Utilização de modelo de gerenciamento de estoque no processo de tomada de
decisão: Um estudo de caso em uma farmácia na região sul do estado de
Minas Gerais
ANDERSON RODRIGUES DA SILVA
Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé
[email protected]RODRIGO LANZONI FRACAROLLI
Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé
[email protected]RODRIGO FURLAN DE ASSIS
UNIVERSIDADE PAULISTA
[email protected]CINTIA BLASKOVSKY PORTILHO GOMES
Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé
[email protected] UTILIZAÇÃO DE MODELO DE GERENCIAMENTO DE ESTOQUE NO
PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA
FARMÁCIA NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Resumo
O atual cenário econômico requer que as organizações diminuam os seus respectivos custos
operacionais sem perder a qualidade, nível de atendimento e a satisfação do cliente. Entre as
áreas organizacionais, o estoque é área que mais interfere nos níveis de custos, devido à sua
natureza dinâmica. Para tanto a execução da gestão de estoque, por meio de modelos tendem a
ampliar a capacidade de gestão de estoques, de modo a evitar irregularidades, desvios e
deterioração. Com esse sentido, o objetivo do presente estudo é desenvolver a utilização de
modelos de gestão de estoque em uma microempresa situada no município de Monte Belo -
MG. Por meio da redução de custos operacionais proporcionado pela utilização de modelos de
gestão de estoque, a empresa pesquisada obteve diferencial estratégico que faltava para
garantir o atendimento da demanda e elevar o nível de satisfação do cliente, podendo ainda
fazer investimentos em outras áreas, como a fidelização dos clientes, infraestrutura e outros.
Palavras-chave: Estoque; gestão de estoque; modelos de gestão do estoque.
Abstract
The current economic scenario requires that organizations reduce their operational costs
without losing the quality, level of service and customer satisfaction. Among organizational
areas, inventory is the one that most interferes in cost levels due to its dynamic nature.
Therefore, the implementation of inventory management, by means of models tend to expand
the ability to inventory management, so as to avoid irregularities, deviations and deterioration.
In this sense, the objective of the present study is to develop the use of inventory management
models in a microenterprise located in the city of Monte Belo - MG. Through the reduction of
operational costs provided by the use of inventory management models, the researched
company obtained a strategic differential that was lacking in order to meet the demand and
raise the level of customer satisfaction, and also to make investments in other areas, such as
Customer loyalty, infrastructure and others.
Keywords: Inventory; stock management; inventory management models.
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1 Introdução
No contexto de incertezas e rápidas mudanças econômicas, a gestão de estoque torna-
se primordial, podendo reduzir os riscos, as incertezas do mercado e intensificar o
crescimento da organização (Deoof, 2003).
Segundo Gonçalves (2004), por meio da gestão dos níveis de estoques a organização
pode melhorar a alocação de recursos, que por sua vez impactará no custo operacional da
empresa. Tal cenário favorece resultados financeiros positivos, permitindo investimentos em
áreas que possam ampliar o diferencial estratégico de uma organização.
Nesse sentido, segundo Catelli (2009), pela natureza dinâmica dos estoques, sobretudo
na diversidade de itens a serem controlados, cada vez mais as empresas devem se valer de
ferramentas, técnicas e modelos para ampliar a capacidade de gestão de estoques, de modo a
evitar irregularidades, desvios e deterioração.
Montgomery et al. (1990) e Rego (2006) propõem que diversos são os modelos de
gestão de estoque presentes na literatura, incluindo modelos básicos de gestão do estoque,
bem como lote econômico de compra, curva ABC, sistemas de reposição automática de
estoques, aplicação de técnicas de gestão da demanda, regras de decisão de estocagem,
gerenciamento de efeito chicote em redes de suprimentos, entre outros.
Segundo Letti e Gomes (2014), estoques não gerenciados diminuem a capacidade
financeira da empresa, pois paralisam o recurso financeiro utilizado para aquisição de
materiais. Além disso, há a possibilidade da obsolescência dos materiais, bem como avarias,
ocupação de espaço físico, entre outros. Tal situação não é particular a grandes empresas
somente, para as pequenas essa situação se torna pior.
Para tanto, Elshkaki et al. (2005) afirmam que, para pequenas empresas, os problemas
de gerenciamento de estoques ocorrem, principalmente, devido à falta de recursos
tecnológicos como sistemas de tecnologia da informação, entre outros.
