo.

ICSP In-Circuit Serial Programming.


Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 Objetivos Gerais e Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Desenvolvimento eletrônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1.1 Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1.1.1 Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1.1.2 Luminosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.1.2 Módulo GSM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.1.3 Microcontrolador PIC18f2550 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1.4 Dispositivos auxilares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1.5 PCI - Apollo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
3.2 Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.1 Microcontrolador / módulo GSM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2.2 Modulo GSM / smartphone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3 Desenvolvimento do aplicativo de Celular no Android Studio . . . 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1 Aplicativo Android - Afrodite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1.1 Atividade Principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1.2 Atividade Conversões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2 Experimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.3 Custos do Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.4 Capacidade de adaptação do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
12

1 Introdução

Sistemas capazes de aquisitar e transmitir dados sem fio se fazem cada vez mais
presentes em diversas áreas, como no telemonitoramento médico, no controle do sistema
elétrico de potência, na indústria 4.0 e estudos climáticos, uma vez que eles permitem a
automatização de diversos processos e a conectividade entre dispositivos. Esses sistemas de
telemetria automatizados visam diminuir o custo operacional das metodologias tradicionais
que necessitam de um operador para realizar medições. Um exemplo de onde essa automação
e conectividade vem crescendo no cenário nacional são as estações meteorológicas do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Hoje o instituto administra mais de 700
estações meteorológicas espalhadas por todo território brasileiro, que coletam dados de
variáveis climáticas como radiação, temperatura, umidade relativa do ar, dentre outras.
Apesar da grande maioria delas serem automáticas, ainda existem estações conven-
cionais [INMET 2019], pois como a automatização dessa coleta é relativamente recente
no paı́s, existem constantes discussões sobre sua confiabilidade, custo e dificuldade de
manutenção [Sentelhas et al. 1997], porque a ocorrência de falhas nesses dispositivos pode
acarretar perdas de informações ou a necessidade da utilização das estações convencionais.
Por outro lado, essa tecnologia tende a substituir o processo manual de coleta de dados
[Sousa, Antunes e Cabral 2015], tornando os sistemas telemétricos, hoje, o foco de vários
pesquisadores [Ionel, Vasiu e Mischie 2012].
Dentre as tecnologias wireless necessárias à telemetria, as mais conhecidas são
o Bluetooth, o Wi-Fi, a rede de telefonia celular (GSM/GPRS) e a comunicação via
satélite. O Bluetooh é comumente usado para aplicações de curtas distâncias, confinadas
em até 100 m, como por exemplo, para conectar periféricos (mouse, teclado e joysticks)
a um computador. Essa tecnologia ja é presente nos aparelhos celulares, o que ajuda na
simplicidade de sua utilização. Já o Wi-Fi, e mais especificamente o Wireless Local Area
Network (WLAN), é um sistema capaz de transmitir grandes quantidades de dados em
frequências elevadas, que variam entre 54 Mbps e 600 Mbps. Entretanto, ela é recomendada
para distâncias médias pois o aumento da sua área de cobertura, principalmente com o
uso de topologias de malha, representa um acréscimo significativo na complexidade da
rede [Mulla et al. 2015]. Para uma telemetria a longas distâncias a comunicação via satélite
é uma opção bem conhecida, apesar da mesma apresentar um elevado custo operacional e
de implementação [Liberalquino 2010].
A rede de telefonia celular, por sua vez, é destinada a transmissões a longas
distâncias [Mulla et al. 2015]. Ela conta com diversos serviços presentes nas tecnologias 1G,
2G, 3G e 4G, como telefonemas, mensagens de texto e acesso a internet que, gradativamente,
Capı́tulo 1. Introdução 13

vem se tornando cada vez mais atrativas [Pirotti e Zuccolotto 2009]. Apesar dela não
ser recomendada para aplicações que dependam de uma comunicação contı́nua, visto que
sua disponibilidade depende da densidade populacional nos locais da aplicação, a rede de
telefonia celular possui uma infra estrutura bem desenvolvida [Mulla et al. 2015], haja vista
que ela está presente em todos os 5570 municı́pios brasileiros com a tecnologia 2G, 5467
com a 3G e 4554 com a 4G [ANATEL 2018]. Isso proporciona a rede GSM uma cobertura
nacional e uma disponibilidade de serviços bastante interessante quando comparada com
as demais tecnologias.
O Global Systems Communications (GSM) para telefonia celular foi desenvolvido
no inı́cio da década de 80 pelo Groupe Spéciale Móbile para suplantar os diversos padrões
de telefonia existentes em cada paı́s até então. Antes de sua implementação os usuários
eram impossibilitados de transitarem internacionalmente utilizando os serviços de telefonia
móvel [Bodic 2005]. Embora o sistema tenha sido pensado inicialmente apenas para a
Europa, a rede demonstrou condições de se tornar um modelo global [Pirotti e Zuccolotto
2009, Heine e Horrer 1999]. A primeira geração (1G) do sistema, introduzida no mercado
em 1991, era caracterizada por ser analógica e sem fio, já a segunda geração, 2G, por sua
vez possuı́a tecnologia de comunicação digital, o que a possibilitava uma melhor qualidade
de voz e maior disponibilidade de serviços. Em seguida surgiu a geração 2.5G, em 2001,
também conhecida como GPRS (General Packet Radio Services) que fez com o que os
dados da rede de telefonia fossem enviados em pacotes, permitindo assim a conexão com a
Internet. No ano de 2004 a terceira geração (3G) foi introduzida no mercado possibilitando
diversas melhorias aos serviços tradicionais e também ao acesso à Internet [Bodic 2005].
Por fim, em 2013 chegou ao Brasil a quarta geração (4G), também chamada de Long-Term
Evolution (LTE), que conta com uma disponibilidade ainda maior de Internet se comparada
à tecnologia 3G [Dahlman, Parkvall e Skold 2013].
A rede GSM/GPRS é configurada de acordo com o conceito de célula pois o espectro
de frequência disponı́vel à comunicação móvel é limitado, dessa forma diversos usuários
conseguem utilizar a mesma banda de frequência simultaneamente, porque cada célula da
rede utiliza uma faixa de frequência diferente da vizinha (Figura 1). Para uma rede GSM,
quanto menor a célula, maior é a reutilização de frequência da rede e maior o custo de sua
infraestrutura [Bodic 2005, Heine e Horrer 1999].
Nessa arquitetura, cada cliente usa uma estação móvel (MS) que se comunica com a
estação transceptora base (BTS) no centro da célula por meio de ondas de rádio. O MS pode
ser um telefone celular ou um módulo GSM e é identificado através de um número único
de 15 dı́gitos chamado IMEI (INTERNATIONAL MOBILE EQUIPAMENT IDENTIFY).
Além disso, esses aparelhos também devem ser equipados com um chip SIM (Subscriber
Identity Module), cujo número de reconhecimento é chamado IMSI (International Mobile
Subscriber Identity), de forma que mesmo se o usuário trocar de terminal, o cartão SIM
Capı́tulo 1. Introdução 14

