Para Que Fomos Chamados

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TEMA:

TEXTO: I CO 9:16-27

EXÓRDIO
Quando eu era jovem, ingênuo e com uma imaginação sem limites, decidi que
através da minha vida eu haveria de mudar o mundo. A medida que fui-me tornando
adulto e mais sábio, descobri que o mundo não poderia mudar; então reduzi minha
expectativa e decidi mudar apenas o meu país. Mas isso me pareceu uma tarefa pesada
demais. A medida que cresci, ainda mais e, numa tentativa de desespero, então eu resolvi
mudar apenas a minha família, aqueles que estavam mais perto de mim, porém , eu não
percebi nenhuma mudança. E agora, deitado em meu leito de morte, de repente eu
compreendi: SE EU APENAS TIVESSE MUDADO A MIM PRIMEIRO!

Este texto está gravado em uma lápide em Londres.

DESENVOLVIMENTO
É interessante como que quando crianças temos tantos sonhos, planos e projetos.
Me lembro que quando eu era criança meu sonho era ser médico, depois quis ser
um jogador de futebol como foi o Zico. Já pensei em seu astronauta, um grande campeão
de taekwon-do, já quis ser o que os meus pais queriam que eu fosse.
Quem também nunca quis mudar a realidade a sua volta. Mudar sua realidade
social, mudar sua realidade familiar, sua realidade profissional.
Me lembro que meus pais se separaram quando eu era ainda muito novo, e muitas
vezes eu pedi a eles que voltassem, pedi a Deus que mudasse tudo aquilo. Quando
cresci, na minha mente eu dizia que nunca cometeria os mesmo erros que eles, nem
como pai, nem como esposo, mas de vez em quando me pego em atitudes identicas as
deles.

TRANSIÇÃO
Em geral estamos sempre muito preocupados com planos e projetos pessoais, e
isso em qualquer fase da nossa vida, desde de quando somos crianças até quando
estamos velhos. Mas e quanto aos planos de Deus pras nossas vidas.
Quando me formei em Direito, foi quando não agüentei mais e cedi ao chamado
que havia recebido há anos atrás para assumir o ministério que Deus havia me confiado.
Neste momento percebi que precisaria ter uma longa e delicada conversa com meu
pai. Afinal, ele havia investido tempo e dinheiro pra que um dia eu fosse aquilo que ele
sonhava pra mim. Na minha conversa com ele eu pude explicar que como advogado, eu
poderia um dia chegar a ser até o ministro da justiça do nosso país, mas isso jamais se
compararia com o que Deus já havia escolhido pra mim, que era ser um Ministro do
Evangelho, um Ministro do Reino de Deus.

