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CAPÍTULO 8
https://doi.org/10.4322/mp.978-65-991393-8-3.c8
Resumo
O Sensoriamento Remoto quando utilizado na escola permite fornecer subsídios para
que os alunos consigam perceber e entender, tanto as dinâmicas físicas quanto as
humanas. Também possibilita uma melhor compreensão da Cartografia e isso é muito
importante, pois ela se constitui em um dos conteúdos fundamentais no
desenvolvimento do pensamento geográfico. Dessa forma, torna-se relevante analisar
o papel do Sensoriamento Remoto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a
partir da discussão por meio da comparação entre os PCNs e a BNCC, pontos comuns
e divergentes acerca do Sensoriamento Remoto na Geografia Escolar, compreender o
papel do Sensoriamento Remoto na BNCC sob uma perspectiva prática e, propor uma
atividade para que o Sensoriamento Remoto seja abordado nas aulas, seguindo as
possibilidades apresentadas pela BNCC. Usando uma metodologia que envolve
caráter investigativo através da revisão bibliográfica e documental relativo a BNCC,
buscou-se identificar as questões relacionadas ao papel do Sensoriamento Remoto.
Os resultados obtidos mostraram que o Sensoriamento Remoto, como Ciência, não
está claramente colocado ao longo do documento. Entretanto, na disciplina de
Geografia o documento traz, como ferramenta comum ao Sensoriamento Remoto, as
imagens de satélites. A Geografia ao longo do documento da BNCC foi dividida em
cinco unidades temáticas, onde a unidade temática na qual contempla as imagens de
satélites é denominada “Formas de Representação e Pensamento Espacial” e,
objetiva ampliar a concepção da representação gráfica e o raciocínio geográfico,
confiando que os educandos consigam elaborar mapas, gráficos, iniciando-se na
alfabetização cartográfica.
Palavras-chave: cartografia escolar, ensino em geografia, geotecnologias, parâmetros
curriculares nacionais – PCNs.
1. Introdução
3. Propor uma atividade para que o sensoriamento remoto seja abordado nas
aulas, seguindo as possibilidades apresentadas pela BNCC.
Para Callai et al. [3] a linguagem gráfica desperta o raciocínio lógico possibilitando a
análise rápida e detalhada dos conteúdos além de facilitar a memorização das
distribuições espaciais, bem como da reflexão e análise das questões ambientais que
afetam o espaço vivido. Um destes processos é conhecido como alfabetização
cartográfica e visa desenvolver, nos educandos, a construção de estruturas que
ofereçam as condições necessárias para o uso cotidiano dos mapas e imagens.
2. Referencial Teórico
De acordo com Callai et al. [3] a educação geográfica não é simplesmente ensinar e
aprender geografia. Vai muito além, significa que o sujeito pode construir as bases de
sua inserção no mundo e compreender a dinâmica da paisagem através do
entendimento da sua espacialidade. Como consequência dos processos de
mundialização e da globalização de todo o conjunto da sociedade existe a
necessidade da inserção de novas ferramentas para que seja compreendida. A
educação geográfica significativa transpõe a linha de apenas obter informações.
Utiliza-se de instrumentos para fazer a análise geográfica para realização de
aprendizagens significativas.
Cavalcanti [5], afirma que o ensino de geografia tem como propósito, trabalhar o
educando juntamente com suas referências e conhecimentos adquiridos na escola e
sistematizá-las em contato com a sociedade, com o cotidiano, para assim criar um
pensar geográfico que contemple a análise da natureza e a relação com a sociedade.
Segundo Callai et al. [3] as diversas linguagens são utilizadas como instrumentos de
aprendizagem para possibilitar a construção do conhecimento ministrado em sala de
aula. Isto torna-se possível quando o professor organiza sua aula em busca de uma
aprendizagem relacionada ao cotidiano, abordando temáticas nas quais os educandos
compreendam não só o mundo como também o lugar em que vivem. O uso dos
diferentes recursos didáticos em sala de aula sempre foi uma referência na discussão
de propostas inovadoras no ensino. Estas propostas têm se alicerçado em um
discurso de reforma educacional, o qual passou a ser sinônimo de renovação
pedagógica, progresso e mudança [6].
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O MEC [7] destaca a importância do uso de diferentes linguagens como novas formas
de aprendizagem. Uma das exigências das Políticas Educacionais atuais diz respeito à
produção e a distribuição desses inúmeros materiais para que o professor possa
utilizá-los durante as suas aulas. Seus usos estão diretamente ligados à didática do
docente e ao conhecimento tanto da metodologia de ensino como da própria ciência
geográfica.
Segundo Novak [9], a educação deve ter em conta os cinco elementos básicos e que
estes interatuam entre si para construir a experiência, que resulta de uma
aprendizagem significativa. Essa ideia postula a concepção de educação e de ensino
em que o desafio não é apenas passar informações ou aplicar conteúdos de maneira
mecânica em situações do cotidiano, mas compreendê-los para que, na aplicação,
haja sentido e coerência com a realidade, ou seja, articular as referências teóricas com
a prática.
Segundo Castellar e Vanzella [10], quando o professor define seus objetivos, organiza
os conteúdos, conceitos e conhece os seus alunos, torna-se mais fácil perceber e criar
condições para que ocorra de fato uma aprendizagem significativa. Nesta perspectiva,
considera-se que a aula é o momento principal no qual se pode organizar o
conhecimento e o pensamento do aluno, a partir de atividades de aprendizagem.
Segundo Paiva et al. [11], é necessário propor novos artifícios com o objetivo de
promover a difusão do uso do sensoriamento remoto. Uma forma de promover a
propagação da ciência é a introdução das ferramentas utilizadas nos níveis do ensino
fundamental e médio, levando a um universo mais amplo o conhecimento desta
tecnologia, ampliando o seu potencial de aplicação.
