II Trimestre 10 - A ATMOSFERA

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Índice

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................2
3.1 – A ESTRUTURA VERTICAL DA ATMOSFERA: SUA COMPOSIÇÃO ............................3
3.2 – A Radiação solar e a radiação terrestre: sua influência nos climas do mundo ...11
A RADIAÇÃO SOLAR ........................................................................................................11
A RADIAÇÃO TERRESTRE ................................................................................................12
3.3 – A TEMPERATURA E A PRESSÃO ATMOSFÉRICA ...................................................15
A Temperatura atmosférica............................................................................................15
A Pressão atmosférica ....................................................................................................21
3.4 – O SISTEMA DE VENTOS ......................................................................................... 23
3.5 – A HUMIDADE ATMOSFÉRICA ................................................................................ 26
Condensação do vapor de água .....................................................................................28
Nuvens. Tipos de nuvens ................................................................................................28
3.6 – AS PRECIPITAÇÕES ................................................................................................ 31
3.7 – A influência das actividades humanas na qualidade do ar atmosférico ............ 32

Compilado por: Ildefonso Clemente Catito & Celestino Sapuca Paulino/PUNIV-Kapango/2022/2023


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TEMA 3 – A NOSSA ATMOSFERA: PROBLEMAS E SOLUÇÕES
Introdução
A poluição atmosférica tem atingido níveis altamente preocupantes,
sobretudo nos países industrializados. Este tipo de poluição afecta os seres vivos
que necessitam de ar para respirarem.

O imenso volume de ar existente pode fazer-nos pensar que,


independentemente da quantidade e qualidade de substâncias que lancemos para
a atmosfera, esta irá manter-se inalterável. Isto não é verdade.

Desde o desenvolvimento das indústrias e do aparecimento do motor de


combustão interna, tem-se intensificado a produção de algumas substâncias,
muitas delas tóxicas, que tem modificado a composição química do ar,
deteriorando-o consideravelmente.

O monóxido e o dióxido de carbono, óxidos de enxofre, nitrogénio, chumbo,


os fluorclorocarbonetos (CFCs) e os processos industriais são os principais
agentes poluentes que afectam a qualidade do ar, particularmente nas grandes
cidades, e provocam o aquecimento global, a diminuição da camada de ozono, as
chuvas ácidas, etc.
 Que medidas poderão contribuir para a redução de emissões de dióxido de
carbonos e outras substâncias poluentes para a atmosfera?
 Será sensato pedir aos países em vias de desenvolvimento que reduzem as
suas emissões de substâncias poluentes quando são os países
desenvolvidos os que mais contribuem para o estado actual da poluição
atmosférica?

O que é a atmosfera?
A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra. É uma mistura de
gases inodora, insípida e incolor.
Pode parecer ar, mas a verdade é que possui uma estrutura complexa com
várias camadas distintas com características próprias. Elas vão desde a turbulenta
troposfera, mesmo por cima da superfície da terra, até a exosfera, que passa
gradualmente ao vazio escuro do espaço.

A atmosfera tem cerca de 700km de espessura, mas não tem um limite


definido, pois desaparece gradualmente no espaço pela rarefacção do ar e pela
fuga das moléculas de gases leves, como o hidrogénio e o hélio, que se afastam.

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estrutura vertical da Terra (suas camadas)

Em termos comparativos, a atmosfera não representa para a Terra uma


espessura maior que a da casca de uma maçã, mas sem ela, o nosso planeta seria
tão inóspito como a Lua.

A atmosfera é parte integrante do nosso planeta: fornece o ar que


respiramos, a água que bebemos, mantém-nos quentes e protege-nos das
perigosas radiações solares e dos meteoritos.

Sem atmosfera a Terra estaria sujeita às temperaturas extremas que se


verificam na Lua sem ar – não existiriam fenómenos atmosféricos e não existiria
vida.

Quais são os gases constituintes do ar atmosférico?


O ar atmosférico é constituído principalmente por azoto (78%) e oxigénio
(21%), com pequenas quantidades de dióxido de carbono (cerca de 0,03%),
vapor de água (1,4%), árgon, hidrogénio e gases raros.

3.1 – A ESTRUTURA VERTICAL DA ATMOSFERA: SUA COMPOSIÇÃO

Qual é a estrutura da atmosfera?


O limite inferior da atmosfera é definido, obviamente, pela superfície da
Terra, se bem que nele possam penetrar alguns centímetros ou mesmo alguns
metros. Já o seu limite superior, como foi dito, é impossível de determinar com
precisão isto porque como o ar se vai rarefazendo com a altitude (diminuição

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do número de moléculas por unidades de volumes), a partir de certo nível ele
encontra-se de tal modo rarefeito que é difícil se não impossível saber se existe
verdadeira atmosfera ou simplesmente gases interplanetários e poeiras
cósmicas.

Para se demonstrar a rápida rarefacção do ar com a altitude, basta dizer


que 95% da massa atmosféricas se concentra nos primeiros 10 km
acima da superfície terrestre, enquanto os restantes 5% se difundem por
várias centenas de quilómetros.

Contrariamente ao que se pensou durante muito tempo, a atmosfera não é


homogénea.

Estudos realizados até aos mais altos níveis de altitude confirmaram que a
atmosfera é constituída por uma série de camadas (ou zonas) aproximadamente
esféricas e concêntricas, cada uma das quais com as suas características próprias.

Que critérios utilizam os cientistas para dividir a atmosfera em


camadas?
Tomando como critério fundamental a sua estrutura térmica vertical, ou
seja, a variação da temperatura com a altitude, considera-se dividida em quatros
camadas principais: a troposfera, a estratosfera, a mesosfera e a
termosfera.

De salientar que as camadas acima estão separadas por capas de transição


ou pausas.

Para lá da termosfera vem o que se convencionou designar por exosfera


(do grego “exo”, exterior), na qual os gases se encontram tão rarefeitos que
dificilmente se pode considerar atmosfera no verdadeiro sentido do termo,
sobretudo para lá dos 1000 ou 1500 km de altitude.

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A troposfera
A troposfera é a camada inferior, ou seja, aquela que está em contacto
directo com a superfície da Terra, sendo a que mais directamente influencia a vida
no planeta.

A sua espessura média é cerca de 11 km a 12 km, diminuindo do


equador (16 km a 18 km) para os pólos (6 km a 8 km).

Trata-se, portanto, de uma camada achatada nos pólos, o que se explica


principalmente pela contracção do ar provocada pelas baixas temperaturas e
pelo efeito da força centrífuga resultante do movimento de rotação da Terra.
Para além disso, a sua espessura sofre variações sazonais, sendo maior no verão
do que no Inverno.

O limite superior da troposfera, muito irregular, chama-se tropopausa.

Que fenómenos meteorológicos têm lugar na troposfera


A troposfera é uma camada muito turbulenta (agitada), fundamentalmente
nos primeiros três quilómetros, onde ocorre a maior parte dos fenómenos
meteorológicos, como o vento soprando em várias direcções, as
precipitações (chuva, neve, granizo), os relâmpagos, as trovoadas, etc. A
turbulência tem como causa a influência do solo, nomeadamente no que respeita
á irregular distribuição da temperatura e ao atrito do ar com a vegetação e
com as irregularidades da superfície terrestre.

Como variam as temperaturas na troposfera?


Do ponto de vista térmico (temperatura), esta camada caracteriza-se pela
diminuição da temperatura com o aumento da altitude (gradiente térmico
vertical positivo, que ronda os 0, 65 ºC por cada 100 metros).

O gradiente térmico vertical é a variação da temperatura com a


altitude.

É positivo quando a temperatura varia em sentido Inverso ao da altitude


(ou seja, quando a altitude aumenta, diminui a temperatura).

Diz-se que é negativo quando a temperatura e a altitude variam no


mesmo sentido.

Ao gradiente térmico vertical negativo dá-se o nome de inversão térmica,


que se pode então definir-se como sendo o aumento da temperatura com o
aumento da altitude.

Este processo (gradiente térmico vertical positivo) deve-se a duas razões:


a) Primeiro porque, á medida que aumenta a altitude vão diminuindo as
quantidades de vapor de água, de dióxido de carbono e de partículas
sólidas, que constituem os principais retentores (absorventes) de energia
provenientes quer do sol (radiação solar) quer da superfície da Terra
(radiação terrestre). Assim sendo, verifica-se um decréscimo de
absorção de energia solar e, consequentemente, da temperatura com a
altitude.
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b) Segundo porque, sendo a radiação terrestre a principal fonte de
calor da troposfera, esta aquece sobretudo por baixo. Daí que
aumentando a altitude, aumente a distância á fonte calorífica (superfície do
globo), o que se reflecte, naturalmente, na diminuição da temperatura.

Muitas vezes, em determinadas condições, observa-se um processo


contrário, ou seja, a temperatura aumenta com a altitude, fenómeno que se
designa por inversão térmica (gradiente térmico vertical negativo).

Como as inversões térmicas se opõem ás correntes do ar, elas impedem


que os agentes poluidores (fumos, poeiras, gases) subam para a alta
atmosfera.

Acumulando-se então entre a base de inversão térmica e o solo, esses


agentes acentuam a poluição.

Entende-se por poluição a deposição no ambiente de substância ou


resíduos, independente da sua forma, bem como a emissão de luz e outras formas
de energia de tal modo e em quantidade tal que o afecta negativamente.
As inversões térmicas podem ser facilmente detectadas sem o uso de
qualquer instrumento de medida da temperatura. Por exemplo, se os fumos das
fábricas ou de outra proveniência não sobem, ou se chegando a um determinado
nível de altitude, eles se espalham na horizontal ou descem em direcção ao solo,
isso significa que foram impedidos de subir a partir da base da inversão térmica.

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Qual é a composição da troposfera?
A troposfera é essencialmente constituída por uma mistura de gases
muito diversos, os mais importantes são o azoto e o oxigénio, que no seu
conjunto, representam cerca de 99% do volume do ar troposférico. O árgon, o
dióxido de carbono, o vapor de água e os chamados gases raros (hélio,
néon, crípton, xénon, etc.) são outros dos constituintes gasosos da troposfera, a
que se juntam ainda os gases provenientes das actividades humanas.

Para além dos componentes gasosos, a troposfera contém ainda, em


suspensão, partículas sólidas e líquidas.

Que papel desempenham os componentes gasosos na troposfera?


Do ponto de vista meteorológico, o vapor de água, o dióxido de
carbono e as partículas sólidas e líquidas em suspensão desempenham um
papel fundamental.

 Vapor de água (proveniente da evaporação das águas dos mares, lagos,


oceanos, rios, solos húmidos e ainda da respiração e transpiração dos seres
vivos) – é um dos principais absorventes de radiações infravermelhas
(radiações caloríficas) pelo que desempenha um papel de primeiro plano
como regularizador de temperatura. Na ausência de vapor de água, a
temperatura desceria para –100 ºC durante a noite. É ele que está na
origem das precipitações, sem as quais a vida no planeta não seria
possível.

Cerca de 75% do vapor de água existente na atmosfera acumula-se nos


primeiros 4km, sendo quase inexistente para lá dos 10 km de altitude. A sua
concentração é muito variável, quer ao longo do ano quer de lugar para lugar,
registando o valor máximo nas regiões desérticas quentes.

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 Dióxido de carbono (em grande parte
proveniente das emanações vulcânicas, da
combustão de matéria vegetal, carvão, petróleo,
etc., da actividade industrial, dos motores dos
automóveis e da respiração dos seres vivos) – é
também um grande absorvente de radiações
infravermelhas, pelo que desempenha
igualmente um papel importante na
regularização das temperaturas, embora seja
também um dos principais responsáveis pelos
aumentos do efeito de estufa. Ocupando cerca
de 0,003% do volume do ar na troposfera, o
dióxido de carbono diminui rapidamente com a
altitude, calculando-se que 75% se acumulem
nos primeiros 10 km.