I–
1 - INSATISFAÇÃO
Aquele rapaz sempre aprendeu, que o Reino de Deus era destinado a todos
aqueles que faziam parte da aliança Abrâmica, ou seja, os circuncisos, os judeus. Ele
fazia parte dessa aliança, mas quando ele viu Jesus abençoando as crianças e
declarando que delas é o Reino de Deus e que para recebê-lo é preciso ser como uma
criança, o rapaz se lançou aos pés de Jesus e fez a pergunta mais importante da sua
vida. Talvez aquele jovem com toda a sua reputação, seu prestígio, sua proeminência,
todo seu conhecimento da lei, já não estivesse agüentando o vazio que lhe corroia a
alma, o vazio da sua vida espiritual.
Até então, para ele uma vida que agrada a Deus era uma vida de cumprimento da
lei, uma vida moralmente correta, era cumprir com as obrigações religiosas ritualísticas e
obedecer o não faça isso, não faça aquilo, observe esta e aquela diretriz. Certamente,
para ele isso lhe garantiria a vida eterna.
“Que me falta ainda?”. Ele tinha tudo para ser feliz, mas seu coração ainda estava
vazio. Na verdade, Deus pôs a eternidade no coração do homem e nada deste mundo
pode preencher esse vazio. Seu dinheiro, reputação e liderança não preencheram o vazio
da sua alma. Estava cansado da vida que levava. Nada satisfazia seus anseios. Ser rico
não basta; ser honesto não basta; ser religioso não basta. Sua alma tinha sede de algo
mais.
2 - CEGUEIRA
A pergunta do jovem foi enfática: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida
eterna?”. Ele já não estava tão certo de que a conduta de toda a sua vida lhe garantiria a
salvação. Ele estava ansioso por algo mais. Ele não queria enganar a si mesmo. Ele
queria ser salvo.
O que é curioso, é que Jesus pergunta porque o jovem o chama de bom, e diz que
só existe um bom, e que este é Deus. Em seguida Jesus o lembra de alguns
mandamentos, todos referentes ao relacionamento entre os homens, e nenhum referente
ao relacionamento do homem com Deus. Não há dúvidas de que Jesus tinha uma
intenção por traz disso.
Jesus queria mostrar que o jovem não o via como o filho de Deus, como o messias,
mas como um simples profeta que falava da parte de Deus, como tantos que já passaram
por Israel. Por isso Jesus o mostrou que bom é Deus, e que se ele o visse como filho de
Deus, aí sim, desse modo ele também seria bom. Jesus queria mostrar que ele não o
conhecia, queria também, mostrar que todos aqueles mandamentos que ele praticava na
verdade não passavam de meras práticas religiosas, vez que ele não conhecia ao Deus
que ele dizia servir.
3 - ENGANO
As virtudes do jovem rico eram apenas aparentes. Ele superestimava suas
qualidades. Ele deu a si mesmo nota máxima, mas Jesus tirou sua máscara e revelou-lhe
que a avaliação que fazia de si, da salvação, do pecado, da lei e do próprio Jesus eram
muito superficiais.
Ele viu a salvação como uma questão de mérito e não como um presente da graça
de Deus. Ele perguntou: “... Bom Mestre, que farei de bom para herdar a vida eterna?”.
Seu desejo de ter a vida eterna era sincero, mas estava enganado quando à maneira de
alcançá-la. Ele queria obter a salvação por obras e não pela graça.
Todas as religiões do mundo ensinam que o homem é salvo pelas suas obras. Na
Índia multidões que desejam a salvação deitam sobre camas de prego ao sol escaldante;
balançam-se sobre um fogo baixo; sustentam uma mão erguida até se tornar imóvel;
fazem longas caminhas de joelhos. No Brasil, vemos as romarias, onde pessoas sobem
conventos de joelhos e fazem penitência pensando alcançar com isso o favor de Deus.

Muitas pessoas pensam que no dia do juízo Deus vai colocar na balança as obras
más e as boas obras e a salvação será o resultado da prevalência das boas obras sobre
as obras más. Mas a salvação não consiste daquilo que fazemos para Deus, mas do que
Deus fez por nós em Cristo Jesus.

TRANSIÇÃO – ILUSTRAÇÃO

Um comerciante resolveu colocar barras de ouro empilhadas numa vitrine de sua


loja com um cartaz dizendo: “pegue uma”. Durante todo o dia as pessoas passaram por lá
e comentavam: “Este indivíduo está tentando me fazer de bobo”. Outras se perguntavam:
“Será que é mesmo de verdade”. Outras não falavam nada, paravam ficavam olhando,
mas não arriscavam pegar. A noite chegou, e o proprietário estava pronto para remover a
pequena fortuna que estava na vitrine. Mas, um pouco antes dele fazer isso, um garoto
que passava pela calçada leu o cartaz e, calmamente, sem a menor hesitação pegou
uma!

II – MARCAS DE UMA VIDA CRISTÃ SIMPLES, CONFIANTE E HUMILDE COMO UMA


CRIANÇA:

1 – ABNEGAÇÃO

“Vá, vende tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um
tesouro no céu. Depois venha e siga-me.” Fico me perguntando, qual seria a minha
reação se estivesse no lugar do jovem. O dinheiro é ídolo que tem o maior número de
adoradores neste mundo. Pessoas se casam, divorciam, matam e morrem pelo dinheiro.
É claro que Jesus sabia que para aquele rapaz o dinheiro era o seu mal, seu ponto fraco,
o que podia lhe tirar até a salvação. Para outras pessoas o calcanhar de Aquiles é outro.
Aos discípulos foi feito o mesmo convite, eles deixaram para traz trabalho, casa,
família, posição, propriedades, bens. Pedro mais a frente, no mesmo capítulo disse a
Jesus: ... “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos” (10.28). E Jesus ainda responde
no verso 29: “Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou
campos, por causa de mim e do evangelho, deixará de receber cem vezes mais, já
no tempo presente, casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos, e com eles
perseguição; e na era futura, a vida eterna.” Seguir a Cristo é o maior projeto da vida”.
Vale a pena abrir mão de tudo para ganhar a Cristo. Ele é a pérola de grande valor.
2 – MOTIVAÇÃO

Não basta deixar tudo por amor a Cristo, é preciso fazê-lo pela motivação certa.
Jesus é claro em sua exigência: “... por amor de mim e por amor do evangelho”
(10.29). Precisamos fazer a coisa certa com a motivação certa. O objetivo da abnegação
não é receber recompensa. Daniel 3: 17 -18 diz: “17 Eis que o nosso Deus, a quem nós
servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua
mão, ó rei.18 E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem
adoraremos a estátua de ouro que levantaste”. Não servimos a Deus por aquilo que
ele dá, mas por quem ele é (Dn3.16-18).