irá identifica-lo [Fischer 2016].

Figura 1 – Estrutura de uma rede GSM

Fonte: Retirado de [Heine e Horrer 1999]

Nesse trabalho o serviço GSM/GPRS utilizado é o Short Message Service (SMS),


já incluı́do na tecnologia 2.5G, que permite a troca de mensagens curtas de texto (160
caracteres) entre os assinantes [Bodic 2005]. Ele foi escolhido pois é o serviço mais simples
e com maior cobertura que pode ser aplicado para a automação de sistemas de aquisição e
transmissão automática de dados. Uma caracterı́stica deste serviço é que ele permite a um
MS receber ou enviar mensagens, a qualquer momento, independentemente de chamada
de voz ou dados em andamento. Dessa forma, a entrega das mensagens é assegurada pela
rede e se alguma falha temporária ocorrer, a mensagem fica armazenada até que o destino
esteja novamente disponı́vel [Dias e Sadok 2001].
O envio de dados e comandos via mensagens de texto não é algo inovador. Essa
tecnologia é usada em várias áreas como, por exemplo, para alarmes de segurança,
equipamentos eletrônicos em “Smart Homes” ou mesmo em estações meteorológicas
[Nasution et al. 2017, Yubo, Yunfeng e Zhiwei 2014, Xingang Guo e Yu Song 2010].
Empresas como a Squitter Soluções em Meteorologia e Hidrologia e a Sigma Sensors já
fabricam estações meteorológicas automáticas que utilizam a rede GSM para telemetria de
dados.
As estações meteorológicas automáticas do INMET são exemplos de como o uso da
rede GSM se destaca em relação às demais tecnologias. Para as estações meteorológicas do
instituto que utilizam a rede de telefonia para a transmissão de dados, o custo operacional é
de R$250,00/mês por estação, enquanto as que utilizam a comunicação via satélite custam
R$700,00/mês [INMET 2019]. Apesar do GSM não ter uma cobertura tão abrangente
Capı́tulo 1. Introdução 15

quanto a satélite, ela apresenta uma diminuição significativa de custo para as estações
meteorológicas, tornando a rede mais atrativa para essa aplicação.
16

2 Justificativa e Objetivos

2.1 Justificativa
Mediante as abordagens apresentadas, o presente trabalho se baseia na hipótese
de que o desenvolvimento de um sistema de transmissão de dados utilizando a rede GSM
possa constituir de uma importante ferramenta para as áreas de gestão e planejamento
de diferentes recursos, visto que essa tecnologia permite a obtenção de dados de variáveis
importantes em tempo real e, consequentemente, possibilita que medidas mitigadoras
possam ser tomadas com antecedência.

2.2 Objetivos Gerais e Específicos


O objetivo geral desse trabalho foi desenvolver um sistema de aquisição e transmissão
automática de dados utilizando a rede GSM.

Objetivos específicos:

1. Desenvolver um hardware capaz de se conectar à rede GSM e enviar dados de seus


sensores via SMS;

2. Desenvolver um firmware para gerenciar a comunicação entre o usuário e o hardware;

3. Desenvolver um aplicativo para gerenciar a obtenção automática de dados do


dispositivo.
17

3 Materiais e Métodos

O propósito desse trabalho foi desenvolver um sistema de transmissão de dados


utilizando a rede GSM. Sendo assim foi desenvolvido um protótipo constituı́do de uma
placa de circuitos impressos (PCI) contendo sensores de temperatura e luminosidade, um
firmware destinado ao microcontrolador da PCI para leitura e transmissão dos valores
medidos pelos sensores e um aplicativo de celular para que o usuário final pudesse gerenciar
a aquisição de dados desse dispositivo. A Figura 2 ilustra o esquema geral do sistema
proposto desde a leitura dos sensores até o usuário final.
Figura 2 – Arquitetura de transmissão de dados GSM

O dispositivo eletrônico possui entrada para sensores analógicos e digitais sendo


que, para essa aplicação, foram utilizados sensores de temperatura e luminosidade devido
ao seu baixo custo e facilidade de implementação. Esse dispositivo possui um módulo de
transmissão GSM com um chip SIM (da operadora Vivo) para o envio das informações dos
sensores na forma de SMS. Cada dispositivo trabalha no modo escravo, sendo necessário
enviar uma solicitação de leitura para que a transmissão das informações ocorra e cada um
dos dispositivos pode trabalhar de forma individualizada, reconhecendo automaticamente
o solicitante/remetente. A solicitação é enviada pelo aplicativo, de forma que o usuário
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 18

deve selecionar os sensores dos quais ele deseja obter as informações e recebe como resposta
um buffer de dados que é processado pelo aplicativo.
O desenvolvimento metodológico seguiu o mapa de processos descrito na Figura 3.