 Partículas em suspensão – compreendem


essencialmente fumo e poeiras (proveniente
das irrupções vulcânicas, da actividade industrial
e dos veículos motorizados), partículas
orgânicas (esporos, sementes, pólen, etc.),
sais minerais (cloretos de sulfatos, por
exemplo) e microrganismos.

Do ponto de vista meteorológico as partículas


em suspensão são importantes porque:
a) Actuam como absorventes do vapor de
água (isto é, captam facilmente o vapor de
água), constituindo, por isso, núcleos sobre os
quais se inicia a condensação daquele vapor
(quando o ar atinge a saturação), o que leva a
designá-los por núcleos de condensação. A
rarefacção destes núcleos dificultam a
condensação do vapor de água, enquanto a sua
abundância a facilita. Por exemplo, a maior
nebulosidade observada geralmente no litoral resulta da abundância de
pequenas partículas de sal provenientes do rebentamento das ondas,
enquanto o carácter mais nebuloso da atmosfera sobre as cidades se deve
à abundância de partículas poluentes (fumos e poeiras).

b) Absorvem e desviam com relativa facilidade parte da radiação


solar e da radiação terrestre que influencia os valores de temperatura.
A maior concentração de partículas sólidas ocorre na baixa atmosfera,
diminuindo mais ou menos rapidamente com o aumento da altitude. No
entanto, algumas dessas partículas podem ser arrastadas pelas correntes
ascendentes do ar até vários quilómetros de altitude.

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A estratosfera
A estratosfera, à seguir à troposfera, estende-se da tropopausa até cerca
de 50 km a 55 km. Ao limite superior desta camada dá-se o nome de
estratopausa.

Como é o comportamento da temperatura nesta camada?


Do ponto de vista térmico verifica-se que, numa primeira zona, que vai da
tropopausa até cerca de 20 km a 25 km, a temperatura se mantém sensivelmente
estável, embora se possa registar um ligeiro aumento, sendo por isso designada
por camada isotérmica.

Que fenómenos meteorológicos têm lugar na estratosfera?


Comparada com a grande agitação da troposfera, a estratosfera é uma
zona de relativa calma, e quase sem nuvens, dada a reduzida quantidade de
vapor de água. Na sua parte inferior (e penetrando mesmo na parte superior da
troposfera) ocorre, em cada um dos hemisférios (norte e sul), uma faixa de
ventos horizontais muito violentos e circulando no sentido do movimento de
rotação da Terra (de oeste para este). Estes ventos, vulgarmente chamados “jet-
streams” (“correntes de jacto”), dão a volta ao globo com velocidades que
oscilam entre os 100 km/h e os 500 km/h, com diminuição do centro para
periferia.
Devido à influência que exercem na troposfera inferior, as “correntes de
jacto” comandam, em parte, a evolução dos estados do tempo nas regiões de
médias e altas latitudes.

Os modernos aviões a reactores fazem os seus voos de longas distâncias


nas camadas mais baixas da estratosfera, para evitar a turbulência existente na
troposfera e ao mesmo tempo adquirir maior velocidade, pois o ar estratosférico,
sendo menos denso, causa menos atrito.

Qual é a composição da estratosfera?


Nesta camada os gases encontram-se mais rarefeitos, embora as suas
proporções não difiram muito das da troposfera. O vapor de água e o dióxido de
carbono surgem em reduzidíssimas quantidades.

Na estratosfera existe uma camada de moléculas de ozono (O3), cuja


concentração mais elevada se encontra entre 15 e 25 km acima da superfície da
Terra. O ozono está continuamente a formar-se a partir do oxigénio (O2) por
acção da luz solar, decompondo-se depois lentamente de novo em oxigénio.

A camada do ozono absorve a maior parte dos raios ultravioletas do Sol,


protegendo a vida na Terra dos efeitos nocivos desta radiação.

A mesosfera
Acima da estratosfera, entre os 50 km ou 55 km de altitude, encontra-se a
mesosfera, cujo limite superior é designado por mesopausa.

Como é o comportamento das temperaturas nesta camada?


Do ponto de vista térmico, a mesosfera caracteriza-se pela diminuição da
temperatura com o aumento da altitude, tendo consequentemente um
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comportamento semelhante ao da troposfera. Na mesopausa as temperaturas
atingem cerca de -90ºC.

Com frequência, durante a noite surgem nesta camada nuvens de aspecto


sedoso e brilhante (nuvens noctilucentes).

Quais são os seus componentes gasosos?


Os componentes gasosos fundamentais da mesosfera mantêm-se em
proporções semelhantes às camadas anteriores (embora ainda mais rarefeitos),
com excepção do dióxido de carbono e do vapor de água, que aqui estão
praticamente ausentes, sobretudo o primeiro.

A termosfera
A termosfera é a camada a seguir à mesosfera, estendendo-se desde a
mesopausa até cerca de 500 km a 800 km de altitude. O limite superior desta
camada é a termopausa. Esta camada também é designada por heterosfera ou
ionosfera.
Designa-se por ionosfera toda a região atmosférica onde a ionização dos gases é elevada.
Situa-se entre os 60 km e os 1000 km de altitude, compreendendo, portanto, parte superior
da mesosfera, toda a termosfera e ainda uma zona de algumas centenas de quilómetros de
espessura acima da termopausa. O seu limite superior é muito impreciso e instável,
atingindo por vezes, os 2000 km.

Quais são as suas características térmicas?


Do ponto de vista térmico, a termosfera caracteriza-se pelo aumento da
temperatura com a altitude, primeiro lentamente (até aos 80 km), e depois de
modo muito rápido, atingindo valores superiores a 2000 ºC na termopausa.

Que fenómenos acontecem na termosfera?


É nesta camada que surgem os espectaculares fenómenos luminosos
chamados “auroras polares” (boreais, no hemisfério norte, ou austrais, no
hemisfério sul), frequentes sobre as regiões de alta altitude. é também na
termosfera que se observam as vulgarmente chamadas “estrelas candentes”,
que não são mais do que fragmentos rochosos provenientes de outros corpos
celestes. Estes fragmentos - meteoros - ao entrarem na atmosfera terrestre a
enorme velocidade aquecem rapidamente devido ao atrito com o ar, tornando-se,
por isso, incandescentes e pulverizando-se em partículas. Na queda destes corpos
e devido à sua incandescência, deixam um rasto luminoso que dá a sensação de
“estrelas a cair”. Nalgumas ocasiões, a degradação dos meteoros é menor, pelo
que dão origem a meteoritos. Alguns deles, de grandes dimensões, têm atingido a
superfície terrestre, criando enormes crateras devido ao seu impacto.

Quais são os componentes gasosos da termosfera?


Os componentes gasosos desta camada são bastante diferentes das
restantes camadas já caracterizadas. A grande rarefacção do ar e a intensa
radiação solar provocam a dissociação de muitos gases que, deste modo deixam
de manter a forma molecular para passarem à forma atómica

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A quantidade de azoto reduz drasticamente, acabando por desaparecer por
volta dos 800 km de altitude.

Para lá dos 800km, domina o hélio e o hidrogénio, que por serem mais
leves, ocupam a parte superior da atmosfera.

3.2 – A radiação solar e radiação terrestre: sua influência nos


climas do mundo.

RADIAÇÃO SOLAR
A principal fonte de energia da terra é, sem dúvida, o Sol. Como é
conhecido o sol é a estrela central do sistema solar. É constituído, na sua quase
totalidade, por hidrogénio e hélio. No núcleo solar, o hidrogénio é convertido em
hélio por fusão nuclear, libertando-se grandes quantidades de energia no
processo. Uma parte desta energia chega a terra sob a forma de luz diurna.

O sol apresenta um brilho relativamente intenso e temperaturas


elevadíssimas. No exterior ronda os 6000ºc, aumentando para o centro, onde
se calcula que atinja os 15 milhões de graus Celsius. O sol dispõe ainda de
recursos para brilhar mais de 5 milhões de anos.

A luz solar é a fonte de toda energia da terra. Esta energia é absorvida


indirectamente pela maior parte dos seres vivos, mas é absorvida directamente
pelas plantas num processo chamado de fotossíntese.

O que é a radiação solar?


Em resultado de tão elevadas temperaturas e da intensa luminosidade, o
sol irradia o espaço, em todas as direcções, incalculáveis quantidades de energia
luminosa e calorífica – radiação solar – uma parte da qual atinge naturalmente o
nosso planeta.

Entretanto, Radiação Solar é a quantidade de energia proveniente do Sol


que é recebida em uma determinada superfície e tempo. É a energia externa
recebida pela Terra proveniente do Sol.

AVISO
Nunca olhes directamente para o sol á vista desarmada ou usando um instrumento
qualquer. A luz queima a retina, causando cegueira permanente.

Radiação ultravioleta – raios solares emitidos em comprimentos de onda (distância


percorrida por uma vibração) compreendidos entre os 100 nanómetros (nm) e os 400
nanómetros

Se toda a energia recebida no limite superior da atmosfera atingisse a


superfície da terra, a vida no nosso planeta seria impossível. Em primeiro lugar,
porque as temperaturas seriam elevadíssimas e, segundo porque a superfície da
terra seria atingida por determinadas radiações que, quando em excesso, se
tornam mortais, como é o caso das radiações ultravioletas.

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Qual é o papel da atmosfera no processo da radiação solar?
É a atmosfera que, interpondo-se entre o sol e a terra, exerce um
importante papel de cortina protectora e de filtro, quer reflectindo para o
espaço quer absorvendo uma grande parte da radiação solar.

Do total de energia no topo da atmosfera, 34% são imediatamente


devolvidos ao espaço extra-atmosférico por reflexão, 19% são por ela absorvidos
e só menos de metade (47%) atinge a superfície do planeta. Claro que a energia
solar absorvida pela atmosfera provoca o seu aquecimento.

RADIAÇÃO TERRESTRE
Como se processa a radiação terrestre?
Da energia que a atmosfera deixa passar, uma grande parte é absorvida
pela camada superficial do planeta, que constantemente a liberta de novo, mas
agora principalmente sob a forma de calor (radiações infravermelhas). Este
processo é chamado de radiação terrestre.
Radiação infravermelha – raios emitidos em comprimentos de onda compreendidos entre
1 micrómetros1 e 5 micrómetros.

Claro está, a troposfera intersecta e absorve parte desse calor, provocando


também o seu aquecimento. Esta camada aquece por dois processos
fundamentais, de acordo com a proveniência da energia: radiação solar e
radiação terrestre.

Qual das radiações é a mais importante?


A radiação terrestre é mais importante que a radiação solar.
O aquecimento por radiação solar só acontece durante o período diurno,
isto é quando o sol se encontra acima do horizonte. Por sua vez, a radiação
terrestre é permanente, embora de intensidade variável, com um máximo entre as
14h00 e as 18h00.

No entanto, há que considerar que apesar deste duplo energético que


aquece a troposfera, essa energia tem uma única origem, ou fonte, que é o sol.
Também podemos considerar a radiação terrestre como a energia solar
que a superfície da Terra recebeu e depois devolveu á atmosfera, embora nesse
caso, sob a forma de calor.

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Micrómetro é uma unidade de comprimento do Sistema Internacional de Unidades de símbolos equivalente
a uma milésima parte do milímetro.
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Como se processa o equilíbrio térmico da Terra?
A energia recebida pela Terra é constantemente transferida para a
atmosfera, transferência essa que se realiza por vários processos, entre os quais
se destacam:
● A radiação terrestre, que constitui o processo mais importante;

● A reflexão – quando uma maior ou menor quantidade de radiação solar


sofre uma mudança de direcção ao incidir sobre qualquer corpo, podendo, por
isso, ser reenviada para o espaço: é o conhecido fenómeno de reflexão.
À fracção de energia reflectida por um corpo em relação à energia nele incidente dá-se o
nome de albedo, que normalmente se exprime em percentagem.