Muitos hoje pregam um evangelho de barganha com Deus. Você dá, para receber
de volta. Você oferece algo para Deus para receber uma recompensa maior. O homem
continua sendo o centro de todas as coisas. Mas Jesus fala que precisamos deixar tudo
por amor a ele e por causa do evangelho. Atos 20:24 diz: “Mas em nada tenho a minha
vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério
que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.”
3 – RECOMPENSA

Jesus garante aos seus discípulos que todo aquele que o segue não perderá o que
realmente é importante, quer nesta vida quer na vida por vir. Jesus fala de duas
recompensas e duas realidades.

Em primeiro lugar, há uma recompensa imediata. Seguir a Cristo é um caminho


venturoso. Deus não tira, ele dá. Ele dá generosamente. Quem abre mão de alguma coisa
ou de alguém por amor de Cristo e pelo evangelho, recebe já no presente cem vezes
mais.

Em segundo lugar, há uma recompensa futura. No mundo por vir, receberemos a


vida eterna. Esta é uma vida superlativa, gloriosa, feliz, onde não há dor, sem lágrimas,
sem morte. Receberemos um novo corpo, semelhante ao corpo da glória de Cristo.
Reinaremos com ele para sempre.

Em terceiro lugar, há uma realidade insofismável. Jesus acrescenta que a


recompensa imediata vem acompanhada “... com perseguições” (10.30). A vida cristã não
é uma sala vip nem uma colônia de férias. Fomos chamados não para fugir da realidade,
mas para enfrentá-la. O sofrimento é o cálice que o povo de Deus precisa beber,
enquanto caminha rumo à glória. A cruz vem antes da coroa, o sofrimento antes da
recompensa final. Nós entramos no reino de Deus por meio de muitas perseguições (At
14.22). Há um equilíbrio entre bênçãos e batalhas na vida cristã.

Em quarto lugar, há uma realidade surpreendente. Jesus foi categórico: “Porém


muitos primeiros serão últimos; e os últimos primeiros” (10.31). Para o público em geral, o
rico ocupa um lugar de proeminência e os pobres discípulos, o último lugar. Mas Deus vê
as coisas na perspectiva da eternidade – e o primeiro se torna o último enquanto o último
se torna o primeiro.

APLICAÇÃO E CONCLUSÃO

Assim como o jovem rico, muitas pessoas hoje estão perdidas dentro das igrejas.
São pessoas que vivem uma vida de pragmatismo religioso, ativismo eclesiástico, fazem
tudo direito, cumprem aparentemente tudo que a igreja exige como padrão moral, vivem
preocupados com detalhes de regulamentos e normas, mas estão cegas, não conhecem
o Jesus que pensam servir.

São pessoas enganadas, estão enganadas a respeito de si mesmas, não têm


consciência de quão pecadoras elas são. Estão enganadas a respeito da lei, medem sua
obediência apenas por ações externas e não por atitudes internas. Estão enganadas a
respeito de Jesus, chamam Jesus de Bom Mestre, mas não estão prontos a obedecer-lhe.
Estão enganadas a respeito da salvação, vêm a salvação como uma questão de mérito e
não como um presente da graça de Deus.

São pessoas insatisfeitas com a vida religiosa que vivem, mas não estão dispostas
a abrir mão do seu conforto, da sua posição, do seu emprego, da sua cidade, até da sua
igreja grande, central, rica, para sofrer as perseguições que só sofrem aqueles que se
dedicam a abrir mão do ego para seguir a Jesus.

São pessoas acostumadas a uma vida de práticas religiosas mortas que não
querem pagar o preço para estar no centro da vontade de Deus e ter com Ele um
relacionamento intenso, verdadeiro e de vida.

O que o Senhor quer de nós, é que abramos mão dos nossos valores, das nossas
riquezas, do nosso conforto, da nossa preguiça, da nossa religiosidade sem valor, do
nosso orgulho, e com simplicidade, humildade e confiança o sigamos não pensando em
alcançar qualquer glória ou prêmio no tempo presente, mas certos de que o senhor nos
recompensará e suprirá nossas necessidades e nos fortalecerá no momento das
perseguições que virão com a escolha de servi-lo.

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