Dessa forma, o objetivo deste artigo é desenvolver uma proposta de utilização de
modelos de gerenciamento de estoque com o intuito de ampliar a capacidade de gestão em
uma farmácia localizada no município de Monte Belo – MG. Para isso, a presente pesquisa
utiliza como base a execução de um estudo de caso, juntamente com pesquisa bibliográfica
para entendimento dos fatores que interferem na gestão do estoque.
Este artigo está dividido em cinco seções, sendo a introdução a primeira. Na segunda
encontra-se a revisão bibliográfica. A metodologia será descrita na terceira. Os resultados e
discussões se localizam na quarta e as considerações finais serão apresentados na quinta
seção.
2 Revisão da literatura
2.1 Estoques
Segundo Slack et al. (2009), estoques são recursos materiais essenciais para que a
organização possa realizar suas operações, os quais são armazenados para serem processados
a qualquer momento. Para Ballou (1993), estoques são acúmulos de recursos, que significa
um investimento que por sua vez ficará parado por um determinado período, sendo eles desde
produtos acabados, materiais para processamento, matérias-primas, entre outros.
Para Vollmann (2006), os estoques são divididos em (1) Estoque em trânsito, aqueles
que estão em deslocamento; (2) Estoque de ciclo, para aqueles produtos que não podem ser
produzidos simultaneamente; (3) Estoque de segurança, aqueles que garantem o
abastecimento da demanda; e (4) Estoque pode antecipação, utilizados para produtos com
grandes variações de demanda.
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Dessa forma, para Almeida e Lucena (2006) ao considerar diferentes níveis
estratégicos organizacionais, a implementação de políticas e técnicas para gestão de estoque
se torna um diferencial fundamental na manutenção do ciclo de vida de uma organização.
2.2 Gestão de estoque
A gestão de estoque está envolvida diretamente com a tomada de decisão dentro da
organização afim de que se possa realizar o melhor gerenciamento dos recursos que, por sua
vez, é explorado por diversos estudiosos e empresários do mundo todo (Rosa et al., 2010).
A gestão eficiente do estoque é uma prática que torna a organização mais competitiva
no mercado, possibilitando minimizar os custos operacionais, físicos, armazenagem, entre
outros e maximizar investimentos em outras áreas para o melhor gerenciamento dos recursos,
garantindo o nível de serviço aos clientes e o lucro da organização (Ritzman & Krajewski,
2004).
Segundo Pozo (2001), a gestão de estoque ocorre por meio de diversas ferramentas
capazes de monitorar os níveis de estoque, com a finalidade de controlar as ordens de compra
a serem realizadas, a fim de que garanta a duração eficiente dos estoques.
Wanke (2004) estabelece, a partir de uma revisão sistemática sobre gestão de estoques,
a utilização de três técnicas de gestão de estoques: classificação ABC, ponto de pedido e lote
econômico de compras. Contudo, segundo Frigg e Hartamann (2012) quando se trata de
estoque e tomadas de decisão, outras ferramentas também devem ser analisadas, tais como:
Lote de Segurança, Previsão de Demanda e Modelos Híbridos. Segundo os autores, tais
ferramentas são diferenciadas em modelos de revisão contínua e de revisão periódica.
2.3 Modelos de revisão contínua e revisão periódica
Para Lustosa et al. (2008), para os modelos de revisão contínua são determinados
níveis mínimos de estoque, chamado ponto de pedido, que, quando atingido, evidencia a
necessidade de reposição do item, tal ponto deve ser definido a partir do atendimento da
demanda durante o tempo de reposição.
A revisão periódica trata da reposição dos níveis de estoques por períodos pré-
determinados em intervalos fixos, variando a quantidade de itens a serem adquiridos de
acordo com o nível de estoque determinado (Slack et al., 2009).
2.3.1 Modelo de revisão contínua de lote econômico de compras
O Modelo de revisão contínua de Lote Econômico de Compras (LEC) é a quantidade
necessária para nivelar os custos de armazenagem e de aquisição do mesmo, levando em
consideração fatores como demanda do produto, custo do pedido e de estocagem (Martins &
Laugeni, 2009). Pode-se calcular o LEC por meio da equação (1):
LEC (1)
Onde:
LEC = Lote econômico;
D = Demanda;
Cp = Custo do pedido;
Ce = Custo de estocagem.