O albedo médio da Terra é 40 %, mas o albedo real varia de lugar para


lugar, dependendo na natureza da superfície da Terra (gelo, neve, diferentes tipos
de vegetação, solos de colorações diferentes, áreas urbanas) e da inclinação dos
raios solares, etc.

Quando maior é a inclinação (obliquidade) dos raios solares, maior é a


albedo.
Sobre os continentes o albedo médio é de 34%, apresentando também
grandes oscilações de acordo com a natureza do seu revestimento. Sobre as
superfícies líquidas (oceanos, mares, lagos etc.), o albedo médio é de 26%.

● A condução: realiza-se por contacto das moléculas dos gases entre si e


com o solo. No entanto, como os componentes gasosos são maus condutores de
calor, este processo desempenha um papel pouco significativo;

● A convecção: consiste no transporte da energia calorífica pelos gases


nos seus movimentos ascendentes; depois da radiação terrestre é o processo mais
eficaz na transferência da energia para a atmosfera;

● O sistema evaporação-condensação: a evaporação processa-se à


custa da absorção de energia (por isso, a evaporação é sempre de um
arrefecimento), energia essa que se incorpora no vapor de água (calor latente), o
qual é transportado vertical e horizontalmente, pelos movimentos da atmosfera.
Quando se dá a condensação desse vapor, o calor nele acumulado liberta-se
(calor sensível).

Como se explica que a troposfera, ao receber energia


diferentemente do sol, não aqueça continuamente?
Como vimos anteriormente, toda a energia recebida pela atmosfera acaba
por se escapar para o espaço. Como consequência, a nível do planeta (Terra +
atmosfera) verifica-se também o necessário equilíbrio térmico: toda a energia
por ela recebida acaba por ser devolvida ao espaço interplanetário.

De que maneira a temperatura influencia os climas do mundo?


Devido a curvatura da superfície da Terra, a quantidade da radiação solar
recebida por unidade de área diminui à medida que nos deslocamos do equador

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para os pólos. As zonas próximas do equador recebem o máximo de radiação, e as
zonas próximas dos pólos recebem o mínimo.

Como, além disso a Terra tem o seu eixo inclinado, a quantidade de


radiação recebida nos pólos e nas latitudes médias do Norte e no Sul (entre
40º e 60º) varia igualmente ao longo do ano, à medida que a Terra realiza a sua
trajectória anual a volta do sol.

Nas latitudes médias, a variação da duração do dia e da noite e as


diferenças de temperaturas nas diferentes alturas do ano dão estações do
ano bem demarcadas, cada uma delas com o seu tempo meteorológico
sazonal característico. No equador, pelo contrário, a duração dos dias e a
temperatura são bastante constantes ao longo do ano inteiro.

À sequência mais ou menos esperada dos vários estados do tempo


(temperatura, precipitação, chuva, vento, nebulosidade, etc.), durante um vasto
período de tempo numa da região, chamamos de clima.

O clima é caracterizado por uma sequência de fenómenos atmosféricos, tais


como a temperatura, a precipitação, a humidade, o vento, a pressão atmosférica,
etc.
As várias combinações formadas pelos diferentes fenómenos atmosféricos
(elementos do clima) – associadas a latitude, a altitude, a proximidade ou
afastamento do mar, o relevo e as correntes oceânicas (factores do clima) que os
condicionam – originam os vários tipos de climas.

A Terra divide-se em três grandes regiões ou zonas climáticas: quentes,


temperadas e frias:
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◊ Climas quentes – localizam-se a latitudes inferiores a 30º e
apresentam temperaturas médias anuais superiores a 20ºC. Dentro desta zona
climática podem distinguir-se os três seguintes tipos de climas:
- O Equatorial
- O tropical.
- O desértico

◊ Climas temperados – localizam-se a latitudes intermédias, geralmente


entre os 30º e os 50º; apresentam temperaturas médias anuais entre os 8ºC e os
20ºC. Nesta zona climática podem distinguir-se outros três tipos de climas:
- Mediterrânico
- Oceânico
- Continental

◊ Climas frios – localizam-se a latitudes superior a 50º e são


caracterizados por temperaturas médias anuais inferiores a 8ºC, nela distinguem-
se os seguintes tipos de climas:
- Polares
- Subpolares
- Altitude.

3.3 – A TEMPERATURA E A PRESSÃO ATMOSFÉRICA


A temperatura atmosférica
A temperatura atmosférica é o estado de aquecimento (ou
arrefecimento) do ar atmosférico.

Por que razão as temperaturas máximas e mínima diárias ocorrem


em horas da tarde e do amanhecer, respectivamente?
O registo diário da temperatura atmosférica num mesmo ponto da Terra
assinala geralmente um ciclo diário que tem usualmente a sua máxima no
período da tarde (14h00) e a mínima ao amanhecer (06h00), aproximadamente.
Isto deve-se a diferença existente entre o momento que a Terra absorve o
máximo de radiação solar e o momento em que a radiação terrestre é maior.

Quando o sol está no Zénite a Terra recebe o máximo de radiação solar


demorando duas horas a devolvê-la à atmosfera em forma de ondas. É por esse
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motivo que aproximadamente depois do zénite solar a temperatura do ar atinge o
valor máximo do ciclo da temperatura do ar para um dia.

Depois do por do sol, e com a diminuição da radiação solar, a Terra


começa a arrefecer, diminuindo assim a radiação terrestre, sendo mínima ao
amanhecer e registando-se, por tanto, as temperaturas mínimas.
Estes aumentos e diminuições da temperatura denominam-se ciclo da
temperatura do ar para um dia ou variação diária da temperatura.

Como se mede a temperatura do ar?


Para medir a temperatura atmosférica utilizam-se uns instrumentos
chamados termómetros. Consistem em tubos de vidro fechados nos seus dois
extremos, num dos quais há, geralmente, um bulbo que contém mercúrio.

O equipamento mais corrente é constituído por dois termómetros:


termómetro de máxima e de mínima, que permite saber a temperatura
máxima e mínima verificada ao longo do dia.

Os termómetros de máxima utilizam o mercúrio, funcionando com base


na sensibilidade que este metal possui perante as mudanças de temperatura. O
seu uso é semelhante ao do termómetro clínico.

Os termómetros de mínima funcionam com álcool, permitindo saber


qual a temperatura mais baixa verificada ao longo das 24 horas do dia. Com o
arrefecimento do ar, o álcool vai contraindo e descendo ao longo do tubo. Esta
descida faz arrastar um indicador de ferro colocado no interior do tubo capilar,
que não muda de posição quando o álcool volta a dilatar. Fica assim a indicação
da temperatura mínima verificada.

Que escalas se utilizam para medir as temperaturas?


Para indicar o valor da temperatura, os termómetros têm de possuir uma
escala. Destacam-se dois tipos de escala de Célsius (ºC) e a escala de
Fahrenheit (ºF).

A escala de Célsius baseia-se no princípio científico segundo o qual o


gelo funde a 0 ºC de temperatura, enquanto a água entra em ebulição (a
pressão normal) a 100 ºC. Estes dois pontos de referência são marcados no tubo
que contem o mercúrio. O espaço entre estes dois pontos é dividido em 100
partes iguais, valendo cada um 1 ºC. É, por isso, uma escala centesimal ou
centígrada (ºC).

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Na escala de Fahrenheit o ponto de congelação corresponde a 32 ºF e
o de ebulição a 212 ºF. Nesta escala há assim 180 divisões entre os dois pontos
referidos.

Que procedimento utilizar para converter uma escala Célsius numa


escala Fahrenheit e vice-versa?
A conversão de uma escala para outra é possível mediante o seguinte
procedimento:
I – Para converter os graus centígrados ou celcius em graus fahrenheit,
multiplicamos os graus por 1,8 e adicionamos 32 º ao resultado.

Exemplo:
Converte as seguintes temperaturas expressas em ºC em graus
Fahrenheit:
29ºC
29 ºC x 1,8 = 52,2 +32 º = 84,2ºF

100ºC
100ºC x 1,8 = 180 + 32º = 212ºF

II – Se a conversão é de graus Fahrenheit para graus centígrados,


subtraem-se 32 º e o resultado multiplica-se por 0,555. Exemplo:

Exemplo:
Converte em ºC ou Celcius, as seguintes temperaturas Fahrenheit.
86ºF
86ºF – 32 ºF = 54ºF x 0,555 = 29,9ºC

50ºF
50ºF – 32º F = 18ºF x 0,555 = 9,9ºC

Como se calculam as temperaturas medias diárias, mensais e


anuais?
Para encontrar a temperatura média diária, somam-se os valores de
temperatura registados durante o dia e divide-se pelo número de vezes das
leituras realizadas, o que se pode traduzir na seguinte fórmula:

Por exemplo:
Horas 2 6 10 14 18
T ºC 22 21 23 26 25
A soma das temperaturas que aparecem no quadro acima é de 117ºC, pelo
que: 117ºC : 5 = 23,4ºC. Este resultado é a temperatura média diária.

Para determinar a temperatura média mensal, somam-se as


temperaturas médias diárias e divide-se o resultado pela quantidade de dias em
que se efectuaram os registos.

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Para obter a temperatura média anual, somam-se as temperaturas médias
mensais do ano e divide-se o resultado pelo número de meses em que se
efectuaram os registos (em geral são 12 meses, mas nem sempre).

Como se calcula a amplitude térmica?


Na análise do clima de uma determinada região, é muito importante o
cálculo da amplitude térmica (AT) diurna, que é a diferença entre a temperatura
máxima (TM) e a temperatura mínima (Tm) do dia.

AT = TM – Tm

Amplitude térmica anual é a diferença entre a temperatura média do mês


mais quente e a temperatura média do mês mais frio.

Como é a distribuição superficial da temperatura?


Se a superfície terrestre fosse homogénea e a atmosfera e a hidrosfera
estivessem fixas, a distribuição do calor sobre a Terra estaria determinada apenas
pela radiação solar, a temperatura diminuiria do equador para os pólos.

Mas, o contínuo intercâmbio e interacção das esferas terrestres


(atmosfera, hidrosfera, litosfera, biosfera) faz com que as temperaturas variem
ainda na mesma latitude.

A distribuição superficial da temperatura média é representada nos mapas


através de linhas isotérmicas (que linhas que unem os lugares de igual
temperatura). Nos mapas de isotérmicas são feitas correcções com a finalidade de
suprimir a influência do relevo. É por isso que as temperaturas representadas
correspondem às registadas ao nível médio das águas do mar.
A direcção das linhas isotérmicas segue geralmente os paralelos, já que a
temperatura varia com a latitude.

Em áreas relativamente pequenas, as linhas isotérmicas são representadas


através de curvas concêntricas.

A interpretação correcta dos mapas de isotermas permite conhecer o


comportamento das temperaturas num determinado momento.

Ao analisar um mapa de isotermas, podemos observar diferenças


notáveis entre as temperaturas dos meses de Janeiro e Julho, e também entre
os continentes e os oceanos.

O comportamento das temperaturas será igual no hemisfério norte


e no hemisfério sul?
No hemisfério norte, as temperaturas máximas produzem-se no mês de
Julho, e as mínimas no mês de Janeiro. No hemisfério sul, as máximas
ocorrem no mês de Janeiro, e as mínimas no mês de Julho.

As temperaturas máximas e mínimas sobre os continentes não coincidem com


os solstícios de Junho e de Dezembro, porque, embora a máxima radiação solar
se verifique nos solstícios, a máxima radiação terrestre ocorre um mês depois,
aproximadamente.
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Deves saber que:
O Solstício é o fenómeno da existência de diferença na duração do dia e da
noite.
Assim nos dias 21 ou 22 de Junho e 22 ou 23 de Dezembro, a diferença
máxima na duração do dia e da noite. A esses dias nos chamamos de solstícios.