Figura 3 – Mapa de processos

3.1 Desenvolvimento eletrônico


Para o desenvolvimento do dispositivo eletrônico foi necessário definir os sensores
que serão utilizados na aplicação, o módulo GSM de transmissão de dados, os protocolos
de comunicação e o microcontrolador. Além disso, foi necessário desenvolver uma placa de
circuito impresso para integrar todos os componentes utilizados na aplicação.

3.1.1 Sensores
Devido à facilidade de implementação, nesse trabalho foram utilizados os sensores
de luminosidade e temperatura para representar as variáveis monitoradas pelo sistema,
entretanto é importante ressaltar que o projeto desenvolvido permite a implementação de
sensores adicionais seguindo a estrutura de software descrita no decorrer desse capı́tulo.

3.1.1.1 Temperatura

O LM35 é um circuito-integrado (CI) cuja tensão de saı́da é linearmente proporcional


à temperatura (em graus Celsius). A simplicidade de sua utilização advêm do fato do
mesmo não requerer nenhum dispositivo externo de calibração ou corte para fornecer
precisões de 0.5 ◦C. Além disso o sensor possui uma sensibilidade de 10 mV ◦C−1 e precisão,
na resolução de 10 bits, de 0.488 ◦C/bit.
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 19

A Figura 4a abaixo ilustra a polaridade do sensor de temperatura, assim como seu


esquema de ligação (Figura 4b) [National Semiconductor 2000].

Figura 4 – LM35

(a) Sensor LM35 (b) Ligação


Fonte: Retirado de [National Semiconductor 2000]

As principais caracterı́sticas do LM35 são:

• Faixa de medição entre 2 ◦C e 150 ◦C (para a configuração apresentada na Figura 4b).

• Sensibilidade de 10 mV ◦C−1 .

• Precisão de 0.5 ◦C em 25 ◦C.

• Opera com tensões entre 4 até 30 V.

• Menos de 60 µA de corrente de dreno.

• Precisão na resolução de 10 bits de até 0.488 ◦C/bit.

Para converte os valores em bits do LM35 foi necessário fazer um escalonamento


da escala de bits (0 a 1023) para a escala de temperatura (2 a 150 ◦C). Assim temos

T = 0.144Vb + 2 (3.1)

onde T é a temperatura dada em ◦C e Vb é o valor lido pelo sensor em bits. Esse método
foi escolhido devido às dificuldades encontradas no processo de calibração do sensor, além
do fato do pois sua função no ensaio era obter diferenças de temperatura.

3.1.1.2 Luminosidade

Para leitura de luminosidade foi utilizado o Light Dependent Resistor (LDR). O


sensor (Figura 5a) é composto por um material semicondutor, de sulfeto de cádmio ou o
sulfeto de chumbo, e atua como uma resistência elétrica que é alterada com o aumento
da intensidade da luminosidade. O esquema de ligação necessário para se ler o LDR está
ilustrado na Figura 5b.
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 20

Figura 5 – LDR

(a) LDR (b) Conexão do LDR

A resistência do LDR varia de forma não linear tal que

R = λL−γ (3.2)

onde R é resistência elétrica do sensor, L é a iluminação em lux (lx), λ é o pico de resposta


espectral (Nm) e γ é uma constante fornecida pelo fabricante. Como, a partir da topologia
da Figura 5b, R também pode ser definido como
Ro Vcc
R= − Ro (3.3)
Vo
onde Ro é a resistência em série com o LDR (em Ω), Vo é a tensão em Ro (em V) e Vcc é
4.4 V, foi possı́vel determinar os valores de λ = 106972 e γ = 0, 60 calibrando o LDR com
o auxilo do luxı́metro UT383 (Figura 6) e do software Microsoft Excel (versão gratuita). A
curva de calibração construı́da para o LDR está ilustrada na Figura 7, onde a aproximação
teve um coeficiente de determinação (R2 ), definido como uma medida da proporção da
variabilidade da resistência do LDR em função da variabilidade de luminosidade de 0.9991,
o que indica uma boa aproximação para o comportamento da resistência do sensor.

3.1.2 Módulo GSM


Para realizar a transmissão dos dados foi utilizado o módulo SIM800L, que possibilita
a conexão entre o dispositivo eletrônico e a rede GSM/GPRS. Esse módulo possui um chip
SIM800L quad-band desenvolvido pela SIMCom [SIMCom 2013] conectado à uma placa
eletrônica, facilitando o acesso aos pinos de controle do chip (Figura 8).
As principais caracterı́sticas do SIM800L estão listadas abaixo:

ˆ Alimentação com tensão de 3.3 a 4.5 VDC.

ˆ Possui um socket dedicado à cartões SIM.


Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 21

Figura 6 – Luxı́metro

Figura 7 – Curva de Calibração do LDR

ˆ Opera nas quatro bandas das operadoras de telefonia GSM (850, 900, 1800 e
1900 MHz).

ˆ Universal Asynchronous Receiver/Transmitter (UART) com velocidade de até 115200


bps.

ˆ Potência máxima de saı́da de +33 dBm para frequências de operação de 850 e


900 MHz ou de +30 dBm para frequências de 1800 e 1900 MHz.

ˆ Corrente máxima de 2 A.

ˆ Consumo de 2.5 mA em espera.


Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 22

Figura 8 – Módulo SIM800L

Fonte: Retirado de [NETTIGO 2019]

ˆ Sensibilidade de 107 dBm nas 4 frequências. .

