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RESUMO: Procurou-se, com este artigo, fazer uma reflexão sobre os fatores associados
ao declínio cognitivo leve em idosos, métodos de avaliação e possibilidades de
intervenção. Verificou-se que aqueles idosos com maior escolaridade, com maior
suporte social, com um histórico de saúde positivo, com maior engajamento social, com
um estilo de vida positivo, com melhor saúde percebida, com menos queixas subjetivas
de memória, com melhor saúde mental e com menos sintomas depressivos apresentam
menor declínio cognitivo. A avaliação abrange várias etapas e requer um olhar
multiprofissional. As possibilidades de intervenção envolvem atividades preventivas e
de controle dos fatores de risco, intervenções que ajudam a evitar a evolução do declínio
e a reabilitação neuropsicológica.
Palavras-Chave: Declínio Cognitivo Leve; Demência; Idosos.
ABSTRACT: This paper aimed at making considerations about the factors associated
to mild cognitive impairment in elderly, and about the methods of evaluation and
possibilities of intervention. We verified that the elderly with higher levels of schooling,
with better social support, with a positive health history, with greater social
engagement, with a positive life style, with better health, with less memory complaints,
with better mental health and with less depressive symptoms, present a smaller
cognitive decline. The evaluation reaches many stages and requires a multi-
professional look. The possibilities of intervention involve prevention activities and
control of risk factors, as well as interventions that help to avoid the decline and
neuropsychological rehabilitation.
Keywords: Mild cognitive impairment, Dementia, Elderly.
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Introdução
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um estado de risco para demência, sua identificação pode levar a uma prevenção
secundária pelo controle dos fatores de risco associados (Gauthier et al., 2006).
Em estudo longitudinal com idosos residentes em São Paulo, Ramos e
colaboradores (1998) encontraram que 30,2% dos sujeitos estudados apresentaram
prejuízos cognitivos.
Machado e colaboradores (2007) avaliaram o declínio cognitivo de idosos em
Viçosa (MG) em um estudo transversal e observaram uma frequência de 36,5% de
indivíduos nestas condições.
Segundo o “Mayo Clinic Alzheimer’s Diasease Research Center” (Damasceno,
2004), o DCL caracteriza-se pela queixa de memória (corroborada por uma familiar),
pelo comprometimento da memória em testes (desempenho pelo menos 1,5 desvio
padrão abaixo da média e escore 0,5 na Escala CDR), pela função cognitiva global
preservada, pelas atividades de vida diária intacta e sem demência. Esta é uma condição
intermediária entre o envelhecimento normal e a demência e de alto risco para o
desenvolvimento da segunda. A perda de memória episódica é maior que o esperado,
mas não preenche os critérios aceitos para a demência. Os sujeitos nestas condições
podem evoluir para doença tipo Alzheimer numa razão de 10 a 15% ao ano (Brucki,
2004). Segundo Gauthier e colaboradores (2006), talvez a melhor terminologia atual
para esta desordem seja declínio cognitivo subjetivo, devido à relevância da auto-
percepção das dificuldades como indicadora de declínio cognitivo objetivo.
A percepção do funcionamento da própria memória é fator importante e as
queixas sobre as falhas da memória podem indicar alterações normais do
envelhecimento, mas também podem sinalizar o início de um quadro patológico.
Portanto, as queixas de memória devem ser investigadas cuidadosamente. Almeida
(1998) investigou em uma população de idosos atendidos em ambulatório de saúde
mental de São Paulo as associações clínicas das queixas de problemas com a memória.
Verificou que as dificuldades subjetivas de memória foram frequentes entre os
participantes, embora sozinhas possuam baixo valor preditivo para o diagnóstico de
demência. Pacientes com este tipo de queixa tenderam a apresentar mais sintomas
ansiosos e depressivos e, entre os portadores de demência, mais de ¾ deles relatam
problemas com a memória.
Segundo Damasceno (2004), as queixas de memória associam-se
constantemente com o declínio em outras funções cognitivas. Nesse sentido, assume-se
que o DCL pode existir em vários subtipos, tais como o amnésico, de múltiplos
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cognitivo leve em idosos na comunidade. Dados desta natureza podem ser úteis aos
profissionais de saúde e aos planejadores de saúde pública.
Avaliação do DCL
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Possibilidades de intervenção
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Considerações Finais
Procurou-se, com este artigo, fazer uma reflexão sobre os fatores associados ao
declínio cognitivo leve em idosos, métodos de avaliação e possibilidades de
intervenção. O psicólogo vislumbra na complexa realidade do envelhecimento
populacional uma busca por novos conhecimentos e procedimentos comprometidos com
o contínuo desenvolvimento das pessoas, fortalecendo sua presença profissional. O
atendimento prestado pela equipe de psicologia está diretamente relacionado à
qualidade de serviços de saúde e o papel do psicólogo é, através das necessidades atuais
de estrutura social, desenvolver uma prestação de serviços qualificada.
Nesse sentido, um serviço que necessita ser reestruturado com vistas ao
atendimento do crescente contingente de idosos é o de neuropsicologia. Os estudos têm
indicado que há um aumento da prevalência de déficits cognitivos e de demências
diretamente proporcional à idade e, no entanto, há poucos serviços e profissionais
especializados dessa natureza no atendimento aos idosos.
Quanto aos fatores associados ao DCL, verificou-se que aqueles idosos com
maior escolaridade, com maior suporte social, com um histórico de saúde positivo, com
maior engajamento social, com um estilo de vida positivo, com melhor saúde percebida,
com menos queixas subjetivas de memória, com melhor saúde mental, e com menos
sintomas depressivos, apresentam menor declínio cognitivo.
A avaliação do DCL abrange várias etapas e requer um olhar multiprofissional.
Para aqueles idosos sem qualquer declínio significativo dentro do percurso do
envelhecimento normal, atividades preventivas e de controle destes fatores de risco
podem ser planejadas. Para aqueles idosos que já apresentam declínio cognitivo com
potencial risco para demência, existem estratégias de intervenções que ajudam a evitar a
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