No solstício de Junho o dia é mais longo que a noite no Hemisfério Norte,


e no Hemisfério Sul, a noite é mais longa que o dia

No solstício de Dezembro o dia é mais longo que a noite no Hemisfério


Sul, e no Hemisfério Norte, a noite é mais longa que o dia

Já o Equinócio é o fenómeno da existência de igualdade na duração do dia


e da noite.

Nos dias 21 ou 22 de Março e 22 ou 23 de Setembro, o dia é igual a noite.


Estamos então nos equinócios.

A temperatura mínima e máxima regista-se sobre os oceanos um mês depois


que os continentes, como consequência do aquecimento desigual de ambas
superfícies.

No hemisfério norte, as isotérmicas de Janeiro movimentam-se em direcção ao


equador sobre os continentes e em direcção aos pólos sobre os oceanos. No mês de
Julho acontece o contrário. No hemisfério sul, os contrastes entre continentes e
oceanos não são tão marcantes. Isto deve-se porque neste hemisfério não há
grandes massas continentais. Por isso, as suas isotérmicas são muito menos
sinuosas, embora também se verifiquem deslocações de acordo com as estações.
A diferença entre as temperaturas média do Inverno e Verão denomina-se amplitude
térmica sazonal.

Anteriormente vimos os factores da variação diurna da temperatura. Outros,


como a latitude, a altitude e o relevo, a distribuição das terras e das águas,
as correntes oceânicas ou marítimas e os ventos dominantes, influenciam as
variações da temperatura.

 Latitude – é conhecida que a intensidade da radiação solar depende do ângulo


de incidência dos raios solares, estando este relacionado com a latitude
geográfica e com a estação do ano. Nas latitudes onde os raios solares incidem
quase perpendicularmente durante o ano, as temperaturas são elevadas durante
esse período, ao passo que nas altas latitudes, onde os raios solares são
tangentes, as temperaturas são baixas durante o ano.
 Altitude – como vimos, a temperatura diminui com a altura com um gradiente
médio de 0,6ºC por cada 100 metros. Por isso, nos sistemas montanhosos
elevados a qualquer altitude, à medida que ascendemos registam-se
temperaturas mais baixas.

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 Distribuição das terras e dos mares – existem diferenças entre o
aquecimento e o arrefecimento das terras e das águas. As terras absorvem mais
rapidamente a energia solar do que as águas, mas por sua vez, também
arrefecem com maior rapidez. Estas diferenças originam o fenómeno que se
conhece com o nome de continentalidade.

A continentalidade implica, portanto, em primeiro lugar, que a superfície de terra


emersa aquece e arrefece mais rapidamente do que uma superfície aquática. Por
isso, nos continentes, a amplitude térmica aumenta, sendo menor, em
contrapartida, nos oceanos.

Sobre os continentes, o tempo que vai desde os períodos de máxima e mínima


insolação até a altura em que se observam temperaturas superficiais máximas e
mínimas é de um mês, ao passo que nos oceanos e nas regiões costeiras dos
continentes é de dois meses.

Em segundo lugar, as variações térmicas são menores nas regiões costeiras do


que nas regiões interiores, sobretudo em relação às que ficam bem no interior
dos continentes.

O terceiro aspecto da continentalidade provém da distribuição das terras e das


águas na superfície do nosso planeta. O predomínio das massas continentais no
hemisfério norte faz com que, neste hemisfério, os Verões sejam mais quentes e
os Invernos mais rigorosos.

A energia calorífica armazenada nos oceanos faz com que estes sejam menos
frios no Inverno e mais frescos no Verão, em relação às terras situadas na
mesma latitude.

 Correntes oceânicas ou marítimas – a influência das correntes marítimas


resulta do intercâmbio de calor e vapor de água que se estabelece entre as
correntes marítimas e as massas de ar que com ela estão em contacto.

Ao estudar esta questão, devemos ter sempre em conta que existem correntes
marítimas frias e quentes. Isto origina consequências consideráveis como
aquecimento ou arrefecimento de ar que estão em contacto com as correntes
marítimas, respectivamente quentes e frias.

Assim, as correntes marítimas contribuem para a redistribuição térmica do nosso


planeta.

As correntes cálidas, no seu movimento para as altas latitudes, atenuam as


baixas temperaturas, próprias dessas latitudes. Por exemplo, na Noruega,
registam-se temperaturas mais altas que em similares latitudes mais a Este,
sendo uma consequência da Corrente do Golfo. As correntes frias procedentes
do Árctico e dos mares que rodeiam as costas antárcticas, fazem descer as
temperaturas nas costas que banham.

 Influência dos ventos dominantes – as massas de ar e os ventos


dominantes são factores que também influenciam a temperatura. Estes

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factores impõem as suas características nas regiões por onde passam.
Por exemplo: as costas ocidentais dos continentes nas latitudes médias
recebem durante todo o ano ar fresco e verões com temperaturas moderadas.

Variação da temperatura sobre a superfície terrestre


A variação pode ser: Vertical e Horizontal.

Variação Vertical
Esta variação baseia-se no facto da temperatura, por norma diminuir com o
aumento da altitude, ao que chamamos de gradiente térmico.

Variação horizontal da temperatura


A distribuição horizontal ou superficial da temperatura atmosférica, isto é, a sua
diferença de lugar para lugar e as variações que sofre, no mesmo lugar, durante um
período de tempo, pode se representar visualmente por meio de mapas de
isotérmicas.

Nos mapas de isotérmicas geralmente corrige-se o efeito da altitude. Por meio


de uma fórmula apropriada, que tem em conta o gradiente térmico, reduzem-se as
temperaturas aos valores que teriam ao nível do mar. Estes mapas são muito
importantes porque reflectem com clareza as características mais destacadas das
temperaturas que se registam e permite estudar as variações térmicas.

Assim as fórmulas simplificadas para calcular a temperatura ao nível do mar


são:
Na condição do ar húmido

Na condição do ar Seco

onde
Ti = Temperatura isotérma ou temperatura reduzida ao nível do mar.
Tm = Temperatura média do lugar, em altitude.
0,5 = Gradiente em ºC do ar húmido.
1 = Gradiente em ºC do ar seco.
h = Altitude do lugar em metros.

Exercícios exemplificativos:

I – Suponhamos que a Serra do Moco possua 3000m de altitude. Sabendo que


no seu topo a Temperatura é igual a 27ºC, qual será a temperatura na sua base?

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Dados: Condição de ar húmido:
h = 3000m Fórmula
Tm = 27ºC
Ti = ?

Substituição e Resolução

Condição de ar seco:
Fórmula

Substituição e Resolução

II – Um helicóptero sobrevoou a cidade do Huambo com o céu bastante nublado, a


uma altitude de 200m. Sabendo que a Temperatura registada no Huambo, naquele instante
era de 20ºC, qual foi a temperatura a que a aeronave esteve submetida?
Dados: Condição de ar húmido:
h = 200m Fórmula
Ti = 27ºC
Tm = ?
Substituição e Resolução

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Condição de ar seco:
Fórmula

Substituição e Resolução

A PRESSÃO ATMOSFÉRICA
O que é a pressão atmosférica?
Da mesma maneira que os restantes corpos, as massas de ar são atraídas pela força
de gravidade da Terra. Daí que uma camada qualquer de ar fique comprimida pelo peso de
todas as camadas superiores, exercendo uma força sobre a superfície da terra por unidade de
área, designada pressão atmosférica.
Pressão atmosférica é a força exercida pela atmosfera em cada unidade de superfície.

Como se mede a pressão atmosférica?


A pressão atmosférica é normalmente medida em milímetros de
mercúrio (mm/Hg) ou, mais frequentemente, em milibares (mb).

Denomina-se pressão atmosférica normal à pressão da atmosfera que


se equilibra com uma coluna de mercúrio de 760 mm ao nível do mar, nos 45º de
latitude e a 0ºC de temperatura.

Se a pressão atmosférica que é adoptada como normal é de 760 mm,


observar-se-ão com frequência pressões superiores ou inferiores a esta. Se a
pressão atmosférica é superior aos 760 mm, denomina-se pressão alta. Se
for inferior aos 760 mm, diz-se que a pressão é baixa.
Em milibares, a pressão atmosférica normal é de 1013 mb, sendo
considerada alta se for superior a 1013 mb e baixa se for inferior a 1013
mb.
Que instrumentos se utilizam para medir a pressão atmosférica?
Os instrumentos utilizados para medir a pressão atmosférica designam por
barómetros.

A pressão atmosférica varia como a temperatura?


Tal como a temperatura, a pressão atmosférica é muito variável,
mudando de lugar para lugar, com a temperatura e com a altitude.

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Variação à superfície – para representar a variação da pressão
atmosférica à superfície da Terra, recorre-se a linhas que unem todos os pontos
com igual pressão. Estas linhas são designadas isobáricas, ou simplesmente
isóbaras. Os mapas que representam a distribuição da pressão numa dada
superfície designam-se por cartas sinópticas.

Variação com a temperatura – sempre que a temperatura aumenta, o


ar aquece e dilata, torna-se menos denso e, por isso mais leve. A pressão
atmosférica diminui.

Variação com a altitude – se a pressão atmosférica traduz o peso do ar


sobre a superfície da Terra, então compreende-se que, à medida que aumenta a
altitude, diminui a pressão atmosférica. Isto porque se a altitude aumenta, a
coluna de ar que lhe está a exercer peso diminui e, por outro lado, o ar torna-se
menos denso, mais rarefeito.

O que são centros de altas pressões ou anticiclones?


Numa carta meteorológica, a posição e os valores relativos de isóbaras
(linhas que unem ponto de igual pressão), num dado momento, desenham
determinadas configurações chamadas sistemas de pressão ou centros
barométricos: anticiclones e depressões ou ciclones.

Os anticiclones, também chamados centros de altas pressões, são


centros barométricos fechados em que os valores das isóbaras crescem da
periferia para o centro. Para facilitar a sua identificação imediata, inscreve-se a
letra A (ou o sinal +) no centro.

As depressões barométricas, também designadas por centros


ciclónicos ou ainda centros de baixas pressões, são centros barométricos
também fechados em que os valores das isóbaras decrescem da periferia para o
centro. Também para facilitar a sua rápida identificação, inscreve-se a letra B ou
D (ou o sinal -) no centro.

Os ciclones ou depressões barométricas e os anticiclones ou


centros de altas pressões têm alguma importância para a meteorologia?
Os centros barométricos (ciclones e anticiclones) são de extrema
importância meteorológica já que comandam os tipos de tempo.
Nos ciclones ou depressões barométricas, o ar é convergente e
ascendente, isto é, corta obliquamente as isóbaras, convergindo, em espiral, da
periferia para o centro, a partir do qual se eleva.

Ao elevar-se, o ar expande-se e arrefece, do que resulta o aumento da


humidade relativa e a provável saturação e consequente formação de
precipitações. Por isso, as depressões andam quase sempre associadas a “mau
tempo”, céu muito nublado, precipitações mais ou menos abundantes e ventos
moderados ou fortes.

Quando uma depressão ou ciclone é muito forte, pode originar-se um


temporal violento: o vento atinge grandes velocidades, e as chuvas são torrenciais
e frequentemente acompanhadas de fortes trovoadas. É neste caso que as
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depressões recebem o nome de ciclones, particularmente violentos nas zonas
trópicas.

Nos anticiclones, o ar é subsidente e divergente, isto é, o ar desce das


camadas superiores, comprime-se e diverge da parte central para a periferia.

Da compressão do ar resulta o seu aquecimento, especialmente a algumas


centenas de metros do solo (de 300 metros a 600 metros), o que reduz a
humidade relativa e o afasta, por isso, do ponto de saturação.

Os anticiclones andam normalmente associados ao “bom tempo”, céu


sempre limpo, atmosfera seca e vento fraco. São precisamente os anticiclones
dinâmicos quentes subtropicais que explicam a ocorrência dos grandes desertos
escaldantes e secos nas regiões que envolvem os trópicos (desertos do Sara e da
Namíbia, por exemplo).