O módulo utiliza protocolo de comunicação serial UART, que é uma maneira de


se transmitir informações na forma de bits, enviando-os um por vez através de um canal
de transmissão. Ela foi desenvolvida com o intuito de permitir a troca de informações
entre dispositivos digitais de maneira assı́ncrona, em que o transmissor e o receptor são
sincronizados a cada byte. A comunicação entre os dispositivos é iniciada por meio do
envio de um start bit, que é seguido pelos bits referentes à informação transmitida, pelos
bits de paridade e pelo stop bit, que encerra a comunicação. À velocidade dessa transmissão
é dado o nome de bound rate e normalmente deve ser configurada de forma igual tanto no
dispositivo transmissor quanto no receptor [Pereira 2014], entretanto, o módulo SIM800L
possui um mecanismo de identificação automático dessa velocidade, facilitando assim sua
configuração.
O padrão utilizado com a interface UART para a comunicação entre o módulo
e o microcontrolador foi o RS-232, cujo o funcionamento necessita de três conectores,
sendo eles: o pino de transmissão de dados (TX), de recepção de dados (RX) e, por fim, o
fio referente ao terra (GND). É importante ressaltar que o RS-232 trabalha usualmente
com nı́vel de tensão Transistor to Transistor Logic (TTL), ou seja , 5 V, e pode chegar a
velocidades de transmissão de até 20 Kbps [Axelson 2007].

3.1.3 Microcontrolador PIC18f2550


Mediante as caracterı́sticas do sistema e visualizando aplicações futuras (comunica-
ção USB e controle de processos), foi escolhido o microcontrolador PIC18f2550, desenvolvido
pela empresa MICROCHIP, cujo o diagrama resumido de sua arquitetura básica está
ilustrado na Figura 9 [Miyadaira 2009].
As principais caracterı́sticas do PIC18F2550 são listadas abaixo:
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 23

ˆ Alimentação com tensão de 4.2 V a 5.5 V.

ˆ Corrente máxima de 25 mA.

ˆ Capacidade de operar com cristais oscilatórios com frequências de até 20 MHz.

ˆ Conversores analógico-digital de 10-bits.

ˆ Interface de dados UART e padrão de comunicação RS-232.

Figura 9 – Diagrama resumido de um microcontrolador

Fonte: Retirado de [Miyadaira 2009]

A Tabela 1 descreve os principais periféricos do microcontrolador, assim como quais


deles foram utilizados. Os pinos do microcontrolador estão ilustrados na Figura 10.

Tabela 1 – Principais periféricos do PIC 18F2550

Portas de
Conversores Protocolos de
entrada ou
TIMERS analógico/digital Comunicação
saı́da
de 10 bits. Serial
digital(I/O)
TIMER 0
Barramentos TIMER 1 Barramento A USB
Disponı́vel
A, B, C e E TIMER 2 B0 a B4 UART
TIMER 3
E3 - MCLR
C0 - LED1
A0 - LM35
Utilizado C1 - LED2 TIMER 0 UART (C6 e C7)
A1 - LDR
B6 - PGC
B7 - PGD

3.1.4 Dispositivos auxilares


Para o funcionamento da PCI foi necessário a utilização de dois elementos externos,
sendo eles o gravador k-150 e a bateria UP1270E. O k-150 (Figura 11a) é um dispositivo para
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 24

Figura 10 – Pinos do PIC18f2550

Fonte: Retirado de [MICHOSHIP 2006]

gravação de códigos para microcontroladores PIC. Este gravador possui um soquete tipo
Zero Insertion Force (ZIF) de 40 pinos, que contém, alem do soquete, uma pequena alavanca
que permite travar o chip. Esse soquete reduz possı́veis danos ao CI, se comparado com os
soquetes tradicionais. Além disso o gravador conta com um conector para programação
ICSP, que possibilita a gravação on board.
Para a alimentação da PCI foi utilizada a bateria UP1270E (Figura 11b) de 12 V e
7 A h, para possibilitar que o dispositivo projetado consiga operar sem a necessidade de
ser conectado à rede elétrica.

Figura 11 – Dispositivos Auxiliares

(b) Bateria

(a) K-150

Fonte: <https://www.mercadolivre.com.br/>

3.1.5 PCI - Apollo


A placa eletrônica desenvolvida nesse trabalho, nomeada “Apollo”, foi projetada
utilizando o software Eagle Cadsoft (versão gratuita). O projeto foi feito em duas telas,
sendo a primeira (Figura 12a) referente ao esquemático do projeto e a segunda (Figura
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 25

12b) referente ao roteamento da PCI. O programa retorna ao usuário dois arquivos, sendo o
da primeira tela um arquivo na extensão .sql e o da segunda na extensão .brd (a confecção
do hardware foi feita pela empresa Digicart, de Florianópolis - SC).

Figura 12 – Interface do Eagle Cadsoft

(a) Schematic (b) Board

Apollo foi projetada para que o microcontrolador realize a leitura de sensores


analógicos e transmitir os dados obtidos via SMS. Seus circuitos fundamentais são o
circuito de alimentação, o circuito de acionamento de LEDS, o circuito de leitura de
sensores, o In-Circuit Serial Programming (ICSP) e o circuito de comunicação serial entre
o microcontrolador e o módulo GSM. Apollo também conta com uma porta USB, além
de circuitos de acionamentos de 12 V, via relés, que foram inseridos no projeto visando
futuras aplicações da PCI.
O circuito de alimentação da Apollo (Figura 13), foi desenvolvido para fornecer
a ela tensões de 4.4 V e 3.7 V a partir dos 12 V disponibilizados pela bateria. Ele conta
com um regulador de tensão L7805 (5 V) conectado um transistor TBJ e um diodo,
possibilitando assim alcançar ambas as tensões desejadas. A topologia criada também
conta com um fusı́vel de 2.5 A, que atua como uma proteção contra altas correntes, e um
MOSFET IRF9530, que garante um fluxo unidirecional da fonte de alimentação para a
PCI, protegendo Apollo em caso de polarização reversa de sua bateria [Pürschel 2009].
O circuito de acionamento de LEDs na PCI conta com dois LEDs, um amarelo e
um verde. Com o auxı́lio do TIMER 0 do microcontrolador, o LED amarelo foi programado
para piscar periodicamente (a cada segundo), com o intuito de sinalizar ao usuário não só
que a placa foi energizada mas também que o firmware está funcionando corretamente.
Já o LED verde foi utilizado para permitir que um operador consiga acompanhar tanto a
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 26