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2.3.2 Modelo de revisão contínua de ponto de pedido
Modelo de revisão contínua de ponto de pedido trata da quantidade ideal de um
determinado item que se encontra em estoque a fim de garantir o atendimento da demanda em
diferentes processos dentro da organização até que o mesmo seja reabastecido. E ao se atingir
esse nível, é liberada uma ordem de reabastecimento de modo que não ocasione a falta do
item em questão (Slack et al., 2009; Pozo, 2010).
Tubino (2007) ressalta que a quantidade de itens que ficaram em estoque no ponto de
pedido deve cobrir o tempo de ressuprimento, a fim de garantir o atendimento da demanda
para o item, e o estoque de segurança funciona como uma garantia para suprir as variações da
demanda ou o tempo de ressuprimento, conforme mostra a Figura 1.
Figura 1. Modelo baseado no ponto de pedido.
Fonte: TUBINO, D. F. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.
Ainda assim, segundo Tubino (2007), é possível determinar o ponto de pedido por
meio da equação (2):
PP = D · t + Qs (2)
Onde:
PP=Ponto de pedido;
D= Demanda por unidade de tempo;
t =Tempo de ressuprimento;
Qs= Estoque de segurança.
2.3.3 Modelo de reposição periódica
Para Lustosa et al. (2008), este modelo de revisão periódica utiliza a reposição de
estoques em intervalos regulares, em que são verificados os níveis de estoque em um
determinado instante e ordena-se um lote com a quantidade que reponha o nível máximo de
estoque planejado. Para os mesmos autores, o valor do período de revisão (T) tem sua unidade
coerente com a unidade de demanda (ano) e é dado pela equação (3):
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(3)
Dessa forma, a revisão periódica possibilita a revisão de itens com intervalos iguais ou
múltiplos de um mesmo valor, a fim de facilitar os processos de compra, transporte e
pagamentos (Lustosa et al., 2008).
2.3.4 Modelo híbrido
Segundo Bowersox e Closs (2001), o modelo híbrido trata de um sistema criado a
partir da combinação ou fusão de diferentes ferramentas e técnicas de gerenciamento das
necessidades do estoque dentro da organização, compreendendo as necessidades e vantagens
de cada sistema e tornando um modelo mais eficiente. Nesse sentido, Senthiil e Mirudhuneka
(2014) destacam que, pelos modelos híbridos serem mais flexíveis e capazes de absorver
melhor as falhas, são mais eficientes do que os tradicionais.
2.3.5 Previsão de demanda
Para Almeida e Werner (2015), por meio da utilização de informações subsidiadas
pela previsão de demanda é possível estabelecer um melhor direcionamento de estoques, que
por consequência fornecem maior competitividade à organização. Assim, as técnicas de
previsão de demanda, aliadas ao processo de planejamento estratégico das organizações,
atuam como um diferencial competitivo para a organização (Slack et al., 2009).
De acordo com Moreira (2001), os modelos de previsão de demanda podem ser
divididos conforme Figura 2.
Figura 2. Divisão dos métodos de previsão de demanda.
Fonte: MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. Sao Paulo: Pioneira Thomson Learning,
2001.
De modo geral, os métodos qualitativos são aqueles baseados em opiniões de
especialistas e que são menos assertivos se comparado com métodos quantitativos, pois não
precisam de uma longa série de dados (Moreira, 2001).
Já os métodos quantitativos, que podem ser explicados matematicamente, podem ser
divididos em séries temporais e modelos. Os modelos de séries temporais levam em
consideração que os dados passados irão se repetir no futuro. As séries temporais também
podem ser subdivididas em vários subgrupos, como por exemplo: médias, decomposição e
projeção de tendência, entre outros (Moreira, 2001).
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Nos modelos causais existe a preocupação em estabelecer correlações da demanda
com outras variáveis, enquanto nos modelos de séries temporais são assumidos valores que
apresentam que o futuro será a reprodução de um determinado comportamento passado. Pode
ser citado como exemplo: regressão linear simples e regressão linear sazonal (Proto &
Mesquita, 2003).
2.3.6 Classificação ABC
Segundo Missawa (2013), uma boa gestão de estoque deve aplicar diferentes modelos
de estoque a produtos com importâncias distintas. A classificação ABC é aplicável a qualquer
situação em que seja possível estabelecer prioridades, de modo que a soma das tarefas de
importância elevada representa uma grande parcela das obrigações totais (Viana, 2002).