3.4 – O SISTEMA DE VENTOS


O que é o vento?
O ar desloca-se constantemente. Sentimo-lo e vemo-lo sempre que o
aumento da sua velocidade provoca o arrastamento de poeiras, folhas de
árvores, papéis etc. A este movimento de ar dá-se o nome de vento.

O vento é o movimento do ar paralelo a superfície terrestre. É o ar que se


movimenta no sentido horizontal.

Considera-se “direcção do vento” a direcção de onde sopra o vento, isto


é, um vento que sopra do Sul para norte será um vento do Sul; se soprar do
Sudoeste para nordeste, será um vento do Sudoeste.

A direcção dos ventos assinala-se de acordo com os 32 rumos da rosa-dos-


ventos.

A direcção dos ventos é-nos indicada pelo catavento, cuja seta indica
sempre de onde sopra o vento.

É certo que o vento se desloca das altas para as baixas pressões. Desta
forma somos levados a pensar que se formariam ventos à superfície da Terra.

Como se mede a velocidade do vento e que instrumentos se


utiliza?
A velocidade do vento é geralmente medida em nós (um nó corresponde
a 0,51metros por segundo), mais também é medida por quilómetros por hora
(km/h).

O instrumento utilizado para medir a velocidade do vento denomina-se


anemómetro. Os aparelhos que registam continuamente a velocidade do vento
chamam-se anemógrafos.

Qualquer observador consegue fazer uma boa estimativa da velocidade do


vento utilizando a Escala Beaufort.

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ESCALA DE BEAUFORT
Força Descrição Velocidade do Efeitos visíveis
vento
0 Calma Inferior a 2km/h O fumo de uma chaminé sobe na vertical
1 Aragem 2 a 6 km/h O fumo desvia-se ligeiramente
2 Vento fraco 7 a 12 km/h Ouve-se um sussurar das folhas, e vento
sente-se no rosto.
3 Vento 13 a 19km/h As folhas e os ramos das árvores
bonançoso movem-se
4 Vento 20 a 30 km/h A poeira e os papéis levantam-se do
moderado chão.
5 Vento fresco 31 a 39 km/h As árvores pequenas começam a abanar.
6 Vento muito 40 a 50 km/h Os ramos grandes das árvores abanam.
fresco
7 Ventos fortes 51 a 61 km/h As árvores abanam todas.
8 Vento muito 62 a 74 km/h É difícil andar contra o vento.
forte
9 Vento 75 a 87 km/h Ramos e telhas arrancadas.
tempestuoso
10 Temporal 88 a 102 km/h Casas danificadas, árvores arrancadas.
11 Temporal 103 a 117 km/h Danos graves nas casas.
desfeito
12 Furacão 118 km/h ou mais Danos generalizados

Como se classificam os ventos?


Os ventos classificam-se em constantes e periódicos.

Os ventos constantes resultam da distribuição dos centros de pressão


permanentes à superfície da Terra. Desta forma, para os compreender é
necessário recordar a distribuição dos centros barométricos, que o vento é o ar
em movimento das altas para as baixas pressões e que estes, devido à
força coriolis, está sujeito a um desvio para a direita no hemisfério norte e
para esquerda no hemisfério sul.

Quais são os principais ventos constantes?


Entre os principais ventos constantes temos os ventos alísios, os ventos
do Oeste e os polares de leste.

Os ventos alísios, ou ventos tropicais do Leste, sopram das altas


pressões subtropicais para as baixas pressões equatoriais. São ventos de direcção
e velocidade constantes, embora sejam mais fortes durante o Inverno.

Os ventos do Oeste sopram das altas pressões subtropicais para as baixas


pressões subpolares. São ventos mais variáveis que os alísios, tanto em direcção
como em velocidade. Os do hemisfério sul são mais fortes e de direcção mais
constante que os do hemisfério norte.

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Os ventos polares de Leste sopram das altas pressões polares para as
baixas pressões subpolares.

O que são ventos periódicos?


São ventos que se formam localmente e têm uma duração temporária.
Começam por soprar numa determinada direcção durante um certo período de
tempo para mais tarde soprarem no sentido oposto. São exemplo deste tipo de
vento as brisas e as monções.

Como se produzem as brisas?


Durante o dia, nas zonas litorais, uma vez que a terra apresenta um calor
específico inferior ao do mar, as superfícies continentais atingem temperaturas
mais altas. Logo, por ser a temperatura mais elevada, o ar torna-se mais leve e a
pressão vai descer. Pelo contrário, sobre o mar a pressão é mais alta. Desta
forma, verifica-se que o ar se desloca do mar (alta pressão) para (baixa pressão),
formando-se a brisa do mar.

Durante a noite, pelo contrário, é a terra que arrefece mais depressa,


provocando um aumento da pressão. No mar, a temperatura permanece mais
elevada, e por isso a pressão vai ser mais baixa. Assim, à superfície, o ar vai
deslocar-se da terra (alta pressão) para o mar (baixa pressão). É a brisa
terrestre.

E as monções?
As monções são ventos periódicos predominantes na região do Sul e
Sudeste Asiático. Durante o verão, estes ventos sopram do mar para a terra. É a
Monção de Verão – brisa marítima. No Inverno os ventos sopram da terra para
o mar. É a monção de Inverno – brisa continental.

As monções formam-se devido a diferenças de pressão provocadas pelos


grandes contrastes térmicos verificados entre o continente e o oceano. Estes
ventos são importantes na região, pois são os causadores da queda de
precipitação que ocorre durante o Verão.

3.5 – A HUMIDADE ATMOSFÉRICA


Qual é a principal fonte de vapor de água e que factores
possibilitam o processo de evaporação?
A principal fonte de vapor de água é o oceano. Dos factores que
possibilitam o processo de evaporação, a temperatura é o mais importante. É
por isso que, quanto mais elevada for a temperatura da superfície da água que se
evapora, mais rápido será o movimento das moléculas e maior a quantidade delas
que penetram na atmosfera.

Além da temperatura, a humidade do ar, a velocidade do vento, a


pressão atmosférica e as características da superfície também influenciam
o processo de evaporação.

Assim que a água se evapora, converte-se em vapor de água que acumula


uma determinada quantidade de energia térmica denominada latente. Esta

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energia, que equivale a 600 cal/g de água, é devolvida à atmosfera quando o
vapor de água se condensa.

Existem outras fontes de vapor de água?


Outras fontes importantes de vapor de água são os rios, os lagos, os
pântanos, assim como o vapor de água resultante da transpiração dos
animais e das plantas (evapotranspiraçao).

Como varia o conteúdo do vapor de água?


O conteúdo do vapor de água na atmosfera varia de um lugar para outro e
num mesmo ponto em dias e horas diferentes.

O que é a humidade atmosférica?


A maior ou menor quantidade de vapor de água contida numa porção de
atmosfera num lugar e num dado momento denomina-se humidade atmosférica.

Como varia a humidade atmosférica?


A humidade atmosférica é variável. Varia no espaço e no tempo, sendo a
temperatura um dos principais elementos responsáveis pela sua variação.
Contudo, o ar tem uma capacidade limitada para conter humidade. Assim, quando
o ar atinge a quantidade máxima de humidade, diz-se que está saturado. Atingiu o
ponto de saturação.

A humidade pode ser absoluta ou relativa.

A humidade absoluta é a quantidade de vapor de água existente numa


dada porção da atmosfera. Exprime-se em g/m3 (gramas por metro cúbico), e os
aparelhos utilizados na sua medição designam-se por higrómetros e
psicrómetros.

Para uma melhor compreensão do que é a humidade relativa, imagina que


se compara o vapor de água existente num determinado volume de ar com a
quantidade máxima que ele pode conter. Se chegarmos à conclusão que contem
apenas metade da massa de vapor de água necessária para o saturar, dizemos
que tem apenas 50% de humidade. A esta relação entre a massa de vapor de
água existente por unidade de volume de ar e a necessária para saturar dá-se o
nome de humidade relativa.

A humidade relativa exprime-se em percentagem. Através da humidade


relativa podemos saber se o ar está próximo ou não do ponto de saturação. A
fórmula para calcular a humidade relativa é a seguinte:

Em que:
HR = Humidade Relativa
HA = Humidade Absoluta
PS = Ponto de Saturação

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(nota: o valor de HR obtido através desta fórmula é uma percentagem,
pelo que o resultado se deve escrever seguido o sinal %).
Ex: Uma massa de ar que se encontra a uma temperatura de 23ºC pode aceitar
18gr/m3 de vapor de água para atingir o seu grau de saturação, mas apenas contem
12gr/m3 de vapor de água. Qual será a humidade relativa dessa massa de ar?
Dados Fórmula
TºC = 23ºC
HA = 12gr/m3
PS = 18gr/m3
HR = ? Substituição e Resolução

66,6%.

R: A Humidade Relativa dessa


massa de ar é de 66,6%.

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Condensação do vapor de água
Quando na atmosfera o vapor de água passa para o estado líquido,
formando-se pequenas gotas de água, ocorre o que chamamos condensação.

Este processo deve-se a duas causas fundamentais: absorção pelo ar de


mais vapor de água (causando a humidade relativa) ou arrefecimento do ar.

A temperatura na troposfera decresce a medida que aumenta a altitude.


Variações na altitude são acompanhadas de uma redução na pressão local do ar,
permitindo que a massa de ar ascendente se expanda a medida que arrefece. Um
efeito similar pode ser visto num copo de água fria numa sala quente e húmida. O
vapor de água do ar condensa-se sob formas de gotas de água quando entra em
contacto com o copo de água fria. O copo parece suar.
O vapor de água condensa-se a volta de partículas ou núcleos higroscópicos
de origem diversa. A temperatura à qual se dá a condensação recebe o nome de
ponto de orvalho ou nível de condensação.

A condensação do vapor de água dá lugar a formação de nuvens, nevoeiro,


neblina, orvalho e geada.
Nuvens. Tipos de nuvens
As nuvens formam-se quando a condensação se realiza a altitudes elevadas.

As nuvens são grandes aglomerações de pequenas gotas de água e


minúsculos pedaços de gelo, que se mantêm em suspensão devido as correntes
aéreas.
As nuvens formam-se principalmente nas áreas de baixas pressões, onde as
correntes verticais elevam o ar húmido. Quando este ar húmido e quente chega a
um nível onde a descida da temperatura provoca a saturação do ar, o vapor de
água em suspensão condensa, dando origem às nuvens.

As nuvens são classificadas de acordo com os processos que levaram à sua


formação, o seu estado actual e a altitude das suas bases.

Há quatro tipos principais de nuvens: cirros, cúmulos, nimbos e estratos.


Estes nomes derivam do latim de acordo com altura a que se formam e o estado
particular do tempo que os mesmos apresentam.

Cirros
Os cirros são nuvens de grande altitude (aparecem a alturas de mais de 8
km) formadas por pequeníssimos cristais de gelo (a estas altitudes faz muito frio e
as gotas de água congelam). Têm o aspecto de filamentos que se movem
rapidamente. Quando os cirros apresentam formas mais compactas, podem indicar
a proximidade de um ciclone.

Cúmulos
Os cúmulos são nuvens da base plana, maciças, e que parecem flocos de
algodão. Formam-se devido às correntes aéreas ascendentes durante o dia,
especialmente no Verão. Estas nuvens não podem produzir mais do que
precipitações ligeiras. No entanto, podem estar associadas a tempestades quando
se convertem em cúmulo nimbos, que são nuvens que descarregam com mais
violência. A base dos cúmulos dista em média 1km da superfície terrestre. Nos

Compilado/Celestino Sapuca Paulino & Ildefonso Clemente Catito/PUNIV-Kapango/2022 30


cúmulos, o ar move-se rapidamente para cima (correntes convectivas) por causa do
grande aquecimento na superfície terrestre. Ao subir, deslocam o ar mais frio. Estas
correntes convectivas são tão fortes que, se fixarmos o olhar nestas nuvens,
podemos ver como elas crescem.