rotina de configuração configuração do módulo GSM, que será descrita no decorrer deste
capı́tulo, mas também para indicar quando o dispositivo recebeu um SMS.
O ICSP é uma configuração que permite que um microcontrolador seja programado
on board. A topologia da Figura 14a foi projetada para permitir não só essa funcionalidade
mas também a possibilidade de um operador reiniciar o programa do PIC18F2550 ao
apertar o botão existente na placa.
O circuito de comunicação serial da Figura 14b permite que o PIC18F2550 se
conecte com o SIM800L. Os detalhes dessa comunicação ja foram abordados anteriormente
na seção 3.2.1.

Figura 13 – Circuito de Alimentação

Figura 14 – Circuitos ARES

(a) ICSP (b) Comunicação Serial

O circuito para a leitura de sensores, mostrado na Figura 15, conta somente com
três conexões. A primeira é referente ao 4.4 V, a segunda ao GND (0 V) e a última à saı́da
de tensão analógica dos sensores (Vout). A topologia conta também filtros RC para a saı́da
de tensão do LM35 e um resistor de pull-down para o LDR. É importante ressaltar que os
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 27

sensores não foram soldados na PCI mas sim conectados a ela, o que possibilitou maior
liberdade para posicionar os sensores durante os experimentos com o protótipo.

Figura 15 – Leitura de Sensor

3.2 Comunicação
O sistema de transmissão de dados desenvolvido depende da comunicação entre seus
diferentes componentes. Essa comunicação se resume em duas etapas: a primeira é entre
o microcontrolador e o SIM800L, utilizando os comandos AT, feitos por intermédio da
interface UART presente em ambos os componentes; a segunda é entre o módulo SIM800L
e o smartphone, viabilizada pela rede GSM.
Para coordenar essa comunicação foi preciso criar um firmware para o microcontro-
lador contendo todas as rotinas de código necessárias para esse processo. Para tanto foi
utilizado o software CCS-PCWHD (versão gratuita) pois ele conta com várias ferramentas
como um debugger, que é usado para testar o código e encontrar seus erros e um monitor
serial para testar comunicações entre a placa eletrônica e o computador. Além disso, por
meio do seu compilador gera-se um arquivo *.hex. necessário para a gravação do programa
no microcontrolador. O CCS também possui funções especı́ficas e drivers para acionar os
periféricos do microcontrolador, como seus conversores analógico-digital, temporizadores e
transmissores RS-232. A Figura 16 ilustra um exemplo de programa.

3.2.1 Microcontrolador / módulo GSM


Para o PIC18F2550 se comunicar com o SIM800L utiliza-se os comandos AT, que
são cadeias de caracteres que compreendem pelo menos um identificador de comando
[Panditji e Gaylord 1996]. Na literatura encontra-se uma extensa lista desses comandos
que possibilitam a realização de tarefas como enviar mensagens de texto SMS, realizar
chamadas, identificação do estado de baterias, entre outros serviços [Jawarkar et al. 2008].
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 28

Figura 16 – Compilador CCS-PCWHD

Como o sistema de telemetria desse trabalho funciona de forma Mestre-Escravo, em que


o equipamento aguarda as instruções do usuário para realizar suas tarefas, foi preciso
configurar o SIM800L de tal forma que ele fosse capaz não só de receber esses comandos,
mas também enviar ao usuário o resultado da tarefa realizada, ambas ações via SMS.
Para realizar essa configuração, o microcontrolador precisa enviar uma série de
comandos ao módulo quando a PCI é energizada, conforme ilustrado no fluxograma
da Figura 17. Os comandos utilizados nessa configuração são: AT, ATZ, AT+CMGF,
AT+CPMS e AT+CNMI. As funções desses e outros comandos AT presentes no firmware
desenvolvido se encontram abaixo:

ˆ AT: Testa se módulo está respondendo.

ˆ ATZ: Redefine configurações de forma padrão.

ˆ AT+CMGF: Seleciona o formato do SMS.

ˆ AT+CMGR: Lê mensagem SMS.

ˆ AT+CMGD: Deleta mensagem SMS.

ˆ AT+CMGS: Envia SMS.

ˆ AT+CPMS: Configura as preferências de armazenamentos de mensagens.

ˆ AT+CNMI: Configura os alertas de mensagens SMS.


Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 29

Figura 17 – Fluxograma do firmware


Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 30

Para o desenvolvimento do firmware foi importante levar em consideração a sintaxe


dos comandos AT, pois o mesmo identificador pode realizar diferentes funções, conforme
explicitado na Tabela 2. A Figura 18 ilustra, com trechos de código, as sintaxes usadas
para os comandos.

Tabela 2 – Sintaxe dos Comandos AT

O equipamento móvel retorna a lista


de parâmetros, intervalos e valores
Comando de Teste AT+<x>=?
definidos com Comando de Escrita
correspondente ou por processos internos.
Este comando retorna o valor
Comando de Leitura AT+<x>?
atuais do(s) parâmetro(s)
Este comando define valores de
Comando de Escrita AT+<x>=<...>
parâmetros
Lê parâmetros invariantes afetados
Comando de Execução AT+<x> por processos internos do equipamento
GSM.