Segundo Florenzano [13], por meio do uso das tecnologias de sensoriamento remoto
no processo de ensino e aprendizagem, há a possibilidade da interpretação de
imagens de sensores remotos para a compreensão dos educandos acerca dos
O lugar do sensoriamento remoto no ensino de geografia frente à Base Nacional
Comum Curricular – BNCC 107
A Cartografia tem um espaço especial na BNCC [7]. Ela ganha espaço à medida que é
a forma de expressão gráfica da superfície terrestre e que, com ela, é possível realizar
um diálogo acerca do espaço geográfico através de uma linguagem mais acessível e
democrática. A Cartografia Escolar é, portanto, a etapa final do processo de aplicação
do sensoriamento remoto no ensino de geografia e, por esse motivo, precisa ser
O lugar do sensoriamento remoto no ensino de geografia frente à Base Nacional
Comum Curricular – BNCC 109
3. Metodologia
Entende-se que por meio desta atividade é plausível que o professor consiga abordar
os conceitos da cartografia escolar como a representação cartográfica, a localização
espacial, a paisagem, o lugar e o território.
4. Resultados
Princípio Descrição
Analogia Um fenômeno geográfico sempre é comparável a outros. A
identificação das semelhanças entre fenômenos geográficos é o
início da compreensão da unidade terrestre.
Conexão Um fenômeno geográfico nunca acontece isoladamente, mas
sempre em interação com outros fenômenos próximos ou
distantes.
Diferenciação É a variação dos fenômenos de interesse da geografia pela
superfície terrestre (por exemplo, o clima), resultando na diferença
entre áreas.
Distribuição Exprime como os objetos se repartem pelo espaço.
Extensão Espaço finito e contínuo delimitado pela ocorrência do fenômeno
geográfico.
Localização Posição particular de um objeto na superfície terrestre. A
localização pode ser absoluta (definida por um sistema de
coordenadas geográficas) ou relativa (expressa por meio de
relações espaciais topológicas ou por interações espaciais).
Ordem Ordem ou arranjo espacial é o princípio geográfico de maior
complexidade. Refere-se ao modo de estruturação do espaço de
acordo com as regras da própria sociedade que o produziu.
Fonte: Adaptado da Base Nacional Comum Curricular – BNCC.
Geografia por sensoriamento remoto 112
Para dar conta desse desafio, o componente geografia da Base Nacional Comum
Curricular - BNCC foi dividido em cinco unidades temáticas comuns ao longo do
Ensino Fundamental, em uma progressão das habilidades, conforme está ilustrado no
quadro 2. Nesta pesquisa enfatiza-se a unidade Formas de representação e
pensamento espacial, pois esta contempla o uso das imagens de satélites.
Dinâmica Populacional
O sujeito e seu lugar no mundo
Diferenças étnico-raciais e étnico-
culturais e desigualdades sociais
Conexões e escalas Território, redes e urbanização
Mundo do trabalho Trabalho e inovação tecnológica
Formas de representação e Mapas e imagens de satélite
pensamento espacial Representação das cidades e do espaço
urbano
Natureza, ambiente e qualidade de Qualidade Ambiental
vida Diferentes tipos de poluição
Gestão pública da qualidade de vida
Fonte: Adaptado da Base Nacional Comum Curricular - BNCC
Desta forma, pode-se compreender que o conteúdo não é completado ao longo da Base
Nacional Comum Curricular - BNCC e as imagens de satélites são citadas apenas em
dois momentos: vinculados ao conceito de espaço e, a alfabetização cartográfica. A
Base Nacional Comum Curricular sugere que os educadores ensinem a unidade
Formas de representação e pensamento espacial a partir do 5° Ano do Ensino
Fundamental.
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Por meio da ilustração da figura 1, fica nítida a divisão dos parâmetros em 4 ciclos, na
qual a Geografia está compreendida no 3° e 4° ciclo. O 3° ciclo está divido em quatro
eixos. O eixo quatro aborda as imagens de satélites e, assim como na Base Nacional
Comum Curricular – BNCC, o conteúdo sensoriamento remoto não está explicito. As
imagens de satélites foram citadas em ambos os documento em dois momentos, sendo
que nos Parâmetros Curriculares Nacionais estão presentes no 3° e 4° ciclo. O quadro 3
ilustra os eixos e as temáticas que encontram-se no 3° ciclo.
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Eixos Tema
A Geografia como uma A construção do espaço: os territórios e os lugares
possibilidade de leitura e (o tempo da sociedade e o tempo da natureza)
compreensão do mundo
O estudo da natureza e sua A conquista do lugar como conquista da cidadania
importância para o homem Os fenômenos naturais, sua regularidade e
possibilidade de previsão pelo homem
No 4° ciclo as imagens de satélites novamente são citadas. Este ciclo é marcado pelo
mundo da diversidade da cultura jovem. Os educandos devem aprender a utilizar a
tecnologia como ferramenta intermediária da geografia. Na cartografia, podem-se
ampliar as possibilidades do trabalho com os seus pressupostos básicos da
representação espacial: a localização, a proporção, a distância, a perspectiva, a
linguagem gráfica, o trabalho com mapeamento consciente, as cartas analíticas e de
síntese. Na leitura cartográfica o professor, desse ciclo, pode lançar mão dos
diferentes tipos de mapas temáticos, atlas, globo terrestre, plantas e maquetes mais
sofisticadas. Outra possibilidade, que também depende dos recursos, são as formas
de registro e interpretação espacial, como o exercício de utilização das fotografias
aéreas e imagens de satélites [8].
5. Conclusão
6. Referências
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