Nimbos
Os nimbos são nuvens sem forma definida e de cor cinzenta que carregam
chuva e neve. Encobrem o céu, as vezes durante dias seguidos. Este tipo de nuvem
aparece sempre combinado com outros tipos de nuvens como os estratos e os
cúmulos, sendo assim nimbostratos e cumulonimbos, respectivamente.

Estratos
Os estratos são nuvens baixas e horizontais que se observam principalmente
à noite e podem indicar a proximidade de chuvas.

Devem o seu nome ao facto de parecerem ser formadas por camadas.

São normalmente formadas por gotículas de água e sob temperatura muito


baixa contêm partículas de gelo. Quando produzem precipitação, esta é do tipo
chuvisco. Em geral, os estratos formam-se por arrefecimento da camada
atmosférica muito baixa ou por elevação de nevoeiro (decorrente de contacto do ar
com a superfície aquecida pelo Sol).

Altitudes a que se apresentam algumas nuvens


Tipo Altitude (m) Exemplos
Nuvens altas 6000 – 12000 Cirros, cirrocúmulos,
cirrostratos, halos
Nuvens médias 2500 – 6000 Altocúmulos, altostratos,
cumulonimbos
Nuvens baixas 1500 – 2500 Nimbostratos, cumulonimbos
Nuvens muito baixas 0 – 1500 Estratos, estratocúmulos,
cumulonimbos

Nebulosidade
Denomina-se nebulosidade à fracção do céu que, num dado momento, se
encontra encoberta por nuvens, ou seja, é a presença de nuvens no céu. É
importante conhecer o tipo de nuvens que se observam num determinado
momento e lugar e a proporção de céu encoberto para a previsão do tempo.

Diz-se que o céu está descoberto ou limpo quando as nuvens cobrem apenas
de 0/10 a 1/10 da abóbada celeste. O céu está parcialmente nublado ou encoberto
quando as nuvens cobrem 8/10 a 10/10 do céu.

Os instrumentos que servem para determinar a velocidade e direcção das


nuvens são os nefoscópios. Também se pode utilizar o heliógrafo. Este aparelho
é constituído por uma esfera de vidro que concentra os raios solares de modo que
incidam sobre uma faixa de papel, graduada em horas, deixando o seu rasto pelo
facto de queimarem o papel (devido a insolação). A intersecção dos raios solares
pelas nuvens diminui ou evita a queimadura do papel, calculando-se
matematicamente a nebulosidade em função das horas de insolação.

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Tal como sucede com a temperatura e a pressão atmosférica, pode
determinar-se também a nebulosidade média e representa-la num mapa. Assim, os
pontos de nebulosidade média unem-se mediante linhas que designamos por
isonefas.
O nevoeiro e a neblina
Quando a condensação se reproduz na camada atmosférica próxima do solo,
torna-se o nevoeiro ou a neblina.
O nevoeiro e a neblina consistem numa suspensão de pequeníssimas
gotas de água, cada uma das quais se formou à volta de uma partícula sólida
higroscópica. O nevoeiro e a neblina iniciam-se sem que o ar alcance o seu ponto
de saturação devido ao número considerável de núcleos de condensação que se
encontram nas camadas mais baixas da atmosfera.
Em outras vezes, o nevoeiro e a neblina formam-se devido ao contacto de
massas de ar frio com massas de ar quente.
A neblina distingue-se do nevoeiro na medida em que ocorre nas camadas
baixas da troposfera e este atinge maiores áreas e intensidade.
Formação de orvalho e da geada
Durante a noite, quando a superfície terrestre arrefece, as camadas de ar
mais próximas do solo, com determinada quantidade de vapor de água, ou
humidade relativa elevada, saturam-se rapidamente, devido à diminuição da
temperatura e alcançam o ponto do orvalho. Isto dá lugar a formação de gotas de
água de pequenas dimensões que distribuem sobre as superfícies frias das folhas e
flores, dos automóveis, etc., formando-se assim o orvalho.
O orvalho forma-se a temperaturas a 0ºC e não altera de modo sensível a
temperatura.
A geada pouco diferente do orvalho, pois o seu processo de formação é
semelhante. Apenas difere na medida em que, se o arrefecimento noutro for
bastante acentuado para que sejam atingidas temperaturas inferiores a 0ºC, haverá
sublimação2 do vapor de água e, consequentemente, surgira a geada – depósitos
de cristais de gelo.
A geada é própria dos climas frios e causa muitos danos à vegetação, pois
pode queima-la. Vejamos como isto pode ocorrer como as temperaturas, para
formar a geada, terão de estar abaixo de 0ºC, durante a madrugada, o protoplasma
das células de algumas plantas, especialmente aquelas nativas de regiões tropicais,
pode congelar, o que acarreta a ruptura da membrana celular. Ao raiar do dia, com
o aquecimento provocado pelo Sol, a temperatura volta a elevar-se e as plantas
apresentam-se com necroses parciais ou totais. Este fenómeno é bastante temido
pelos agricultores.
Em Angola é muito frequente o orvalho na estação do cacimbo. Nesta
mesma estação também acontece a geada nas províncias mais frias como, por
exemplo, no Huambo, Huíla, Bié e Kuando Kubango, entre outras.

Tanto o orvalho como a geada são formas de condensação do vapor de


água.
2
Sublimação é a mudança do estado sólido para o estado gasoso, sem passar pelo estado líquido. A inversa
pode ser chamada de ressublimação ou sublimação inversa.

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3.6 – AS PRECIPITAÇÕES
O que são precipitações?
Precipitação significa “queda” – neste caso, queda de chuva. Mas para
melhor compreender os fenómenos associados às chuvas, é bom saber-se que,
para que ocorra precipitação, necessita-se a ascensão (subida) do ar para que,
expandindo-se, arrefeça e atinja uma temperatura inferior à do ponto do orvalho,
condição indispensável ao desencadeamento da condensação.

Se a temperatura continuar a descer depois do ar atingir o ponto de


saturação, o excesso de vapor de água passa do estado gasoso ao estado líquido.
Este processo denomina-se condensação.

Por precipitação entende-se como sendo a deposição de água sobre a


superfície da Terra, sob forma de chuva, neve, gelo ou granizo.

Quais são as formas de precipitação?


As formas de precipitação são a chuva, a neve, o granizo e a saraiva. Tais
precipitações podem ocorrer nos dois estados: líquido, dando origem a chuva ou
pluviosidade, e sólido, dando origem a neve, granizo e saraiva. Existem autores que
consideram também o orvalho, a geada como tipos de precipitações, embora, como já o
afirmamos, façam parte das formas de condensação do vapor de água.

De acordo com a dimensão das gotas, podem formar-se chuviscos, uma


precipitação muito uniforme constituída por gotículas de água muito finas, ou
chuva, se a dimensão das gotas for superior à dos chuviscos.

A neve é a precipitação sob forma de cristais de gelo.

O granizo é uma forma de precipitação constituída por grãos de gelo


transparentes e translúcidos, de forma esférica e diâmetro inferior a 5mm.

A saraiva é também uma precipitação sob forma de bolas ou pedaços de


gelo, mas com dimensões superiores às do granizo.

O orvalho é um tipo de precipitação atmosférica onde ocorre a


condensação do vapor de água, durante a noite, sob forma de gotículas, que se
acumulam sobre os vegetais e corpos expostos ao ar livre (como por exemplo
sobre os carros).

Geada é o orvalho que se congela quando a temperatura ambiente fica


negativa ou em torno de 0ºC. Acontece junto ao solo, formando uma camada de
gelo que geralmente danifica as culturas causando assim prejuízos para o
agricultor.
A quantidade de precipitação ocorrida durante um certo período de tempo,
por unidade de superfície chama-se pluviosidade. Expressa-se em milímetros.

Como se distribuem as precipitações à superfície do planeta?


A superfície do planeta recebe grandes quantidades de precipitações – com
uma média anual de cerca de 900mm (ou seja, 900l/m2). No entanto, a
distribuição espacial desta imensa quantidade é muito desigual em resultado de
muitos factores, entre os quais se destacam a latitude, o relevo, as grandes
zonas de pressão atmosférica, as correntes marítimas a continentalidade
e o rumo das grandes faixas dos ventos.

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Por exemplo, as regiões equatoriais recebem anualmente mais de
4000mm, enquanto outras, como as regiões desérticas, não chegam a receber
20mm. Além disso, há regiões onde chove mais ou menos abundantemente
em todas as estações do ano, enquanto existem outras onde pode não cair uma
gota de água durante vários anos.

Como se realiza a ascensão do ar que está na base da


precipitação?
A ascensão do ar pode realizar-se por quatro processos fundamentais
que caracterizam outros tantos tipos de precipitação: orográficas (ou de
relevo), frontais ciclónicas (ou convergentes) e convectivas.

As precipitações orográficas (ou de relevo) originam-se a partir da


ascensão do ar pelas vertentes das elevações (montanhas, planaltos). O ar
subindo ao longo das vertentes, arrefece; ao arrefecer aumenta a humidade
relativa até à saturação, a partir da qual se desencadeia a condensação e, por
consequência, formam-se as nuvens e, a partir destas, as precipitações.

As precipitações orográficas são frequentes em todas as latitudes onde o


relevo é muito acidentado.

As precipitações frontais ciclónicas (ou convergentes) ocorrem


quando duas massas de ar com características físicas diferentes (densidade,
temperatura, humidade) entram em contacto, vão se misturando (ou
misturando-se muito lentamente). Então, o ar quente, por ser mais leve que o
ar frio, eleva-se por cima deste último, que lhe serve de rampa. Ao elevar-se, o
ar expande-se e arrefece, ocorrendo precipitações pelo processo já descrito.

As precipitações convectivas surgem quando o ar, em contacto com


a superfície muito quente, aquece também, tornando-se menos denso e
instável. Claro que, elevando-se, expande-se e arrefece até atingir o ponto de
orvalho, a que se segue a condensação e a consequente formação de nuvens e
de precipitação.

As precipitações convectivas, quase sempre sob a forma de aguaceiros e


muitas vezes acompanhadas de fortes trovoadas, ocorrem com mais frequência
nas regiões quentes e húmidas (regiões tropicais). Uma vez que resultam
sobretudo do intenso aquecimento do solo sobre os continentes, as chuvas
convectivas ocorrem principalmente no Verão e nas horas do dia de maior
aquecimento.

3.7. A influência das actividades humanas na qualidade do ar


atmosférico
A poluição atmosférica não é um fenómeno novo – no entanto, ela
constitui na actualidade um dos mais graveis problemas que a Humanidade
enfrenta.

A poluição atmosférica é a alteração do equilíbrio físico, químico ou


biológico do ar que tem efeitos adversos no normal funcionamento das formas
de vida, incluindo os seres humanos.

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Como se processa a poluição do ar atmosférico?
Embora não seja um fenómeno novo, como foi dito acima, há três
factores que contribuem para que a poluição atinja actualmente níveis
altamente preocupantes e até, nalguns casos, verdadeiramente catastróficos: a
industrialização, o crescimento da circulação rodoviária e aérea e a
expansão urbana. Analisemos mais detalhadamente cada um deles.

A industrialização
A actividade industrial ocupa, sem dúvida, o primeiro lugar na
poluição atmosférica, embora em graus diferentes conforme o tipo de
indústrias. A indústria consome mais de 30% da energia mundial e emite
50% do dióxido de carbono, 90% dos óxidos de enxofre e todos os
produtos químicos que actualmente ameaçam a destruição da camada do
ozono, além de produzir anualmente mais de 2000 milhões de toneladas de
resíduos sólidos e mais de 300 milhões de toneladas de materiais
residuais perigosas.

As indústrias de base (as que se dedicam à elaboração de produtos


elementares que servem de matérias-primas a outras industrias) são
geralmente as mais nocivas ao nível da libertação de fumos e gases mais
ou menos tóxicos e do ruído.