Toda vez que um comando AT é enviado ao módulo pelo microcontrolador, o


mesmo retorna uma string “OK”, caso a tarefa tenha sido realizada com sucesso, ou uma
string “ERROR”, caso contrário. Sendo assim, a medida em que os comandos vão sendo
enviados, o microcontrolador espera o feedback positivo antes de prosseguir com a rotina.
O trecho de código responsável pela configuração do módulo é mostrado na Figura 19, em
que a função “CHECK UP” realiza as chamadas dos comandos citados anteriormente. Esse
código permite que um operador acompanhe a rotina de configuração do módulo por meio
de sinais luminosos, que são emitidos a cada comando bem sucedido dessa configuração,
facilitando reparos e manutenções no equipamento. É importante ressaltar que o próprio
módulo SIM800L também possui um LED próprio que auxilia na identificação de falhas
do sistema, conforme descrito na especificação do componente.
Quando uma mensagem de texto chega ao módulo configurado (Figura 18a a Figura
18e), ele envia ao PIC18F2550 um alerta de mensagem. Esse último, por sua vez, responde
com o comando da Figura 18g, que o permite ler esse SMS. O módulo, então, entrega
ao microcontrolador uma string de caracteres (Figura 20) contendo não só o SMS em
questão, mas também o remetente, a hora e a data em que a mensagem foi recebida.
São essas informações que permitem que o sistema desenvolvido consiga identificar seus
usuários sem a necessidade de um cadastro prévio, que são colhidas do buffer por meio de
rotinas de busca , como ilustrado na Figura 21. Ao receber esse SMS, o microcontrolador
verifica se a mensagem possui uma senha para constatar se o remetente está autorizado
a enviar tarefas à estação. Esta senha é um “$” no inı́cio da mensagem. Uma vez que a
senha foi conferida, o microcontrolador executa a leitura dos sensores requisitados e então
envia ao SIM800L um comando para que ele envie um SMS ao remetente com valores
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 31

obtidos. Esse comando funciona da seguinte forma: para enviar uma mensagem de texto
para um número de telefone +55(XX)1234-5678, basta mandar para o módulo uma string
de caracteres “AT+CMGS” seguido do número de telefone e do texto da mensagem. Por
fim, um comando de “Ctrl+Z” é enviado para o MS reconhecer o fim do SMS conforme o
algoritmo ilustrado abaixo em linguagem C.
p r i n t f ( ”AT+CMGS=\”+55XX12345678 \”\ r ”) ;
p r i n t f ( ”Mensagem ”) ;
putcha r ( 0 x1A ) ; // E q u i v a l e n t e a C t r l+Z

Figura 18 – Comandos AT

(a) (b)

(d)
(c)

(e) (f)

(g)
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 32

Figura 19 – Rotina de configuração do SIM800L

Figura 20 – Buffer

3.2.2 Modulo GSM / smartphone


A comunicação entre o dispositivo e o smartphone é feita por SMS. O usuário que
deseja obter os dados de um sensor conectado ao dispositivo precisa enviar uma mensagem
de solicitação à PCI contendo a senha de comunicação ($) e um código binário, como
mostrado na Figura 22 que exemplifica uma solicitação para obter os dados ambos sensores
conectados ao dispositivo. O código em questão é composto de dois dı́gitos binários (0 ou 1),
sendo o primeiro referente ao sensor de temperatura e o segundo ao sensor de luminosidade,
assim, se o usuário não quiser medir uma as duas grandezas ele deve enviar a mensagem
contendo um 0 no digito correspondente ao sensor indesejado. Quando o dispositivo recebe
a mensagem do usuário ele lê os sensores requisitado e envia uma mensagem da seguinte
forma: “$A0057B0815CXXXXH05:11:22D19/09/25”. Nessa string, os caracteres “A” e “B”
precedem os valores dos sensores em uma escada de 0 a 1023 bits. Se um sensor não for
solicitado ou não estiver conectado, são enviados os caracteres XXXX no lugar do valor
desse sensor. O caractere “H” da mensagem precede a hora em que o dispositivo recebeu a
Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 33

Figura 21 – Função para extrair o remetente do buffer

ordem de leitura no formato hora : minuto : segundo, o caractere “D” precede a data desse
evento no formato dia / mês / ano e o caractere “C” foi colocado no firmware visando
futuras aplicação do dispositivo.

Figura 22 – Mensagem recebida da PCI


Capı́tulo 3. Materiais e Métodos 34

3.3 Desenvolvimento do aplicativo de Celular no Android


Studio
Com o intuito de tornar a interface entre o usuário e o dispositivo mais interativa
e simples de se interpretar, foi desenvolvido um aplicativo (App) para smartphones no
sistema operacional Android. Para criar esse aplicativo foi utilizado o Android Studio, um
software desenvolvido pela Google, que possibilita a construção de Apps para os aparelhos
Android por meio da linguagem de programação Java [Gonçalves 2016]. Esse software foi
escolhido devido a sua simplicidade de utilização e sua variedade de ferramentes, das quais
vale a pela ressaltar:

• Emulador: uma ferramenta que possibilita que o aplicativo seja testado em um


aparelho virtual, sem a necessidade de um dispositivo fı́sico (Figura 23).

• Editor de layout: uma interface que possibilita o desenvolvedor criar layouts por
meio do método “drag and drop”, em que os elementos do layout são arrastados e
posicionados manualmente.