Segundo Fernandes e Godinho (2010), a utilização da análise de Pareto é
extremamente útil para melhorar a relação benefício/custo (ou a razão custo/benefício) em um
sistema de estoque. Essa análise é um instrumento para separar itens (itens de estoque), em
itens de alta importância (itens da classe A), itens de média importância (itens da classe B) e
itens de baixa importância (itens da classe C), conforme indica a Figura 3.
Figura 3. Curva ABC.
Fonte: SLACK, N., CHAMBERS, S. & JOHNSTON, R. Administração da produção. 3ª ed. São Paulo: Atlas,
2009
Martins e Laugeni (2009) definem a classificação ABC como uma ordenação de itens
que são classificados como:
Classe A: é formada por poucos itens (de 10% a 20% dos itens). Os valores desses
itens devem estar acima de 50% a 80%, normalmente;
Classe B: é formado por uma quantidade mediana de itens (20% a 30%,
normalmente). O valor desses itens gira ao redor de 20% a 30%;
Classe C: é formada por uma grande parte dos itens (acima de 50%), porém o
contraponto nessa parte é que os itens têm um valor agregado muito baixo que fica
entre 5% a 10%.
3 Metodologia
3.1 Contexto
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A metodologia utilizada no trabalho foi o estudo de caso juntamente com a pesquisa
bibliográfica. O estudo de caso define-se por uma investigação a fim de compreender o
funcionamento da organização e como são geridas as tomadas de decisão (Yin, 2001).
Desta forma foi realizado um estudo detalhado da organização, a fim de compreender
princípios básicos que norteiam o processo de gestão de estoque.
3.2 Caracterização da Empresa Pesquisada
O estudo foi realizado em uma farmácia, chamada na presente pesquisa de Farmácia
A, localizada no município de Monte Belo - MG, fundada em 2010 e gerenciada por sua
proprietária. A farmácia disponibiliza a seus clientes medicamentos, perfumarias e
cosméticos. Contudo, não possui nenhum modelo de gerenciamento de estoque, gerando
assim gastos desnecessários com aquisição de mercadorias.
Há cerca de um ano foi instalado um software para auxiliar no gerenciamento e
aquisição de mercadorias para a Farmácia A, porém os resultados obtidos com a presente
ferramenta não foram satisfatórios. Dessa forma, as compras são realizadas por meio da
experiência de sua gestora.
O processo de aquisição dos produtos é feito de maneira eletrônica por meio de
cotação em diferentes fornecedores. Por não haver nenhuma ferramenta para gerenciar o
estoque não se sabe ao certo quanto foi investido no mesmo.
3.3 Identificação da situação atual de gerenciamento de estoques
Para entender situação real da empresa pesquisada, foi realizada uma entrevista
semiestruturada com a proprietária em que foram levantadas questões como método de
compra, técnicas de gerenciamento, prazo de entrega das compras, entre outras.
A análise mostrou que os colaboradores da farmácia não estavam executando as saídas
de materiais de estoque, em decorrência da falta de treinamento para o software utilizado, e
que os colaboradores não estavam comprometidos com a gestão do estoque da organização.
Outro problema encontrado, estava relacionado à venda de produtos, que ficavam inativos no
sistema e isso os excluía de todos os relatórios operacionais.
4 Resultados e discussões
Para auxiliar o estudo foi utilizado o programa Microsoft Excel com o intuito de
analisar os dados obtidos de maneira eficiente. Por meio do recurso de Tabela Dinâmica, os
itens foram separados em grupos de produtos e assim verificou-se o comportamento da
demanda nesse período.
Após essa separação foi confeccionada a curva ABC, levando em consideração a
demanda de cada grupo de produtos e o seu respectivo valor de mercado, conforme pode ser
observado na Tabela1.
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Tabela 1
Curva ABC dos grupos de produtos
Fonte: Elaborado pelos autores.
Com a identificação dos itens que compõem cada grupo da curva ABC, foi necessária
a utilização de ferramentas para uma gestão de estoque mais eficiente, garantindo a satisfação
do cliente ao menor custo para a organização.
Em cada grupo de produtos foi utilizada uma ferramenta, visando o diferencial
estratégico e o potencial competitivo da empresa. Nos itens do grupo A por representarem
70% do faturamento da organização, foi utilizado o lote econômico, com o propósito de
diminuir os níveis de estoques e seus respectivos custos, visando sempre o nível de satisfação
do cliente.