As características químicas (particularmente as que utilizam o


carvão), as refinarias de petróleo, as siderurgias e as fábricas de
cimento lançam na atmosfera grandes quantidade de gases (em especial,
óxidos de carbono e de enxofre), fumos e poeiras que tornam a atmosfera
pesada e quase irrespirável.

Muitas indústrias químicas, assim como as de curtumes e de


fertilizantes, emprestam o ar com gases que exalam um cheiro nauseabundo.

As indústrias extractivas, Sobretudo as do carvão de materiais


para a construção civil (pedreiras), são também altamente poluidoras, além
de provocarem profundas alterações na paisagem.

O crescimento da circulação rodoviária e aérea


Os veículos motorizados e aéreos lançam para a atmosfera, para
além dos fumos, uma infinidade de gases e outras substâncias químicas, como
o monóxido e o dióxido de carbono, o dióxido de enxofre, o gás
sulfuroso e os hidrocarbonetos gasosos, de elevada toxicidade.

A expansão urbana
A expansão urbana reflecte-se no aumento dos níveis de poluição, já
que o crescimento das cidades fomenta o tráfego rodoviário quer no interior
das cidades quer nas suas vias de acesso. Em muitas das grandes metrópoles,
as normas de qualidade do ar são desrespeitadas, os engarrafamentos
são gigantescos e os acidentes frequentes.

As áreas urbanas mais atingidas pela poluição atmosférica são as zonas


centrais das grandes metrópoles (pois é aí que se concentram os serviços e,
por isso, a maior intensidade do transito automóvel) e as zonas industriais,
localizadas na sua maioria nas periferias urbanas.

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Nos países em vias de desenvolvimento, a poluição atmosférica está
associada, por um lado, as grandes concentrações urbanas (com a sua
enorme produção de esgotos e lixos domésticos) e, por outro, às indústrias
altamente poluentes que os países desenvolvidos já não querem nos seus
territórios.

Quais são os efeitos da poluição?


Como é óbvio, a poluição atmosférica provoca problemas mais ou menos
graves de saúde na população humana: bronquites, enfisemas, asma ou
cancro pulmonar, que são doenças do aparelho respiratório muitas vezes
provocadas directamente pela poluição atmosférica ou por ela agravadas.

As plantas e os animais são também afectados pela poluição do ar. Os


gases tóxicos alteram o normal desenvolvimento da vegetação, pois
atacando as folhas, estas caem, diminuindo assim a fotossíntese. A respiração e
a transpiração também são afectadas, o que tem como consequência um
crescimento mais lento das plantas. Além disso, estas tornam-se menos
resistentes às intempéries, às doenças e aos parasitas.

A saúde dos animais é igualmente bastante afectada, não só pelo


contacto directo com o ar poluído como pela ingestão de vegetais mais ou
menos envenenados.

O AQUECIMENTO GLOBAL
Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos
oceanos e do ar perto da superfície da Terra causado pelas emissões humanas de
gases do efeito estufa, amplificado por respostas naturais a esta perturbação inicial,
em efeitos que se auto-reforçam em realimentação positiva.

Alguns gases, como o dióxido de carbono e o vapor de água, presentes nas


camadas baixas da atmosfera são transparentes a certos comprimentos de onda do
espectro solar, mas pouco permeáveis à radiação infravermelha emitida pela
superfície terrestre. Como consequência dessa filtração selectiva, os referidos gases
absorvem parte da radiação terrestre e reflectem-na para a superfície terrestre
(contra a radiação), produzindo-se, assim, uma concentração de calor nas camadas
baixas da atmosfera. Este fenómeno tem a designação de efeito estufa.

Como consequência das actividades humanas, a concentração dos gases


com efeito de estufa tem vindo continuamente a aumentar, em especial do dióxido
de carbono, pois as fontes de energia da indústria e dos transportes centram-se
nos combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás natural, cuja utilização
liberta para a atmosfera grandes quantidades de dióxido de carbono.

Outro factor de aumento da concentração de dióxido de carbono na


atmosfera relaciona-se com a desflorestação que ocorre nas regiões tropicais. Os
enormes incêndios florestais contribuem duplamente para o efeito de estufa: por
um lado, durante a queima das florestas, libertam volumes impressionantes de
dióxido de carbono para a atmosfera, por outro, reduzem a extensão das florestas
e, assim, diminuem a capacidade de absorção de dióxido de carbono através da
fotossíntese

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O efeito de estufa
O efeito estufa consiste no aquecimento das baixas camadas da
atmosfera devido à intercepção pelas nuvens, poeiras e certos gases
(especialmente os poluentes) das radiações infravermelhas emitidas pela
superfície no nosso planeta.

Qual é o mecanismo que está na base do efeito de estufa?


Para melhor compreender o fenómeno do efeito de estufa, analisemos o
seu mecanismo.
A radiação solar compreende radiações luminosas (luz) e radiações
calóricas (calor), em que sobressaem as radiações infravermelhas.

As radiações luminosas são de pequeno comprimento de onda,


pelo que atravessam facilmente a atmosfera. Pelo contrário, as radiações
infravermelhas (radiações caloríficas) são de grande comprimento de
onda, pelo que têm mais dificuldades em atravessar a atmosfera. Esta, por
intermédio do vapor de água, do dióxido e carbono e das partículas sólidas e
líquidas, absorve-as em grande parte.

Por outro lado, as radiações luminosas (luz) absorvidas pela camada


superficial do nosso planeta são convertidas em radiações infravermelhas
(calor), que vão sendo continuamente por ela libertadas (radiação terrestre).

Os elementos anteriores e a observação da figura em baixo, que


esquematiza uma estufa, permite verificar que:
a) O vidro é muito permeável as radiações luminosas, por estas serem de
pequeno comprimento de onda. Daí que o atravessem para o interior
com relativa facilidade.

b) Uma vez absorvida pelo solo da estufa e quaisquer outros corpos


(sólidos ou líquidos) existente no seu interior, parte das radiações
luminosas são convertidas em radiações infravermelhas que tendem,
naturalmente a escapar-se para o exterior da estufa.

c) No entanto, como o vidro é pouco permeável ás radiações


infravermelhas (por estas serem de grande comprimento de onda), as
mesmas são por eles reflectidas em direcção solo. Sendo assim, o
calor vai-se acumulando no seu interior da estufa, fazendo levar a
temperatura, o que é ainda facilitado pela fraca ou nula circulação do
ar.

O efeito de estufa que se processa entre a atmosfera e a superfície da


Terra é semelhante no seu mecanismo ao exemplo anterior.

A atmosfera, funcionando como vidro de uma estufa deixa-se atravessar


facilmente pelas radiações luminosas. Estas, ao serem absorvidas pela camada
superficial da Terra, são convertidas em radiações infravermelhas, que tendem
a escapar-se para o alto. A atmosfera, tal como o vidro de uma estufa, sendo
pouco permeável a estas radiações, constitui como que uma barreira,
dificultando a sua propagação para grandes altitudes. Uma parte é por ela
absorvida e outra é reenviada por reflexão (contra radiação) para as camadas
mais baixas onde se acumula e faz elevar a temperatura.

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O vapor de água, o dióxido de carbono, os óxidos de azoto, o metano e as
partículas sólidas e líquidas constituem os elementos fundamentais dessa barreira,
já que são eles os principais responsáveis pela absorção e reflexão da radiação
terrestre.

Pode-se afirmar que a causa principal do efeito estufa e por isso do


aquecimento global encontra-se no desequilíbrio que as actividades humanas
provocam na composição da atmosfera, em particular, as que se relacionam com a
utilização de combustíveis fósseis.

Quais são as consequências do efeito de estufa?


O efeito de estufa está na origem de duas situações diametralmente
opostas.
a) Se o calor libertado pela superfície terrestre não encontra qualquer
obstáculo á sua propagação, o mesmo escapar-se-ia para as altas camadas
da atmosfera ou mesmo para o espaço extra-atmosférico, o que teria
como consequência um arrefecimento de tal modo intenso
(fundamentalmente durante a noite) que tornaria o nosso planeta
inabitável.

b) O aumento da quantidade de gases de outras substâncias poluentes (com


destaque do dióxido de carbono) lançados para a atmosfera pelas diversas
actividades humanas, sobretudo através da queima de combustíveis
fosseis (carvão, petróleo, gás natural) na indústria e nos veículos
motorizados, e também pelos grandes incêndios florestais, tem vindo a
acentuar o efeito de estufa, com consequente e indesejável aumento da
temperatura na atmosfera. Estudos realizados apontam para subidas da
temperatura global (aquecimento global) entre 1ºC e 4ºC dentro de 30 a
50 anos. Caso se concretizem estas previsões, constituem uma variação
brutal e sem precedentes na história da Terra.

O aumento da temperatura trará como consequências modificações mais ou


menos profundas no regime das precipitações e no ciclo natural da água, bem
como a fusão dos gelos das grandes calotes polares, o que provocará profundas
alterações na fauna e na flora, assim como a elevação do nível dos oceanos.

Como evitar o aquecimento global


Começando por uma eficiente educação ambiental, necessárias medidas
para amenizar o processo de alteração climática, como, por exemplo, a redução
da emissão de gases responsáveis pela intensificação do efeito estufa, garantindo,
assim, uma relação harmoniosa entre homem e natureza.
- Evitar o uso exagerado de automóveis acompanhado com a modernização
e ampliação do sistema de transportes públicos;

- Desenvolver o hábito de usar bicicletas para as curtas distâncias;

- Desenvolvimento e incentivo do uso de energias renováveis, como as


energias eólica, solar, hídrica ou mesmo geotérmica;

- Serem desenvolvidos e aplicados filtros nas chaminés das grandes


indústrias para conter ou atenuar a emissão do fumo;

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- Poder-se-ia também apostar na reflorestação ou no rejuvenescimento
de florestas, pois as árvores ajudam, não só, na purificação do ar como
também na preservação do solo, evitando, por exemplo, ravinas ou
deslizamento de terras.

A camada de ozono
A camada de ozono localiza-se na camada da estratosfera, entre os 20
km e os 50 km de altitude. A designação desta camada pretende apenas
referenciar a zona da atmosfera onde é maior a sua concentração.

O que é o ozono?
A palavra “ozono” vem do grego ozein, que significa “mau cheiro”, por
causa do forte odor que este gás exala quando em alta concentração. O ozono
cuja fórmula química é O3, é formado por oxigénio. Cada molécula de ozono
compõe-se de três átomos de oxigénio.

O ozono é um gás azulado da família do oxigénio e resultante da


dissociação das moléculas deste último elemento gasoso, provocada por certas
radiações emanadas do Sol. Cada um dos átomos resultantes dessa dissociação
recombina-se com o oxigénio molecular, dando origem, assim, ao ozono.

De forma simplificada, podemos representar o processo de formação do


ozono pelas seguintes equações químicas, embora tendo em atenção que o
fenómeno é bem mais complexo:

a) O2 O+O (dissociação do oxigénio molecular)

b) O+O2 O3 (formação do ozono a partir da combinação de um


átomo de oxigénio com uma molécula do mesmo gás)

O ozono apenas existe na estratosfera?


Embora em muito pequenas quantidades, o ozono existe também na
baixa atmosfera, onde pode ser produzido por descargas eléctricas da
atmosfera (relâmpagos), o que nos é revelado pelo seu cheiro característico
durante as trovadas. Ele localiza-se na sua quase totalidade na estratosfera.

No entanto, é preciso ter em atenção que, mesmo na estratosfera, o


ozono ocupa uma parte ínfima do volume do ar.

Qual a importância da camada de ozono?


Apesar da sua reduzidíssima quantidade, o ozono assume um papel
fundamental na sobrevivência da Humanidade. Ele absorve grande parte das
radiações ultravioletas, impedindo que estas atinjam a superfície terrestre em
quantidades muito elevadas.