Figura 23 – Emulador Android Studio

O App criado permite que o usuário selecione, de maneira simples e intuitiva, de


quais dos sensores da PCI ele gostaria de receber os dados, além de converter automatica-
mente os valores analógicos em bits para as grandezas temperatura e luminosidade. Essas
e outras funções serão descritas mais detalhadamente no Capı́tulo 4.
35

4 Resultados e Discussões

Nesse capı́tulo são descritas as caracterı́sticas do aplicativo desenvolvido, assim como


os resultados dos experimentos realizados com o protótipo, os custos de desenvolvimento
do dispositivo e por fim uma análise da adaptabilidade do sistema.

4.1 Aplicativo Android - Afrodite


O aplicativo desenvolvido foi nomeado Afrodite. Apesar do sistema desenvolvido
funcionar sem a existência do App, Afrodite tem o intuito de gerar uma interface mais
simples para o usuário, além de disponibilizar funcionalidades adicionais para o sistema,
como a solicitação automática de dados e um sistema de conversão dos valores dos sensores.

4.1.1 Atividade Principal


A primeira tela do aplicativo é a Atividade Principal (Figura 24a), que permite ao
usuário selecionar de quais sensores ele gostaria de obter informação. Afrodite permite a
aquisição de até 2 sensores da PCI que podem ser selecionados por meio dos 2 switches no
centro da tela, cada um referente a um sensor especı́fico. No canto superior esquerdo da
tela existe um campo destinado á inserção do número de telefone do módulo SIM800L.
Uma vez que os sensores foram selecionados e o número de telefone digitado, basta que o
usuário clique no botão ENVIAR e o aplicativo envia uma mensagem codificada para
o número SIM, conforme explicado na seção 3.2.2. Quando o celular recebe um SMS,
o aplicativo confere se essa mensagem tem exatos 34 caracteres e se ela é precedida do
caractere $ para então atualiza o valor do sensor, como mostrado na Figura 24b.
A Atividade Principal possui um campo com a abreviação “E.A.”que é destinado
ao envio automático e periódico de mensagens sem a necessidade de se clicar no botão
ENVIAR repetidas vezes. O usuário ajusta o intervalo de tempo entre os envios por meio
da seekbar em uma escala de 0 a 60 minutos e, caso o valor ajustado for diferente de 0, o
envio automático é ativado (Figura 24c), caso contrário, o envio é desativado. Apesar do
aplicativo não reter o histórico de dados, todas as mensagens recebidas e enviadas pelo
telefone do usuário estão salvas no histórico de mensagens do celular, permitindo assim o
resgante dessas informações.
Por fim, a Atividade Principal conta com um menu que pode ser acessado clicando
no ı́cone do canto superior direito (Figura 24d), que permite que o usuário migre para
uma segunda atividade presente na Afrodite, a Atividade Conversões.
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 36

Figura 24 – Atividade Principal

(a) Tela Inicial (b) Valor Recebido

(c) Envio Automático (d) Menu

4.1.2 Atividade Conversões


Quando o usuário entra nessa atividade ele se depara com a tela da Figura 25,
que o possibilita converter os valores dos sensores da Atividade Principal por meio
das equações 3.1 e 3.2 descritas anteriormente na seção 3.1.1. Inicialmente, os sensores
iniciam as constantes C1 e C2 com os valores 0.144 e 2 respectivamente para o sensor de
temperatura, e 106972 e 0.6, para o LDR. Para gravar alterações o usuário deve apertar
o botão ATUALIZAR VALORES, e então, essa atividade é encerrada e o aplicativo
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 37

migra novamente para a Atividade Principal. A partir desse ponto, todos os dados que
forem enviados ao celular serão tratados pelas novas constantes inseridas.

Figura 25 – Atividade Conversões

4.2 Experimentos
Para verificar o funcionamento do sistema proposto foram realizados três experi-
mentos com o protótipo (Figura 26) . O primeiro (Figura 27 a Figura 30) consistiu em
utilizar um celular para enviar quatro SMS à PCI contendo os códigos “$00, $01, $10 e
$11”, requisitando-a os valores analógicos dos sensores, a hora e a data em que ela recebeu
o comando. Conforme mostrado nas Figuras 27c, 28c, 29c e 30c, o dispositivo não só
reconheceu automaticamente o número de telefone do usuário, mas também distinguiu e
respondeu corretamente a cada um dos comandos enviados. É importante ressaltar que
sempre que o dispositivo recebia uma mensagem o LED verde existente na PCI piscava,
permitindo que o usuário pudesse acompanhar esse processo.
O segundo teste (Figura 31 a Figura 34) objetivou validar o funcionamento do
aplicativo desenvolvido de forma que, ao invés do usuário escrever os quatro códigos dos
SMS manualmente como no teste anterior, fosse utilizado o App para requisitar à PCI
os valores de temperatura e luminosidade do ambiente. O experimento demonstrou que o
aplicativo conseguiu buscar corretamente os valores do histórico de mensagens do celular
e mostra-los nos displays correspondentes (Figuras 31c, 33c, 32c e 34c), onde os valores
mostrados foram convertidos conforme explicado na seção 4.1.2.
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 38

Figura 26 – Protótipo

(a) APOLLO

(b) PCI conectada à bateria

Figura 27 – Primeiro Experimento - Código “$00’

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI

O terceiro experimento teve como objetivo validar o envio automático de mensagens


do aplicativo, assim, a Atividade Principal foi ajustada para coletar dados de temperatura
e luminosidade a cada 60 minutos no perı́odo entre 06:00 e 18:00 nos dias 21/11/2019 e
28/11/2019. A Figura 35 mostra os dados que foram coletados periodicamente durante o
experimento, onde o gráfico da Figura 35a mostra uma evolução da luminosidade até as 11
horas e então, quedas sucessivas até as 18 horas. Já o gráfico da Figura 35b mostra uma
discreta variação de temperatura ao longo do dia e apresenta valores abaixo do esperado
quando comparados aos dados do INMET [INMET 2019], o que pode ter sido causado
tanto pelos filtros RC existentes na saı́da do LM35 quanto pela metodologia de conversão
de bits para ◦C dos valores lidos (seção 3.1.1.1), problema que poderia ser corrigido com
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 39

Figura 28 – Primeiro Experimento - Código “$01”

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI

Figura 29 – Primeiro Experimento - Código “$10’

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI

Figura 30 – Primeiro Experimento - Código “$11”

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 40

Figura 31 – Segundo Experimento - Código “$00’

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI

Figura 32 – Segundo Experimento - Código “$10’

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI

Figura 33 – Segundo Experimento - Código “$01’

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 41

Figura 34 – Segundo Experimento - Código “$11’

(a) Envio da Mensagem (b) PCI Recebendo o SMS (c) Resposta da PCI

uma calibração do LM35.