No grupo B por corresponder a 20% do faturamento, o ponto de pedido e a reposição
periódica são eficazes para a gestão dos itens que compõem este grupo, com o princípio de ter
o item no momento certo a baixos custos. E o lote econômico também foi utilizado para o
grupo C, correspondente há 10% do faturamento.
Vale ressaltar que, o estoque de segurança garante o atendimento ao cliente caso haja
alguma variação na demanda ou no lead time e por isso ele foi calculado para os grupos de
produtos, conforme apresentado na Tabela 2.
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Tabela 2
Cálculo do estoque de segurança para grupos de produtos
Fonte: Elaborado pelos autores.
O LEC foi calculado para o grupo A e C de acordo com a equação (1), levando em
consideração a demanda dos produtos, custo do produto e o custo de estocagem, que por sua
vez foi obtido por meio da utilização da Taxa Selic de 0,88% ao mês, no mês de maio de
2017, segundo dados do Banco Central do Brasil (BACEN). Tal taxa foi utilizada pelo fato de
a empresa não disponibilizar de todos os dados necessários para o cálculo e por se tratar da
taxa básica de juros praticada no mercado. Outros fatores também foram levados em
consideração para a realização do cálculo, como análise da demanda mensal dos produtos,
tempo médio de estocagem de 15 dias e o custo dos produtos, chegando assim aos respectivos
valores mensal e unitário, conforme demonstrados na Tabela 3.
Tabela 3
Cálculo do lote econômico para o grupo A e C
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Na Tabela 4 é apresentado o resultado das ferramentas propostas para o grupo B,
visando garantir o nível de satisfação do cliente, utilizando o ponto de pedido e reposição
periódica de acordo com as equações (2) e (3) também apresentada na revisão bibliográfica.
Tabela 4
Cálculo do ponto de pedido e revisão periódica para o grupo B
Fonte: Elaborado pelos autores.
Para o ponto de pedido foi utilizado um fator de segurança de 140% sobre o estoque
de segurança, garantindo assim uma maior proteção contra possíveis falhas e imprevistos com
fornecedores, transportadoras e até mesmo da própria organização.
A reposição periódica foi obtida por meio da divisão do lote econômico pela demanda
diária, que resultou no período de dias em que será realizada a vistoria nos estoques com o
intuito de avaliar os níveis e solicitar a reposição do nível de estoque ideal. Cabe ressaltar que,
o estoque ideal a ser mantido dos itens que compõem esse grupo, foi obtido por meio da soma
do ponto de pedido e o lote econômico, garantindo a proteção contra possíveis falhas do lead
time ao menor custo para a organização.
Com a utilização das ferramentas mencionadas anteriormente, a empresa deixará de
adquirir 2501 itens sem a necessidade real para empresa, o que possibilitará uma economia
para a organização da ordem de R$ 34.209,03 ao mês, sendo R$ 2.118,01 no custo de
estocagem e R$ 32.091,02 respectivos ao custo de aquisição dos itens.
Uma parcela desse valor poderá ser utilizada em aquisição de equipamentos,
treinamento e principalmente na infra-estrutura da organização, já que a empresa diminuirá os
níveis de estoque e disponibilizará de mais espaço físico para executar outras funções.
5 Considerações finais
Para que a organização não fracasse, os gestores têm no gerenciamento de estoque o
diferencial estratégico para reduzir os estoques e seus respectivos custos operacionais,
possibilitando investimentos em outras áreas, a fim de aumentar ainda mais o potencial
competitivo da organização e o nível de satisfação do cliente.
O objetivo do presente estudo foi alcançado de maneira satisfatória, pois pode se
observar a utilização das ferramentas e os seus respectivos ganhos para a organização. Com a
redução dos custos operacionais proporcionada pela utilização da gestão de estoque e suas
respectivas ferramentas, a empresa adquire o diferencial estratégico que faltava par garantir
com maior segurança o atendimento da demanda e elevar o nível de satisfação do cliente,
podendo ainda fazer investimentos em outras áreas, como a fidelização dos clientes,
infraestrutura e outros. Outra proposta de melhoria é a previsão da demanda para os itens que
compõem o grupo A, visando minimizar as oscilações para esses itens que correspondem pela
maior fatia do faturamento da organização, outra melhoria que também poderá ser
implementada é a integração do sistema da farmácia com o dos fornecedores, para possibilitar
reabastecimento de itens no momento ideal.
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