Se quantidades demasiado elevadas de radiações ultravioletas atingissem


a superfície da Terra, provocariam anomalias nos seres vivos, como o cancro
da pele (sobretudo quando os seres humanos se expõem demasiado ao Sol
sem protecção), deformações, atrofia, etc.

Estas mesmas quantidades muito elevadas de radiações ultravioletas,


poderiam também causar a morte, pelas graves queimaduras que por elas
seriam provocadas. Todas as células acabariam por ser então destruídas, o que

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impossibilitaria a existência das formas de vida actualmente conhecidas no
nosso planeta.

Em quantidades adequadas (muito pequenas), as radiações ultravioletas


são úteis à vida, contribuindo para a produção de vitamina D, indispensável
ao normal desenvolvimento do sistema ósseo.

Na década de 1980, confirmou-se que o ozono estava a ser


progressivamente destruído pela constante rarefacção da camada onde
este importante gás se encontra. Estudos divulgados na década de 1990 pela
Organização das Nações Unidas para o Ambiente, indicavam que a redução de
apenas 1% na espessura da camada de ozono era suficiente para a
radiação ultravioleta cegar 100 mil pessoas por catarata e aumentar os casos
de carbono na pele em 3%.

O que destrói a camada de ozono?


Na década de 1980, os cientistas começaram a suspeitar que os
clorofluorcarbonetos (CFCs) da indústria de refrigeração fossem uma das
causas principais para a diminuição da camada de ozono.

Em posteriores investigações científicas esta suspeita foi confirmada,


tendo sido ainda descobertas outras substâncias destruidoras da camada
de ozono, como os halonos, o tetraclorecto de carbono, o clorofórmio
de metil, o cloreto de metil, o brometo de metil e os
hidroclorofluorcarbonetos.

A destruição da camada de ozono é provocada por produtos químicos


libertados pela actividade humana, particularmente os que contêm cloro e, em
especial, os chamados clorofluorcarbonetos (CFCs), gases constituídos por
cloro, flúor e carbono, muito utilizados em frigoríficos, aparelhos de ar
condicionado, indústria electrónica, produção de espumas sintéticas usadas no
combate a incêndios, artigos de limpeza, etc.

O efeito das substâncias destruidoras da camada de ozono deve-se à


alta estabilidade das suas composições. Deste modo, as moléculas dessas
substâncias chegam intactas à estratosfera. Sob influência das radiações
solares e das altas temperaturas, a estrutura molecular das substâncias
destruidoras da camada de ozono é quebrada, libertando assim os perigosos
átomos de cloro ou de brometo que, por sua vez, reage com átomos de
oxigénio do ozono, causando assim a quebra das moléculas do ozono.

Face a essa ameaça, mais de 60 países assinaram a 16 de Setembro


de 1987 o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a
Camada de Ozono. Numa primeira fase, Protocolo de Montreal foi assinado
por 46 países, tendo sido ajustado várias vezes nos anos seguintes.

No Protocolo de Montreal, os governos signatários reconhecem a


necessidade de redução da emissão de clorofluorcarbonetos. Deste
modo, tinham a obrigação de reduzir até ao ano de 1999 a produção e o
consumo de CFCs em 50%, em relação aos níveis de produção de 1986. Mas,
em 1990, na Conferencia de Londres, setenta países concordaram em
acelerar os processos de eliminação dos CFCs, decidindo não a redução mais a

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paragem total da produção até ao ano 2000, tendo sido para isso criado um
fundo financeiro.
Em 1994, a Organização das Nações Unidas decretou o dia 16 se
Setembro como dia Mundial da Preservação da Camada de Ozono.

As Chuva ácidas
A poluição assume na actualidade um carácter global. Deixou de ser
um problema local ou regional para adquirir uma dimensão mundial.
Cientificamente, está provado que se verifica um transporte de poluentes de
uma região para outra, de um continente para outro, o que nos leva a encarar
a poluição como um fenómeno global e não apenas como um problema
localizado.

As chuvas ácidas são as chuvas ou qualquer tipo de precipitações que


apresentem elevada concentrações de ácidos. É aquela que apresenta pH
abaixo do nível tolerável de aproximadamente 5,5.

A chuva ácida é um problema ambiental típico de países industrializados


e em desenvolvimento, como Brasil e México.

Como se formam as chuvas ácidas?


As chuvas ácidas formam-se a distância que variam entre os 200km e
2000km em relação ao local onde são emitidos os óxidos de azoto ou de
enxofre.

A crescente concentração de dióxido de enxofre e de dióxido de


azoto na atmosfera está na origem da acidificação do ambiente.

As chuvas ácidas formam-se a partir de reacções químicas do dióxido


de enxofre (SO2) e do dióxido de azoto (NO2) que se dissolvem nas
gotículas de água das nuvens e da chuva, dando origem, respectivamente, ao
ácido sulfúrico (H2SO4) e ao ácido nítrico (HNO2).

Quais são as principais fontes emissoras dos gases que


provocam as chuvas ácidas?
As fontes que emitem os gases que provocam as chuvas ácidas são
diversas. Umas são naturais e resultam das emissões vulcânicas e dos
incêndios florestais, outras resultam da actividade humana.

Considera-se que as emissões resultantes da actividade humana são


cinco vezes superiores às emissões naturais e crescem a um ritmo
preocupante.
Deposição seca – deposição directa, sobre o solo, de dióxido de enxofre, sulfatos e
nitratos de enxofre sob a forma de gazes e poeiras.

A queima de combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o gás


natural para a obtenção de energia, assim como as indústrias metalúrgicas e
químicas que utilizam o minério de cobre, zinco e chumbo, são as principais
emissoras de dióxido de enxofre. Por sua vez, os escapes de veículos
motorizados são os principais responsáveis pela emissão de dióxido de azoto.

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Nos países em vias de desenvolvimento, a acidificação do ambiente
resulta fundamentalmente da emissão de dióxido de azoto para a
atmosfera através dos fogos florestais e dos hidrocarbonetos emitidos pela
vegetação das florestas tropicais.

Quais são as consequências das chuvas ácidas?


Os efeitos das chuvas ácidas e da deposição seca no ambiente podem
ser directos ou indirectos.

Sobre as florestas, a acidificação manifesta-se de várias formas:


destruindo as folhas das árvores e através da infiltração das águas
ácidas. Assim, o crescimento das árvores é menor, tornando-as mais
vulneráveis ao ataque dos insectos e às doenças. As florestas europeias e
americanas estão especialmente afectadas e ameaçadas.

Nos meios aquáticos, a acidificação reflecte-se na acumulação de


elementos tóxicos e na diminuição do pH da água, verificando-se o
aparecimento de lesões em espécies piscícolas recém-nascidas, como por
exemplo, cegueira, alteração nas escamas e o desaparecimento dos peixes nos
lagos.
Nos solos, a acidificação dificulta o desenvolvimento das plantas e, em
consequência, diminui os rendimentos agrícolas.

Nas zonas urbanas, os edifícios e monumentos são também atingidos


pela precipitação ácida que, juntamente com outros agentes erosivos (vento,
humidade, temperatura…), os corroem.

O clima urbano
Sobre as cidades, as características climáticas diferenciam-se das dos
meios rurais envolventes com maior ou com menor nitidez, dependendo do seu
tamanho e características funcionais. Essa diferenciação manifesta-se, acima de
tudo, pelas temperaturas significativamente mais elevadas anãs cidades.

No centro de Londres, por exemplo, entre 1931 e 1960 a temperatura


média anual foi de 11ºC, enquanto que nos subúrbios foi de 10,3 ºC e nas
áreas rurais circundantes de 9,5 ºC. No entanto, as diferenças de temperatura
são sobretudo acentuadas durante a noite – por vezes 6 ºC a 8 ºC mais altas
nas cidades do que nos arredores, devido à progressiva libertação de calor
retido nas superfícies urbanas durante o dia anterior.

Que factores incidem na elevação das temperaturas sobre as


cidades?
São vários os factores envolvidos na elevação das temperaturas sobre as
cidades:
a) A libertação de calor pela queima de combustíveis na indústria, veículos
automóveis e actividades domésticas;

b) Elevada capacidade de absorção de calor de muitas superfícies urbanas


(paredes de tijolo e estradas asfaltadas);

c) Menor humidade atmosférica devido à drenagem da água das chuvas em


resultado da impermeabilidade do solo urbano;

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d) Densificação das construções, que, dificultando a circulação do ar,
aumenta o armazenamento do calor;

e) Utilização de sistemas de climatização artificial;

f) Maior retenção de calor devido às poeiras e gases libertados pelas


actividades industriais e pelos veículos motorizados;

g) Maior poluição, que acentua o efeito de estufa;

Sobre as cidades e áreas industriais os nevoeiros são bem mais


frequentes devido à abundância de poeiras que servem de núcleos de
condensação.

Que medidas tomar para reduzir a poluição atmosférica?


Reduzir a poluição é na actualidade uma das grandes preocupações de
muitos países do Mundo. Não obstante a vasta legislação visando a redução da
poluição atmosférica, tanto de âmbito internacional como a nível de países
individuais, a tarefa não é fácil pois exige uma acção internacional concertada
(devemos ter presente que a poluição não conhece fronteiras) enormes
investimentos e a intervenção efectiva de todos os cidadãos, em geral, das
empresas e dos governos.

Está claro que as fábricas não se podem fechar, ou proibir os veículos


motorizados e os aviões de circular. É por isso que a redução da poluição tem
de passar por um vasto conjunto de medidas como por exemplo:
a) Instalação de fábricas de dispositivos (catalizadores) que retenham os
fumos e os gases, podendo estes ser até reutilizados como fontes
energéticas. De acordo com o princípio de que o pagador é o principal
poluidor, esta medida já tem carácter obrigatório em vários países
industrializados relativamente a muitas indústrias;

b) Utilização de tecnologias alternativas, ou seja, de tecnologias diferentes


que reduzam o consumo de energia, tornem a indústria menos
poluidoras (“tecnologias limpas”) e valorizem os resíduos;

c) Aplicação de catalizadores em todos os automóveis novos, de modo a


diminuir ao máximo a emissão de fumos e gases, e a redução da
quantidade de chumbo e enxofre nos combustíveis (gasolina, diesel).
Pensa-se que estas medidas poderão reduzir entre 70% e 90% a
poluição do ar provocadas pelos veículos motorizados;

d) Obrigatoriedade de inspecções periódicas a todos os tipos de veículos


automóveis no que respeita aos níveis de poluição atmosféricas
(nomeadamente a emissão de fumos) e sonora (especialmente sobre o
nível de ruído dos tubos de escapes), como já acontece em muitos
países.

A aplicação das anteriores medidas e outras que venham a ser


implementadas internacionalmente e a nível de cada país, contribuíram
decisivamente para uma atmosfera mais limpa. Ainda assim, é verdade que a
sus aplicação tem custos elevados, incomportáveis para muitas empresas e até

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para alguns países (pelo que estes têm que recorrer á cooperação
internacional).

Por exemplo a substituição das tecnologias tradicionais por tecnologias


alternativas (“limpas”) nas unidades fabris exige profundas alterações nas
estruturas dessas unidades e, por consequência elevadíssimos investimentos só
ao alcance das grandes empresas. As novas fábricas poderão adoptar, logo na
fase de instalação, essas tecnologias alternativas, como acontece na indústria
automóvel, que actualmente apenas produz veículos equipados como sistemas
antipoluição (catalizadores) e adaptados ao consumo de “gasolina verde”
(gasolina sem chumbo).

A substituição de produtos químicos perigosos por outros de menor


impacto ambiental também exige aturadas e dispendiosas investigações, o que
acarreta igualmente custos elevados. É por esse motivo que têm surgido
conflitos entre as instâncias governamentais e as empresas produtoras de uma
vasta gama de produtos químicos destruidores da camada de ozono. Trata-se,
afinal do confronto entre a necessidade de preservar o ambiente e a
sobrevivência económica das empresas.

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