Durante a coleta de dados percebeu-se que o envio automático não funcionou
corretamente quando o usuário saia do aplicativo pois o timer do App não progredia
durante essas situações, sendo preciso configura-lo novamente sempre que esse evento
ocorria, de forma que o aplicativo teve de ser mantido operando durante toda a coleta de
dados.

4.3 Custos do Projeto


Os custos dos materiais e da mão de obra necessários para a construção do protótipo
desenvolvido estão descritos na Tabela 3, onde a precificação da mão de obra foi feita
tomando como base o valor da bolsa de iniciação cientı́fica para estudantes de graduação
da Universidade Federal de Viçosa. É importante ressaltar que além dos custos descritos
na tabela foi utilizado o plano de telefonia Vivo Controle I, que acarretou um custo
adicional de R$ 39,99 mensais para a operação do protótipo.
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 42

Figura 35 – Terceiro Experimento

(a) Luminosidade

(b) Temperatura

Tabela 3 – Custos do Projeto

Parte do Sistema Custo


Microcontrolador R$ 40,96
Módulo GSM R$ 57,90
Sensores R$ 12,80
Material
Componentes Eletrônicos R$ 15,46
Chip Vivo R$ 20,00
Fretes R$ 70,00
Revisão bibliográfica - PCI (30 dias) R$ 400,00
Revisão bibliográfica - PIC (30 dias) R$ 400,00
Mão de obra
Revisão bibliográfica - Aplicativo (30 dias) R$ 400,00
Desenvolvimento do protótipo (60 dias) R$ 800,00
Total R$ 2217,12
Capı́tulo 4. Resultados e Discussões 43

4.4 Capacidade de adaptação do sistema


Uma das grandes vantagens do sistema desenvolvido nesse trabalho foi sua adapta-
bilidade, devido ao fato dos sensores utilizados não serem soldados na PCI, mas plugados
à ela via conectores, permitindo que o usuário possa trocar os sensores utilizados por
outros sensores analógicos que funcionem em 4.4 V, como sensores de pressão, corrente e
tensão simplesmente conectando-os ao dispositivo. Como a conversão dos valores analógicos
nas grandezas desejadas (temperatura e luminosidade) é feita pelo aplicativo, e não pelo
microcontrolador, quaisquer alterações feitas nos sensores teriam de ser compensadas
somente no aplicativo, sem a necessidade de se alterar o firmware.
Também é importante ressaltar que o protótipo conta com rotinas de identificação
de comandos que foram usadas para coordenar qual sensor seria lido pelo microcontrolador,
entretanto, essa tecnologia pode ser estendida para realizar outras tarefas como realizar
acionamentos ou mesmo requisitar informações adicionais do dispositivo, tal como o nı́vel
de sinal da rede.
44

5 Considerações Finais

5.1 Conclusão
Primeiramente, os experimentos realizados com o protótipo mostraram que ele
foi capaz não só de se conectar a rede GSM e reconhecer automaticamente o usuário do
sistema, mas também conseguiu interpretar e executar diferentes comandos de leitura e
envio de dados dos sensores à ele conectado. Além disso, os LEDs existentes no hardware
possibilitaram acompanhamento do processo de configuração do módulo GSM e indicaram
corretamente os momentos em que Apollo recebia um SMS.
Já o aplicativo desenvolvido conseguiu não só converter corretamente os valores em
bits enviados pelo dispositivo para as respectivas grandezas de cada sensor, mas também
foi capaz de realizar solicitações de leitura automáticas e periódicas para o equipamento.
Por fim, é importante ressaltar que o sistema de transmissão automático de dados
desenvolvido é facilmente adaptável, de forma que os sensores utilizados podem ser trocados
por outros sensores analógicos que funcionem em 4.4 V. Nesse caso, todas as alterações
teriam de ser compensadas somente no aplicativo, sem a necessidade de se alterar o
firmware.

5.2 Trabalhos Futuros


O sistema apresentado está habilitado a receber diversas melhorias tanto em
hardware quanto em software, das quais vale a pena ressaltar:

• Calibração do LM35 para que os valores ilustrados no aplicativo fiquem mais próximos
dos valores reais de temperatura;

• Criação de uma nova atividade no aplicativo capaz de construir um banco de dados


a partir das informações recebidas pelo smartphone, sem que seja necessário que o
aplicativo fique aberto o tempo todo;

• Implementação de rotinas de economia de energia para o microcontrolador;

• Melhorias no projeto da PCI para que a mesma possa armazenar informações em


cartões de memória (cartões SD) permitindo que dispositivo funcione também como
um data logger ;

• Criação de um painel blindado para que o equipamento possa ficar exposto ao tempo;
Capı́tulo 5. Considerações Finais 45

• Desenvolvimento de rotinas no firmware para que os valores dos sensores possam ser
solicitados via porta USB;

• Desenvolvimento de um aplicativo para computador que funcione de maneira similar


ao Afrodite.
46

Referências

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